Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sejam Bem-Vindos!
Equipe BPro
© 2013-2023 Livraria e Editora SEND. Você não pode publicar, reproduzir, ou distribuir, total ou parcialmente o material deste polígrafo sem um
consentimento escrito e expresso da Livraria e Editora SEND. Este texto foi licenciado pela Livraria e Editora SEND e é destinado como referência
apenas para os alunos do Curso de Metodologia BPro Treinamento Físico Funcional ministrado pela BPro Treinamento.
As logomarcas e identidade visual da BPro foram licenciadas pela WE4 Soluções em Treinamento para a Livraria e Editora SEND para utilização
dentro desse material.
© 2023 BPro Treinamento
ISBN 978-65-80543-00-7
CDU 796.015
----
KETTLEBELL........................................................................................................ 105
INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO 4.................................................. 108
SISTEMA DE TREINAMENTO BPRO.......................................... 108
O QUE É?.............................................................................................................. 109
OBJETIVO............................................................................................................. 109
COMO É FEITO OU ORGANIZADO?................................................................... 110
POR QUE E PARA QUEM?................................................................................... 111
ESTRUTURA DO SISTEMA DE TREINAMENTO........................ 113
FASES DE BASE................................................................................................... 113
PERÍODO DE TRANSIÇÃO................................................................................... 114
TREINOS AVANÇADOS........................................................................................ 114
VARIÁVEIS DO TREINAMENTO.................................................. 115
VOLUME................................................................................................................ 115
INTENSIDADE....................................................................................................... 115
INTENSIDADE E SUA RELAÇÃO COM TREINAMENTO DE FORÇA.................. 115
INTENSIDADE E SUA RELAÇÃO COM O TREINAMENTO METABÓLICO......... 115
BUFFER................................................................................................................. 116
MANIPULANDO AS VARIÁVEIS............................................................................ 117
ANEXOS E REFERÊNCIAS......................................................... 119
IDEIAS DOS AUTORES................................................................ 120
UMA VISÃO ALÉM DOS CONCEITOS TÉCNICOS.............................................. 120
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 124
EXPLORE NOVOS CAMINHOS................................................... 125
CERTIFICAÇÃO METODOLOGIA BPRO DE TREINAMENTO
FÍSICO FUNCIONAL
Internamente, na BPro, nos referimos a este curso como sendo o curso base.
Nós o identificamos assim, porque o enxergamos como o alicerce para a construção de
conceitos básicos sobre a temática do treinamento físico funcional. Entendemos que
esse é um curso de base, pois direcionamos nossa linha de raciocínio para a didática
inicial, para a aprendizagem ou reaprendizagem do movimento, visando atender ao
público que recebemos diariamente em nossas academias.
Se você está buscando por alguma dessas abordagens ou, ainda, se tais
assuntos despertam seu interesse, sugerimos que busque por um curso que atenda
especificamente ao objeto de sua curiosidade, a fim de se aperfeiçoar, o que,
indiscutivelmente, será de grande proveito. Acreditamos que ao sermos capazes de
entender os conceitos centrais envolvidos em quaisquer propostas e metodologias,
adquiriremos a habilidade de transferi-los para todos exercícios, adequando-os às
necessidades dos nossos alunos. A partir daí, sim, podemos utilizar a tecnologia a
nosso favor e pesquisar na internet variações de execução de pranchas, agachamentos,
supinos e remadas. Isso certamente enriquecerá sua caixa de ferramentas na hora de
atender seus alunos. Lembre-se, porém, de que nada adianta comprar um martelo
novo para sua caixa de ferramentas, se você não souber como utilizá-lo, ou se sua
necessidade for a de apertar parafusos.
Mas não se engane, essa jornada, que pode parecer estar só no começo, na
verdade, não tem um final. E talvez esse seja o principal sentido disso tudo. Não há
como saber de tudo, o tempo todo, tampouco sobre todas as coisas. Um curso de 30
horas não formará um profissional espetacular e diferenciado. Você está em constante
construção. Busque ser o profissional que almeja ser.
Você perceberá, ao longo de seus estudos, que este material está dividido em
4 capítulos.
