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O Pequeno Livro da

Revolução Prazerosa
Caminhos para construir uma
nova relação com o seu prazer
Olá,
musa.
Este ebook foi produzido pela
Prazerela com todo prazer e
carinho para chegar ao máximo
possível de mulheres. Por isso,
este material é de acesso livre
e gratuito. Pedimos apenas que
sempre cite a fonte e autoria
quando for replicar o conteúdo.

Contamos com você, tenha


uma ótima leitura!

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Sumário
04
Introdução
06
Ah, o corpo!

09
Prazeres: onde vivem, do que se
alimentam?
13
Por que ainda somos os mesmos e
vivemos como nossos pais?
16
A curva do prazer
20
A linguagem do corpo
22
Muita calma nessa hora
24
Conclusão
27
Sobre a Prazerela

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Introdução

Musa,
E agora eu não estou falando só do
Esse é um pequeno livro para prazer sexual, mas sobre o prazer de
falarmos sobre a possibilidade de viver. Quando eu criei a Prazerela,
você revolucionar a sua vida pelo entendi que todas nós mulheres
resgate do prazer. temos um elo perdido na nossa
4
relação com os prazeres da vida.
E percebi que esse elo perdido é a
forma como fomos apresentadas a
nossa sexualidade. O fato de termos
sido tolhidas da possibilidade de viver
a nossa sexualidade de forma plena
e positiva faz com que tenhamos
perdido a nossa capacidade de viver
a potência dos prazeres na vida.

Com isso, nossos prazeres são


precários diante do potencial que
deixamos de lado. Nos contentamos
com migalhas de afeto, buscamos
prazer no consumismo desenfreado
e esquecemos dos prazeres mais
legítimos e humanos.

O prazer de degustar uma comida.


O prazer de escutar uma orquestra sinfônica, percebendo cada
som, cada tom, cada nota e harmonia da composição.
O prazer de sentir um arrepio no corpo.
O prazer de tomar água quando está com sede.
O prazer de fazer coco e xixi quando se tem vontade.
O prazer de tomar banho e sentir o toque da água no corpo.
O prazer de cultivar o ócio e o silêncio.
O prazer de viver sem culpas, sem cobranças, sem tantas exigências.

Todas nós temos uma capacidade imensa de sentir prazer através do corpo que foi silenciada
ao longo dos anos.

Como resgatar essa potência de vida e de sentir prazer?


Como podemos nos reconectar com o que realmente importa?
O caminho é a reconexão com ele, o CORPO!

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Ah,
o corpo!
Essa plataforma sensorial de prazer
e deleite que habitamos, apesar de
raramente conhecermos mais do que
uma ínfima fração da sua potência!

Como mulheres, podemos dizer que


a evolução das discussões acerca
dos nossos direitos, nossas lutas e
reivindicações fizeram crescer na
gente essa sede de uma vida mais
autêntica e prazerosa, com uma
relação mais positiva com a nossa
sexualidade, não é? Mas tome um
momento para pensar sobre algumas
perguntas:

O que te dá prazer na
vida?

O que você gosta na


hora da transa?

O que estimula a sua


libido?

O que te interessa em
um relacionamento?

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Não se espante caso essas perguntas te
causem ansiedade e as respostas não sejam
nada óbvias na sua mente. Isso é muito mais
comum do que você pode imaginar.

A verdade mesmo é que, apesar das


conquistas, a maioria de nós ainda se sente
muito desconectada do próprio corpo e com
um tanto de tabus e estigmas que limitam
a nossa capacidade de nos deleitar com o
prazer da vida.

De onde vem esses tabus? Como a gente


pode desconstruí-los e no lugar deles
desenvolver essa reconexão com o corpo
e uma relação mais autêntica e prazerosa
com a nossa sexualidade? Talvez você, assim
como eu, faça parte do grupo de mulheres
que estão em busca dessas respostas.

Essa jornada de descoberta do prazer, posso


te dizer, possui muitas vias de acesso e é
sempre muito particular e única na vida de
cada pessoa. Pois cada uma de nós tem as
suas próprias subjetividades, necessidades e
desejos.

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No entanto, há alguns anos venho me para você este ebook de acesso livre
dedicando ao estudo da sexualidade e gratuito.
feminina e ao desenvolvimento de
uma educação sexual positiva que O objetivo é te oferecer algumas
ajude as mulheres na construção de reflexões para que você entenda
uma nova relação com o prazer. onde foi parar o seu prazer de
viver e conheça alguns caminhos
Neste processo, percebo que possíveis para reconexão com a sua
algumas temáticas, mais cedo ou sexualidade e a sensorialidade do
mais tarde, sempre aparecem. É pra seu corpo.
falar delas que a Prazerela criou

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Prazeres:
onde vivem,
do que se
alimentam?

