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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC

CAMPUS DE CHAPECÓ

BRAYAN BONFANTE FACCIO

CENTRO DE TREINAMENTO E FORMAÇÃO DE NOVOS ATLETAS


DA ASSOCIAÇÃO CHAPECOENSE DE FUTEBOL

CHAPECÓ
2019
2

BRAYAN BONFANTE FACCIO

CENTRO DE TREINAMENTO E FORMAÇÃO DE NOVOS ATLETAS


DA ASSOCIAÇÃO CHAPECOENSE DE FUTEBOL

Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e


Urbanismo, Área das Ciências Exatas e Tecnológicas, da
Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
Campus Chapecó, como requisito parcial à obtenção do
grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo

Orientador: Prof. Rachel Dall’Agnol

CHAPECÓ
2019
3

BRAYAN BONFANTE FACCIO

CENTRO DE TREINAMENTO E FORMAÇÃO DE NOVOS ATLETAS


DA ASSOCIAÇÃO CHAPECOENSE DE FUTEBOL

Monografia apresentada ao Curso de Arquitetura e


Urbanismo, Área das Ciências Exatas e Tecnológicas, da
Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
Campus Chapecó, como requisito parcial à obtenção do
grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo

Aprovado em ____ de _____________ de 20__.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Rachel Dall’Agnol


Universidade

Prof. Emerson Ribeiro


Universidade

Prof. Thaíris de Sena Granzotto


Universidade
4

Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo


e Zelir, que sempre estiveram presentes na
minha vida, me transmitiram
conhecimentos e valores, fazendo de mim
a pessoa que sou hoje e possibilitando que
concluísse mais essa jornada.
5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais Paulo Sérgio Faccio e Zelir Maria Bonfante
Faccio, pelo amor, carinho e suporte que vem me dando ao longo da vida e principalmente
durante estes cinco anos de faculdade, superando as dificuldades impostas pela vida, me
inspirando, confiando no meu potencial, me apoiando e incentivando a concluir essa jornada
mesmo nos momentos mais difíceis. Muito obrigado, amo vocês!
Agradeço aos colegas de faculdade que estiveram ao meu lado durante esta caminhada.
Mas, em especial deixo meu agradecimento aos amigos que fiz durante o curso e que levarei
comigo para toda vida, obrigado Claudia, Guimel, Isabela e Manoela, por tornarem este curso
mais leve e sempre estarem presentes, pelas experiencias compartilhadas, pelos trabalhos que
elaboramos juntos, pelas risadas e principalmente pelo suporte emocional durante esta
graduação, obrigado, isso não seria possível sem vocês.
Agradeço ainda a outra amiga muito especial, Bárbara Rech que mesmo de longe me
apoiou e esteve presente em todos os momentos, me incentivando nos momentos difíceis e
sempre confiando em mim.
A todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unoesc Chapecó, por
todos os conhecimentos, pela dedicação e pela paciência durante as aulas, todos vocês
contribuíram para minha formação profissional. Deixo também um agradecimento especial a
Márcia Regina Sartori Damo, pelo empenho incondicional na coordenação deste curso, pela
dedicação na elaboração de todas as viagens e atividades extras, além do esforço para fazer
desta a melhor graduação em Arquitetura e Urbanismo de Chapecó.
Agradeço em especial a minha orientadora, Rachel Dall’Agnol por ter aceitado me
orientar e fazer parte deste trabalho, pela sabedoria e pelo conhecimento passado, pela atenção
e pela dedicação em ajudar e buscar de todas as formas contribuir para a excelência deste
projeto. Agradeço ainda por me acolher em seu escritório e me permitir fazer parte de sua equipe
de projeto e aprender na prática, dia após dia, mas principalmente, agradeço pelo apoio dado
durante o curso, acreditando em meu potencial e me incentivando a chegar até aqui. Muito
obrigado, você foi uma das pessoas mais importantes nesta caminhada!
Por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação,
obrigado!
6

"Arquitetura é sobre tentar fazer o


mundo um pouquinho mais
parecido com nossos sonhos"
(Bjarke Ingels)
7

RESUMO

Esse estudo de conclusão de curso propõe um Centro de Treinamentos para a Associação


Chapecoense de Futebol, no município de Chapecó/SC. A pesquisa referente ao anteprojeto traz
uma proposta de um ambiente completo, com a infraestrutura necessária para receber atletas
profissionais e das categorias de base no local, promovendo a integração entre eles e
proporcionando o bem-estar dos usuários. Desta forma, observou-se a precariedade da estrutura
disponibilizada pelo clube para este público alvo, busca-se desenvolver espaços bem
dimensionados que possam suprir as demandas de equipamentos e estrutura, trazendo
aconchego, conforto e os inspirando a realizar suas atividades profissionais da melhor forma
possível. Assim se propõe a implantação de um espaço que possa atender atletas profissionais
e em formação, proporcionando a todos uma excelente condição de trabalho. Desta forma
busca-se abranger os diversos aspectos do tema, indo do contexto histórico e de sua inserção
urbana até a situação dos equipamentos hoje existentes, visando identificar as deficiências na
estrutura atual para que seja possível elaborar uma proposta de anteprojeto para o novo centro
de treinamento e formação de atletas, solucionando os problemas encontrados e projetando o
clube no cenário nacional. Isso posto, foram elaboradas pesquisas procurando conhecer a
história do município de Chapecó e da Associação Chapecoense de Futebol e quais as normas
brasileiras vigentes relativas ao tema visando aplica-las no decorrer do anteprojeto. Além disso,
também foram feitos estudos de caso através do método Ching & Pause & Clark visando
analisar a estrutura de outros clubes no Brasil e no Mundo buscando compara-las com a atual
estrutura da Chapecoense trazendo para nossa realidade os pontos positivos nelas encontrados.
Finalizados os estudos iniciais, foram elaborados todos os estudos necessários em relação ao
terreno escolhido e desenvolvidos estudos de mancha, pré-dimensionamento, perfil do usuário,
conceito e partido arquitetônico visando o desenvolvimento dos atletas e do clube. Por fim,
como resultado deste trabalho será desenvolvido o anteprojeto de um Centro de Treinamento e
Formação de atletas para a Associação Chapecoense de Futebol.

Palavras-chave: Centro de treinamento; Futebol; Chapecoense


8

ABSTRACT

This study of course completion proposes a Training Center for the Chapecoense Football
Association, in the municipality of Chapecó / SC. The research about the preliminary project
proposes a complete environment, with the necessary infrastructure to receive professional
athletes and the basic categories in the place, promoting the integration between them and
providing the well-being of the users. In this way, it was observed the precariousness of the
structure made available by the club for this target audience, it seeks to develop well-sized
spaces that can meet the demands of equipment and structure, bringing warmth, comfort and
inspiring them to carry out their professional activities in the best way possible. Thus, it is
proposed the establishment of a space that can attend professional and training athletes,
providing everyone with an excellent working condition. In this way, it seeks to cover the
various aspects of the theme, ranging from the historical context and its urban insertion to the
situation of the existing equipment, in order to identify the deficiencies in the current structure
so that it is possible to prepare a draft proposal for the new training and training of athletes,
solving the problems encountered and designing the club on the national scene. That said,
research was carried out to know the history of the municipality of Chapecó and the
Chapecoense Association of Football and the current Brazilian norms regarding the theme to
apply them in the course of the preliminary project. Also, case studies were also carried out
using the Ching & Pause & Clark method to analyze the structure of other clubs in Brazil and
the World, comparing them with Chapecoense's current structure, bringing to our reality the
positive points found there. At the end of the initial studies, all the necessary studies were
elaborated concerning the chosen terrain and developed studies of stain, pre-dimensioning, user
profile, concept and architectural party aiming the development of the athletes and the club.
Finally, as a result of this work will be developed the preliminary design of a Training and
Training Center for Athletes for the Chapecoense Football Association.

Palavras-chave: Training Center; Soccer; Chapecoense


9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Alojamento onde estavam as vítimas ...................................................................... 26


Figura 2 - Localização da Cidade de Chapecó ......................................................................... 27
Figura 3 - Primeiro time profissional da Chapecoense............................................................. 30
Figura 4 - Corrimão .................................................................................................................. 38
Figura 5 - Dormitório Acessível ............................................................................................... 39
Figura 6 - Localização do CT da Água Amarela ...................................................................... 43
Figura 7 - Base Geométrica ...................................................................................................... 44
Figura 8 - Implantação .............................................................................................................. 44
Figura 9 - Áreas de Influência do CT da Água Amarela .......................................................... 45
Figura 10 - Relação Interior x Exterior .................................................................................... 46
Figura 11 - Zoneamento do CT da Chapecoense ..................................................................... 47
Figura 12 - Entradas ................................................................................................................. 47
Figura 13 - Massa ..................................................................................................................... 48
Figura 14 - Construção do Centro de Treinamento da Água Amarela ..................................... 49
Figura 15 - Complexo Hatfield-Dowlin ................................................................................... 51
Figura 16 - Estados Unidos da América localizados no Mapa Mundi ..................................... 51
Figura 17 - Estado do Oregon localizado no mapa dos Estados Unidos da América .............. 52
Figura 18 - Eugene localizada no Oregon ................................................................................ 52
Figura 19 - Geometria do Complexo Hatfield-Dowlin ............................................................ 53
Figura 20 - Implantação do Complexo Hatfield-Dowlin ......................................................... 54
Figura 21 - Partido .................................................................................................................... 55
Figura 22 - Relação Interior x Exterior .................................................................................... 56
Figura 23 - Zoneamento do Complexo ..................................................................................... 58
Figura 24 - Massa da Edificação .............................................................................................. 59
Figura 25 - Brises Metálicos na Fachada.................................................................................. 59
Figura 26 - Fachada do Edifício com Espelho D'água ............................................................. 60
Figura 27 - Sistema Estrutural .................................................................................................. 61
Figura 28 - Malha Estrutural .................................................................................................... 62
Figura 29 - Auditório Grande ................................................................................................... 63
Figura 30 - Área da Cidade do Galo ......................................................................................... 68
Figura 31 - Implantação da Cidade do Galo ............................................................................. 69
Figura 32 - Área de Influência da Cidade do Galo ................................................................... 70
10

Figura 33 - Base Geométrica das edificações ........................................................................... 71


Figura 34 - Base Geométrica no Hotel dos Atletas Profissionais............................................. 71
Figura 35 - Relação Interior x Exterior: Hotel dos Atletas Profissionais ................................. 72
Figura 36 - Setorização do Hotel dos Atletas Profissionais ..................................................... 74
Figura 37 - Suítes para os Atletas Profissionais ....................................................................... 74
Figura 38 – Entrada para a Cidade do Galo.............................................................................. 75
Figura 39 - Entrada do Hotel dos Atletas Profissionais ........................................................... 75
Figura 40 - Massa dos Blocos................................................................................................... 76
Figura 41 - Repetitivo e Singular no Hotel dos Atletas Profissionais ...................................... 77
Figura 42 - Simetria do Centro de Recuperação de Atletas ..................................................... 78
Figura 43 - Eixo Central do Departamento de Futebol da Base ............................................... 78
Figura 44 - Detalhe de Estrutura Pré-Moldada......................................................................... 79
Figura 45 - Auditório do Hotel ................................................................................................. 80
Figura 46 - Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos - EcoGalo ........................................ 81
Figura 47 - Localização do Terreno ......................................................................................... 84
Figura 48 - Vias de Acesso ....................................................................................................... 88
Figura 49 - Zoneamento do Terreno Escolhido ........................................................................ 89
Figura 50 - Uso e Ocupação do Solo ........................................................................................ 91
Figura 51 - Condicionantes Físicas do Terreno ........................................................................ 93
Figura 52 - Registro Fotográfico .............................................................................................. 94
Figura 53 - Vias de Acesso ....................................................................................................... 95
Figura 54 - Vizinhança do Terreno........................................................................................... 96
Figura 55 - Trajeto e Pontos de Referência .............................................................................. 98
Figura 56 - Área de Influência .................................................................................................. 99
Figura 57 - Estudo de Manchas/Setores ................................................................................. 107
Figura 58 - Simplificação do Partido...................................................................................... 112
Figura 59 - Mulher Kaingang destalando taquara .................................................................. 113
Figura 60 - Volumetrias Iniciais ............................................................................................. 113
Figura 61 - Detalhes de Materiais .......................................................................................... 114
11

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Brasil localizado no Mapa Mundi ............................................................................ 66


Mapa 2 – Estado de Minas Gerais localizado no Brasil ........................................................... 67
Mapa 3 – Município de Vespasiano localizado no estado de Minas Gerais ............................ 67
Mapa 4 - Localização da Cidade do Galo em Vespasiano - MG ............................................. 67
Mapa 5 - Vista Aérea da Cidade do Galo ................................................................................. 68
Mapa 6 - Hierarquia das Vias no Município de Chapecó......................................................... 86
Mapa 7 - Projeções das Vias no Município de Chapecó .......................................................... 87
12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número mínimo de sanitários acessíveis ......................................................... 37


Tabela 2 - Dimensionamento de rampas ......................................................................... 38
Tabela 3 - Índices Urbanísticos aplicados ao Terreno ....................................................... 90
Tabela 4 - Impacto de Vizinhança .................................................................................. 99
Tabela 5 - Setor Administrativo e de Atendimento ........................................................ 102
Tabela 6 - Campos de Treinamento .............................................................................. 103
Tabela 7 - Miniestádio ................................................................................................ 103
Tabela 8 - Alojamento ................................................................................................ 104
Tabela 9 - Setor de Serviços e Equipamentos ................................................................ 105
Tabela 10 - Centro Médico e Fisiológico ...................................................................... 106
13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEIALSJ – Área Especial de Interesse Ambiental do Lajeado São José

CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo

CBD - Confederação Brasileira de Desportos

CBF - Confederação Brasileira de Futebol

CBF – Confederação Brasileira de Futebol

CCF - Certificado de Clube Formador

Cetric - Central de Tratamento de Resíduos

CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

CT – Centro de Treinamento

EIV - Estudo de Impacto de Vizinhança

FA - Football Association

FIFA - Federação Internacional de Futebol

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

NBR – Norma Brasileira

NR – Norma Regulamentadora

SC – Santa Catarina

UAMLSJ – Unidade Ambiental de Moradia do Lajeado São José

UCAMLSJ – Unidade de Conservação Ambiental de Moradia do Lajeado São José

UCAMSLSJ - Unidade de Conservação Ambiental de Moradia e Serviços do Lajeado São José

UFRT – Unidade Funcional de Requalificação Territorial

VAR – Árbitro de Vídeo


14

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA ................................................ 17

1.2 PROBLEMA .................................................................................................. 17

1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 19

1.4 OBJETIVOS .................................................................................................. 20

1.4.1 Objetivo geral ......................................................................................... 20

1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................... 20

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 21

2.1 FUTEBOL ........................................................................................................................ 21

2.2 FUTEBOL NO BRASIL ................................................................................................. 22

2.3 A FORMAÇÃO DE ATLETAS..................................................................................... 23

2.4 TRAGÉDIA NO CENTRO DE TREINAMENTO DO FLAMENGO ...................... 25

2.5 CHAPECÓ ....................................................................................................................... 27

2.6 CHAPECOENSE ............................................................................................................ 29

2.7 NORMAS E DIRETRIZES ............................................................................................ 31

2.7.1 Lei Pelé e Certificado de Clube Formador ............................................... 32

2.7.2 Norma de Acessibilidade – NBR9050 ...................................................... 36

2.7.3 Decreto Nº 9.296, de 1º de março de 2018 ................................................ 39

3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 41

3.1 ESTUDOS DE CASO ..................................................................................... 41

3.1.1 Centro de Treinamento da Água Amarela ............................................... 41

3.1.1.1 Ficha Técnica .................................................................................... 42

3.1.1.2 Localização ....................................................................................... 42

3.1.1.3 Análise de Partido .............................................................................. 43

3.1.1.4 Análise Funcional .............................................................................. 46

3.1.1.5 Análise Formal .................................................................................. 47


15

3.1.1.6 Análise do Sistema Estrutural e Materiais Construtivos ......................... 48

3.1.1.7 Análise Bioclimática .......................................................................... 49

3.1.1.8 Análise Crítica da Obra ...................................................................... 49

3.1.2 Complexo Hatfield-Dowlin da Universidade do Oregon ........................... 50

3.1.2.1 Ficha Técnica .................................................................................... 50

3.1.2.2 Localização ....................................................................................... 51

3.1.2.3 Análise de Partido .............................................................................. 52

3.1.2.4 Análise Funcional .............................................................................. 56

3.1.2.5 Análise Formal .................................................................................. 59

3.1.2.6 Análise do Sistema Estrutural e Materiais Construtivos ......................... 61

3.1.2.7 Análise Bioclimática .......................................................................... 63

3.1.2.8 Análise Crítica da Obra ...................................................................... 64

3.1.3 Centro de Treinamento Cidade do Galo .................................................. 64

3.1.3.1 Ficha Técnica .................................................................................... 65

3.1.3.2 Localização ....................................................................................... 66

3.1.3.3 Análise de Partido .............................................................................. 68

3.1.3.4 Análise Funcional .............................................................................. 72

3.1.3.5 Análise Formal .................................................................................. 74

3.1.3.6 Análise do Sistema Estrutural e Materiais Construtivos ......................... 79

3.1.3.7 Análise Bioclimática .......................................................................... 79

3.1.3.8 Análise Crítica da Obra ...................................................................... 81

4. A PROPOSTA ................................................................................................................. 83

4.1 ESTUDO DA ÁREA ...................................................................................... 83

4.1.1 Localização............................................................................................. 83

4.1.2 Histórico do Município ........................................................................... 84

4.1.3 Dados do Município ................................................................................ 85

4.1.4 Sistema Viário ........................................................................................ 85


16

4.1.5 Zoneamento............................................................................................ 88

4.1.6 Condicionantes Físicas e Climáticas ........................................................ 92

4.1.7 Estudo de Impacto de Vizinhança ........................................................... 94

4.1.8 Justificativa da Escolha do Terreno ...................................................... 101

4.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............... 101

4.3 ESTUDO DE MANCHAS............................................................................. 106

4.4 ORGANOGRAMA....................................................................................... 108

4.5 FLUXOGRAMAS ........................................................................................ 108

4.6 CONCEITO ................................................................................................. 110

4.7 PERFIL DO USUÁRIO ................................................................................ 111

4.8 PARTIDO .................................................................................................... 112

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 115

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 116


17

1. INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso trata da temática envolvida na elaboração


do anteprojeto de um Centro de Treinamento e Formação de Atletas, visando especificamente
a equipe da Associação Chapecoense de Futebol. Atualmente fica claro o crescimento da
influência do futebol na cidade de Chapecó-SC e a necessidade de investimentos na equipe
local, visando manter os bons resultados dentro de campo.
Tendo em vista a melhora do desempenho da Chapecoense nos últimos anos, mantendo-
se na elite do futebol nacional por cinco anos consecutivos e participando de competições
internacionais, é de suma importância que o clube conte com um centro de treinamento
adequado, buscando aprimorar os resultados no âmbito esportivo, trazendo cada vez mais
destaque e renda para o município, através dos eventos aqui realizados.
Com a meta da realização do anteprojeto arquitetônico, o presente trabalho procurou
reunir referenciais bibliográficos e informações práticas sobre o funcionamento dos centros de
treinamentos referencias no mundo, além de examinar as legislações e normas aplicáveis.
Através do resultado apresentado no seguinte trabalho será possível elaborar um projeto
completo que corresponda as expectativas e supra as necessidades do público alvo buscando
uma arquitetura inovadora e singular para o complexo esportivo.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA

Elaboração de anteprojeto para um novo Centro de treinamento e formação de atletas da


Associação Chapecoense de Futebol, no município de Chapecó, Santa Catarina.

