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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL


Departamento de Protecção Vegetal

APONTAMENTOS DE ENTOMOLOGIA

Compilado por: Domingos Cugala

Maputo. 2016
INTRODUÇÃO

Artrópodes

O filo Arthropoda (do grego, arthron = articulação + podos = patas) é o grupo mais
numeroso dos seres vivos na Terra. Contém cerca de 1.000.000 de espécies conhecidas,
o que é pelo menos quatro vezes o total de todos os outros grupos de animais juntos.
Inclui os insectos, as aranhas, escorpiões, miriápodes, centopéias, os crustáceos e outros
subgrupos menores. Estão largamente distribuídas pela terra, em quase todos os
ecossistemas. Há espécies marinhas, de água doce e terrestres, nos mais diversos pontos
do planeta. O Phylum Arthropoda é constituído por varias classes incluindo as Classes
Insecta, Arachnida, Chilopoda, Diplopoda, Crustacea.corpo dividido em 3 regioes (cabeça,
torax e abdomen), 3 pares de patas, 2 pares de asas, 1 pare de antenas, olhos compostos
e ocelos. Ex: insectos.
regiões (cefalotórax e abdómen), 4 pares de patas, dois pares de quelíceras e nao
possuem asas nem antenas. Ex: aranhas, escorpiões, ácaros.

Classe Chilopoda: quilópodos são animais com o corpo alongado e dividido em dezenas
de segmentos. Em cada segmento, encontram-se um par de patas. Os chilópodos
apresentam um par de patas em cada segmento, um par de antenas na cabeça e não
possuem asas. Ex: Centopeias.

Classe Diplopoda: os indivíduos desta classe são caracterizados por apresentar dois
pares de patas em cada segmento, um par de antenas, sem asas. Ex: milipés ou maria
café.

Classe Crustacea: os crustáceos possuem dois pares de antenas, 5 pares de patas,


corpo dividido em 2 regiões (cefalotórax e abdómen). Ex: caranguejo, camarão

Características gerais dos Artrópodes

Os artrópodes possuem entre outras as seguintes características gerais: 1) corpo


segmentado, 2) apêndices articulados (patas, antenas e palpos), 3) esqueleto externo (ou
exoesqueleto) constituído por uma substância resistente e impermeável, chamada quitina
e 4) simetria bilateral. A quitina é um polímero nitrogenado de polissacarídeos e
impregnada de camadas.

Classe Insecta

A Classe Insecta inclui todos os insectos são os mais numerosos e diversificados de todos
os artrópodes, com cerca de 850 000 espécies conhecidas e descritas.

Entomologia é a ciência que estuda os insectos sob todos os seus aspectos e relações
com o homem, as plantas e os animais. A Entomologia é proveniente da união de dois
termos gregos entomon = insecto e logos (logia) = estudo (ciência) e vem sendo usada
desde a milhares de anos.

Características gerais dos insectos


As principais características dos insectos são: o corpo dividido em três regiões ou
segmentos: cabeça, tórax e abdómen. Os insectos ainda possuem 1 par de antenas
(órgãos sensoriais); 3 pares de patas (hexápodes) no tórax; 2 pares de asas, no tórax (na
maioria das vezes, mas há espécies com apenas um par de asas desenvolvidas e o
segundo transformado em órgão de equilibro chamados halteres e ainda outras espécies
ou indivíduos sem asas). Os insectos apresentam uma simetria bilateral. Os
insectos são únicos artrópodes com capacidade de voar.

Segmentação do corpo dos insectos

Os segmentos nos insectos estão organizados em unidades funcionais, que dão origem às
regiões do corpo (cabeça, tórax e abdómen). Assim, o corpo dos insectos está dividido em
três partes ou regiões: cabeça, tórax e abdómen que são morfológica e funcionalmente
diferentes. Nessas duas últimas partes, pode-se notar uma segmentação mais evidente.
Na cabeça, encontram-se um par de antenas e um par de olhos compostos e em algumas
espécies um número variável de ocelos ou olhos simples. Esses olhos formam uma
imagem "em mosaico". Cada unidade visual chama-se omatídeo. Enquanto a cabeça
desempenha a função de percepção sensorial, e orientação do animal, o tórax tem a
função de locomoção do animal (devido a presença de patas e asas que são estruturas de
locomoção) e abdómen acomoda os órgãos internos e permite a troca de gases (entrada e
saída de ar).

Segmentação e divisão do corpo dos insectos (Gafanhoto)

O tegumento ou exoesqueleto

Esqueleto externo (ou exoesqueleto) constituído por uma substância resistente e


impermeável, chamada quitina. O exoesqueleto é uma estrutura composta de várias
camadas, com as funções de: Protecção externa, barreira contra a perda de humidade,
sustentação muscular, interface sensorial com o ambiente.

O grande sucesso dos insectos deve-se em parte ao seu exoesqueleto, que confere uma
mistura de flexibilidade e força permitindo que o insecto tenha liberdade de movimento e
ao mesmo tempo não perca em defesa e protecção. O tegumento (exoesqueleto) é
constituído de três partes: a mais externa é a cutícula, abaixo desta vem a epiderme e a
membrana basal.
Cabeça

Basicamente a cabeça é constituída por uma cápsula


endurecida, o crânio. Na cabeça estão inseridos
apêndices tais como um par de antenas (função táctil), os
olhos compostos e ocelos (visão e fotorecepção), o
aparelho bucal (alimentação) e Palpos bucais (função
táctil e gustativa). A cabeça dos insectos é uma cápsula
muito dura que se liga ao tórax por um pescoço
membranoso flexível.

Dependendo da posição das peças bucais em relação ao


corpo, a cabeça pode assumir qualquer uma das três
estruturas a seguir:
1. Hipognata: Se as peças bucais estiverem dirigidas para baixo perpendicularmente
ao corpo do insecto (Fig A);
2. Prognata: Se os apêndices bucais estiverem direccionados para frente do corpo e
se projectam à frente dos olhos formando um ângulo de 180 graus com eixo de
corpo (Fig. B);
3. Opistognata: as peças bucais são dirigidas para baixo e para trás do corpo,
formando um ângulo inferior a 90 graus com o eixo (Fig. C).

Posição das peças bucais em relação ao corpo: A. Hipognata; B. Prognata; C.


Opistognata
Olhos compostos e ocelos

Em cada lado da cabeça encontra-se um olho composto, assim chamado por estar
constituído de muitas e pequenas unidades em que cada uma constitui um olho, o
omatídio. Em alguns insectos ainda é possível encontrar ocelos ou olhos simples

A B
C
Fig. Olhos compostos e ocelos: A. Olho composto de uma mosca; B. Olho composto de
uma libelula; C. Ocelos numa cigarra

As antenas

Todos os insectos adultos possuem um par de antenas. As antenas são apêndices pares
que se localizam perto dos olhos na parte anterior da cabeça. As antenas são órgãos
estritamente sensoriais e possuem um grande número de sensilas. Tipicamente uma
antena apresenta a seguinte estrutura: escapo (a parte basal); pedicelo; flagelo
(constituído por um número variável de artículos ou antenômeros).

Tipos de antenas. As antenas podem ser de vários tipos consoante a modificação do seu
flagelo. As antenas são denominadas de acordo com o aspecto dos antenômeros do
flagelo

a) Filiforme: tipo primitivo. Ex.: baratas, gafanhotos.


b) Moniliforme: semelhantes a contas de um colar. Ex.: alguns coleópteros.
c) Clavada: o flagelo termina em uma dilatação similar a uma clava. Típica de borboletas.
d) Capitada: massa apical bastante dilatada. Coleópteros.
e) Imbricada: artículos em forma de taça. Em besouros do género Calosoma.
f) Fusiforme: artículos medianos dilatados, dando à antena aspecto de fuso. Comuns
em lepidópteros.
g) Serrada: artículos com dilatações em forma de dentes de serra. Comuns em alguns
coleópteros.
h) Estilada: apresenta um pequeno estilete na extremidade do flagelo. Diversos dípteros
e mariposas.
i) Plumosa: flagelo com inúmeros pelos: Típica de machos de mosquitos.
j) Flabelada: expansões laterais em forma de lâminas. Alguns coleópteros.
k) Setácea: flagelo em forma de ceta. Comuns em Odonata, Hemiptera (percevejos).
l) Furcada: antenômeros do flagelo dispostos em dois ramos. Em machos de alguns
microhimenópteros.
m) Pectinada: artículos com dilatação lateral, assemelhando-se a um pente. Comuns em
borboletas.
n) Lamelada: Semelhante a lâminas que se sobrepõem. Típicas de coleópteros da
família Scarabaeidae.
o) Geniculada: flagelo forma um ângulo de 90º com o escapo. Ex: formigas, abelhas e
vespas.
p) Aristada: Flagelo globoso, apresentando apenas um pelo, denominado arista. Ex:
moscas.
q) Composta: combinações dos diversos tipos.
Diferentes tipos de antennas dos insectos
Aparelho bucal

