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TRANSFORMAÇÃO PESSOAL

/Ver\
Agir Julgar Passo 01 -Avaliando o

"J
que eu sei sobre o assunto

Perguntas para enriquecer a reflexão...

1. Quem Deus usou para transformar sua vida?

2. O que de fato mudou em sua vida? Quais consequências


sociais tiveram?

3. Como você descreveria o estado atual (saúde) da sua salvacão?

4. Como Deus tem te usado como um instrumento para que


outros possam encontrar Jesus?

5. Escreva os nomes de pessoas que você está orando para


que sejam transformadas:
Ver\

Passo 02 - Estudando a
Agir Julgar Palavra de Deus

INTRODUÇÃO

A transformação que o nosso mundo realmente anseia


somente pode ser realizada através do Evangelho de Jesus Cristo. O
Evangelho, a realidade de quem é Jesus Cristo e o que ele realizou na
cruz, é o único meio de transformação que, literalmente, muda tudo.
A transformação que o Evangelho produz começa em um
nível pessoal. O apóstolo Paulo afirmou: "que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras': (lCo 15:3,4)
O Evangelho começa com a gente. É pessoal, e quando
respondemos a quem é Jesus e o que Ele fez por nós, a Bíblia nos diz que
nós nos tornamos uma "nova pessoa, uma nova criação'' (2 Co 5:17).
A questão que cada um de nós precisa perguntar é: se eu
entendi quem é Jesus Cristo e como sua vida, morte, ressurreição
e retorno corno o verdadeiro Rei me impactam pessoalmente? E
então: confio nele como meu Salvador e Libertador? Este é sempre
o ponto de partida de urna relação pessoal com Deus e o primeiro
passo para ser transformado pelo Evangelho.
A HISTÓRIA DE UM HOMEM TRANSFORMADO
Era urna vez um casal que
vivia na cidade de Tarso. Tanto
'"'º"'"'"'~, o marido como a esposa era
da tribo de Benjamim. Ele,
Benjamin, foi um dos doze filhos
de Jacó. Este casal teve um filho.
A partir do momento em
que este bebê nasceu seus pais lhe
ensinaram sobre o Deus Único e Verdadeiro. Ensinaram-lhe as leis
de Deus e como viver uma vida que Lhe agrada. Quando seu filho
tinha idade suficiente mandaram-no para uma escola em Jerusalém
para estudar com um professor chamado Gamaliel. Ele treinava
este jovem homem na lei de Deus. Conforme ia aprendendo
sobre Deus, se tornava muito cuidadoso para obedecer Seus
mandamentos. Ele era tão cuidadoso para obedecer a Deus que se
tornou um fariseu (nome dado a um grupo de pessoas que eram
extremamente cuidadosas em obedecer aos mandamentos de Deus
e fazer com que outras pessoas também obedecessem às leis de Deus).
Em todos os seus anos de estudo da Palavra de Deus, este
homem passou a entender que Deus havia prometido enviar um
Messias para salvar as pessoas de seus pecados. Ele estava ansioso
para o dia em que esta promessa fosse cumprida.
Quando este homem já era adulto, continuou a viver em
Jerusalém. Dia após dia, ele tentou viver uma vida para agradar a
Deus e obedecer aos seus comandos. Ele começou ouvir notícias de
um grupo de pessoas dizendo que o Messias tinha chegado. Estas
pessoas passaram a corajosamente ensinar no templo e em todos os
lugares afirmando que Deus enviou Seu Filho Jesus para salvar as
pessoas dos seus pecados. Esta notícia realmente incomodava este
homem que amava a Deus e Suas leis, porque ele não acreditava
nas histórias que estas pessoas estavam dizendo. Porém, muitas
pessoas que viviam em Jerusalém acreditaram nesta história e
tornaram-se seguidores deste Jesus.
Este homem amava tanto a Deus que ele estava especialmente
irritado quando ouviu que um desses seguidores de Jesus, chamado
Estevão, estava ensinando sobre as promessas de Deus. Estevão teve
a coragem de dizer na frente de todos os líderes religiosos que eles
eram os responsáveis pelo assassinato do Messias prometido por
Deus. Estevão estava acusando os líderes religiosos que conheciam
a Palavra de Deus. Certamente para este homem este ensino de
Estevão era ridículo e sua acusação era sem sentido. Resultado: este
homem, chamado Saulo, ficou extremamente satisfeito quando
Estêvão foi apedrejado até a morte.
Como um seguidor devoto de Deus e de Suas leis, Saulo
entendeu que precisa fazer calar estes seguidores de Jesus, pois,
no seu entendimento, estas mentiras precisavam ser contidas
antes que se divulgasse mais. Ele foi para os lugares onde estes
seguidores de Jesus estavam reunidos e prendeu muitos deles.
Tornou-se extremamente frustrado, pois quanto mais perseguia
este grupo de crentes, mais a mensagem do Evangelho se espalhava
para além de Jerusalém.
Este homem pensava que, ao perseguir estes crentes,
estava lutando por Deus e assim permanecendo firme em Seus
caminhos. O que não sabia é que estava realmente lutando contra
Deus e os do Seu caminho.
Assim, Saulo fez de tudo que podia para destruir a igreja
(discípulos de Jesus) e parar a Boa Notícia de ser espalhada. Por meio
da propagação da Palavra de Deus muitas vidas foram transformadas
pelo poder do Evangelho Jesus, o Salvador do mundo.
Embora ele não percebesse, o fato era que Saulo era um
inimigo de Deus. Se achava justo diante de Deus, porque conhecia
Sua Palavra e obedeceu a todas as Suas leis. Ele pensou que estava
trabalhando para Deus, tentando parar os crentes de terem Jesus
como Salvador, mas ele estava realmente trabalhando para o
inimigo de Deus, tentando impedir a propagação da Boa Nova.
Muitas vezes encontramos pessoas que são como Saulo. Elas
nos ferem e tornam a vida mais difícil para nós. Às vezes achamos
que nossos inimigos nunca vão mudar. Saulo é um exemplo que as
pessoas podem ser transformadas. Através da fé em Jesus Cristo,
uma vida pode ser transformada. Somos crentes e devemos orar
por nossos inimigos.
Mas Saulo, ameaçando por todos os lados e aflito para destruir
todos os cristãos, foi ao supremo sacerdote de Jerusalém, 2 e
pediu uma carta dirigida às sinagogas de Damasco, pedindo
a cooperação delas na perseguição a todos os cristãos que
encontrasse lá, tanto homens como mulheres, para que pudesse
trazer todos eles acorrentados a Jerusalém (At 9:1-2).
Saulo fazia tudo o que estava ao seu alcance para fazer a
mensagem parar de progredir. Ele tinha a permissão para ir a Damasco
para prender e encarcerar alguém que lá havia ensinado sobre Jesus.
Saulo acreditavaque ele estava em uma missão para agradar
a Deus. Ele é sincero em seu desejo de agradar a Deus, mas ele
está sinceramente errado sobre o que acreditava. Se ele morresse
a caminho de Damasco, ele estaria separado de Deus por toda a
eternidade. Assim como Saulo, muitas pessoas acreditamque estão
agradando a Deus, por serem amáveis e fazerem coisas boas. Elas
leem a Bíblia e até vão à igreja toda semana. Embora isso sejam
coisas boas, não tornam uma pessoa agradável a Deus. A única
maneira de agradar a Deus é quando a pessoa se arrepende do
seu pecado e crê pela fé que Jesus, o Filho de Deus, morreu na
cruz, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, para salvá-la dos
seus pecados. Uma vez que uma pessoa coloca sua fé em Jesus, se
torna um filho de Deus e passa a ter o Espírito Santo vivendo em
seu coração ai sim começa uma vida agradável a Deus.
Saulo e alguns homens começaram a viagem para
Damasco. Ao se aproximarem de Damasco, Saulo tem seu
encontro/confronto com o Salvador ressuscitado. Veja...
3 Quando estava se aproximando de Damasco nessa
missão, de repente uma luz do céu caiu em cima de Saulo!
4 Ele caiu no chão e ouviu uma voz dizendo: "Saulo! Saulo!
Por que você está me perseguindo? (At 9:3-4).
6 "Quando estava na estrada, chegando perto de Damasco,
de repente perto do meio dia brilhou ao meu redor uma luz
'e
muito forte", 7 eu caí no chão e ouvi uma voz dizer-me:
Saulo, Saulo, por que está me perseguindo? (At 22:6-7)
12 "Eu ia numa missão assim para Damasco, com a
autoridade dos sacerdotes principais", 13 "quando no
caminho, perto do meio-dia, ó Rei, brilhou sobre mim e
meus companheiros uma luz do céu mais resplandecente
que a do sol". 14 "Todos nós caímos no chão, e eu ouvi
uma voz falando-me em hebraico: Saulo, Saulo, por que
você está me perseguindo? Você está apenas fazendo mal
a você mesmo" (At 26:13-14).
A luz estava brilhando tão forte que todos que viajavam com
Saulo cobriram os olhos e caíram no chão.
Apenas Saulo pode ouvir a voz falando em aramaico (a
língua dos judeus). "Todos nós caímos no chão, e eu ouvi urna
voz falando-me em hebraico: Saulo, Saulo, por que você está me
perseguindo? Você está apenas fazendo mal a você mesmo" (At
26: 14). "Saulo, Saulo, por que me persegues (ou por que você está
me machucando)?" Esta foi uma experiência aterrorizante para
Saulo, e ele disse: "Quem é você, Senhor?" A voz respondeu: "Eu
sou Jesus de Nazaré. Eu sou aquele que você está perseguindo".
Quando Saulo estava machucando os crentes na verdade estava
realmente ferindo o próprio Jesus. O Senhor Jesus estava falando
com Saulo para que pudesse entender que Ele é o Filho de Deus,
o Messias prometido.
Saulo deve ter se sentido terrível. Ele achava que Jesus estava
morto. Ele havia sido condenado à morte em urna cruz romana
e foi sepultado. Ele pensou que Deus estava satisfeito com o
seu trabalho de tentar se livrar das pessoas que acreditam em
Jesus. Saulo ouviu esta voz do céu, e ai ficou sabendo que estava
errado e estava lutando contra Filho de Deus. Ali conheceu o
Salvador ressuscitado no caminho de Damasco e passou a crer que
Jesus era o Deus Salvador prometido. Ele começou sua jornada
corno um perseguidor dos seguidores de Jesus e agora Deus tinha
transformado sua vida! Ele não era mais um inimigo de Deus, mas
agora um filho de Deus e irmãos daqueles que perseguia.
Jesus disse a Saulo para ir a Damasco e ele receberia
instruções sobre o que fazer a seguir. Quando Deus salva uma
vida, Ele é fiel para dar instruções sobre corno ela seguirá a Jesus.
A luz brilhante desapareceu e Saulo e seus homens estavam
sozinhos novamente. Quando se levantou do chão, abriu os olhos