1.2 PROBLEMA

É indiscutível que o futebol é um dos esportes mais populares do Brasil, a partir dele
criou-se uma indústria gigantesca que movimentou, segundo Eduardo Belo (2018) repórter do
site Valor Econômico, mais de cinco bilhões de reais só no ano de 2017, através de negociações
de jogadores, ampliando a economia local e gerando milhares de empregos para profissionais
nas mais diversas áreas. Entretanto, assim como em outros ramos da economia, clubes com
maior investimento em estrutura e capital humano possuem melhor rendimento, fazendo com
que a disparidade apareça não só nas folhas salariais, mas também nos resultados dentro de
campo.
18

Entre estes clubes com menor orçamento, encontra-se a Associação Chapecoense de


Futebol, equipe que tem ganhado destaque internacional nos últimos anos, parte em decorrência
do trágico acidente ocorrido em novembro de 2016, mas também pelas conquistas dentro das
quatro linhas, sendo campeão sul americano, campeão catarinense e por figurar na lista dos
times que nunca foram rebaixados da elite do futebol nacional.
O crescimento da instituição passa, além do futebol profissional, por outras áreas da
instituição. Por exemplo, no final de 2017 o clube recebeu o Certificado de Clube Formador -
CCF, renovado em 2019 (CBF,2019), que permite que a instituição receba parte do valor em
futuras negociações envolvendo atletas revelados na base, portanto, o investimento nas
instalações à disposição dos jovens atletas pode futuramente resultar em valores substanciais
para os cofres da Chapecoense. Ademais, deixando de lado o fator financeiro, o aspecto humano
deve ser prioridade quando se trata do futuro de crianças e adolescentes que abrem mão de viver
com suas famílias para seguir o sonho de tornar-se um jogador profissional, proporcionando a
estes segurança e qualidade de vida, evitando tragédias como a que aconteceu no Centro de
treinamento do Flamengo, que deixou 10 mortos e três feridos.
Atualmente, a Associação Chapecoense de Futebol atende 149 atletas, do Sub-13 ao
Sub-20, sendo que cerca de 50, com idades entre 14 e 18 anos, são abrigados pelo clube em seu
alojamento, que fica próximo à Arena Condá. (DEBONA, 2019). Segundo Debona (2019), o
atual alojamento dos meninos da Chapecoense conta com “estrutura de 616,5 metros quadrados
com três banheiros para os atletas, cinco quartos com beliches para 10 atletas, armários, sala de
estar com televisor a cabo e amplo espaço de convivência”.
Além dos atletas das categorias citadas acima, segundo o site oficial da Chapecoense
(2019a), o clube ainda conta com 35 atletas na categoria Sub-23, sendo 57,14% dos atletas da
região Sul, 17,15% da região Sudeste e o restante das demais regiões brasileiras. Desta maneira,
pode-se perceber que a grande maioria dos atletas nas categorias de base do Verdão é de estados
próximos a Santa Catarina.
Já a equipe profissional contabiliza 35 atletas, sendo que destes, pelo menos oito foram
formados nas categorias de base do clube segundo o site do clube (CHAPECOENSE, 2019b).
Desta maneira, percebe-se a importância de se investir no desenvolvimento dos atletas a fim de
melhorar ainda mais a qualidade do futebol apresentado e os resultados da equipe dentro de
campo.
Desta forma, o presente trabalho tem como problema a seguinte questão: De que
maneira é possível receber em um mesmo espaço atletas profissionais e em formação,
proporcionando a todos uma excelente condição de trabalho?
19

1.3 JUSTIFICATIVA

O tema de sobre o desenvolvimento de um centro de treinamento e formação de atletas


no município de Chapecó – SC justifica-se principalmente no impacto socioeconômico que
trará para a região, melhorando a qualidade das instalações da Associação Chapecoense de
Futebol e, consequentemente, melhorando seus resultados dentro de campo e destacando a
equipe e a cidade em nível nacional.
Desde sua fundação, em 1973, a Associação Chapecoense de Futebol vem se destacando
no cenário do futebol estadual, mas foi somente em 2014, quando subiu para a elite do
campeonato brasileiro que conseguiu investir um pouco mais em sua infraestrutura. Segundo
(GALLEGO CAMPOS, 2018), a consolidação do clube na série A do campeonato nacional,
oportunizou ao clube a construção de um centro de treinamento próprio, a montagem de uma
academia, mudança de sede, investimentos no corpo de funcionários do clube além de uma
ampliação em seu estádio, que aumentou sua capacidade de 12,8mil torcedores, para 20 mil
espectadores.
Ainda segundo (GALLEGO CAMPOS, 2018), a ampliação do estádio e os grandes
resultados da equipe dentro de campo fizeram crescer significativamente o número de
vendedores de produtos do clube nos arredores da arena, bares foram reformados e ampliados
para suprir a demanda crescente. Outro fato demonstrado pelo autor foi o crescimento nas
vendas em diversos estabelecimentos da cidade, ligados ou não ao mercado esportivo, chegando
a registrar em alguns casos 50% de aumento nas vendas, reiterando o impacto do clube na
economia local.
Outro aspecto importantíssimo que justifica a escolha do tema é seu impacto humano e
social; O desenvolvimento de um novo centro de treinamento e formação de atletas resultará
em um aumento na qualidade da infraestrutura disponível para atletas profissionais e das
categorias de base, proporcionando um aumento na qualidade de vida principalmente dos jovens
atletas, que deixam suas casas ainda crianças para dar os primeiros passos na carreira de jogador.
(FANTÁSTICO, 2019)
Ainda discorrendo sobre atletas em formação, segundo Damo (2005) e Melo (2010 apud
Soares 2011) A formação no futebol pode se iniciar a partir dos 12 anos de idade, e tem uma
duração aproximada entre 5.000 e 6000 horas de trabalho voltado para preparo físico e para o
domínio de técnicas corporais e psicológicas. Desta maneira, é imprescindível que os novos
atletas contem com todo o suporte e estrutura necessária para vencer esta carga horaria de
trabalho puxada em busca da conquista de seus sonhos.
20

Tendo em vista as necessidades dos atletas profissionais e em formação, além da própria


Associação Chapecoense de Futebol, a proposta deste trabalho é de elaborar o projeto de um
novo centro de treinamento e formação de atletas, amplo e com instalações modernas,
localizado em um novo terreno, transferindo para a nova área o alojamento dos atletas e o mando
dos jogos das categorias de base do clube, além de disponibilizar a todos os envolvidos no dia
a dia da instituição a melhor condição de trabalho possível.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Desenvolver uma pesquisa para embasar uma proposta de anteprojeto para o novo centro
de treinamento e formação de atletas da Associação Chapecoense de Futebol.

1.4.2 Objetivos específicos

• Conhecer a história do município de Chapecó e da Associação Chapecoense de Futebol,


entendendo a demanda e a realidade do clube;
• Explicitar as normas brasileiras vigentes relativas ao tema visando aplica-las no decorrer
do anteprojeto
• Analisar a estrutura de treinamento e alojamento atual da equipe e compará-la com a de
clubes com mais recursos financeiros, visando identificar as carências em sua estrutura
física;
• Examinar meios de se executar a obra em etapas, objetivando facilitar o planejamento
financeiro da instituição;
• Desenvolver anteprojeto de um Centro de Treinamento e Formação de atletas no
município de Chapecó, Santa Catarina visando atender a Associação Chapecoense de
Futebol.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Visando a elaboração de um anteprojeto do Centro de Treinamento e Formação de


Atletas da Chapecoense, buscou-se realizar um resgate histórico sobre o futebol, a equipe e o
município onde está inserido através de referências bibliográficas, além de analisar a
composição de projetos com as mesmas necessidades para que seja possível criar uma estrutura
apta a receber os usuários oferecendo a eles a melhor infraestrutura disponível.

2.1 FUTEBOL

A origem do futebol é antiga e ainda muito discutida, afinal não há um consenso que
coloque um ponto final nesta história. Existem registros da prática de um esporte semelhante
ao futebol em diversas civilizações antigas, entre elas podemos destacar o Tsü Tsü, ritual de
guerra na antiga China, o Tlachtli praticado pela antiga civilização Maia e até mesmo ancestrais
europeus do esporte, como o Epyskiros grego (GIULIANOTTI 2002; MURAD, 1996 apud
CRUZ, 2005)
Entretanto, o futebol como conhecemos hoje foi oficialmente fundado em 1863, na
Inglaterra pela Football Association – FA, instituição que também promoveu sua expansão
através dos trabalhadores ingleses, que conquistavam folgas no sábado à tarde e praticavam o
esporte (COSTA, 2005). Segundo MAXIMO (1999), as raízes do esporte atual vêm da
Inglaterra, mas tem início na década de 1840, quando a rainha Vitória, aconselhada pelo
pedagogo Thomas Arnold, acabou com a proibição a um jogo chamado mass football, que
segundo o autor era uma disputa com uma bola de bexiga de boi revestida em couro, onde dois
times com cinquenta jogadores, ou até mais, tentavam faze-la passar pela porta da cidade para
marcar o gol, utilizando-se de socos, pontapés e golpes sujos para conseguir o feito.
A ideia de pôr fim à proibição veio com a democratização das escolas inglesas, que
começavam a ser frequentadas por meninos da classe média em ascensão, que se misturavam
com os filhos dos nobres, então, a fim de evitar que os alunos “perdessem tempo” conversando
e criando convicções reformistas e revolucionárias, o pedagogo sugeriu que se ocupasse o
tempo do intervalo das aulas com um jogo de 11 contra 11, fazendo-os correr atrás de uma bola
e brigar por ela (MAXIMO, 1999).
O tempo passou e o futebol deixou de ser uma atividade para recreação infantil e, em
26 de outubro de 1863, foi fundada no centro de Londres a The Football Association - FA,
entidade que até hoje comanda o futebol inglês. (MÁXIMO, 1999)
22

Apesar da fundação dessa instituição, o esporte continuou evoluindo nos anos seguintes,
segundo CRUZ (2005), só doze anos depois da fundação da FA que o travessão – barra superior
que, junto com as traves laterais forma o retângulo que delimita a área onde a bola deve ser
colocada para se marcar um ponto - foi introduzido, as delimitações espaciais para a prática do
esporte só vieram em 1882, quando ficou decidido que o gramado seria delimitado por uma
linha branca.
Já no ano de 1904 foi fundada a Fédération Internationale de Football Association –
FIFA, ou Federação Internacional de Futebol, que até hoje comanda o esporte em nível
internacional (BRITANNICA, 2019).
Ainda segundo CRUZ (2005), só na década de 1970 que foram introduzidas algumas
regras mais civilizatórias para o futebol, com o início das substituições e das aplicações de
cartões amarelos e vermelhos para jogadores que praticassem jogo violento ou que atentassem
ao bom andamento da partida.
Desde aquela época, o futebol segue se modernizando, atualizando suas regras e
adotando novas tecnologias como o arbitro de vídeo – VAR, a fim de tornar o esporte mais
imparcial, justo e competitivo dentro das quatro linhas. A última mudança nas regras do esporte
foi aprovada em 2019 pela International Board, entidade que determina as regras do futebol, e
serão colocadas em prática a partir de junho do mesmo ano, conforme notícia publicada por
MANHAGO (2019).

2.2 FUTEBOL NO BRASIL

A história do futebol no Brasil tem origens mais consolidadas, segundo (MÉRCIO, 1985
apud COSTA, 2005), o esporte já havia se estabelecido em escolas brasileiras nos estados do
Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Apesar disso, segundo COSTA (2005) é consenso que
o início oficial do futebol do país se dá em 1894, quando Charles Miller retorna da Inglaterra,
onde jogou na primeira divisão do campeonato inglês da época. Desta forma, Miller apresentou
o esporte para membros do São Paulo Athletic Club, fundado em 1888 e no ano de 1895 o clube
incorpora o futebol às suas atividades. (COSTA, 2005).
Nos anos seguintes, vários outros clubes foram fundados e aderiram ao esporte, como o
Mackenzie Athletic Association (em 1898), o Sport Club Internacional (1898), Clube Atlético
Paulistano (1900), entre outros clubes populares nos dias de hoje. No Brasil, o futebol era
extremamente elitizado em seus primeiros anos de vida, sendo realizado nos gramados mais
nobres de São Paulo e Rio de Janeiro, diferentemente do que acontecera em nossos países
23

vizinhos como Argentina e Uruguai, onde o esporte foi utilizado como instrumento de
alienação, da mesma maneira que Arnold aconselhou a rainha Vitória a fazer na Inglaterra.
(MÁXIMO, 1999).
Em 1902, na cidade de São Paulo – SP, é fundada uma liga e organizada a primeira
competição oficial de futebol no país, sendo disputada por cinco clubes: São Paulo Athletic,
Paulistano, Germânia (atual Pinheiros), Mackenzie e SC Internacional. Os anos foram passando
e os estados articulando campeonatos estaduais, primeiro na Bahia em 1905, seguido também
pelo Rio de Janeiro no ano seguinte, desta forma, gerando a necessidade da criação de uma
entidade nacional da modalidade. (COSTA, 2005)
Sendo assim, em oito de junho de 1914 é fundada a Federação Brasileira de Esportes,
que dois anos depois passa a se chamar Confederação Brasileira de Desportos – CBD e, em
1979, muda para sua nomenclatura atual, Confederação Brasileira de Futebol – CBF. Mesmo
com a criação de uma entidade máxima do futebol no Brasil, o esporte ainda não tinha se
tornado profissional no país, o que aconteceu gradativamente, começando em 1933 no estado
Rio de Janeiro e em São Paulo, só sendo reconhecido pela CBD em 1937, o que auxiliou em
seu desenvolvimento com o passar dos anos. (COSTA, 2005).
Deste momento em diante, o futebol brasileiro floresceu, em 1949 vencemos o
Campeonato Sul Americano após 27 anos sem títulos, em 1958 conquistamos nosso primeiro
título de campeão mundial, em 1962 veio o bicampeonato e em 1970, no México, o tri.
(COSTA, 2005).
Segundo COSTA (2005), foi no ano de 1971 que a CBD começou a organizar o que
hoje conhecemos como Campeonato Brasileiro, evento que vem sendo disputado
initerruptamente, entretanto, que tem adotado diversas formas de disputa e contando com
variados números de equipes participantes. Ainda segundo o autor, as décadas de 1980 e 1990
foram o período de consolidação dos clubes brasileiros no cenário sul-americano, quando
vencemos oito edições da Copa Libertadores da América – principal competição sul americana
para clubes. De lá pra cá, nossa seleção ainda venceu mais dois campeonatos mundiais, em
1994 nos Estados Unidos e em 2002, no Japão e na Coreia do Sul.

2.3 A FORMAÇÃO DE ATLETAS

Como dito anteriormente, a formação de atletas é um processo longo que, segundo


DAMO (2005) e MELO (2010) apud (Soares et al 2011) pode requerer de 5.000 a 6.000 horas
de trabalho, e inicia-se a partir dos 12 anos de idade. Também é demonstrado que a carga horária
24

que estes atletas dedicam à sua formação esportiva, pouco difere do tempo destinado à escola
e que, além disso, o tempo de treinamento nas categorias de base é análogo ao dos profissionais,
exigindo um comprometimento muito grande dos atletas de base (MELO 2010 apud SOARES
et al., 2011).
Segundo SOARES et al. (2011), se contabilizarmos as horas aula de um estudante do
sexto ano escolar até sua formação no ensino médio e compararmos com a formação de um
atleta que inicia sua carreira na categoria mirim, aos doze anos de idade até o último ano de
categorias de base, no sub-17, teríamos valores semelhantes. Seriam aproximadamente 4.800
horas na escola e 4.165 horas de treinamento dedicado ao futebol, isso sem levar em conta os
jogos nos fins de semana. Desta maneira, é possível vislumbrar tamanha dedicação necessária
para formação de um jogador profissional;
Damo (2005) utilizou duas denominações diferentes para os centros de treinamentos,
tratando-os como Centro de Formação/Produção de futebolistas, fazendo uma analogia à escola
ou a fábrica, respectivamente. Segundo ele, existe uma diferença sutil entre os dois, em ambos
há a noção de intervenção, entretanto, o termo “formação” sugere algo no campo das ideias,
enfatizando o caráter e o aprendizado da profissão, já “produção” faz alusão a algo mais
concreto como produção de mercadorias e remete quase sempre a fábrica, à ideia de produção
em larga escala de coisas descartáveis.
Ainda segundo Damo (2005), os clubes usam o termo formação buscando trazer a
impressão de filantropia, de que recrutam atletas apenas por bondade, sendo que existe uma
relação entre custo e benefício calculada com precisão, o que não é divulgado. O autor ainda
destaca que na França, existe uma separação entre “formação” e “pré-formação”, que variam
em muitos aspectos, inclusive pela idade dos aspirantes a atletas recrutados.
Damo (2005) define a formação como as atividades voltadas para adolescentes de
quinze a vinte anos, em espaços regulamentados chamados de “centres de formation des clubs
professionnels”. Ainda define como pré-formação o período que vai dos sete aos quatorze anos
de idade, que acontece em clubes locais ou distritais, semelhantes as nossas escolinhas. Segundo
ele nesses dois períodos os objetivos, cargas horarias e diplomas exigidos dos clubes são
diferentes.
Desta maneira, Damo (2005) relaciona as “escolinhas”, presentes no Brasil, ao que é
chamado de “pré-formação” na França, e a “formação” ao que aqui conhecemos como
“categorias de base”. Ainda segundo o autor, existem basicamente três lógicas de
formação/produção de atletas, a endógena, a exógena e a híbrida.
25

A formação/produção endógena refere-se à formação de atletas vinculadas à um clube,


buscando suprir as necessidades da equipe principal, de forma a se tornar uma estratégia
econômica para baratear os custos do elenco profissional do clube. (DAMO, 2005). Já a
formação/produção exógena traça o caminho inverso, visando à expansão, no qual o clube
busca fornecer atletas para o mercado, estratégia adotada muitas vezes por clubes menores, que
buscam se projetar no mercado do futebol. (DAMO, 2005).
Ainda no que se diz respeito à formação/ produção exógena, é notável o peso da
exportação na economia brasileira, como demonstrado por Alcântara (2006, apud Soares et.
Al), que afirma que as vendas de jogadores brasileiros aumentou cerca de US$ 6 bilhões,
aproximadamente 34%, no ano de 2005 e representou 40% das exportações brasileiras naquele
ano, fazendo do futebol um negócio com peso considerável na exportação nacional.
Por fim, Damo (2005) ainda define a formação/produção híbrida de atletas, na qual são
unidos elementos das duas anteriores, endógena e exógena, conciliando a premissa vocacional
e a mercadológica, conforme a necessidade. Desta forma, o autor resume o modelo híbrido
como uma forma de suprir as demandas do time, entretanto, estando sempre à disposição para
venda caso o mercado necessite.