De maneira filosófica, Quando temos um orgasmo, por


exemplo, entramos em um estado
o prazer é a forma de relaxamento onde a atividade da
mais direta que temos região do neocórtex do nosso cérebro
é reduzida.
de conexão com a
vida. Essa porção do cérebro é responsável
pela nossa racionalização, pelo
processo de tomada de decisão e pela
nossa produtividade.

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Quando essa atividade é reduzida Não existe interesse em pausa,
nós ampliamos a conexão com a em descarga e relaxamento, pelo
região límbica do cérebro, por sua vez contrário! Em um modo de viver
responsável pelo processamento das capitalista só existe espaço para mais
emoções e sentimentos, e da nossa produtividade e mais desempenho. E
capacidade de sentir a vida. isso demanda muito da nossa mente
e corpo, demanda muito da nossa
Agora você me diz: qual o interesse de libido.
uma sociedade capitalista nisso? Pois
é, nenhum. Isso tudo é considerado Muitas vezes achamos que a libido se
algo muito irrelevante e improdutivo resume a ter desejo de transar, mas
na vida cotidiana. ela é algo muito mais amplo do que
isso.

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Libido é sobre a nossa pulsão de vida,
que se manifesta através das nossas
ações, dos nossos esforços e impulsos.
Libido é sobre ter desejo e apetite de
viver, são aquelas nossas faíscas de
vontade. É de libido que se alimenta o
nosso prazer. Mas o corpo conta com
um reservatório finito dessa energia
que nos move.

Diariamente fazemos escolhas de onde


vamos investir a nossa pulsão de vida.
Quando vivemos em uma sociedade
como a nossa, que é burguesa e
capitalista, a libido é constantemente
convocada a ficar a serviço da
produtividade e do consumo. E com
isso não sobra nada pro sexo, pra
diversão, pros amigos, para si própria.
Nos tornamos a geração que já nasceu
cansada e esgotada. Toda a libido que
poderia estar sendo investida no nosso
próprio prazer, está sendo investida
para fazer essa roda pesada continuar
a girar.

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É por isso que antes de pensar em
ter uma relação com outra pessoa,
precisamos percorrer uma jornada
pessoal de descoberta do nosso prazer
na individualidade.

Precisamos conhecer
aquilo que estimula ou
detona a nossa libido.
É isso que vai nos dar
a lente e a capacidade
de desfrutar do prazer
em qualquer situação,
não só na vida sexual!

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Por que
ainda somos
os mesmos
e vivemos
como nossos
pais?

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É desde muito cedo, ainda sentimentos e prazeres. Somos
na nossa infância, que somos pouco incentivadas a nos apropriar
tolhidas desse prazer que é dos nossos próprios corpos e, na
descobrir quem somos na adolescência, somos geralmente
nossa própria pele. Antes disso, arremessadas para o tema do
somos convocadas a aprender sexo sem sequer termos passado
o funcionamento do mundo pela descoberta pessoal do
ao nosso redor. Primeiro as prazer na individualidade.
obrigações, depois o prazer, se
sobrar tempo pra ele. Isso tudo nos leva a esquecer
que habitamos essa plataforma
Raramente existe na nossa sensorial de prazer e deleite que
educação um capítulo para é o corpo.
aprendermos a nomear emoções,

Mas como nossas mães e pais poderiam nos


ensinar sobre algo que provavelmente esteve
ausente de sua própria educação?

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Faz parte também dessa jornada
de despertar da nossa potência
compreendermos que não temos
ancorada em nós somente a nossa
própria história, mas também a história
de nossas mães, pais, avós, bisavós…
Muitas vezes histórias de ancestrais
que sofreram e ainda sofrem muitos
julgamentos da nossa cultura, que
nunca tiveram o seu processo pessoal
de descoberta do prazer contemplado e
cuidado.

Não se trata de olhar para nossa


ancestralidade como vítimas das
circunstâncias, nem isentá-las de suas
responsabilidades. Mas sim de acolher
o contexto de onde nasce a sua própria
história, ressignificando paradigmas e
crenças que atravessaram toda a nossa
linhagem, geração após geração.

