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DOI: 10.48011/asba.v2i1.

1081

Controle de uma planta de dessalinização por


osmose reversa acionada por sistema fotovoltáico
e banco de baterias
Dayse M. B. Queiroz Benevides, Jéssica P. Araújo, Fabrı́cio G. Nogueira, Paulo C. M. Carvalho,
Bismark C. Torrico. Universidade Federal do Ceará - Fortaleza-CE
email: daysebenevides@dee.ufc.br, jessicpa@hotmail.com, fnogueira@dee.ufc.br, torrico@dee.ufc.br e
carvalho@dee.ufc.br

Resumo—Neste trabalho são apresentadas a modelagem e um controle on/of f acionado de acordo com alteração dos
controle de um sistema de dessalinização por osmose reversa. parâmetros medidos pelo sistema, nas válvulas que regula-
As entradas do sistema são as válvulas de bypass e da água vam, de forma direta, vazão de produção e condutividade
de concentrado. As saı́das do sistema são o fluxo da água
de produto e a pressão de entrada do sistema. O modelo elétrica da água de produto. Em [3], foi aplicado um con-
não linear obtido é linearizado para o ponto de operação trolador preditivo baseado em modelo (MPC) a uma planta
considerado um controlador por alocação de pólos com ação com reversão de fluxo com a finalidade de se determinar
integral é projetado. Resultados preliminares são promissores, as condições operacionais ótimas a fim de evitar golpe de
com bons resultados para rastreamento de referência e rejeição arı́ete. Em [6], foi desenvolvido o modelo OR, a partir
de distúrbios.
Index Terms—Dessalinização, Osmose Reversa, Modelagem de simulações, para analisar e otimizar o mecanismo de
redução e controle de encrustações. Em [7], foi implemen-
tado controlador robusto baseado no modelo apresentado em
I. I NTRODUÇ ÃO [3] em que foram considerados as incertezas, distúrbios e
ruı́dos presentes no processo. Em [8], foram estudadas as
A dessalinização é um processo fı́sico-quı́mico de membranas e construção do modelo de transporte a partir
separação soluto-solvente usado para reduzir a quantidade dos parâmetros nominais do processo.
de sais dissolvidos em água salgada ou salobra para um nı́vel O objetivo desse trabalho consiste nas aplicações de
adequado ao consumo humano, agricultura e de pecuária. linearização da dinâmica do sistema e da técnica de controle
Tal processo tem sido estudado, há algumas décadas, como via realimentação de estados com inserção de ação integral
uma possı́vel solução para o problema de escassez de água por meio de aumentação da planta. A inserção da ação
em algumas regiões do mundo. integral é necessária para que o erro em regime permanente
Os dois principais métodos de dessalinização são seja nulo. Dessa maneira, espera-se obter o controle das
dessalinização por destilação flash de múltiplos estágios saı́das fluxo de água de produto e pressão do sistema.
(MSF) e dessalinização por osmose reversa (OR). Este artigo está organizado da seguinte maneira. A Seção
Atualmente, a OR tem sido bastante discutida como alter- II apresenta os modelos não-linear e linearizado de OR. É
nativa à forte escassez de água doce no Nordeste brasileiro mostrado, na Seção III, a estratégia de controle utilizada.
[1], por apresentar maior eficiência e economia, ter neces- Nas Seções IV e V são dados os resultados e conclusões
sidade de baixa energia e temperatura de operação, design deste trabalho, respectivamente.
modular e baixos custos de produção de água potável [2].
Por esses motivos, o estado do Ceará vem desenvolvendo II. M ODELAGEM DE OR
forte estudo e aprofundamento do assunto, buscando, de
forma efetiva, instalar plantas dessalinizadoras destinadas ao O processo de OR consiste em aplicar uma pressão
fornecimento de água potável para a população do estado dinâmica externa sobre uma solução salina, conhecida
[1]. também como água de alimentação, a fim de que a sua
Em [3], enfatizou-se que o desempenho do processo pressão osmótica seja superada, resultando na separação
de OR depende da concentração de sólidos dissolvidos e solvente-soluto. A pressão aplicada ao processo força a
pressão na água de alimentação, capacidade da membrana passagem da água de alimentação através do conjunto de
em resistir à pressão do sistema e encrustação, rejeição membranas semipermeáveis, retendo a maioria das impure-
do soluto e condições ideais de concentração da água de zas (sais, contaminantes e microrganismos) e permitindo a
produto. passagem de água com baixo teor salino [9].
O trabalho pioneiro em modelagem e controle de um De modo geral, em uma planta de dessalinização há
sistema OR foi apresentado em [4], o qual considerou uma um fluxo de entrada (água de perfil salino) e dois fluxos
planta localizada no laboratório R&D em Doha/Kuwait em de saı́da (concentrado e água de produto). Diferente da
que foi aplicada uma estratégia de controlador PI descen- água de produto, o concentrado consiste em um solução
tralizado nas variáveis de controle fluxo e condutividade com concentração salina fora dos padrões adequados ao
do permeado (água de produto). Em [5], foi implementado consumo.
Alterações sazonais, mensais ou diárias na alimentação são:
das OR afetam consideravelmente a qualidade da água, dvc Ar