2.4 TRAGÉDIA NO CENTRO DE TREINAMENTO DO FLAMENGO

O futebol brasileiro nos últimos anos vem presenciando tragédias sem precedentes no
esporte, em âmbito nacional e até mesmo internacional, com os mais diversos relatos históricos.
Em 1992, no Rio de Janeiro, 82 pessoas ficaram feridas e três morreram na queda de uma parte
da grade de proteção da arquibancada no Maracanã. Em 2009 o ônibus que levava a delegação
do Brasil de Pelotas se envolveu em um acidente que resultou em três mortos. Já em 2016
testemunhamos a queda do avião que levava a Associação Chapecoense de Futebol para a final
da Copa Sul-Americana, o qual deixou 71 vítimas fatais (UOL, 2019).
Em fevereiro de 2019, mais uma tragédia, desta vez o desastre ocorreu no Centro de
Treinamentos do Flamengo, também conhecido como Ninho do Urubu, e deixou dez mortos e
três feridos nas categorias de base do clube carioca, segundo informações publicadas no portal
de notícias UOL (2019).
O caso ocorreu na manhã de sexta-feira, dia oito de fevereiro, quando um incêndio
atingiu a ala mais antiga do CT do Flamengo, que vinha sendo utilizada por atletas de 14 a 17
anos de idade. De acordo com as informações divulgadas pelo Globoesporte.com (2019a), o
fogo pode ter tido início através de um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no
26

alojamento, e, ainda segundo o site, do primeiro estouro até as chamas tomarem conta do local
foram cerca de dez minutos, os bombeiros foram acionados às 5h14 e chegaram ao local às
5h38, conseguindo controlar o fogo somente as 6h20.
O alojamento onde os jovens estavam abrigados era, segundo o
GloboEsporte.com(2019a), construído com containers, como se pode observar na Figura 1. O
ambiente contava com cinco quartos, cada um podendo abrigar seis atletas, banheiro e área de
convívio. Com capacidade para alojar até trinta jovens, as instalações contavam com apenas
uma saída da edificação e com grades nas janelas dos dormitórios, dificultando ainda mais a
fuga em caso de emergências.
Figura 1 - Alojamento onde estavam as vítimas

Fonte: Globoesporte.com (2019a)

De acordo com informações divulgadas pelo globoesporte.com (2019a), naquela noite


havia 26 atletas alojados no local, destes, apenas 16 escaparam com vida, sendo que três
acabaram se ferindo no incêndio.
Após a tragédia, iniciou-se um diagnóstico profundo sobre as possíveis causas do
acidente, e, logo nas primeiras apurações constatou-se que a edificação onde ficavam os jovens
estava irregular, de acordo com Diego Garcia (2019), reporte no jornal Folha de São Paulo, em
matéria publicada no dia 15 de fevereiro, foram ao menos três pontos em que o clube carioca
estava em desacordo com as normas.
Conforme publicado na matéria da Folha de São Paulo por Garcia (2019), a Prefeitura
do Rio afirma que o local onde ficavam os containers estava licenciado apenas para servir de
27

estacionamento, não devendo, portanto, abrigar os jovens. Outra irregularidade apontada foi a
existência de multas em atraso que foram aplicadas devido à falta de alvará de funcionamento.
De acordo com a Prefeitura do Rio, o clube foi multado 31 vezes e pagou apenas dez, fato que
fez com que a Secretaria da Fazenda lacrasse o CT do Flamengo em outubro de 2017,
entretanto, o clube decidiu reabrir o Centro no mesmo ano, mesmo com a determinação da
secretaria. Por fim, ainda segundo a Folha de São Paulo, os bombeiros não haviam vistoriado o
alojamento, já que a estrutura provisória que abrigava os jovens não constava no projeto
apresentado ao órgão municipal.
Após descoberta a situação do centro de treinamentos do Flamengo, uma reportagem
divulgada pelo globoesporte.com(2019b) pelo Esporte Espetacular no dia 17 de fevereiro de
2019, apresentou um panorama das estruturas de categorias de base dos vinte clubes da série A
do campeonato brasileiro, o que deixou ainda mais evidente o descaso com a segurança e
legislação no que se refere aos atletas de base. Segundo as informações divulgadas, dos 20
clubes da série A, 19 contam com categorias de base no momento, sendo que pelo menos nove
não têm todos os documentos necessários para funcionamento segundo a legislação vigente.

2.5 CHAPECÓ

O município de Chapecó localiza-se no Brasil, no oeste do estado de Santa Catarina. A


cidade encontra-se na Região Metropolitana de Chapecó, distante 405 km da capital do estado,
Florianópolis.

Figura 2 - Localização da Cidade de Chapecó

Fonte: Google – Editado pelo Autor

Segundo Censo do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2018, Chapecó


tem hoje uma população estimada de 216.654 pessoas em uma área de 624.846km², totalizando
28

uma densidade demográfica de 293,15 hab./km². Ainda segundo o IBGE, o salário médio
mensal dos trabalhadores formais é de 2,7 salários mínimos e IDHM – Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal, em 2010 de 0,790 (ATLAS DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO NO BRASIL, 2013), considerado alto.
O município de Chapecó foi criado em 25 de agosto de 1917, tendo como origem do
nome os termos "echa" + "apê" + "gô", que significa na língua dos Kaingang da região" donde
se avista o caminho da roça”. (CHAPECÓ, 2019). Segundo Dlugokenski (2012), a região de
Chapecó foi inicialmente “delimitada pela presidência do governo do estado do Paraná, pela lei
2.502, de 06 de novembro de 1859,
denominada de Colônia Militar de Xapecó.”
De acordo com Dlugokenski (2012), é tem-se o conhecimento da ocupação indígena na
região até meados do século XIX, quando o local começou a receber expedicionários de São
Paulo e Guarapuava. Ainda de acordo com ele, esta área, até então conhecida como Campos de
Palmas, era ocupada predominantemente por indígenas da etnia Kaingang e considerada uma
“terra sem dono”.
O município começou a ser explorado por bandeirantes paulistas no século XVII, mas
foi no início do século XIX que, com a expansão da criação de gado na região, o município
tornou-se rota para tropeiros do Rio Grande do Sul. (CHAPECÓ, 2019).
Com o excedente de gado produzido na região dos sete povos das missões, atual Rio
Grande do Sul, juntamente com a descoberta de minérios preciosos no atual estado de Minas
Gerais, houve um aumento na demanda pelo tráfego dos animais pelas terras chapecoenses, que
precisariam passar por áreas de mata fechada, repletas de indígenas, o que causou uma grande
tensão e conflito entre nativos e caboclos. (DLUGOKENSKI, 2012)
Os ânimos se acalmaram e uma aliança foi formada com o cacique Vitorino Condá, líder
de uma tribo Kaingang que facilitou a abertura de caminho para a estrada através das terras
indígenas (DLUGOKENSKI, 2012). Segundo D’Angelis (1995, apud DLUGOKENSKI,
2012), tal acordo só foi possível pois Condá habituado com a convivência do homem branco,
já tendo até uma convivência pacífica com fazendeiros locais. Este acordo entre os Kaingang
da tribo de Vitorino e os homens brancos era, segundo Dlugokenski (2012), bilateral, onde os
indígenas auxiliavam no desmatamento e na abertura da estrada em troca de auxílio na
eliminação de tribos rivais.
Com o término da construção da estrada foram criados diversos “pousos”, que eram
utilizados no tráfego de gado das missões gaúchas com destino a São Paulo, que se
29

desenvolveram e se tornaram municípios ou bairros em cidades da região, com o Passo do


Xapecó (Abelardo Luz), Xanxerê e Goio-Em. (DLUGOKENSKI, 2012).
O local ainda foi disputado, no final do século XIX, entre Brasil e Argentina e no início
do século XX pelos estados de Santa Catarina e Paraná. Após esse período, com incentivo do
Estado, colonizadores começaram a comprar terras e abrir estadas, estabelecendo famílias e
estruturando o município. (CHAPECÓ, 2019).
Segundo Dlugokenski (2012), após uma disputa política entre Brasil e Argentina pela
região oeste do estado de Santa Catarina, visando manter a posse da área, o presidente da
província do Paraná cria as colônias militares de Chapecó e Chopin, cuja ocupação
propriamente dita aconteceu somente em 1882, quando o capitão José Bernardino Bormann foi
encarregado de fundar a colônia.
Sua chegada foi de extrema importância para que o Brasil saísse vencedor e detentor
das terras em 1895, pois foi através de suas demarcações de terras e da distribuição dos títulos
de posse aos moradores que foi possível comprovar que havia na região uma população
predominantemente brasileira, pesando para que a disputa judicial entre Argentina e Brasil
tivesse um fim. (DLUGOKENSKI, 2012)
A partir da década de 1920, empresas do Rio Grande do Sul trouxeram diversos
descendentes de imigrantes para a região, ocupando terras e trabalhando na agricultura, gerando
relações econômicas e sociais entre camponeses brasileiros e os novos Depois disso, as
agroindústrias chapecoenses se destacaram no processamento de carne e foram o motor da
indústria do município até os dias de hoje. (CHAPECÓ, 2019).

2.6 CHAPECOENSE

A história da Associação Chapecoense de Futebol começa a ser escrita em 10 de maio


de 1973 com sua fundação e segue até os dias de hoje com o clube se consolidando como o
mais vitorioso e bem estruturado do oeste do estado. Ao todo a equipe possui seis títulos do
Campeonato Catarinense, um da Copa Santa Catarina, dois da Taça Santa Catarina, um da Taça
Plínio Arlindo de Nês e a Copa Sul-Americana de 2016. (Chapecoense, 2019c)
A fundação do clube vem de encontro à ausência de clubes estruturados na região
durante a década de 1970, não possuindo nenhuma expressão no futebol profissional. Desta
forma, para transformar tal realidade no município, jovens representantes dos clubes Atlético
Chapecó e Independente se uniram para criar a Associação Chapecoense. (Chapecoense,
2018c).
30

Marcada pelo grande incentivo da população e das lideranças locais, a Chapecoense


sempre contou com o apoio dos moradores da região, desde seu primeiro terno de camisas
doadas por Ernesto de Marco, até grandes incentivos de figuras marcantes na história de
Chapecó. (Chapecoense, 2018c)
Sua primeira diretoria foi formada em 1973 e não demorou muito para formação do
primeiro time profissional (Figura 3) e realizar sua primeira partida, contra o São José de Porto
Alegre, com uma vitória por 1 a 0. No mesmo ano, 1973, a equipe ainda conseguiu o feito de
empatar com o Avaí em 2 a 2 na capital do estado, feito glorioso para um clube recém formado.
(Chapecoense, 2018c)
Figura 3 - Primeiro time profissional da Chapecoense

Fonte: Chapecoense, 2018c

A trajetória ascendente da equipe começou no ano de 2009, quando pode disputar pela
primeira vez a série D do campeonato brasileiro e, no mesmo ano, conquistou o acesso à série
C, competição na qual competiu a partir de 2010. Já em 2012 a equipe foi semifinalista do
torneio e pode participar da série B do brasileirão de 2013, fato inédito na história do clube que,
superando todas as expectativas, conseguiu a classificação para a série A do campeonato e dali
não saiu mais. (Chapecoense, 2018c)
Os anos seguintes, 2014 e 2015, foram de extrema euforia pela permanência entre os 20
maiores do país e, além disso, de estar disputando a Copa Sul-Americana, uma das mais
importantes competições do continente, na qual a equipe fez uma campanha incrível, sendo
eliminada apenas pelo River Plate da Argentina nas quartas de finais. (Chapecoense, 2018c)
31

No ano seguinte, em 2016, o Verdão começou o ano bem, vencendo o campeonato


catarinense pela quinta vez na sua história. Embalado pela conquista iniciou sua caminhada
pela Sul-Americana, competição que a torcida do oeste aprendeu a amar depois da campanha
do ano anterior. A Chapecoense deixou pra trás adversários muito difíceis e com tradição na
competição, como o Independiente e o San Lorenzo da Argentina além do Junior Barranquilla
da Colômbia, conquistando assim a vaga na final do campeonato. (Chapecoense, 2018c)
O momento era de festa em toda a região, o Verdão do Oeste era o Brasil na copa Sul-
Americana e a final contra o Atlético Nacional de Medellín era o ápice de toda a história do
clube até então. Porém, na noite de 29 de novembro, quando a delegação viajava à Colômbia
para o primeiro jogo da decisão, uma tragédia interrompeu o sonho. O avião que levava os
atletas, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e convidados caiu, vitimando 71 passageiros e
deixando apenas seis sobreviventes. (Chapecoense, 2018c)
O acidente abalou todo o mundo, mas em especial a cidade de Chapecó, que respirava
o futebol e considerava aquela equipe como seus ídolos, heróis que levaram o nome do clube e
da cidade para o topo da América. (Chapecoense, 2018c)
Apesar do imensurável impacto da tragédia a história do clube não pode parar e no ano
de 2017 a palavra de ordem era reconstrução. Assim, com uma equipe montada em tempo
recorde, a Chapecoense conquistou o bicampeonato estadual e uma vaga inédita na Taça
Libertadores da América. (Chapecoense, 2018c)
Já em 2018 o clube conseguiu mais uma vez a classificação para a Copa Sul-Americana,
foi vice-campeão catarinense e continua na elite do futebol brasileiro. Entretanto, apesar da
história de ascensão e superação, a Chapecoense almeja um crescimento ainda maior nos
próximos anos. (Chapecoense, 2018c)

2.7 NORMAS E DIRETRIZES

Quando se pensa em um centro de treinamento e formação de atletas, existem diversas


leis que devem ser consideradas para a elaboração do projeto arquitetônico, sendo assim, todas
as normas e legislações aplicáveis serão seguidas, desde as municipais como o código de obras
e o plano diretor, até as normas brasileiras como a NBR 15575 que dispões sobre o desempenho
das edificações. Neste referencial será dada uma atenção especial a Lei Pelé e a Norma
Brasileira (NBR) 9050, além do decreto nº 9.296, de 1º de março de 2018.
No Brasil, as normas que visam garantir a qualidade de produtos e serviços são
desenvolvidas e aplicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que elabora
32

as Normas Brasileiras (NBR). Segundo a ABNT, normalmente a utilização das normas é de


uso voluntário, entretanto em alguns casos sua utilização torna-se compulsória através de leis
que asseguram sua utilização.

2.7.1 Lei Pelé e Certificado de Clube Formador

A legislação que rege o futebol profissional e os atletas no Brasil é mais antiga que a
própria Lei Pelé que será explanada posteriormente, desta forma, se faz necessário um breve
resgate histórico das leis que a antecederam. (MORAES; CARVALHO, 2014)
De acordo com Moraes e Carvalho (2014), em um primeiro momento na história do
futebol brasileiro, o jogador profissional era tratado como um funcionário comum do clube,
conforme decreto de lei nº 5.452/43, através das leis trabalhistas, entretanto, com as
especificidades da profissão, os atletas não recebiam as mesmas benfeitorias que o restante dos
trabalhadores.
Desta maneira, segundo Campagnone (2009, apud MORAES; CARVALHO, 2014) em
2 de setembro de 1976, foi sancionada a Lei nº 6.354, também chamada de Lei do Passe, que
se tornou a primeira legislação específica para o futebol profissional no Brasil. Esta nova
legislação trouxe benefícios como a obrigação de assinatura de contratos de trabalho, férias e
recessos para os atletas, entretanto, também criou o “passe”, que dificultava a transferência de
jogadores entre os clubes.
Este “passe” funcionava da seguinte forma: o clube possuía direito federativo dos
atletas, o que lhe permitia registrar os jogadores com os quais tinha contrato em federações
esportivas (como na Confederação Brasileira de Futebol – CBF). Tal direito continuava de
posse do clube mesmo após o término do contrato de trabalho, sendo exigido uma indenização
para que o atleta fosse transferido para outro clube. (CAMPAGNONE, 2009, apud MORAES;
CARVALHO, 2014).
Este modelo vigorou até a aprovação da lei Nº 9.615, ou lei Pelé, como é popularmente
conhecida, que foi sancionada em 24 de março de 1998 e instituiu normas gerais sobre o
desporto brasileiro, além de dar outras providências (BRASIL, 1998).
Ao mesmo tempo que a Lei Nº 9.615 de 1998 trouxe diversos benefícios para os atletas
profissionais, permitindo a estes uma plena liberdade de trabalho e possibilidade de transitar
livremente entre clubes após o cumprimento dos contratos, esta lei também prejudicou os clubes
pois estes não estavam preparados para sua implantação e acabaram perdendo sua principal
33

fonte de renda que vinha dos passes dos atletas. (SILVA & CAMPOS FILHO, 2006 Apud.
MORAES; CARVALHO, 2014).
Conforme explicado por Moraes e Carvalho (2014), a Lei Pelé ampliou o assédio
econômico de clubes maiores sobre os atletas das categorias de base que se destacavam em
clubes de menor expressão, já que não havia formas de se “segurar” o jogador que ainda não
possuía contrato profissional. Desta forma, alguns times que se sustentavam economicamente
através de vendas de jovens promessas entraram em crise e até mesmo fecharam, uma vez que
não recebiam nada pelo jogador que saia ainda muito novo de suas dependências.
De acordo com o Ministério do Esporte (2011, apud Moraes e Carvalho, 2014) após
diversas reivindicações dos clubes, em 16 de março de 2011, a Lei 12.395 fez modificações na
Lei Pelé, grande parte voltadas aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, mas também
trazendo melhorias para o futebol de base e profissional no país. Entre as novidades
apresentadas estão a obrigatoriedade do seguro de vida para os atletas, reponsabilidade fiscal e
trabalhistas para os clubes além de alterações nos contratos de trabalho dos jogadores.
Segundo o Ministério do Esporte (2011, artigo 29, apud Moraes e Carvalho, 2014) com
a Lei Pelé fica estabelecido que dos 14 até os 20 anos de idade o atleta pode ser considerado
aprendiz nos clubes, podendo assinar contratos de trabalho profissional somente a partir dos 16
anos. Caso não ocorra a profissionalização, para proteger os atletas foi elaborado o Contrato de
Formação Desportiva, possibilitando ao atleta em formação uma bolsa mensal e garantindo aos
clubes reivindicar valores em futuras transações destes jogadores, a fim de receber um retorno
pelo investimento na formação dos mesmos.
Entretanto, para garantir ao clube esta garantia de honorários pelo contrato de formação,
o clube deve possuir um Certificado de Clube Formador - CCF, concedido pela entidade de
administração nacional da modalidade, neste caso a CBF. Este certificado só é concedido
mediante ao cumprimento de uma série de medidas, algumas previstas no Art. 29 da Lei nº
12.395, de 2011, e outras elaboradas pela própria CBF, que além de acrescentar exigências
também criou duas categorias de certificação. (MORAES; CARVALHO, 2014)
O Artigo 29 da lei nº 12.395 especifica em seu segundo parágrafo várias exigências para
que uma entidade seja considerada formadora de atletas, todas elas acrescentadas no texto
original pela Lei nº 12.395, de 2011, conforme apresentado a seguir:
§ 2º É considerada formadora de atleta a entidade de prática desportiva que: (Redação
dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
I - Forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e
complementação educacional; e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
II - Satisfaça cumulativamente os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.395,
de 2011).
34

a) estar o atleta em formação inscrito por ela na respectiva entidade regional de


administração do desporto há, pelo menos, 1 (um) ano; (Incluído pela Lei nº 12.395,
de 2011).
b) comprovar que, efetivamente, o atleta em formação está inscrito em competições
oficiais; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
c) garantir assistência educacional, psicológica, médica e odontológica, assim como
alimentação, transporte e convivência familiar; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
d) manter alojamento e instalações desportivas adequados, sobretudo em matéria de
alimentação, higiene, segurança e salubridade; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
e) manter corpo de profissionais especializados em formação tecnicodesportiva;
(Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
f) ajustar o tempo destinado à efetiva atividade de formação do atleta, não superior a
4 (quatro) horas por dia, aos horários do currículo escolar ou de curso
profissionalizante, além de propiciar-lhe a matrícula escolar, com exigência de
frequência e satisfatório aproveitamento; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
g) ser a formação do atleta gratuita e a expensas da entidade de prática desportiva;
(Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
h) comprovar que participa anualmente de competições organizadas por entidade de
administração do desporto em, pelo menos, 2 (duas) categorias da respectiva
modalidade desportiva; e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
i) garantir que o período de seleção não coincida com os horários escolares. (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011)
(MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2011)

Conforme citado anteriormente, além das condições impostas por lei, ainda são impostas
pela CBF diversas outras medidas que caracterizam um clube como formador, desta maneira,
estes são classificados em categoria “A”, que corresponde aos clubes que superem as exigências
mínimas, com validade de até dois anos e categoria “B” para equipes que conseguirem apenas
suprir as demandas mínimas, este sendo válido por apensas um ano. (CBF, 2012 apud.
MORAES; CARVALHO, 2014). Desta maneira, segue as exigências da CBF para com os
clubes para a obtenção de Certificado de Clube Formador:

I. Apresentar relação e habilitação dos técnicos e preparadores físicos responsáveis


pela orientação e monitoramento dos atletas em formação;

II. Comprovação da participação em competições oficiais;

III. Apresentar programa de treinamento com responsáveis, objetivos, horários e


atividades, de forma compatível com a faixa etária, atividade escolar dos atletas e
período de competição;

