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FILO ARTHROPODA – CLASSE INSECTA (= HEXAPODA)

Os Insecta são Artrópodes de respiração traqueal, excreção


através de túbulos de Malpighi, providos de 1 par de antenas (díceros), 3
pares de patas (hexápodes) e corpo nitidamente dividido em 3 tagmas:
cabeça, tórax e abdome.
O sucesso evolutivo alcançado pelos insetos pode ser medido por diversas
maneiras, porém as principais delas são dadas pelo número de espécies existente
no grupo, pelo número de indivíduos em cada ecossistema, além da extensão da
distribuição geográfica. As características adaptativas dos insetos permitiram sua
enorme radiação, colonizando vários hábitats e preenchendo novos nichos. Essa
diversidade de hábitos foi possível graças ao revestimento quitinoso do corpo
(exoesqueleto quitinoso), que protege os órgãos internos contra danos e perda de
umidade, pelas extensões desse revestimento formando as asas (são os únicos
invertebrados alados) e pelo sistema de traquéias, eficientes para a captação de
oxigênio. O exoesqueleto permite, ainda apoio à musculatura. A capacidade de
vôo nos insetos potencializa o acesso ao alimento e a outros recursos, auxilia na
fuga de predadores e no encontro com os parceiros, facilitando a reprodução.
Além disso, o ciclo de vida dos insetos é geralmente curto, o que proporciona sua
rápida multiplicação em condições favoráveis. O tamanho pequeno e o
dobramento das asas em repouso possibilita a utilização de micro-hábitats; o
revestimento externo do ovo (cório) permite a exposição a condições ambientais
extremas e o desenvolvimento indireto, incluindo fases intermediárias, permite que
os estágios imaturos utilizem recursos diferentes dos adultos.
CABEÇA:
É constituída pela fusão de 6 segmentos, apresentando-se recoberta por
exoesqueleto quitinoso, formado por vários escleritos, placas quitinosas unidas e
não relacionadas com a segmentação. No esqueleto cefálico distinguem-se:
epicrânio, clípeo e occípcio. Há um par de olhos compostos (formados por
unidades visuais chamadas omatídios), de 1 a 3 olhos simples, 1 par de antenas e
aparelho bucal.
Os Insetos são díceros, isto é, portadores de 1 par de antenas, órgãos
táteis e olfativos, inseridos lateralmente na cabeça, adiante dos olhos. As antenas
possuem formas e dimensões extremamente variadas, sendo que são apêndices
unisseriados com duas partes: escapo (artículo basal cuja porção inferior se
encaixa numa escavação correspondente na cabeça) e flagelo (formado por vários
artículos e que permite classificar as antenas em filiforme, setácea, pectinada,
serrada, clavada, capitada, flabelada, lamelada, moniliforme, geniculada, aristada,
estilada, plumosa -> vide fig. 80, pág. 154, livro Invertebrados – Manual de aulas
práticas, Cibele Costa/Rosana Rocha.
Encontram-se ainda na cabeça as diversas peças que envolvem a boca,
constituindo a armadura ou aparelho bucal (peças peribucais), adaptado para
triturar, lamber, sugar e picar. Existem vários tipos de aparelhos diferentes, todos
eles constituídos de peças homólogas. Os tipos básicos são: mastigador ou
triturador, picador-sugador, sugador, lambedor-sugador e mastigador-sugador.
O aparelho bucal mastigador é o tipo mais primitivo e encontrado em insetos que
se nutrem de alimentos sólidos, servindo para rasgar ou mastigar os alimentos. É
comum na ordem Orthoptera (gafanhotos, grilos, esperanças), Coleoptera
(besouros, joaninhas, vagalumes), Dermaptera (tesourinhas ou lacrainhas),
Blattodea (baratas), Isoptera (cupins).
O aparelho bucal picador-sugador ou pungitivo é especializado para ser
introduzido em tecidos animais e vegetais, a fim de aspirar sangue, seiva ou
outros humores. Ocorre em: Hemípteros (percevejos, barbeiros e cigarrinhas),
Dípteros (mosquitos, moscas e mutucas hematófagas), Homópteros (cigarras e
pulgões), Sifonápteros (pulgas), Anopluros (piolhos hematófagos).
O aparelho bucal sugador é constituído pela chamada espirotromba sugadora ou
probóscide e ocorre em Lepidópteros (borboletas e mariposas).
O aparelho bucal mastigador-sugador (pode ser citado também como lambedor) é
adaptado tanto para mastigar como para sugar. Há uma língua ou glossa munida
de cerdas. É adaptado para aspirar o néctar das flores. Ocorre em abelhas e
vespas (Himenópteros).
A mosca doméstica (mosca não picadora) possui um aparelho bucal sugador
labial não pungitivo ou chamado lambedor-sugador.
