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HEXAPODA

Constituem o grupo mais diversificado de animais da Terra – os únicos invertebrados que voam
e os únicos invertebrados terrestres que passam por desenvolvimento indireto ou metamorfose
completa.

O subfilo Hexapoda dos artrópodes abrange a classe Insecta e três outros pequenos grupos
diretamente relacionados de animais semelhantes aos insetos, embora sem asas: Collembola,
Protura e Diplura. Os hexápodes são reunidos com base em um plano corpóreo bem-definido
composto de cabeça, tórax com três segmentos e abdome com 11 segmentos, três pares de
pernas torácicas, um único par de antenas, três conjuntos de “peças orais” (mandíbulas, maxilas
e lábio), um sistema de trocas gasosas aéreas formado por traqueias e espiráculos, túbulos de
Malpighi formados como evaginações proctodeais (ectodérmicas) e, entre os Pterigotas, asas.

Entognatha: Componentes orais com suas bases escondidas dentro da cápsula cefálica (ento-
gnatos); mandíbulas com articulação única; a maioria ou todos os elementos antenais têm
musculatura intrínseca; animais sem asas; não têm túbulos de Malpighi, ou esses são pouco
desenvolvidos; pernas com um tarso (indiviso). As três ordens dos hexápodes entognatos não
formam um grupo monofilético. Collembola e Protura parecem ser homólogas (essas duas
ordens frequentemente são reunidas na classe Ellipura), a condição entognata de Diplura pode
ser um produto da evolução convergente. Dados recentes fornecidos por paleontologia,
anatomia comparada e filogenética molecular sugeriram que os dipluros sejam o grupo-irmão de
Insecta e, por isso, estejam relacionados mais diretamente com esses últimos que com as outras
ordens de entognatos.

*peças bucais entognatas, ou seja, mandíbulas e maxilas encontram-se recuadas para dentro de
uma bolsa na cabeça (bolsa gnatal) = peças bucais ocultas

Classe Insecta: Apêndices orais ectognatos (expostos e projetando-se da cápsula cefálica);


mandíbulas com dois pontos de articulação (exceto Archaeognatha); os músculos intrínsecos
dos artículos antenares estão acentuadamente reduzidos; pedicelo antenar com um
mecanorreceptor que percebe os movimentos do flagelo, conhecido como órgão de Johnston;
cabeça com uma saliência tentorial interligando os braços tentoriais posteriores; tarsos
subdivididos em tarsômeros; com túbulos de Malpighi bem-desenvolvidos; ovipositor formado
por modificações dos segmentos abdominais 8 e 9. Os membros da classe Insecta compreendem
dois clados, a ordem Archaeognatha (com mandíbulas monocondilares) e todos os outros
insetos (o clado Dicondylia com mandíbulas dicondilares). Os dicondíleos também incluem dois
clados, a ordem Thysanura e a subclasse Pterygota (insetos alados).

*Tarsos subsegmentados, ovopositor, musculatura da antena;


* Mandíbulas com 2 côndilos (eminência arredondada na extremidade do osso mandibular)

Subclasse Pterygota: Insetos alados (com um par de asas no segundo e terceiro segmentos
torácicos) com asas dianteiras (ou frontais) e asas traseiras (ou posteriores); as asas podem ter
sido perdidas secundariamente por um ou pelos dois sexos, ou modificadas para desempenhar
outras funções além de voar; os animais adultos não têm “styli” abdominais, exceto nos
segmentos genitais; os gonóporos femininos estão localizados no 8 o segmento abdominal, os
masculinos, no 10 o ; a fêmea geralmente tem ovipositor; a muda cessa com a maturidade.

*Asas

Infraclasse Neoptera: Insetos atuais que dobram as asas. As modificações dos escleritos e um
músculo associado à base das asas permitem que os neópteros girem a articulação de suas asas e
dobrem-nas sobre o dorso quando não estão em voo. Essa é uma das inovações evolutivas mais
importantes dos hexápodes. A dobradura das asas permite que os insetos protejam suas asas
frágeis, especialmente contra abrasões, permitindo-lhes assim viver em espaços apertados, como
fendas sob cascas de árvore, debaixo de pedras e dentro de buracos, ninhos e túneis.