IV. Proporcionar assistência educacional que permita ao atleta frequentar curso em


horários compatíveis com as atividades de formação em qualquer nível mediante
matricula em estabelecimento de ensino regular ou através de professores contratados,
mantendo controle de frequência e o aproveitamento escolar do atleta;

V. Proporcionar assistência médica, através de profissional especializado contratado,


terceirizado ou mediante convênio com instituições públicas ou privadas de modo a
permitir:

a) Avaliação prévia realizada por médico especializado em medicina do desporto,


cardiologia ou clínica geral e ainda por ortopedista, como forma de prevenção à morte
súbita;
35

b) Exames complementares mínimos tais como: hemograma completo, glicemia, teste


de afoiçamento de hemácias, parasitológico de fezes, urina (EAS), ECG basal e RX
de tórax, assim como outros necessários para diagnóstico do estado de saúde do atleta;

c) Calendário de vacinação atualizado e realização de exames periódicos anuais;

d) Manter departamento médico dotado de área física e instalações compatíveis e


apropriadas, equipado com material e medicamentos para atendimento básico e
primeiros socorros, sob a responsabilidade de um médico e contando ainda, nos
horários de funcionamento, com auxiliar de enfermagem e médico;

e) Manter prontuário médico individual para cada atleta, devidamente atualizado,


além do registro diário dos atendimentos;

11f) Garantir meios para diagnóstico e tratamento de patologias, intercorrências e


lesões;

g) Dispor de centro de reabilitação, próprio ou conveniado, sob a responsabilidade de


profissional habilitado, com o mínimo de material e equipamentos que permitam a
recuperação de lesões comuns;

h) Propiciar assistência psicológica, por profissional habilitado, que destine pelo


menos quatro horas semanais ao clube;

i) Dispor de meios que permitam, de forma constante e contínua, proporcionar


assistência odontológica, por meios próprios, terceirizados ou conveniados;

j) Facultar, sem prejuízo da atividade desportiva, a visita de familiares dos atletas, a


qualquer tempo, e proporcionar, às suas expensas, ao final de cada temporada oficial,
meios para que o atleta possa viajar à sua cidade de origem, quando for o caso, com o
objetivo de conviver com seus familiares;

k) Garantir aos atletas em formação residentes no clube, o mínimo de três refeições


diárias (desjejum, almoço e jantar), planejadas por nutricionista e servidas no clube
ou fora dele, sendo exigível local adequado e em boas condições de higiene e
salubridade. Aos atletas em formação não residentes no clube será assegurado lanche
em cada período de treinamento;

l) Assegurar transporte para treinos e jogos às expensas do clube e realizado pelos


meios permitidos;

m) Comprovar o pagamento mensal de auxílio financeiro para o atleta em formação


sob a forma de bolsa de aprendizagem, livremente pactuada mediante contrato de
formação desportiva;

n) Apresentar plano de contingência médica que garanta, nos locais de treinamento e


jogos, pessoal, material, e equipamentos de primeiros socorros, atendimento imediato
e meios para pronto transporte da vítima;

o) Comprovar a existência, às expensas do clube, de seguro de acidentes pessoais para


os atletas em formação;

p) Manter alojamento com área física proporcional ao número de residentes, dotado


de ventilação e iluminação natural, em boas condições de habitabilidade, higiene e
salubridade, com mobiliário individual, assim como e da mesma forma, banheiros e
área de lazer;

q) Fornecer aos atletas uniformes de treino e jogo, além de roupa de cama, mesa e
banho, material de limpeza e higiene pessoal.

(CBF, 2012 apud. MORAES; CARVALHO, 2014)


36

Ainda é importante destacar que a Chapecoense, em 2019 conseguiu a renovação de seu


Certificado de Clube Formador, entretanto apenas na categoria “B”, válido apenas por um ano.
(CBF, 2019).

2.7.2 Norma de Acessibilidade – NBR9050

Segundo a NBR 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, (2015,


p.1), esta norma “estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao
projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às
condições de acessibilidade” e tornou-se obrigatória pelo decreto nº 9.296, de 1º de março de
2018. Durante a elaboração do projeto do centro de treinamento e formação de atletas, toda a
norma será utilizada, entretanto, vale a pena destacar alguns pontos de extrema importância
presentes nesta NBR, como é o caso dos sanitários acessíveis, rampas e inclinações, além dos
quartos de hotel.
Segundo a definição da NBR 9050(2015), o sanitário é o ambiente que possui
bacia sanitária, lavatório, espelho, entre outros acessórios. As principais exigências nos
banheiros acessíveis são descritas no item 7 da NBR 9050, que define que estes devem se
localizar em rotas acessíveis, com uma distância máxima de 50m de qualquer ponto da
edificação, devem possuir entrada independente e que em locais de pratica esportiva estejam
associados aos demais. Além disso, a norma ainda especifica qual a quantidade de banheiros e
vestiários acessíveis necessários de acordo com a Tabela 1.
Ainda em relação aos sanitários, a NBR 9050, 2015 estabelece que deve ser estabelecido
no mínimo o giro de 360º dentro do ambiente, ou seja, um diâmetro de um metro e meio para
circulação. Além dessas, outras exigências são descritas na NBR, como a necessidade de
garantir a transferência lateral, perpendicular e diagonal para a bacia sanitária, entre outras
diversos pontos que serão observados durante a elaboração do projeto arquitetônico.
37

Tabela 1 - Número mínimo de sanitários acessíveis

Fonte: NBR 9050, 2015

Ainda em relação aos sanitários, a NBR 9050 2015 estabelece que deve ser estabelecido
no mínimo o giro de 360º dentro do ambiente, ou seja, um diâmetro de um metro e meio para
circulação. Além dessas, outras exigências são descritas na NBR, como a necessidade de
garantir a transferência lateral, perpendicular e diagonal para a bacia sanitária, entre outras
diversos pontos que serão observados durante a elaboração do projeto arquitetônico.
Outro ponto que merece um cuidado especial são as rampas, que de acordo com a NBR
9050 (2015) são definidas como “inclinação da superfície de piso, longitudinal ao sentido de
caminhamento, com declividade igual ou superior a 5 %”. A NBR ainda especifica quais sãos
os limites de inclinação das rampas, assim como quantidade de patamares e alturas máximas de
desnível, conforme apresentado na Tabela 2, desta forma tornando a edificação acessível para
todos.
38

Tabela 2 - Dimensionamento de rampas

Fonte: NBR 9050, 2015

Ainda no que diz respeito as rampas, a NBR 9050 (2015) aponta que as larguras das
mesmas devem ser dimensionadas em relação ao fluxo de pessoas no local, tendo como mínimo
recomendado 1,50m e o vão livre mínimo aceito de 1,20m. Ainda fica definido que toda rampa
deve possuir corrimão com duas alturas, a 0,92m e 0,70m da superfície da rampa, conforme
apresentado na Figura 4.

Figura 4 - Corrimão

Fonte: NBR 9050, 2015

No que diz respeito à locais de hospedagem como hotéis, pousadas e ambientes


similares, a NBR 9050(2015) deixa claro que todas as áreas comuns de uso público devem ser
acessíveis, como auditórios, piscinas, salas de convenções, etc. Além disso, a norma também
define que os dormitórios acessíveis com banheiro devem estar distribuídos por toda a
edificação, da mesma maneira que os dormitórios comuns, reservando dez por cento do total de
cômodos para quartos adaptados.
39

Figura 5 - Dormitório Acessível

Fonte: NBR 9050, 2015

Já em relação ao dimensionamento das circulações internas nos quartos, a NBR


9050(2015) afirma que deve haver uma largura livre mínima de noventa centímetros, como
apresentado na Figura 5, garantindo ainda áreas de manobra para acesso ao banheiro, camas e
armários. Ademais, deve existir também ao menos uma área com espaço para realização de um
giro de 360º, ou seja, ao menos 1,50m de diâmetro.

2.7.3 Decreto Nº 9.296, de 1º de março de 2018

Outra legislação que vigora durante a elaboração funcionamento de empreendimentos


como hotéis e pousadas é o decreto Nº 9.296, de 1º de março de 2018, regulamentando o art.
45 do Estatuto da Pessoa com Deficiência. (BRASIL, 2018). O decreto incide sobre pousadas,
hotéis e estruturas semelhantes, deixando claro a necessidade de que as instalações atendam aos
princípios básicos do desenho universal e da NBR 9050, especialmente no que diz respeito as
dimensões de circulação e manobra, banheiro acessível assim como chuveiro adequado, olhos
mágicos instalados a um metro e vinte centímetros a um metro e sessenta centímetros do chão,
campainha, sistemas de tranca magnéticos nas portas do dormitório, sinalização de emergência
e aparelhos como televisão e telefones adaptados. (BRASIL, 2018).
De acordo com o decreto, todas as áreas de uso comum do complexo devem ser
acessíveis, seguindo as normas técnicas da ABNT. Além da exigência de acessibilidade nos
40

ambientes de uso comum, cinco por cento dos dormitórios devem levar em conta os recursos
de acessibilidade, mantendo no mínimo uma unidade e não sendo possível está estar isolada
das demais, devendo estar em distribuída por todos os níveis de serviço e possuir rota acessível.
(BRASIL,2018)
41

3. METODOLOGIA

A metodologia aplicada aos estudos de caso a seguir baseia-se no método Ching (2013)
e Pause e Clark, dividindo cada complexo em sete itens: Ficha Técnica, Análise de Partido,
Funcional, Formal, do sistema estrutural e materiais construtivos, análise bioclimática e análise
crítica da obra. Dentre estes itens, existem ainda subitens que resultam em uma análise completa
de cada empreendimento.
Além disso, durante a elaboração do presente trabalho, também foram seguidas as
diretrizes estabelecidas para elaboração de trabalhos científicos, conforme descrito por
ROVER; PEREIRA, 2013.

3.1 ESTUDOS DE CASO

Para desenvolvimento dos estudos de caso foram analisados quatro centros de


treinamento, sendo um de forma presencial e dois através de plantas e imagens disponibilizados
pelos donos do patrimônio e/ou arquitetos responsáveis pela realização dos projetos. A escolha
dos CTs teve como principal foco analisar a estrutura disponível para os atletas da Chapecoense
hoje, através do estudo do Centro de Treinamento da Água Amarela e buscar referências do que
existe de melhor, dentro e fora do país, visando replicar aqui melhores práticas em relação a
centro de treinamentos ao redor do mundo.

3.1.1 Centro de Treinamento da Água Amarela

O centro de treinamento da Água Amarela, inaugurado no dia 29 de novembro de 2014


(Globoesporte.com, 2014), é o local onde a Associação Chapecoense de Futebol realiza seus
treinamentos, tanto da equipe principal quanto à sub-20, já as demais categorias utilizam-se de
campos de comunidades distribuídas pelo município.
Segundo o site de notícias Globoesporte.com (2014), o projeto foi iniciado em
novembro de 2011, com uma parceria entre a Chapecoense e a prefeitura municipal, governo
de Santa Catarina e a família Baldisseira, que concordou em ceder a área através de comodato
por vinte anos. Apesar da inauguração oficial ter acontecido em novembro de 2014, os
jogadores já utilizavam a área mesmo antes da inauguração.
Apesar de utilizar regularmente o centro de treinamentos e de ter realizado benfeitorias
no local, conforme apresentado no relatório: Demonstrações Financeiras da Controladora e
42

Consolidado em Conjunto com as Notas Explicativas, publicado pela Chapecoense em 15 de


abril de 2019, o clube não possui imóveis próprios, utilizando-se do estádio municipal para os
jogos e, como já citado, o centro de treinamento em comodato para seus treinamentos
(Chapecoense, 2019d).
3.1.1.1 Ficha Técnica

Nome da Obra: Centro de Treinamento da Água Amarela


Localização: Chapecó, Santa Catarina, Brasil
Autor do Projeto: Desconhecido
Área Total: 83.000 m²
Área Edificada: 463m²
Data de Inauguração: 28/11/2014

3.1.1.2 Localização

O centro de treinamentos da Chapecoense localiza-se no Brasil, na área rural do


município de Chapecó, estado de Santa Catarina, na linha Água Amarela, conforme apresentado
na Figura 6.
43

Figura 6 - Localização do CT da Água Amarela

Fonte: Google Maps – Editado pelo Autor

3.1.1.3 Análise de Partido

A infraestrutura à disposição da equipe catarinense é pequena em relação aos demais


centros de treinamento analisados mais adiante nesse trabalho, com apenas 463 metros
quadrados de área edificada, a base geométrica da obra é retangular como destacado pela Figura
7.
44

Figura 7 - Base Geométrica

Fonte: Autor
A implantação, conforme Figura 8, não possui grandes destaques, é possível notar três
campos de tamanho oficial, com as mesmas dimensões do gramado da Arena Condá, 105m x
68m e também o mesmo tipo de grama, a bermuda. Também há no local um campo menor que
serve para treinamento das categorias de base, uma edificação onde se concentram academia,
cinco vestiários, sala de massagem, sala de fisioterapia, rouparia e cozinha, além de um lago do
qual é retirada a água para irrigação dos gramados.

Figura 8 - Implantação
45

Fonte: Google Maps – Editado pelo Autor


Seu entorno é composto por pequenas residências, uma escola além de algumas
indústrias instaladas nos arredores do terreno. Outra instalação que se destaca muito próxima
do CT é a Central de Tratamento de Resíduos – Cetric. Por tratar-se de uma edificação na área
rural do município, o CT da Chapecoense possui uma área de influência direta pouco adensada,
conforme representado na Figura 9, não apresentando nela grandes edifícios. Já na área de
influência indireta alguns blocos de edificações e loteamentos se fazem presentes, entretanto,
em sua grande maioria com no máximo quatro pavimentos.

Figura 9 - Áreas de Influência do CT da Água Amarela

Fonte: Google Earth


Pelo que se pode analisar na visita in loco, realizada no dia dez de maio de 2019, as
instalações do centro de treinamento não possuem partido definido, sendo construídas apenas
para suprir as necessidades do clube, sem visar a estética.
A relação interior x exterior não é muito presente no CT, como apresentado na Figura
10, existem pequenas janelas basculantes, protegidas por grades que limitam a entrada de luz e
dão a sensação de um ambiente extremamente fechado. É possível ver também uma grande
abertura em vidro que dá acesso aos campos, o que torna a abertura maior e gera uma amplitude
no ambiente.
46

Figura 10 - Relação Interior x Exterior

Fonte: Acervo Pessoal – Editado pelo Autor

3.1.1.4 Análise Funcional

O zoneamento do projeto não é complexo, já que não conta com um vasto programa de
necessidades, a maior parte das salas possuem acesso por uma circulação central que une todos
os ambientes internos, conforme Figura 11. Algumas áreas possuem entrada individual, como
é o caso do vestiário da equipe visitante, o que visa diminuir o contato dos atletas pré e pós-
jogo, já que o centro de treinamento recebe jogos das categorias de base da equipe, desta
maneira o acesso ao ambiente é feito pela área externa.
A área de imprensa também é acessada pelo exterior, afinal trata-se de uma
infraestrutura móvel, sem fechamentos laterais que tem função de apenas abrigar os repórteres
da chuva, sem estrutura como mesas e cadeiras para que seja possível realizar uma entrevista
coletiva confortável.
O programa de necessidade do projeto conta basicamente com três campos oficiais, um
não oficial, espaço de três mil metros quadrados para aquecimento e treinamento de goleiros
no terreno. Na edificação de 463 metros quadrados existe uma academia, três vestiários, sala
de massagem e fisioterapia, rouparia, cozinha e depósito, além das infraestruturas já citadas
como a sala de imprensa e também uma sala de manutenção.
47

Figura 11 - Zoneamento do CT da Chapecoense

Fonte: o Autor
3.1.1.5 Análise Formal

As entradas da edificação são discretas, não sendo caracterizadas por um volume na


arquitetura ou por algo marcante, conforme apresentado na Figura 12, as portas de entrada estão
alinhadas ao corpo da edificação, sem qualquer pintura ou efeito que a destaque.

Figura 12 - Entradas

Fonte: Acervo Pessoal – Editado pelo autor


A massa da obra também é simples, composta apenas por um retângulo central e um
lateral, onde encontra-se a sala de manutenção dos equipamentos. Os blocos são simples e com
48

cobertura simples duas águas, que forma um triangulam sobre a base retangular. Essa
representação encontra-se na Figura 13.

Figura 13 - Massa

Fonte: Autor
No que diz respeito a elementos repetitivos e singulares, a repetição fica por conta das
aberturas presentes na fachada, já apresentadas na Figura 10, entretanto, estas não apresentam
ritmo e foram instaladas pensando exclusivamente na área interna da edificação, sem
preocupação com os elementos na fachada. Em planta baixa, destaca-se a repetição de
ambientes em relação à função de vestiário. Pensando em elementos singulares, nada chama a
atenção ou se destaca na edificação.
A simetria não está presente na fachada da edificação, apesar de seu volume possuir
certos eixos simétricos, a presença de aberturas como portas e janelas em posições assimétricas
tira esta característica da vista, tornando-a desequilibrada. Em planta também não fica evidente
nenhum tipo de simetria nas divisões internas, somente em relação à casca da edificação.
O conceito do projeto busca pura e simplesmente a praticidade e funcionalidade, de
modo a economizando recursos da instituição. Desta maneira, a arquitetura é simples e sem
qualquer tipo de diferenciação no que diz respeito à volumetria. O clube buscou aplicar pintura
na fachada para escapar da monotonia da forma proposta, entretanto, não foi o suficiente para
a obra se destacar em relação ao complexo.

3.1.1.6 Análise do Sistema Estrutural e Materiais Construtivos

Indo de acordo com a simplicidade da forma e buscando a funcionalidade como


principal ponto de referência, a construção do centro de treinamento da Água Amarela utilizou
como método de construção a alvenaria comum, com sistemas de pilares, vigas e alvenaria de
fechamento em tijolos, conforme as imagens da construção, de 2013, mostram na Figura 14.
Ainda é possível perceber que a sala de manutenção, construída posteriormente é totalmente
49

construída em madeira e a área destinada a imprensa resume-se à uma tenda em metal e plástico
para realizar o fechamento superior.

Figura 14 - Construção do Centro de Treinamento da Água Amarela

Fonte: DIÁRIO DO IGUAÇU, 2013

O CT conta em grande parte com fechamentos opacos em alvenaria, simplesmente


pintados que fazem as divisões internas e revestem a edificação. Já os fechamentos
transparentes aparecem somente nas janelas da obra e na porta principal, e ainda assim, sua
transparência é minimizada com a instalação de grades metálicas que aumentam a sensação de
segurança no bloco, mas ao mesmo tempo diminuem a integração entre o externo e o interno.
As platibandas do bloco são foram executadas utilizando telhas metálicas, mesmo
material utilizado para cobrir o telhado. Em relação a estrutura do telhado, não foi possível
identificar o material no qual ele foi executado.

3.1.1.7 Análise Bioclimática

O conforto acústico e térmico não foram prioridades no desenvolvimento do projeto,


durante a análise percebe-se que quase não há ventilação cruzada, as aberturas para entrada de
ventilação e iluminação natural são pequenas, fazendo com que seja necessária a utilização das
grandes máquinas de ar condicionado instaladas na fachada da edificação, aumentando o custo
de manutenção e os gastos com energia no centro de treinamento.
O único item no qual existe certo cuidado com a sustentabilidade é na irrigação dos
gramados, que é feita com a água do lago da propriedade, de onde a água é bombeada, irriga os
campos e depois retorna para o lago passando pela drenagem do local.

3.1.1.8 Análise Crítica da Obra


50

O centro de treinamento da Chapecoense, apesar de novo não comporta mais as


atividades do clube, possui pouca infraestrutura e carece de um local apropriado com todos os
mecanismos necessários para avaliação e recuperação dos atletas profissionais e de base. O
complexo, apesar de contar com três campos oficiais e outro menos, já não é suficiente para
receber todas as categorias de base do clube, que já faz parcerias com instituições e
comunidades onde realiza treinos dos atletas em formação.
Em relação à arquitetura, o bloco do CT também deixa muito a desejar, possui uma
forma simples retangular, sem ventilação cruzada, iluminação e ventilação natural adequadas,
prejudicando o desempenho energético da edificação e o rendimento dos atletas. Também
faltam salas específicas para categorias de base, piscinas para tratamentos médicos, sala de
fisiologia entre outras necessidades de um clube que disputa a elite do futebol nacional.