Ar ∆π

2
alterando a atuação dos módulos das membranas, levando-os = (vf − vc − vb ) + − 0, 5Rvc vc ,
dt V SKm ρ
a um desempenho sub-ótimo com a diminuição da produção (1)
de água de produto e o aumento de danos permanentes
ao sistema [7]. Dessa forma, técnicas de controle podem  
dvb Ar Ar ∆π
ser utilizadas para diminuir o efeito das alterações sazo- = (vf − vc − vb ) + − 0, 5Rvb vb2 ,
nais, fazendo que os parâmetros da planta se mantenham dt V SKm ρ
(2)
nas condições ideais de operação. O modelo do sistema em que V é o volume do sistema, Ar é a área de seção
representa seu comportamento dinâmico e, assim, permite transversal da tubulação utilizada, S é a área de membrana,
o estudo de ajustes, previsão e controle do mesmo. Os Km é o coeficiente global de transferência de massa da
principais tipos de modelagens de OR são fenomenológicos membrana, ρ é a densidade do fluido, vf é a velocidade do
e matemáticos [10]. fluxo da água de alimentação, vb é a velocidade do fluxo
de água de bypass, vc é a velocidade do fluxo da água de
concentrado e vp velocidade do fluxo da água de produto.
A. Modelo Não-linear
O termo ∆π é a pressão osmótica, que pode ser calculado
Um dos modelos RO mais difundidos foi desenvolvido como:
em [3], em que admitiu-se o modelo termodinâmico irre-   
versı́vel, fluidos incompressı́veis e volume interno de massa (1 − R) + R (vf − vb )
∆π = Cf βT α + (1 − α) ,
constante. São desprezadas as fricções de contato durante vc
todo o processo. O diagrama esquemático desse modelo está (3)
representado na Fig.1. em que β é a constante que relaciona a concentração efetiva
com a pressão osmótica, α é um coeficiente efetivo de
ponderação da concentração salina, R é a fração de rejeição
salina da membrana, Cf é a concentração da água de
alimentação e T é a temperatura do processo.
O fluxo de água do produto e pressão do sistema são
definidas como:

Fp = Ar (vf − vb − vc ) (36 × 105 ), (4)

Arρ
Ps = (vf − vc − vb ) + ∆π. (5)
SKm
O motor DC que aciona a bomba é descrito pelas seguin-
Figura 1. Diagrama esquemático apresentado em [3] tes equações:
Equação diferencial da parte elétrica:
Como pode ser observado na Fig.1, o esquema do sistema dIa VT Ra Ia Km ωm
OR proposto por [3] inclui uma bomba de alta pressão, um = − − . (6)
dt Laa Laa Laa
conjunto de membranas e duas válvulas. A bomba força a
água de alimentação a passar pelo conjunto de membranas Equação diferencial da parte mecânica:
(responsável por reter suas impurezas), tornando-a água de dωm Km Ia TL B m ωm
produto. A válvula de bypass é responsável pelo alı́vio da = − − . (7)
dt J J J
pressão do sistema. A válvula de concentração é responsável .
por rejeitar a água que não permeia, m, pela totalidade do A bomba é modelada pelas seguinte equaçãos:
conjunto de membranas para outros sistemas responsáveis  
por recuperação. O tratamento da água de concentrado está ηVT Ia ηVT
Q= = Ia . (8)
fora do escopo deste trabalho. ρgH ρgH
As duas variáveis a serem controladas pelas válvulas de Onde os parâmetros são representados por: Ia a corrente
concentração e de bypass são, respectivamente, fluxo de de armadura (A), VT a atensão da armadura (V ), Ra a
água do produto, Fp (monitorado pelo sensor de fluxo SF), e resistência da armadura (Ω), Laa a indutância de enrola-
a pressão do sistema, Ps (monitorada pelo sensor de pressão mento da armadura (H), Km a constante de torque do rotor
SP). Os sinais de controle representam as resistências das (V.s/rad) e ωm a velocidade angular do rotor (rpm).
válvulas de concentração e de bypass, Rvc e Rvb , respecti- Para a equação (7) também foi utilizado J como momento
vamente. Desta forma, temos sistema multivariável do tipo de inércia (Kg.m), TL como torque da carga (N m) e Bm
TITO (two-input, two-output). como constante (N.m.s).
As equações diferenciais não-lineares que descrevem o Finalmente, para modelagem da bomba na equação (8),
comportamento dinâmico dos fluxos através das válvulas de aplicou-se η constante de eficiência da planta, Q é a vazão
concentração e de bypass, respectivamente, conforme [7], (m/s), ρ é a densidade do fluido (Kg/m), g aceleração
gravitacional padrão (9, 80665m/s) e H é a altura de carga
total que causa o escoamento. 
4, 5110 (m/s)
 