*Asas dobráveis sobre o corpo

Superordem Holometabola: Os holometábolos (Holometabola) constituem um grupo


monofilético fortemente embasado por dados morfológicos e moleculares. Uma de suas
sinapomorfias principais é o desenvolvimento indireto (holometábolo) com estágios bem-
definidos de ovo, larva, pupa e forma adulta. Durante o estágio de pupa, a maioria dos tecidos
passa por uma reorganização completa (p. ex., os olhos larvais [estematos] desintegram-se, os
olhos compostos e os ocelos dos adultos formam-se de novo). Outra sinapomorfia fundamental
é a existência de brotos alares internos (discos imaginários) no estágio larval; esses grupos de
células embrionárias primitivas originam-se das invaginações da ectoderme do embrião
primitivo e formam as estruturas do animal adulto durante o estágio de pupa.

*metamorfose completa

- Evolução

Três ordens de hexápodes entognatos (Entognatha, ou não insetos) são basais à classe
monofilética Insecta= traças saltadoras. A classe Insecta inclui dois grupos-irmãos
monofiléticos – a ordem Archaeognatha (com mandíbulas monocondilares) e todas as outras
(com mandíbulas dicondilares). A subclasse Pterygota (ou insetos voadores) abrange dois
grupos: Palaeoptera (Ephemeroptera, Odonata), que podem constituir um grupo parafilético, e
a infraclasse monofilética Neoptera. Também reconhecemos três superordens entre os insetos
alados atuais, ou neópteros: Polyneoptera (Plecoptera, Zoraptera, Blattodea, Mantodea,
Dermaptera, Orthoptera, Phasmida, Grylloblattodea, Embioptera, Mantophasmatodea),
Acercaria (Psocodea, Thysanoptera, Hemiptera) e Holometabola (todas as ordens restantes).
Entre os holometábolos, reconhecemos quatro clados bem-estabelecidos, embora ainda não
classificados: Coleopetrida (Coleoptera, Strepsiptera), Neuropterida (Neuroptera, Megaloptera,
Rhapidioptera), Antliophora (Mecoptera, Siphonaptera, Diptera) e Amphiesmenoptera
(Trichoptera, Lepidoptera). Com cerca de um milhão de espécies nomeadas de hexápodes,
optamos por incluir nos resumos taxonômicos apenas as famílias representantes das ordens mais
comuns e diversificadas.

-Hipoteses filogenéticas

Tracheata (Myriapoda + Hexapoda) grupo monofilético = rede de traquéias, túbulos de malpighi


e perda da 2ª antena teriam surgido uma única vez no ancestral comum;

Miriápodos e insetos teriam evoluído no ambiente terrestre;

Pan-crustacea = crustácea grupo irmão de Hexapoda = traquéias, túbulos de malpighi e perda da


2ª antena teriam surgido independentemente em hexapoda e myriapoda;

os hexapodo teriam derivado diretamente de um ancestral marinho crustaceomorfo;

- Novidades evolutivas

Fusão do par de 2ª maxila formando uma estrutura chamada de lábio;

Surgimento de asas; (pterygota)

Surgimento de mecanismos de dobradura das sobre o corpo; (Neoptera)

Surgimento dos estágios larva-pupa; (Holometabola)

Diversificação dos apêndices alimentares;


- Conquista do ambiente terrestre

Os insetos não dependem de retornos à água para completar seus ciclos de vida; assim puderam
conquistar todos os habitats terrestres, alcançando ampla distribuição e grande diversificação.

*respiração traqueal (o2 atmosferico)

*cutícula muito cerosa (hidrofóbica) que evita a perda de água por evapotranspiração nos
insetos;

*Desenvolvimento direto ou indireto com larvas que não dependem da água para seu
desenvolvimento;

*Design dos apêndices caminhantes (unirremes) eficiente para a locomoção na terra;

*desenvolvimento das asas;

*fatores responsáveis pelo sucesso terrestre: controle eficiente da perda de água (epicula cerosa,
traquéias, túbulos de malpighi, ovo com cório), captação do oxigênio atmosférico, vôo
possibilitando acesso ao alimento, parceiros e fuga, ciclo de vida curto: rápida proliferação,
tamanho pequeno: muitos microhabitats, desenvolvimento indireto;

*parâmetros que atestam o grande sucesso terrestre: riqueza de espécies, abundancia, ampla
distribuição geográfica, ocupação de numerosos habitats e nichos espaciais e alimentares;