e tudo o que ele podia ver era escuridão. O brilho da luz que o
rodeava tinha cegado seus olhos. Alguns homens tomaram-no
pela mão e conduziram-no para Damasco.
Enquanto isso, em Damasco há um crente chamado
Ananias. Deus falou com ele:
1 O Ora, havia em Damasco um crente chamado Ananias.
O Senhorfalou com ele numa visão, chamando: "Ananias"!
- "Pronto Senhor!" respondeu ele. 11 O Senhor disse: "Vá
à Rua Direita e procure a casa de um homem chamado
Judas; lá pergunte por Saulo de Tarso. Ele está orando a
Mim agora mesmo, porque" 12 "Eu lhe mostrei numa visão
um homem chamado Ananias entrando e pondo as mãos
sobre ele, para que possa ver novamente!" (At 9:10-12).
Ao lermos a Bíblia, emoções e reações surgem em nós. Se
você estivesse sentado na casa de Ananias e Deus lhe dissesse para
ir visitar Saulo, como você se sentiria? Veja a reação de Ananias:
13 "Mas Senhor", exclamou Ananias, ''eu sei das terríveis
coisas que este homem vem fazendo aos santos em
Jerusalém"! 14 "E ouvimos que ele traz consigo ordens de
prisão da parte dos sacerdotes principais, para todos os
crentes de Damasco!" (At 9:13-14).
Ananias foi honesto com Deus sobre seu medo de ser
prejudicado por Saulo. Ele também é um bom exemplo de alguém
que confiou e obedeceu a Deus,apesar de seu medo. Deus lhe deu
instruções:
15 "Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para
levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante
o povo de Israel. 16 Mostrarei a ele o quanto deve sofrer
pelo meu nome" (At 9:15-16).
Deus tinha transformado a vida de Saulo, quando creu em
Jesus no caminho de Damasco. Deus o salvou e o escolheu para
fazer um trabalho especial no Seu reino. O que foi este trabalho?
Ser um "instrumento escolhido para levar a minha mensagem às
nações e diante de reis, tanto como ao povo de Israel" e isso em
meio a muitos sofrimentos. O perseguidor passará a ser perseguido.
Deus tem um trabalho para cada um de Seus filhos. Efésios 2: 1 O
diz: "Foi o próprio Deus quem fez de nós o que somos e nos deu
uma vida nova da parte de Cristo Jesus; e muitos séculos atrás,
Ele planejou que gastássemos essa vida em auxiliar aos outros':
Deus tinha dado Ananias um trabalho a fazer e ele foi
obediente e o fez. Ele "encontrou Paulo em casa, pôs as mãos sobre
ele, e disse: - Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que apareceu a você
na estrada, me enviou para que você possa ficar cheio do Espírito
Santo e recupere a sua vista (At 9: 17)': Imediatamente a cegueira
deixou seus olhos. Ele passou a ver novamente, levantou-se e foi
batizado. Comeu um pouco de. comida e recuperou a sua força.
Deus tem o poder de transformar a vida de uma pessoa. Saulo
uma vez tentou impedir as pessoas de crerem em Jesus, agora ele
mesmo cria em Jesus como o Filho de Deus. Agora ele tem um novo
trabalho a fazer: compartilhar as boas novas que o transformou
para os outros, especialmente os gentios.
"Todavia, Saulo, também chamado Paulo..." (At 13:9). Paulo
possuía dupla cidadania, ele era ao mesmo tempo judeu e romano
(At 22:25-26, 28), possuindo, também, dois nomes (Saulo, também
chamado Paulo). Saulo era seu nomejudeu e Paulo o nome romano.
Enquanto conviveu com os judeus era chamado apenas pelo nome
judeu Saulo, contudo, quando partiu para evangelizar os gentios
foi conveniente que ele assumisse sua cidadania romana, que por
muitas vezes o tirou de situações vexatórias, usando assim o nome
Paulo que era um nome romano.
Paulo imediatamente começou a pregar nas sinagogas
que Jesus era o Filho de Deus. Sua pregação ousada sobre Jesus
impactava seus ouvintes. As pessoas se perguntavam se este era o
mesmo homem que aprisionava os seguidores de Jesus.
Paulo tornava-se cada vez mais animado na sua pregação,
e os judeus de Damasco não podiam resistir às suas provas
de que Jesus era verdadeiramente o Cristo (At 9:22).
Esta é uma incrível transformação que Deus fez na vida deste
perseguidor, quando ele colocou sua fé em Jesus!
No passado Paulo era um perseguidor. Agora, um ousado
pregador que falava a respeito de Jesus, o Salvador prometido. Como
resultado desta transformação, os judeus, irritados, se reuniram e
decidiram matá-lo. Alguns amigos de Paulo souberam deste plano,
esconderam-no em uma cesta, abaixando através de uma abertura
no muro da cidade para que ele pudesse escapar.
Voltou a Jerusalém e queria visitar os outros crentes que ali
viviam. É óbvio que estes estavam morrendo de medo! Aqui está
um homem que uma vez tentou destruir a igreja e jogou os crentes
na cadeia. E agora, ele quer se juntar a eles? Eles pensavam que era
um truque e que ele estava fingindo ser um crente para encontrar
outras pessoas e levá-las para a prisão.
Barnabé incentivou-os a crer que Paulo era um verdadeiro
crente. Eles aceitaram as palavras de Barnabé e o receberam,
certamente com muita alegria e ânimo, ao ver o exemplo do poder
de Deus capaz de transformar a vida de seu inimigo.
Paulo continuou pregando com ousadia em Jerusalém e,
mais uma vez, a sua vida estava em perigo com os judeus, que o
queriam morto. Seus amigos o levaram de volta a Tarso, sua cidade
natal, para ficar ali por algum tempo.
Depois disso ele partiu de Tarso para visitar os crentes que
viviam na Judeia, Galileia e Samaria, experimentando um tempo
mais calmo. O Espírito Santo incentivava e fortalecia os crentes. A
igreja continuou a crescer, porque mais e mais pessoas aceitavam
e criam em Jesus. O que uma pessoa transformada pelo poder do
Evangelho não pode fazer nas mãos do Senhor!
A TRANSFORMAÇÃO DE ZAQUEU
Cobradores de impostos nunca foram bem aceitos pelo
povo. A Palestina-Romana particularmente os odiavam. Eles
colaboravam com os opressores estrangeiros.
O sistema romano de agricultura fiscal tornou especialmente
os cobradores de impostos desprezados. Os romanos queriam
recolher o imposto tanto quanto poderiam, sem ocupar o seu
próprio pessoal. Então recrutaram moradores e deu-lhes uma
porcentagem do que era coletado. Quanto mais eles cobravam
(injustamente), mais poderiam ganhar, contando para isso com
o aparato da segurança de Roma.
Estes sang uessugas lucravam esfolando seus compatriotas. Ao
fazer isso, ajudaram a levantar os fundos necessários para financiar
a repressão brutal das pessoas escolhidas pelos pagãos. Eram
verdadeiros cães famintos a procura de comida.
Zaqueu tinha feito um trabalho muito bom extorquindo
dinheiro de seus compatriotas, e como consequência,
"naturalmente, um homem muito rico'' (Lc 19:1).
Jesus estava a caminho de Jerusal ém e passa por Jericó.
Zaqueu "procurava ver quem era Jesus, porém era muito
baixo e não podia olhar por cima do povo" (Lc 19:3).
As pessoas sabiam exatamente quem era Zaqueu: "Mas
o povo se queixava: "Ele [Jesus] foi se hospedar bem com um
pecador tão conhecido': falavam em voz baixa (Lc 19:7). Zaqueu
não era apenas um homem pequenino, ele era um homem que
idolatrava dinheiro e poder, e tirava proveito de seus compatriotas.
Mas quando Jesus chama Zaqueu, sua vida muda para sempre.
Zaqueu imediatamente se arrepende e oferece a restituição a quem
ele havia injustiçado, o que resulta em muita alegria. Ele soube
instintivamente que aceitar o convite para levar Jesus a sua casa
significava que sua vida tinha que mudar. Ele tinha que fazer
uma escolha, e escolheu, movido pelo Espírito, a fazer a escolha
certa: "Zaqueu levantou-se diante do Senhor e disse: 'Senhor, de
agora em diante eu darei metade da minha riqueza aos pobres e
se descobrir que cobrei demais os impostos de alguém eu pagarei
uma multa devolvendo-lhe quatro vezes mais!"" (Lc 19:8).
Note que ele não comprou o seu perdão por meio da sua
riqueza. Faz em virtude da transformação:
9 Jesus lhe disse: "Hoje houve salvação nesta casa! Porque
este homem também é filho de Abraão. 10 Pois o Filho do
homem veio buscar e salvar o que estava perdido" (Lc 19:8-9).
Esta história revela que há sim certas coisas que temos de
deixar, se queremos agarrar a mão de Cristo. Bens roubados são
um dos exemplos. Isso é uma prova de que a transformação que
Deus faz em nossas vidas é integral. A salvação de Zaqueu teve
consequências sociais. Imagine Zaqueu agora visitando as pessoas
que havia extorquido, com uma sacola de dinheiro, pedindo
perdão, pois havia encontrado Jesus e estava devolvendo tudo o
que havia tirado delas injustamente. Que agora ele ia servir um
novo imperador: Jesus! Isso sim é transformação!
Zaqueu estava curioso a respeito de Jesus e queria ver com
seus olhosfísicos. Era para ele um momento de "grande emoção"
(Lc 19:6). Mas Deus também estava trabalhando no coração
de Zaqueu a ponto de lhe permitir ver com os olhos espirituais.
Deus queria que o pequeno cobrador de impostos visse que
Jesus poderia trazer a salvação para cada pessoa da multidão,
até mesmo um para este odiado Zaqueu. Deus deseja que todas
as pessoas tenham um encontro com seu filho Jesus, como teve
Zaqueu. O começo de uma vida transformada necessariamente
está em Jesus. Ele é o Filho de Deus que morreu para que nossos
pecados pudessem ser perdoados para que tivéssemos acesso a
vida eterna. Os olhos espirituais precisam se abrir para reconhecer
quem é Jesus. Porém, é necessário entendermos que "o deus desta
era [satanás] cegou o entendimento dos descrentes, para que não
vejam a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de
Deus" (2 Co 4:4).
A boa notícia é que nós "não nos pregamos a nós mesmos,
mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por
amor de Jesus" (2 Co 4:5). Por isso, "ele [Deus] mesmo brilhou em
nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de
Deus na face de Cristo' ' (2 Co 4:5). E quando isso acontece, "das
trevas resplandece a luz':
Graças a Deus que, no caso de Zaqueu, "hoje a salvação
chegou a esta casá'. Zaqueu era um pré-cristão, "um dos filhos
perdidos de Abraão".
Este é o poder do Evangelho que transforma vidas como a
de Paulo, Zaqueu, a sua e de seus amigos e amigas!
CONCLUSÃO