TÓRAX:
É o centro locomotor dos insetos, composto por 3 segmentos: protórax,
mesotórax e metatórax. Cada anel torácico apresenta 1 par de patas em todos os
insetos e um par de asas no mesotórax e outro no metatórax em grande número
de espécies.
Os insetos são os únicos invertebrados com capacidade de voar. Essa
habilidade consiste em uma das importantes razões do imenso sucesso desse
grupo. Possuem primitivamente 2 pares de asas, que se articulam com o
mesotórax e o metatórax. Alguns grupos tiveram redução no número de asas,
como no caso dos Diptera (moscas e mosquitos), com apenas 1 par, e outros são
totalmente desprovidos de asas, característica obtida secundariamente nos
Pterygota. Nos insetos que mais andam que voam (Ortópteros e Coleópteros), o
protórax é o segmento mais desenvolvido, enquanto nos bons voadores (Dípteros,
Himenópteros e Lepidópteros) o mesotórax é o que mais se destaca.
O exoesqueleto de cada anel torácico é constituído por placas
denominadas escleritos, que formam dorsalmente o noto ou tergo ou tergito,
ventralmente o esterno ou esternito e lateralmente as pleuras ou pleuritos.
As asas não são membros verdadeiros. São formadas pela expansão do
tegumento entre o tergo e os escleritos pleurais, que são placas endurecidas da
parede lateral do corpo. São sustentadas por cordões, nervuras ou veias,
dispostas de maneira diversa nos diferentes insetos. Os espaços limitados pelas
nervuras são denominados células, cuja forma, tamanho e localização têm
importância notória para classificar os insetos.
As asas nos diferentes grupos de insetos apresentam inúmeras
adaptações. Pode-se classificá-las em: Membranosas: são as mais delgadas e
menos consistentes, sendo totalmente transparentes; ocorrem em abelhas,
vespas, formigas, moscas, mosquitos, mariposas, borboletas; nestas últimas
ocorre perda da transparência pelo fato de serem recobertas por escamas
microscópicas. Todo inseto tetráptero sempre possui o segundo par de asas de
consistência membranosa. Élitros: são opacas, resistentes e córneas; aparecem
no mesotórax dos besouros; não servem para o vôo, que é realizado por um par
de asas membranosas do metatórax, recobertas e protegidas pelos élitros.
Pergamináceas ou Tégminas: constituem um tipo intermediário entre élitros e
membranosas, sendo pouco transparentes e mais resistentes do que as últimas;
são encontradas no mesotórax de baratas, grilos, gafanhotos. Hemiélitros: são
asas constituídas por duas partes: uma basal resistente e outra apical
membranosa; caracterizam os percevejos e barbeiros.
Nos Dípteros (moscas e mosquitos) só existe o primeiro par de asas
membranosas, sendo que as posteriores são atrofiadas, transformando-se em
Balancins ou Halteres, que são estruturas com função de equilíbrio durante o vôo.
Em relação à existência ou ausência de asas, os insetos dividem-se em
Pterigota e Apterygota (Pterigógenos e Apterigógenos). Os últimos são
primitivamente destituídos de asas. É o caso das traças. Já os Pterigógenos
apresentam asas, que muitas vezes perdem devido a uma adaptação parasitária,
como é o caso dos piolhos. Os Pterigota possuem um par de asas (dípteros) ou
dois pares de asas (tetrápteros).
Nos tórax dos insetos existem 3 pares de patas ou pernas, que são
apêndices unisseriados constituídos por 5 artículos: coxa ou anca, artículo basal
que se articula com o tórax; trocanter, curto e pouco desenvolvido; fêmur, artículo
mais resistente e proeminente na maioria dos insetos; tíbia, tão longa ou mais do
que o fêmur e tarso, último segmento com 1 a 5 tarsômeros. O último dos artículo
tarsais pode apresentar: unhas, garras curvas ou um disco plantar chamado
pulvilo. Em gafanhotos o último tarsômero apresenta o arólio, estrutura carnosa
que funciona para amortecimento de impactos com o solo. Existem vários tipos de
pernas, que caracterizam o modo de vida dos insetos, como por exemplo: pernas
corredeiras (baratas), cavadeiras (grilotalpa ou paquinha), rapineiras (louvadeus),
transportadoras (abelhas), fixadoras (piolhos), natatórias (barata d’água),
saltatórias (gafanhotos), etc.