Contudo, com base nos estudos moleculares e na presença de uma mandíbula dicondílica, os
tisanuros (traças) hoje são considerados como um grupo-irmão dos pterigotos. Os tisanuros e os
pterigotos são classificados em uma linhagem conhecida como Dicondylia. Evidentemente, os
pterigotos são diferenciados pela presença de asas no mesotórax e no metatórax dos adultos.
Existe consenso amplo de que as asas evoluíram uma vez entre os hexápodes ao longo do ramo
que leva aos pterigotos (Pterygota). Entretanto, esse grupo inclui dois subgrupos – Palaeoptera e
Neoptera – com tipos de asas fundamentalmente diferentes. Os paleópteros (“asas antigas”)
incluem as ordens Odonata (libélulas e louva-a-deus) e Ephemeroptera (efeméridas), que se
caracterizam por asas reticuladas com muitas veias, as quais não podem ser dobradas sobre o
dorso. Ainda não está claro se as duas ordens dos paleópteros – Ephemeroptera e Odonata –
formam um grupo monofilético e, por isso, elas aparecem em uma tricotomia com os Neoptera
de nossa árvore resumida. Os neópteros (“asas modernas”) têm padrão de veias reduzido, mas
acima de tudo podem rodar suas asas articuladas e dobrá-las sobre o dorso quando não estão em
voo. Essa é uma das inovações evolutivas mais importantes dos hexápodes.

A monofilia dos Holometabola está bem-demonstrada. As 11 ordens incluídas nesse grupo são
reunidas com base em seu desenvolvimento holometábolo.

Existe uma teoria popular entre os biólogos evolutivos que sustenta que o desenvolvimento
indireto – inclusive o desenvolvimento holometábolo dos insetos – seja uma vantagem seletiva
por resultar na segregação ecológica entre adultos e jovens, evitando assim competição
intraespecífica e permitindo que cada estágio desenvolva seu próprio conjunto de estratégias
específicas de sobrevivência.

Morfologia
Os insetos são compostos primitivamente de 20 somitos (como ocorre nos eumalacóstracos;
Capítulo 21), embora esses somitos nem sempre estejam evidentes. A consolidação e a
especialização desses segmentos corporais (i. e., tagmose) desempenharam um papel
fundamental na evolução dos hexápodes e abriram caminho para irradiação adaptativa
subsequente. O corpo sempre está organizado em cabeça, tórax e abdome, formados por 6, 3 e
11 segmentos, respectivamente. Ao contrário dos artrópodes marinhos, uma carapaça verdadeira
nunca se desenvolve nos hexápodes. Na cabeça, todos os escleritos corporais estão mais ou
menos fundidos em uma cápsula cefálica sólida. No tórax e no abdome, os escleritos dos
animais adultos geralmente se desenvolvem embriologicamente, de modo que fiquem
superpostos às articulações dos segmentos primários, formando os segmentos secundários; esses
são os “segmentos” que geralmente vemos quando examinamos um inseto externamente (p. ex.,
o tergo e o esterno de cada segmento secundário do abdome do animal adulto na verdade se
sobrepõem ao seu segmento primário anterior adjacente). A segmentação corporal primitiva
(primária) pode ser vista nas larvas não esclerotizadas através da inserção dos músculos
segmentares e sulcos transversais na superfície do corpo.

-Cabeça do hexápode: contêm (da frente para trás) os olhos, as antenas, o clipeolabro e três
pares de peças orais (mandíbulas, maxilas e lábio).

O labro é uma placa móvel ligada à borda do clípeo (um fragmento da cabeça que se projeta à
frente); juntos, eles formam o clipeolabro. Alguns pesquisadores consideram que o clipeolabro
seja uma estrutura independentemente derivada do exoesqueleto; outros acreditam que ele
poderia ser formado pelos apêndices fundidos do primeiro ou do terceiro segmento cefálico. As
mandíbulas (Figura 22.14) são intensamente esclerotizadas, geralmente têm dentes, mas não
palpo. Na maioria dos insetos, a mandíbula tem apenas um artículo, mas, em alguns grupos
primitivos (e nos táxons fósseis), é composta de vários artículos. Contudo, o gene Distal-less
(Dll) aparentemente nunca é expresso durante a embriogenia das mandíbulas dos hexápodes,
sugerindo que esses animais sejam totalmente gnatobásicos (i. e., protopodiais). Em geral, as
maxilas são multiarticuladas e têm palpo com 1 a 7 artículos. O lábio abrange as segundas
maxilas fundidas e, nos casos típicos, tem dois palpos. Além desses apêndices, há um órgão
mediano simples com formato de língua – conhecido como hipofaringe – que se projeta
anteriormente a partir da área posterior da cavidade pré-oral. As glândulas salivares drenam para
a hipofaringe.