3.1.2 Complexo Hatfield-Dowlin da Universidade do Oregon

O Complexo Hatfield-Dowlin é a estrutura do time de futebol americano da


Universidade de Oregon, um investimento para buscar formar estudantes-atletas, atrair e
recrutar estrelas em ascensão do futebol escolar americano para o programa de futebol do
Oregon.
O projeto é parte de um novo programa da universidade, voltado totalmente para
estudantes-atletas, que teve início com um Centro de Medicina Atlética, em 2007, Centro
Acadêmico, em 2010 e Centro de Desempenho no Futebol, em 2013. Todo esse trabalho vem
dando resultado com o sucesso acadêmico e esportivo dos atletas. (ARCHDAILY, 2014)
Inaugurado em 2013, a obra do grupo ZGF Architects surpreende pela forma e pela
funcionalidade, pelos materiais inovadores utilizados nos 145 mil metros quadrados da
edificação, pelo excelente conforto térmico proporcionado, além do balanço de doze metros
que chama atenção no complexo. (ARCHDAILY, 2014)

3.1.2.1 Ficha Técnica

Nome da Obra: Complexo Hatfield-Dowlin da Universidade do Oregon


Localização: Universidade do Oregon, 1585 E 13th Ave, Eugene.
Autor do Projeto: ZGF Architects
Área: 145.000 m²
51

Ano de Projeto: 2013


Designer de Interiores: firm151
Construção: Hoffman Construction Company
Paisagismo: PLACE Studio
Estrutural & Civil: KPFF
Mecânica: Integral Group
Elétrica: Sparling
Figura 15 - Complexo Hatfield-Dowlin

Fonte: ARCHDAILY, 2014

3.1.2.2 Localização

O Complexo Hatfield-Dowlin da Universidade do Oregon localiza-se nos Estados


Unidos da América, na cidade de Eugene, estado de Oregon.
Figura 16 - Estados Unidos da América localizados no Mapa Mundi

Fonte: Disponível em: https://pasarelapr.com/detail/usa-map-world-8.html


52

Figura 17 - Estado do Oregon localizado no mapa dos Estados Unidos da América

Fonte: Disponível em:


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/59/Oregon_in_United_States.svg/280px-
Oregon_in_United_States.svg.png

Figura 18 - Eugene localizada no Oregon

Fonte: Disponível em:


https://res.cloudinary.com/simpleview/image/upload/v1466723854/clients/lanecounty/lane_co_inset_map_no_ci
ties_4c25bcdd-d885-4c28-b438-593138894556.jpg

3.1.2.3 Análise de Partido

O complexo Hatfield-Dowlin é composto por um único bloco, formado por retângulos


adicionados em malha e sobrepostos, formando um “L” que dá a base geométrica da edificação
conforme Figura 19. A edificação é constituída de seis pavimentos com duas tipologias de
geometria, o que gera a volumetria da construção.
53

Figura 19 - Geometria do Complexo Hatfield-Dowlin

Fonte: Autor

A edificação em estudo faz parte de um complexo esportivo ainda maior da


Universidade do Oregon, desta maneira em sua implantação localiza-se em um lote maior.
Observando a Figura 20, observamos que o bloco se localiza próximo a outros setores da
universidade e que possui diversos acessos para a área interna do mesmo. Além disso, também
é possível notar a presença de estacionamento em ambas as laterais da edificação, assim como
uma área com dois campos de futebol americano para treinamento e um menor para outras
atividades.
A localização do edifício é estratégica, próximo ao estádio da equipe, ao Moshofsky
Sports Center (estrutura que conta com campo coberto para treinamentos) e ao Len Casanova
Athletic Center (também da universidade, um centro de medicina atlética).
Observa-se também na Figura 20 que há uma preocupação em facilitar ao acesso a
edificação, com entradas em todos os setores do bloco. Além disso, em sua implantação
destaca-se a presença de uma praça arborizada com bancos e um ambiente agradável,
juntamente a uma cascata presente em um espelho d’agua. Essa estratégia de inserir um
ambiente de convivência entre as edificações faz com que a praça sirva de união para o
complexo, fazendo a ligação entre os três blocos diretamente conectados ao local.
54

Figura 20 - Implantação do Complexo Hatfield-Dowlin

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor

O entorno do complexo é composto basicamente por edificações residenciais e


comerciais de baixo e média densidade, sem apresentar edificações altas e arranha-céus ao seu
redor, apesar disso, tais residências aparentam ser pelo menos de classe média. Além dessas,
também estão presentes outros setores da Universidade de Oregon como o Moshofsky Sports
55

Center, Len Casanova Athletic Center além do estádio da equipe. Outra tipologia de edificações
encontrada foi um bairro universitário, voltado para acadêmicos da instituição.
Em relação ao partido, existe uma clara adição de formas para formar o volume da
edificação, são paralelepípedos sobrepostos de forma desalinhada, que segundo o arquiteto, se
agrupam em uma espécie de “Jenga”, conforme comparação apresentada na Figura 21, e busca
representar a força coletiva, o equilíbrio de pessoas que trabalham em equipe.
Figura 21 - Partido

Fontes: Disponível em: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/61S7LspjqVL._SY741_.jpg - Jenga


ArchDaily, 2014 – Complexo
Editado pelo autor

A relação Interior x Exterior é muito presente no complexo, em diversas paredes o


fechamento é totalmente em vidro, entretanto, a transparência, segundo o arquiteto, só ocorre
de dentro pra fora preservando a privacidade dos atletas nos espaços internos. Este recurso
soube foi bem utilizado pelos arquitetos da edificação, utilizando diversas aberturas com vista
para os campos de treino, como apresentado na Figura 22, de modo com que os jogadores,
mesmo em seus horários de descanso lembrem-se que ainda há trabalho a se fazer, trazendo o
externo para dentro da edificação. Outro fator bem utilizado no projeto foi a utilização de
paredes feitas em vidro magnético, nas quais é possível escrever visualizando a paisagem ao
fundo, como as presentes nos escritórios do bloco.
56

Figura 22 - Relação Interior x Exterior

Fontes: ArchDaily, 2014 – Editado pelo autor

3.1.2.4 Análise Funcional

O zoneamento deste projeto foi pensado exaustivamente, visando organizar os fluxos,


escalas e usos de acordo com a proximidade necessária, desta maneira, foi necessário que
arquitetos e treinadores colaborassem visando fazer da edificação a melhor possível, até mesmo
criando espaços que estimulem a interação entre estudante e professor.
Tendo isso em mente, podemos destacar a distribuição dos ambientes, conforme
apresentado na Figura 23. No pavimento térreo, voltado para os dois campos de treinamento,
temos a instalação da academia, que conta com grandes panos de vidro que permitem uma vista
para os mesmos, além de escritórios inseridos no ambiente. Na outra extremidade da edificação
existe um lobby, utilizado tanto por atletas quanto pela imprensa, além de recepção, sala de
telefone, cozinha, refeitório e refeitório privado.
O segundo pavimento conta com um programa de necessidades menor, no mezanino da
academia encontra-se uma pista de Sprint para os atletas e a outra extremidade, sobre os setores
do lobby e cozinha localiza-se um pavimento técnico, sendo utilizado apenas para instalação de
equipamentos e áreas de serviço.
Já no terceiro piso, encontram-se o lobby para profissionais da imprensa e a sala de
imprensa. Além deles, neste andar ainda ficam os vestiários de jogadores, juntamente com
sanitários e chuveiros, vestiários de técnicos que contam com a mesma estrutura e também um
bar de nutrição, onde são realizadas pequenas refeições antes e depois dos jogos.
No quarto pavimento estão posicionados as salas e escritórios dos treinadores, além de
um escritório maior para o treinador principal. Do mesmo modo, nessa área também se
encontram salas de reunião específicas para os setores do time, defensivo e ofensivo, além de
salas próprias para cada posição do setor ofensivo, sendo possível reunir todos os jogadores que
57

fazem essa função, também existe nesse pavimento uma chamada “sala de guerra”, que serve
como quartel general e centro de operações, onde os técnicos de cada setor se juntam para traçar
estratégias e metas para a equipe, além de um auditório grande para apresenta-las aos atletas
quando necessário.
No quinto andar, ficam dois auditórios, um grande e outro pequeno, salas próprias para
cada posição do setor ofensivo e também salas de recrutamento de atletas, que ocupam grande
parte desta área. Também é interessante notar a presença da Skybridge, uma passarela fechada,
revestida em vidro que une os dois lados da edificação, tornando-a um volume único, tal
passarela está presente do quarto até o sexto andar.
Já no sexto e último pavimento se localizam escritórios, um lounge para a família dos
atletas e um para os jogadores da equipe, todos com grandes panos de vidro e voltados para o
campo de treinamento, visando mostrar aos atletas que ainda há muito trabalho a se fazer. Do
mesmo modo, ainda neste piso é possível encontrar outra uma sala de máquinas para suprir as
necessidades da edificação.
Neste contexto, podemos perceber que a setorização aplicada a este programa de
necessidades extenso visa facilitar os fluxos, tentando minimizar as distancias entre as salas de
um mesmo setor. Um bom exemplo disso são os pavimentos quatro e cinco, que abrigam
praticamente todo o setor técnico, facilitando a interação e a comunicação entre os profissionais.
58

Figura 23 - Zoneamento do Complexo

Fonte: Disponível em: https://issuu.com/zgfarchitectsllp/docs/uo_footballcenter - Editado pelo autor


59

3.1.2.5 Análise Formal

No que diz respeito à análise formal da edificação, as entradas são muito suaves em
relação à fachada da obra, sem possuir nenhum tipo de demarcação neste sentido. Esse fato
pode ocorrer em decorrência do grande número de acessos presentes em planta, o que poderia
causar uma descaracterização da arquitetura caso houvesse um volume ou efeito que se
destacasse em cada uma das entradas.
A massa da edificação é formada de forma aditiva, com a sobreposição de volumes
retangulares, como citado anteriormente dando forma a uma espécie de “Jenga” construída em
granito preto, metal e vidro. Desta maneira, a massa do complexo apresenta-se conforme Figura
24.

Figura 24 - Massa da Edificação

Fonte: Autor
O ritmo presente no projeto fica evidente na fachada com vista para a praça, conforme
Figura 25. Na imagem, é possível notar inúmeros brises metálicos, instalados à diferentes
distâncias da fachada envidraçada da edificação, o que causa uma sensação de movimento e
ritmo à volumetria.

Figura 25 - Brises Metálicos na Fachada

Fonte: ArchDaily, 2014


60

Em relação à repetição na edificação, quando avaliada a fachada, o que mais passa essa
sensação são os diversos painéis em vidro que formam uma espécie de mosaico unicolor, além
dos diversos brises, conforme já apresentado na Figura 25. Quando analisamos a planta da obra,
diagnosticamos a repetição de ambientes em função, como os escritórios, auditórios e salas de
reuniões. O elemento que se destaca como único no complexo é o espelho d’agua, representado
na Figura 26, não possuindo outro elemento único, que chame a atenção na fachada da obra. Se
analisarmos em planta baixa, como ambiente único, o que se destaca é a academia.

Figura 26 - Fachada do Edifício com Espelho D'água

Fonte: ArchDaily, 2014

Quando analisamos a fachada ou planta baixa em busca de eixos de simetria nota-se


que, apesar da massa tratar-se de uma adição de retângulos, não existem tais eixos no projeto.
O conceito da edificação, segundo os arquitetos da ZGF Architects busca seu
embasamento no próprio jogador de futebol americano, representando a força física e a
inovação presente no campus. Ainda de acordo com os arquitetos, a fachada na cor preta
representa “a ética da discrição e complexidade do programa” e os grandes balanços existentes
na obra demonstram a força, agilidade e velocidade de um jogador. Ainda tratando de conceito,
afirmam que as adições de retângulos, que mesmo parecendo desequilibrados, juntos tornam-
se estáveis, simbolizando a força da coletividade.
61

3.1.2.6 Análise do Sistema Estrutural e Materiais Construtivos

O Complexo Hatfield-Dowlin possui uma estrutura impressionante, marcada pelos vãos


livres e pela enorme estrutura suspensa em um balanço de 12m de comprimento. Na fachada da
obra foram utilizados perfis metálicos, vidros e granito preto, já nos ambientes externos existe
uma grande diversidade de materiais com a intenção de proporcionar diversas sensações, como
a madeira utilizada no piso para trazer o conforto, paredes decoradas e mobiliários totalmente
pensados para a obra, até mesmo com uma paleta de cores específica pra o projeto.
O sistema estrutural utilizado é misto, aplicando estruturas metálicas e concreto pré-
moldado, como apresentado na Figura 27, onde é possível perceber essa diferença entre os
centros de rigidez em concreto e as estruturas em balanço feitas utilizando metal.

Figura 27 - Sistema Estrutural

Fonte: Disponível em: https://issuu.com/kpffpdx/docs/hatfield-dowlin_center

No que diz respeito à distribuição do sistema estrutural na obra, nota-se uma distribuição
em malha, conforme demonstrado na Figura 28, onde se destacam em vermelho os pilares e
núcleos de rigidez e em verde a malha formada pela estrutura.
62

Figura 28 - Malha Estrutural

Fonte: Disponível em: https://issuu.com/zgfarchitectsllp/docs/uo_footballcenter - Editado pelo autor

No Complexo Hatfield-Dowlin foram utilizados tanto fechamentos transparentes quanto


opacos, entretanto, percebe-se uma preferência pela utilização de grandes painéis de vidro nas
paredes externas visando projetar o ambiente interno para o externo. Essa estratégia foi utilizada
em todos os pavimentos, algumas vezes utilizando vidro magnetizado que permite a sua
utilização como quadro de anotações, principalmente nos escritórios. Outro fato importante a
se notar sobre os fechamentos em vidro aplicados na fachada é que sua propriedade de
transparência se aplica somente do interno para o externo, já que quando o observador se
encontra fora da edificação os vidros são tingidos de preto, tornando-se um fechamento opaco.
Os fechamentos opacos estão mais presentes no interno da edificação, onde existem diversas
paredes revestidas em granito ou madeira, por vezes sendo estampadas para trazer mais vida ao
ambiente.
Em relação à cobertura da edificação, não foi possível definir qual o material utilizado
na mesma, sendo provavelmente uma laje impermeabilizada devido a aparente falta de
inclinação do telhado, sendo utilizada para instalação de algumas maquinas que necessitam de
ventilação constante.
63

3.1.2.7 Análise Bioclimática

No que se refere ao conforto acústico, não foram encontradas informações de materiais


específicos para melhorar esse aspecto da edificação indicados pelos arquitetos, entretanto,
conforme apresentado na Figura 29, ao menos os auditórios foram pensados tendo a acústica
como preocupação, nota-se no piso e nas paredes revestimentos em madeira que possuem
eficiência acústica, assim como o revestimento do teto, que além de ser de material acústico
também é inclinado, o que melhora ainda mais a experiência dos usuários dentro do auditório.

Figura 29 - Auditório Grande

Fonte: ArchDaily, 2014

O conforto térmico e a iluminação natural estão diretamente ligados nesta edificação,


uma vez que o arquiteto se utilizou de grandes fachadas envidraçadas para compor a volumetria
da obra. Para garantir uma eficiência energética, minimizando o uso de ar condicionado e
fazendo com que toda essa luz do sol entrando nos ambientes não transformasse o projeto em
um grande aquário, os arquitetos da obra utilizaram algumas estratégias razoavelmente simples,
implantando brises nas fachadas externas, a uma distância de mais ou menos cinco metros da
parede em vidro, garantindo que o calor fosse barrado mas que a iluminação continuasse a
penetrar no local. Outra sacada interessante foi a instalação de vidros de alto desempenho,
revestidos por uma camada escura que diminui ainda mais a quantidade de calor que entra na
edificação.
Ainda mais forte do que a vontade do arquiteto de projetar uma edificação
energeticamente eficiente, por se tratar de um edifício da universidade, a lei do estado do
64

Oregon torna necessário que sejam seguidas algumas diretrizes visando aumentar a eficiência
energética das edificações. Desta forma, no projeto foram pensadas soluções que preveem um
sistema de ventilação que detecta automaticamente a temperatura dos ambientes, regulando sua
abertura e minimizando a necessidade de reaquecimento do ar, além de outras métodos que
fazem com que a obra seja 26% mais eficiente do que o edifício padrão da norma
americana.(ARCHDAILY, 2014)

3.1.2.8 Análise Crítica da Obra

De acordo com as informações apresentadas, pode-se perceber que o Complexo


Hatfield-Dowlin é um exemplo a ser seguido, pois possui um vasto programa de necessidades,
pensado por um grupo de arquitetos e técnicos da equipe de futebol local para proporcionar a
melhor infraestrutura possível para a Universidade do Oregon. Nota-se também que esta
edificação consegue superar até mesmo estrutura clubes profissionais da elite do futebol
brasileiro, como é o caso da Chapecoense, que conta com menos recursos e investimento que o
disponibilizado nesta obra.
Apesar de tudo, por ser voltado a outro esporte, o futebol americano, existem
características neste espaço que não seriam aplicadas a uma equipe de futebol, como as diversas
salas específicas para cada posição em que o jogador atua.
No quesito arquitetura chama atenção a grandiosidade da estrutura, as grandes fachadas
envidraçadas e principalmente a questão estrutural do empreendimento, uma vez que possui
grandes vãos livres e um balanço que chega a doze metros de comprimento. Outro elemento
interessante utilizado foi a passarela unindo os blocos e servindo como ambiente de interação
entre os usuários. Outro ponto positivo é a setorização da edificação, visando diminuir os
espaços entre ambientes e reduzir o tempo de deslocamento de um local ao outro, unindo setores
codependentes em um mesmo pavimento.
A preocupação com a sustentabilidade, visando a eficiência energética, e com a
acessibilidade, permitindo o acesso em diversos pontos e sempre contando rampas de acesso
ou com elevadores que facilitam a locomoção entre pavimentos.

3.1.3 Centro de Treinamento Cidade do Galo

A Cidade do Galo é a casa do Clube Atlético Mineiro, foi eleita em 2010 pelo SporTV
em parceria com a Universidade Federal de Viçosa o melhor centro de treinamentos do Brasil.
65

Da mesma forma, a emissora Eurosport considerou a estrutura atleticana um dos cinco melhores
do mundo em 2014. (Globoesporte.com, 2014b).
Além disso, o CT já abrigou seleções durante competições oficiais FIFA, como a
Argentina nas Copa do Mundo 2014 e nas Eliminatórias da Copa 2018 e a Seleção Brasileira
nas Eliminatórias das Copas do Mundo de 2018 e 2010 (Clube Atlético Mineiro, 2019). Já no
ano de 2019, segundo Araújo (2019), o centro de treinamento abrigará diversas seleções durante
a Copa América, como as seleções de Colômbia e Qatar.
Portanto, fica evidente a qualidade das instalações mineiras, o que torna o complexo do
Atlético Mineiro um espelho para o desenvolvimento de um projeto de centro de treinamento,
pois trata-se de uma estrutura reconhecida nacional e internacionalmente.

