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Herodes
Herodes
empreendedor
Exposição sobre monarca resgata nova faceta do déspota, que teria
ordenado o massacre de inocentes: o maior construtor da Terra Santa
“Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou
furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo,
em Belém e nas proximidades” (Mateus 2:16). A veracidade histórica do
massacre não é consenso entre historiadores, mas ninguém discorda de que
Herodes, o Grande tenha sido um tirano. A mesma ânsia de grandeza, no
entanto, o transformou num dos maiores construtores que a Terra Santa
jamais viu. Nas quatro décadas de seu governo, ele ergueu palácios
suntuosos em Jericó e em Massada, no Mar Morto, além de portos colossais
como Cesareia. Entre seus projetos mais grandiosos se destaca a expansão
do Segundo Templo de Salomão, em Jerusalém, destruído em 70 D.C. A
obra foi considerada tão sofisticada e bem sucedida que o complexo mais
importante para o Judaísmo — do qual só resta, hoje, o Muro das
Lamentações — passou a ser apelidado de Templo de Herodes.
Sua morte foi dolorosa e demorada. Ele sofreu com algum tipo de infecção
que afetou os rins causou gangrena nas partes genitais. O rei enfrentou
convulsões, falta de ar e problemas intestinais até o dia que faleceu. Depois
de sua morte, a área sobre a qual governava foi dividida entre três de seus
filhos. A Galileia foi incumbida a Herodes Antipas, que reinou entre 4 A.C.
e 39 D.C.
"E o corpo foi carregado por 200 furlongs (equivalente a 40 quilômetros) até
o Herodium, onde ele tinha dado a ordem para que fosse enterrado”,
escreveu Flávio Josefo. A exibição no Museu de Israel é justamente uma
homenagem ao arqueólogo israelense Ehud Netzer, que conseguiu
finalmente encontrar o túmulo depois de quatro décadas de buscas
constantes e obcecadas. Por uma triste ironia, Netzer acabou morrendo de
forma trágica antes de mostrar sua descoberta ao público. Em 2010, ao
trabalhar na retirada dos fragmentos do sítio arqueológico, perdeu o
equilíbrio e caiu. A morte de Netzer também manteve o mistério quanto ao
sarcófago. Alguns arqueólogos e historiadores céticos não corroboram que
um dos três sarcófagos encontrados no local era o de Herodes, o Grande.
Mas Netzer garantia que o mais bonito deles, de cor avermelhada, com
rosetas e enfeites luxuosos, era do infame rei.
Como não podia deixar de ser, a exibição “Herodes, o Grande: a jornada
final do rei” causou protestos políticos 2 mil anos depois da morte de
Herodes. A liderança palestina reclama que Israel não consultou seus
arqueólogos antes de remover artefatos do Herodium, localizado na
Cisjordânia, território palestino ocupado segundo boa parte da comunidade
internacional.
— Não temos nada a ver com política. O que estamos tentando fazer é
entender e interpretar esses artefatos e fazer o possível para preservá-los a
longo prazo — disse James Snyder, diretor do Museu Israel.
Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/herodes-governante-
tiranico-mas-empreendedor-7720384