O aparelho bucal compõe-se, primitivamente, de um conjunto de oito apêndices


móveis:
a) Lábio superior (LS): também chamado de labro ou labrum. Articulado no clípeo
ou epistoma, pela sutura clipeolabral. Pode se movimentar para cima e para
baixo, com função de protecção e fixação dos alimentos, para serem trabalhados
pelas mandíbulas.
b) Mandíbulas (MD): abaixo do labro. Duas peças compactas e rijas com um bordo
dentado. Com função de triturar, cortador, moer, perfurar alimentos sólidos.
Também desempenham a função de defesa.
c) Maxilas (MX): São duas peças auxiliares das mandíbulas, durante a alimentação.
Formadas por várias peças, algumas com função táctil, gustativa, mastigadora e
perfuradora.
d) Lábio inferior (LI): Também chamado de lábio ou lábium. Constituída pela fusão
de duas maxilas nos artrópodes primitivos, havendo então homologia entre as
peças do lábio e das maxilas. Tem função táctil e de retenção de alimentos.
e) Epifaringe (EP): Na parte interna ou ventral do labro, constituída por uma dobra
membranosa recoberta por pelos sensíveis, com função gustativa.
f) Hipofaringe (HP): Inserido junto ao lábio inferior. Com função gustativa e táctil.
Apresenta função de canal salivar em muitos insectos sugadores.

Tipos de aparato bucal

Para se adaptarem aos diversos tipos de alimentos que exploram, as peças bucais dos
insectos apresentam modificações, dando origem a diferentes tipos de aparelhos
bucais.

Os diferentes tipos de aparelho bucal podem ser dividido em dois grandes grupos:

a) Tipo mastigador (para exploração de alimentos sólido): É o mais primitivo,


apresentando todas as peças bucais. Caracterizado por apresentar duas
mandíbulas adequadas para cortar objectos e triturar alimentos sólidos, agarrar
presas (caso de predadores com mandíbulas que possuem um dente),
acasalamento, construção de ninhos e protecção (ex. gafanhotos, coleópteros,
térmites).

b) Tipo sugador (adaptado para exploração de alimentos líquidos): Peças bucais


modificadas em estiletes ou atrofiadas, com excepção do lábio superior, que é
normal e pouco desenvolvido. Lábio inferior transformado num tubo (haustelo,
rostro ou bico), que aloja os demais estiletes. A função picadora (sucção do
alimento) é realizada pelas mandíbulas, epifaringe e hipofaringe. As maxilas, com
extremidades serradas, têm função perfuradora. Há subtipos, de acordo com o
hábito alimentar: sugador labial ou picador-sugador (percevejos), sugador-não
picador, raspador-sugador, lambedor-sugador (espirotromba) (borboletas).

Neste grupo ainda se pode distinguir os seguintes grupos de aparelhos bucais:

1. Sugador-picador (percevejos, afídeos), possuem um proboscide ou rostro formado


pelos estiletes mandibulares e maxilares e pelo labium. Estiletes maxilares formam
a bomba de aspiração (=canal alimentar) e conduzem a saliva e absorvem o
alimento. Os estiletes mandibulares perfuram o tecido do hospedeiro enquanto os
estiletes maxilares penetram e sugam o alimento.

2. Sugador não picador (insectos que se alimentam de água ou de nutrientes nela


contidos), nectar das flores ou melada secretada pelos afídeos e cochonilhas.
As borboletas possuem um aparelho bucal chamado libador, em que existe uma
longa proboscide (formada por gáleas), outras peças bucais estão atrofiadas
(excepto palpos labiais e maxilares). A sua proboscide fica enrolada quando o
animal se encontra em repouso e extendida quando o insecto estiver em actividade.

O aparelho bucal das abelhas chama-se sugador-lambedor que é caracterizado por


um desenvolvimento maior das glossas dos palpos labiais e das gáleas. As glossas
formam um lóbulo flexível que é usado para lamber e sugar os alimentos. A faringe
está modificada numa bomba sugadora.
Peças bucais de tipo mastigador (Gafanhoto)

A B

Peças bucais de tipo Sugador: A. picador – sugador (mosquito) e B. lambedor-sugador


(mosca doméstica)
Tórax

Enquanto a cabeça está ligada aos órgãos dos sentidos, o tórax está associado às
actividades de locomoção dos insectos (patas e asas). O tórax está composto de 3
segmentos: 1) Protórax (parte anterior do tórax), onde se inserem as patas anteriores ou
primeiro par de patas; 2) Mesotórax (parte mediana), onde estão inseridas as patas
médias ou segundo par de patas e primeiro par de asas (asas anteriores) e 3) Metatórax
(parte posterior), segmento do tórax onde estão inseridas as patas posteriores ou
metatorácicas ou terceiro par de patas e segundo par de asas (asas posteriores). Um par
de espiráculos está presente em cada um dos dois últimos segmentos do tórax (meso e
metatórax).

Em cada segmento do tórax existe um par de espiráculos (aberturas para trocas gasosas).
É no tórax onde estão inseridas as asas e patas (estruturas de locomoção).

Patas

Todos insectos adultos possuem 3 pares de patas localizadas nos 3 segmentos do tórax.
As patas são constituídas por seis segmentos: coxa, trocânter, fémur, tíbia, tarso e
tarsómeros. As patas são denominadas anteriores, medianas e posteriores de acordo com
a sua inserção (da cabeça para o abdómen). O tipo de pata é importante para caracterizar
os hábitos do insecto. Assim, consoante as suas adaptações, as patas podem ser
saltatórias (adaptadas para o salto), preensoras (para captura de presas), natatórias (para
nadar), escavatórias (para cavar), ambulatórias (sem adaptação especifica).
Tipos de patas: A. estrutura típica de uma pata; B. Pata preensora de um predador
(Louva-a Deus); C. Pata saltadora de um gafanhoto; D. ambulatória ou corredora de uma
barata; E. Pata natatória de um coleóptero de água; F. Pata escavadora de um orthoptero;
G. Órgão do tímpano na pata anterior de um gafanhoto; H. Pata colectora ou cesto de
pólen de uma abelha
Asas

As asas são invaginações da parede do corpo localizadas dorso lateralmente entre os terços
e as pleuras. As asas são denominadas anteriores e posteriores de acordo com a sua
inserção (da cabeça para o abdómen), e são desenvolvidas apenas nos adultos. Na fase
adulta, os insectos podem ter 1 ou 2 pares de asas desenvolvidas ou não possuir asas. Os
insectos desprovidos de asas, são chamados de ápteros e os que possuem asas são
denominados alados. Os insectos que apresentam um par de asas desenvolvidas são
dípteros, os que possuem 2 pares de asas são chamados tetrápteros. Nos dípteros, o par
posterior de asas é reduzido e serve como sistema de equilíbrio e direcção, durante o voo.
Essas asas são chamadas hálteres. Alguns insectos, como as formigas e termites,
apresentam asas apenas nos seus estágios sexualmente activos, enquanto os demais
membros das sociedades não as possuem. Os insectos que possuem asas são chamados
de alados e os que não possuem asas são ápteros.

De acordo com as modificações estruturais apresentadas, as asas podem ser agrupadas nos
seguintes tipos, que são importantes na identificação da ordem do insecto: membranosas,
tegminas, élitros e hemiélitro.

a) Membranosas: finas e transparentes. Ocorre nas moscas, cigarras, afideos.


b) Tegminas (Pergaminhosas): finas, opacas, flexíveis e coloridas. Está presente em
baratas, gafanhotos, louva-a-deus.
c) Élitros: espessas ou duras e opacas. Os besouros apresentam este tipo de asa.
d) Hemiélitros: são élitros na base e membranosa na ponta. Está presente nos percevejos.
e) Franjadas: são alongadas, com pêlos longos em toda a sua extensão e nervuras
reduzidas (apenas uma nervura central). Característico da ordem Thysonoptera.

Nervuras

As nervuras são expansões que percorrem as asas, dando sustentação para as mesmas.
Têm grande importância na taxonomia dos insectos, sendo agrupadas, de acordo com sua
disposição em longitudinais e transversais.
hemiélitro tégmina
membranosa élitro
Abdómen

O abdómen constitui a terceira e maior região do corpo dos insectos, com


segmentação típica e ausência de apêndices locomotores. No máximo 11 segmentos
podem ser encontrados no abdómen dos insectos adultos, dos quais 9 ou 10 são
claramente visíveis. Os 8 primeiros possuem, cada um, um par de espiráculos laterais.

Cada segmento abdominal é formado por um tergito (tergum) na parte dorsal e um


externito (sternum) na parte ventral separados por uma membrana pleural. Por isto, o
abdómen dos insectos é muito móvel e flexível. Os segmentos 8 e 9 (na fêmea) e 9
(nos machos), estão modificados e formam órgãos externos de reprodução, a genitália
externa. Os últimos segmentos do abdómen podem ter um par de apêndices laterais
chamados cerci ou cercos.