- Tórax do hexápode: Os três segmentos do tórax são protórax, mesotórax e metatórax. Nos
insetos alados (Pterygota), o mesotórax e o metatórax são dilatados e firmemente fundidos,
formando um pterotórax rígido. Quando estão presentes, as asas saem desses dois segmentos. A
morfologia das asas tem sido mais amplamente utilizada para classificar insetos que quaisquer
outras estruturas isoladas. Em muitos casos, as asas são os únicos resquícios preservados de
insetos nos fósseis. As asas dos insetos atuais desenvolvem-se como evaginações do tegumento,
com membranas cuticulares finas formando as superfícies superior e inferior de cada asa. As
veias da asa, que contêm hemolinfa circulante, formam anastomoses e por fim drenam para
dentro do corpo.

Cada um dos três somitos torácicos tem um par de pernas compostas de duas partes – um
protopódio proximal e um telopódio distal. O protopódio (também conhecido como
“coxopodito” pelos entomologistas) é formado por dois elementos (coxa e trocânter), enquanto
o telopódio é constituído de quatro artículos (fêmur, tíbia, tarso e pré-tarso). O tarso comumente
é subdividido em pseudoartículos adicionais conhecidos como tarsômeros.

- Abdome do hexápode: Primitivamente, o abdome tem 11 segmentos, embora o primeiro


geralmente esteja reduzido ou incorporado ao tórax e o último possa ser vestigial. A pleura
abdominal está acentuadamente reduzida ou ausente. Nos casos típicos, os segmentos
abdominais 8 e 9 (ou 7 e 9) são modificados na forma de tagmas anogenitais, ou terminália, que
correspondem às partes expostas da genitália.

Alimentação e digestão
Suas estratégias alimentares incluem herbivoria, carnivoria e detritivoria, além de uma
variedade espetacular de comensalismo e parasitismo.

Os mordedores–mastigadores, como os gafanhotos, têm peças orais menos modificadas, de


maneira que os descreveremos primeiramente. As maxilas e o lábio desses insetos têm palpos
bem-desenvolvidos semelhantes a pernas que os ajudam a manter o alimento no lugar, enquanto
mandíbulas poderosas cortam e mastigam fragmentos com dimensões que possam ser engolidas.
As mandíbulas não têm palpos (em todos os insetos) e, nos casos típicos, contêm pequenos
dentes pontiagudos, que trabalham em oposição à medida que os apêndices deslizam uns sobre
os outros no plano transversal (lado a lado), típico da maioria das mandíbulas dos artrópodes.
Os insetos mordedores–mastigadores podem ser carnívoros, herbívoros ou detritívoros.

Nos insetos sugadores, as peças orais são acentuadamente modificadas para o consumo de
alimentos líquidos, geralmente seivas ou néctares das plantas, bem como sangue ou líquidos
celulares de animais. Em todos os insetos sugadores, a boca propriamente dita é muito pequena
e escondida. As peças orais, em vez de adaptadas para manusear e mastigar fragmentos sólidos
dos alimentos, são alongadas e formam um bico semelhante a uma agulha, adaptado para ingerir
uma dieta líquida.

Alguns insetos são escatófagos, ou seja, alimentam-se de fezes. A maioria dos animais desse
grupo têm peças orais mastigadoras, mas alguns (certas moscas) têm peças orais sugadoras.

Existem muitos insetos simbiontes, e duas ordens são constituídas unicamente de parasitas sem
asas, a maioria dos quais passa toda a sua vida nos seus hospedeiros: alguns piolhos (Psocodea)
e algumas pulgas (Siphonaptera). Outras ordens de insetos incluem animais predominantemente
de vida livre, mas também várias famílias de insetos parasitas ou micropredadores, ou grupos
nos quais o estágio larval é parasita, mas as formas adultas têm vida livre. A maioria desses
“parasitas” não vive continuamente no seu hospedeiro e tem comportamentos alimentares
situados em uma “zona de transição” entre parasitismo obrigatório verdadeiro e predação.