Passando pela visão proposta por Gray Cook e Michael Boyle sobre funções
articulares, apresentaremos a temática do movimento livre, configurando as execuções
de maneira adequada, abordando pontos de análise, progressões e regressões
passíveis de serem implementadas no processo de treinamento.
HISTÓRIA DA TERMINOLOGIA
(GAMBETTA, 2007, p. 3)
Percebemos que, uma das nossas falhas nesse processo ocorra por acreditarmos
que há necessidade de dividir e isolar os músculos, muitas vezes alterando a execução
correta do movimento, ao invés de usarmos a ciência e os movimentos humanos
ao nosso favor. A biomecânica é do ser humano, se entendermos sobre movimento
humano, saberemos como direcionar as ênfases musculares desse movimento, sem
abrir mão das funções essenciais desse organismo.
Pense a respeito e entenda que a hipertrofia não está nas máquinas, está
na fisiologia e na ciência, não no marketing. Novamente, retornamos ao básico. Até
porque não é raro ouvirmos que, na musculação tradicional, os principais movimentos
a serem utilizados no início das sessões de treino são os multiarticulares, os quais
envolvem maiores grupamentos musculares e que, preferencialmente, deveríamos
priorizar movimentos com pesos livres ao invés dos cabos e máquinas guiadas e etc.
É isso que iremos propor logo à frente em nosso material.
Fazemos uma ressalva, pois não são poucos os alunos que treinam de maneira
mais lúdica e estão interessados apenas em aliviar a consciência para poder tomar
sua cervejinha no final de semana. No entanto, se existir uma filosofia, um fio condutor,
uma lógica de trabalho e, principalmente, um objetivo específico, quanto menos
aleatoriedade tivermos, mais chance de sucesso e de melhoras dessa proposta
teremos. Essas duas relações são diretamente proporcionais.
(BOYLE, 2015, p. 3)
Eric Cressey, outro importante treinador que baseia seu trabalho em movimento
humano, nos traz uma visão interessante sobre a utilização de bases instáveis, e indica
que essa utilização poderia ser uma boa estratégia em um processo de reabilitação,
MÁQUINAS DE MUSCULAÇÃO
TREINAMENTO ISOLADO
Para a dona Maria (nossa senhora idosa), faz sentido realizar diversos
trabalhos segmentados para os braços? Será que em um padrão de movimento
simples, como uma remada, ela não terá o estímulo necessário para o seu bíceps e
para a funcionalidade de que precisa? Até mesmo nesse exemplo, é extremamente
necessário, para a reorganização desse padrão motor, que a dona Maria realize 2 a 3
Agora, pense de forma analítica e observe que o aluno com dificuldades poderia
ser seu bíceps frente a um padrão de movimento mais complexo como uma barra fixa.
Acreditamos que faça um certo sentido trabalhar o bíceps, dando condições para que
ele se desenvolva sem ser prejudicado e/ou prejudique o desenvolvimento de um padrão
maior de movimento – pode ser que essa seja a chave para o sucesso do seu programa de
treinamento.É com base nesse entendimento que realizar ou não exercícios uniarticulares
ou isolados não poderá ser o critério de avaliação pelo qual se definirá se um tipo de
treinamento é funcional ou não, e, mais do que isso, devemos cuidar as interpretações.
RESSIGNIFICANDO O TERMO
De maneira geral, nada de novo foi criado. Assim como na culinária gourmetizada
(que é o movimento que percebemos hoje), os ingredientes (exercícios/ferramentas)
ainda são os mesmos há anos; não foi criado nenhum tempero novo: criaram-se, na
Pois bem, até aqui refletimos um pouco sobre o que não é o TFF, mas o que ele
é, afinal?
COOK, Gray. Athletic body in balance. Champaign: Human kinetics, p. 13, 2003.
