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Contração Muscular

Biofísica
Contração Muscular

 Com exceção da bioluminescência, (emissão


de luz), a contração muscular é o meio de
manifestação de atos internos e externos dos
seres vivos.

A contração muscular depende da atividade


cerebral, mas sem ela as conquistas
intelectuais ficariam restritas ao sistema
nervoso
Contração Muscular
 Tipo de músculos:
◼ Músculos são compostos por feixes de fibras;
 Fibras musculares lisas vistas as
 Fibras musculares estriadas microscópio

 Fibras musculares lisas


◼ Contração mais lenta;
◼ Tempo de contratura maior
 Ex. Vísceras (tubo digestivo,
bexiga, artérias)
Contração Muscular
 Fibras musculares estriadas
 Contração mais rápida;
 Contração de curta duração;
 Massa dos músculos esqueléticos;
 Miocárdio (estrutura especial)
 40% da massa corporal humana
Contração Muscular
 Relações energéticas no músculo
◼ Músculo: biossistema que transforma Energia Elétrica
Potencial de biomoléculas em Calor e Trabalho
Mecânico.

Energia térmica
Ocorre Reação bioquímica
contração

Repouso:
Energia Elétrica Ação: Liberação
Potencial de Calor
(campo eletromagnético)

Energia térmica

Atrito entre estruturas +


e movimento
Trabalho mecânico
 = m.g.d
Contração Muscular
 = kg.m2.s-2
T = N.m = J

 Calor medidos com


 Trabalho Muscular precisão

Ef = Trabalho Realizado (g)


Energia Gasta (J)

Essa relação indica quanto de


Energia virou Trabalho e
quanto foi perdido na forma
de Calor
Contração Muscular
◼ Exemplo: Um músculo realiza determinado
Trabalho e o calor despendido é medido. O total
de energia gasto foi de 750J. O referido trabalho
foi de levantar uma bola de chumbo de 25 kg a 1
metro de altura.
1 cal = 4,186J
 a) Qual é a eficiência mecânica?
 b) Qual o calor produzido (em Joules e em calorias)?

T = m.g.d Ef = Trabalho Realizado = 245 J = 0,3266 ou  33%


Energia Gasta 750 J
T = 25kg . 9,8m.s-2 . 1m
T = 245 kg.m2. s-2 C = 750 – 245 = 505 J  67%
T = 245 J
505 J ÷ 4,186 J  120,6 cal.

1 kcal = 4,186 kJ = aquece em 1ºC 1 litro de água


Contração Muscular
◼ Se 1 kcal aquece em 1ºC 1 litro de água, 120 cal
é calor suficiente para aquecer em 0,12ºC 1 litro
de água.
◼ Supondo que:
 Se o músculo pesa 0,1 kg, a temperatura poderia supor
em aproximadamente 1,2 ºC só nesse trabalho
Deslocamento de Objetos

Força = massa (kg) x aceleração (9,8 m.s-2)

T=Fxd
Distância = metros (m)

Unidade = Joule (J) = kg.m2.s-2


Contração Muscular
◼ Exemplo: qual o trabalho de levantar uma massa
de 5kg a 1,2 metro de altura.
T = m.g.d
T = 5kg . 9,8m.s-2 . 1,2m
T = 58,8 kg.m2. s-2
T  59 J

Se existir atrito sobre uma superfície, considera-se o coeficiente de


atrito

T = F . d . mc
Coeficiente de atrito cinético
Contração Muscular
Pressão = massa (kg) x distância-1 (m-1) x tempo-2 (s-2)
Pascal, cm ou mm de mercúrio, cm ou mm de água

Variação de volume = DV
T = P x DV

Unidade = Joule (J) = kg.m2.s-2

◼ A pressão exercida modifica o volume;


 Ex. coração, caixa torácica, artérias, bexiga, tubo
digestivo, etc.
Contração Muscular
◼ Exemplo: calcular o trabalho realizado pelo ventrículo
esquerdo para ejetar 85 ml de sangue sob pressão de
12 cm de Hg. (densidade do Hg = 13,5 x 103 kg.m-3)
 12 cm de Hg significa que o dispositivo (no caso o coração)
levanta 12 cm de altura uma coluna de mercúrio de densidade
13,5 x 103 kg.m-3
1000 litros = 1 m3
 DV = sangue ejetado = 85 ml
▪  85 ml = 0,085 l = 0,085 10-3 m3 1 litro = 10-3 m3