Estrutura tipica de um abdomen dos insectos


Tipos de abdómen

Dependendo da inserção do abdómen ao tórax, o abdómen pode ser:


1. Séssil, quando o abdómen se liga ao tórax em toda a sua extensão. Ex.:
baratas, gafanhotos, besouros e outros (A);
2. Peciolado ou livre, quando o segundo segmento abdominal apresenta uma
constrição mais curta. Ex.: moscas, abelhas, borboletas e outras (B);
3. Pedunculado, quando o segundo segmento abdominal apresenta uma forte e
longa constrição. Ex.: formigas e vespas (C);

Formas jovenis dos insectos (larvas)


apresentando falsas patas abdominais: Ordem
Lepidoptra (em cima) e Ordem Hymenoptera
(em baixo)
REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS INSECTOS

O desenvolvimento pode ser embrionário ou pós-embrionário. O primeiro tipo decorre


desde a fecundação do ovúlo até a eclosão ou postura dos ovos e o segundo inicia-se
logo a seguir a eclosão dos ovos até a formação do adulto.

A maioria dos insectos reproduz-se sexuadamente e por oviparidade. Outros tipos de


reprodução ocorrem nos insectos, mas em menor escala. Assim, os seguintes tipos de
reprodução são frequentes nos insectos:

1. Oviparidade: tipo mais comum de reprodução. As fêmeas colocam ovos dos quais
as formas juvenis emergem mais tarde;
2. Viviparidade: Desenvolvimento embrionário é completado dentro do corpo da
fêmea que deposita larva ou ninfa em vez de ovos. Ex: Alguns dípteros (mosca tsé-
tsé);
3. Ovoviviparidade: o ovo ou é colocado em estado avançado de desenvolvimento ou
eclode dentro da fêmea e logo a larva é depositada (ex. Thysanoptera, Blatodea,
Diptera - Tachinidae);
4. Partenogênese: Ovos se desenvolvem completamente, sem nunca terem sido
fertilizados. Pode ser facultativa ou obrigatória. A partenogênese pode ser:
1. Arrenotoquia: o quando dos ovos colocados apenas há produção de
machos;
2. Telitoquia: ovos originam apenas fêmeas;
3. Deuterotoquia ou Anfitoquia: ovos originam machos e fêmeas (nas
abelhas, afídeos, trips);
4. Pedogênese: Produção de ovos ou de formas jovens por indivíduos
imaturos; partenogênese larval ou pupal.
5. Hermafroditismo: neste tipo de reprodução, as gónadas masculinas e femininas
desenvolvem-se no mesmo individuo (ex: na fêmea) e os ovos são autofertilizados
(ex. cochonilhas algodão, Icerya purchasi (Sternorrhyncha, Margarodidae).

Desenvolvimento pós-embrionário dos insectos

O desvolvimento pós-embrionario inicia-se logo a seguir a colocaçao dos ovos pela


femea até a formação do adulto. Os ovos são postos pela fêmea em estado de
desenvolvimento variável dependendo da espécie e são depositados de maneiras e
locais variados (isolados, em massa, pacotes, no solo, nas plantas, em outros insectos,
etc). As dimensões, formas e cores dos ovos são muito variados (alongados, ovais,
esféricos, cilíndricos).

A partir dos ovos eclodem as formas juvenis (larvas ou ninfas) consoante o tipo de
metamorfose. O crescimento dos jovens passa por varios estagios até chegar a fase
adulta. O crescimento dos insectos ocorre através das mudanças de pele (tegumento)
ou ecdyses, permitindo o aumento em tamanho do insecto, processo chamado de
muda.
A parede externa do corpo dos insectos é muito esclerosada e pouco elástica. Durante
o desenvolvimento juvenil, a parede externa não é suficientemente elástica para se
dilatar e conter ou acomodar o corpo do insecto (de tamanho maior). O insecto precisa
de uma cuticula maior. Assim, o insecto deve trocar o exoesqueleto, substituindo-o por
um novo tegumento. O insecto não troca toda a parede externa, mas somente a
cutícula. Dado que as traquéias, o estomodeu e o proctodeu são invaginações da
parede externa, o insecto troca também a cutícula destes órgãos.

A velha cutícula é eliminada e abandonada no ambiente e chama-se exúvia. No inicio


da muda as células da epiderme segregam um líquido, chamado líquido de muda, que
separa a velha cutícula da epiderme. A velha cutícula portanto separa-se.
Simultaneamente a epiderme segrega a nova cutícula de maior tamanho. Geralmente
aparece uma fenda na velha cutícula ao longo da linha mediana dorsal do tórax. A
fenda cresce e o insecto sai da velha cutícula através desta fenda. Durante o
desenvolvimento juvenil do insecto realiza-se um número variável de mudas
(geralmente 4-20 mudas) até chegar a fase adulta.

O estado de desenvolvimento entre duas mudas chama-se instar. Estádio ou estágio


é o intervalo de tempo entre duas mudas (tempo que dura o instar). O primeiro instar
ocorre entre a eclosão do ovo e a primeira muda; o segundo instar é entre a primeira e
a segunda muda; e assim por diante. Diz-se jovem de primeiro instar, do segundo
instar, etc.

As mudas são controladas pela actividade de duas hormonas, 1) a hormona juvenil ou


neotenina (segregada por glândulas chamadas corpora allata, que se encontram na
cabeça) e 2) a hormona da muda ou ecdisone (segregada pela glândula
protorácica, que se encontra no protórax). Enquanto que a neotenina inibe a muda e
conserva as características juvenis, a hormona da muda promove as mudas.

Quando o insecto jovem eclode do ovo, no seu corpo há uma grande produção de
neotenina ou hormona juvenil (que mantem as características juvenis) e à medida que
o insecto vai crescendo, a quantidade de neotenina vai diminuindo enquanto aumenta a
produção de ecdysone ou hormona de muda. Até um certo nível de ecdysone, ocorre a
primeira muda e o processo vai continuando até que a neotenina acabe e o insecto se
transforma em adulto. As mudas terminam quando o insecto atinge o estado adulto (fim
do crescimento).

Durante o desenvolvimento a forma do insecto pode mudar muito. O conjunto de todos


os processos de desenvolvimento pelos quais o primeiro instar se transforma em
instars sucessivos até chegar ao estado adulto, ou seja mudança de formas chama-se
metamorfose (mudança de forma durante o desenvolvimento desde o estágio de ovo
até a fase adulta).
Cérebro

Hormona do
Hormona
cérebro
juvenil (HJ)

Glandula
protoráxica

Ecdisona (E)

Larva Pupa Adulto


HJ + E HJ + E E

Ecdysona

Hormona juvenil

t
Metamorfose

Nos insectos ocorrem dois principais tipos de metamorfose: metamorfose simples ou


incompleta e completa.

Na metamorfose simples o jovem (chamado ninfa) é muito semelhante ao seu


respectivo adulto, as asas desenvolvem-se externamente e geralmente não há um
estádio de repouso prolongado antes da última muda. Ex: Orthoptera, Isoptera,
Hemiptera, Homoptera, Thysanoptera

Na metamorfose completa o jovem (chamado larva) é muito diferente do seu


respectivo adulto, as asas desenvolvem-se internamente (na pupa) e há um estádio de
repouso (pupa) prolongado antes da última muda. Ex: Lepidoptera, Coleoptera, Diptera,
Hymenoptera.

Tipos de metamorfose

Existem diferentes variações de metamorfose simples e completa; os principais são os


seguintes:

1. Metamorfose simples ou incompleta


Alternam-se as seguintes fases de desenvolvimento: ovo – ninfa (alguns estádios) –
adulto. As seguintes são as variações ou tipos de metamorfose simples:

1.1. Ametabolia, as formas jovens e adultos apresentam a mesma forma (não há


mudança de forma), havendo diferenças no tamanho e no desenvolvimento do
aparelho reprodutor (passa pelas fases ovo - ninfas (alguns estádios) - adulto
(primitivamente sem asas) (ex. Thysanura e Diplura).

1.2. Hemimetabolia, as formas jovens são semelhantes aos adultos em muitos


aspetos, mas não possuem asas, gónadas e genitália externa desenvolvida. Ex: Nos
Odonata, Blattodea, Mantodea, Isoptera, Orthoptera, Hemiptera, Homoptera,
Dermaptera, Phasmodea, entre outras ordens.

1.3. Neometabolia, verificam-se os seguintes estádios de desenvolvimento: ovo -


ninfas (alguns estádios) - prepupa (1-2 estádios) - pupa (1 estádio) - adulto ( com asas
ou secundariamente sem asas). As prepupas e subpupas são estádios nos quais o
insecto fica imóvel e não come. Dado que na neometabolia há alguns estádios de
repouso (estádio em que o insecto não se move e nem se alimenta) antes da última
muda, este tipo de metamorfose é considerado de transição entre a metamorfose
simples e a completa. Ex: Nos Thysanoptera.