MOVIMENTO FUNCIONAL
AQUECIMENTO GERAL
Logo que o aluno chega para iniciar o processo de treinamento, seu sangue está
mais concentrado ao centro do seu corpo – onde está localizado grande parte de seus
órgãos vitais – por estar em uma situação de equilíbrio e repouso. Durante o exercício,
a necessidade metabólica de oxigênio na musculatura esquelética aumenta muitas
vezes em relação ao valor em repouso. Para atender a esta demanda elevada por
oxigênio, o fluxo sanguíneo para o músculo em contração deve aumentar (POWERS,
Scott K. et al., 2014). Isso também desencadeará respostas hormonais e fisiológicas
para dar sustentação à demanda energética que será imposta. Nessa perspectiva,
utilizamos o momento do aquecimento geral como um estímulo leve que objetiva iniciar
o processo de treinamento. Com a utilização de algumas ferramentas simples, que
proporcionarão o desenvolvimento das capacidades físicas no próximo momento do
treino, poderemos estimular coordenação e agilidade, por exemplo. No aquecimento,
algumas vezes, aproveitamos para ensinar um novo estímulo, o qual será utilizado no
treino de condicionamento físico, só que agora com um olhar mais didático, pensando
em absorver o gesto motor com tranquilidade e com os sistemas ainda “limpos” de
estímulos.
AQUECIMENTO ESPECÍFICO
Não são poucos os exemplos que temos na nossa rotina sobre como utilizar os
momentos iniciais do treinamento para o processo de aquecimento. Muitas vezes, nos
deparamos, normalmente em academias tradicionais, com os minutos clássicos na
esteira e, logo após isso, adentra-se na parte principal do treinamento, aqui representado
pelo treinamento de força. No entanto, convidamos você a pensar sob uma ótica não
tão convencional. Será que dez ou quinze minutos de esteira, quando utilizados como
aquecimento geral, são suficientes para preparar articulações e musculaturas para
a execução, logo após, de um supino, por exemplo? Ao refletir a respeito, torna-se
FUNÇÕES ARTICULARES
FUNÇÃO
ARTICULAÇÃO
Funcional, por definição, significa algo que é “concebido para ser prático e útil”,
pois parte do pressuposto da transferência para a atividade exercida em determinada
modalidade esportiva ou, até mesmo, para a vida diária.
Para que possamos avançar nesse conceito, precisamos entender o que são
essas funções propriamente ditas.
Boa mobilidade articular previne tensão e dor em torno das articulações, assim
como também previne lesões por estresse (BOMPA, 2015).
Boa mobilidade articular previne tensão e dor em torno das articulações, assim
como também previne lesões por estresse (BOMPA, 2015).
Outro detalhe muito importante referente a esse conceito é que, caso alguma das
articulações não cumpra com sua função de forma correta e eficiente, provavelmente
outra articulação estará assumindo seu papel. Através dessa compensação, uma
disfunção poderá aparecer, pois novos mecanismos serão adotados para cumprir
essa demanda.
Ainda confuso?
“O processo é simples:
Capacidade de manutenção da
curvatura lombar na sua “posição
de origem”, ou seja, sem alterações
(hiperextensão/retificação/flexão),
durante a execução dos movimentos.
Capacidade de manutenção do
alinhamento dos joelhos (patela)
com a ponta dos pés, durante
a execução dos exercícios.
Dorsiflexão na Parede
Faça um teste simples. Posicione o seu aluno para que realize um agachamento. Assim
que o movimento começar, trave os joelhos dele, impedindo que se projetem a frente
para um correto alinhamento articular que seria adquirido através da dorsiflexão.
Durante muito tempo, o treinamento físico foi segmentado. Quando algum aluno
indicava sentir dor no joelho, por exemplo, era natural procurar na estrutura muscular
mais próxima a compensação ou a causa desse problema. Atualmente, já se sabe que
muitos, se não todos os fatores que geram tal sintoma (salvo alguma situação aguda
causada por um trauma), não são oriundos dessa articulação.
Uma adução associada a uma rotação interna do quadril é uma função ou uma
disfunção? Quando os joelhos adotam esse posicionamento (valgo), temos um vetor
de força prejudicial à estrutura articular, sobrecarregando ligamentos e meniscos de
maneira exacerbada, e o problema não termina aí.
Ok, mas como corrigir esse problema? Como proceder quando essa falha é
observada?
Se a falha for estrutural, não há muito o que possa ser feito. Ainda bem que na
maioria dos casos não o é.
Lembre-se: se uma articulação não cumpre sua função, outra pagará o preço.
Fase 1 - Rocking
Será que os exercícios abdominais que são utilizados na maioria das academias
e pela maioria dos personal trainers são eficazes no fortalecimento da região lombar
ou ajudam no ganho de um corpo esteticamente melhor?
