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Manual Algotec Algodoeira
Manual Algotec Algodoeira
Introdução 05
02
ÍNDICE
Introdução 34
Limpeza do Algodão em Caroço ou Pré-Limpeza 34
O Limpador do Algodão em Caroço 35
O Extrator de Algodão em Caroço 37
O Alimentador de Descaroçador 38
Conclusão – Limpeza do Algodão em Caroço 40
A Limpeza da Fibra 41
O Limpador Centrífugo 41
O Limpador de Serra (limpa pluma) 42
Instalação e Dimensionamento 43
Parâmetros de Funcionamento Importantes 45
Regulagens 45
Conclusão Sobre Limpeza de Pluma 46
Conclusão Geral Sobre Limpeza 47
Introdução 49
Umidade e Armazenamento 50
Umidade e Beneficiamento 50
A secagem do Algodão em Caroço 51
A Umidificação do Algodão em Caroço 52
Conclusão Sobre a Secagem e a Umidificação 56
Generalidades 57
Exemplos de Medições e Monitoramento na Usina 57
Os Recursos a Disposição do Beneficiador 58
As Peritagens de Usina 59
O Laboratório de Tecnologia da Fibra 59
Conclusão – Gestão para Conciliar Lucro e Qualidade dos Produtos 60
03
ÍNDICE
Equipamentos 61
Amarração 64
Armazenagem 66
Armazenagem a Céu Aberto (ao tempo) 66
Armazenagem em Ambiente Fechado (galpões) 67
Emblocamento 68
Generalidades 69
Segurança 69
Regulagens Gerais 70
Regulagens das Principais Máquinas de Beneficiamento 70
Desmanchador de Fardões 70
Separadores 70
Limpadores Inclinados 70
Extratores (Stick Machine) 71
Alimentadores de Descaroçadores 71
Máquina no Tipo Mitchell Standard e Super Mitchell 72
Ajustes para Máquinas de Média e Alta Capacidade 72
Descaroçadores 73
Máquina de Média e Alta Capacidade 74
Limpadores de Plumas de Serra 75
Máquinas do Tipo Constellation e Máquinas de Alta Capacidade 76
04
INTRODUÇÃO
O papel do gerenciamento consiste em assumir o programa de manutenção, garantir uma boa comu-
nicação junto aos empregados, envolvê-los e responsabilizá-los com as operações de manutenção, segurança
e ações que garantem um funcionamento econômico e satisfatório do ponto de vista da qualidade.
Os melhores equipamentos nada podem sem o melhor pessoal. Um pessoal competente adquire,
assimila e utiliza a informação. Um pessoal formado e informado é capaz de tomar as decisões certas.
Por isto, recomenda-se que o pessoal tenha oportunidades e seja beneficiado com uma formação re-
gular, em particular no que tange ao manejo dos equipamentos, à manutenção, às regulagens e à segurança.
O foco buscado pela AMPASUL é de alavancar a capacitação como instrumento essencial para manu-
tenção da sustentabilidade da atividade, baseada na maior eficiência das pessoas envolvidas, seja num pata-
mar gerencial ou operacional, procurando explorar e aplicar seus conhecimentos. Com isso, motivar para o
crescimento profissional, tendo como conseqüência mais qualidade técnica nas ações, diminuição de custos
nos processos e maior rentabilidade das usinas.
As tomadas de decisões dentro da cadeia produtiva do algodão, mais especificamente no processo de be-
neficiamento, estão realmente baseadas numa condição de qualidade do operador ou gerente, que pode
impactar no produto final e condicionar diretamente as reações de mercado. Isso faz com que os industriais
da área, produtores ou não, desenvolvam cada vez mais uma gestão empresarial e profissional.
Introdução 05
O CONTEÚDO
Esta cartilha discorre sobre vários temas tratados pelo beneficiamento do algodão, com informações
de diversas bibliografias e também provenientes da experiência de 25 anos aplicada pelos especialistas da
Cotimes do Brasil em trabalhos desenvolvidos nas diversas regiões do Brasil, onde o comprometimento com
o beneficiamento, a qualidade, a capacitação e o profissionalismo da cadeia produtiva do algodão são elos
prioritários dessa corrente rumo a excelência.
O trabalho expõe um conteúdo enriquecido com desenhos, figuras e fotografias, para facilitar a iden-
tificação e o aprendizado por parte dos usuários.
É importante salientar que, a eficiência da aplicação das informações contidas neste documento de-
pende da capacitação técnica e nível de conhecimento dos leitores e usuários.
Dica: O operador de máquina (maquinista) é o gerente do seu processo que é operar máquina. Por-
tanto, seu conhecimento deve ser constantemente alimentado, atualizado e reciclado. O CONHECIMENTO é
algo que será levado com o indivíduo por onde este for, independente dos caminhos e dos meios. Depende
somente de querer e aproveitar as oportunidades de tê-lo consigo.
O Conteúdo 06
CAPÍTULO I
BENEFICIAMENTO NO BRASIL E MS
A HISTÓRIA
A cultura do algodão no Brasil teve início em meados do século XVIII, com a revolução industrial na
Europa. O primeiro grande produtor foi o Estado do Maranhão que em 1760 começou a produzir e exportar
para Portugal, que por sua vez, exportava para a Inglaterra, centro da indústria têxtil na Europa.
O beneficiamento do algodão no Brasil tem seu início na mesma época. Contando com a mão de obra
de escravos (figura 1), através de um método manual primitivo, utilizava um aparelho denominado “churka
oriental” (figura 2 - 2 rolos que se movem em sentido contrário), embora já existissem em outros países como
Estados Unidos e Inglaterra, processos mecanizados.
Foto: CIRAD
Foto CIRAD
Figura
Figura1:1:Idéia dada
Idéia produção algodoeira
produção na época
algodoeira de 1760
na época de 1760
Figura
Figura2:2:Modelo
Modelodede
churka oriental
churka oriental
São Paulo se firmaria depois como grande centro produtor com a vinda de alguns imigrantes norte-
americanos. Eles traziam tecnologias mais avançadas de beneficiamento e também sementes de algodão
herbáceo, de fibra mais curta que os do nordeste, porém, muito mais produtivos plantados anualmente.
De São Paulo o algodão expandiu-se para o Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, for-
mando a zona meridional, responsável pela grande produção algodoeira do Brasil.
Com a expansão da cultura no Paraná na década de 80, as usinas que estavam desativadas no nordes-
te do Brasil e algumas em São Paulo, foram deslocadas para o estado, a fim de suprir a demanda de benefi-
ciamento criada pelo crescimento.
Beneficiamento no Brasil e MS 07
A mesma coisa veio a acontecer quando, por problemas financeiros e de manejo fito-sanitário, ocor-
reu a migração da lavoura para a zona do cerrado brasileiro. Os produtores que empreenderam nestas regi-
ões, trouxeram consigo as usinas que foram sendo desativadas no Paraná.
Em Mato Grosso do Sul, o cultivo do algodão começou pela região sul, com a implantação da Colônia
Agrícola Federal de Dourados abrangendo os municípios de Naviraí, Fátima do Sul, Glória de Dourados e De-
odápolis, entre outras. Inicialmente por intermédio de agricultores nordestinos e da migração de pequenos
agricultores (figura 3) que já plantavam algodão em São Paulo e no Paraná.
Com o propósito de promover melhores condições de produção aos cotonicultores da região, foi cria-
da em dezembro de 1978 a COPASUL - Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (figura 4), que implantou
em Naviraí, na década de 80, sua primeira usina de beneficiamento tida como a mais moderna do Brasil.
Somente na década de 90 é que a planta passou a ser desenvolvida na região centro-oeste e norte
do estado, especialmente nos municípios de Chapadão do Sul, São Gabriel do Oeste e Costa Rica, aonde o
algodão se desenvolveu com seu novo perfil produtivo.
O BENEFICIAMENTO
O número de usinas de descaroçamento nos diferentes estados produtores depende dos níveis de
produção (produto/área) e da capacidade individual de produção de cada usina.
Beneficiamento no Brasil e MS 08
Em Mato Grosso do Sul, o parque industrial
também evoluiu e atualmente conta com máquinas
de diferentes tipos de desenho, ou seja, de
processos modernos e antigos. O índice de usinas
com processos modernos no MS são similares ao
montante no Brasil (figura 5) com 15%, enquanto
as usinas que possuem processos de modelo e
fabricação antigas somam 85%.
