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Fichamento Economia Cristã dos Senhores no governo dos Escravos

História do Brasil Colonial


Professor Rafael Afonso Gonçalves
Alexsandro, Brígida, Bruna, Carlos Alberto e Nickole
p. 125
“A terceira obrigação dos senhores é dar ao escravo o castigo, para que se não
acostume a errar, vendo que seus erros passam sem castigo.”
p. 126
“Para trazer bem domados e disciplinados os escravos é necessário que o senhor
lhes não falte com o castigo, quando eles se desmandam e fazem por onde o
merecem.”
“Assim como o ginete necessita da espora e o jumento do freio, para serem
governados; assim os imprudentes e maus necessitam da vara e do castigo, para
que sejam morigerados como devem, e não faltem à sua obrigação.”
p. 127
“Deixar o senhor viver o escravo à sua vontade, e por mais desordens que faça, dar
tudo por bem feito ou (quando muito) passar com uma repreensão; é dar-lhe
atrevimento, para que se arroje a todo o género de pecados; pois nenhuma coisa
aos homens dá mais ousadia para delinquirem e soltarem a rédea aos vícios do que
saberem que não hão de ser castigados seus delitos.”
p. 129
“Logo quem castiga sem culpa é mais que cruel; porque é de natureza totalmente
ferina, igual aos tigres e aos leões.”
p. 132
“Nem digais que se abate o senhor e desce de sua autoridade, entrando em
perguntas com o seu servo; porque em ouvir as razões, que alega o escravo em
favor de sua inocência, não corre risco algum de menoscabo a autoridade senhoril.”
p. 134
“Ouvido enfim o escravo, e constando que realmente tem culpa; não há dúvida que
faltaria gravemente o senhor à sua obrigação faltando-lhe com o castigo, e
cometeria um pecado, que nas balanças de Deus igualmente pesa, como se o
castigasse sendo ele inocente.”
p. 135
“Porque se a justiça tem por objecto dar a cada um o que lhe toca e pertence;
devendo ser punido o culpado e absolto da pena o inocente, igualmente encontra a
justiça quem absolve aquele e condena este.”
p. 137
“[…] Deus ordinariamente usa, perdoar com facilidade as ofensas próprias e
castigar severamente as alheias. Logo se Deus se há desta sorte conosco, com
quanta mais razão devem os senhores haver-se da mesma sorte com Deus,
castigando nos escravos com maior rigor as ofensas que cometem contra o mesmo
Deus do que as que cometem contra eles?
P. 137
“Temos visto a grande obrigação, que têm os senhores, de não passar sem castigo
pelas culpas e delitos dos escravos. Não quisera a porém que houvesse senhor tão
imprudente, que inferisse daqui que não possa ou não deva relevar falta alguma nos
servos, senão levar igualmente tudo com o rigor do castigo.”
P. 138
“E se todas as vezes que o escravo falta alguma de suas obrigações, houver seu
senhor de descarregar sobre ele o castigo, em breve tempo não terá a quem
castigar.” “O escravo calejado com o castigo já o não teme; e por que o teme, não
lhe aproveita.”
P. 139
“Enquanto o escravo não tomou o pulso ao castigo, e não sabe o que pesa, é tal o
medo e horror que lhe tem, que treme e sua só com a consideração que seu senhor
o poderá castigar; porém depois que o experimenta (e muito mais se é por costume)
pouco a pouco lhe perde o medo e temor, e lhe endurece em tanta maneira a pele
como crestada ou calejada, que o mesmo é castigá-lo, que malhar (como dizeis) em
ferro frio.”
P. 140
“Nas casas, onde o senhor ou a senhora anda em uma contínua guerra com seus
escravos, castigando-os sem lei, sem ordem, sem consideração, e sem modo algum
não param os servos. E por essa razão é necessário que este tal senhor faça da
mesma sua casa cárcere de Eolo senhor dos ventos, prendendo com grilhões e
correntes a estes fugitivos como eu Eolo aos mesmos ventos;[...].”
P. 141
“Bem sei que falando em rigor, tem o senhor direito para castigar o escravo, todas
as vezes que falta com á sua obrigação; mas sei também que certo aquela axioma
de Marco Túlio; Summum jus summa injuria. Querer usar de todo o seu direito, sem
que falte um pouco nem um ápice, é suma injustiça.”
P. 141-142
“Por isso todas devem estranhar o costume indiscreto daqueles senhores, ou
senhoras, que á maneira de comitres de galé estão continuamente sobre os
escravos com açoite na mão, e lhes não deixam passar falta, por leve que seja, sem
castigo; e o que mais é, para terem ocasião de os castigar, lhes imputam como falta
o que não é, nem tem sombra de falta.”
P. 142
“Não haja pois, entre cristãos, senhores tão inumanos, que por tão leves causas (se