Estes apresentavam:
• TVA;
• Oblíquos internos;
• Multífidos;
• Porções lombares dos longíssimos dorsais e iliocostais;
• Diafragma.
Paul Check faz uma analogia muito interessante relacionando a Unidade Interna
e a Unidade Externa.
No caso dessa analogia, os cabos maiores que puxam o mastro central são os
músculos da Unidade Externa que geram movimento. Eles estão ligados ao mastro
central que seria nossa coluna. Esse mastro é sustentado por cabos menores (músculos
da Unidade Interna), porém não menos fortes, que têm como função sustentar essas
trações sem gerar movimentos desnecessários.
Esses dois exemplos simples e analíticos mais uma vez nos chamam a atenção
para a importância de treinarmos o corpo como um todo, principalmente em movimentos
livres que combinem a estabilidade do centro do corpo com o desenvolvimento de
força por parte das extremidades, pois situações onde o corpo estiver apoiado ou
sentado poderão diminuir a demanda das musculaturas estabilizadoras do centro do
corpo, assim como máquinas que propiciam uma estabilização durante um movimento
guiado. O treinamento integrado não poderá ser compreendido de maneira completa,
se o movimento – e o que se torna necessário para que ele seja desenvolvido – não
for corretamente interpretado. Por esse motivo, apresentaremos a divisão de padrões
básicos e auxiliares mais a frente.
Fase 1 - Prancha
Ponte Unilateral
Essa postura fletida provoca uma série de alterações que, por sua vez, exige
uma série de compensações. É coerente, que um indivíduo que após acordar se senta
no vaso sanitário, senta-se para tomar café, senta-se para se deslocar até o trabalho,
trabalha 8 horas por dia sentado em frente a um computador, e faz todo o processo
na ordem inversa ao final do dia, permaneça mais 1 a 2 horas por dia sentado nos
aparelhos da academia para treinar e melhorar sua qualidade de vida?
A falta de mobilidade torácica pode gerar dor cervical ou, até mesmo, dor lombar.
Uma das patologias de membro superior que pode estar presente em jovens e
adultos, praticantes de esporte que envolvam movimentos acima da cabeça (overhead)
é a Instabilidade Glenoumeral.
Um dos grandes mitos que muitas vezes precisamos esclarecer com nossos
pacientes e alunos é a respeito do movimento de agachamento e sua relação com a
dor no joelho.
Inúmeros são os casos onde os alunos são "proibidos" de realizar tal movimento
quando são diagnosticados com dor patelofemoral (dor anterior no joelho). Hoje em
dia sabemos que não é este o caminho.
Veremos, a seguir, como será possível utilizar o conteúdo visto até aqui, em
termos de análise de movimento, assim como sua reorganização e padronização, para
o momento principal do treino: o treinamento de força. Observaremos o movimento
de maneira integrada, com ênfase na produção e na manutenção de força dentro da
organização dos padrões, a partir de estímulos simples e que servirão como base de
sustentação para a estabilização e a transferência de força por vias miofasciais para o
cumprimento das demandas impostas.
Quanto maior o estímulo, mais desafiador será para o padrão, e, por esse
motivo, entendemos intensidade e complexidade como qualidades. Desde que de uma
maneira lógica, segura e eficiente, quanto mais você for capaz de agregar intensidade/
sobrecarga a um padrão, sem perder de vista os pontos de análise (abordaremos mais
adiante sobre isso), maior será o desafio e a qualidade de construção de um padrão
sólido e eficiente.
Por fim, e para uma melhor compreensão da proposta deste curso, também
esclareceremos a diferença desta filosofia de treino quando comparada à musculação
tradicional.
Sabemos que grande parte dos alunos que frequentam as academias não são
atletas, contudo, procuramos seguir a mesma linha de raciocínio apresentada por
Bompa e Buzzichelli (2015), uma vez que, independente do objetivo do aluno, a base
do trabalho será força geral, para, após isso, evoluir de maneira mais direcionada.