3.1.3.1 Ficha Técnica

Nome da Obra: Centro de Treinamento do Atlético Mineiro ou Cidade do Galo


Autor do Projeto: Não foi encontrado o autor do projeto como um todo, por se tratar de
uma área de intervenção grande, as melhorias foram implementadas aos poucos, em etapas,
desta forma, podendo haver mais de um escritório de arquitetura para a obra. Na pesquisa
realizada, foi localizado autoria apenas de parte do Centro de Treinamento, a concentração dos
atletas, que foi projetada por Alexandre Brasil, André Prado e Carlos Alberto Maciel, com
colaboração de Juliana Barros.
Área total: 244.879m²
Área Construída: 6.000m², segundo dados de 2011;
Ano e histórico: Segundo o site do clube Atlético Mineiro, o projeto se iniciou na década
de 1980, com a compra do terreno de 64.320m², seguido da construção do primeiro campo de
futebol e posteriormente, em 1984 a aquisição de mais uma área anexa com 36.000m²,
totalizando assim um terreno com 100.320m² à disposição do clube. Na década de 1990, o clube
começa a modernização do CT, dando início às obras no vestiário do time profissional, sala da
comissão técnica, sala de imprensa e departamento médico, para em 1999 começar a utilização
do local pelo time profissional.
Na década de 2000, mais obras foram realizadas na área, iniciando a implantação
de mais três campos, concentração para o time profissional além de modernização da academia,
vestiário e sala de imprensa. Ainda nesse período, foram executadas adaptações nas instalações
para abrigar as categorias de base, que começaram a utilizar a estrutura em 2005. Nos anos
seguintes, o Galo mineiro continuou seus investimentos na área, inaugurando o hotel da equipe
66

profissional, a ala de intercambio das categorias de base, reformulando departamento médico,


academia e refeitório dos jovens atletas, construiu um novo centro de fisiologia e agregou aos
seus domínios mais uma área com 144.459m².
Já nos últimos anos, a partir de 2011, o centro de treinamento recebeu diversas outras
melhorias, como o sistema de irrigação automático entre outras modernizações, tanto
investimento em estrutura fez com que o local servisse de abrigo para a seleção argentina na
copa de 2014, que elogiou tudo que o local tem a oferecer. Já em 2017, uma das últimas
atualizações na Cidade do galo, a inauguração de um novo complexo com três campos oficiais,
sendo que um deles conta com arquibancada para aproximadamente mil pessoas.

3.1.3.2 Localização

O centro de treinamentos do Atlético Mineiro localiza-se no Brasil, na cidade de


Vespasiano, estado de Minas Gerais. A cidade encontra-se na Região Metropolitana de Belo
Horizonte, distante 40 km da capital do estado. Segundo informações disponibilizadas pelo
município em seu site oficial, o desenvolvimento da cidade tem uma forte ligação com o
desenvolvimento de Belo Horizonte.
Segundo Censo do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2018,
Vespasiano tem hoje uma população estimada de 125.376 pessoas em uma área de 71.080km²,
totalizando uma densidade demográfica de 1.467,62 hab./km². Ainda segundo o IBGE, o salário
médio mensal dos trabalhadores formais é de 2,7 salários mínimos e IDHM – Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal, em 2010 de 0,688 (Atlas de Desenvolvimento Humano
no Brasil, 2013), considerado médio.
Mapa 1 – Brasil localizado no Mapa Mundi

Fonte: Disponível em: https://www.joaoleitao.com/viagens/wp-content/uploads/2018/07/MAPA-


BRASIL.jpg
67

Mapa 2 – Estado de Minas Gerais localizado no Brasil

Fonte: Disponível em: https://dwpt1kkww6vki.cloudfront.net/traitement/svg/bresil.svg-reg-MG-w-214-png-


1.png

Mapa 3 – Município de Vespasiano localizado no estado de Minas Gerais

Fonte: Disponível em:


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/df/MinasGerais_Municip_Vespasiano.svg/300px-
MinasGerais_Municip_Vespasiano.svg.png (editado pelo autor)

Mapa 4 - Localização da Cidade do Galo em Vespasiano - MG

Fonte: Disponível em: http://www.rmbh.org.br:8081/plano/metropolitano.php?mun=vespasiano (editado


pelo autor)
68

Mapa 5 - Vista Aérea da Cidade do Galo

Fonte: Google Earth

3.1.3.3 Análise de Partido

Em relação ao centro de treinamento do Atlético Mineiro, sua análise se dará em duas


etapas, em uma considerando todo o contexto no qual as edificações estão inseridas e outro
levando em conta somente o hotel para a delegação profissional, que foi a única edificação da
qual foram encontrados dados como plantas e cortes.
Como descrito anteriormente, a área da Cidade do Galo é de 244.879m², distribuída
conforme Figura 30 abaixo:
Figura 30 - Área da Cidade do Galo

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor


69

Uma vez delimitada a área em que o empreendimento está inserido, analisaremos a


locação das edificações individualmente e os setores que compõem o contexto do centro de
treinamento.

Figura 31 - Implantação da Cidade do Galo

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor

Conforme apresentado na Figura 31, sua implantação é delimitada de acordo com as


diferenças de nível no terreno, visando locar os edifícios e os campos em diferentes níveis,
aproveitando platôs e executando terraplenagem quando necessário. A distribuição dos setores
na área se dá buscando a privacidade dos atletas profissionais, os quais possuem suas
dependências no local mais arborizado do terreno. Também é possível notar na distribuição que
o desenvolvimento do projeto se deu em etapas, iniciando com o departamento de futebol e
alojamento das categorias de base, bem próximo à entrada do terreno e em uma área mais plana,
e uma ampliação, em fase posterior para os atletas profissionais, que se localiza mais ao centro,
em uma área mais alta e com maior desnível em relação ao acesso principal.
Quanto aos campos de treinamento, os primeiros a serem executados ficam próximos às
edificações, circundando as dependências dos atletas profissionais, sendo que os novos,
inaugurados no final de 2017, encontram-se mais afastados do centro. Os deslocamentos dentro
da área do CT são realizados de duas maneiras, utilizando veículos através das vias
pavimentadas ou a pé, através dos caminhos destacados na Figura 31, sendo, na maioria das
vezes, utilizada essa segunda opção.
70

Mais ao norte da área delimitada, encontra-se o centro de processamento de lixo e


coração do projeto EcoGalo, que segundo o clube, vai tornar a cidade do Galo o primeiro CT
totalmente sustentável do país. Ainda como parte desse projeto, nessa área se localizam hortas
onde são produzidas as hortaliças consumidas nas refeições disponibilizadas para os atletas e
funcionários no local.
Em relação ao entorno, a cidade do galo localiza-se afastado do centro do município de
Vespasiano, sendo mais próximo ao centro da cidade vizinha, Santa Luzia – MG, do que em
relação à área central do município em que está inserido. No que diz respeito aos estádios de
mando dos jogos, o CT localiza-se a 20,7 quilômetros da Arena Independência, a 16,5
quilômetros do estádio do Mineirão e a 27,3 quilômetros da futura Arena MRV, novo estádio
do Atlético que ainda será construído. (Conforme distancias apresentadas no Google Maps).
Nos arredores do centro de treinamento do Atlético Mineiro o bairro é
predominantemente residencial com alguns comércios locais, além disso, em sua área de
influência direta, a principal edificação que se destaca é o kartódromo RBC Racing, além de
estruturas como escolas, mercados, postos de saúde, entre outros. Já na área de influência
indireta, o que mais se destaca é a Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais, que abriga
várias secretarias estaduais, na cidade de Belo Horizonte.
Figura 32 - Área de Influência da Cidade do Galo

Fonte: Google Earth

No que se refere à base geométrica das edificações, pode-se perceber uma


predominância de edificações com base retangular, como demonstrado na Figura 33, a qual
71

identifica a geometria presente nas edificações do departamento de futebol da base e alojamento


(à esquerda) e do centro de treinamento e recuperação de atletas (à direita).

Figura 33 - Base Geométrica das edificações

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor

Já no hotel dos atletas profissionais, nota-se uma mudança no padrão da geometria,


conforme apresentado na Figura 34, onde fica evidente a presença de mais ângulos em seu
formato, principalmente no pavimento térreo, caracterizado formado por dois trapézios opostos.
Nos outros dois pavimentos, a geometria assemelha-se muito a um retângulo, entretanto possui
uma aresta acentuada que o descaracteriza.

Figura 34 - Base Geométrica no Hotel dos Atletas Profissionais

Fonte: Disponível em: http://www.arquitetosassociados.arq.br/?projeto=centro-de-treinamento-do-clube-atletico-


mineiro – Editado pelo Autor
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O partido das edificações na cidade do galo, em geral, caracteriza-se pela simplicidade


das formas, ângulos retos e principalmente praticidade e funcionalidade dos ambientes, o que é
facilmente notado nas construções mais antigas do local, como o prédio que hoje abriga o
departamento de futebol da base do clube. O único edifício que se diferencia um pouco deste
padrão é o Alojamento dos Atletas Profissionais, que foi construído recentemente e já traz em
sua arquitetura mais apelo estético, com um pé direito duplo na entrada, com cores escuras
combinando com a logo da equipe, demonstrando também sua imponência na arquitetura.
A relação interior x exterior acontece de formas diferentes nos diversos blocos do
complexo, sendo mais evidente no hotel dos atletas profissionais e no centro de recuperação,
onde existem grandes aberturas em vidro que permitem a integração do externo com o interno.
No centro de recuperação, tais painéis envidraçados visam proporcionar uma vista do campo,
criando um foco neste elemento. Nos demais blocos, essa integração fica em segundo plano,
existindo apenas aberturas de portas em alumínio e vidro que dão acesso à sacada e pequenas
janelas que tem como função principal apenas a circulação de ar e entrada de luz, não
privilegiando nenhuma vista do local.

Figura 35 - Relação Interior x Exterior: Hotel dos Atletas Profissionais

Fonte: Disponível em: http://www.arquitetosassociados.arq.br/?projeto=centro-de-treinamento-do-clube-atletico-


mineiro – Fotos: Eduardo Eckenfels - Editado pelo Autor

3.1.3.4 Análise Funcional

O centro de treinamentos do Atlético Mineiro possui um zoneamento mais voltado para


aproveitar os desníveis do terreno do que pensando nos fluxos entre as edificações, apesar disso,
notamos a opção por preservar a privacidade dos atletas profissionais, inserindo o bloco que
73

abriga o hotel e o centro de recuperação em uma área mais central e arborizada, distante do
acesso principal do complexo. Outra intenção projetual a ser enfatizada foi a locação do prédio
que abriga o departamento de futebol e categorias de base próximos à entrada, facilitando o
contato do usuário com o setor administrativo do CT.
O programa de necessidades do complexo é extenso e, segundo informações
disponibilizadas no site oficial do Atlético Mineiro, compreende quatro campos de futebol com
medidas oficiais, quadra de areia, departamento médico, sala de fisiologia, fisioterapia, sala de
musculação, piscina de raia aquecida, vestiários e lavanderia. Além disso, ainda possui um hotel
com 20 suítes usadas na concentração para as partidas, restaurante e cozinha industrial,
auditório, sala de jogos e sala de imprensa. Para as categorias de base o clube conta com dois
campos de futebol oficiais, hotel com 31 apartamentos que somam 115 leitos, restaurante com
cozinha industrial, auditório, sala de edição de vídeos, biblioteca, lan house, sala de TV e jogos,
academia completa, área médica e acompanhamento odontológico, sala de fisioterapia e piscina
aquecida.
No hotel dos atletas profissionais a setorização ocorre conforme apresentado na Figura
36, sendo reservados os dois pavimentos superiores para alojamento dos hóspedes e deixando
o térreo para desenvolvimento do restante do programa de necessidades. A edificação conta
com vinte suítes, cada uma dispondo duas camas de solteiro, televisão, ar condicionado,
frigobar, roupeiro, mesa de estudos e banheiro, conforme apresentado na Figura 37, totalizando
quarenta leitos à disposição do clube. Já no pavimento térreo ficam localizados o restaurante e
a cozinha industrial, uma sala de estar juntamente com a sala de jogos, sanitários, auditório,
além de um deck panorâmico com copa que proporciona vista para um dos campos de
treinamento.
As circulações horizontais e verticais aglomeram-se na lateral esquerda do projeto,
gerando um corredor que conecta todos os pavimentos através de escadas lineares. Pelo que se
pode notar através das plantas baixas e das imagens encontradas, não há nenhuma preocupação
com a acessibilidade no hotel, no acesso principal não há presença de corrimão, rampa ou
plataforma elevatória, o que também acontece na área interna da edificação, com a presença de
desníveis no térreo assim como ausência de meios alternativos à escada para alcançar os
pavimentos superiores.
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Figura 36 - Setorização do Hotel dos Atletas Profissionais

Fonte: Disponível em: http://www.arquitetosassociados.arq.br/?projeto=centro-de-treinamento-do-clube-atletico-


mineiro

Figura 37 - Suítes para os Atletas Profissionais

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/clubeatleticomineiro/sets/72157640633861875/ - Fotos:


Bruno Cantini

3.1.3.5 Análise Formal


Em relação à entrada do complexo, de acordo com o apresentado na Figura 38, percebe-
se que se caracteriza por um pequeno pórtico em concreto, com o escudo do Atlético e dois
portões metálicos na cor preta. Além do pórtico, na entrada também existe uma guarita que
monitora o acesso ao local. A estrutura em concreto que marca o acesso é simples, entretanto,
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consegue destacar para o ponto de entrada sem destacar em excesso o restante das edificações,
contribuindo para a privacidade necessária nesse tipo de complexo esportivo.

Figura 38 – Entrada para a Cidade do Galo

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/clubeatleticomineiro/sets/72157640633861875/ - Fotos:


Bruno Cantini
As entradas dos demais blocos do complexo são discretas, não apresentando nenhum
volume ou indicação clara através da arquitetura indicando a entrada, o que ocorre é a instalação
de placas indicando nome do local que também serve de indicação de acesso. O hotel dos atletas
é o único que tem algum destaque na entrada, com uma cobertura sobre a porta e uma escada
que direciona o usuário para o acesso, entretanto, a porta em si não possui uma demarcação
clara, conforme apresentado na Figura 39

Figura 39 - Entrada do Hotel dos Atletas Profissionais

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/clubeatleticomineiro/sets/72157640633861875/ - Fotos:


Bruno Cantini
A massa dos blocos da cidade do galo é simples, em sua maioria pode ser representada
por retângulos, assim como representado na Figura 40. O departamento de futebol da base
consiste em um retângulo com a sobreposição de retângulos menores que representam as
sacadas, o centro de recuperação de atletas consiste em três retângulos lado a lado e por fim o
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hotel, que assim como os outros tem como traço principal a estabilidade que o retângulo
proporciona, pode ser traduzido através de formas retangulares justapostas, entretanto possui
mais profundidade que os citados anteriormente.

Figura 40 - Massa dos Blocos

Fonte: Autor

No complexo nota-se a repetição nos campos de futebol utilizados para treinamento, são
oito no total. Analisando individualmente cada bloco também podemos notar elementos
repetitivos e singulares em cada um deles. No departamento de futebol e alojamento da base,
percebemos a presença repetitiva das sacadas em toda a fachada e como elemento singular na
fachada encontra-se o escudo do clube. Já no centro de recuperação, como elementos repetitivos
destacam-se as aberturas e como individual o símbolo do Atlético Mineiro pintado no piso
externo que atrai todas as atenções.
Levando em consideração o hotel, podemos perceber a repetição das aberturas na
fachada, assim como nas laterais e como elemento singular destaca-se o escudo da equipe
conforme apresentado na Figura 41. Desta maneira, se avaliarmos o complexo como um todo,
o símbolo do galo torna-se um elemento repetitivo, mas avaliando individualmente cada um
deles destaca-se como singular. Em planta, no projeto do hotel, identifica-se também a repetição
de cômodos por função, através das suítes que se repetem diversas vezes no primeiro e segundo
pavimento.
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Figura 41 - Repetitivo e Singular no Hotel dos Atletas Profissionais

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/clubeatleticomineiro/sets/72157640633861875/ - Foto:


Bruno Cantini – Editado pelo autor

A simetria está mais presente no centro de recuperação de atletas, onde pode ser
percebida tanto vista de cima quanto na fachada, conforme apresentado na Figura 42, onde se
encontra destacado o eixo de simetria da edificação. No hotel dos atletas profissionais a simetria
é mais discreta, estando presente somente no primeiro e segundo pavimento, entre as suítes. O
departamento de futebol das categorias de base, por sua vez, possui certo desequilíbrio na
fachada, uma vez que possui elementos proporcionais, entretanto distribuídos de maneira
assimétrica, deixando a sensação de que as sacadas foram divididas de maneira errônea,
conforme ilustra a Figura 43.
78

Figura 42 - Simetria do Centro de Recuperação de Atletas

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor

Figura 43 - Eixo Central do Departamento de Futebol da Base

Fonte: Autor

O conceito das obras da cidade do galo está diretamente ligado à simplicidade e a


praticidade, ficando evidente em todas as edificações a intenção de fazer o melhor com o
mínimo de investimento. Além disso, também se percebe uma preferência por aproveitar os
desníveis de terreno, moldando a arquitetura e não o contrário.
Focando diretamente no hotel para atletas profissionais, segundo os autores do projeto
a intenção era executar o máximo de área edificada e gastando pouco, desta maneira utilizaram-
se dos desníveis do solo e pensaram o projeto em bloco único para reduzir gastos com fundações
e terraplenagem. Outra intenção projetual foi elaborar uma volumetria simples, valorizando a
lógica modular utilizada no bloco (MELENDEZ, 2004).
79

3.1.3.6 Análise do Sistema Estrutural e Materiais Construtivos

O sistema estrutural aparenta ser o mesmo em todos os blocos, utilizando concreto pré-
moldado para a execução das obras, os fechamentos variam entre alvenaria convencional e
painéis de concreto. É possível notar que este é o sistema estrutural utilizado observando as
junções entre pilares e vigas, estes apresentam as fissuras características de estrutura em
concreto pré-moldado, conforme apresentado na Figura 44 .

Figura 44 - Detalhe de Estrutura Pré-Moldada

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/clubeatleticomineiro/sets/72157640633861875/ - Foto:


Bruno Cantini – Editado pelo autor

A transparência é bastante presente nas edificações da Cidade do Galo, ocorrendo


através de diversos painéis em vidro translúcido, portas e janelas que permitem uma interação
maior do interior com o exterior, como dito anteriormente.
A cobertura das estruturas no complexo varia, o bloco que abriga o departamento de
futebol e o centro de recuperação de atletas possui estrutura metálica e telhas metálicas, sendo
que este último também conta com lanternins em sua cobertura para auxiliar na exaustão do ar
quente do telhado. No hotel dos atletas profissionais a cobertura é composta em parte por uma
laje impermeabilizada sobre as suítes dos atletas e no térreo através de cobertura e telhas
metálicas sobre o estar e a sala de jogos.

3.1.3.7 Análise Bioclimática

Analisando os aspectos bioclimáticos da obra, não foi possível encontrar informações


sobre os cuidados tomados pelos arquitetos em relação ao conforto acústico, entretanto,
80

observando as imagens internas do auditório do hotel dos atletas profissionais, é possível


perceber que a escolha de materiais contribui para uma melhor acústica da sala, utilizando
carpete no chão e material semelhante nas paredes, conforme apresentado na , entretanto estes
parecem ser os únicos cuidados tomados. Nos demais ambientes não se nota indícios de que
haja esse tipo de preocupação.

Figura 45 - Auditório do Hotel

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/clubeatleticomineiro/sets/72157640633861875/ - Foto:


Bruno Cantini

Avaliando o conforto térmico das edificações se percebe que foi tomado mais cuidado
em relação a esse aspecto, sendo possível observar em diversas edificações a presença de
ventilação cruzada nos ambientes, lanternins para facilitar a exaustão do ar quente, grande
quantidade de vegetação nos arredores das edificações, melhorando a qualidade do ar e
refrescando os ambientes. Já no hotel dos atletas profissionais, as circulações foram voltadas
para o oeste, onde foi mantida ventilação permanente e instalados brises fixos para atenuar a
incidência solar no local. Também nos quartos existem grandes portas-janelas que quando
abertas permitem a entrada de luz e ar fresco ao ambiente.
A iluminação natural é outro elemento muito valorizado no CT do Galo e aparece tanto
através das grandes aberturas presentes em todas as edificações do complexo quanto através de
telhas translúcidas que permitem a entrada de luz através do telhado e diminuem a necessidade
de iluminação artificial nos ambientes.
No que diz respeito à sustentabilidade, a Cidade do Galo é referência a nível nacional e,
segundo informações do próprio clube, “caminha para ser o primeiro centro de treinamento
100% sustentável do Brasil”. (Clube Atlético Mineiro, 2019). O projeto chamado de EcoGalo
81

é uma parceria entre a empresa EcoCidades e o Clube Atlético Mineiro, ele consiste em uma
grande estratégia de tratamento e gerenciamento de resíduos sólidos, onde o lixo reciclável é
separado e armazenado, o orgânico passa por um tratamento e é transformado em adubo
utilizado para cultivar verduras no próprio CT, que irão servir de alimentos para os atletas e o
resíduo não reciclável, a menor parte do processo, é retirado por caçamba no local. Não somente
os processos do EcoGalo são sustentáveis, mas também o meio de locomoção dentro do
complexo, através de carrinhos elétricos, a estrutura onde se encontram as maquinas para
processamento são feitais com containers reciclados, conforme apresentado na Figura 46 e sua
energia é fornecida através de placas fotovoltaicas que estão instaladas não só nesse local, mas
distribuídas por todo o complexo.