Existem outros tipos de metamorfose simples (Prometabolía, Oligometabolía,


Anametabolía), mas não se encontram em ordens importantes do ponto de vista
agrícola ou florestal.
2. Metamorfose completa ou holometabolia

2.1. Holometabolia, alternam-se os seguintes estádios: ovo - larvas (alguns estádios) -


pupa (1 estádio) - adulto (com asas ou secundariamente sem asas). A pupa é um
estádio de repouso antes da última muda no qual ocorrem complexas transformações
da larva em adulto. Ex: Nos Diptera, Coleoptera, Lepidoptera, Hymenoptera,
Neuroptera, Mecoptera e outras ordens.

2.2. Hypermetabolia, ocorre quando os holometábolos possuem um ou mais tipos de


larvas: ovo -larvas do 1º tipo (1 ou alguns estádios) – pre-opupa (1 estádio) – pupa –
adulto (com ou secundariamente sem asas). A larva do 1º tipo é alongada, ágil, com
patas longas e robustas e procura a presa ou alimento. Depois a larva passa para fase
de pre-pupa (larva que nao se alimenta) a qual depois passa para a fase de pupa
propriamente dito. Ex: Nos Coleoptera (Meloidae).

2.3. Criptometabolia, observam-se os seguintes estádios: ovo - (larva) - (pupa) -


adulto (com ou secundariamente se asas). Os estádios de larva e pupa não são
visíveis pois se desenvolvem dentro de um grande ovo. Aparentemente, o adulto nasce
directamente do ovo. Em alguns Coleoptera que vivem em cavernas.

3. Catametabolia: Nos insectos, ocorre um outro tipo de metamorfose chamada


Catametabolia. Ela pode ocorrer tanto em insectos com metamorfose simples como em
insectos com metamorfose completa. Neste tipo de metamorfose, os adultos estão
reduzidos em relação aos jovens (larvas ou ninfas) em certos órgãos ou estruturas. Ex.:
falta de patas nos adultos que haviam nos jovens. Ex: Nas ordens Coleoptera,
Homoptera, Lepidoptera, etc.
Metamorfose simples ou incomplete Metamorfose complete (Lepidoptera)
(barata)

Metamorfose complete, Hipermetabolia (Coleoptera): L1, L2 (larvas); L3 (larva pre-pupa);


P (pupa) A (Adulto)
A C
B

Tipos de de desenvolvimento pós-embrionário. A. Ametabolia (Piolhos, Anoplura); B.


Hemimetabolía (Baratas, Blattodea); C. Holometabolía (Gorgulhos, Coleoptera: Curculionidae).
Principais tipos de larvas

As formas juvenis dos insectos que e desenvolvem por metamorfose completa são
chamadas larvas ou lagartas (larvas que apresentam falsas patas abdominais). Os
seguintes são os diferentes tipos larvas:

1. Larva polipoide ou eruciforme: as larvas apresentam corpo cilíndrico, patas torácicas


e falsas patas abdominais com colchetes ou ganchos. Ex: lagartas de Lepidoptera e
certos Hymenoptera.

2. Larvas oligopoide: as larvas apresentam apenas patas torácicas e estas podem ser:

2.1. Larvas oligopoide compodeiforme, quando a larva é alongada, ágil, com patas
torácicas longas para locomoção rápida, sem falsas patas abdominais. Ex: alguns
Coleoptera, (Besouros – Coccinellidae) e Neuroptera);

2.2. Larvas oligopoide escarabeiforme: larvas com o corpo cilíndrico e curvado em


forma de C, com patas torácicas, sem falsas patas. Ex:Ordem Coleoptera, Família
Scarabeidae);

3. Larvas ápoda: compreende larvas que não possuem patas torácicas nem falsas patas
abdominais e podem ser:

3.1. Larvas ápoda Eucéfala: larva curvada (em forma de C), sem patas torácicas e sem
falsas patas. Larvas com bem desenvolvida. Ex: Coleoptera Curculionidae, Hymenoptera;

3.2. Larvas ápoda acéfala, larvas que apresentam uma cabeça muito reduzida. Ex:
Diptera e em muitos Coleoptera (sobretudo as larvas que escavam galerias na madeira
das árvores).
E
G
F

D
C

A
B

Tipos de larvas: A. larva eruciforme ou polipoide; B. larva ápode acefala; C e D. larva


oligopoide escarabeiforme; E. larva oligopoide compodeiforme; F e H. Larvas ápoda
Eucéfala; G. Larvas ápoda acéfala

Principais tipos de pupas

Pupa é o estado de repouso prolongado e protegido por um casulo, num pupário, em que
o insecto não se move nem se alimenta. E os principais tipos de pupas são os seguintes:

1. Exarata ou livre: pupa com apêndices livres, ou seja, não colados ao corpo. Ex:
Coleoptera, Hymenoptera, Neuroptera;

2. Obtecta: os apêndices (antenas, asas, patas) estão colados ao corpo. Ex: Lepidoptera;

3. Coarctata, são pupas (exaratas) cobertas pelas exúvias endurecidas do último instar
larval as quais formam um invólucro chamado pupário. Ex: ordem Diptera, Brachycera.
Pupas de tipo Exarata ou livre

Pupas de tipo Obtecta Pupas de tipo Coarctata

Gerações e ciclos de vida nos insectos

As gerações dos insectos (desde ovo até o adulto em reprodução) variam muito entre os
insectos. Os insectos podem ter uma, duas ou mais gerações por ano. Os que possuem
uma geração por ano, chamam-se univoltinos. Os insectos que desenvolvem duas
gerações por ano são chamados de bivoltinos e os que têm mais de duas gerações por
ano são chamados multivoltinos.

Os insectos são, geralmente, semélparos, isto é, organismos que possuem apenas um


período reprodutivo durante a vida seguido de mortalidade ou que se reproduzem apenas
uma vez durante o seu ciclo de vida. Assim, os indivíduos de uma mesma geração
possuem mais ou menos a mesma idade, não havendo sobreposição de gerações
sucessivas. Ao contrario dos organismos iteróparos que apresentam vários períodos
reprodutivos ao longo da vida (como vários mamíferos) havendo sobreposição de
gerações sucessivas ao longo do tempo

Diapausa

A diapausa é o termo usado para designar os casos de interrupção de desenvolvimento.


Ela é uma adaptação biológica à variação dos factores do meio ambiente, sincronizando o
desenvolvimento do insecto com as condições favoráveis do meio ambiente. Ela ocorre
como consequência de falta de ecdysone (hormona de muda) devido à inibição das
células neurosecretoras (produtoras de ecdysone) do cérebro, provocada por um
determinado factor.
A diapausa pode ser obrigatória, quando for independente de factores externos,
ocorrendo nos insectos univoltinos, ou facultativa, que depende de factores externos e é
encontrada nos insectos multivoltinos. A diapausa pode ocorrer em qualquer fase de
desenvolvimento do insecto. Na fase juvenil (ovo, larva/ninfa e pupa), a diapausa é uma
interrupção do crescimento e na fase adulta, ela é uma interrupção de reprodução.

A diapausa facultativa pode ser provocada por vários factores externos tais como:
temperatura, humidade relativa do ar, luz, alimento, estações do ano e fotoperiodismo,
sendo a temperatura e o alimento os factores mais importantes.

Quando a diapausa ocorre devido à baixa temperatura, ela é denominada hibernação;


quando devido à alta temperatura chama-se estivação e quando devido à humidade
denomina-se quiescência.
SISTEMÁTICA DOS INSECTOS

A sistemática ou taxonomia é o ramo das ciências biológicas relativo ao reconhecimento,


descrição, nomenclatura e classificação dos organismos vivos. Actualmente, os
organismos vivos estão distribuídos por 5 reinos:

1. Monera: organismos procariotas (bactérias e algas azuis-verdes;


2. Protista: Seres unicelulares e eucarióticos;
3. Fungi: Organismos multinucleados (fungos);
4. Plantae: Organismos multicelulares com fotossíntese (vegetais);
5. Animalia: Seres vivos multicelulares e heterotróficos (animais).

Classificação dos seres vivos

O sistema geral de classificação aceite a nível internacional é o sistema que reflecte


relações evolutivas (que refere que os organismos da terra evoluíram a partir de
ancestrais comuns).

Categorias taxonómicas ou sistemáticas

Em taxonomia a unidade básica de classificação é a espécie (a unidade genética mais


pequena e é um sistema genético fechado, pois o movimento dos genes e suas
combinações, ou seja, o material genético flui entre os membros da mesma espécie).
Assim, espécie é um grupo de indivíduos reprodutivamente isolados de outros grupos ou
seja, grupo de indivíduos capazes de se cruzarem e produzirem uma prole fértil.