A transformação pessoal que Cristo promove em nós tem o


poder de dividir nossas vidas em dois momentos: antes de Cristo
e depois de Cristo. Veja como isso é claro na vida de Paulo, em
suas próprias palavras:
Paulo antes de Cristo:
4 Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne,
eu ainda mais: 5 circuncidado no oitavo dia de vida,
pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim,
verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; 6 quanto ao
zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na
lei, irrepreensível (Fp 3:4-6).
Paulo depois de Cristo:
7 Mas o que para mim era lucro, passei a considerar
perda, por causa de Cristo. 8 Mais do que isso, considero
tudo como perda, comparado com a suprema grandeza
do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja
causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco
para poder ganhar a Cristo 9 e ser encontrado nele, não
tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a
que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede
de Deus e se baseia na fé. 1 O Quero conhecer a Cristo,
ao poder da sua ressurreição e à participação em seus
sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte 11
para, de algumaforma, alcançar a ressurreição dentre os
mortos (Fp 3:7-11).
Passo 03 - Agindo para
a glória de Deus

1. Faça uma lista de sua vida antes e depois de Jesus? O objetivo


não é valorizar o pecado, mas ressaltar a graça transformadora!

2. Proponho que esta reflexão seja pessoal, no seu íntimo


(caso você queira compartilhar com as demais pessoas é de sua
livre escolha). Paulo disse:
6 Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado
com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não
mais sejamos escravos do pecado 7 pois quem morreu, foi
justificado do pecado (Rm 6:6-7)
22 Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram
ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe
por desejos enganosos, 23 a serem renovados no modo de
pensar e 24 a revestir-se do novo homem, criado para ser
semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes
da verdade (Ef 4:22-24)
Este velho homem (velha natureza) insiste em seduzir "à
antiga maneira de viver': O que desta sua antiga maneira de viver
tem sido uma luta em sua vida?
3. Evangelizar não é tirar das pessoas o que elas têm de
errado ou pecaminoso, mas oferecer o que elas não têm. Como
você oferece o que elas não têm?

4. Muitas igrejas, para acomodar o Evangelho ao mundo de


hoje - uma espécie de Evangelho light - já não enfatizam mais a
evangelização, a transformação pessoal. Faça uma análise de sua
igreja neste sentido.
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Passo O 1 - Avaliando o
que eu sei sobre o assunto

Perguntas para enriquecer a reflexão...


1. Você já se envolveu em algum projeto de transformação
social? Compartilhe...

2. Em sua opinião, a igreja deve se envolver em questões sociais?

3. Você poderia dar u rna bre ve base bíblica para a


transformação social?

4. Sua igreja possui alguma parceria com organizações


sociais. Qual?

5. Existe em seu bairro alguma organização de transformação


social? O que ela faz?
/ Ver \
Passo 02 - Estudando a
Agir Julgar Palavra de Deus

"-J
INTRODUÇÃO

Na lição 17 vimos a transformação pessoal que o Evangelho


faz em nossas vidas, agora veremos que o Evangelho não tem
implicações apenas para nós. Urna pessoa, um indivíduo, urna
vida que foi transformada pelo Evangelho, torna-se um agente de
transformação social pelo qual a transformação pessoal irradia e
começa a afetar tudo ao nosso redor. Pense nesta imagem: urna
pedra que é jogada em urna lagoa. Os anéis de água começam
a surgir do centro para fora. É isso que o Evangelho faz. Deus
criou cada um de nós com um propósito (Ef 2:10; 2 Co 5:17-
21). Nosso propósito de viver o Evangelho começa em nossos
relacionamentos mais próximos - as nossas amizades mais íntimas,
nossos casamentos, nossas famílias, nossos locais de trabalho,
nossos bairros e a nossa cidade. Por causa do Evangelho ternos
urna vocação especial para com a nossa cidade, para torná-la
um lugar melhor e mais digno de ser vivido. O Evangelho nos
chama para buscar a paz e prosperidade da nossa cidade (Jr 29:7)
(Lição 9), a fim de que o poder e a presença de Deus em nós
(transformação pessoal) comece a impactar e alterar o local onde
vivemos (transformação social).
Samuel e Sugden definem transformação como:
A mudança de uma condição de existência humana
contrária ao propósito de Deus para que as pessoas sejam
capazes de desfrutar a plenitude em harmonia com
Deus. Esta transformação só pode ter l ugar mediante a
obediência dos indivíduos e comunidades ao Evangelho
de Jesus Cristo, cujo poder muda as vidas de homens e
mulheres por liberá-los da culpa, poder e consequências
do pecado, permitindo-lhes responder com amor para com
Deus e para com os outros (Rm 5:5), e tornando-as novas
criaturas em Crísto (2 Co 5:17) 127•
Estes autores identificam alguns elementos-chave para a
missão como transformação:
1. Há uma relação integral entre evangelização e
transformação social, ou seja, os dois não podem ser
separados ou dar uma prioridade sobre o outro;
2. A missão não é um ato de julgamento, mas sim, uma
jornada com pessoas e comunidades em direção a
intenção de Deus, isto é, "nós estamos indo nesta direção,
por que você não vem conosco?";
3. Missão existe em um contexto - a missão deve demonstrar
que a fé cristã é traduzível, isto é, a missão vai mudar a
maneira de ler a Bíblia;
4. Missão exige práxis, ou seja, o compromisso com mudar
o mundo na direção da vida abundante, equidade e amor;
5. Missão engaja com o contexto local, isto é, a teologia vai
se envolver com as questões de uma comunidade em
particular e não apenas com as questões de um modo geral;
6. Missão permite liberdade e poder, isto é, a missão vai se
envolver com os oprimidos e os marginalizados, aqueles
que mais precisam do Evangelho;
7. Missão facilita a reconciliação, isto é, a reconciliação entre
Deus e os seres humanos, bem como entre os próprios
humanos, é uma das manifestações mais poderosas do
Evangelho;
8. Missão está enraizada em comunidades de mudança, ou
seja, os principais agentes de transformação são os corpos
de Cristo locais 128 •
127 SAMUEL, Vinay and SUGDEN, Chris (2004) ''A Theology of Transformation''.
In: BUSH, Luis. K (Ed.). Transformation: a unifying vision of the church's mission;
2004 Forum for World Evangelisation, Thailand, p 82. Originally titled "Social
Transformation: Toe Church in Response to Human Need'; Wheaton '83 statement
made by participants at the Consultation on the Church in Response to Human Need.
l28www.sheffield.typepad.com/dansheffield/files/encountering__the_othermission_
transformation.pdf.
POR QUE SE ENVOLVER COM A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL?