O tabu que nossa sociedade nutre


pela sexualidade pode ter origens
muito antigas, mas nós temos as
ferramentas para remontar o quebra-
cabeça, reconectar as partes soltas e
compreender o que dá origem aos nossos
medos, traumas e dificuldades, curando
dessa forma as nossas feridas pessoais
e também coletivas, compartilhadas
através dos tempos.

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A curva
do prazer

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Por mais que a nossa história particular
seja de uma relação difícil com a
sexualidade, por mais que a libido
esteja sendo esgotada em nossas
atividades cotidianas, ainda assim,
nossa capacidade de sentir desejo
e prazer é algo intrínseco à nossa
natureza.

No entanto, não é apenas de exercícios


mentais, análises e reflexões que se
reconstrói essa ponte de conexão. É
preciso viver no corpo as sensações
que levam ao prazer, ativar cada
centímetro quadrado da pele e
despertar aquela sensorialidade a
muito tempo adormecida. Se não
houver investimento neste despertar

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do corpo, as descargas prazerosas montanha russa só começa quando
não passarão de pequenos espirros o carrinho chega ao topo, e que a
de prazer. emoção da descida é independente
da qualidade da subida. Isso não faz
Isso acontece porque a nossa sentido para a montanha russa da
potência orgástica funciona de mesma forma que não faz sentido
maneira análoga a uma montanha para o fluxo orgástico. A subida
russa. Visualize comigo: a subida do carrinho, ou seja, o acúmulo de
do carrinho é o processo de tensão carga no corpo, é parte fundamental
que vai gerando carga orgástica ao processo.
no nosso corpo. A gente consegue
acumular essa carga com estímulos Quando chegamos ao final da
prazerosos, como um toque com as subida, atingimos o pico mais alto da
pontas dos dedos que desliza sobre montanha russa, ou seja, o corpo que
toda a pele, dos pés à cabeça, com veio recebendo tensão e acúmulo
massagens excitantes, com cheiros, de carga chega a um clímax. Em
sabores, sons e luzes, por exemplo. seguida o carrinho desce a montanha
russa com toda a velocidade. Em
Há quem chame tudo isso de outras palavras, experimentamos
preliminar mas, particularmente, uma descarga orgástica intensa e
não gosto dessa definição. Seria prazerosa por todo o corpo.
como dizer que o passeio de

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Sabe onde entra a preliminar?
Exatamente aí. Quando você se dá
por satisfeita em suas descargas
orgásticas e começa o exercício de
manutenção de uma boa relação,
seja com você mesma, seja com outra
pessoa. Você nutre seu corpo com
bons alimentos, descansa o quanto
precisa, troca carinhos, gentilezas
e flerta com a possibilidade de um
novo passeio de montanha russa em
breve. Isso sim é preliminar.

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A linguagem
do corpo

Nossa sociedade atual valoriza


muito a inteligência cognitiva e a
comunicação por meio das palavras,
sejam elas faladas ou escritas.
Acontece que o nosso corpo possui
outras linguagens de comunicação
que não utilizam necessariamente o
alfabeto. O processo de entendimento
dessa linguagem do corpo é o que
chamamos de consciência corporal.

Para que tenhamos uma consciência


corporal mais apurada, é importante
fazermos exercícios de percepção e
estímulo. Percepção das emoções
e sensações experimentadas pelo
corpo, como o movimento dos seus
músculos, o ritmo da respiração, o
funcionamento dos órgãos internos e
até mesmo a variação da temperatura
corporal.

Mas também estímulo do corpo e dos


nossos 5 sentidos, não somente na
hora do sexo ou da autoestimulação,
mas na vida como um todo. É
preciso tirar o corpo dessa lógica
que usa uma pequena parte da sua
capacidade sensorial para suprir
apenas as necessidades básicas de
sobrevivência. Exercite seu corpo para
sentir conscientemente com todas as
nuances, possibilidades e potência
da sua visão, olfato, tato, paladar e
audição.