5011, 5

A Tab.I mostra os valores dos parâmetros utilizados nas ẋ = , u=
1, 1230 (m/s) 310, 5837
simulações desse trabalho e são os mesmos utilizados em
1996, 1 (m3 /s)
 
[3]. e y= .
3, 182 × 106 (P a)
Tabela I Pelo método da linearização dinâmica, [11], é possı́vel
VALORES DOS PAR ÂMETROS DO MODELO escrever um sistema como:
Parâmetros da planta de OR
.
Parâmetro Valor φx(t) = A1 φx(t) + B1 φu(t),
ρ 1000 (kg/m3 ) (10)
VT 105 (V ) φy(t) = C1 φx(t) + D1 φu(t),
Ia 5,2 (A)
Raa 20 (Ω) em que A1 , B1 , C1 e D1 são matrizes que descrevem o
Laa 1,06 (mH) modelo linearizado em espaço de estados e são calculadas
J 1,06×10−6 (kg.m²) como as derivadas parciais explicitadas a seguir:
Bm 3,79×10−3 (N.m.s/rad)
Km 0,52
    
δf1 δf1
V 0,04 (m3 )  δvc 0 δvb 0 ,
Ar 1, 26 × 10−4 (m3 )
A1 = δf2 δf 2
S 30 (m2 ) δvc
0
δvb
Km 9, 218 × 10−9 (s/m)     
Cf 10000 (ppm) δf1 δf1
δRvc δRvb
α 0.5 B1 =  0  0 ,
δf2 δf2
T 25 (◦C )
δRvc δRvb
R 0,993 0 0
β 0.2641 (P a/(ppm × K)) 
δg1
 
δg1
 
vb 1,123 (m/s) δvc δvb
vc 4,511 (m/s) C1 =  0  0  e
δg2 δg2
vf 10 (m/s) δvc δvb
0 0
Ps 3, 154420 × 106 (P a)     
Rvc 5000 δg1 δg1
Rvb 310 δRvc δRvb
D1 =  0  0  .
δg2 δg2
δRvc δRvb
0 0
Como esse trabalho considera apenas as equações ma- Sendo n a ordem do sistema, m o número de entradas e
temáticas em operações normais, a inversão das válvulas p o número de saı́das.
não está incluı́da no diagrama de blocos da Fig.1 e nem nas Adaptando as Eqs.(1), (2), (4) e (5) para (9), temos:
Eq.(1), (2),(3), (4) e (5).
 
B. Linearização do modelo A A ∆π
f1 (x, u) = (vf − vc − vb ) + − 0, 5Rvc vc2 ,
V SKm ρ
Dado um sistema não linear descrito por: (11)