Devemos amar o nosso país. Este é o país que Deus nos deu.
Este é o país para o qual Deus nos chamou para fazer a Sua missão
no mundo. E esta é a cidade que você mora e nela você deve fazer
toda a diferença.
O envolvimento das pessoas da igreja na transformação
social deve ser motivado pela fé e não por qualquer tipo de
ideologia, embora às vezes haja uma linha muito fina entre a fé e
ideologia. Fé é usada às vezes como uma ideologia.
Na verdade, cada um de nós tem sua própria ideologia, seja
boa ou ruim. Cada um de nós tem seus próprios ideais e princípios.
O que é mais importante é que tipo de ideologia que temos: para
o bem do povo ou é usada para oprimir e explorar o povo? Em
qualquer caso, a responsabilidade social é uma das expressões
concretas da fé.
A seguir são apresentadas quatro razões básicas para que
você, como também as pessoas da igreja ativamente se envolvam
na transfarmação social.
A RAZÃO TEOLÓGICA
A primeira razão para se envolver na transformação social
é teológica. Esta é a nossa fé em Deus. Cremos que Deus criou os
céus e a terra (Gn 1: 1) e que Ele é o Senhor de tudo. O primeiro
mandamento que Deus deu a Moisés diz: "Eu sou o Senhor, o teu
Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. Não terás outros
deuses além de mim'' (Êx 20:2-3). Cremos em Deus, que é o Deus da
liberdade e da salvação. Deus criou os seres humanos em liberdade
a fim de viver em liberdade. Deus criou os seres humanos à sua
própria imagem com honra e dignidade para sermos Seus mordomos
responsáveis da Sua criação (cf. Gn 1:26-27). Assim, quando os
israelitas foram escravizados no Egito, Deus disse a Moisés:
De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito,
e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus
feitores, e sei quanto eles estão sofrendo. Por isso desci
para livrá-lo das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para
uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel: a terra
dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dosferezeus, dos
heveus e dos jebuseus (Ex 3:7-8).
Qualquer cristão que leva a sério a sua fé em Deus não
poderia suportar ver as pessoas sendo oprimidas e exploradas.
Este cristão certamente faria alguma coisa para libertá-las em
obediência a Deus. Por isso é que as igrejas e movimentos criam
programas de direitos humanos que lidam com vítimas que têm
seus direitos violados.
A RAZÃO CRISTOLÓGICA
A segunda razão para se envolver na transformação social
é cristológica. A fé que temos não é uma fé na religião ou num
sistema religioso - é fé em uma pessoa - Jesus Cristo, nosso
Salvador e Senhor. Nós cremos que Deus veio até nós em Jesus
de Nazaré. Através de sua vida e ministério, Jesus mostrou para
nós o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6).
Como os profetas do passado, Cristo disse:
O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu
para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para
proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista
aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano
da graça do Senhor (Lc 4:18-19).
Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos
(Me 10:45).
Eu vim para que tenham vida e a vida em toda a sua
plenitude (lo 10: 10).
Estas são declarações da missão de Jesus que ele mesmo
cumpriu em palavras e atos, mostrando amor e compaixão para
com os pobres, curando os enfermos, alimentando os famintos,
perdoando os pecadores e desafiando as hipocrisias dos poderes
estabelecidos, poderes estes que o levaram para a cruz cruel.
Assim, crer em Jesus Cristo e aceitá-lo como nosso Senhor
e Salvador significa viver exatamente o mesmo tipo de vida que
ele viveu - "Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que
afirma que permanece nele, deve andar como ele andou" (1 Jo 2:5-
6). Nosso amor a Cristo nos leva a criar hospitais, escolas, creches,
asilos para idosos, casas de recuperação para viciados e coisas afim.
É Cristo nossa motivação para a transformação social.
A RAZÃO ECLESIOLÓGICA
A terceira razão para se envolver na transformação social é
eclesiológica. Aqui confessamos como no credo apostólico - cremos
na igreja. Esta é a nossa fé na igreja. A igreja é o corpo do Cristo
ressuscitado, a comunidade dos crentes chamados a continuar a
missão de Deus no mundo pelo poder do Espírito Santo. A igreja
é o instrumento de Deus para estabelecer o Seu reino na terra.
Como instrumento de Deus, a igreja deve manifestar em si mesma
tudo o que o reino de Deus é. O reino de Deus é, basicamente, um
reino de paz fundamentado na justiça e na retidão.
Quando o Espírito Santo veio sobre os primeiros cristãos, eles
foram autorizados a viver em comunhão amorosa com os outros.
Eles dividiram os recursos com os outros. (At 4:32-35). Este é o
modelo de uma comunidade que vive para compartilhar com o
mundo como expressão de sua responsabilidade social. Trata-se de
uma comunidade em que ninguém tinha necessidade. Esta é uma
comunidade que tenta se aproximar daquilo que o reino de Deus é.
A RAZÃO ESCATOLÓGICA
A quarta razão para se envolver na transformação social é
escatológica. Esta é a fé que a história chegará ao fim, e que Deus
criará um novo céu e uma nova terra (Ap 21). Esta é a fé que Deus
finalmente sentará no seu trono de julgamento na plenitude do
tempo, e que todos nós vamos dar conta do que fizemos diante dEle,
seja bom ou ruim. O modo como vivemos aqui revela que tipo de
futuro cremos e ensinamos.
Por que no Dia do Julgamento o juiz (rei) nos dirá, "o Rei
responderá: Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos
meus menores irmãos, a mim o fizeram" (Mt 25:40). Ao buscarmos
a transformação social demonstra que vivemos uma vida de
preocupação amorosa para com o menor dos nossos irmãos e
irmãs em nossas comunidades. Isso é o que Deus espera de nós
em relação a vida que Ele nos deu.
Quando Deus confrontou Caim ao matar seu irmão Abel,
ele respondeu com uma pergunta retórica, "Eu sou o guardião do
meu irmão?" (Gn 4:9). No julgamento final teremos que contar a
Deus se de fato cuidamos das pessoas.
SALVOS PELA GRAÇA MEDIANTE A FÉ

Estas são algumas das razões pelas quais as pessoas da igreja


estão ativamente envolvidas na transformação social - causa de sua fé.
Devemos amar o nosso país que Deus nos chamou para fazer
a Sua missão. Devemos nutrir sonhos de Deus para o nosso país
particiapndo na construção de uma sociedade verdadeiramente
justa e não corrupta.
Com alegria, vamos abrir nossos corações e mentes para o
outro, ouvir, compreender, respeitar, trabalhar em conjunto para
que esta nação seja realmente pacífica, próspera e verdadeiramente
livre. A graça de Deus nos faz batalhar contra a desgraça.
UM MÉTODO TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

A transformação social não é algo simples e exige de nós esforço


e estudo. Exige refletirmos sobre o como. Veremos um método que
nos ajuda a perceber como este processo pode acontecer.
Este método possui sete etapas. Vejamos cada uma delas:
l. Acercar a realidade
O ministério de Jesus foi desenvolvido nas cidades do seu
tempo. Em Lucas 4:43 lemos, "Ele, porém, lhes disse: é necessário
que eu anuncie o Evangelho do reino de Deus também às outras
cidades, pois para isso é que eu fui enviado': Na verdade, "andava
Jesus de cidade em cidade" (Lc 8:1). Seu ministério foi marcado
pela compreensão das cidades, das estruturas, das pessoas, do
estilo de vida de seus moradores, da aproximação. Este primeiro
passo nos convida a nos aproximarmos da cidade e suas realidades.
Ninguém consegue conhecer uma situação concreta apenas pela
foto e por ouvir falar. É no contato com a situação que realmente
entendemos o que se passa.
2. Escutar a realidade
O fato de estarmos na cidade não significa necessariamente
que estamos com a cidade. Para escutar a realidade das pessoas
e da cidade faz-se necessário ouvir suas histórias - histórias não
somente do passado, mas também do momento atual. Para ouvir é
necessário estar com. Será por meio destas histórias, dos contextos
de vida das pessoas, das suas dificuldades, das suas celebrações,
dos medos, das dores, enfim, da situação real que iremos sentir
de fato a intensidade do cotidiano das pessoas. Por meio desta
escuta captaremos elementos/fatos/dados para ter condição de
analisar a situação.
3. Examinar a realidade
A aproximação e a escuta nos darão subsídios, matéria­
prima, para examinarmos a realidade da cidade e das pessoas. Um
mínimo de compreensão das ferramentas das ciências sociais é
muito bem-vindo. Para examinar uma determinada cultura dentro
da cidade podemos obter auxílio na Antropologia (Cultural). Para
examinarmos a população em geral podemos obter auxílio da
Sociologia. Para analisar a alma urbana a Psicologia nos fornece
direções. Para compreender a influência do mercado e do dinheiro
no dia-a-dia das pessoas podemos ser auxiliados pela Economia. E
assim por diante. Nós, crentes, sempre somos incentivados a estudar
o texto bíblico. Também nos é imprescindível ter ferramentas para
saber analisar o contexto (cidade) onde vivem as pessoas e corno
este contexto influência o modus vivendus do cidadão.