é que se podem dizer causas) usem logo com os escravos do rigor do castigo.”
“Outros género de faltas, que os senhores devem tolerar nos servos, é das que se
originam da pouca capacidade e natural rudeza dos pretos, e não de ânimo rebelde
a Deus e a seu senhor.”
P. 143
“O escravo, que picando, por rude, falta ao que deve, não merece castigo, se não
compaixão e ensino.”
P. 144
“Por que o não ensinais primeiro como vos há-de servir? E se depois de ensinado
não satisfazer á sua obrigação, então tereis razão para lhe dar o castigo.”
P.162
“Tendes algum servo mau, malicioso e inclinado ao vício? Castigai-o; mas seja o
castigo ou de açoites ou de ferros. Estes são os castigos próprios dos servos, e de
que usaram sempre os senhores prudentes e discretos de todas as nações do
mundo”.
P.162
“Primeiramente, obrando o servo contra o que deve, deveis usar dos açoites:
Tortura flagellorum. Não sejam, porém, estes tais e tantos, que cheguem a rasgá-lo
e feri-lo de sorte que corra em fio o sangue, como barbaramente costumam alguns
senhores”
P.163
“Foram tão exatos na observância desta Lei os Hebreus, que para que não
excedessem o número dos açoites, que estava nela taxado, m andando a mesma lei
que fossem só quarenta os açoites que se haviam de dar ao culpado eles nunca
chegavam a dar os quarenta, sempre os davam de menos”
P.163
“E suposto que esta Lei, como cerimonial, esteja já hoje derrogada, e não obrigue
aos Cristãos, contudo podem bem aprender dos Hebreus a não castigar os servos
com número excessivo de açoites”
P.164
“E para procederem como é justo, devem fazer neste caso o que fazem os médicos
quando receitam a purga ao enfermo e debilitado, se a não pode levar toda de um
golpe sem perigo de maior dano; dividindo-a em partes, mandam que se lhe dê
assim dividida, de tal sorte que em um dia torne um a parte, e outra em outro dia”
P.164
“Estava condenado o Apóstolo a ser açoitado com duzentos e tantos açoites; m as
por que a lei defendia que a nenhum réu se dessem mais de quarenta, dividiram-
lhes em cinco partes, dando-lhe por cada vez trinta e nove.”
P.165
“Haja açoites, haja correntes e grilhões, tudo a seu tempo e com regra e moderação
devida; e vereis como em breve tempo fica dom ada a rebeldia dos servos; porque
as prisões e açoites, mais que qualquer outro gênero de castigos, lhes abatem o
orgulho e quebram os brios”
P.166
“Chegaram os exércitos a avistar-se; 'e vendo os servos nas mãos de seus
senhores as prisões e mais instrumentos, com que os costumavam prender e
castigar, desmaiaram logo e perderam o ânimo e o brio; e não havendo já algum
deles, que se atrevesse a resistir entregaram -se à descrição e vontade dos
senhores. Pois se as prisões e açoites só vistos bastam para refrear a insolência
dos servos, que farão experimentados?”
P.166
“E se o escravo chegar a cometer delito, tão grave, que não sejam castigo suficiente
os açoites nem os ferros, por merecerem o último suplício: que fará neste caso o
senhor? O que fará, eu o não sei; mas direi o que deve fazer, no caso que queira
que se lhe dê a pena de morre”
P.167
“O mesmo deve fazer qualquer senhor, quando o seu escravo chega a cometer
crime, que não cabe na sua alçada. Quero dizer: quando o senhor quer seja
'castigado com a pena, que o seu crime merece, e ele lhe não pode dar, deve
remetê-lo à Justiça; e ela lhe dará, se a merecer, a sentença de morte.”
P.168
“E para que se vos não siga algum desar na fidalguia, escolheis antes castigar o
escravo com tal excesso, que se lhe siga a morte, d o que entregá-lo à Justiça;
antes escolheis matá-lo pecando, do que entregá-lo à Justiça sem pecado. E disto
qual é a razão, que é a que agora buscamos?”
P.169
“Em resolução, senhores: quem diz que entregar o senhor à Justiça o seu escravo é
contra os timbres e pundonores da nobreza, erra e diz uma coisa contra toda a
razão; porque nenhum a razão e nenhum a lei condena ao senhor, que entregar o
seu escravo â Justiça, para que o castigue, no caso em que o mesmo senhor lhe
não pode dar o castigo, que o delito do escravo merece”
P.170
“Digo que sim há, e é este: Se o castigardes com prisões continuadamente por largo
tempo, e com açoites interpolados, até que julgueis prudentemente que está
satisfeito o delito. Ou também degredando-o vendido para outra parte; mas
atendendo sempre às condições acima ditas, se for casado. E desta sorte, sem
ofender a lei de Deus, podereis emendar o vosso escravo, dando-lhe o castigo
moderado, e só a fim de que se corrija e não erre”

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