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1
Ajudante da Divisão de Oceanografia Física, Oceanógrafo pela USP, MSc em Oceanografia Física pelo
IOUSP.
2
Encarregada da Divisão de Oceanografia Física. Oceanógrafa pela UERJ, MSc em Oceanografia Física pelo
IOUSP, DSc em Engenharia Oceânica pela COPPE/UFRJ.
3
Ajudante da Divisão de Oceanografia Física, Oceanóloga pela FURG, MSc em Oceanografia Física, Química
e Geologia pela FURG.
4
Ajudante da Divisão de Oceanografia Física, Oceanógrafo pela UFSC, MSc em Oceanografia pela UFSC.
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DHN – DIRETORIA DE HIDROGRAFIA E NAVEGAÇÃO
ARTIGOS
purpose, the CARGO 2.0 software de- XBTs) e, no final da década de 1970,
veloped by the Brazilian Navy MB itself perfiladores Conductivity Temperature
was used. We describe this software and Density, CTD. Atualmente são catalo-
its main quality control tests, the spa- gadas 266 Comissões Oceanográficas
tiotemporal distribution of the collected da Marinha do Brasil, totalizando 8062
profiles, and the main errors found. perfis de CTD (VALENTE, MH 2019). As
Only 13% of the profiles analyzed wi- Comissões priorizam as regiões de in-
th CARGO 2.0 were considered inconsis- teresse da Marinha, sobretudo a Zona
tente then discarded. The analysis of the Econômica Exclusiva (ZEE).
profiles showed the main errors found: Dessa forma, grande parte das me-
temperature inversion, equipment tou- dições oceanográficas encontram-se na
ching the bottom, constant values, among plataforma e talude continentais. Para
others. It also showed that proportionally suprir as informações de interesse pa-
the Brazilian Navy Hidroceanographic ra a Marinha além da ZEE, recorre-se
and Oceanographic Research Ships had também a dados de outras instituições
the lowest number of excluded profiles, estrangeiras.
compared with foreign data. A qualificação criteriosa com res-
paldo internacional é a condição ini-
Keywords: cial para a utilização da informação
oceanográfica de forma padroniza-
XBT Profiles. CTD. Quality Control of da e unificada. A Marinha do Brasil,
Oceanographic Data. CARGO 2.0. além de possuir a responsabilidade
de intercambiar os dados oceanográfi-
1. INTRODUÇÃO cos com entidades internacionais que
possuam base de dados vinculadas a
Amostrar com qualidade os oce- Comissão Oceanográfica Internacional
anos é um desafio desde os primeiros (COI), através do Banco Nacional de
levantamentos hidrográficos datados Dados Oceanográficos (BNDO), utiliza
do século XIX. As metodologias vêm a Base de Dados Qualificada (BDAQ)
sendo aprimoradas com o advento das para compor sistemas de apoios a de-
garrafas de coleta e, especialmente dos cisão como o Sistema Tático de Fatores
equipamentos eletrônicos e sistemati- Ambientais (STFA) e o Sistema de
zação dos bancos de dados. No Brasil, a Previsão do Ambiente Acústico em apoio
Marinha protagoniza esse processo des- às Operações Navais (SISPRES), coorde-
de a década de 50, com o advento das nados pelo Instituto de Estudos do Mar
primeiras Comissões Oceanográficas Almirante Paulo Moreira (IEAPM), e com
nacionais. Em novembro de 1956, o a cooperação do Centro de Hidrografia
NE Guanabara partia para o que seria a da Marinha (CHM).
primeira comissão com propósitos mari- O esforço ímpar desprendido na
nho-científicos catalogada pela Marinha coleta de dados oceânicos, produz uma
(VALENTE, MH, 2019). robusta quantidade de dados a serem
Essa primeira expedição foi efetua- analisados e qualificados. A inspeção
da com garrafas de coletas e redes, mas ao minuciosa dos perfis oceanográficos po-
longo das décadas foram implementados de ser uma tarefa exaustiva, já que mui-
os Bathy Thermograph, BTs (e posterior- tos fatores devem ser considerados para
mente eXpendable BathyThermograph, uma triagem consciente.