O sistema de Lineu (Carolus Linnaeus, 1758) consiste em 7 agrupamentos básicos


chamados Taxa (plural) e taxon (singular). Os taxa formam uma hierarquia em que cada
grupo ou taxon inclui uma variedade de características maior do que o grupo que lhe é
imediatamente inferior. As 7 principais categorias básicas (em Latim):

O Phylum está composto por várias Classes;


Cada Classe pode ser dividida em Sub Classes;
Cada sub Classe pode dividir-se em Ordens;
Cada ordem pode ser em subordens;
Cada subordem é dividida em superfamílias;
Cada superfamília é dividida em famílias;
Cada família pode ser dividida em subfamílias;
Cada subfamília pode ser dividida em tribos;
Cada tribo é dividida em géneros;
Cada género pode ser dividido em subgéneros;
Cada subgénero é dividido em espécies;
Cada espécie pode ser dividida em subespécies (ou raças);
Neste tipo de classificação a espécie é a única categoria sistemática com valor absoluto
ou biológico porque possui um valor biológico. A espécie de facto é considerada como um
grupo de indivíduos ou de populações que, na natureza, são capazes de se cruzarem
entre si e produzirem uma prole fértil e que são isolados reprodutivamente de outros
grupos.

Todas as outras categorias têm apenas um valor relativo, quer dizer elas foram inventadas
pelo homem para estabelecer uma certa ordem na classificação dos animais. Elas
portanto são categorias subjectivas, que podem variar em função das opiniões dos
cientistas.

Além do sistema de agrupamento hierárquico, Lineu estabeleceu igualmente o sistema de


denominação das espécies conhecido como Nomenclatura Binomial (denominação com
dois nomes, género e espécie ou seja, o nome da espécie deve estar acompanhado
sempre do seu respectivo género). Todos os nomes devem ser escritos em Latim (em
itálico ou sublinhados), para evitar confusão que podem vir de nomes locais ou em línguas
modernas que podem sofrer modificações.

Cada insecto tem uma denominação científica, que segue regras definidas pelo Código
Internacional de Nomenclatura Zoológica. Os nomes da espécie e género são sempre
escritos em itálico ou sublinhados. Os nomes dos géneros e categorias superiores
começam sempre com letra Maiúscula enquanto que os nomes das espécies e
subespécies escrevem-se com letra minúscula.

As regras de nomenclatura zoológica estão formuladas no Código Internacional de


Nomenclatura Zoológica (International Code of Zoological Nomenclature). Exemplo de
classificação e nomenclatura:

Reino Animalia

Phylum: Arthropoda
Sub Phylum: Uniramia
Classe: Insecta
Ordem: Orthoptera
Subordem: Caelifera
Superfamília: Acridoidea
Família: Acrididae
Subfamília: Acridinae
Género: Locusta
Espécie: migratoria
Subespécie: migratorioides

Portanto a classificação seguida nestes apontamentos é uma das classificações seguidas


no mundo. É uma das classificações mais seguidas, mas não é a única. Nos livros podem-
se encontrar também classificações diferentes.

Nomenclatura Zoológica
Segundo as regras da nomenclatura binominal, o nome científico da espécie deve ser
escrito em Latim (itálico ou sublinhado) e sempre acompanhado com nome do seu
respectivo género (o primeiro é o nome do género, o segundo é o nome da espécie),
acompanhado com o nome do autor que descreveu a espécies e o ano em que a espécie
foi descrita. O nome do género começa com letra maiúscula e o nome da espécie começa
com minúscula.

Por exemplo, numa espécie que se chama Aphis craccivora Koch, Aphis é o nome do
género, enquanto craccivora é o nome da espécie e (Koch é o nome do autor que
descreveu a espécie.
Em alguns casos um insecto tem três nomes; neste caso o terceiro nome indica a
subespécie. Por exemplo, no caso da Locusta migratoria migratorioides, Locusta é o
género, migratoria é a espécie, migratorioides é a subespécie.

A subespécie (chamada também raça) existe quando numa espécie existem populações
diferentes que vivem em regiões geográficas separadas. Estas populações têm
características morfológicas diferentes, mas não constituem espécies diferentes, porque
podem-se cruzar e produzir uma prole fértil.

No caso da Locusta migratoria, existem 4 subespécies:


1. migratorioides que vive em África;
2. gallica que habita na França central e setentrional;
3. cinerascens da Italia, Argelia e França meridional;
4. migratoria que ocorre no continente Asiático.

O nome da espécie é acompanhado do nome do autor que a descreveu (às vezes


abreviado):
Ex. Sesamia calamistis Hampson
Nezara viridula (L.)
Brevicoryne brassicae (Linné, 1758)
O nome entre parêntesis ( ) indica o nome do autor da descrição original da espécie em
qualquer outro género diferente do actual.
Ex. Pyralis nubilalis L.
Ostrinia nubilalis (L.) género novo
Ostrinia (=pyralis) nubilalis (L.)

A espécies Pyralis nubilalis L. foi descrita por Linne no género Pyralis, mas actualmente,
esta espécie foi transferida para o género Ostrinia passando designar-se de Ostrinia
(=pyralis) nubilalis (L.) ou simplesmente Ostrinia nubilalis (L.).

Outras especificações foram igualmente estabelecidas. Por Ex: usa-se a sigla sp. quando
não se conhece o nome da espécie. Ex. Bagrada sp. E a sigla spp. é usada para indicar
várias espécies conhecidas ou identificadas. Ex. Calidea spp. indica que há varias
espécies do género Calidea conhecidas e que não se pretende escrever todos seus
nomes.
Podem ser reconhecidos agrupamentos inferiores à espécie: subespécies ou raças ou
variedades. Em certos casos criam-se agrupamentos adicionais em forma de prefixos:
Super e Sub. Ex: Super família Aphidoidea e sub família Aphidinae.
Uma outra regra da nomenclatura é que os nomes de superfamílias, famílias, subfamílias
e tribos terminam respectivamente em –oidea, -idae, -inae e -ini. Por exemplo
Curculionoidea é uma superfamília, Curculionidae é uma família, Curculioninae é uma
subfamília, Curculionini é uma tribo.

Os nomes das ordens, subordens, géneros, espécies e subespécies não têm uma
terminação constante.

Categorias mais elevadas do que a espécie têm apenas uma realidade histórica. Um
género contem um certo número de espécies com atributos em comum, que deixam
presumir um ancestral comum.
PRINCIPAIS ORDENS DA CLASSE INSECTA

Todos Insectos pertencem a classe Insecta, Phylum Arthropoda. A classe Insecta está
dividida em várias categorias sistemáticas chamadas ordens. Os insectos, segundo a
classificação seguida, estão agrupados em duas subclasses e distribuídos por 32 ordens:

1. Sub Classe Apterygota (insectos primitivamente sem asas) e inclui as ordens:

1. Collembola (colla=cola; embole=inserção)


2. Diplura (diplo=dois; oura=cauda
3. Protura (prot= primeiro; oura=cauda)
4. Thysanura (thysa= franja; oura=cauda)

2. Sub Classe Pterygota (insectos alados) a qual está dividida e dois grupo:
2.1. Exopterygota, fazem parte deste grupo os insectos de Metamorfose simples ou
incompleta em que as asas se desenvolvem externamente (na ninfa).

5. Anoplura
6. Archaeognatha
7. Blattodea (blatta=achatado)
8. Dermaptera (derma=pele; ptera=asas)
9. Embiidina (= Embioptera) (embios=vivaz; ptera=asas) – asas vivas
10. Ephemeroptera (ephemeros=de um dia)
11. Grylloblattodea (gryllo=grilo; blatta=achatado)
12. Hemiptera (hemi=metade; ptera=asas) – asas divididas a metade
13. Isoptera (iso=igual; ptera=asas)
14. Mallophaga
15. Mantodea (mantis=profeta)
16. Megaloptera
17. Odonata (odous=dente; gnathos=maxila)
18. Orthoptera (ortho=recto; ptera=asas)
19. Phasmatodea (= Phasmodea) (phasma=espectro)
20. Plecoptera (plecos=dobra; ptera=asas)
21. Psocoptera (= Corrodentia) (psocos= triturar; ptera=asas) – asas trituradas
22. Thysanoptera (thysanos=franja; ptera=asas) – asas com franjas
23. Zoraptera (zoros=puros; aptera=sem asas)

2.2. Endopterygota, pertencem a este grupo todos insectos que se desenvolvem por
Metamorfose completa cujas asas desenvolvem-se internamente (na pupa).