Figura 46 - Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos - EcoGalo

Fonte: Disponível em: https://www.atletico.com.br/uploads/2019/02/25112016/46360786384_fe17612d5f_z.jpg

3.1.3.8 Análise Crítica da Obra

A Cidade do Galo é referência nacional em centros de treinamento esportivo, possui um


centro de recuperação de atletas com equipamentos modernos e disponibiliza para atletas
profissionais e das categorias de base uma estrutura excepcional. Apesar disso, em termos
arquitetônicos o CT não se destaca, dando a impressão de não ter sido planejado como um
conjunto e sim como blocos individuais que não se conectam.
82

O conceito e partido do complexo são simples, formas retangulares e muitas vezes sem
expressão arquitetônica, buscando apenas suprir as necessidades dos usuários sem se importar
com a estética das edificações, com exceção do hotel dos atletas profissionais, que possui uma
forma mais elaborada em relação aos demais blocos.
Outro ponto a se criticar nesse empreendimento é a ausência de preocupação com a
acessibilidade nas edificações, escadas sem corrimão, sem rampas de acesso ou elevador em
algumas áreas.
Apesar dos defeitos citados, também há diversos pontos positivos em que se espelhar,
como a grande preocupação com sustentabilidade, a grande quantidade de equipamentos e
espaços bem equipados à disposição dos atletas, com áreas específicas para os jovens das
categorias de base com o mesmo nível de qualidade dos atletas profissionais.
4. A PROPOSTA

O presente estudo, como citado anteriormente, tem por finalidade desenvolver um


anteprojeto de um Centro de Treinamento para a Associação Chapecoense de Futebol, em
Chapecó, Santa Catarina. Desta maneira, se faz necessário realizar uma análise sobre o local
onde este será implantado e qual será seu impacto na região. Outro aspecto a se avaliar é se a
infraestrutura de acesso consegue suprir as demandas criadas pelo empreendimento.

4.1 ESTUDO DA ÁREA

O estudo da área visa diagnosticar as potencialidades e limitações do terreno em que o


projeto será inserido, qual será seu impacto na vizinhança e quais devem ser as estratégias
aplicadas para mitiga-lo. Desta maneira, serão levantados dados técnicos, normas e parâmetros
urbanísticos municipais, condicionantes físicas e climáticas visando justificar a escolha da área
de intervenção escolhida.

4.1.1 Localização

O terreno escolhido se encontra na região Sul do Brasil, no município de Chapecó, Santa


Catarina, conforme apresentado na Figura 47. A área localiza-se no setor norte do município,
no bairro Belvedere, as margens da BR 480, tendo seu acesso principal pela Estrada Municipal
222.
84

Figura 47 - Localização do Terreno

Fonte: Google Maps – Editado pelo Autor

4.1.2 Histórico do Município

O município de Chapecó foi criado em 25 de agosto de 1917, tendo como origem do


nome os termos "echa" + "apê" + "gô", que significa na língua dos Kaigang da região" donde
se avista o caminho da roça”. (CHAPECÓ, 2019). O município começou a ser explorado por
bandeirantes paulistas no século XVII, mas foi no início do século XIX que, com a expansão
da criação de gado na região, o município tornou-se rota para tropeiros do Rio Grande do Sul.

O local ainda foi disputado, no final do século XIX, entre Brasil e Argentina e no início
do século XX pelos estados de Santa Catarina e Paraná. Após esse período, com incentivo do
85

Estado, colonizadores começaram a comprar terras e abrir estadas, estabelecendo famílias e


estruturando o município.
Depois disso, as agroindústrias chapecoenses se destacaram no processamento de carne
e foram o motor da indústria do município até os dias de hoje.
Como já citado anteriormente no Item 2.5 do presente trabalho, segundo o Censo do
IBGE 2018, Chapecó tem hoje uma população estimada de 216.654 pessoas em uma área de
624.846km², totalizando uma densidade demográfica de 293,15 hab./km². Ainda segundo o
IBGE, o salário médio mensal dos trabalhadores formais é de 2,7 salários mínimos e IDHM –
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, em 2010 de 0,790 (ATLAS DE
DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2013), considerado alto.

4.1.3 Dados do Município

• Município de Chapecó – Santa Catarina


• Fundação: 25/08/1917 (CHAPECÓ, 2019)
• Microrregião: Chapecó (CHAPECÓ, 2019)
• Mesorregião: Oeste Catarinense (CHAPECÓ, 2019)
• População (IBGE, 2010): 183.530 habitantes (CHAPECÓ, 2019)
• População Estimada – 2018 (IBGE, 2010): 216.654 habitantes
• Densidade Demográfica (IBGE, 2010): 293,15hab/km²
• IDH (ATLAS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2013): 0,790 -
Alto
• Altitude: 674m em relação ao nível do mar (CHAPECÓ, 2019)
• Área (IBGE, 2018): 624,846 km²
• Rodovias Federais (Google Maps):BR-283, BR-480, BR-282
• Rodovias Estaduais (Google Maps): SC-157, SC-484, SC-157
• Clima: Úmido Mesotérmico - Temperatura média entre 15ºC e 25ºC (CHAPECÓ, 2019)

4.1.4 Sistema Viário

O Sistema Viário de Chapecó, também está definido no Plano Diretor da cidade, que
estabelece diretrizes para o sistema viário urbano municipal e para o sistema rodoviário
86

municipal, definindo largura das vias, hierarquia e estabelecendo projeções para a instalação de
novas ruas ou continuação do traçado existente.
Desta maneira o sistema de vias e projeções é apresentado no Mapa 6 abaixo:

Mapa 6 - Hierarquia das Vias no Município de Chapecó

Fonte: Lei Complementar N° 541 – Editado pelo Autor


87

O Sistema Viário de Chapecó ainda apresenta as projeções das vias a serem criadas no
município, sendo assim, o Mapa 7 apresenta tais projeções e define as continuações das vias
existentes, no qual percebe-se que há projeções de vias contornando o terreno escolhido, além
de uma via secundária que corta o mesmo no sentido norte-sul.

Mapa 7 - Projeções das Vias no Município de Chapecó

Fonte: Lei Complementar N° 541 – Editado pelo Autor


O terreno de implantação tem somente uma rua de acesso, a Estrada Municipal 222,
entretanto, localiza-se ao lado do acesso Plínio Arlindo de Nês, BR-480 e de sua perimetral que
dão acesso ao município de Chapecó, o que facilita a chegada até o empreendimento. Além
disso, é possível perceber que existe a projeção de mais uma via que dividirá a área, aumentando
a gama de acessos do terreno. Desta maneira, apresenta-se na Figura 48 as vias de acesso ao
terreno conforme citado anteriormente.
88

Figura 48 - Vias de Acesso

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor

4.1.5 Zoneamento

O zoneamento do solo no município de Chapecó é definido pela Lei Complementar N°


541, de 26 de novembro de 2014, vigorando sobre todo o território municipal, constituído do
patrimônio natural, sistemas de circulação, atividades de produção econômica, sistemas de
relações socioculturais e elementos físico-espaciais. (LEI COMPLEMENTAR Nº 541)
O terreno escolhido situa-se na Macrozona Urbana, e em sua maior parte na Macroárea
da Bacia de Captação de Água Potável. Por se tratar de uma área grande, o terreno possui em
sua extensão cinco zoneamentos territoriais diferentes, sendo eles:
a) Unidade Funcional de Requalificação Territorial – UFRT
b) Área Especial de Interesse Ambiental do Lajeado São José - AEIALSJ
c) Unidade de Conservação Ambiental de Moradia do Lajeado São José – UCAMLSJ
89

d) Unidade de Conservação Ambiental de Moradia e Serviços do Lajeado São José –


UCAMSLSJ
e) Unidade Ambiental de Moradia do Lajeado São José – UAMLSJ

Desta maneira, fez-se necessário observar a legislação para entender quais os


parâmetros urbanísticos a serem utilizados no local, sendo assim, conforme o Art. 127 do Plano
Diretor de Chapecó, quando um lote estiver em mais de um zoneamento, seus índices
urbanísticos serão definidos através de média aritmética ponderada, proporcional entre cada
setor do lote. Ainda segundo o Plano Diretor de Chapecó, em seu Art. 147, a limitação de
pavimentos ou de altura da edificação terá como parâmetro o zoneamento com maior incidência
sobre o imóvel. O plano diretor ainda define que, na área onde localiza-se o terreno estudado,
pelo menos 20% do índice verde seja arborizado por espécies nativas.

Figura 49 - Zoneamento do Terreno Escolhido

Fonte: Lei Complementar N° 541 e Google Maps – Editado pelo Autor


90

Tabela 3 - Índices Urbanísticos aplicados ao Terreno

% DO TO R.
ZONEAMENTO ÁREA (M²) TERRENO CA TO (BASE) (TORRE) MÍNIMO AFAST. I.V. TX. P.

UFRT 30.931,50 10,30% 0,40 50,00% 50,00% 10,00 4,00 20,00% 20,00%

AEIALSJ 63.818,01 21,26% 0,20 10,00% - 10,00 4,00 60,00% 60,00%

UCAMLSJ 49.973,21 16,64% 0,40 20,00% - 10,00 2,00 60,00% 60,00%

UCAMSLSJ 91.657,76 30,53% 0,70 35,00% - 6,00 2,00 50,00% 50,00%

UAMLSJ 63.864,26 21,27% 0,80 - 4,00 2,00 45,00% 45,00%

TOTAL DO
TERRENO 300.244,74 100,00% 0,53 29,80% 50% 7,50 2,63 49,64% 49,64%

Fonte: Adaptado da Lei Complementar N° 541 pelo Autor

Sendo assim, conforme apresentado na Erro! Fonte de referência não encontrada., f


oi realizada a média ponderada dos índices urbanísticos que se aplicam ao terreno conforme
exige a legislação vigente, encontrando assim os índices da área. Após o cálculo realizados
foram encontrados os seguintes valores:
• Coeficiente de Aproveitamento: 0,53
• Taxa de Ocupação da Base: 29,80%
• Taxa de Ocupação da Torre: 5,15%
• Recuo Mínimo: 7,5m
• Afastamento: 2,63m
• Índice Verde: 49,64%
• Taxa de Permeabilidade: 49,64%

Desta maneira, de acordo com os dados apresentados, é possível edificar uma área total
de 159.129,71m² (cento e cinquenta e nove mil cento e vinte nove metros e setenta e um
centímetros quadrados), sendo a base da edificação limitada a 89.472,93m² (oitenta e nove mil
quatrocentos e setenta e dois metros e noventa e três centímetros quadrados) e a torre limitada
a 15.462,60m² (quinze mil quatrocentos e sessenta e dois metros e sessenta centímetros
quadrados) por pavimento, com no máximo quatro pavimentos. Ainda segundo os dados
obtidos, é necessário que se preserve no terreno uma área verde e permeável de 149.041,49m²
(cento e quarenta e nove mil e quarenta e um metros e quarenta e nove centímetros quadrados),
91

destes sendo 29.808,29m² (vinte e nove mil oitocentos e oito metros e vinte e nove centímetros
quadrados) de área arborizada por mata nativa.
Ainda de acordo com a Lei Complementar N° 541, como dito anteriormente, o número
de pavimentos e/ou altura das edificações se dará com base no zoneamento que ocupa maior
parte do terreno, desta maneira, será utilizada a Unidade de Conservação Ambiental de Moradia
e Serviços do Lajeado São José – UCAMSLSJ como norteadora para este índice. Sendo assim,
o número de pavimentos que podem ser edificados no terreno é definido conforme o Coeficiente
de Aproveitamento do zoneamento.
Em relação ao uso do solo, os arredores do terreno ainda são subutilizados, como pode-
se observar na Figura 50, que apresenta o entorno do terreno em um raio de um quilômetro a
partir do centro do terreno. Além disso, nota-se também a presença de atividades rurais como
plantações em seus arredores, contrastando com Indústrias e Serviços de médio e grande porte
dispostos ao longo do Acesso Plínio Arlindo de Nês. Na extremidade leste do recorte é possível
encontrar residências unifamiliares de pequeno porte.
Figura 50 - Uso e Ocupação do Solo

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor


92

4.1.6 Condicionantes Físicas e Climáticas

Para análise das condicionantes físicas e climáticas do terreno, foram realizadas visitas
ao local assim como estudo de mapas que auxiliaram na compreensão de todas as características
do terreno, como posição solar, cotas de nível e vegetação existente. Desta maneira, foi
elaborada a Figura 51 para facilitar o entendimento das mesmas.
O terreno escolhido possui 43 curvas de nível distribuídas em uma área total de
300.244,74m², entretanto grande parte delas se agrupam no sudeste do terreno, reduzindo o
desnível no restante da área. Outro ponto importante a se observar é que por sua grande extensão
o declive não é tão acentuado, possibilitando a implantação do empreendimento no local.
Ainda é possível observar no local a grande presença de vegetação nativa ao sul, onde
localiza-se a Área Especial de Interesse Ambiental do Lajeado São José, já no restante do
terreno percebe-se apenas vegetações rasteiras e algumas erva-mate de médio porte. Outro
aspecto importante é o riacho encontrado ao sul do terreno, do qual deve ser resguardada uma
área de preservação.
93

Figura 51 - Condicionantes Físicas do Terreno

Fonte: Google Earth – Editado pelo Autor


Na visita ao terreno, também foram tiradas fotografias registrando a vegetação e
topografia do terreno. Não foi possível acessar o interior do terreno pela existência de cercas ao
redor da área. As fotografias e localização das mesmas estão na
94

Figura 52 - Registro Fotográfico

Fonte: Google Earth – Editado pelo autor


Fotos: Autor, 2019

4.1.7 Estudo de Impacto de Vizinhança

O Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV, segundo a Lei Complementar N° 541, é o


documento que visa identificar e avaliar os impactos positivos e negativos do ponto de vista
urbanístico em decorrência da instalação de determinado empreendimento, visando definir
medidas mitigadoras e compensatórias a fim de reduzir o impacto da obra.
Para tal, iniciamos o EIV analisando o acesso ao terreno, que acontece por uma via
principal, a Estrada Municipal 222 que é feita de terra, possui trânsito lento, pouco fluxo e é
95

usada principalmente para acessar o interior do município. Por tratar-se de uma estrada de terra,
não há calçada nem iluminação pública no local, existindo postes apenas para sustentação dos
fios de energia e telefone.
Apesar do acesso principal acontecer através da estrada municipal, é importante analisar
também as vias que conectam tal estrada ao centro do município ou à outras cidades da região,
portanto destacam-se a BR-480 e sua via perimetral que cumprem esta função. Ambas são
asfaltadas, o que fica claro na Figura 53, entretanto a BR possui um fluxo de veículos e
velocidade maior do que a via perimetral.

Figura 53 - Vias de Acesso

Fonte: Google Earth, 2017 – Editado pelo autor


A vizinhança do terreno é, como dito anteriormente, predominantemente rural, com
áreas subutilizadas ou utilizadas para plantações, não havendo, portanto, um adensamento
populacional considerável na região em questão, entretanto, nota-se alguns comércios e
serviços dispostos ao longo da via perimetral da BR 480, conforme apresentado na Figura 54.
96

Figura 54 - Vizinhança do Terreno

Fonte: Google Earth – 2017 – Editado pelo autor


O perfil do empreendimento tende a criar uma pequena valorização na área de
implantação, uma vez que este será instalado afastado do centro urbano, em uma região pouco
adensada, portanto, a instalação do centro de treinamentos da Chapecoense valorizará os lotes
97

ao seu redor. Apesar deste leve incremento nos valores imobiliários da região, é possível que o
entorno do local acelere seu processo de urbanização, com pavimentação de ruas e divisão dos
lotes, até mesmo tendo em vista o zoneamento prioritariamente residencial que incide sobre a
área.
No que diz respeito ao impacto causado no trânsito e capacidade das vias de acesso, o
empreendimento causará um impacto pequeno, pois apesar de abrigar cerca de 350 pessoas,
entre atletas e funcionários, as vias de acesso possuem capacidade suficiente para suprir tal
demanda e além disso, grande parte dos atletas fazem parte das categorias de base, deslocando-
se principalmente com o ônibus da equipe. O ponto mais importante à se destacar em relação
ao transito ocorre em dias de jogos da equipe principal, normalmente nas quartas-feiras à noite
e nos finais de semana, por volta das 16:00, quando existe a necessidade do ônibus que realiza
o deslocamento dos atletas ser escoltado por carros de segurança por um percurso de 11,4km,
conforme apresentado na Figura 55.
Outro trajeto que será bastante utilizado no deslocamento de atletas liga o
empreendimento ao Aeroporto Serafim Enoss Bertaso, de Chapecó, onde a equipe faz embarca
para realizar os voos para outras cidades nas competições nacionais e internacionais que
disputa. Este caminho possui aproximadamente 21km de distância, todo ele pavimentado e
desviando do centro da cidade, utilizando o contorno oeste para chegar até o destino.
98

Figura 55 - Trajeto e Pontos de Referência

Fonte: Google Maps – Editado pelo autor

O terreno possui grande área e o empreendimento não requer grande verticalização,


limitando-se a, no máximo, quatro pavimentos, desta maneira não haverá impacto significativo
na paisagem urbana, não influenciando também na iluminação e ventilação das áreas ao seu
redor. Além disso, o empreendimento não causará grande supressão da vegetação no terreno,
mantendo a mata nativa existente de acordo com a legislação vigente e garantindo uma taxa de
permeabilidade maior que a exigida por lei, já que em grande parte do terreno serão implantados
campos de futebol com sistema de drenagem muito eficiente.
O empreendimento funcionará em horário comercial para funcionários, para
manutenção do CT e para treinamentos das equipes, não gerando grandes ruídos e grande fluxo
de veículos. Como o local também servira de alojamento para atletas profissionais e das
99

categorias de base, também haverá movimentação no restante dos horários, entretanto, este se
limitará as atividades no âmbito residencial, sem gerar transtorno para os terrenos adjacentes.
Ainda analisando os impactos causados pelo empreendimento, pode-se analisar sua área
de influência primária, em um raio de 7,5km da edificação e secundária, em um raio de 15 km
do local, conforme apresentado na Figura 56.

Figura 56 - Área de Influência

Fonte: Google Earth - Editado

Com todos esses aspectos avaliados sobre o local, elaborou-se a Tabela 4 que apresenta
os impactos produzidos pelo empreendimento, assim como medidas mitigadoras,
compensatórias e potencializadoras para serem aplicadas ao mesmo.