Algumas ponderações para nos situar nessa temática precisam ser feitas. A
primeira delas é entender que dentro de uma perspectiva funcional, as articulações
Normalmente, com o avançar do treino, até mesmo pela escolha dos métodos
agregados, os exercícios isolados ocupam um papel secundário, ou ainda terciário,
em uma ordem hierárquica bem estabelecida. Esses exercícios, de certa forma, se
mostram como alternativas (dentro da nossa perspectiva) para auxiliar os movimentos
principais aqui apresentados, como padrões básicos, ou de complementar um trabalho
já utilizado por estes padrões, para algum ganho estético que, sob certa análise,
também irá agregar ao padrão.
CENTRO DO CORPO
CENTRO DO CORPO
AH – Anti-Hiperextensão
AR – Anti-Rotação
EP – Estabilidade Posterior
MEMBROS SUPERIORES
MEMBROS SUPERIORES
EH – Empurrar Horizontal
EV – Empurrar Vertical
PH – Puxar Horizontal
PV – Puxar Vertical
MEMBROS INFERIORES
MEMBROS INFERIORES
DJ – Dominantes de Joelho
DQ – Dominantes de Quadril
DOMINÂNCIA DE JOELHO
DJS – Dominante de Joelho Simétrico
DJA – Dominante de Joelho Alternado
DOMINÂNCIA DE QUADRIL
DOMINÂNCIA DE QUADRIL
DQB – Dominante de Quadril Bilateral
ANTI-HIPEREXTENSÃO (AH)
ANTI-ROTAÇÃO (AR)
Fase 3 - Terra
O padrão de movimento EH, ilustrado pelo exercício de supino, faz parte dos
exercícios básicos de desenvolvimento de força, sendo fundamental para uma execução
técnica a capacidade de ativação das musculaturas antagonistas, manutenção da
estabilidade escapular e o correto posicionamento glenoumeral, pois, por meio destes
mecanismos, teremos condições básicas para um movimento seguro.
Fase 3 - Supino
Você sabia que nosso tronco apresenta três camadas de tecido miofascial? E
que destas, as camadas superficial e média se expandem para o membro superior,
permitindo a transmissão de força do tronco para os braços e vice-versa?
Fase 3 - Barra
Cada ferramenta é única. Isso deve ficar muito claro na elaboração da proposta
de sistema de treinamento, pois as ferramentas foram criadas com materiais e
dimensões diferentes, com objetivos e propósitos distintos, tendo funcionalidades
distintas também.
Ao final deste capítulo, o aluno será capaz de organizar uma sessão de treino
com ênfase no condicionamento físico e/ou emagrecimento, compreendendo a
diferença prática do modelo de treinamento proposto, quando comparado ao treino
aeróbico tradicional.
Acreditamos que o primeiro ponto a ser discutido neste capítulo diz respeito
ao conceito de treinamento metabólico. De maneira geral e graças às diversas
referências e muitos anos de estudos, chegamos à conclusão de que não existe um
tipo de treinamento que seja metabólico simplesmente por definição, pois, assim como
acontece com o termo treinamento funcional, indicar que um treino é metabólico incute,
automaticamente, a ideia de que existe um que não o seja.
Mesmo que, por enfatizar uma única via metabólica ou alternar diversas delas
de maneira alternada, todo e qualquer estímulo sempre necessitará de energia, a
qual derivará de respostas fisiológicas e bioquímicas para que determinada demanda
seja atendida. Compreendido isso, fica simples assimilar a ideia de que o processo
de treinamento é efetivamente neuromuscular, contando com um aporte metabólico
e gerando respostas fisiológicas e bioquímicas, cardiovasculares e respiratórias.
Detalhes como esse são extremamente simples, no entanto, fundamentais, ao passo
que edificamos o alicerce que embasará a construção de nosso raciocínio.
TIPOS DE EXERCÍCIO
Percebemos, no entanto, que, ao longo dos anos, essa tática vem perdendo
adeptos. Isso não significa que ela não seja uma boa estratégia de prescrição de
treinamento. No aspecto técnico, funcionou e ainda funciona de maneira satisfatória,
eficiente e segura, contudo não é a única estratégia disponível, abrindo espaço para
outras propostas, as quais já eram adotadas no século passado [a literatura traz essa
referência desde 1912 (BILLAT, 2001) e ainda são utilizadas hoje em dia, e que são
comprovadamente eficientes tanto na área da saúde quanto na performance em nível
de preparação física.