ABDOME:
É a mais volumosa parte do corpo dos insetos e constitui-se no centro de nutrição
e reprodução. É formado por 7 a 11 segmentos sendo que o 11º. geralmente é
atrofiado. No primeiro segmento abdominal, em posição lateral, situam-se os
tímpanos e, próximo a esses, o primeiro par de espiráculos (ou estigmas)
respiratórios. Há 1 par de espiráculos em cada segmento abdominal. Os últimos
segmentos (9º. e 10º.) modificam-se e formam a armadura ou aparelho genital,
que nas fêmeas apresenta o ovipositor. A abertura anal situa-se no último anel, a
abertura genital masculina no penúltimo (placa subgenital) e a feminina no
antepenúltimo. O abdome é desprovido de apêndices, mas pode apresentar
rudimentos tais como cercos e estilis nas baratas e ferrões nas abelhas.
DESENVOLVIMENTO PÓS-EMBRIONÁRIO:
Os insetos, na maioria dos casos, ao sair do ovo, apresentam caracteres
morfológicos e fisiológicos diferentes dos que se observam na forma adulta ou
imago. A fim de atingirem o estado de imago, os insetos passam por uma série de
modificações (histólises e histogêneses), denominadas metamorfoses. Histólise é
a quebra ou digestão dos tecidos larvais e histogênese é a formação de tecidos
que vão dar origem ao adulto. Com relação à metamorfose, os insetos podem ser
divididos em 3 grupos:
1) Ametábolo ou ametabólico = é o desenvolvimento direto nos insetos. Alguns
poucos grupos de insetos inferiores sofrem modificações muito pequenas ao
longo de seu desenvolvimento, ou seja, sua fase jovem é muito semelhante à
fase adulta, exceto em tamanho e desenvolvimento sexual. Tais insetos já
saem do ovo com organização definitiva, não sofrendo modificações
morfológicas durante as mudas. É o caso da traças dos livros (ordem
Thysanura).
2) Hemimetábolo ou hemimetabólico = é o desenvolvimento com
transformação parcial ou metamorfose incompleta. Neste caso eclodem do ovo
formas jovens denominadas ninfas, com características semelhantes às dos
adultos, que possuem olhos compostos mas não apresentam asas e nem
apêndices genitais. Através de uma série de modificações graduais atingem o
estado adulto. Geralmente, ninfas e adultos vivem nos mesmos ambientes e
exploram o mesmo tipo de recurso alimentar. As únicas mudanças, portanto,
são no tamanho, na maturidade sexual e no grau de desenvolvimento das
asas. É o caso de gafanhotos (ordem Orthoptera; ninfa: “saltão”), baratas
(ordem Blattodea), percevejos (ordem Hemiptera), piolhos (ordem Anoplura).
Nas libélulas (ordem Odonata), efemérides (ordem Ephemeroptera) e
plecópteros (ordem Plecoptera) as ninfas são aquáticas, respiram por
brânquias e são chamadas de Náiades.
3) Holometábolo ou holometabólico = é o desenvolvimento indireto nos insetos.
Apresentam metamorfose completa cerca de 88% dos insetos e nestes ocorre
nítida separação dos processos fisiológicos, de crescimento, diferenciação e
reprodução. Portanto, cada fase do ciclo de vida tem uma biologia
independente e eficaz sem competir com as demais. De modo geral as etapas
são: ovo -> larva (“lagarta”) -> pupa/crisálida (casulo) -> imago. É o caso de
borboletas e mariposas (ordem Lepidoptera), moscas e mosquitos (ordem
Diptera), besouros (ordem Coleoptera), formigas e abelhas (ordem
Hymenoptera), pulgas (ordem Siphonaptera).
TIPOS LARVÁRIOS:
1) CAMPODEIFORMES: Possuem cabeça, tórax e abdome distintos e 3 pares de
pernas para locomoção ágil. Com antenas e apêndices bucais. O último
segmento abdominal possui 1 par de longos cercos. Ocorre em Coleópteros
carnívoros.
2) ERUCIFORMES: Larvas de corpo mole e cilíndrico com cabeça, tórax e
abdome diferenciados. Aparelho bucal triturador. Com pernas articuladas.
Segmentos abdominais com “falsas patas”, apêndices curtos, roliços e não
articulados. São as lagartas de borboletas (taturanas) e as falsas lagartas de
alguns himenópteros.
3) MELOLONTÓIDES OU ESCARABEIFORMES: Corpo recurvado em forma de
vírgula com a abdome intensamente desenvolvido; 3 pares de pernas torácicas
são curtas e não permitem a locomoção. Se a larva for tirada do interior da
substância (fruto, semente, caule) que lhe serve de alimentação, não se
manterá em equilíbrio e cairá sobre um dos lados. É típica de coleópteros
carnívoros.
4) ÁPODAS ou VERMIFORMES ou HELMINTÓIDES: São totalmente
desprovidas de apêndices locomotores. Podem ter cabeça diferenciada
(mosquitos) ou não (moscas). Aparecem nos Dípteros.

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