Para a safra 2008/09, segundo dados da AMPASUL, estavam em atividade cerca de quinze algodoeiras
que supriam aproximadamente uma área de 38 mil hectares.
As usinas antigas são de pequena capacidade, concebidas para algodões colhidos manualmente. A
sequência de máquinas, desenvolvidas nos EUA nos anos 50, é baseada num conjunto de 5 a 6 descaroça-
dores de tipo Murray 80 ou 90 serras (figura 6). Estas usinas produzem de 8 a 12 fardos de 200 Kg por hora
e por conjunto, a um custo bastante elevado. As usinas comportam de 1 a 4 conjuntos. A qualidade de fibra
obtida não está de acordo com as ambições da cadeia de produção para o mercado internacional. Estes equi-
pamentos ainda são fabricados no Brasil por dois dos construtores nacionais.
As usinas modernas e de capacidade elevada são de fabricação americana ou brasileira. Os seus pro-
cessos são tecnologicamente bem mais avançados e mais adaptados à colheita mecânica (secagem, limpeza
do algodão em caroço e da fibra, automatização), com 2 a 3 descaroçadores de capacidade máxima de 15
fardos por hora (figura 7). As usinas modernas são amplamente automatizadas e precisam de pouca mão de
obra.
Beneficiamento no Brasil e MS 09
A PRODUÇÃO NO BRASIL E NO MS
Como poderemos ver nos gráficos abaixo (figuras 8 e 9), a produção do algodão no Brasil elevou-se
fortemente nos últimos anos, vindo a diminuir na safra 2007/08 devido a conjuntura econômica do agro-
negócio e as condições desfavoráveis de mercado. Apesar disso, as exportações continuaram crescendo e
parte desse quadro se deve à qualidade da fibra brasileira. Fica mais evidente com isto, o quanto se deve
atentar para a questão do beneficiamento, pois é um processo que pode ajudar muito na manutenção da
credibilidade e na rentabilidade do produtor. O papel dos gerentes de cada um dos processos que envolvem
o beneficiamento é muito mais importante do que se considera.
Manter o cliente e aumentar o mercado depende de ações e de produtos que possam atraí-los. Apro-
veitar as oportunidades junto aos mercados também é uma ação que deve ser buscada. E para isso a qua-
lidade é importante, como compara, por exemplo, os gráficos das produções africanas e no MS (figuras 10-
11-12).
Beneficiamento no Brasil e MS 10
Figura 10: Repartição da produção de
Fibra da África Ocidental entre tipos
Figura 11: Repartição da produção de fibra
verificada em 2 usinas do Mato Grosso do Sul
por tipo - 2007
Figura 12: Repartição da produção de fi-
bra verificada em 2 usinas do Mato Grosso
do Sul por folha - 2007
CONCLUSÃO
Portanto, a vontade de melhorar e progredir apesar das crises que se apresentam, é elogiável por
parte dos produtores e das associações que os representam e que preparam o futuro da cotonicultura no
Brasil e nos estados.
A capacitação é um instrumento muito especial e que traz muitos resultados positivos, desde que
aplicados devidamente e continuado, podendo melhorar a qualidade e a utilização planejada do processo
para reduzir o custo de produção.
Esta cartilha é mais um passo que a AMPASUL está dando, com seus parceiros e associados,
na busca do melhor para todos e progresso da cadeia produtiva do Mato Grosso do Sul e do Brasil.
Aproveite-a!
Beneficiamento no Brasil e MS 11
CAPÍTULO II
A QUALIDADE DA FIBRA E OS MERCADOS
O mercado geralmente condiciona a produção da fibra devido aos preços pagos por sua oferta, por
suas características de aspecto e de qualidade intrínseca. O produtor deve junto com o beneficiador produzir
uma fibra correspondente aos mercados e contratos a serem cumpridos.
As indústrias têxteis sempre buscam a melhor qualidade de fibra, pelo melhor preço. As fiações se
interessam por várias características da fibra, muitas delas influenciadas pelo beneficiamento do algodão em
caroço.
O mercado externo é bem mais exigente do que o do Brasil quanto à qualidade. Ele apresenta grande
concorrência, com abundante oferta de tipos de algodão que associam grau superior e características intrín-
secas de alto nível. Esses tipos de algodão resultam de colheita manual (África) ou de práticas agrícolas e
industriais bem controladas (Austrália).
A fibra de Mato Grosso do Sul apresenta características intrínsecas satisfatórias para atender ambos
mercados. Ampliar o espaço do algodão de Mato Grosso do Sul e a sua remuneração no mercado depende
dos produtores (notadamente, a colheita) e dos beneficiadores.
A fibra de algodão é classificada com base em suas características intrínsecas e extrínsecas, as ca-
racterísticas intrínsecas são geralmente muito importantes para a fiação. São propriedades físicas da fibra
determinadas durante e após a formação. As principais são:
*A resistência é a força necessária para romper um pequeno pacote de fibras (STR em gf/tex);
*O Índice Micronaire é uma característica que representa o complexo maturidade - finura (IM, sem
unidade);
*A cor composta da refletância ou brilho que representa a capacidade do algodão a refletir a luz (Rd,
em %), e do Índice de amarelamento (+b, sem unidade).
As características extrínsecas também têm importância para a indústria têxtil, pois alem da qualidade
dos produtos acabados, condicionam as perdas de matéria e de produtividade. As principais são:
Item 4: O algodão em pluma será classificado por tipo e comprimento das fibras, sendo que o Tipo será
determinado levando em conta a cor das fibras, a presença de folhas que irá caracterizar as impurezas e o
modo de preparação (beneficiamento) do produto.
Uma maneira mais eficiente e objetiva de efetuar a Figura 16: Padrões físicos USDA
classificação é por meio de um aparelho chamado HVI (High
Volume Instrument), que determina muitas medidas das características das fibras tais como comprimento
comercial, fibras curtas, resistência, alongamento, micronaire, cor
(Rd, +b, quadrante), impurezas (Trash), e as vezes neps, de forma
automática e rápida (figura 17).
Para a negociação no mercado, seja interno ou externo, são utilizadas informações dadas pela clas-
sificação e comparadas com tabelas oficiais que determinam os índices aceitáveis, incorrendo em ágios ou
deságios quando não são cumpridos. Essas tabelas fazem parte da Instrução Normativa 63 do MAPA, as quais
são demonstradas no ANEXO 1 desta cartilha.
Todos os estudos mostram que a prática da umidificação antes do descaroçador tem um efeito posi-
tivo direto sobre o comprimento comercial e a taxa de fibras curtas.
Pode-se ganhar em média 1/32” de comprimento e diminuir em 2% a taxa de fibra curta quando a
umidade da fibra do algodão em caroço é aumentada em 2 pontos percentuais, por exemplo de 4.5 para 6.5
% (USDA).
O interesse da umidificação do algodão em caroço então permite melhorar o valor comercial da fibra,
a produtividade e aumentar o rendimento de beneficiamento.
Dadas as baixas condições higrométricas durante a safra no Mato Grosso do Sul, umedecer o algodão
em caroço é altamente justificado.
Visto este fato através da classificação do algodão, onde o índice de fibras curtas é verificado, pode-
mos considerar a seguinte situação para ilustrar o exemplo:
A arroba(@) do algodão valia R$ 34,00 e o fardinho de 200 kg (13,3 @) então valia R$ 453,00. O valor
da carga ficou em R$ 57.531,00.
Conforme citado nesta cartilha, os estudos nos mostram a possibilidade de obter um ganho com
a utilização da umidificação do algodão em caroço antes de descaroçar. Neste caso, com uma umidade de
6,5%, seria possível conseguir uma fibra com comprimento médio de 1.1/8” ou 28,0 a 28,7 mm.
Seguindo a tabela de ágios e deságios (tabela I CONAB – comunicado 030 safra 2008/09 - anexo 1)
seria implementado um ágio no valor de R$ 0,066 por kg/fibra ou R$ 0,99/@ ou ainda R$ 13,17 por fardinho.
Assim, a mesma carga com 127 fardinhos somaria R$ 59.204,00, ou seja, uma diferença de R$
1.673,00.
CONCLUSÃO:
Os resultados da comercialização nos mercados podem chegar a valores muito significativos em re-
lação ao valor da carga ou a uma safra, o que confirma a necessidade de uma gestão muito qualificada do
processo de beneficiamento.
Por isto, tenha sempre em mãos o gerenciamento das ações de sua usina, controlando-as, medindo
os resultados e buscando sempre as melhorias.