 Pressão:
▪ P = densidade x gravidade x altura
▪ P = 13,5 x 103 kg.m-3 x 9,8 m.s-2 x 0,12 m = 15876
▪ P  1,6 x 104 N.m-2 ou Pa

kg. m-3 . m.s-2. m = (kg . m . s-2) . m-3 . m = N . m-2 = Pa


Contração Muscular
T = P x DV
T = 1,6 x 104 N.m-2 x 0,085 x 10-3.m3
T = 1,36 N.m (kg.m.s-2.m)
T = 1,36 J (Joules)

Esse valor é a cada batida do coração.


Durante o dia, a média é de 75 batimentos por minuto
 o Trabalho total é:
Ttotal = batimentos/min x min/hora x horas/dia x Trabalho
Ttotal = 75 x 60 x 24 x 1,36 J
Ttotal = 146880 J  146,8 kJ ou
Ttotal = 146,8 kJ ÷ 4.186 kJ  35,1 kcal

 O consumo basal do corpo é em torno de 8.400 kJ ou


2000 kcal  o trabalho ventricular é de apenas 2% do total
corporal.
Trabalho Físico e Biológico
 Todo trabalho é físico;
 Trabalho biológico é realizado pelos biossistemas
necessários para produzir determinado trabalho físico
Físico (F) é F x d ou P x DV.
Biológico (B) é toda energia na contração muscular.
B é sempre > F Energia para mover o
músculo

Vencer o atrito entre os


fibras musculares

Muscular campo elétrico: cargas elétricas que se


atraem ou se repelem é que causam o movimento.
A eficiência do Muscular é entre 20% e 40%
( de 100J rende 20 a 40 J)
Trabalho Físico e Biológico
◼ Exemplo: Um paciente fazendo exercício levanta um
objeto de 3 kg a 1,2m de altura. Seu rendimento
muscular é apenas 25%. Calcular F e B.

F = 3 kg x 9,8 m.s-2 x 1,2 m


F = 35,28 J ou 8,43 cal

B = 25 % - 35,28 J
100 % - XJ
B = 141,12 J ou 33,71 cal
Trabalho Físico e Biológico
◼Exemplo: Um indivíduo de 70 kg pula corda. Seu pulo
atinge 30 cm de altura. O exercício é repetido 200 vezes.
Calcule F e B com rendimento de 30%. Sabe-se também
que o metabolismo basal desse indivíduo é de 6000 kJ.
Calcule o quanto significa em porcentagem a variação de B.

F = 70 kg x 9,8 m.s-2 x 0,3 m x 200 O exercício de pular corda aumenta


o metabolismo basal em 137 kJ

F = 41,16 kJ ou 9,84 kcal


Metabolismo basal = 6000 kJ
+
B = 30 % - 41,16 kJ Trabalho biológico  137 kJ

100 % - X kJ
B = 137,2 kJ ou 33,77 kcal X = (6.137 x 100) ÷ 6000 = 102, 28
ou seja o B aumenta em 2,3 % o
metabolismo basal
Tipos de contração muscular
◼ Contração muscular isométrica (comprimento)
 Ao se contrair o músculo não altera seu
comprimento;
◼ Tentativa de levantar peso sem sucesso;
◼ Sustentação de maneira imóvel;
◼ Não existe trabalho físico ( F x d = 0)
◼ Pressão ou tensão que o músculo exerce – possíveis de
mensuração;
◼ Dispêndio de energia térmica (calor)
Tipos de contração muscular
◼ Contração muscular isotônica ou dinâmica (força)
 Ao se contrair o músculo diminui;
◼ Trabalho físico tipo Fxd;
◼ Distribuição de energia térmica (calor) por reações
bioquímicas e por atrito – geração de trabalho mecânico;
◼ Possível mensuração de trabalho utilizado e calor
despendido;
◼ Encurtamento pode chegar a 1/3 do comprimento do
músculo relaxado;
- É a contração muscular que provoca um movimento articular.
- Há alteração do comprimento do músculo sem alterar sua tensão máxima.
- Possui alto consumo calórico e geralmente é de rápida duração.
- A contração isotônica divide-se em dois tipos: Concêntrica e Excêntrica.

