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Matilde, nome de planta ou pedra ou vinho,

do que nasce da terra e dura,


palavra em cujo crescimento amanhece,
em cujo estio rebenta a luz dos limões.

Nesse nome correm navios de madeira


rodeados por enxames de fogo azul-marinho,
e essas letras são a água de um rio
que em meu coração calcinado desemboca.

Oh nome descoberto sob uma trepadeira


como a porta de um túnel desconhecido
que comunica com a fragrância do mundo!

Oh invade-me com tua boca abrasadora,


indaga-me, se queres, com teus olhos noturnos,
mas em teu nome deixa-me navegar e dormir.

As estrofes acima são apenas o trecho inicial de um


longo poema de amor, dos mais celebrados de Neruda.
Aqui a premissa de louvar a amada aparece com um
elogio ao seu nome, esse é o ponto de partida para
elevar suas virtudes.

Encontramos ao longo do poema uma série de elementos


que fazem referência à natureza (a terra, os frutos, o
rio). Profundamente simbólico, o enaltecimento ao nome
ganha contornos poéticos inimagináveis.

Terminamos a leitura suspirando, admirados com a


potência do amor e com o talento de Neruda para
transmitir através de palavras a magnitude do
sentimento.

"Pablo Neruda (Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto) nasceu em 12 de julho de 1904, em
Parral, no Chile, mas viveu sua infância e adolescência em Temuco. Depois, mudou-se para
Santiago para estudar francês na Universidade do Chile. Em 1923, publicou seu primeiro livro
de poesias — Crepusculário.

O autor, que faleceu em 23 de setembro de 1973, em Santiago do Chile, foi diplomata,


conheceu vários países e escreveu poesias caracterizadas pelo sentimentalismo, crítica
sociopolítica e temática do cotidiano. Assim, Neruda se tornou um dos poetas de língua
espanhola mais lidos e traduzidos no mundo inteiro."
Veja mais sobre "Pablo Neruda" em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/pablo-
neruda.htm

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