Beneficiar bem é beneficiar com custo mínimo, assegurando uma boa valorização do potencial de
qualidade do algodão em caroço.
Os encarregados da usina devem entender e levar em conta a qualidade, para poder produzir o
necessário ao cumprimento dos contratos ou para conseguir outros com lucro maior.
O potencial de qualidade é máximo quando da abertura das maçãs. Após, ocorre degradação
antes e durante a colheita. O beneficiamento tem efeitos positivos e negativos
segundo as características de fibra e caroço consideradas. O beneficiador tem
um papel muito importante na qualidade
A FIBRA DE ALGODÃO
Neste caso, o comprimento da fibra é preservado. Quando a fibra é beneficiada seca, há o risco de
que a ruptura da fibra ocorra num outro lugar, reduzindo o comprimento e criando fibras curtas.
É uma demonstração de que há necessidade de umidificar
a fibra antes da entrada no descaroçador.
Beneficiamento do algodão,
qualidade e custo
17
Na abertura do capulho, a fibra resseca e pega uma forma mais ou menos torcida (Figura
21), dependendo da importância do depósito de celulose (maturidade) (figura 22).
A fibra de algodão é uma fibra natural e um produto agrícola, o que significa heterogeneidade
de forma, de cor e presença de contaminação essencialmente pela colheita (figura 23). O controle da
qualidade começa na colheita.
Beneficiamento do algodão, 18
qualidade e custo
A resistência é importante para agüentar os tratamentos mecânicos na fiação e para a
resistência dos fios. O beneficiamento pode afetar a resistência:
- Pelos ferimentos devidos ao tratamento mecânico;
- Pela alteração da estrutura molecular da celulose (aquecimento exagerado).
Os contaminantes são matérias estranhas introduzidas na fibra entre a abertura das maçãs e
o uso na fiação. O processo de beneficiamento não consegue eliminar toda a contaminação (figura 24).
- Na fiação, os contaminantes provocam uma perda de matéria na limpeza, uma depreciação do
produto acabado e quedas de produtividade;
- O processo de beneficiamento deve ser adaptado ao tipo de contaminantes encontrados no algodão
em caroço;
- Ele elimina uma parte dos contaminantes vegetais e minerais e
- Pode gerar outros (caroço, graxa, óleo).
- O “bark” (fibra de casca de caule) é um contaminante muito problemático para a maior
parte das fiações que não conseguem separá-lo da fibra de algodão (figura 25);
- Nos processos das usinas antigas do MS, a entrada de caules no descaroçador por
falta de pré-limpeza gera muito “bark”.
Beneficiamento do algodão, 19
qualidade e custo
A preparação da fibra se refere à homogeneidade e regularidade do aspecto da massa de fibra:
- A gestão da umidade da fibra, das etapas de
beneficiamento, da manutenção e dos ritmos é determinante
para a preparação;
- A colheita mal feita igualmente favorece a criação de
encarneiramentos na fibra (figura 26);
- A presença de mechas mais ou menos individualizadas
faz temer um beneficiamento inadaptado e um alto teor de neps.
Os neps de fibra são nós de fibra gerados pelo tratamento
mecânico desde a colheita até o limpador de pluma (figura 27).
Os neps de casca de caroço são fragmentos de casca de caroço
arrancados no descaroçador e comportando fibras (figura 28).
Figura 26: Encarneiramentos na fibra
O índice de neps:
- Afeta a produtividade na fiação e o aspecto do produto acabado
- O beneficiamento gera a maioria dos neps fibra (tratamento mecânico) e dos neps
casca (extração no descaroçador). Ele mesmo elimina uma parte.
Beneficiamento do algodão, 20
qualidade e custo
BENEFICIAMENTO E QUALIDADE
A gestão da umidade permite ajustar a umidade do algodão em função da operação a ser realizada.
De um modo geral, a umidade elevada provoca má abertura e má limpeza. A fibra é preservada, mas o tipo
de fibra produzido é reduzido. Ao contrário, a umidade fraca favorece a abertura e limpeza, mas a fibra
fragilizada é danificada. A gestão da umidade procura o equilíbrio entre limpeza e preservação da fibra.
Uma secagem do algodão em caroço bem executada permite limpar e abrí-lo, chegando a uma me-
lhoria do grau (brilho, folha e preparação). Porém uma secagem exagerada provoca:
- Perda de resistência da fibra;
- Perda de comprimento e aumento da taxa de fi-
bras curtas;
- Amarelamento;
Perda de afinidade para tinta;
Beneficiamento do algodão,
21
qualidade e custo
A limpeza do algodão em caroço deve ser privilegiada, pois:
- Consegue tirar as matérias estranhas antes do fracionamento pelos descaroçadores e
limpadores de pluma;
- Provoca poucos desgastes a fibra e caroço.
O batedor (limpador) é essencial para melhorar o grau (folha, fragmentos vegetais, poeira e areia) por
sua ação direta e por seu efeito favorável nas outras fases do processo;
O extrator traz muita melhoria do grau (redução das fibras de caules e fragmentos de casquinhas),
mas representa um tratamento mecânico bastante violento.
O alimentador moderno combina as duas técnicas e termina a limpeza e a abertura do algodão em
caroço (sujeira grossa e fina).
O descaroçador é a chave da separação da fibra e do caroço, e tem um impacto muito forte sobre
a qualidade da fibra e do caroço.
O tratamento mecânico pelo descaroçador de serras é violento e tem efeito negativo sobre:
- Os parâmetros de comprimento (comprimento comercial, uniformidade, taxa de fibras
curtas);
- A resistência;
- Os neps de fibra e de casca;
- O tipo comercial pela preparação da fibra (criação de mechas);
- O caroço.
A limpeza da fibra tem como objetivo melhorar o valor comercial da fibra pela melhoria do grau (cor,
folha e preparação).
Beneficiamento do algodão,
qualidade e custo
22
O limpador pneumático (centrífugo) não desgasta a fibra, mas também tem uma eficiência fraca, sem
melhoria da preparação, conseguindo eliminar uma parte só das matérias de maior densidade tais como:
- caroço;
- fragmentos de caroço;
- piolhos;
- fragmentos de casquinha e caules;
- mechas grossas de fibra.
O limpador mecânico (de serra), chamado de limpador de pluma, é muito mais eficiente. Ele
combina penteagem e limpeza conseguindo uma melhoria muito significativa do tipo e da folha (figura 30),
mas com bastantes quebras de fibra (redução dos parâmetros de comprimento). O limpador elimina uma
parte dos neps de fibra, mas cria outros e fragmenta os neps de casca.
O limpador de serra tem regulagens com efeito sobre penteagem e limpeza, para conseguir os
melhores compromissos entre melhoria do grau de um lado, e danos a fibra e perdas de fibra do outro lado.
A = alimentador
D = descaroçador
LP = limpador de pluma
Beneficiamento do algodão,
qualidade e custo
23
Quadro 1: Efeitos do processo sobre a qualidade da fibra
Beneficiamento do algodão,
qualidade e custo
24
Diluir os custos fixos pela redução dos gastos na operação:
- Energia (dimensionamento e monitoramento da ventilação e secagem);
- Equipamento moderno e automatizado;
- Organização e redução da mão de obra;
- Pessoal competente e treinado;
- Segurança.
O beneficiamento do algodão
Princípios
O beneficiamento deve ser raciocinado (pensado) em função:
- Da variedade cultivada;
- Das técnicas culturais;
- Do clima;
- Dos mercados;
CONCLUSÃO
O beneficiamento não pode ser um só, independente das características da matéria prima que entra
na usina, das condições ambientes e do contrato a ser atendido no momento.
O beneficiamento deve ser ADAPTADO a cada situação. Ele deve ser GERENCIADO.
Beneficiamento do algodão,
qualidade e custo
25
Quadro 2: Impacto do processo sobre o lucro da empresa
Todas as etapas do processo têm uma influência sobre vários parâmetros de qualidade importantes
para o valor comercial do produto fibra.
A gestão da limpeza é inseparável da gestão da umidade, pois, por exemplo, um algodão úmido não
se limpa bem. Também a gestão do descaroçamento (ritmo de produção) é inseparável da gestão da limpeza,
pois, mais devagar o descaroçamento, menor o fluxo de matéria nos limpadores e melhor a limpeza.