4. Nova leitura
Neste passo chegamos à Palavra de Deus. Nos três passos
anteriores nós acercamos, escutamos e observamos a realidade
da cidade. Com estes dados em mente, nós agora vamos à Palavra
de Deus a partir e com as realidades das pessoas e da cidade para
que, iluminados pelo Espírito Santo, tenhamos a capacidade e
habilidade de fazer novas leituras da realidade com a Bíblia nas
mãos. Situamos assim nossa leitura da Palavra dentro do contexto
real de vida das pessoas. Assim, em nossa leitura da Palavra
de Deus temos novos e atuais elementos da realidade, os quais
reclamam uma ação e uma nova direção como fruto do nosso
compromisso com Palavra de Deus.
5. Nova perspectiva
A nova leitura da Palavra de Deus nos impulsiona para as
novas perspectivas da ação missiona!. A Palavra de Deus não muda.
O que muda é a realidade. Mas a Palavra de Deus, por ser a Palavra
de Deus ao ser humano, ela muda a realidade e para esta realidade
apresenta novas perspectivas de vida. Por meio da Palavra de Deus
o mundo veio a existir (Jo 1) e é por meio da Palavra de Deus que
podemos sonhar com as novas perspectivas para a cidade e nos
inserimos na realidade visando à transformação por meio destas
novas ações.
6. Nova ação
Ninguém se aproxima (acerca), escuta e examina a realidade
para deixar tudo como está (ou pelo menos não deveria ser assim).
Acercamo-nos da realidade porque cremos que a partir das novas
leituras que o contexto nos desafia a fazer, somos convocados
para ver as novas perspectivas que a Palavra de Deus evoca, e
como respostas de engajamento, surgem as novas ações. Um dos
valores centrais do Evangelho do reino é a encarnação, ou seja,
nosso compromisso e engajamento na realidade concreta. Assim
fez Jesus, pois "o Verbo estava no mundo" (Jo 1:10). Ao estar no
mundo, Jesus agiu em nome do Pai, realizando, no mundo, sua
missão. Por isso mesmo Jesus comissionou seus discípulos assim,
"assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os envio ao
mundo" (Jo 17:18; 20:21). Por meio destas novas ações temos
condições de contar novas histórias.
7. Contar novas histórias (nova realidade)
Este é o momento da transformação daquilo que era para
aquilo que passou a ser por meio da presença do Evangelho que
transforma a realidade. Daí a importância de acercar, ouvir e
examinar a realidade. Ao fazer isto, temos um raio-X da cidade e
de como era a realidade dela e das pessoas. Fomos cuidadosos o
suficiente para compreendê-la e a partir daí fazer novas leituras
para surgir novas perspectivas e novas ações. Agora, este passo nos
arremete novamente para a realidade, não a velha, mas a nova, a
transformada, a renovada, como fruto da nossa ação que vem por
intermédio da análise da cidade e da nova leitura da Palavra de
Deus. Assim, sempre teremos novas histórias da nova realidade
para contar, como expressão do poder de Deus e de sua Palavra.
Mais ou menos assim: este bairro era conhecido como um vale da
sombra da morte. Mas depois que sua igreja acercou esta realidade
e teve a capacidade de ouvir as pessoas e suas lutas, examinando
como a vida se traduzia neste contexto, vocês foram a Palavra
de Deus e ela possibilitou a fazer novas leituras. Antes, a igreja
pensava que não era sua missão se envolver com estas situações,
mas hoje tem uma nova perspectiva e crê que este bairro é palco
da tarefa missionária. Esta nova perspectiva conduziu a igreja
a inúmeras ações, e como fruto deste esforço, hoje ela tem uma
creche que alimenta mais de cem crianças. Uma nova realidade
já pode ser vista em seu bairro, que já não mais existem crianças
com barriga d' agua, e faz um ano que nenhuma criança morreu
de fome. São estas novas histórias que precisamos contar. São estas
novas histórias que a cidade precisa ouvir de uma igreja que diz
que Deus é amor.
Veja esta metodologia no gráfico que segue:

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Passo 03 - Agindo para


a glória de Deus

Relembrando a definição de transformação:


A mudança de uma condição de existência humana
contrária ao propósito de Deus para que as pessoas sejam
capazes de desfrutar a plenitude em harmonia com
Deus. Esta transformação só pode ter lugar mediante a
obediência dos indivíduos e comunidades ao Evangelho
de Jesus Cristo, cujo poder muda as vidas de homens e
mulheres por liberá-los da culpa, poder e consequências
do pecado, permitindo-lhes responder com amor para com
Deus e para com os outros (Rm 5:5), e tornando-as novas
criaturas em Cristo (2 Co 5:17)
1. Cite algumas condições de existência humana contrárias
aos propósitos de Deus em seu bairro:

2. Como você e sua igreja podem mudar a vida das pessoas


para que tenham vida em plenitude?

___
3. As instalações da igreja podem ser utilizadas como uma
excelente oportunidade para que muitas ações transformadoras
aconteçam no bairro em que está inserida. Isso tem sido
aproveitado?
Se sim, o que tem sido feito?

Se não, o que poderia ser feito?

4. Você sonha com algum projeto de transformação social


para a sua cidade/bairro? Qual?
19
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
TRANSFORMAÇÃO
AMBIENTAL
Créditos 1: Consulta Global Lausanne
Esta lição foi baseada e adaptada do artigo: Cuidado da Criação e o Evangelho
Convocação à Ação Sta. Anna, Jamaica, 29 de outubro a 2 novembro de 2012
Créditos 2: Terceiro Congresso Evangelização Mundial de Lausanne
Esta lição foi baseada e adaptada do: Compromisso da Cidade do Cabo
16 a 25 de outubro de 2010

/Ver\
Agir Julgar Passo 01 - Avaliando o
que eu sei sobre o assunto

Perguntas para enriquecer a reflexão...

1. De forma geral, qual tem sido sua relação com o meio


ambiente?

2. Você acha que a natureza faz parte do plano de Deus?


Qual texto bíblico te ajuda a pensar nisso?
3. Você participa de algum movimento de preservação e
restauração do meio ambiente? Se sim, qual?

4. Qual tem sido o posicionamento de sua igreja com relação


à ecologia?

5. Existe em seu bairro alguma organização de transformação


ambiental? O que ela faz?

Passo 02 - Estudando a
Palavra de Deus

INTRODUÇÃO

O cuidado com a criação é de fato uma "questão do Evangelho


no contexto do Senhorio de Cristo" (CCC 129 I.7.A). Informados
e inspirados por nossos estudos das Escrituras - o propósito
original, o plano e o mandamento para cuidar da criação, as
narrativas da ressurreição e a verdade profunda que, em Cristo
todas as coisas foram reconciliadas com Deus - reafirmamos que o
cuidado da criação é uma questão que deve ser incluída em nossa
resposta ao Evangelho, proclamando e agindo sobre as boas novas
129 CCC significa Compromisso da Cidade do Cabo, que ainda nesta lição será
explicado melhor.
do que Deus já fez e completará para a salvação do mundo. Isto
não é somente justificado biblicamente, mas parte integrante de
nossa missão e uma expressão de nossa adoração a Deus pelo seu
maravilhoso plano de redenção através de Jesus Cristo. Portanto,
o nosso ministério da reconciliação é uma questão de grande
alegria e esperança e nós cuidaríamos da criação, mesmo que ela
não estivesse em crise.
Estamos diante de uma crise impressionante, urgente, e que
deve ser resolvida em nossa geração. Muitas das pessoas mais
pobres do mundo, os ecossistemas e espécies da fauna e flora que
estão sendo devastados de diversas formas pela violência contra
o meio ambiente, a mudança climática global, o desmatamento, a
perda de biodiversidade, a escassez de água e a poluição são apenas
parte da crise. Nós não podemos mais tolerar a complacência e os
debates intermináveis. O amor a Deus ao nosso próximo e à toda
a criação, assim como a nossa paixão pela justiça, obrigam-nos à
"urgente e profética responsabilidade ecológicà' 130•
NOSSA CONVOCAÇÃO À AÇÃO

Baseados nestas duas convicções, nós, portanto, convocamos


toda a igreja, na dependência do Espírito Santo, para responder
radical e fielmente ao cuidado da criação de Deus, demonstrando
nossa crença e esperança no poder transformador de Cristo.
Apelamos aos cristãos, aos líderes evangélicos, às organizações
evangélicas nacionais, a todas as igrejas locais, e ao Movimento
Lausanne para responderem e agirem com urgência.
Especificamente, nós convocamos para:
1. Um novo compromisso com um estilo de vida simples.
Reconhecendo que muito da nossa crise é devido aos bilhões de
pessoas que vivem descuidadamente, reafirmamos o compromisso
de Lausanne ao estilo de vida simples131 , e convocamos a
comunidade evangélica mundial a adotar medidas, individual

130 CCC I.7.A.


131 Documentos Ocasionais de Lausanne nº 20 - Lausanne Occasional Paper # 20.
e coletivamente, para viverem dentro dos limites corretos da
boa dádiva de Deus na criação, de se engajarem mais na sua
recuperação e conservação, e de partilharem esta generosa dádiva
de forma equitativa.
2.Novo e vigoroso trabalho teológi co. Em particular,
precisamos de orientação em quatro áreas:
• Uma teologia integrada de cuidado com a criação que
envolva seminários, escolas bíblicas e outros para equipar
pastores que discipulem suas congregações.
• Uma teologia que examina a identidade da humanidade
como inserida na criação e, ao mesmo tempo, possuidora
de um papel especial na criação.
• Uma teologia relacionada com a nossa mordomia bíblica
da criação que desafie as ideologias econômicas atualmente
prevalecentes
• Uma teologia da esperança em Cristo e Sua segunda vinda que
informe e inspire adequadamente o cuidado com a criação.
3. Liderança da igreja nos países em desenvolvimento.
Como os países em desenvolvimento representam aqueles mais
afetados com a crise ecológica atual, há uma necessidade especial
de que seus representantes falem, se envolvam nas questões
do cuidado da criação e ajam sobre elas. Nós, os membros da
Consulta, pedimos que a igreja nos países em desenvolvimento
exerça liderança entre nós, ajudando-nos a definir a agenda para
o avanço do Evangelho e o cuidado da criação.
4. Mobilização de toda a Igreja e engajamento de toda a
sociedade. A mobilização deve ocorrer nas igrejas locais e incluir
aqueles que muitas vezes são negligenciados, utilizando os dons
de mulheres, crianças, jovens e povos indígenas, assim como
profissionais e pessoas com outros recursos que possuam experiência e
conhecimento. O envolvimento deve ser igualmente amplo, incluindo
diálogos formais, urgentes e criativos com os correspondentes líderes
no governo, nas empresas, na sociedade civil e acadêmicos.
5. Missões ambientais entre os povos não alcançados.
Nós participamos da convocação histórica de Lausanne para a
evangelização do mundo, e acreditamos que as questões ambientais
representam uma das maiores oportunidades para demonstrar o
amor de Cristo e plantar igrejas entre grupos não alcançados e não
engajados em nossa geração132 • Nós encorajamos a igreja a promover
"missões ambientais" como uma nova categoria dentro do trabalho
missionário (de forma semelhante às missões médicas).
6. Ação radical para enfrentar a mudança climática.
Afirmando a declaração do Compromisso da Cidade do Cabo (CCC)
sobre o "desafio sério e urgente da mudança climáticà: que "afetará
desproporcionalmente aqueles que vivem em países mais pobres" 133 ,
convocamos para a ação na redução radical das emissões de gases
que causam o efeito estufa e a construção de comunidades resilientes.
Entendemos estas ações como uma aplicação do mandamento para
negar a nós mesmos, tomar a cruz e seguir a Cristo.
7. Princípios sustentáveis na produção de alimentos. Em
gratidão a Deus, que providencia nosso sustento, e fluindo da
nossa convicção de nos tornarmos excelentes mordomos da
criação, nós insistimos na aplicação de princípios sustentáveis
a níveis ambiental e geracional na agricultura ( culturas de
campo, pecuária, pesca e todas as outras formas de produção de
alimentos), com especial atenção para a utilização de metodologias
tais como a agricultura de preservação.
8. Uma economia que trabalha em harmonia com a criação
de Deus. Nós convocamos para uma abordagem voltada para o
bem-estar e o desenvolvimento econômico, produção de energia,
gestão de recursos naturais (incluindo mineração e florestas), a
gestão da água e sua utilização, transporte, saúde, design urbano
e rural, e padrões de consumo pessoais e empresariais que
mantenham a integridade ecológica da criação.
132 CCC II.D.LB.
133 CCC II.B.6.
9. Expressões locais de c uidado com a c riação, que
preservam e aumentam a biodiversidade. Recomendamos à igreja
de todo o mundo tais projetos, juntamente com qualquer ação
que possa ser caracterizada como um pequeno passo ou um ato
simbólico, como forma de testemunhar poderosamente o Senhorio
de Cristo sobre toda a criação.
10. Advocacia profética e reconciliação restauradora.
Apelamos para os cristãos como indivíduos, e para a igreja como
um todo, para profeticamente "falar a verdade aos poderosos"
através da defesa e de ações legais, para que as políticas públicas e
práticas privadas possam mudar para melhor promover o cuidado
com a criação, e melhorar a ajuda às comunidades devastadas.
Além disso, convocamos a igreja para "falar da paz de Cristo" em
comunidades dilaceradas por disputas ambientais, mobilizando
aqueles que são hábeis na resolução de conflitos e mantendo nossas
próprias convicções com humildade.
NOSSA CONVOCAÇÃO À ORAÇÃO