ẋ(t) = f (x(t), u(t)),


 
A A ∆π 2
(9) f2 (x, u) = (vf − vc − vb ) + − 0, 5Rvb vb ,
y(t) = g(x(t), u(t)), V SKm ρ
(12)
em que ẋ(t) é o vetor de funções da dinâmica dos estados,
y(t) é o vetor de equações das saı́das, x(t) é vetor de g1 (x, u) = A(vf − vb − vc )(36 × 105 ) (13)
estados, u(t) é o vetor de entrada, f (x, u) é o vetor de
funções não lineares que descreve a dinâmica do sistema e e
g(x, u) é o vetor de funções não lineares que descreve a Aρ
saı́da do sistema . g2 (x, u) = (vf − vc − vb ) + ∆π. (14)
SKm
Sendo
A partir da estratégia de linearização, tem-se:
     
v̇c Rvc Fp  
ẋ = ,u = ,y = , A11 A12
v˙b Rvb Ps A1 = ,
A21 A22
temos que f (x, u) e g(x, u) são compostas por Eq.(1), (2),  
(4) e (5). B11 B12
B1 = ,
A condição de linearização é definida para qualquer caso B21 B22
genérico por x0 (t), u0 (t) e y0 (t). E φx(t), φu(t) e φy(t)  
C11 C12
são definidos por pequenos desvios em torno da condição C1 = ,
C21 C22
de linearização [11].
O modelo do sistema foi linearizado no ponto de
 
0 0
equilı́brio D1 = ,
0 0
sendo: D. Modelo linearizado do conjunto motorbomba
Através das equações (6-8), é possı́vel determinar o
 
A (1 − R(1 + vf − vb )) modelo de espaço de estados do motorbomba responsável
A11 = −T − Cf βT (1 − α) −Z, acionado pelo motor DC:
Vρ vc 2
(15)   " −Ra a #  
−Km 1

I ȧ La a La a Ia La a V
A 2 = + T
T =− , (16) ω ṁ Km
J − (BmJ+P1 ) ωm 0
V SKm h i 
Ia

y= η.V T .Ia
 
ρ.g.H 0 + 0 VT .
ωm
A
Z = Rvc vc , (17)
V Nesse trabalho, a tensão VT aplicada no motor DC foi
mantida constante durante todos os testes de simulação.
A2
 
A III. S ÍNTESE DE C ONTROLE
A12 = − − Cf βT R(1 − α) , (18)
V SKm V ρvc A. Teoria de controle
O controle de processos é essencial para o sistema de
A2
 
A 1 − R(1 + vf − vb ) dessalinização, tendo em vista garantir à planta condições
A21 = − − Cf βT (1 − α) ,
V SKm Vρ vc 2 operacionais ótimas, e consequente aumento da vida útil e
(19) redução do custo em reparos [5].
Para fins de avaliar o modelo linearizado obtido nesse
A2 ACf βT R(1 − α) ARvb vb trabalho, um controlador via alocação de pólos foi projetado
A22 = − + − , (20) e testes de simulação foram realizados.
V SKm V ρvc V
Em [13], aborda-se a teoria de projeto de erro em regime
Av 2
" #
− 2Vc 0 permanente via controle integral de sistemas em espaço de
B1 = Av 2
, estados. Considere uma planta representada por:
0 − b 2V
C11 = −A 36 × 105 , (21)
ẋ = Ax + Bu,
(26)
y = Cx.
C12 = −A 36 × 105 , (22)
A seguir, será realizado um projeto de controlador via
realimentação de estados com ação integral para garan-
  tir erro de seguimento de referência nulo e rejeição de
−Aρ 1 − R(1 + vf − vb )
C21 = − Cf βT (1 − α) , distúrbios.
SKm vc2 De acordo com [14], dado um sistema de entrada única
(23)
ou múltipla conforme descrito em Eq. (26), é assumido
−Aρ Cf βT (1 − α) as entradas da planta como entradas de controle. Deseja-
C22 = + (24) se então calcular uma matriz de ganhos K tal que a
SKm vc
realimentação de estados
,
u = −Kx,
 
0 0
D1 = . (25)
0 0 aloca os pólos de malha fechada nos locais desejados,
C. Modelo linearizado definidos por um vetor p. Em suma, os autovalores de
Segundo [12] , é possı́vel controlar um sistema OR linea-
A − BK
rizado. Substituindo os valores dos parâmetros da Tab.I e do
ponto de equilı́brio desejado, tem-se o modelo linearizado correspondem aos valores do vetor p. Então, o algoritmo
da planta OR: apresentado em [14] utiliza os graus de liberdade extras para
  encontrar uma solução que minimize a sensibilidade dos
−4, 8793 −0, 1041 pólos de malha fechada à perturbações nas matrizes A ou
A1 = ,
−0, 0942 −0, 1779 B.
  Considere a Fig. 2, um caminho de realimentação a partir
−0, 0022 0 da saı́da foi acrescentado para calcular o erro, que é utilizado
B1 = ,
0 −0, 0001 pela parte integradora do controlador com o objetivo de
anular o erro de seguimento de referência.
Desta forma, é necessário acrescentar uma variável de
 