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Acredito que quando agimos inútil demais, se torna o peito que
com responsabilidade sobre essa expande para entrada do ar e que te
plataforma sensorial de prazer e dá sensação de relaxamento e prazer
deleite que habitamos, é muito quando você respira profundamente.
mais fácil deixar de lado visões De repente o peito não se resume
objetificadas que possamos ter de nós mais à sua forma, somente. De
mesmas. É como uma virada de chave. repente há algo mais sobre si mesma
De repente o peito que lhe parecia a contemplar.
flácido demais, irregular demais,

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Muita calma
nessa hora

Existem muitas coisas que podem caso da pornografia... Mas também o


funcionar como barreira aos nossos nosso próprio medo do desconhecido,
prazeres e orgasmos. O esgotamento como não suportar a excitação ou
da nossa libido nas demandas uma sensação muito intensa, o medo
cotidianas, a moralidade, os tabus, de se sujar, urinar involuntariamente
algumas crenças religiosas, as ou se machucar. O que não faltam são
múltiplas formas de violência e itens para adicionar à lista de inimigos
opressão, a sensação de insegurança, do prazer.
as influências distorcidas sobre o que
proporciona prazer, como acontece no

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Quando conseguimos contornar
nossas inibições e despertar todo
o potencial de sensorialidade
do nosso corpo, passamos a
vivenciar uma outra qualidade de
prazeres e orgasmos. Mas para
que esse processo de despertar
da nossa potência orgástica
aconteça, é necessário conhecer
nossos caminhos particulares de
encontro com o prazer com tanta
facilidade quanto conhecemos
os caminhos particulares de
encontro com a dor. E isso envolve
experimentação e a existência de
um espaço onde você se sinta
segura para a expressão da sua
sexualidade.

Às vezes esse espaço é um quarto


à luz de velas com aroma de
lavanda. Outras vezes ele é, no
máximo, o espaço atrás da porta
trancada do banheiro, o único
lugar onde você tem certeza
de que não será perturbada.
Está tudo bem se não houver a
possibilidade de criar o ambiente
perfeito, o importante é que
haja ambiente suficiente para
favorecer a sua individualidade.

Se você entende que o prazer é


algo importante na sua vida, e na
vida de toda pessoa, sugiro que
você não adie os seus momentos
de autocuidado por conta das
intempéries. Elas sempre vão
existir. Nós não deveríamos nos
privar dos nossos momentos de
prazer e autocuidado pela falta
de um cenário ideal.

Aproveite o que você


tem disponível hoje!

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Conclusão
Neste ebook, quis compartilhar com
você alguns assuntos centrais que
identifico na vida das mulheres que
se dedicam à construção de uma
nova relação com prazer. O primeiro
deles foi o entendimento do nosso
contexto social, que nos conduz
ao estabelecimento dessa relação
precária com o nosso próprio prazer.

O segundo deles foi a importância de


olhar para a nossa própria história,
compreendendo que nós também
somos a continuidade de uma
história familiar com seus próprios
paradigmas e crenças particulares
que atravessaram toda uma linhagem,
geração após geração.

24
A terceira temática que desejei
compartilhar foi sobre o funcionamento
da libido e da potência orgástica.
Quando entendemos o prazer como
um processo de tensão, carga, clímax e
descarga, fica mais fácil compreender
que nosso corpo não tem um botão de
liga e desliga para o prazer. É preciso
uma qualidade de excitação para
entrar no fluxo orgástico e ter uma
descarga mais intensa e prazerosa.

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A quarta temática foi a linguagem do E por fim falamos sobre algo muito simples:
corpo, a necessidade de sairmos do piloto a necessidade de priorizar o prazer na vida
automático e ampliarmos a percepção para que se tenha prazer na vida, porque
da nossa sensorialidade para sermos intempéries sempre vão existir. Então não
capazes de experimentar mais prazer na terceirize a sua responsabilidade sobre o
autoestimulação, no sexo e na vida. próprio prazer, ninguém será capaz de cuidá-
lo tão bem quanto você mesma.

Se você gostou deste conteúdo,


confira o contive que temos para
você na próxima página.

26
Sobre a Prazerela
A Prazerela é um núcleo feminino de
sexualidade positiva que acredita que
todo corpo é uma plataforma sensorial de
prazer e deleite. Nos propomos a abordar o
empoderamento do prazer como potência
para nutrir a qualidade das relações, impactar
o mundo de forma positiva, desconstruir
paradigmas nocivos, redescobrir a própria
natureza e propor novos arquétipos para o
feminino.

Somos também a primeira casa no Brasil
a oferecer Terapia Orgástica apenas para
mulheres. Nossa residência na Zona Oeste
de São Paulo é um espaço acolhedor e
seguro para compartilhar experiências e
informações sensíveis e transformadoras
que não nos foram ensinadas na escola,
nem em casa, nem na consulta médica e
nem mesmo em rodas de conversas mais
íntimas.

Conheça mais sobre a gente em:


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