A GESTÃO DA USINA DEVE SER ORGANIZADA COMO UM TODO. SÓ UMA POLÍTICA DE GESTÃO INTEGRADA
DO PROCESSO PERMITIRÁ A EMPRESA CHEGAR AO MELHOR RESULTADO, OU SEJA, O LUCRO MÁXIMO.
A gestão (ou gerenciamento) depende de cada um na algodoeira. É uma ação central que precisa de
planejamento, de medição e monitoramento (controle).
Beneficiamento do algodão,
qualidade e custo 26
CAPÍTULO IV
PRINCIPAIS PROBLEMAS DO BENEFICIAMENTO
O sistema de cultivo do algodão no Brasil até pouco tempo atrás era predominante de lavouras de
pequena escala e a colheita era manual. As usinas eram montadas de acordo com a necessidade da época.
Com o deslocamento da cultura para o Paraná na década de 80 e para o cerrado (Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Goiás) nos anos 90, muitas máquinas foram desmontadas e levadas para essas regiões.
O sistema extensivo e de larga escala adotou a colheita de forma mecânica. Devido a esta grande
diferença no processo de colheita, os produtores e industriais buscaram então adaptar suas máquinas e seus
processos para buscar a qualidade exigida pelos mercados.
Vamos a partir de agora, nesta cartilha, enumerar alguns itens importantes para que se entenda e
procure solucionar e/ou minimizar os principais problemas do beneficiamento no Brasil e no estado de Mato
Grosso do Sul.
- É considerada contaminante do algodão em caroço, toda a matéria estranha alheia à sua constituição:
caroço – fibra de algodão;
- É considerada contaminante da fibra, toda matéria estranh a alheia à constituição da fibra;
- As contaminações por matérias estranhas ocorrem nos mais diversos países produtores, portanto
é relevante para qualidade;
- A imagem do algodão brasileiro é afetada negativamente pelo grau (tipo) em função dos contami-
nantes;
Principais problemas do
beneficiamento 27
Quadro 3: principais contaminantes da fibra de algodão
Figura 31: Algodão em caroço com conta- Figura 32: Caules, folhas, resíduo de Figura 33: Contraste A.C. e contami-
minantes orgânicos plástico. nantes.
Principais problemas do
beneficiamento
28
B - PRINCIPAIS LIMITES DO BENEFICIAMENTO:
Alguns fatores evidenciam a limitação dos processos atualmente utilizados no Brasil, sejam eles
antigos ou modernos.
- São adaptadas ao mercado interno que tem preferência por tipos de qualidade inferior;
- A maioria dos tipos resultantes são 41-4 e pior;
- Geralmente apresenta problemas de aspecto ruim das amostras (preparação), folha e fibras de
madeira;
- Apresenta seqüências de máquinas desenhadas para algodão colhido a mão;
- A gestão da umidade é fraca; Não po ssuem ou não utilizam o sistema de umidificação do algodão
em caroço;
- Geralmente o sistema de limpeza de pluma é sub-dimensionado (66’’) para a capacidade de pro-
dução;
- Não possuem automatização nem possibilidade de ajustar o processo;
- Os ritmos de produção são mal controlados;
- Máquinas antigas e usadas, modificadas empiricamente (figura 34).
Apesar de apresentarem processos e tecnologia mais avançados e uma seqüência de máquinas mais
completa e com automação, ainda possuem algumas limitações como:
Em geral, os processos antigos e alguns modernos não são desenhados para o tratamento do algo-
dão em caroço colhido mecanicamente.
Principais problemas do
beneficiamento 29
C - PRINCIPAIS LIMITES DOS PROCESSOS:
1 – Secagem;
2 - Limpeza do algodão em caroço;
3 - Umidificação do Algodão em caroço;
4 - Limpeza da fibra nas usinas antigas.
1) SECAGEM
- Grande pressão estática em função da resistência à passagem do ar que é soprado na torre tipo
gavetas;
- Secagem de custo alto (antigas), pois exige mais equipamentos e mais potência;
- Perda de calor em virtude da dimensão e material utilizado na fabricação das torres;
- Eficiência reduzida;
- Emissão de poeiras no prédio de beneficiamento.
Principais problemas do
beneficiamento 30
4. LIMPEZA DA FIBRA NAS USINAS ANTIGAS
- Formam uma manta grossa, mais difícil de preparar para individualizar e limpar;
- A limpeza e penteagem são insuficientes;
- Ocorrem perdas da fibra.
Ventilação
- Projetos mal dimensionados em tamanho e trajeto das tubulações (figura 37);
Principais problemas do
beneficiamento 31
Máquinas de desenho antigo
- Ventiladores, batedores, alimentadores, descaroçadores, projetados para colheita manual
Limpeza
- Limpeza muito superficial nos equipamentos;
- Tempo insuficiente para realização da limpeza na usina e nos equipamentos.
Ventilação
Tubulações perfuradas, mal vedadas, com perdas do ar;
Máquinas usadas
- Maquinário desgastado, com eficiência limitada e difícil de regular;
Peças em desacordo
- Uso de peças reaproveitadas, diversas vezes recuperadas, como serras, costelas, escovas, etc. (figura
38).
Manutenção preventiva
- Falta de um programa ou planejamento;
- Falta de uma listagem de acompanhamento (check-list);
Figura 38: Reaproveitamento de peças
- Falta de capacitação para as tarefas.
Manutenção corretiva
- Falta de registros de ocorrências e análise de casos;
- Problemas de controle;
- Falta de credibilidade nas informações.
Principais problemas do
beneficiamento 32
G) PRINCIPAIS LIMITES - SEGURANÇA
Prevenção de incêndios
- Muitas usinas com queimadores a lenha;
- Conexões elétricas desprotegidas (figuras 40 e 41).
Figuras 40: Conexões elétricas despro-
Armazenagem de fardos tegidas
- Fardinhos armazenados dentro da usina, próximos às máquinas
(figura 42);
Principais problemas do
beneficiamento 33
CAPÍTULO V
A GESTÃO DA LIMPEZA NA ALGODOEIRA
INTRODUÇÃO
O algodão em caroço sempre contém matérias estranhas incorporadas durante a colheita, sobretudo
quando esta é mecânica: maçãs, cascas, caules, pecíolos, folhas verdes ou secas, gravetos, areia, poeiras.
A operação de descaroçamento tem como efeito, fracionar as matérias estranhas. Quanto menor o
tamanho dos contaminantes, mais é difícil separá-los. Por isto é preferível tirar o máximo de contaminantes
antes de chegar ao descaroçador. É o objetivo principal da limpeza do algodão em caroço que também ajuda
proteger os descaroçadores e os limpadores de pluma.
Porém, a limpeza do algodão em caroço não consegue eliminar todos os contaminantes. Uma pro-
porção variável (importante no caso dos processos antigos típicos no MS) entra no descaroçador onde é fra-
cionada (folha) ou desmanchada (casquinhas e caules). Também se deve lembrar que o descaroçador pode
gerar matérias estranhas, particularmente quando ele está em mau estado ou é operado de maneira errada
(caroços inteiros ou fracionados). No caso da colheita mecânica, a limpeza da fibra é indispensável para con-
seguir um grau de folha compatível com os mercados, particularmente de exportação.
A massa de fibra que sai do descaroçador é mais ou menos irregular dependendo, em particular, do
ritmo de beneficiamento utilizado e da qualidade das serras. Em todas as usinas, mais particularmente no
caso dos descaroçadores de alta capacidade, os limpadores de pluma são necessários para corrigir a prepa-
ração pela ação de penteagem dos limpadores de serra.
A limpeza do algodão em caroço tem por objetivo abrir e homogeneizar a matéria, extraindo dela o
máximo de matéria estranha antes da entrada no descaroçador. Estes dois aspectos são fundamentais para
a qualidade e o valor comercial.
O limpador de algodão em caroço comporta rolos com pinos que rodam acima de uma grelha côncava
formada por barras (figura 43). A máquina mais comum é o batedor inclinado.
Antes de tudo, o batedor permite abrir o algodão em
caroço. Em seguida, a limpeza ocorre por agitação e fricção.
Quanto mais o algodão em caroço estiver seco, mais eficazes
serão tais ações.
Figura 44: Rolos côncavos Figura 45: Rolos redondos Figura 46: Filas de Pinos
Os batedores que funcionam por sucção e com ar quente são os mais eficazes. Nos sistemas de
secagem, os batedores ajudam muito pela abertura e agitação do algodão no ar quente. Os batedores que
funcionam com ar empurrado nos processos antigos são pouco eficientes pelo desenho dos rolos e pelas
turbulências existentes dentro da máquina. Eles geram muita poeira no prédio de beneficiamento.