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Com o intuito de facilitar e agilizar contrário do CARGO 1.0, todos os erros
essa qualificação dos dados, em 2003 apresentados nos perfis, bem como as
foi criado pelo IEAPM, a primeira versão decisões do usuário, são armazenadas
do software Carga e Armazenamento de no banco do CARGO 2.0, o que permite
Registros Oceanográficos (CARGO) com a análise mais minuciosa dos dados me-
a qual centenas de milhares de perfis didos e dos testes que serão apresen-
oceanográficos foram carregados, tria- tados nos próximos capítulos. Por fim, o
dos e qualificados gerando uma base software mostra a posição no mapa da
unificada, de fácil acesso aos dados e estação em relação à comissão, a clima-
com sua qualidade assegurada por pro- tologia do ponto e de pontos próximos. A
fissionais especializados. lista completa dos testes e seus possí-
Este artigo está organizado em veis erros encontra-se na Tabela 1.
cinco capítulos, sendo este, o primeiro
apresentado. O segundo capítulo, busca Os testes são divididos em cinco
descrever o software CARGO e sua evo- grupos:
lução. No capítulo três são apresentadas
as estatísticas dos dados utilizados e os 1.Testes de Localização e
principais erros encontrados. A seguir, Identificação (em amarelo na Tabela 1):
no capítulo 4, é explorada a distribuição testam se a localização é possível (se a la-
espaço-temporal dos dados. E por fim, as titude e longitude existem, não estão em
considerações no capítulo 5. terra e são compatíveis com a comissão)
e se os identificadores de data/hora e pla-
2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA CARGO taforma são válidos. Estes testes também
2.0 incluem os testes de duplicidade;
2.Testes de perfis (em azul na
A primeira versão do software, Tabela 1): testam se os valores de medi-
CARGO 1.0, realizava cargas de dados ções de profundidade, temperatura e sa-
de garrafas de coleta, e dos refiladores linidade são plausíveis comparados com
BT, XBT e CTD. Realizava 12 testes, se- o esperado para a região, a profundida-
gundo os protocolos de qualidade do de medida, e os outros dados do perfil.
Global Temperature and Salinity Profile 3.Testes Climatológicos (em azul
Programme (GTSPP) vigentes na época na Tabela 1): testam se a diferença dos
(UNESCO-IOC, 1990). Em 2018, esse sof- valores de temperatura e salinidade es-
tware ganhou uma atualização (CARGO tão dentro de 1,5 desvios padrões em
2.0). Este, por sua vez, baseou-se no relação à climatologia mensal do ponto;
protocolo de 2010, que conta com 24 4.Testes de Consistência entre os
testes (UNESCO-IOC, 2010), incluindo perfis (em magenta na Tabela 1): com-
comparações com a última versão da cli- para os dados medidos com todos os
matologia do World Ocean Atlas (Garcia perfis válidos medidos nas proximidades
H.E., et al. 2019). Além dos testes e parâ- presentes no banco de dados; e
metros atualizados, o novo CARGO conta 5.Inspeção Visual (em laranja na
com uma interface mais dinâmica e inte- Tabela 1): inspeção dos perfis de tem-
rativa que otimiza o processo de qualifi- peratura, salinidade e da trajetória da
cação, já que permite que sejam carre- plataforma durante a comissão;
gados diversos perfis simultaneamente Ressalta-se que os protocolos de
para um conjunto inteiro de dados. Ao qualidade intentam apontar qualquer
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ARTIGOS
Perfis Aceitos
272557
70% Perfis Aceitos
23232
87%
Figura 3 – Histograma de ocorrência dos tipos de erro nos perfis analisados de CTD (quadro superior) e XBT (quadro
inferior). Os gráficos em rosa referem-se às que foram qualificados como erros e em azul os que o usuário qualificou como
dados válidos e descartou o erro apontado pelo CARGO.
O erro mais comum é o erro “inver- Em segundo lugar, o erro mais co-
são de temperatura”. Foram constatados mum é o erro associado ao probe do XBT
mais de 270 mil ocorrências desse erro “atingindo o fundo”. Esse tipo de erro é
no banco de dados, sendo que apenas muito comum, visto que os equipamen-
12 mil se confirmaram como inconsis- tos não param de medir imediatamente
tências nas medições. Sobretudo para os quando atingem o fundo. Este teste, em-
perfis de CTD, onde a inversão de den- bora simples é muito importante porque
sidade já foi testada, esse teste poderia essas medições são muito discrepantes
ser revisto, embora tenha de ser aplica- e introduzem erros consideráveis nas
do para garantir as padronizações inter- análises. Felizmente, esse teste apresen-
nacionais dos testes GTSPP. ta uma alta de taxa de aderência, sendo
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que 85% dos dados que reprovam no tes- inteiramente marcados como errône-
te são realmente deficientes. Para garan- os. Perfis com este tipo de erro, nor-
tir a qualidade deste teste, foram combi- malmente, apresentam problemas no
nadas as informações de profundidade cabo de conexão ou no conector ou
local do dado (quando presentes no ca- mesmo de aterramento, e apresentam
beçalho ou na planilha digital do Modelo valores completamente fora dos acei-
DHN-6230) com dados do ETOPO1 de táveis. Uma única medição com este ti-
alta resolução - modelo tridimensional po de erro pode afetar seriamente toda
com informações de batimetria, dispo- uma análise de dados.