Cada um dos nossos chamados à ação repousa sobre uma


convocação ainda mais urgente para a oração, intencional e
fervorosa, sobriamente consciente de que esta é uma luta espiritual.
Muitos de nós devemos começar nossa oração com lamento e
arrependimento por nosso fracasso em cuidar da criação, e por
nosso fracasso de liderar a transformação nos níveis pessoal e
empresarial. E então, tendo provado da graça e da misericórdia de
Deus em Cristo Jesus e através do Espírito Santo, e com a esperança
na plenitude de nossa redenção, oramos com confiança que o Deus
Triúno pode sarar a nossa terra e todos os que nela habitam, para
a glória do Seu incomparável nome.
Em 201 O, na Cidade do Cabo, África do Sul, foi realizado o
Terceiro Congresso de Lausanne sobre Evangelização Mundial,
de 16 a 25 de outubro de 2010 134 • Foi produzido um documento
chamado "O COMPROMISSO DA CIDADE DO CABO: UMA
DECLARAÇÃO DE FÉ E UM CHAMADO AGIR':
134 Tive o privilégio de participação com um dos membros da delegação Brasileira.
Neste documento abreviado como CCC, destacou-se a
questão da criação como um dos desafios da missão integral. No
primeiro momento está explicita a declaração de fé, ou seja, a
reflexão bíblico-teológica 135 •
(7) Nós AMAMOS O MUNDO DE DEUS (PP. 12-13)

Partilhamos a paixão de Deus pelo seu mundo,amando tudo


o que Deus fez, nos alegrando com a providência e a justiça de
Deus através da sua criação, proclamando as boas novas a toda
criação e a todas as nações, aguardando pelo dia quando a terra
será cheia do conhecimento da glória de Deus como as águas
cobrem o mar (SI 145:9,13,17;Sl 104:27-30;Sl 50:6; Me 16:15; Cl
1:23; Mt 28:17-20; Hc 2:14) .
(a) Nós amamos o mundo criado por Deus. Este amor
não é um simples sentimento afetivo pela natureza, o qual
a Bíblia não ordena que tenhamos, muito menos é uma
adoração panteísta da natureza, o que a Bíblia condena
explicitamente. Antes é a prática lógica do nosso amor a
Deus manifestado em cuidado pelo que pertence a ele.
"Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe". A terra é
propriedade do Deus a quem declaramos amar e obedecer.
A terra é importante para nós simplesmente porque
pertence a quem chamamos de Senhor (Sl 24: 1; Dt 1 O: 14).
A terra é criada, sustentada e redimida por Cristo ( Cl
1:15-20; Hb 1:2-3). Não podemos alegar que amamos a Deus se
fazemos mau uso do que pertence a Cristo por direito de criação,
de redenção e de herança. A terra é importante para nós,não como
no raciocínio do mundo secular,mas por causa do Senhor. Se Jesus é
Senhor de toda a terra,não podemos separar nosso relacionamento
com Cristo da maneira como agimos em relação à terra. Porque
proclamar o Evangelho que diz "Jesus é Senhor" é proclamar o
Evangelho que inclui a terra, uma vez que o Senhorio de Cristo
está sobre toda a criação. O cuidado com a criação é,portanto,uma
questão do Evangelho no contexto do Senhorio de Cristo.
135 O número 7 faz parte da numeração do documento que foi mantida aqui.
Tal amor pela criação de Deus exige que nos arrependamos
de nossa participação na destruição, desperdício e poluição dos
recursos da terra e da nossa conivência com idolatria tóxica do
consumismo. Em vez disso, firmamos nosso compromisso de
responsabilidade ambiental urgente e profética e de apoiar cristãos
cujo chamado missional pessoal seja defesa e ação em favor do
meio ambiente. Lembramo-nos de que a Bíblia declara o propósito
redentor de Deus para a criação propriamente dita. Missão integral
significa discernir, proclamar e viver a verdade bíblica de que o
Evangelho é a boa nova de Deus, através da cruz e ressurreição de
Jesus Cristo, para indivíduos e para a sociedade, e para a criação.
Estes três estão sofrendo e feridos por causa do pecado, os três
estão incluídos no amor redentor e na missão de Deus; os três
devem fazer parte da missão abrangente do povo de Deus.
A seguir, o CCC apresenta um chamado para agir, ou seja,
as implicações práticas em relação à criação de Deus. Vejamos.
( 6) A PAZ DE CRISTO PARA SUA CRIAÇÃO EM SOFRIMENTO
(PP. 28-29)

Nosso mandamento bíblico em relação à criação de Deus é


apresentado na seção 7 (A) da Confissão de Fé da Cidade do Cabo.
Todos os seres humanos devem ser mordomos da rica abundância
da boa criação de Deus. Estamos autorizados a exercer o domínio
piedoso ao usá-la tendo em vista o bem-estar do ser humano e
suas necessidades, por exemplo, na agricultura, pesca, mineração,
geração de energia, engenharia, construção, comércio e medicina.
Ao fazermos isso, também recebemos a ordem de cuidar da terra
e de todas as suas criaturas, porque a terra pertence a Deus e não
a nós. Fazemos isso por amor ao Senhor Jesus Cristo, que é o
criador, dono, sustentador, redentor e herdeiro de toda criação.
Lamentamos pelo abuso generalizado e pela destruição dos
recursos da terra, inclusive de sua biodiversidade. Provavelmente
o desafio mais urgente e importante enfrentado pelo mundo físico
hoje seja a ameaça das mudanças climáticas. Ela afetará de maneira
desproporcional os que vivem nos países pobres, pois é lá que os
há pouca
eventos climáticos extremos serão mais severos e onde
mudanças
capacidade de adaptação a eles. A pobreza mundial e as
a urgência.
climáticas devem ser tratadas em conjunto e com a mesm
Incentivamos os cristãos em todo mundo a:
umo
" Adotar estilos de vida que renunciem hábitos de cons
destrutivos ou poluentes;
a
• Exercer meios legítimos para persuadir os governos
em
colocar imperativos morais acima de interesses políticos
questões relacionadas à destruição ambiental e à mudança
climática em potencial;
(i)
• Reconhecer e incentivar o chamado missionário tanto de
cristãos envolvidos no uso apropriado dos recursos da terra
da
para as necessidades humanas e o bem comum através
agricultura, indústria e medicina, como de (ii) cristãos que
se dedicam à proteção e restauração dos habitats da terra
os
e das espécies por meio da conservação e defesa. Amb
o
compartilham o mesmo objetivo, pois ambos servem
mesmo Criador, Provedor e Redentor.

Ver
\ Passo 03 - Agindo para
Julgar a glória de Deus

ea
1. Foram apresentados aqui dois documentos oficiais sobr
teólogos e
criação de Deus que envolveram mentes brilhantes, de
dade e
teólogas para nos ajudar a pensar este tema com mais serie
compromisso. Você se convenceu do que?
2. No CCC foram apresentadas algumas práticas visando o
bom uso da natureza. Uma delas foi: Adotar estilos de vida que
renunciem hábitos de consumo destrutivos ou poluentes. Pense:
existem hábitos em sua própria vida que são destrutivos ou
poluentes? (Ex.: escovar os dentes com a torneira de água aberta,
jogar papéis ou latas no chão, carro com escapamento com fumaça
branca, queimando óleo etc.).

3. Que tal sua igreja promover um tour pelo bairro para ver
o estado da natureza nele. Certamente encontrarão situações de
desrespeito para com o meio ambiente. Anotem o que veem e
pensem em possibilidade práticas para mudar estas realidades.