Todos os batedores devem ter uma boa vedação, para evitar perdas de eficiência nos circuitos
de sucção e emissão de poeira quando funcionam com pressão positiva.
Nossas dicas:
O extrator de algodão em caroço comporta rolos dentados (segmentos dentados, serrilhas, serras
canais) que rodam em frente de grade de barras (figura 51). A máquina é dedicada a separar a sujeira grossa
(casquinhas e caules). A limpeza do algodão em caroço, aplicado sobre os
rolos dentados por meio de escovas estáticas, ocorre por centrifugação
e batimento sobre as barras. O extrator é geralmente alimentado por
gravidade na saída de um batedor. A máquina geralmente é by-passável. É
composto por uma válvula (chapa) que, manobrada, permite o algodão em
caroço passar direto, evitando o tratamento pela máquina.
- Dispositivo rotativo de limpeza dos dentes de cilindros extratores com canaletas ou escovas (figura
54).
- Folga recomendada 1/2” entre a ponta dos dentes de serrilha e as barras de batida. Recomendação
para o cilindro recuperador do HLST (3/4”).
- Capacidade de funcionamento é limitada ao equivalente de 2,5 fardos/h/pé.
Nossas dicas:
O ALIMENTADOR DE DESCAROÇADOR
A limpeza do algodão em caroço participa muito na qualidade da fibra. Mas ela tem um custo.
Ela deve ser desenhada e operada em função da carga do algodão em caroço, considerando os seguintes
componentes de rentabilidade:
A única etapa de limpeza (1 batedor + 1 HLST) encontrada no processo de desenho antigo, não basta
para eliminar os caules e as cascas que entram nos peitos do descaroçador, com conseqüências péssimas
sobre a valorização da fibra
Nossa dica:
Manter um perfeito estado de máquinas e regulagens.
A exposição das máquinas a uma matéria suja e abrasiva impõe cuidados cotidianos, tais como: aber-
tura, limpeza e verificação das peças submetidas a desgaste. Os principais pontos de danos ou de desgaste
se situam junto aos extratores (segmentos dentados gastos, escovas fixas ou rotativas gastas ou desfiadas).
Os objetivos da limpeza da fibra são de limpar e pentear a fibra para melhorar o seu valor de mercado.
As usinas modernas geralmente têm os dois tipos de máquinas. A fibra passa pelo limpador centrí-
fugo antes de entrar no limpador de serra. O limpador centrífugo representa uma proteção para o limpador
de serra.
O LIMPADOR CENTRÍFUGO
O princípio e as normas:
O material mais denso que a fibra não consegue realizar a Figura 57 : Corte do limpador centrífugo
curva e cai pela ranhura.
As máquinas dos vários fabricantes apresentam poucas diferenças. Nas máquinas da Lummus (Super
Jet) e da Continental Eagle Corp., a curva é por cima, sendo por baixo no Smart Jet da Busa.
Nossas dicas:
- Abrir a ranhura até começar perder fibra e fechar um pouco;
- Não hesitar a perder um pouco de fibra. A primeira fibra a ser ejetada fica na forma de mechas mais
densas, que é interessante de eliminar;
Este tipo de limpador elimina os resíduos grossos (piolhos, caroços, fragmentos de casca de caroço,
miolo, mechas de fibra), com 10% de eficácia. Não há nenhuma peça em movimento, ou seja, nenhum
desgaste à fibra, mas faz pouca limpeza e não corrige o aspecto, porque não abre a massa de fibra. O
limpador centrífugo não pode ser instalado nos conjuntos de descaroçadores de tipo antigo, onde a fibra é
transportada numa tubulação comum e redonda.
O LIMPADOR DE SERRA (LIMPA PLUMA)
O princípio e as normas
Exceto o limpador Sentinel da Lummus (que não forma manta), todos os limpadores de pluma de
serra respeitam estes princípios. Existem variações entre fabricantes conforme o desenho do condensador,
controle da manta, diâmetro do cilindro de serras, controle da limpeza.
- Condensadores com sucção de um lado só (LP tipo Constellation e LP Busa). São condensadores de
diâmetro grande e a manta se deposita na parte inferior do condensador (figura 59);
Figura 59: deposito da manta na parte inferior Figura 60: Rolos alimentadores
INSTALAÇÃO E DIMENSIONAMENTO
- 1 máquina para vários descaroçadores (LP bateria dos processos de desenho antigo com descaro-
çadores de baixa produção);
- 1 máquina por descaroçador (descaroçador com produção de 5 fardinhos por hora e acima).
- A fibra passa em ma máquina e depois em Figura 62 : Limpa pluma de 66” com fluxo dividido
outra (série). Não recomendado hoje no Brasil;
- Com 2 LP 66” com fluxo dividido, a altura de instalação deve ser suficiente (base do condensador a
2 ou 3 metros acima do chão mínimo) para permitir uma divisão boa da fibra entre as 2 máquinas.
- Com 2 LP com fluxo dividido, a velocidade dos condensadores deve ser reduzida até obter uma
manta sem furos (moto-redutor com inversor de freqüência).
- A opção de 2 máquinas de 66” com fluxo dividido não é recomendada com os conjuntos de fabri-
cação antiga, pois os embuchamentos permanentes dos descaroçadores impedem uma alimentação sufi-
ciente das 2 máquinas, que não podem funcionar normalmente e perdem muita fibra;
REGULAGENS
As barras de batidas dispostas em torno do rolo de serra servem para ejetar resíduos por meio do
batimento da fibra (figura 65). É importante observar os espaçamentos entre as barras e as pontas de dentes.
Um espaçamento muito grande reduz a limpeza, enquanto que uma proximidade muito grande acarreta perdas
de fibra e riscos de danificar os dentes. O espaçamento tem que ser regular sobre toda a largura da máquina. O
desgaste das barras, observado com freqüência, acarreta perdas de fibra e redução da limpeza.
A relação de penteagem é a relação entre a velocidade periférica do rolo de serra e a do rolo alimen-
tador. Ela pode ser modificada alterando a velocidade da alimentação e, em casos mais raros, alterando a
velocidade de rotação do rolo de serra. Quanto maior for, mais importante serão a abertura da manta e a indi-
vidualização das fibras. Isso favorece a limpeza e a penteagem, mas pode também afetar a qualidade da fibra,
sobretudo em caso de coeficientes elevados de alimentação (ritmos elevados ou máquina sub-dimensionada).
Figura 63: Perdas de fibra por folga entre Figura 64 : Visor lateral Figura 65: Ejeção normal de resíduos
flutuante e barra de alimentação
O limpador de pluma é uma máquina extremamente perigosa. Todas as regras de segurança têm de
ser observadas durante o funcionamento e antes de qualquer intervenção.
O limpador de serra elimina os resíduos finos (fragmentos de casca, piolhos, folhas) com 40% a 50%
de eficácia. A limpeza é puxada e a fibra se torna homogênea graças à penteagem. Todavia, ela sofre danos.
Utilizando a limpeza da pluma em boas condições de umidade de fibra e regulagens, os danos a fibra são
mínimos. A operação pode ser rentável. Caso contrário, perdas e danos a fibra podem ser importantes e
reduzir ou até inverter a rentabilidade da operação.
As características afetadas pela limpeza da pluma são as seguintes:
- O grau:
- A limpeza reduz a folha;
- A penteagem melhora o tipo e a cor;
- O teor de neps:
- Neps de fibra são criados na formação da manta e na limpeza; Outros são eliminados;
- Neps de casca de caroço são fragmentados.
- Os parâmetros de comprimento: a força de tração sobre as fibras gera quebras, reduzindo o
comprimento comercial, a uniformidade e aumentando a taxa de fibras curtas; As quebras aumentam com a
velocidade de serra e relação de penteagem.
A limpeza da fibra proporciona uma penteagem. É acompanhada por danos e perdas de fibra nas bar-
ras de batida (0,8 até 1% do peso do fardão com um limpador). Mais da metade das fibras perdidas apresenta
um comprimento de uma polegada ou mais. Para os algodões pouco carregados, o benefício alcançado atra-
vés da limpeza pode não compensar as perdas e os danos infligidos às fibras. Duas abordagens são possíveis:
- eliminar a limpeza de pluma, desviando-se os limpadores (válvula by-pass); Neste caso se perde a
penteagem;
Para os algodões sujos, a melhoria de grau compensa as perdas de fibra. Tem que aumentar a lim-
peza:
- Sistema fluxo dividido;
- Sistema tandem.