nibilizado pelo National Geophysical O teste “climatologia” apresenta,
Data Center (NGDC), da National Ocean relativamente, mais erros nos dados de
and Atmospheric Administration (NOAA) salinidade do que dos de temperatura,
(Amante & Eakins, 2009). devido a dois fatores principais: os senso-
O erro “valores constantes” tam- res de condutividade são essencialmen-
bém é muito presente nos dados de XBT. te mais sensíveis e derivam mais do que
Isso ocorre porque o sensor deste equi- os de temperatura; e, as climatologias
pamento é muito menos sensível do que globais possuem sensivelmente menos
os sensores de CTD. Embora seja im- medições de salinidade do que de tem-
provável a permanência da temperatura peratura (visto que o maior montante de
exatamente igual por dezenas de metros medições é feita com XBT).
no perfil, isso é inerente à sensibilidade A análise da Figura 4, nos indica
do sensor e em mais de 70% das vezes que menos de 14% dos dados realmen-
foi aceito pelo usuário. Sendo assim, te apresentam erros, o que indica que as
mesmo o teste sendo indispensável, na climatologias globais de salinidade estão
maior parte das vezes ele não represen- subamostradas. Ou seja, grande parte
ta efetivamente um erro de medição. desses falsos positivos devem-se à qua-
Os parâmetros regionais são valo- lidade das climatologias globais, eviden-
res extremos por subáreas da região de ciando a necessidade de amostragem e
interesse, estimados através de medi- processamento dos dados oceanográfi-
ções anteriores. Este teste apresentou cos, sobretudo no Atlântico Sul. Além dis-
mais de 80 mil erros, tendo uma perfor- so, fica clara a importância do incremen-
mance com mais de 80% de aderência to na quantidade de dados de CTD.
dos resultados e poucos exemplos de O teste “sondagem impossível”
falsos negativos. Embora com resulta- compara as profundidades medidas nos
dos satisfatórios, intenta-se melhorar perfis de CTD com a profundidade local
esses parâmetros com maior número (retirada do header e do ETOPO1 de al-
de qualificações. Este erro pode estar ta resolução). Muitas vezes, as profun-
associado à calibração do equipamen- didade ultrapassam o ETOPO1 devido
to, a problemas de conexão do cabo à imprecisão deste, porém este teste é
que gera dados espúrios ou até mesmo muito importante para alertar o usuário
problemas de aterramento. quanto a erros de latitude e/ou longitu-
Nenhum erro “parâmetro glo- de. Muitos perfis são excluídos ou têm
bal” foi aceito. Além disso, esse teste sua latitude/longitude corrigidas por
ajuda a indicar perfis que devem ser conta deste teste.
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268 328
39% 34%
295
539
32%
38%
37
21%
75
60%
Figura 4 – Quantidade absoluta e percentual das avaliações do CARGO 2.0 por navio e por Equipamento. Em amarelo,
observamos a quantidade de perfis qualificados como inconsistentes segundo os testes do sistema e o usuário. Em azul
os perfis que foram aceitos sem apresentar nenhum erro em nenhum teste. Em laranja os perfis que, embora apresentem
algum erro em algum teste foram aceitos pelo usuário. Estes perfis podem ter sofrido alguma alteração do usuário (exclusão
de pontos ou retificação de dados de cabeçalho como latitude, longitude, data ou hora).
Figura 6 – Distribuição do número total de perfis na área de trabalho de CTD (esquerda); BT, XBTs e BTs (centro); e Garrafas,
Garrafas de Nansen e Ninsky (direita). As figuras referem-se somente à perfis qualificados como válidos através das duas
versões do CARGO, contemplando as medições oceanográficas de 1956 até 2017.
Figura 7 – Situação da amostragem de cada ponto de grade de 0,25º na região. Os pontos em verde referem-se aos
locais onde as 4 estações foram amostradas, os pontos vermelhos referem-se às regiões que foram amostradas de 1 a 3
estações e os pontos em preto, onde o banco não conta com nenhum perfil válido.
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Figura 7 (Ampliada) – Amostragem na região Sudeste, onde cada pixel representa uma quadrícula de 0,25°. A região em
verde representa onde foram coletados dados nas 4 estações do ano. A área em vermelho há de 1 à 3 estações; e em preto
são as quadrículas que não foram amostradas em nenhuma estação do ano.