*herbívoros ou fitófagos: folífagos (folhas), xilófagos (madeira), grãos, raiz, fungos, flores e
pólen

*parasitas: hematófagos, pêlos, penas, pele e secreções

*parasitóide: vespa na lagarta

*coprófagos: rola-bosta, fezes

*saprófagos: em decomposição

Sistema digestivo

Como o trato digestivo de todos os artrópodes, o tubo digestivo longo e geralmente retilíneo dos
hexápodes pode ser dividido em trato digestivo anterior estomodeal, trato digestivo médio
endodermal e trato digestivo posterior proctodeal. Nos casos típicos, o trato digestivo anterior é
dividido em faringe, esôfago, papo e proventrículo bem-definidos. A faringe é muscular, o papo
é um centro de armazenamento, cujas paredes são extremamente extensíveis nas espécies que
fazem refeições volumosas e infrequentes. O proventrículo regula a passagem do alimento para
o trato digestivo médio. O trato digestivo médio (= estômago) da maioria dos insetos tem cecos
gástricos, que se localizam perto da junção entre os tratos digestivos anterior e médio e são
semelhantes aos dos crustáceos. Essas evaginações ajudam a aumentar a superfície disponível
para a digestão e a absorção. O trato digestivo posterior dos insetos tem basicamente a função
de regular a composição das fezes e, possivelmente, absorver alguns nutrientes.

Grupos de células gordurosas formam um corpo adiposo na hemocele de muitos insetos, que é
mais evidente no abdome, embora também se estenda ao tórax e à cabeça. O corpo adiposo é
um órgão singular dos insetos e, em geral, é comparado com o fígado dos vertebrados e o tecido
cloragógeno dos anelídeos. O corpo adiposo não apenas armazena lipídios, proteínas e
carboidratos, mas também sintetiza proteínas. Muitos insetos não se alimentam durante sua vida
adulta; em vez disso, dependem dos nutrientes armazenados e acumulados nos estágios larvais
ou juvenis, que ficam acondicionados no corpo adiposo.

Circulação e troca gasosa

O sistema circulatório dos hexápodes inclui um coração tubular dorsal, que bombeia o líquido
hemocélico (sangue) para a cabeça. O coração estreita-se no segmento anterior e abre-se para
uma aorta semelhante a um vaso, por meio do qual o sangue entra nas amplas câmaras
hemocélicas, fluindo delas aos segmentos posteriores e finalmente retorna ao coração por meio
de dois óstios laterais. Órgãos bombeadores acessórios, ou órgãos pulsáteis, ocorrem
comumente nas bases das asas e nos apêndices especialmente longos de modo a facilitar a
circulação e a manutenção da pressão sanguínea.

Muitos tipos de hemócitos foram descritos no sangue dos insetos são importantes para a
coagulação e a cicatrização das feridas. Nutrientes, escórias metabólicas e hormônios podem ser
transportados eficientemente por esse sistema, mas não o oxigênio respiratório (parte do CO2
difunde-se para o sangue). Os estilos de vida ativos desses animais terrestres requerem
estruturas especiais para desempenhar as tarefas de troca gasosa e excreção. Essas estruturas são
o sistema traqueal e os túbulos de Malpighi.

As traqueias são invaginações tubulares extensivas da parede corporal, que se abrem através da
cutícula por meio de poros conhecidos como espiráculos. Até 10 pares de espiráculos podem
ocorrer nas paredes pleurais do tórax e do abdome.

Uma vez que o sangue dos hexápodes não transporta oxigênio, as traqueias precisam estender-se
diretamente a cada órgão do corpo, onde suas terminações realmente penetram nos tecidos.
Desse modo, o oxigênio e o CO2 são trocados diretamente entre as células e as diminutas
terminações das traqueias, as traquéolas. No caso dos músculos do voo, nos quais a demanda de
oxigênio é alta, os tubos traqueais invadem as próprias fibras musculares. Traquéolas, as partes
mais internas do sistema traqueal, são canais com paredes finas, preenchidos por líquido, que
terminam em uma única célula, conhecida como célula terminal da traquéola (= célula
traqueolar) (Figura 22.29). As traquéolas penetram em todos os órgãos do corpo, e a troca
gasosa ocorre diretamente entre as células corporais e elas.

Excreção e osmorregulação

Vários íons, especialmente potássio, são ativamente transportados através do epitélio dos
túbulos de Malpighi do sangue para dentro do lúmen tubular. O gradiente osmótico mantido por
esse mecanismo de transporte iônico permite que água e solutos saiam da cavidade corporal e
entrem nos túbulos, passando daí para o trato digestivo. A água e outros materiais
metabolicamente valiosos são seletivamente reabsorvidos para o sangue através da parede do
trato digestivo posterior, enquanto o filtrado malpighiano deixado para trás é misturado com
outros conteúdos do trato digestivo. Os cristais de ácido úrico não são reabsorvidos para o
sangue e, por isso, são eliminados do trato digestivo junto com as fezes.