-
- Concêntrica: ocorre quando ao realizar um movimento o músculo aproxima suas
inserções, com encurtamento dos seus sarcômeros. Como exemplo temos o
músculo bíceps braquial quando levamos um alimento
- à boca, no movimento de flexão do antebraço,
- provocando aceleração.

- Excêntrica: ocorre quando ao realizar o movimento o


músculo alonga-se, ou seja, as inserções se afastam,
com aumento do comprimento dos seus sarcômeros. Como exemplo temos o
movimento do músculo bíceps braquial ao devolver um copo à mesa depois de
beber o seu conteúdo, no movimento de extensão do antebraço, provocando
desaceleração.
Tipos de contração muscular
◼ Calor e Trabalho nas contrações musculares
 En = A + a . DL + f . DL (equação de HILL)
En = contração muscular;
A = calor de ativação;
a = calor de contração;
f = força;
DL = variação de espaço (distância percorrida);
 Contração Isométrica
◼ O músculo não muda de comprimento;
DL = 0
En = A + a . DL + f . DL
En = A + 0 + 0
En = A
 Contração Isotônica
◼ A distribuição é dada pela equação de
Hill, pois L  0
En = A + a . DL + f . DL
Níveis estruturais do músculo
◼ O músculo trabalha como motor elétrico linear:
 Elétrico:
◼ Força proveniente de atração ou repulsão de cargas na
estrutura muscular

 Linear
◼ As partes se deslocam em linha.

 Como em todo processo biológico, inicia-se em nível


molecular e termina em nível de sistema.
Tipos de contração muscular

- Feixe de fibras musculares;


-Estrutura repetitiva (Z-Z)
-Sarcomero, característico
da fibra;
-Surgimento da zona H – zona
clara tendo no centro uma
linha fina chamada M.
- A zona H está no centro de
uma faixa denominada
A (anisotrópica), seguida por
outra faixa clara denominada
I (isotrópica).
Níveis estruturais do músculo
◼ A iso e anisotropia são referentes as
propriedades de simetria ou assimetria óptica
(uma é birrefringente e a outra não é)
 Faixa A  1,6 mm e Faixa I  1,0 mm
◼ filamentos grossos soltos, tendo na parte mediana a linha M;
 Componente principal a miosina (proteína longa, de 160 x
24nm e pesa cerca de 4,8 x 105 daltons.) (1 dalton = 1,67 x 10-24g)
◼ filamentos finos se prendem a Z - causam a anisotropia;
 Componente principal a actina.
Níveis estruturais do músculo
 A actina pode aparecer na forma de glóbulos – G-
actina – ou na forma de filamentos – F-actina;
 A F-actinina é um polímero da G-actina;
 Cada molécula de G-actinia se liga fortemente a um
íon Ca2+;
 No filamento existe ainda a troponina, (trímero):
◼ TN-C: troponina → Ca2+;
 Se liga a dois íons de CA2+
◼ TN-I: troponina Inibitória;
 Inibe a contração se combinar com a actina (quebra do
complexo actinomiosina)
◼ TN-T: troponina → tropomiosina
 Normalmente ligada a tropomiosina,impedindo a concentração
Mecanismos da contração muscular
 Impulsonervoso é conduzido pelo axônio do
motoneurônio até aplaca terminal (placa
neuromuscular);
 Liberação de acetilcolina (Ach);
 Despolarização de fibras e geração de potencial de
ação;
 As fibras despolarizadas se contraem;
 Despolarização da membrana (sarcolema) com
rápida saída de Ca2;
A saída de Ca2+ do sarcoplasma é o impulso inicial
da contração.
Mecanismos da contração muscular
 Ao se ligar a TN-C, o Ca2+ cataliza a atividade
ATPásica da actinomiosina, cujo centro ativo está na
cabeça da molécula;
A liberação de energia permite mudanças
conformacionais → resultam no aparecimento de
força elétrica;
 Essa força elétrica provoca o deslizamento das
moléculas de actina;
 Como resultado, as estruturas de Z a Z se encolhem;
 Não existe proteínas contráteis, são as estruturas
que se contraem
Mecanismos da contração muscular