4. Muitas igrejas pensam que o cuidado da natureza é apenas


de responsabilidade do governo, estados e prefeituras, especialmente
via as Secretarias de Meio Ambiente. O que você acha? E sua igreja?
De que modo sua igreja pode entender que cuidar da criação é parte
da sua responsabilidade ao fazer missão integral?
A GLÓRIA DE DEUS
Ver\
Passo 01 -Avaliando o
Agir Julgar
que eu sei sobre o assunto

Perguntas para enriquecer a reflexão...


1. Muito se fala, se canta, se ora, sobre a glória de Deus.
Afinal, o que é a glória de Deus? Se possível, faça um desenho do
que você entender ser a glória de Deus.

2. O que a glória de Deus tem a ver com a missão integral?

3. Quem vem primeiro: missão ou adoração?

4. Você concorda com a frase: "só existe missão onde não


tem adoração?" Explique...

5. Você se lembra de alguma situação na Bíblia relacionada


com a glória de Deus?
Passo 02 - Estudando a

'��.� :�'
Palavra de Deus
� .-·�.:,

---

°'N
00 INTRODUÇÃO

Bendito seja o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que


nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual
nas regiões celestiais em Cristo... Para o louvor da sua
graça ... em louvor da sua glória (Ef3:3, 6, 14).

A igreja é a comunidade do louvor porque existe para


glória da Deus. Sua ação missiona! deve ser consequência de sua
reverência para com Deus. Ela é a comunidade do louvor porque
pertence e vive para Deus no mundo.
Newbigin, referindo-se a comunidade do louvor, afirma:
"esta é, talvez, seu caráter mais distintivd' 136• Ele entende que a
comunidade cristã é um lugar onde as pessoas encontram sua
verdadeira liberdade, sua verdadeira dignidade e sua verdadeira
igualdade em reverência a Deus que é digno de todo louvor que
podemos oferecer 137 • Por esta razão, louvor inclui agradecimento.
A comunidade cristã deve ser a comunidade cheia de gratidão.
Ao colocar o louvor como sendo a primeira característica da
igreja, Newbigin nos faz perguntar: quem vem primeiro, louvor
ou missão? Vejamos alguns modelos de paradigmas ministeriais,
conforme descrito por Dave Hall.

136 NEWBIGIN, Lesslie. The gospel in a pluralist society. Wm. B. Eerdmans


Publishing: Grand Rapids, 1989, p. 227.
137 NEWBIGIN, Lesslie. Op. cit., p. 228.
PARADIGMA TÍPICO MINISTERIAL (1)

Neste modelo adoração e missão são uma


das atividades ou um dos departamentos
da igreja, como os demais.· Este modelo
é o mais típico e comum nas igrejas. Ele
representa a fragmentação da igreja e a
separação das atividades ministeriais com a
adoração e missão. Este modelo representa
O\
uma deturpação da natureza�essência da O\
igreja, e falha em responder a razão de ser
da igreja.
N
PARADIGMA TÍPICO MINISTERIAL (2)

Este segundo modelo tem um avanço em


relação ao primeiro, dando-nos a ideia de
ser um modelo bíblico, mas na verdade não
é ainda o modelo que reflete a totalidade
da Palavra de Deus. Aqui, a missão é que
determina a razão de ser da igreja. Deixa de
ser uma atividade ou departamento e passa
ser o carro-chefe da agenda ministerial da
igreja. E, adoração, ainda esta sujeita a missão.
Neste modelo, adoração é consequência ou
existe para a missão.

PARADIGMA TÍPICO MINISTERIAL (3)


Neste terceiro paradigma, percebe-se uma
inversão em relação ao segundo. Aqui é a
missão que esta sujeita a adoração. Ambos
não são atividades ou departamentos
da igreja, mas expressam sua essência.
Demonstra que uma igreja adoradora é
consequentemente uma igreja missionária.
A adoração é o combustível da missão e
o alvo da missão é a adoração. Sem uma
1

profunda percepção de Deus, que nos leva


a adoração, missão pode ser um ativismo ou
atividade mecânica.
John Piper, em seu livro Let the Nations Be Glad, afirma:
Missões não é o objetivo final da igreja. É a adoração.
Missões existe porque não existe adoração. A adoração é o
alvo final, não missões, porque Deus é o alvo final, não o
homem. Quando esta era terminar, e os incontáveis milhões
dos redimidos prostrarem seus rostos diante do trono
de Deus, missões não existirá mais. É uma necessidade
temporária. Mas a adoração permanece para sempre.
Adoração, portanto, é o combustível e alvo de missões. É
o objetivo de missões porque em missões simplesmente o
objetivo é trazer as nações diante da incandescente glória
de Deus. O objetivo de missões é a alegria dos povos
perante a grandeza de Deus. "O Senhor reina! Exulte a
terra e alegrem-se as regiões costeiras distantes" (Sl 97:1).
"Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos.
Exultem e cantem de alegria as nações, pois governas os
povos com justiça e guias as nações na terra" (Sl 67:3-4).
Mas a adoração é também o combustível de missões.
A paixão por Deus na adoração precede a pregação...
Missões começa e termina em adoração138•
Isto nos faz perguntar, qual é o principal alvo da missão? É a
adoração. Em minha dissertação de mestrado discuti esta questão,
no livro de Êxodo, demonstrando que Deus convoca Moisés para
libertar o povo para que seu nome fosse adorado em toda terra.
O nome de Deus não somente é para ser proclamado em
toda terra, mas também para ser adorado. Proclamação
implica em tornar seu nome conhecido. Adoração implica
em fazê-lo o único e suficiente Deus. Adoração significa
servi-lo e ter um relacionamento íntimo com Deus. Uma
dependência pessoal para com o Único. Terence Freitheim
diz que "adoração é um tema central em Êxodo... a
fidelidade de Israel na adoração parece ser absolutamente
central para sua vida como vida povo de Deus" (1991:20-
21). Existem aproximadamente vinte referências para a
138 Piper, John. Let the Nations Be Glad! Toe supremacy of God in missions. 3.ed.
Baker Academic: Grand Rapids, 2010, p. 35.
palavra adoração em Êxodos (ver 3:12; 423 7:16; 8:1,
20; 9:1, 12; 10:3, 7-8, 11 24, 26; 12:31; 20:523:24-25, 33;
24:1; 34:14). A primeira delas é em Êxodo 3:12, ''. .. depois
de haveres tirado o povo do Egito, servireis (adoração) a
Deus neste monte". Uma das tarefas de Moisés era dizer
a F'araó: Deus diz, ''deixa ir meu filho, para me sirva ( me
adore)" (Ex 4:23). Após cada praga lemos, ''deixe o meu
povo para que me sirva (adore)". F'inalmente F'araó se
rende e diz "Saiam imediatamente do meio do meu povo,
vocês e os israelitas! Vão prestar culto ao Senhor, como
vocês pediram" (Ex 12:31-32). Nesta palavra de Faraófica
claro que a questão em cheque era a adoração (serviço).
Adoração é uma questão a quem nós nos curvamos, a
quem nós servimos.139

A IGREJA É A COMUNIDADE DO LOUVOR PORQUE


PERTENCE A DEUS

Ao afirmar que a igreja é a comunidade do louvor significa


que reconhecemos que ela pertence a Deus. Ela é a comunidade
do louvor - portanto louvor a alguém - a Deus. A igreja, como
povo pertencente a Deus (1 Pe 2:2-10) reverencia aquele ao qual
ela pertence. Por esta razão Paulo nos incentive a dizer "a ele seja
a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para
todo sempre. Amém!" (Ef 3:21). A igreja é convocada a glorificar
a Deus continuamente (em todas as gerações e para todo sempre).
Fica evidente que o fato de ser pertencente a Deus nos remete
a pessoa de Jesus Cristo. A igreja é a comunidade que pertence
a Deus por meio de Jesus Cristo. "Onde há uma igreja cristã,
evidentemente se faz referência de alguma forma a Jesus Cristo". 140
Seu louvor principal e central esta ligado a pessoa de Jesus. Ela
é a comunidade do louvor porque glorifica a Deus pela ação de
Cristo em favor dela. Paulo nos ensina oito grandes realidades na
relação Cristo-igreja:
139 BARRO, Jorge Henrique. Biblical model ofMoses' pastoral in Exodus. Fuller
Theological Seminary, 1997, p. 23-24.
140 Barth, Karl. Credo. Bilbao: Editorial Sal e Terra, 2000, p.168.
1. "Cristo é o cabeça da igreja'' (Ef 5:23)
2. ''A igreja esta sujeita a Cristo" (Ef 5:24)
3. "Cristo amou a igreja'' (Ef 5:25)
4. "[Cristo] a si mesmo se entregou por ela [igreja]" (Ef 5:25)
5. "Para que a santificasse" (Ef 5:26)
6. "Tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela
palavra'' (Ef 5:26)
7. "Para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem
ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito" (Ef 5:27)
8. ''Alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com
a igreja'' (Ef 5:29)
Estas ações de Cristo em relação a igreja têm como propósito
apresentar a si mesma igreja gloriosa. Diante deste movimento de
amor ("Cristo amou a igreja'' - Ef 5:25), a igreja devolve (responde)
em louvor e adoração, como a comunidade do louvor que pertence e
que recebe os cuidados de Deus por ela por meio do �,eu filho Jesus.
A IGREJA É A COMUNIDADE DO LOUVOR PORQUE VIVE
PARA DEUS

Viver para implica em propósito. O propósito da igreja


não é viver para si própria, mas para Deus, e consequentemente,
cumprindo Sua missão no mundo. Se ela vive para si própria ela
passa a ser um fim em si mesma e torna-se o alvo da louvor -
uma autoglorificação, autocentrada. Mas se ela vive para Deus,
não ela, mas Deus é o alvo e fim da adoração. A igreja, assim, é o
meio - "para que, pela igreja, a multiforme sabedora de Deus se
torne conhecida, agora..:' (Ef 3:10).
A IGREJA É A COMUNIDADE DO LOUVOR PORQUE EXISTE
PARA DEUS NO MUNDO