24. Coleoptera (koleos=bainha, estojo; ptera=asas)


25. Diptera (di=dois; ptera=asas)
26. Hymenoptera (himen=casamento; ptera=asas)
27. Lepidoptera (lepidos=escamas; ptera=asas)
28. Mecoptera (mecos=longo; ptera=asas)
29. Neuroptera (neuros=nervuras; ptera=asas)
30. Siphonaptera (= Aphaniptera)
31. Strepsiptera
32. Trichoptera (trix=cabelo, pêlo; ptera=asas)
ORDENS DE INSECTOS DE IMPORTÂNCIA AGRICOLA E FLORESTAL

Ordens de insectos de metamorfose simples ou incompleta

ORDEM ORTHOPTERA (ortho=recto; ptera=asas = asas rectas)


(Gafanhotos, grilos, esperanças, ralos)

Esta ordem é constituída por insectos de tamanho pequeno, médio e grande comprimento.
A metamorfose é de tipo simples (Hemimetabolia) com os estádios de ovo, ninfa e adulto.
Os adultos têm as asas anteriores levemente esclerosadas (de tipo tegminas) e asas
posteriores membranosas e transparentes. Em muitas espécies, as asas são reduzidas ou
não existem. As antenas são geralmente de tipo filiformes, aparelho bucal de tipo
mastigador, os olhos são compostos e podem apresentar ocelos em número de 3.

Um fenómeno muito importante que ocorre nesta ordem é o fenómeno de gregarismo


(reunião de milhões de indivíduos em grupos que se deslocam devastando extensas áreas
de vegetação).

Este fenómeno ocorre na subordem Caelifera que inclui algumas das espécies de insectos
mais importantes no Mundo como é o caso de gafanhoto do deserto (Schistocerca
gragaria Forsk) e o gafanhoto vermelho (Nomadacris septemfasciata (Serville)).

O fenómeno de gregarismo ocorre quando os indivíduos (fêmeas adultas) na fase solitária


se reúnem em pequenas áreas húmidas onde a vegetação está confinada (focos de
gregarismo) e depositam os seus ovos no solo. Muitas ninfas, nascidas destes ovos, ficam
agrupadas numa pequena área e provocam a produção de uma hormona, o locustolo, que
activa o instinto gregário.

Por efeito desta hormona, as ninfas apresentam um desenvolvimento rápido, temperatura


do corpo mais elevada, metabolismo elevado, menor número de mudas, maior apetite,
maior mobilidade no solo a procura de alimentos. E quando se tornam adultos podem voar
(seguindo a direcção do vento) a grandes distâncias e descem ao solo quando encontram
regiões com vegetação abundante.

As áreas para onde se deslocam são chamadas áreas de invasão. A migração termina
quando o grupo chega a uma região onde a vegetação é pouca e as condições climáticas
não são favoráveis. Verifica-se um gradual regresso à fase solitária.

A ordem Orthoptera está dividida em duas subordens a Ensifera e a Caelifera.

Na subordem Ensifera, as fêmeas possuem um ovipositor longo ou desenvolvido, as


antenas são mais longas que o corpo, os machos produzem sons através da área
estridulatória das tegminas. Os ensifera podem ser fitófagos ou entomófagos.

Na subordem Caelifera, as fêmeas possuem um ovipositor pouco desenvolvido ou curto,


as antenas são curtas em relação ao corpo, os machos produzem sons esfregando o lado
interno dos fémures posteriores contra a margem externa das tegminas. Os caelifera
podem ser omnivoros, mas sobretudo fitófagos.

Subordem Ensifera

São as seguintes as principais famílias que pertencem a esta subordem:

Grillidae (grilos)
Gryllus (=Acheta) bimaculatus De Geer
Brachytrupes membranaceus (Drury)

Tettigonidae (esperanças)
Homorocoryphus nitidulas Scopoli ssp. vicinus Walker

Gryllotalpidae (ralos)
Gryllotalpa africana (Beauvois)

Subordem Caelifera

Uma família apenas é considerada importante nesta subordem:

Acrididae (gafanhotos):
Locusta migratoria (L.) ssp. migratorioides (R.F.)
Nomadacris septenfaciata (Serville)
Zonocerus elegans (Thum.)
Schistocerca gragaria Forsk

ORDEM ISOPTERA
(Térmites ou muchem ou formigas brancas)

São insectos sociais (vivem em comunidade), de pequeno a médio comprimento. A


metamorfose é de tipo simples (eteromatabolia) com os estádios de ovo-ninfa-adulto, as
peças bucais tanto dos adultos como das ninfas são de tipo mastigador e podem
apresentar formas aladas e ápteras. As formas aladas apresentam asas iguais,
membranosas e transparentes.

A comunidade das térmites está dividida em 3 castas:

a) A casta dos reprodutores formada pelo rei e a rainha, os únicos indivíduos férteis na
sociedade.

b) A casta das operárias (machos e fêmeas), estas cuidam dos ovos, da alimentação, do
cultivo de fungos, da construção e reparação do ninho;

c) A terceira casta é a dos soldados (machos e fêmeas), com cabeça muito grande e
mandíbulas ampliadas o que lhes permite desempenhar as funções de defesa do ninho
dos perigos externos (formigas).
Tanto os soldados como as operárias não possuem asas, apenas os reprodutores as têm
e essas são longas, membranosas e transparentes. Os soldados e operárias são estéreis
porque a rainha produz uma hormona de esterlidade que impede o desenvolvimento dos
órgãos sexuais nas ninfas, mas até um certo tamanho do ninho.

Esta hormona é transmitida através do alimento de indivíduo para indivíduo por meio de
contacto boca a boca (trafalaxia oral).

Em certa altura do ano, a rainha produz fêmeas e machos férteis e alados em igual
número que depois abandonam o ninho para a formação de novos (na época das chuvas).

Após a sua saida do ninho, realizam vôos nupciais e após a cópula, a fêmea e macho
movem violentamente as asas as quais se quebram e os indivíduos caem ao solo e
formam uma cámara conhecida por cámara nupcial. Posteriormente formam um novo
ninho (formação por enxamagem).

Outra maneira de formar um ninho novo é a chamada fundação por mergulhão, em que
algumas ninfas que não apnham a hormona de esterlidade (por estarem muito afastadas
da rainha) tornam-se reprodutores suplementares. Isto acontece em ninhos muito grandes.
E uma terceira forma é a fundação por separação (quando os que deveriam fazer o vôo
nupcial não o fazem, mas abandonam o ninho e formam um outro).

Principais famílias

Hodotermitidae, formam ninhos subterrâneos e na entrada


formam um peuqeno monte de terra.

Hodotermes mossambicus Hagen

Termitidae, formam ninhos sobre a superfície do solo


formando montes muito altos e cultivam fungos que degradam
o seu alimento (a celulose).

Odontotermes badius (Hawiland)


Macrotermes spp.

ORDEM HEMIPTERA
(Percevejos, cigarras, afídeos, aleirodideos, cochonilhas, escamas)

Esta ordem é constituida de insectos de médio a grande comprimento. A metamorfose é


de tipo simples (eterometabolia). Alguns grupos apresentam neometabolia (Aleirodídeos),
catametabolia (Diaspididae). As peças bucais são do tipo perfurador-sugador, olhos
compostos com dois ou mais ocelos. Asas membranosas e transparentes (subordem
Homoptera) e de tipo hemelitro (subordem Heteroptera). As antenas são, geralmente,
filiformes com 3 a 5 segmentos.

A ordem Rhynchota está dividida em duas subordens: Heteroptera e Homoptera.


Na subordem Heteroptera, asas anteriores divididas em duas partes (parte basal é
esclerosada e a distal é membranosa, hemiélitro). Na cabeça, a base do rostro não está
em contacto com as coxas anteriores, estão separadas por uma região chamada
garganta.

Na subordem Homoptera, as asas são membranosas e transparentes mas diferentes em


tamnho sendo a anteriores maiores que as posteriores e não apresentam a garganta.

Subordem Heteroptera

São as seguintes as principais famílias e espécies:

Lygaeidae
Oxycarenus spp.
Aphanus apicalis Dall.
Caenocoris nerii Germ.

Pyrrhocoridae
Dysdercus spp.

Coreidae
Clavigralla (=Acanthomia) tomentosicollis Stal
Clavigralla (=Acanthomia) horrida (Germar)
Anoplocnemis curvipes (Fabricius.)
Fabrictilis (=Leptoglossus) australis (Fabricius)
Veneza (=Leptoglossus) corculus (Say)

Pentatomidae
Bagrada hilaris (Burm.)
Calidea spp.
Nezara viridula (L.)
Diploxys fallax Stal

Miridae (=Capsidae)
Helopeltis anacardii Miller
Helopeltis schoutedeni Reuter

Reduvidae
Phonoctonus spp.

Subordem Homoptera

A subordem Homoptera está dividida em duas secções; Auchonorrhyncha e


Sternorrhyncha.

Secção Auchenorrhyncha (cigarras e cigarrinhas)


Os insectos deste grupo possuem asas iguais e membranosas mas as anteriores
levemente esclerosadas, sempre com patas que possuem 3 tarsómeros e saltam.

Superfamília Cercopoidea

Cercopidae
Locris spp.

Superfamília Jassoidea

Cicadelidae (=Jassidae)
Cicadulina mbila (Naudé)

Typhlocybidae
Empoasca fascialis (Jacobi)

Superfamília Fulgoroidea

Tettigometridae;
Hilda patruelis (Stål)

Secção Sternorrhyncha (Afideos, aleirodideos, psilideos, cochonilhas, Escamas)

Nesta secção, as asas anteriores e posteriores são membranosas e transparentes e


diferentes em tamanho sendo as anteriores maiores que as posteriores. Os insectos
podem possuir ou não patas, se com patas, os tarsómeros são em número de 1 a 2. Esta
secção apresenta 4 superfamílias.