−457, 2000 −457, 2000
C1 = e estado adicional, xN , na saı́da do integrador à esquerda. O
−69, 1502 −71, 8290
erro, e, corresponde à derivada desta variável:
 
0 0
D1 = . e = ẋN = r − Cx.
0 0
B. Cálculo de controle
+
.
r e 1 xN + u x 1 x y

- s
Ke
-
B
s
C
De acordo com a ordem do sistema aumentado, que
depende da matriz de estados Ag , deve-se escolher um
A
vetor p com 4 pólos de malha fechada. O ajuste desses
pólos foi feito levando-se em consideração as caracterı́sticas
K
desejadas para o desempenho da planta pensando-se em uma
operação real. Desta forma, desejou-se obter uma resposta
com velocidade de seguimento de referência satisfatório,
Figura 2. Controle integral para projeto de erro em regime permanente. levando-se em conta o compromisso com os limites reais
de operação dos atuadores da planta. Dessa forma:
Assim, a partir da Fig. 2, obtemos:  
p = −9 −11 −10 −20 . (33)
A partir da estratégia de controle apresentada, as matrizes
ẋ = Ax + Bu,
ampliadas Ag , Bg e Cg são dadas por
 
−4, 8793 −0, 1041 0 0
ẋN = −Cx + r e  −0, 0942 −0, 1779 0 0 
Ag =   457, 2000 457, 2000 0 0  ,

69, 1502 71, 8290 0 0


y= Cx. (27)
 
−0, 0022 0
 0 −0, 0001 
Portanto, podemos obter um sistema aumentado que re- Bg =  ,
 0 0 
presenta o sistema com ação integral com seguintes vetores 0 0
e matrizes:  
−457, 2000 −457, 2000
 −69, 1502 −71, 8290 


 
A 0
   
x B
 
0 Cg =  .
= + u+ r, (28)
 0 0 
x˙N −C 0 xN 0 1 0 0

  Enquanto que os controladores K e Ke obtidos para


  x atender (33) são dados por:
y= C 0 . (29)
xN  
0, 2580 0, 1757
K = 104 ,
Adaptando as Eqs. (28) e (29) às matrizes do modelo −4, 9269 −7, 1169
linearizado A1 , B1 e C1 , temos:  
3 0.0508 −0.3473
Ke = 10 .
    −0.7396 5.6125
A1 0 B1  
Ag = , Bg = e Cg = C1 0 . IV. R ESULTADOS DE SIMULAÇ ÃO
−C1 0 0
A. Validação da modelagem
Onde: A resposta ao degrau é um recurso útil para um conheci-
mento inicial do comportamento dinâmico de um sistema,
  revelando caracterı́sticas importantes para a sua dinâmica
  x
u = −Kx + Ke xN = − K −Ke , (30) [15].
xN
Inicializou-se a simulação no ponto de equilı́brio das
entradas de controle e aplicou-se um degrau unitário no
Substitui-se a Eq. (30) nas Eqs. (28) e (29), de forma a
instante 0,2 segundos na entrada de controle Rvc e um
obter:
degrau unitário no instante 1,5 segundos na entrada de
controle Rvb . Portanto, foram aplicadas variações do tipo
      
ẋ (A1 − B1 K) B1 Ke x 0 degrau nos modelos não linear e linearizado para validação
= + r dos mesmos. Os resultados de simulação são ilustrados nas
x˙N −C1 0 ẋN 1
(31) Figs. 3 e 4.
Conforme visto na Fig. 3 o resultado é dado assumindo
a mesma condição de operação utilizada na linearização
 
  x
y= C1 0 (32) do modelo, dessa forma percebe-se que as respostas são
xn
praticamente iguais.
Portanto, o sistema foi aumentado e podemos utilizar Por outro lado, quando comparados o modelo linear com
a equação caracterı́stica associada às equações acima para o não linear em diferentes pontos de operação, percebe-se
projetar os controladores K e Ke que atendam a resposta uma divergência entre as repostas, conforme apresentados
transitória desejada [13]. nas figuras Fig. 4 e Fig. 5. Tal diferença nas respostas
Fluxo de Água Potável realimentação de estados e ação integral,considerando-se
L/h (litros por hora)
2000
Modelo linear
também as perturbações P1 e P2 . Os resultados do sistema
Modelo não-linear
1995
em malha fechada considerando-se a planta linearizada estão
1990 exibidos na Fig.7. Observa-se as saı́das de vazão e pressão,
1985 além dos sinais de controle. Foram aplicadas variações na
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3