PROTOCOLOS DE TREINAMENTO
Chamamos a atenção para o objetivo dos protocolos, que muitas vezes são
utilizados de maneira a ranquear ou estabelecer uma baseline sobre o condicionamento
do aluno, não necessariamente sendo obrigatório seu uso durante as sessões de
treinamento de maneira perpétua e indiscriminada. O protocolo de Tabata, por exemplo,
um dos mais citados protocolos de treinamento de alta intensidade, foi desenvolvido
com base em um cálculo relacionado ao VO2máx. Embora exista uma padronização
clara de 20 segundos de estímulo por 10 de intervalo, não necessariamente se está
utilizando o protocolo, apenas que se está fazendo um treino intervalado de 20 por 10.
Na atual situação das redes sociais, é comum vermos praticantes, leigos no assunto,
difundirem informações distorcidas e comentarem que realizaram 4 Tabatas em um
treinamento, ou até mesmo que realizaram um para fins de aquecimento. O que precisa
ficar claro aqui é que simplesmente realizar uma sessão de alongamento de 20" / 10"
não significa estar desenvolvendo um Tabata. Se o Tabata for executado da maneira
proposta, assim como qualquer outro protocolo que objetiva o máximo de rendimento,
provavelmente o organismo não tenha condições de realizar mais nada, pois chegará
ao seu limite ou muito próximo a ele, necessitando de um tempo de recuperação que
Exposto isso, fica simples de entender que os protocolos são uma alternativa
de prescrição de treinamento, no entanto, levando em consideração os tempos de
estímulo e de recuperação condizentes com a individualidade de cada aluno e seus
objetivos, poderemos criar a nossa proposta e, a partir dela, utilizarmos de tempos em
tempos os protocolos, de modo a quantificar a evolução dos nossos alunos.
DESCANSO
RESPIRAÇÃO E RECUPERAÇÃO
TREINAMENTO NA PRÁTICA
Isso é simples e já está sendo feito em aulas de bike indoor. Um grande quadro
que fica à disposição do professor apresenta em tempo real a zona em que cada
aluno se encontra, permitindo que os estímulos e os descansos sejam quantificados
de maneira individualizada. A reflexão que fica é se nós, na área de treino, também
estamos utilizando esses recursos.
CONDUÇÃO DE TREINAMENTO
Conduzindo nosso raciocínio para uma direção mais técnica, algumas perguntas
precisam ser respondidas antes de apresentarmos a proposta de intervenção. Uma
das primeiras análises é estudarmos as valências físicas predominantes da atividade
que esse indivíduo pratica. Logo após isso, identificarmos os padrões de movimento e
as bases de produção de força envolvidas na atividade fim, o que nos dará um norte
sobre onde devemos focar nossa atenção no processo de programação. No entanto,
acreditamos que, em alguns casos, o treinamento metabólico de alta intensidade, que
normalmente envolverá o respeito às zonas de intensidade em relação ao VO2 máx.
e/ou FCmáx. poderá tranquilamente ser desenvolvido dentro dos treinos específicos
na prática esportiva. Dessa forma, não sendo necessário, além do trabalho de resgate
de movimento direcionado à atenção das funções articulares e do desenvolvimento
de força e potência a partir dos padrões de movimento apresentados até aqui, um
treinamento de alta intensidade para incrementar o trabalho aeróbico ou alguma outra
atividade do gênero.
Veremos também a medicine ball, ferramenta que já não está presente nos cursos em
termos de execução prática, porém consideramos de extrema valia para os trabalhos
de potência com enfoque na integração da estabilização do centro do corpo.
Vejamos o exemplo:
Deslocamento frontal onde o aluno pisa duas vezes no solo (pé direito seguido
do pé esquerdo), antes de avançar para o próximo bloco de execução, onde repetirá o
mesmo gesto motor.
Perceba que, dentro das fases, nosso principal objetivo é utilizar estímulos simples
que permitam ao aluno uma troca rápida de pernas, para que efetivamente ocorra uma
melhora na coordenação motora e, de um modo geral, da agilidade.