Psylloidea é caracterizada pela presença de patas, cujos tarsos estão divididos em 2


segmentos, antenas com 10 segmentos e constituida por insectos saltadores.

Psyllidae
Trioza erytreae (Del G.)

Superfamília Aleyrodoidea (moscas brancas), possuem características semelhantes que


a superfamília anterior a diferença reside no facto de os aleirodídeos não serem insectos
saltadores.

Aleyrodidae
Aleurocanthus woglumi Ashby
Bemisia tabaci (Genn.)
Aleyrodes proletella (L.) (=A. brassicae)
Superfamília Aphidoidea (afideos), possuem características semelhantes que as
superfamílias anteriores diferindo no número de artículos das antenas que são de 5 a 7
nos afidídeos e não saltam. Os afídeos ainda paresentam 2 cornículos ou sifões no
abdomen e podem ser ápteros ou alados.

Aphididae
Rhopalosiphum (=Aphis) maidis (Fitch)
Aphis craccivora Koch
Aphis gossipii Glover
Brevicoryne brassicae (L.)
Macrosiphum spp.
Mizus persicae (Sulz)
Lipaphis erysimi (Kalt)
Pentalonia nigronervosa Coq.
Toxoptera aurantii (B. de F.)
Toxoptera citricida (Kirkaldy)

Superfamília coccoidea (cochonilhas, Coccideos e escamas), estes podem possuir ou


não patas, se com patas, os tarsos apresentam 1 tarsómero. A metamorfose pode ser de
tipo eterometabolia (nas fêmeas) e neometabolia (nos machos).

Fêmeas com patas

Coccidae
Coccus hesperidum L.
Pulvinaria ribesiae Signoret
Ceroplastes sinensis Del Guercio
Ceroplastes (=Gascardia) destructor (Newstead)

Pseudococcidae;
Planococcus citri (Risso)
Planococcus kenyae (Le Pelley)
Dysmicoccus brevipes (Ckll.)
Phenacoccus manihoti Matile-Ferrero
Ferrisia virgata (Ckll.)
Saccharicoccus sacchari (Ckll.)

Monophlebidae
Icerya aegyptiaca (Dougl.)
Icerya purchasi Mask

Fêmeas sem patas

Diaspididae (Escamas)
Mytilococcus (=Lepidosaphes) beckii (Newman)
Aspidiotus destructor Sigm.
Chrysomphalus aonidum (L.)
Aunidiella aurantii (Maskell)
Aonidomytilus albus (Ckll.)
Ordens de insectos de Metamorfose Completa

Coleoptera (koleos=bainha, estojo; ptera=asas)


Diptera (di=dois; ptera=asas)
Hymenoptera (himen=casamento; ptera=asas)
Lepidoptera (lepidos=escamas; ptera=asas)

ORDEM COLEOPTERA
(Escaravelhos e besouros)

Insectos da ordem Coleoptera se desenvolvem por Metamorfose completa (Holometabolia,


nalguns casos hipermetabolia). Os adultos dos Coleoptera têm as asas anteriores
completamente e fortemente esclerosadas (duras) e são chamadas élitros. Os élitros não
servem para voar, mas sim para proteger o insecto. As asas posteriores são
membranosas e transparentes e servem para o voo. Larvas e adultos têm peças bucais
de tipo mastigador. As larvas podem ser oligópodas ou ápodas, as pupas são exaratas.
Os coleópteros podem ser fitófagos (alimentam-se de vegetais) ou entomofagos ou
zoófagos (alimentam-se de outros insectos ou animais), saprófagos (comem organismos
vegetais em decomposição) ou necrófagos (comem animais mortos).

A ordem Coleoptera está dividida em duas subordens de importância agrícola: Adephaga


e Polyphaga. Na subordem Adephaga, nos adultos, as suturas entre o noto e as pleuras
do protorax são visíveis. Na Polyphaga, as suturas entre o noto e as pleuras do protorax
não são visíveis.

Subordem Adephaga

Esta subordem possui apenas uma família importante.

Carabidae (muitas espécies são entomofagas)


Scarites spp.
Cypholoba gracilis (Dej.) ssp. scrobiculata Bertol.

Subordem Polyphaga

São as seguintes as principais famílias e espécies:

Anobiidae
Lasioderma serricorne (F.)

Apionidae
Cylas puncticollis Boh.
Cylas formicarius (F.)

Cucujidae
Oryzaephilus surinamensis (L.)
Coccinelidae
Subfamília Epilachninae (fitófagos)
Epilachna chrysomelina F.
Epilachna dregei Muls.

Subfamília coccinelinae (entomófagos)


Scymnus morelleti Muls.
Chilocorus distigma Klug

Dermestidae
Trocoderma granarium Everts
Scarabeidae
Heteronychus licas (Klug)
Oryctes boas (F.)
Oryctes gigas Cast.
Oryctes monoceros Oliv.
Schizonycha spp.

Bostrychidae
Rhizopertha dominica (F.)

Trogositidae
Tenebrioide mauritanicus L.
Lophocateres pusillus Klug

Tenebrionidae
Tenebrio molitor L.
Tribolium castaneum (Herbst)
Tribolium confusum (Duw)
Gonocephalum simplex (F.)
Meloidae
Coryna (=Mylabris) spp.

Cerambycidae
Anthores leuconotus Pasc.

Bruchidae (=Lariidae)
Bruchus pisorum L.
Callosobruchus chinensis (L.)
Callosobruchus maculatus (F.)
Acanthoscelides obtectus Say

Chrysomelidae
Aspidomorpha areata (Klug)
Ootheca mutabilis (Saglb.)
Trichispa sericea (Guérin)

Curcurlionidae
Alcidodes dentipes (Oliv.)
Mecysolobus (=Alcidodes) spp.
Mecocorynus loripes Chevr.
Rhynchophorus phoenicis (F.)
Sitophilus (=Calandra) oryzae L.
Sternochetus (=Cryptorynchus) mangiferae (F.)
Cosmopolites sordidus (Germ.)

ORDEN DÍPTERA (duas asas)


(Moscas e mosquitos)

Esta ordem é constituida de insectos de pequeno a médio tamanho. A metamorfose dos


Diptera é de tipo completo (Holometabolia), com os estádios de ovo, larva, pupa e adulto,
Nalguns casos há hipermetabolia. Os adultos dos Diptera têm um par de asas
desenvolvidas (duas asas) (asas anteriores), que são membranosas e transparentes. As
asas posteriores são transformadas em órgãos de equilibrio durante o voo, chamados
halteres.

As larvas são ápodas e podem ser fitófagas ou zoófagas (que se alimentam de outros
animais). As peças bucais dos adultos podem ser de tipo sugador ou picador-sugadorr. Os
adultos alimentam-se de líquidos.

A ordem Diptera está dividida em duas subordens: Nematocera e Brachycera.

Na subordem Nematocera, as larvas são eucéfalas e com peças bucais mastigadoras.


Pupas obtectas e sem pupário. Os adultos apresentam um corpo subtil e estreito
(semelhante ao dos mosquitos). As antenas podem ser de diversos tipos (mas nunca
aristadas) e com pelo menos 7 segmentos.

Na subordem Brachycera, as peças bucais das larvas são cefalo-faríngeas (constituidas


por 2 ganchos) e as larvas são acéfalas. As pupas podem ser exaratas ou obtetas e
formam-se dentro de um pupário. Os adultos possuem um corpo robusto e largo, com
antenas até 6 segmentos (em muitos casos aristadas com 3 segmentos).

Subordem Nematocera

São as seguintes as principais famílias e espécies:

Cecidomyiidae (=Itomididae)
Contarinia sorghicola Coq.

Culicidae (mosquitos)
Anopholes sp.
Aedes aegypti
Culex sp.
Subordem Brachycera

As principais famílias e espécies:

Tephritidae (mosca de fruta)


Ceratitis capitata (Wied.)
Ceratitis cosyra (Wlk.)
Ceratitis rosa Karsch
Dacus brevistylus Bezzi
Bactrocera spp.
Anastrepha spp.

Drosophilidae
Drosophila spp.

Agromyzidae
Ophiomyia (=Melanagromyza) phaseoli (Tryon)
Ophiomyia spencerella

Diopsidae
Diopsis thoracica Westw.

Anthomyiidae
Delia platura (Meig.)

Muscidae;
Musca domestica L.
Stomoxys calcitrans L.
Glossina spp.

Bombylidae
Hyperdlonia erebus Wlk.