6
Pressão do Sistema referência e também perturbações. Percebe-se erro de regime
×10
2.008
Modelo linear
nulo, seguimento de referência e rejeição de distúrbios
2.006 Modelo não-linear
Pa (Pascal)

satisfatórios.
2.004

2.002
Fp
2 P1
Rvc
+ 1 + + B2 1 C2
Ke
1.998 - s - +
+
+
+ s
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Tempo (segundos) Ps

A2
Rvb P2

K
Figura 3. Modelagem da variável fluxo de água do produto (Fp ) e pressão
dos sistema (Ps ) ) com variação de 1% do valor de referência: comparativo
entre modelo não linear e modelo linearizado.
Figura 6. Arranjo da planta linearizada com os controladores em malha
fechada e inserção das perturbações P1 e P2 .
Fluxo de Água Potável
Litros por hora (L/h)

2000
Modelo linear
Modelo não-linear

1950 Fluxo de Água Potável

L/h (litros por hora)


3000

2000 2455
1900
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 1000 Saída
2450

Referência 2445
×106 Pressão do Sistema 5 6 7 8 9 10
2.05 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Modelo linear
Pascal (Pa)

2 Modelo não-linear 105 Pressão do Sistema


4.7
Pa (Pascal)

1.95 4.65

4.6
1.9 Saída
4.55
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Referência
Tempo (segundos) 4.5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

105 Resistência das válvulas


Figura 4. Modelagem da variável fluxo de água do produto (Fp ) e 4

pressão dos sistema (Ps ) ) com variação de 10% do valor de referência: 2


comparativo entre modelo não linear e modelo linearizado. 0

-2 Rvc
Rvb
-4
é esperada, pois o modelo linear está em um ponto de 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (segundos)
operação diferente daquele utilizado na linearização.

B. Simulação em malha fechada Figura 7. Resposta ao controlador aplicado à planta. Simulação referente
à saı́da fluxo de água do produto (Fp ).
Na Fig. 6 é apresentado o diagrama em blocos do sistema
em malha fechada com a inserção da lei de controle por
O teste de simulação de malha fechada com a planta não-
linear é apresentado na Fig. 8 e 9. Inicializou-se a simulação
Fluxo de Água Potável com os valores de Rvc e Rvb conforme valores da Tab. I.
Litros por hora(L/h)

2000
Modelo linear
Foram aplicados nas entradas de controle perturbações em 9
1800 Modelo não linear e 12 segundos. Aos 6 segundos de simulação, anterou-se as
1600 entredas de referência para 10% a mais dos valores iniciais.
1400 Percebe-se que o controlador estabilizou a planta e re-
1200
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
sultou em respostas com alto amortecimento e rejeitou os
×106 Pressão do Sistema disturbios aplicados na planta de forma satisfarória.
2.2
Modelo linear
Pa (Pascal)

2 V. C ONCLUS ÕES
Modelo não linear
1.8
Neste trabalho foi apresentado a modelagem de uma
1.6
planta OR. Através da linearização de sistemas dinâmicos,
1.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 obteve-se o modelo linearizado. Alcançou-se êxito ao com-
Tempo (segundos)
parar o modelo não linear ao linearizado, ambos apre-
sentando similaridade e convergência na modelagem. De
Figura 5. Modelagem da variável pressão do sistema (Ps ), com variação
de 100% do valor de referência: comparativo entre modelos não linear e acordo com a metodologia apresentada no artigo, o projeto
linearizado. do controlador via realimentação de estados com inserção
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geradora da UHE de Tucurui”, SBA Controle e Automação, pp.5–8,
vol.22, n.5, 2011.

Figura 9. Resultados da simulação do modelo não linear, em malha


fechada, com o esforço de controle atuando. Saı́da pressão do sistema,
Ps, do modelo OR em estudo

da ação integral por aumentação da planta apresentou um


excelente desempenho, levando as saı́das da planta para os
valores de referência.

AGRADECIMENTOS
Os autores do trabalho agradecem o apoio financeiro
recebido pelo CNPQ, CAPES e FUNCAP. Como, também,
à Universidade Federal do Ceará pelo apoio.

R EFER ÊNCIAS
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