A qualidade do algodão em caroço que chega na usina é muito variável. A limpeza do algodão
em caroço deve ser desenhada em função da qualidade do algodão em caroço e da limpeza de fibra disponí-
vel. A colheita mecânica combinada com a limpeza de fibra freqüentemente sub-dimensionada e de tecno-
logia primitiva das usinas antigas, impõem uma limpeza de algodão em caroço completa, com máquinas em
bom estado e bem reguladas.
Figura 67: Efeito da limpeza sobre a cor e valor do Figura 68: Efeito da limpeza sobre as fibras curtas
fardo
Adaptar a limpeza para matéria prima a ser beneficiada e aos contratos comerciais, preparar
máquinas para reduzir as perdas, equilibrar pré-limpeza e limpeza da pluma, se chama gerenciar. A gestão da
limpeza é importante para o lucro da empresa, pois ela condiciona o rendimento de beneficiamento, impacta
o custo e a qualidade da produção.
(*) CHANSELME J.L., RIBAS P.V., BACHELIER B., 2007. Melhoria do Processo e das Práticas de Benefi-
ciamento de Algodão no Brasil. VI Congresso Brasileiro do Algodão, Uberlândia, Brasil ; Agosto 2007.
INTRODUÇÃO
Fonte: USDA
Gestão da umidade 49
UMIDADE E ARMAZENAMENTO
A umidade do algodão em caroço é o principal fator do armazenamento. Ela tem grande impacto so-
bre a qualidade da fibra e do caroço, sobretudo em caso de temperaturas ambientes fortes (áreas tropicais).
- Medir assim que chega o algodão em caroço;
- A umidade é heterogênea (controlá-la em vários pontos).
Em caso de umidade muito forte, a fibra apresenta amarelecimento (umidade do algodão em ca-
roço > 12%). A acidez do caroço aumenta e seu poder germinativo diminui. A decisão de armazenamento
depende do destino do caroço:
- Para a produção de sementes, a umidade deve ser igual ou menor que 10%;
- Para a trituração, a umidade deve ser igual ou menor que 12%;.
Quanto mais alta a umidade, mais curto deve ser o período de armazenamento:
- Umidade do algodão em caroço > 12 %: Beneficiamento imediato ou breve;
- Umidade do algodão em caroço < 10 %: Armazenagem em fardões ou armazém com aeração e pro-
teção (chuva e calor).
UMIDADE E BENEFICIAMENTO
A umidade do algodão exerce grande influência sobre o comportamento da matéria durante o des-
caroçamento.
Uma umidade alta favorece:
- Embuchamentos;
- Danos nos equipamentos;
- Abertura e limpeza fracas;
- Aspecto pouco uniforme da fibra com mechas (encarneiramentos).
Por isso não é possível beneficiar do mesmo jeito um algodão, seja qual for a sua umidade. A algodo-
eira deve ter uma gestão da umidade do algodão, para facilitar o beneficiamento e potencializar ao máximo
a qualidade e o lucro.
Como?
- Medir a umidade no fardão em vários pontos (copo ou ponteira);
- Medir a umidade relativa do ar (termo-higrômetro);
- Monitorar e controlar a umidade dos algodões no decorrer do processo;
- Secar o algodão em caroço para facilitar sua abertura e limpeza;
- Umidificar para separar a fibra do caroço e limpá-la;
- Umidificar a fibra para prensá-la.
Gestão da umidade 50
A SECAGEM DO ALGODÃO EM CAROÇO
Os princípios e normas:
O nível de umidade da fibra recomendado para limpar o algodão em caroço é de 5%. Umidades maio-
res reduzem a limpeza.
Umidades menores aumentam o risco de quebras da fibra.
Preferencialmente realizar a secagem com grandes volumes de ar e tempo de contato longo, do que
fazê-la com temperaturas elevadas.
Gestão da umidade 51
O controle pode ser automatizado (somente com queimador a gás):
-Baseado na medição por sensor da umidade do algodão;
-Ajuste instantâneo da chama (proteção da fibra e economia de energia);
Nossas dicas:
-No caso do controle manual, é indispensável ter ou gerar uma tabela específica da usina, que indica
a temperatura de ar a ser utilizada em função da umidade do algodão em caroço e umidade relativa do ar.
-A regulagem e o display das temperaturas devem ficar instalados no painel de controle.
Os efeitos positivos de uma secagem bem dominada são:
-Boas abertura e limpeza do algodão em caroço, com as quais é possível melhorar o brilho, reduzir a
carga e a preparação.
Uma secagem muito puxada acarreta perda de tenacidade, redução do comprimento e amarelecimento
da fibra.
-Devolver umidade à fibra, para que ela possa suportar melhor as limitações e agressões mecânicas
do descaroçador e limpador. Nas áreas tropicais secas, é uma operação essencial para minimizar as quebras
de fibra. Todos os estudos mostram que a umidificação antes do descaroçador tem um efeito positivo direto
sobre o comprimento comercial e a taxa de fibras curtas. Pode-se ganhar 1/32” de comprimento e 2% de
taxa de fibra curta quando a umidade da fibra do algodão em caroço aumenta de 2 pontos.
-Evitar a eletricidade estática (que causa embuchamentos);
-Facilitar a umidificação da fibra antes da prensagem.
Gestão da umidade 52
O interesse da umidificação do algodão em caroço então permite melhorar o valor comercial da fibra,
a produtividade e aumentar o rendimento de beneficiamento.
Dadas as baixas condições higrométricas durante a safra no Mato Grosso do Sul, umedecer o algodão
em caroço é altamente justificado.
- injetar ar úmido e quente em caixas situadas entre a rosca distribuidora e cada alimentador de
descaroçador, onde o algodão fica bastante compactado e com andamento muito lento (figura 72).
O sistema comporta:
-Um queimador a gás;
-Um atomizador;
-Um ventilador;
O uso de vapor (caldeira) ao lugar do ar quente e úmido pode ser possível, mas não é comprovado.
Fonte: USDA
Os princípios e normas:
Gestão da umidade 53
A eficiência da umidificação depende de vários fatores:
- Desenhar um sistema com possibilidade de equilibrar o fluxo de ar entre as caixas e com caixas de
entrada dupla, com válvulas pneumáticas operadas por automação (em função da posição do peito do des-
caroçador);
- Manter o sistema bem vedado e isolado termicamente;
- Manter o umidificador e as caixas limpos (limpeza cada turno);
- Controlar freqüentemente a umidade do algodão na saída dos alimentadores;
- Ajustar as temperaturas no umidificador para ter a umidade de fibra desejada;
Nossas dicas:
- A limpeza do circuito de água e do umidificador em geral é fundamental;
- A regulagem e o display das temperaturas no umidificador devem ser instalados no painel de controle.
A umidificação do algodão em caroço ocorre quando este entra em contato com o ar úmido e quente.
Trata-se aqui de umedecer e não molhar.
Os dispositivos:
A umidificação da fibra gera ganho de centenas de milhares de reais (R$), mas a umidade deve ser
aplicada de maneira uniforme:
- regularmente repartida em toda a manta de fibra;
- na forma de vapor e não na forma liquida. Aqui, trata-se de umedecer e não molhar.
Gestão da umidade 54
É freqüente encontrar em Mato Grosso do Sul umidificação por aspersão de água na bica. A
umidificação por aspersão de água acima da manta é altamente desaconselhada porque:
- um queimador;
- um atomizador;
- um ventilador;
- um dispositivo específico no condensador ou na bica.
Várias usinas usam somente vapor de caldeira ou combinada com umidificador a gás, e conseguem
uma umidificação eficiente.
Os princípios e as normas:
O nível de umidade da fibra máxima aceitado pelas regras de negocio é de 8%. Umidades maiores
podem chegar à perdas de qualidade. Umidades menores deixam de aproveitar ao máximo das numerosas
vantagens da umidificação da fibra.
Nossas dicas:
Gestão da umidade 55
CONCLUSÃO SOBRE A SECAGEM E A UMIDIFICAÇÃO
Gestão da umidade 56
CAPÍTULO VII
A GESTÃO DA QUALIDADE NO BENEFICIAMENTO
GENERALIDADES
Todos os parâmetros tecnológicos importantes para a fiação (com exceção do índice micronaire
(complexo maturidade - finura) são afetados pelo beneficiamento. O controle da umidade dos algodões e a
limpeza (particularmente da fibra) são as duas operações essenciais para a qualidade (Quadro 1 pagina 24 do
capitulo 3).