ORDEM LEPIDOPTERA (asas com escamas)


(Borboletas e mariposas)

Constituida de insectos de pequeno, médio e grande tamanho. A metamorfose é de tipo


completa (Holometabolia), com os estádios de ovo, larva, pupa e adulto. Nalguns casos os
tipos Hipermetabolia e catametabolia são observados. As larvas possuem peças bucais de
tipo mastigador e são, geralmente, de tipo eruciforme (com falsas patas abdominais que
começam no terceiro segmento abdominal e, geralmente, com um total de 5 pares,
localizados no 3º, 4º, 5º, 6º e 10º segmentos abdominais). Por isso as larvas são
chamadas vulgarmente de lagartas (quando se alimentam externamente das folhas), e
brocas (quando excavam galerias e se alimentam dos órgãos internos nos caules e ramos
das plantas) e lagarta mineira (quando escavam galerias nas folhas destruindo as células
do parénquima clorofiliano).

As pupas são obtectas (apêndices colados ao corpo) e podem estar ou não protegidas por
um casulo de seda. As peças bucais das larvas são de tipo mastigador. Adultos possuem
peças bucais sugadoras e com um proboscide longo (espirotromba). As larvas na maioria
das espécies são fitófagas, enquanto os adultos sugam líquidos açucarados (sobretudo o
nectar das flores). As asas são membranosas e cobertas de escamas. Apenas na família
Aegeriidae as asas não têm escamas e são portanto transparentes.

As principais excepções são as seguintes:

Família Geometridae: com 2 pares de patas abdominais no 6° e 10° segmento abdominal


e a Subfamília Plusiinae (na família Noctuidae): com 3 ou 4 pares de patas abdominais
situadas no 5°, 6° e 10° segmento abdominal ou no 4°, 5°, 6° e 10° segmento abdominal.

Os adultos podem ser activos durante o dia ou só durante a noite; os adultos diurnos são
chamados borboletas (tamanho maior), os nocturnos mariposas (tamanho reduzido).
A maioria das espécies que causam prejuizos às plantas cultivadas têm adultos nocturnos.

A ordem Lepidoptera está dividida em duas subordens: Homoneura e Heteroneura.

Subordem Homoneura (As asas anteriores têm nervuras semelhantes às das asas
posteriores).

Subordem Heteroneura (Asas anteriores possuem nervuras diferentes das asas


posteriores).

As principais famílias e espécies de importância agrícola e florestal encontram-se na


subordem Heteroneura. E estas podem ser divididas em dois grupos: Macrolepidopteros
ou Rhopalocera (borboletas), de grande tamanho, geralmente voam durante o dia (são
diurnos) e com antenas clavadas. O outro grupo, é o de Microlepidopteros ou Heterocera
(mariposas), geralmente de pequeno tamanho, voam durante a noite (nocturnos) e
normalmente não têm antenas clavadas.

Os Microlepidopteros pertencem as seguintes principais famílias e espécies:

Phyllocnistidae
Phyllocnistis citrella Stnt.)

Plutelidae (=Yponomeutidae)
Plutella xylostella (L.)

Gelechiidae
Pectinophora (=Platyedra) gossypiella (Saunders)
Phthorimaea (=Gnorimoschema) operculella (Zeller)
Sitotroga cerealella (Ol.)

Tortricidae
Cryptophlebia (=Argiroploce) leucotreta (Meyrick)
Cydia (=Carpocapsa) pomella (L.)
Pyralidae
Antigasta catalounalis (Dup.)
Chilo partellus (Swinhoe)
Chilo sacchariphagus Bojer
Chilo suppressalis (Wlk.)
Chilo orichalcociliella (Strand)
Crocidolomia binotalis (Zell.)
Eldana saccharina Wlk.
Ephestia (=Cadra) cautella (Hb.)
Ephestia elutella (Hub.)
Etiella zinckenella (Treit.)
Hellula undalis (F.)
Maliarpha separatella Rag.
Marasmia trapezalis (Gm.)
Maruca testulalis (Geyer)
Nymphula depunctalis Gm.
Plodia interpunctella (Hub.)
Sylepta derogata (F.)

Os Macrolepidopteros fazem parte das seguintes famílias e espécies:

Noctuidae
Agrotis (=Euxoa; =Scotia) ipsilon (Hfn.)
Agrotis (=Euxoa) segetun (D. e S.)
Busseola fusca (Fuller)
Diparopsis castanea (Hamps.)
Earias biplaga Wlk.
Helicoverpa (=Heliothis) armigera (Hb.)
Sesamia calamistis Hampson
Spodoptera (=Laphygma) exempta Wlk.
Spodoptera exigua (Hb.)
Spodoptera litoralis (Boisd.)

Subfamília Plusiinae
Trichoplusia ni (Hb.)
Plusia limbirena Guen.

Bombycidae
Bombyx mori (L.)

Arctiidae
Diacrisia flava Wllm.
Diacrisia lutescens Wlk.

Sphingidae (lagartas de chifre, as larvas possuem no dorso do 8º segmento


abdominal um longo apéndice semelhante a um chifre ou a um espinho).

Agrius (=Herse) convolvuli (L.)


Papilionidae
Papilio demodocus Esp.

ORDEM HYMENOPTERA
(Vespas, Abelhas e formigas)

Insectos de pequeno e médio comprimento, metamorfose de tipo completo


(Holometabolia), com os estádios de ovo, larva, pupa e adulto.Em alguns casos
hipermetabolia. As larvas podem ser ápodas, oligopodas ou eruciformes elas alimentam-
se de tecidos vegetais ou animais. As larvas fitófagas são eruciformes e por isso são
chamadas vulgarmente de lagartas (como aquelas dos Lepidoptera); pois possuem patas
torácicas e falsas patas abdominais começando no segundo segmento abdominal. As
pupas são exaratas. Os adultos podem ter peças bucais de tipo mastigador ou
mastigador-lambedor ou ainda lambedor-sugador. As asas são membranosas e
transparentes, as fêmeas possuem um ovipositor transformado em ferrão. O abdómen é
pedunculado ou peciolado (subordem Apocrita).

A maioria das espécies são entomofagas, parasitoides de outros insectos e têm larvas
diferentes. Os adultos alimentam-se de substâncias vegetais (líquidos açucarados, nectar,
polen, etc.) ou animais (líquidos vitais animais, presas, excrementos líquidos de
Hemiptera, etc.).

A ordem Hymenoptera está dividida em duas subordens: Symphyta e Apocrita.

Na Symphyta, os adultos não possuem um abdómen pedunculado, eles possuem as


peças bucais de tipo mastigador. As larvas podem ser eruciformes (com 6 a 8 pares de
patas abdominais que começam no 2º segmento abdominal), oligopodas ou ápodas e são
geralmente fitófagas.

Na subordem Apocrita, os adultos apresentam um abdómen pedunculado ou peciolado,


peças bucais de tipo mastigador, mastigador-lambedor ou lambedor-sugador. As larvas
são sempre ápodas e parasitas de outros insectos (parasitóides). As larvas geralmente
são parasitoides de outros insectos ou de aranhas; nalguns casos alimentam-se de
tecidos vegetais; os adultos geralmente alimentam-se de substâncias açucaradas ou de
polen.

Subordem Symphyta

Apenas uma família é considerada importante:

Tenthredinidae
Athalia flaca Konow

Subordem Apocrita

Esta Subordem está dividida em duas secções: Telebrantia e Aculeata. Na primeira, as


fêmeas têm ovipositores típicos (desenvolvidos) que servem para depositar os ovos e a
maioria das larvas é parasitoide de outros insectos ou artrópodes. Na secção Aculeata, as
fêmeas possuem ovipositores transformados em ferrão que servem para ataque e defesa.
As larvas podem ser carnívoras ou fotófagas.

Secção Terebrantia

Nesta secção, são as seguintes as principais famílias e espécies (de parasitóides):

Ichneumonidae
Syzeuctus curvilineatus Cam.
Syzeuctus ruberrimus B.
Dentichasmias busseolae Heinrich
Pristomerus sp.

Braconidae
Cotesia (=Apanteles) sesamiae Cameron
Cotesia (=Apanteles) flavipes Cameron
Euvipio rufa
Chelonus curvimaculatus Cameron
Dolichogenidea fuscivora Walker

Eulophidae
Pediobius furvus Gahan
Pediobius anastati Gahan

Chalcididae
Psilochalcis soudanensis (Steffan)
Encyrtidae
Epidinocarsis lopezi (De Santis)

Secção Aculeata

Esta secção inclui os insectos que pertencem as superfamílias como Apoidea (as
abelhas), Formicoidea (formigas), Vespoidea (vespas).
Bibliografia

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2. Garcia, F. R. M. 2008. Zoologia Agricola: Manejo iecologico de pragas. 3ª Edicao
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7. anual de Taxonomia Animal Básica, Maputo - UEM.
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9. Carvalho, J. P. 1986. Introducao à Entomologia Agricolas
10. Olmi, M. 2006. Apontamentos de Entomologia Agricola
11. Romoser, W. e Stoffolano, J.G. 1981. The Science of Entomology

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