Além disso, a maior parte dos da- estações do ano enquanto apenas 2 pon-
dos (25%) foram amostradas em ape- tos não possuem nenhuma medição (42º
nas uma estação do ano. Os pontos em 30’W, 26º 15’ S e 40º 30’ W e 26º 00’ S).
vermelho representam áreas com medi- Mesmo sendo a região mais amos-
ções, mas não em todas as quatro esta- trada da nossa área de estudo, e ape-
ções do ano. Estes pontos somam mais sar dos grandes esforços em explorá-la,
de 61% de toda a área de abrangência. a região Sudeste ainda é subamostrada
Apenas 16% dos pontos de grade quando considerada a distribuição espa-
possuem amostragem representativa ço-temporal. Apenas 11% desta região,
nas quatro estações do ano e ocor- no interior da ZEE, possui ao menos uma
rem principalmente dentro da ZEE on- medição por mês.
de a Marinha do Brasil concentra es-
forços em Comissões Oceanográficas. 5. CONCLUSÃO
Além disso, as contribuições dos XBTs
das comissões que apoiam os projetos A análise dos perfis já qualifi-
POIT/MOVAR, PIRATA e da radial AX08 do cados mostrou que as análises atra-
NODC destacam-se na figura 7. vés do CARGO foram satisfatórias
Observa-se na figura 7 que mais para garantir a qualidade dos perfis.
de 92% das quadrículas, dentro da ZEE Entretanto, o aprimoramento dos tes-
da região Sudeste; possuem ao menos tes GTSPP poderia otimizar o proces-
uma amostragem em cada estação do so com o usuário, bem como tornar-se
ano. Quase 8% foi amostrada de 1 a 3 mais específico para nossa região.
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De forma geral os perfis oceanográ- processos oceanográficos, o que permi-
ficos foram considerados de boa quali- tiria uma climatologia mais realística,
dade, sendo que apenas 13% dos perfis que servirá de base para diversos ou-
não puderam ser utilizados. Esta por- tros estudos ou projetos operacionais.
centagem cai significativamente se con- Intenta-se, nas próximas etapas,
siderarmos somente navios da Marinha assimilar outras medições com tecno-
do Brasil e ainda mais se restringirmos logias mais recentes, vislumbrando a
às Comissões Oceanográficas. O per- melhora da nossa malha amostral e
centual de exclusão para XBT destes úl- da qualidade dos nossos produtos. A
timos é inferior a 4%. inserção de dados de equipamentos
Cada navio apresentou um perfil di- autônomos pode aumentar substan-
ferente de tipos de erro, sendo necessá- cialmente o montante de medições na
ria uma análise detalhada com o intuito nossa região. Cabe ressaltar, porém,
de aprimorar as técnicas de coleta e des- que estes não substituem o essencial
se modo minimizar os perfis defeituosos. papel das Comissões Oceanográficas
Quando comparamos o Atlântico que a Marinha desempenha há déca-
Sul com outros oceanos, explicita-se a das no cenário nacional.
sua subamostragem, sendo evidente a Muito se caminhou no sentido de
necessidade de se prosseguir com os amostrar, qualificar e analisar o oceano,
dos esforços em medições oceanográfi- mas fica claro que existe uma necessi-
cas. Mesmo na região de maior interes- dade de continuidade no aprimoramento
se da Marinha do Brasil, um significati- de tecnologias e metodologias, a fim de
vo incremento no número amostral teria diminuir a defasagem de conhecimento
grande impacto na compreensão dos das características físicas da ZEE.
6. REFERÊNCIAS
AMANTE, C.; Eakins, B. W. ETOPO1 Global Relief Model converted to PanMap layer format.
NOAA-National Geophysical Data Center, PANGAEA 2009.
CSIRO Marine Labratories Report 221. Quality Control Cookbook for XBT Data. Versão 1.1
by R. Bailey, A. Gronell, H. Phillips, E. Tanner+, and G.Meyers. Australia.
GARCIA, H.E.; T.P. Boyer; O.K. Baranova; R.A. Locarnini; A.V. Mishonov; A. Grodsky; C.R.
Paver; K.W. Weathers; I.V. Smolyar; J.R. Reagan, D. Seidov; M.M. Zweng (2019). World
Ocean Atlas, 2018.
LEVITUS, S., Climatological Atlas of the World Ocean, NOAA/ERL GFDL Professional Paper
13, Princeton, N.J., 173 pp. (NTIS PB83-184093), 1982.
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UNESCO-IOC 1990. GTSPP Real-Time Quality Control Manual. IODE, Manuals and
Guides N° 22.
UNESCO-IOC 2010. GTSPP Real-Time Quality Control Manual. IODE, Manuals and
Guides N° 22revised.
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