Tabela 4 - Impacto de Vizinhança

Medidas mitigadoras,
Classificação por Classificação por
Impacto compensatórias e
Natureza Magnitude
potencializadoras

Priorizar mão-de-obra local na


execução da obra
Oportunidades de empregos
Geração de Empregos Positiva Pequena
administrativos, na segurança,
limpeza e manutenção do
empreendimento;
100

Equipamento inserido em uma


área pouco ocupada incentiva o
Valorização do entorno Positiva Pequena
desenvolvimento da cidade na
área e valoriza o entorno

Incentivar e priorizar a utilização


Beneficiamento da
Positiva Pequena de comércio e transportes locais
economia local
quando possível

Será instalado um lago no terreno


e um sistema de reaproveitamento
Alteração da
da água da chuva para irrigação
disponibilidade de recurso Negativa Média
dos gramados, não utilizando
natural (consumo de água)
água da concessionária para este
fim

Oferta de estacionamento no local


Aumento do tráfego de
Negativa Pequena e pavimentação de trecho da EMC
veículos
222

Implantação de vegetação nas


extremidades do terreno
Produção de ruídos Negativa Pequena
reduzindo a quantidade de ruído
que escapa do empreendimento

Replantio de espécies e
Alteração da Cobertura manutenção da vegetação nativa,
Negativa Pequena
Vegetal contribuindo para a limpeza e
proteção da mata ciliar no terreno

Fonte: Autor, 2019

Através do EIV foram verificados a existência de impactos positivos e negativos, tanto


na fase da execução quanto na operação, entretanto, com a aplicação das medidas sugeridas, os
impactos negativos serão praticamente anulados e os positivos potencializados. Sendo assim é
possível afirmar que este empreendimento não causará impactos adversos significativos; mas
sim, proporcionará fatores benéficos no âmbito socioeconômico, que através de sua construção,
e funcionamento, gerará empregos diretos e indiretos no seu entorno.
101

4.1.8 Justificativa da Escolha do Terreno

A escolha do terreno começou pelas dimensões do mesmo, devido a necessidade de uma


área com grande metragem quadrada, além de uma pequena quantidade de curvas de nível,
visando diminuir a necessidade de modificações na topografia do mesmo. Desta maneira, foram
procurados terrenos que suprissem ambas as necessidades. A grande área quadrada do terreno
também possibilitará a execução de uma obra horizontal, tornando-a mais acessível e de menor
impacto na paisagem urbana.

Por localizar-se na lateral do acesso Plínio Arlindo de Nês, o acesso ao terreno fica
facilitado, tanto vindo do aeroporto quanto do centro da cidade, além disso, sua localização
permite também um acesso fácil à Arena Condá. Além do fácil acesso, as vias que dão acesso
ao empreendimento possuem grande capacidade de fluxo, diminuindo o impacto da obra sobre
as ruas.

A escolha também levou em consideração o entorno do terreno e as condicionantes


climáticas do mesmo, buscando um terreno em uma área menos urbanizada, visando escolher
uma área com menor custo e que pudesse ser impactada positivamente pela implantação do
Centro de Treinamentos da Chapecoense. Além disso, buscou-se uma área com menos
incidência de neblina, entretanto, por ser uma característica comum da região isso acabou não
podendo ser evitado por completo.

Desta forma, considera-se que o terreno escolhido foi a melhor escolha entre as
possibilidades existentes por todos os aspectos citados acima, configurando um bom custo
benefício para a Associação Chapecoense de Futebol, considerada como público-alvo deste
empreendimento.

4.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

De acordo com as pesquisas e estudos de caso realizados, foi elaborado um programa


de necessidades e o pré-dimensionamento dos ambientes indispensáveis para o Centro de
Treinamentos, desta maneira, podendo satisfazer todas as necessidades do clube e resolver todas
as deficiências encontradas no atual CT.

Sendo assim, para que seja possível um melhor entendimento do mesmo, este foi
dividido em seis setores, sendo eles, setor administrativo, médico e fisiológico, de serviços,
102

planejamento, treinamento e, por fim, estacionamento, que estão discriminados brevemente nas
tabelas a seguir:

Tabela 5 - Setor Administrativo e de Atendimento

Setor Administrativo e Atendimento


Área
Ambiente Aproximada Quant. Descrição Mobiliário
(m²)
Hall de entrada, leva à
Hall 10,00 1 Aparador
recepção
Espaço para secretária com Secretária para
Recepção 8,00 1
recepção de pessoas orientação e auxilio
Espaço de espera para
Poltronas, espaço
Espera 15,00 1 visitantes após primeiro
para café e televisão
contato com secretária
Sala com mesas,
Espaço para gerenciamento
Gerência 10,00 1 cadeiras, armários e
do complexo
computadores
Setor que gerencia
Sala com mesas,
responsabilidade fiscal e
Financeiro 10,00 1 cadeiras, armários e
financeira do
computadores
empreendimento
Setor responsável por
Sala com mesas,
Gestão de Pessoas/Recursos contratação, fiscalização e
10,00 1 cadeiras, armários e
Humanos gerenciamento dos
computadores
funcionários
Sala com mesa,
Sala de controle de vídeo computador para
Monitoramento 10,00 1
do complexo monitoramento de
vídeo e cadeira
Espaço para
Armários para
Depósito 20,00 1 armazenamento de
armazenamento
documentos
Espaço destinado a
Mesa central e
Sala de Reuniões 30,00 1 reuniões da diretoria e de
cadeiras
funcionários
Sanitários e vestiários Equipamentos
Espaço para higienização
separados por gênero e P.C.D. 60,00 1 sanitários: Bacia
de funcionários
unissex (Funcionários) sanitária e cuba
Setor responsável por
aquisição de materiais e Sala com mesas,
Compras 10,00 1 contratação de serviços cadeiras, armários e
para o Centro de computadores
Treinamentos
Sala com cuba e
Depósito de Materiais de armário para
DML 10,00 2
Limpeza depósito de
materiais de limpeza
Área Total 173,00
Fonte: Autor
103

Tabela 6 - Campos de Treinamento

Campos de Treinamento
Área
Ambiente Aproximada Quant. Descrição Mobiliário
(m²)
As dimensões do
campo devem ser
baseadas nas da arena
Campos de Treinamento
42.840,00 6 Condá, respeitando a Grama Natural
Oficiais
mesma orientação solar
Comp.: 105m, Larg.:
68m
Comp.: 52,5m, Larg:
Meio Campo Coberto 3.570,00 1 Grama Sintética
68m

Campo de treinamento Comp.: 35m, Larg:


4.760,00 2 Grama Natural
de goleiros 68m

Campo com dimensões Comp.: 52,5m, Larg:


5.355,00 3 Grama Natural
reduzidas 34m

Área Total 56.525,00


Fonte: Autor

Tabela 7 - Miniestádio

Miniestádio
Área
Ambiente Aproximada Quant. Descrição Mobiliário
(m²)
Bilheteria 10,00 1

Assentos em Polipropileno, Marca:


+55, Modelo com encosto;
Arquibancada 1200,00 1 Capacidade: 2000 Lugares
dimensões A:332mm L:420mm
P:400mm

As dimensões do campo
devem ser baseadas nas da
arena Condá, respeitando a Gramado natural com drenagem
Área de Jogo 11000,00 1
mesma orientação solar igual ao da Arena Condá
Comp.: 105m, Larg: 68m +
10m de borda em cada lado
Vestiário - Jogadores 400,00 2 Cada Vestiário com 200m²
Vestiário - Árbitros 30,00

Assentos em Polipropileno, Marca:


Arquibancada - +55, Modelo com encosto;
20,00 1 Capacidade: 2000 Lugares
Imprensa dimensões A:332mm L:420mm
P:400mm

Área Médica 30,00 1


104

Recepção 80,00 1
Sanitários separados
por gênero e P.C.D. 300,00
unissex
Vestiário Funcionários 100,00 1

Cadeiras, mesa e equipamento para


Cabine de Transmissão 40,00 2 20m² cada
transmissão

Sala de Imprensa para Cadeiras, mesa e equipamento para


Sala de Imprensa 100,00 1
coletivas rápidas transmissão

Cabine de luz e som 10,00 1


Doca 15,00 1
Área Total 13335,00
Fonte: Autor

Tabela 8 - Alojamento

Alojamento
Área Aprox.
Ambiente Quant. Descrição Mobiliário
(m²)
Hall de entrada da
Hall 50,00 1
edificação
Espaço para secretária com Secretária para
Recepção 20,00 1
recepção de pessoas orientação e auxilio
Espaço de espera para
Poltronas, espaço
Estar 100,00 1 visitantes após primeiro
para café e televisão
contato com secretária
Restaurante para os atletas Mesas, cadeiras e
Restaurante - Profissional 100,00 1
da equipe principal Buffet
Restaurante para os atletas Mesas, cadeiras e
Restaurante - Base 300,00 1
das categorias de base Buffet
Sinuca, Poker,
Sala de Jogos para os
Sala de Jogos - Profissional 200,00 1 Pebolim, Vídeo
atletas da equipe principal
Games
Sala de Jogos para os
Pebolim, Vídeo
Sala de Jogos - Base 200,00 1 atletas das categorias de
Games
base
Auditório para palestras à Cadeiras, mesa e
Auditório Pequeno 150,00 1
pequenos grupos projetor
Auditório para palestras à Cadeiras, mesa e
Auditório Grande 500,00 1
grandes grupos projetor
Um hall para profissionais
Hall Elevadores 50,00 2
e outro para atletas da base
Quarto para atletas
Cama de Casal, TV,
Suíte - Profissional 1000,00 40 profissionais, 1 leito, 25m²
Armário, Frigobar
cada
3 Camas de solteiro,
Quarto para atletas da base,
Suítes - Base 1400,00 40 TV, Armário,
3 leitos de 35m² cada
Frigobar
Doca de Carga e Descarga 50,00 1
Controle 10,00 1
Cozinha Industrial 200,00 1
105

Depósito de Alimentos (Cozinha) 40,00 1

Câmara Resfriada (Cozinha) 15,00 1

Depósito de Louças e Utensílios 15,00 1


Câmara Fria (Cozinha) 15,00 1
Triagem de Alimentos 10,00 1
Sala da Nutricionista 10,00 1
Dispensa Diária 15,00 1
Lavanderia 200,00 1
Sala Camareira 40,00 4
Rouparia 50,00 1
Sala de Jogos 80,00 1
Auditório 150,00 1
Equipamentos
Sanitários separados por gênero e Espaço para higienização
200,00 4 sanitários: Bacia
P.C.D. unissex hóspedes de funcionários
sanitária e cuba
Sanitários e vestiários separados por Equipamentos
Espaço para higienização
gênero e P.C.D. unissex 60,00 1 sanitários: Bacia
de funcionários
(Funcionários) sanitária e cuba
Espaço confortável para Cadeiras, mesa e
Sala de Imprensa 300,00 1 entrevistas e coletivas de equipamentos de
imprensa transmissão
Área Total 5530,00
Fonte: Autor

Tabela 9 - Setor de Serviços e Equipamentos

Setor de Serviços e Equipamentos


Área
Ambiente Aproximada Quant. Descrição Mobiliário
(m²)
Reservatório Inferior 25,00 1
Casa de Bombas 25,00 1
Reservatório Superior 25,00 1
Tratamento de Água das Piscinas 25,00 1
Caldeira 25,00 1
Gerador 25,00 1
Subestação 25,00 1
Central de Gás 30,00 1
Central de Ar 30,00 1
Depósito de Manutenção 30,00 1
Sala de Manutenção 30,00 1
Lixeira Reciclável 10,00 1
Lixeira Orgânica 10,00 1
Depósito de Óleo 10,00 1
Depósito de Lixo Perfurocortante 10,00 1

Área Total 335,00


Fonte: Autor
106

Tabela 10 - Centro Médico e Fisiológico

Departamento Médico e fisiológico


Área
Ambiente Aproximada Quant. Descrição Mobiliário
(m²)

Academia de musculação Equipamentos de


Academia - Profissionais 150,00 1
para os atletas profissionais Musculação

Sala de Massagem para os


Massagem - Profissionais 30,00 1
atletas profissionais
Fisioterapia - Profissionais 100,00 1
Piscinas 100,00 1
Academia - Base 250,00 1
Massagem - Base 30,00 1
Fisioterapia - Base 100,00 1
Consultório Médico 15,00 1
Fisiologia 80,00 1

Sanitários e vestiário - Espaço para higienização Equipamentos sanitários:


60,00 1
Profissionais de Atletas Profissionais Bacia sanitária e cuba

Espaço para higienização Equipamentos sanitários:


Sanitários e vestiário - Base 60,00 1
de Atletas da Base Bacia sanitária e cuba

Área Total 975,00


Fonte: Autor

4.3 ESTUDO DE MANCHAS

Este estudo é de suma importância para a posterior elaboração do projeto, pois é nele
que se localizam as melhores estratégias para resolver fluxos e avaliar qual a melhor localização
para cada setor. Desta forma, conforme demonstrado na Figura 57, ocorreu a distribuição das
áreas levando em consideração a via principal projetada sobre o terreno.
107

Figura 57 - Estudo de Manchas/Setores

Fonte: Autor

Para uma setorização mais precisa, foram considerados os tamanhos reais dos campos
de treinamento, sendo assim foi possível locar as demais edificações de forma muito mais
precisa, tendo como referência os mesmos. Sendo assim, primeiro foram inseridos os campos,
com orientação e dimensões conforme às do estádio do clube e posteriormente inseridas as
demais edificações, desta forma, houve a intensão de afastar o hotel das vias circundantes,
buscando aproxima-lo da área de mata nativa criando privacidade e contato dos atletas com a
natureza.
108

4.4 ORGANOGRAMA

A representação do complexo está representada com seus principais setores, com


identificação de acessos e fluxos conforme apresentados no

Organograma 1 - Estudo de Interligação e Acessos do empreendimento

Fonte: Autor

4.5 FLUXOGRAMAS

Para que seja possível uma análise mais minuciosa do fluxo em cada setor, foram
elaborados fluxogramas que identificam a ligação entre os ambientes em cada área do
complexo.

Fluxograma 1 - Campos de Treinamento

Fonte: Autor
109

Fluxograma 2 - Setor Administrativo

Fonte: Autor

Fluxograma 3 - Miniestádio

Fonte: Autor
110

Fluxograma 4 - Alojamento

Fonte: Autor

4.6 CONCEITO

A intensão do complexo é trazer o sentimento de abrigo para o local, reduzindo as


interferências externas e distrações, trazendo a tranquilidade, o contato com a natureza e
111

fazendo com que os atletas se sintam confortáveis, mas ao mesmo tempo concentrem-se no
trabalho a ser feito.
O abrigo e a segurança serão trazidos por um cinturão verde criado ao redor do
complexo, desta maneira garantindo a privacidade dos usuários, transformando seu local de
trabalho em um refúgio do mundo exterior, garantindo calma e tranquilidade ao ambiente. A
presença marcante da vegetação também trará o contato com a natureza, que será ainda mais
explorado através do uso de painéis de vidro nas edificações, estimulando a relação interior x
exterior no local.
Outro sentimento importante que deve ser buscado, principalmente no hotel, é o de
conforto, a sensação de pertencimento e de casa precisa estar presente, desta maneira aliviando
a saudade causada pela distância entre atletas e suas famílias. Para tal, o uso de materiais como
a madeira nos ambientes internos será de suma importância, já que trazem estas sensações.
O complexo buscará interferir o mínimo possível na paisagem do local, reduzindo o
impacto ambiental, de vizinhança e na paisagem urbana devido a instalação da obra, portanto
as edificações serão preferencialmente baixas, privilegiando a horizontalidade da obra.
Com tudo isso, a arquitetura do complexo busca fazer com que o usuário se sinta seguro
e confortável, entretanto sempre focado e estimulado a realizar seu trabalho, aumentando seu
desempenho juntamente com o do clube.

4.7 PERFIL DO USUÁRIO

O Centro de Treinamentos da Associação Chapecoense de Futebol tem como propósito


incentivar o crescimento da equipe, do esporte e da formação de atletas na cidade de Chapecó-
SC, consolidando a equipe do oeste do estado entre as melhores do Brasil.
A edificação busca melhorar as condições de trabalho para os atletas profissionais e
proporcionar aos atletas das categorias de base do clube uma infraestrutura de qualidade,
visando formar cada vez mais atletas talentosos que possam se tornar ativos econômicos para a
equipe, sendo um investimento à longo prazo. Portanto, o CT irá atender aos meninos da base
chapecoense, são 149 atletas, do Sub-13 ao Sub-20 (DEBONA, 2019) e aos atletas
profissionais.
O horário de atendimento da edificação será em tempo integral, 24horas do dia, sem
fechar, uma vez que os usuários ficarão alojados no CT. Os treinamentos e demais atividades
do complexo acontecerão em horário comercial, das 8:00 às 18:00 horas.
112

O empreendimento foi projetado levando em considerações as diretrizes já citadas no


referencial teórico, como a NBR 9050, a NBR 15.575, a NR 24, a Lei Pelé, Instruções
Normativas do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina e todas as demais legislações aplicáveis,
tornando a edificação acessível e segura para todos os ocupantes.

4.8 PARTIDO

O partido do projeto leva em conta a história e identificação da cidade com os povos


indígenas, conforme apresentado anteriormente, assim como a relação da própria equipe com o
índio, mascote e símbolo da Chapecoense. O Índio Condá, como é conhecido o mascote da
equipe, foi nomeado em homenagem à um líder da tribo Kaingang muito atuante na luta pelo
direito à terra de sua tribo, Vitorino Condá.
Sendo assim, o partido do complexo é o índio Kaingang, neste sentido, as
edificações buscam fazer esta conexão com os povos indígenas através de formas e pinturas
presentes em sua cultura. Os traços arquitetônicos das edificações tiveram origem da
simplificação da forma de um arco e flecha, reestruturando o arco conforme apresentado na
Figura 58.
Figura 58 - Simplificação do Partido

Fonte: Do autor

Além do formato inspirado na cultura indígena, também serão utilizadas pinturas


lembrando a arte deste povo indígena, desta maneira homenageando e mantendo viva a ligação
entre a Associação Chapecoense de Futebol e a memória cultural da região. Tais pinturas terão
como forma principal desenhos semelhantes ao presente nos cestos da Figura 59, entretanto
apresentadas nas cores verde e branco.
113

Figura 59 - Mulher Kaingang destalando taquara

Fonte: Jaesnisch (2010)

Sendo assim, com o estudo realizado foram elaboradas algumas volumetrias básicas,
visando caracterizar a forma elementar das edificações a serem desenvolvidas (Figura 60).
Também se apresenta dois exemplos nos quais se observa os materiais e algumas características
que se deseja alcançar no projeto, apresentadas na Figura 61.

Figura 60 - Volumetrias Iniciais

Fonte: Autor
114

Figura 61 - Detalhes de Materiais

Fontes: Disponível em: https://bimbon-


assets.s3.amazonaws.com/ckeditor/picture/data/5307bb70f369335270003a1a/content_briseverde_bimbon06.jpg

Disponível em: https://mir-s3-cdn-cf.behance.net/project_modules/disp/3811de11597569.560fa52ad01f3.jpg


115

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a elaboração da pesquisa foi possível perceber a complexidade do tema


analisado, uma vez que o extenso programa de necessidades do centro de treinamento e
formação de atletas da Chapecoense provou-se um desafio à altura de um trabalho de conclusão
de curso.
Desta maneira, se fez necessária a realização de uma pesquisa bibliográfica visando
diagnosticar os diferentes aspectos do tema para fazer com que fosse possível a escolha da
melhor área de intervenção, visando desenvolver um projeto arquitetônico que potencialize as
qualidades do empreendimento mitigando os possíveis impactos indesejáveis para a região.
Com a implantação da obra se pretende aumentar a qualidade do treinamento da
Associação Chapecoense de Futebol, revelando cada vez mais talentos nas categorias de base
e conquistando ainda mais títulos com a equipe profissional. Desta forma, a elaboração deste
anteprojeto apresenta uma resposta aos questionamentos levantados no início do estudo,
propondo uma solução arquitetônica que agrega em um mesmo local, atletas profissionais e em
formação, proporcionando a integração entre os usuários.
Para tanto, o arquiteto precisa ter um conhecimento diverso, voltado a entender os
desejos e necessidades dos clientes que o contratam, absorvendo a visão do usuário e buscando
solucionar da melhor maneira possível todos os dilemas que se apresentam durante a elaboração
de um projeto desta magnitude.
116

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