Diversas medidas, e de controles devem ser efetuadas de maneira sistemática na usina.
São necessários à tomada de decisões (armazenamento, escolhas dos equipamentos a utilizar, gestão da
umidade) ou ao acompanhamento da conformidade das operações (desfibragem, temperaturas e umidades
das matérias, velocidades de rotações).
Os instrumentos HVI e outros equipamentos de análises da fibra devem ser mobilizados para
um acompanhamento contínuo da qualidade no processo e decorrer do tempo.
As referências externas como as micro-usinas de beneficiamento representam um potencial
de melhoria considerável da produtividade e qualidade, infelizmente pouco disponíveis no Brasil.
Figura 74: medição da umidade do algodão Figura 75: medição da umidade do algodão
no fardão na entrada do descaroçador
A gestão da qualidade
no beneficiamento 57
A usina deve dispor dos instrumentos necessários:
A capacitação do pessoal.
O domínio dos equipamentos e da gestão pelo pessoal é
fundamental e os melhores equipamentos não podem fazer o melhor Figura 76: Manômetro diferencial com
tubo Pitot
sem o melhor pessoal:
- Capacitação
- Treinamentos completos e regulares, na duração adequada e de ótimo nível (figura 77);
- A escola de beneficiamento é a ferramenta perfeita;
- Curso organizado para diversos níveis;
- Equipamentos adaptados (micro-usina com lateral transparente) (figura 78);
A gestão da qualidade
no beneficiamento 58
AS PERITAGENS DE USINA
A gestão da qualidade
no beneficiamento 59
CONCLUSÃO: GESTÃO PARA CONCILIAR LUCRO E QUALIDADE DOS PRODUTOS
Gerar um lucro máximo dominando ao mesmo tempo a qualidade dos produtos ao descaroçamento
é:
- Capacitação;
- Modernização;
- Assessoria independente e acompanhamento técnico independente e de alto nível;
- G.I.A.C. (Gestão Integrada Auxiliada por Computador) e rastreabilidade.
A gestão da qualidade
no beneficiamento 60
CAPÍTULO VIII
PRENSAGEM E EMBALAGEM DA FIBRA
EQUIPAMENTOS
O condensador geral comporta um tambor gradeado giratório (6 a 15 RPM), que separa a fibra de seu
ar de transporte e a condensa em uma manta (figura 82). Uma velocidade de rotação muito baixa acarreta
embuchamentos, enquanto uma velocidade muita alta forma uma manta irregular e sem consistência. A
manutenção do condensador geral requer atenção especial em pontos como:
Essa manutenção de rotina é importante para realizar uma prensagem dentro das melhores condições
possíveis, sem embuchamento.
A bica guia, a fibra do condensador até a prensa (figura 83). Seu comprimento depende da capacidade
(3,0 m para 10 fardos/h; e 5,5 m para 30 fardos/h). Sua inclinação, que permite à manta de fibra deslizar,
se situa entre 40° e 50°. Muitas vezes, é nela que se dá a umidificação da fibra, cujos dispositivos antes da
prensagem foram citados acima.
O papel do alimentador consiste em empurrar a fibra em espera na bica até o calcador. Ele pode
ser constituído por tambor de palhetas, esteira ou chapa metálica movida horizontalmente por um pistão
pneumático ou hidráulico (empurrador) (figura 84).
O calcador (hidráulico ou mecânico com correntes) garante uma pré-compressão da fibra, por
movimento alternado de cima para baixo (figura 85). A capacidade da usina determina sua velocidade.
Figura 88 : Prensa com portas (Murray) Figura 89: Prensa sem portas (Continental E.C.)
A capacidade das prensas propostas pelos construtores de equipamentos descaroçadores varia mui-
to, desde 15 fardos/h até 60 fardos/h.
Nas usinas modernas, as prensas são fabricadas de forma a produzir fardos de densidade universal de
227 kg, de dimensões 55" x 21" x 28" (ou 41” x 21” x 38”), densidade mínima de 28 lb/pé3 (448 kg/m3). No
Brasil, o peso médio dos fardos é de 200 kg.
O peso dos fardos tem de ser o mais uniforme possível, de forma a diminuir os gastos de energia na
prensagem e problemas na indústria têxtil. Com o controle do calcador, é possível definir a regularidade do
peso por meio da intensidade do motor, da taxa e da regularidade da alimentação do calcador (uma alimen-
tação baixa traz fardos pesados e vice-versa).
AMARRAÇÃO
Após ser prensado na densidade desejada, o fardo é aramado antes de ser ensacado.
A aramação é em geral feita com arames de aço (figura 91) dispostos e fechados manualmente.
As bitolas de espessura dos arames variam entre 3,4 a 4,2 mm. A definição da bitola do arame a ser
utilizado, varia de acordo com a dimensão e o peso do fardinho. Há empresas que utilizam arames com até
4,2 mm de diâmetro por fazerem fardinhos de até 250 kg (fora de padrão).
A mais utilizada é de 3,5 mm com 2,52 m de comprimento já com as dobras e 2,60 m ainda sem do-
brar;
Essas tolerâncias de dimensionamento dos arames correspondem ao peso e a pressão (kg/f) exercida
sobre os arames. Tem fardinhos amarrados com 8 arames, porém a grande maioria e o padrão utilizado no
Brasil é uma amarração com 6 arames.
A colocação dos arames se faz em geral manualmente e ocupa de 1 a 2 pessoas. Para obter velocidade
de aramação maior com menos mão de obra, usam-se dispositivos metálicos simples (figura 92).
Algumas usinas utilizam uma fita plástica de matéria reciclada (figura 93). As bitolas de espessura das
fitas atualmente são pouco difundidas no Brasil, por se tratar de uma tecnologia nova e ainda em implantação
e testes no processo de enfardamento. Possuem 19 mm de largura x 1,2 ou 1,4 mm de espessura e são
compostas de material plástico normalmente aproveitado de reciclagem de garrafas pet. Para este sistema é
necessário adaptação na prensa de fardinhos.
A colocação da fita pode ser feita manualmente ou automaticamente. Já existem no Brasil sistemas
automatizados de amarração das fitas. O fechamento da amarração se dá por pressão do próprio fardo ou
por tipo especial de solda (quando automático).
O fardo amarrado é inserido em um saco de malha de algodão usando uma embaladora manual
(figura 94).
Os fardos embalados são armazenados com ou sem umidificação, respeitando normas de segurança.
A armazenagem é um importante item da etapa pós-beneficiamento. As formas mais habituais são as
armazenagens a céu aberto (pátios) e em locais fechados (armazéns e galpões). A definição do tipo de arma-
zenagem a ser utilizada está diretamente relacionada com a disponibilidade de espaço e de equipamentos
que farão o manuseio dos produtos (empilhadeiras).
Geralmente antes da armazenagem as empresas destinam uma área de espera onde os fardinhos
permanecem até receberem a classificação, seja visual ou instrumental, para depois então armazená-los em
definitivo. Por questão de segurança, é muito importante que se evite ao máximo armazenar fardos dentro
das usinas, em áreas onde ocorre o beneficiamento, devido a altíssima iminência de fogo, bem como, para
deixar sempre um bom espaço para movimentação no local.
A armazenagem ao tempo é amplamente utilizada no Brasil devido ao déficit de locais fechados, bem
como, ao custo de implantação de locais deste tipo.
Os fatores que mais exigem cuidados para este tipo de armazenagem são aqueles que não têm a
ação humana direta, como vento, umidade e a poeira. Para isto, são indispensáveis os cuidados básicos com
o acondicionamento dos fardinhos ou disposição dos lotes/blocos (figura 95).
Amarração das lonas com cordas em toda extensão do Figura 95: Armazenagem de fardos ao céu aberto
bloco, por cima e por baixo, no tradicional sistema “carga de (pátio)
caminhão”;
Uso de lastro de ripas de madeira de no mínimo 12 x 12 cm para evitar contato com a água do chão.
De 0,70 a 1,00 m entre blocos para acesso em caso de emergência e arruamento de 3,5 a 4 metros
para o acesso de carga e movimentação;
Para este tipo de armazenagem também são exigidos cuidados especiais, embora menos propício à
ação do tempo como vento, umidade e a poeira. Porém, são indispensáveis os cuidados básicos com a dispo-
sição dos fardinhos ou de seus lotes/blocos.