 EnquantoTN-C estiver ligado ao CA2+, esta impede a


ação inibitória da TN-I e o processo continua
enquanto houver estímulo nervoso.
Relaxamento muscular
 Quando o estímulo é cessado o retículo
sarcoplasmático retira o Ca2+ do fluído circundante
por processo ativo;
 Existe portanto gasto de ATP;
A queda da concentração de Ca2+ no complexo TN-C
(centro ativo da actinomiosina, a hidrólise do ATP é
cessada,
 A concentração é desativada;
 Os músculos voltam a posição original;
 TN-I assume seu papel inibidor.
◼Exemplo: Um homem de 70 kg sobe correndo uma escada
de 6 metros de altura em 10 segundos. Calcule o trabalho
físico e o trabalho biológico, sabendo que o rendimento
muscular foi de 25%.
F = 70 kg x 9,8 m.s-2 x 6 m
F = 4,116 kJ ou 984 cal
B = 25 % - 4,116 kJ
100 % - X kJ
B = 16,46 kJ ou 3,93 kcal
Toda essa energia vem da combustão aeróbica e sabe-se que o
consumo de oxigênio fornece aproximadamente 4,8 kcal/litro, quantos
cm3 de O2 seriam necessários para essa combustão?
Volume de O2 = 3,93 kcal ÷ 4,8 kcal. l-1  0,818 litros de O2
(Como 1 litro = 1000cm3 )
◼ 0 volume de aproximadamente 818 cm3 de O2 em apenas
10 segundo (tempo de subida), exigiria que ocorresse uma
absorção de 80cm3 de O2 por segundo.
◼Sabe-se que a ventilação pulmonar é de  4 cm3/s de O2
(repouso), podendo atingir 2500 cm3/s, porém esse aumento
é muito lento.
◼ em 10 segundo, ou 80cm3 necessários para a oxidação
da glicose não são atingidos.
◼Isso leva a crer que existe um mecanismo anaeróbico de
produção de energia.
Em condições normais (sem excesso de trabalho muscular)
▪ 40% é de origem aeróbica;
▪ 60% é de origem anaeróbica.
Em condições de exercício violento
▪ Contribuição anaeróbica chega a 95%;
▪ Isso pode levar ao acúmulo de ácidos orgânicos (ácido
lático)
▪ Aparecimento de exaustão muscular (câimbra).
Câimbra

A câimbra são espasmos ou contrações involuntárias de um ou mais


músculos, geralmente dolorosas, que podem levar de segundos até
prolongados minutos.

Ocorrem apenas nos tecidos musculares no qual controlamos os


movimentos (fibras estriadas).

Ocorrem com maior frequência em:


- Panturrilhas, Musculatura anterior e posterior de coxa, Pés, Mãos,
Pescoço, Abdômen.

As cãimbras podem ser causadas por uma quantidade enorme de causas,


algumas conhecidas e outras nem tanto.
Cãimbras

Porém a causa mais provável seria uma hiperexcitação dos nervos que estimulam a
musculatura, normalmente causado por:
- Atividade física vigorosa (podendo ocorrer durante ou pós esforço);
- Desidratação (atenção para quem usa diurético);
- Alterações hidroeletrolíticas, principalmente déficit de cálcio e magnésio;
- Gravidez (normalmente secundário e magnésio baixo);
- Como autoproteção (ex: após uma fratura);
- Alterações metabólicas como diabetes, hipotireoidismo, alcoolismo e hipoglicemia;
- Doenças neurológicas com Parkinson, doenças do neurônio motor e doenças primárias
dos músculos (miopatias);
- Longos períodos de inatividade, sentado em uma posição inadequada;
- Alterações estruturais (ex: pé chato, genu recurvatum - hiperextensão do joelho);
- Insuficiência renal em hemodiálise e cirrose hepática;
- Deficiência de vitamina B1, B5 e B6;
-Anemia;

Muito se comenta sobre depleção de potássio como causa das câimbras.


Na verdade, a hipocalemia (baixos níveis sanguíneos de potássio) pode até causar
contrações
involuntárias, mas seu principal sintoma é fraqueza ou paralisia muscular.
O cálcio e o magnésio são causas mais importantes de câimbras.

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