A cutícula dos hexápodes é esclerotizada ou passou pelo processo de tanagem em graus


variáveis, acentuando assim a impermeabilidade à água. Contudo, o mais importante é que há
uma camada de cera dentro da epicutícula, o que aumenta acentuadamente a resistência ao
ressecamento e livra os insetos para explorar completamente ambientes secos.

Sistema nervoso

Em geral, os dois cordões nervosos ventrais, bem como os gânglios segmentares, estão
praticamente fundidos. Como os “cérebros” de outros artrópodes, os gânglios cerebrais dos
insetos estão divididos em três regiões bem-definidas: protocérebro, deutocérebro e tritocérebro.

Os insetos têm um gânglio hipocerebral situado entre o gânglio cerebral e o trato digestivo
anterior. Associados a esse gânglio, existem dois pares de corpos glandulares conhecidos como
corpos cardíacos e corpos alados.

Reprodução
Os hexápodes são diécios e a maioria é ovípara. Alguns insetos são ovovivíparos e muitos
podem reproduzir-se por partenogênese. A maioria dos insetos depende de copulação e
inseminação diretas. Os insetos reprodutivamente maduros são conhecidos como adultos ou
imagos.

 Fêmeas têm um par de ovários formado por grupos de ovaríolos tubulares. Os ovidutos
reúnem-se para formar um ducto comum, antes de entrar em uma câmara genital. Os
receptáculos seminais (espermatecas) e as glândulas acessórias também drenam para
dentro da câmara genital.
 Masculino é semelhante, ou seja, um par de testículos, cada um formado por alguns
tubos espermáticos. Os dois espermoductos dilatam-se e formam vesículas seminais
(nas quais os espermatozoides são armazenados) e, em seguida, reúnem-se para formar
um único ducto ejaculador. Perto desse ducto, as glândulas acessórias descarregam
líquidos seminais dentro do trato reprodutivo. A extremidade inferior do ducto
ejaculatório está acondicionada dentro de um pênis.

Em geral, a cópula ocorre durante o voo. Em alguns insetos primitivos sem asas e nos odonatos,
a transferência dos espermatozoides é indireta. Nesses casos, um macho pode depositar seus
espermatozoides em regiões especializadas do seu corpo para que sejam recolhidos pela fêmea;
ou pode simplesmente deixar os espermatozoides no chão, onde são encontrados e recolhidos
pelas fêmeas.

Os espermatozoides podem ficar suspensos na secreção de uma glândula acessória ou, mais
comumente, a secreção endurece ao redor dos espermatozoides para formar um espermatóforo.
As fêmeas de muitos insetos armazenam grandes quantidades de espermatozoides dentro das
espermatecas.

A fecundação ocorre à medida que os ovos passam pelo oviduto para ser depositados. Glândulas
acessórias contribuem com adesivos ou secreções que enrijecem sobre os zigotos. Em muitas
espécies, extensões cuticulares ao redor do gonóporo da fêmea formam um ovipositor, com o
qual ela coloca os ovos em uma área de incubação que ofereça condições favoráveis aos
filhotes.

A partenogênese é comum em vários grupos de insetos. Esse mecanismo é usado sazonalmente


como alternativa reprodutiva por alguns táxons de insetos, principalmente os que vivem em
ambientes instáveis.

*viviparidade:embrião se desenvolve dentro da mãe

*oviparidade:embrião se desenvolve em um ovo

Embriologia

desenvolvimento ametábolo (direto sem metamorfose): Os filhotes eclodem na forma de juvenis


muito semelhantes aos adultos (ou imagos), mas as dimensões gerais do corpo aumentam a cada
muda sucessiva.

desenvolvimento hemimetábolo(indireto com metamorfose simples), as principais alterações


que ocorrem durante o crescimento referem-se às dimensões e proporções do corpo, bem como
ao desenvolvimento das asas e das estruturas sexuais. As formas juvenis dos insetos
hemimetábolos são conhecidas como ninfas (juvenis terrestres) ou náiades. As ninfas e as
náiades têm olhos compostos, antenas e apêndices locomotores e alimentares semelhantes aos
dos adultos. Entretanto, as asas funcionais e as estruturas sexuais sempre estão ausentes.

Os insetos holometábolos (indireto com metamorfose completa) eclodem como larvas


vermiformes, que não guardam qualquer semelhança com as formas adultas. A finalização do
estágio larval é acompanhada de pupação, durante a qual (em uma única muda) começa o
estágio pupa. Em geral, as pupas moram dentro de nichos no solo, dentro dos tecidos vegetais,
ou abrigadas dentro de um casulo.

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