CORDA NAVAL
Nesse momento, é importante ressaltar que nosso foco inicial será ensinar ao
aluno a técnica correta de execução do movimento. As marchas partem de uma tripla
flexão para uma tripla extensão das articulações do tornozelo, joelho e quadril onde é
preciso manter as ativações necessárias, bem como a postura corporal.
A utilização do trenó sugere uma nova alternativa de estímulos que vão muito
além do que é comumente apresentado nos treinos e nas academias tradicionais. Por
exigir ativações neuromusculares semelhantes às exigidas nos exercícios de força,
nas modalidades que utilizam todos os tipos de corrida ou, até mesmo, na luta, o
entendimento da fase de tração proporciona uma reorganização neuromuscular com
transferência real para desempenho esportivo.
KETTLEBELL
• Swing Kettlebell.
Na posição final do movimento, onde o implemento está "no ar", nosso corpo se
mantém em posição de prancha onde precisamos distribuir as forças que são impostas
sobre ele, através dos membros inferiores, que acabaram de "empurrar o chão", dos
membros superiores, que estão sendo "puxados" pela ferramenta, assim como do
centro do corpo, que precisa equilibrar essas forças atuantes para manter o sistema
íntegro e funcional.
Essas tensões são distribuídas pela nossa rede de colágeno e permitem uma
melhor performance das técnicas necessárias para o bom uso da ferramenta.
Ao final desse capítulo, você terá tido acesso a todas informações referentes
a estruturação e organização do Sistema de Treinamento BPro, acrescentando
uma série de possibilidades para suas prescrições de treinamento.
O ponto central aqui muitas vezes passa pela percepção de que não basta um
treinamento tecnicamente perfeito e estruturado, se não é viável para o aluno executá-
lo de modo que se conclua a proposta, e os objetivos sejam alcançados.
Acreditamos que esses três pontos abordados são bastante relevantes e servem
de partida para o tema que será apresentado a partir de agora.
O QUE É?
OBJETIVO
Esse aspecto nos faz pensar no papel essencial do instrutor, treinador, educador,
orientador, mestre ou professor. Para nós, e principalmente em uma proposta de
trabalho como a que viemos construindo até aqui, o profissional que está em sala
tem o dever e a obrigação de instruir, adaptar, reestruturar e reconstruir o projeto
de treinamento com base nas informações apresentadas e nas demais advindas de
seu conhecimento, proveniente de outros materiais, cursos ou até mesmo de sua
experiência prévia, mantendo o foco no respeito à padronização e na transmissão de
informações à equipe com a qual atua.
FASES DE BASE
TREINOS AVANÇADOS
VOLUME
INTENSIDADE
BUFFER
Isso nos faz refletir que, ao evitarmos a falha dentro do treinamento de força
e buscarmos a cada série deixar um percentual de repetições de “crédito”, os alunos/
atletas ficarão em uma melhor condição para treinamento no dia seguinte, ou até no
MANIPULANDO AS VARIÁVEIS
É importante que fique claro, já nesse primeiro contato com esses conceitos,
muito utilizados nas periodizações de treinamento russas, que a maneira como isso
será conduzido, embora sugerido aqui no material de acordo com a nossa prática,
necessita de critério avaliativo; decisões e ajustes cabem unicamente ao profissional
que prescreverá esse treinamento e utilizará dessas informações, não sendo de modo
algum uma regra absoluta ou uma verdade única.
“Jamais interprete dor muscular tardia como sinal de progresso, e não fique
preso à variedade de exercícios. Mantenha-se fazendo exercícios básicos
de força, como o levantamento terra, dessa forma é possível alcançar
excelentes resultados com um programa de treinamento simples, desde
que não se perca atenção aos detalhes.”
Para aprofundar ainda mais o entendimento sobre os conceitos vistos até aqui,
sugerimos algumas qualificações:
Tudo que você viu até aqui nesse livro, foi desenvolvido e testado por anos
em experimentações práticas no atendimento a diversos alunos. Podemos dizer
que são modelos técnicos ricos, pois foram concebidos e organizados pensando
na individualidade motora e na capacidade física de cada aluno que receberá esse
treinamento.
• BABRAJ, John A. et al. Extremely short duration high intensity interval training substantially improves insulin action in young
healthy males. BMC endocrine disorders, v. 9, n. 1, p. 3, 2009.