Conforme a pesquisa citada anteriormente, também foram levantados alguns pontos importantes e
básicos a serem observados para este tipo de armazenagem:
EMBLOCAMENTO
O emblocamento pode corresponder a uma estratégia comercial da empresa. Neste caso o bloco é
constituído de fardos homogêneos para uma combinação de características de fibra (visuais e instrumentais),
destinados a um contrato particular.
Todas as regulagens das máquinas de beneficiamento do algodão têm importância e influência sobre
o desempenho, portanto, sobre o lucro da empresa. As regulagens influenciam o custo de produção, o ritmo
de beneficiamento, a qualidade dos produtos (fibra e caroço).
Por isso devem ser conferidas regularmente, com uma periodicidade que vai depender de cada má-
quina, do órgão e das características do algodão. As regulagens devem ser feitas conforme as recomendações
do fabricante. Alguma variação pode ser tolerada em função do ambiente (condições de umidade em parti-
cular) e do algodão mesmo.
SEGURANÇA
Quando for absolutamente necessário manter a energia ligada ou rodar com algum dispositivo de
segurança desativado, precauções extras deverão ser observadas. Somente pessoal totalmente qualificado e
familiarizado com o equipamento deverão participar.
Nos processos com partida sequencial automática, as chaves devem ser passadas para a posição
manual para que todas as outras partes do ciclo não sejam iniciadas acidentalmente. Antes de tocar em
algum controle, o operador deve certificar-se de que todo o pessoal esteja em posições seguras.
Para conseguir uma operação normal das máquinas, sem perda de desempenho, e para prolongar a
duração de vida das transmissões por correias de todos os tipos (V, sincronizadas, etc.), regular perfeitamen-
te o alinhamento das polias e a tensão das correias.
ALIMENTADORES DE DESCAROÇADORES
Generalidades
As máquinas modernas combinam uma seção batedora e uma seção extratora, com cilindros
de serrilhas. As regulagens são muito parecidas com a dos batedores e dos extratores. Existem algumas
variações devido ao desenho específico e definidas pelo fabricante, e que devem ser respeitadas.
As máquinas de desenho antigo tipo Mitchell e Super Mitchell apresentam poucas regulagens.
Figura 102 : Alimentador 9000 (CEC) Figura 103 : alimentador 1200 (BUSA)
Generalidades:
As regulagens se fazem com respeito ao eixo de serras, montado primeiro. O peito deve ser regulado
lateralmente para as serras ficarem bem centralizadas nas costelas (figura 104). A penetração das costelas
nas serras é uma regulagem muito importante definida pelo fabricante, que condiciona a produtividade e
tem influência sobre a contaminação da fibra com matérias vegetais. Esta regulagem é tripla (figura 105):
- A - a altura do ponto de beneficiamento (distância entre a ponta dos dentes e a coroa das costelas)
tem influência sobre ritmo e qualidade;
- B - a penetração das costelas do peito nas serras. Quanto maior a penetração, mais capacidade de
beneficiamento.
- C - a penetração das costelas do ante-peito: Quanto maior a projeção das serras é maior a
contaminação (casquinhas entrando no peito). Quanto menor a projeção é menor a entrada de algodão no
peito (efeito negativo sobre a produtividade).
Figura 104: Centragem das serras nas costelas Figura 105: Parâmetros de regulagens
serras/costelas e centragem
As regulagens 1 a 5 são predeterminadas pelo fabricante. As demais regulagens devem ser determi-
nadas no beneficiamento buscando o melhor compromisso.
Generalidades
A regulagem fundamental para o desempenho de qualquer limpador de serra está no conjunto rolo
alimentador (flutuante) - barra de alimentação.
A regulagem pode ser realizada corretamente somente se existirem visores laterais para poder
enxergar os espaços entre o flutuante, barra e cilindro de serra (figuras 109 e 110). As regulagens
não podem ser obtidas nem monitoradas nas máquinas que não possuem visor lateral. Neste caso é
recomendado furar as laterais.
Figura 109: Visores laterais para regulagem do limpa- Figura 110: Visores laterais para regulagem do limpador
dor de pluma de serra de pluma de serra
-A- Alinhamento vertical do centro do eixo do flutuante com o centro do eixo da serra;
-B- Rolo flutuante para o cilindro de serra;
-C- Barra de alimentação para o rolo flutuante; aplicar a barra contra o flutuante em toda a curva,
respeitando a espaço da barra com o cilindro de serra. Apertar os parafusos laterais;
-D- Alinhamento da barra com parafusos ou suportes médios da barra;
-E- Pressão do flutuante apertando as molas laterais para evitar uma flutuação do rolo em funciona-
mento normal;
-F- Rolos de guia inferiores para o flutuante;
-G- Barras de batida (facas) para o cilindro de serra.
Figura 112 : Limpador de pluma 103” (Busa) Figura 113: Limpador de pluma 108” (Lummus)
Por este motivo dedicaremos um capítulo especial nesta cartilha para tratar sobre este assunto, elen-
cando os procedimentos mais indicados e os mais utilizados nesta atividade. Também com algumas dicas de
ações com o objetivo de evitar e minimizar o desperdício, a contaminação ambiental e a proliferação de pra-
gas e doenças, conforme já trabalhado pela AMPASUL na campanha “Todos juntos para evitar o desperdício”.
Figura 115: Falta de cuidado Figura 116: Algodão nas estradas e encostas
A legislação que entorna o transporte de algodão em caroço não é bem definida em relação à classi-
ficação de tipo de carga, da forma como é clara para o transporte de fibra e de óleo proveniente do caroço.
Por este motivo, cabe a cada produtor e operador tomar todas as precauções pertinentes, a fim de evitar
maiores transtornos na rotina da atividade.
Item 11.1.7: Os equipamentos de transportes motorizados deverão possuir sinal de advertência so-
nora (buzina).
Já na Resolução N.420/04 da ANTT, há uma classificação para o algodão em caroço, porém depende
do índice de umidade no decorrer do transporte, podendo assim ser ou não enquadrado como carga perigo-
sa e passar pela exigência de identificação ONU 1364 e 1365 de produto perigoso.
E a Provisão Especial 29, referente ao n° ONU 1365, isenta de exibir rótulo de risco somente nos vo-
lumes, mas não da marcação (nos volumes) com a classe ou subclasse apropriada (item 6.1.3 da Resolução),
ou seja, a carga que for transportada em rodovias federais poderá ser submetida à fiscalização, sendo obri-
gatório a identificação por placas com códigos específicos da classe de produto.
Assim, confirma-se a necessidade de consultas pontuais aos órgãos competentes em cada região,
bem como, atentar para todos os cuidados desta atividade.
O fardão deverá ser firme e uniforme com bom acabamento para evitar quebra durante o transpor-
te (figura 124)
É muito importante que antes de cada carregamento do fardão, em quaisquer dos veículos, seja veri-
ficada a limpeza dos mesmos.
Sobras de algodão em caroço, pedaços de matérias estranhas, casquinhas, plásticos, cordas, graxa,
entre outras, devem ser totalmente nulos quando do carregamento.
Geralmente faz-se uma catação desse algodão em caroço de sobra em bags para beneficiar no final
da safra.
Para uma operação segura e eficiente, seguem algumas dicas aos operadores que transportam os
fardões:
Figura 128: Distância do solo para carregar Figura 129: Fardão bem embalado
“Plantas tigüeras tornam-se hospedeiras do bicudo, são de difícil controle e elevado custo
para arranque e destruição”
CONCLUSÃO:
O grande crescimento da produção brasileira de algodão trouxe aos produtores um grande desafio;
produzir com qualidade para atender as indústrias têxteis no mundo.
O transporte do algodão desde a lavoura até a algodoeira, seja por transmódulo, prancha ou outra
forma de tecnologia mais moderna, é uma parte da cadeia muito importante e que pode trazer benefícios ou
grandes prejuízos, não só ao produtor, mas a toda a cadeia produtiva como pudemos comentar. A praga do
“bicudo”, por exemplo, favorecido pelas perdas de algodão em caroço durante o transporte, representa um
risco muito grande para o futuro da cultura.
Desta forma, torna-se imprescindível que a profissionalização deste processo seja acelerada e de-
vidamente fiscalizada, pois somente com a conscientização do caminhoneiro, da algodoeira e do produtor
rural poderá manter a sustentabilidade do negócio e melhorar cada vez mais a imagem do “Algodão dos
Chapadões”.