• BAR-OR, Oded. The Wingate anaerobic test an update on methodology, reliability and validity. Sports medicine, v. 4, n. 6, p.
381-394, 1987.
• BILLAT, L. Véronique. Interval training for performance: a scientific and empirical practice. Sports medicine, v. 31, n. 1, p. 13-
31, 2001.
• BOMPA, Tudor O.; BUZZICHELLI, Carlo. Periodization Training for Sports, 3 ed. Champaign: Human kinetics, 2015.
• BOMPA, Tudor O.; DI PASQUALE, Mauro; CORNACCHIA, Lorenzo. Treinamento de força levado a sério. 3. ed. Barueri:
Manole, 2004.
• BOYLE, Michael. Avanços no treinamento funcional. Porto Alegre: Artmed Editora, 2015.
• BOYLE, Michael. A Joint-by-Joint Approach to Training. 2007.
Disponível em: https://www.t-nation.com/training/joint-by-joint-approach-to-training Acesso em: 20/12/2018
• BOYLE, Michael. O Novo Modelo de Treinamento Funcional de Michael Boyle. 2. ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2018.
• BRICOT, B. Posturologia Clínica. 1º ed. São Paulo: Cies Brasil, 2010.
• COOK, Gray. Athletic body in balance. Champaign: Human kinetics, 2003.
• COOK, Gray et al. Movement: functional movement systems: screening, assessment, and corrective strategies. Aptos,
CA: On Target Publications, 2010.
• CRESSEY, Eric M. et al. The effects of ten weeks of lower-body unstable surface training on markers of athletic performance.
Journal of Strength and Conditioning Research, v. 21, n. 2, p. 561, 2007.
• GAMBETTA, Vern. (04 de Junho de 2013). Functional Training - Method or Madness? Part One. Fonte: Elite Track Sport
Training & Conditioning: https://elitetrack.com/category/vern-gambetta/
• GAMBETTA, Vern. Athletic development: The art & science of functional sports conditioning. Champaign: Human
Kinetics, 2007.
• GIBALA, Martin J. et al. Physiological adaptations to low-volume, high-intensity interval training in health and disease. The
Journal of physiology, v. 590, n. 5, p. 1077-1084, 2012.
• GIBALA, Martin J. et al. Short-term sprint interval versus traditional endurance training: similar initial adaptations in human
skeletal muscle and exercise performance. Journal of Physiology, v. 575, n. 3, p. 901-911, sep. 2006.
• GOMES, Antonio Carlos. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
• GOROSTIAGA, Esteban M. et al. Energy metabolism during repeated sets of leg press exercise leading to failure or not. PloS
one, v. 7, n. 7, p. e40621, 2012.
• HALL, Susan J. Biomecânica Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
• MCGILL, Stuart. Low back disorders: Evidence-Based Prevention and Rehabilitation, 3. ed. Champaign: Human Kinetics
Publishers, 2016.
• MORÁN-NAVARRO, Ricardo et al. Time course of recovery following resistance training leading or not to failure. European
journal of applied physiology, v. 117, n. 12, p. 2387-2399, 2017.
• MYERS, T. W. Trilhos anatômicos: meridianos miofasciais para terapeutas manuais e do movimento. 1ª ed. São Paulo:
Manole, 2003.
• POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho.
- 8ª edição - Barueri: Manole, 2014.
• SANTOS, T. M. dos. Modelos de entendimento do processo de emagrecimento. Lecturas, Educación Física y Deportes, v.
12, n. 112, sep. 2007.
• TABATA, I. et al. Effects of moderate-intensity endurance and high-intensity intermittent training on anaerobic capacity and
VO2max. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 28, n. 10, p. 1327-1330, oct. 1996.
• TSATSOULINE, Pavel. Power to the People! St.Paul: Dragon Door Publications, 1999.
• VERKHOSHANSKI, Yuri V. et al. Treinamento desportivo: teoria e metodologia. Porto Alegre: ArtMed, 2000.
• VERKHOSHANSKI Yuri V. Força: treinamento da potência muscular. Londrina: CID; 1996.
• ZONIN, Fabio; TSATSOULINE, Pavel. RELOAD. Reno: StrongFirst, 2019.