"O cristianismo não é sacro, mas que nele sopra o vento


fresco do Espírito. Se não, não é cristianismo. O cristianismo é
uma realidade absolutamente mundana, aberta a humanidade:
'Ide por todo mundo e proclamai a Boa Nova a toda criatura''.141 A
141 ibid, p. 168.
igreja que assim age,está a serviço da missão e não é um fim em si
mesma. A igreja é santa, una, universal e apostólica no mundo. O
locus e cenário da ação da igreja não é ela mesma, mas o mundo.
A orientação de Jesus aos discípulos é dara: "não peço que
os tire do mundo,e sim que os guardes do mal" (Jo 17:15). Mesmo
que eles não pertençam ao mundo ou ainda que o mundo os odeie
(Jo 15:18; 17:14), Jesus entende que o locus da missão é o mundo:
"Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os envio ao
mundo" (Jo 17:18). O mundo é o palco da missão e todas as vezes
que ele deixa de ser temos uma igreja ensimesmada.
Ao ensinar os discípulos em seu Sermão do Monte, Jesus
deixa claro o motivo pelo qual nós somos convocados para agir
no mundo: a glória de Deus. Jesus disse que "somos o sal da terra
e a luz do mundo" (Mt 5:14-15). Somos em decorrência dele ser
- "eu sou a luz do mundo" (Jo 8:12) - "enquanto estou no mundo
sou a luz do mundo" (Jo 9:5). Olhando mais cuidadosamente este
conceito missionário, poderíamos parafrasear Jesus dizendo que
nós, individualmente e coletivamente, somos a luz do mundo
porque recebemos a mensagem da salvação e agora, enquanto
estamos no mundo somos a luz do mundo. Enquanto não estamos
no mundo,deixando de ser agentes missionários,não somos a luz
do mundo. Por isso Jesus nos alertou que "não se pode esconder a
cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para
colocá-lo debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos
os se encontram na casa'' (Jo 5:14-15). Isso é o que Barth chama
de exigência de publicidade142 • Poderíamos afirmar, com base nas
palavras de Jesus, que a luz só tem finalidade de ser luz quando
em contato com as trevas. A questão central é então o onde (locus)
esta luz deve brilhar. E Jesus já respondeu esta pergunta: "assim
brilhe também a vossa luz diante dos homens para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mt
5:16). Pedro também respondeu: "mantendo exemplar o vosso
procedimento no meio dos gentios, para que...observando as vossas
boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação" (1 Pe 2:12).
142 ibid,p.170.
JESUS É A GLÓRIA DE DEUS

Pois Deus que disse: ''Das trevas resplandeça a luz", ele


mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus naface de Cristo (2 Co 4:6).
O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão
exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua
palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação
dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas
alturas (Hb 1:3).
Se Jesus é o resplendor da glória de Deus; se Ele é a exata
expressão do ser de Deus, então não resta alternativa para nós a
não ser publicar e viver Jesus plena e intensamente. Por isso que
Paulo afirma que Deus "quis dar a conhecer entre os gentios a
gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a esperança
da glórià' (Cl 1:27).
Certa vez Moisés fez a seguinte pergunta para Deus: "Peço-te
que me mostres a tua glórià' (Êx 33:18).
E Deus respondeu:
19 "Diante de você farei passar toda a minha bondade,
e diante de você proclamarei o meu nome: o Senhor.
Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e
terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão". 20 E
acrescentou: "Você não poderá ver a minha face, porque
ninguém poderá ver-me e continuar vivo". 21 E prosseguiu
o Senhor: "Há aqui um lugar perto de mim, onde você
ficará, em cima de uma rocha. 22 Quando a minha glória
passar, eu o colocarei numa fenda da rocha e o cobrirei
com a minha mão até que eu tenha acabado de passar.
Então tirarei a minha mão e você verá as minhas costas;
mas a minha face ninguém poderá ver" (Êx 33:19-23).
O que de concreto pode ser visto em relação à glória de
Deus? Sua bondade, sua misericórdia, sua compaixão e Jesus. Note
que Jesus é exatamente a personificação da bondade, misericórdia
e compaixão de Deus - Ele é o resplendor da glória de Deus e a
exata expressão do ser de Deus.
Como é que a glória de Deus se relaciona com a igreja e com
o cristão? Como a glória Deus é uma fonte de esperança para você
e a igreja? O Novo Testamento nos diz que temos visto "a glória
de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Co 4:6). Jesus foi chamado de
Emanuel, nome que significa "Deus conosco" (Mt 1:23). Assim
como a glória divina habitou entre o povo de Deus e significa a sua
presença, o ministério terreno de Jesus Cristo revelou a glória e a
presença de Deus: ''Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu
entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do
Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo 1:14). Com a vinda de Jesus,
a esperança da vinda do Messias foi cumprida. Esta ação divina é
revelada na redenção de Deus e esperança para o mundo.
Da mesma forma como a glória de Deus encheu o
tabernáculo e o templo, Deus agora enche o cristão com o seu
Espírito e torna-se o Templo do Espírito Santo (Rm 8:9, l Co
3:16-17; 6:19, Ef 2:21-22). O cristão não está sozinho; Deus está
presente conosco pelo seu Espírito. Esta é uma verdade profunda
que nos dá grande encorajamento e esperança para enfrentarmos
muitos desafios na vida. No entanto, há momentos em que nós
também sentimos como se estivéssemos vagando no deserto ou
no exílio, e nós queremos saber se Deus nos abandonou. Podemos
questionar a proximidade de Deus quando nos deparamos com
várias provações, como uma doença, a morte, tragédia, ou talvez
a traição de um amigo. Como os israelitas no exílio podemos
sentir que pecamos e temos falhado diante Deus que ele já não
se importa e que não há nenhuma esperança para nós (Is 40:27;
49:14; 62:4). São nestes momentos que precisamos ser lembrados
de que não estamos sozinhos, assim como Moisés, os Israelitas
e Ezequiel foram lembrados da presença de Deus em momentos
importantes em sua jornada com o Senhor. Sabendo que Deus
está conosco pelo Seu Espírito deve encher-nos de esperança e
nos dar força para servi-lo neste mundo.
Ao contemplarmos e meditar sobre a glória do Senhor, seremos
transformados à sua semelhança (2 Co 3:18). Quando nos tornamos
mais semelhantes a Cristo, vamos refletir a sua glória para o mundo,
para aqueles que nos rodeiam. Isso se aplica tanto cristão de modo
individual como para a igreja de modo comunitário. Como igreja de
Jesus Cristo, podemos abençoar o mundo por brilhar a glória de Deus,
por compartilhar as boas novas de Jesus, o Messias, a esperança do
mundo. Assim como o profeta proclamou ao povo de Deus, em Sião:
"Levante-se, refulja! Porque chegou a sua luz, e a glória do Senhor raia
sobre você' (Is 60:l). Nós também precisamos levantar e deixar a nossa
luz brilhar. Assim como a glória de Deus faz Sião bela e atraente para as
nações (Is 60:1-3, 13), o trabalho de transformação de Deus na igreja,
através de Cristo, fará com que a igreja a reflita a beleza de Cristo para
o mundo. Como resultado os outros serão atraídos para a luz da glória
de Deus. Que privilegio participar na missão de Deus para o mundo.
Onde Deus a glória de Deus é revelada?
• A criação é a sua glória:
"Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama
a obra das suas mãos" (Sl 19:l)
• Cristo é a sua glória:
"Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando
da suprema glória lhe foi dirigida a voz que disse: "Este é o meu
filho amado, em quem me agrado" (2 Pe 1:16)
• A igreja é a sua glória:
''Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo
o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua
em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as
gerações, para todo o sempre! Amém!" (Ef 3:20-21).
• Você é a sua glória:
Deus nos c riou para a sua glória, diz o profeta: "De longe
tragam os meus filhos, e dos confins da terra as minhas filhas;
todo o é chamado pelo meu nome, a quem criei para a minha
a quem formei e fiz" (Is 43:7). Nós glorificaremos a Deus
meio das nossas boas obras: ''Assim brilhe a luz de vocês diante
que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao
Pai de vocês, que está nos céus" (Mt 5:16).
A glória de Deus é a razão da missão. Isso está claro no Salmo 67:
1 Que Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e
faça resplandecer o seu rosto sobre nós, 2 para que sejam
conhecidos na terra os teus caminhos, a tua salvação entre
todas as nações. 3 Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te
todos os povos. 4 Exultem e cantem de alegria as nações,
pois governas os povos com justiça e guias as nações na
terra. 5 Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os
povos. 6 Que a terra dê a sua colheita, e Deus, o nosso
Deus, nos abençoe! 7 Que Deus nos abençoe, e o temam
todos os confins da terra.
Note: o salmista pede "faça resplandecer o seu rosto sobre
nós" com duas intenções daras. Quais?
1. Para que sejam conhecidos na terra os teus caminhos;
2. A tua salvação entre todas as nações.
A glória de Deus em nós deve revelar o caminho dele e para ele;
a glória de Deus em nós deve revelar a salvação para todas as nações.
É exatamente este o testemunho do cântico apocalíptico:
"Depois disso ouvi no céu algo semelhante à voz de uma grande
multidão, que exclamava: Aleluia! A salvação, a glória e o poder
pertencem ao nosso Deus" (19:1).
Você já imaginou alguma vez uma cidade ilumina sem
eletricidade? Parece impossível não é mesmo?
22 Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus
todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. 23 A cidade
não precisa de sol nem de luapara brilharem sobre ela, pois
a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia. 24
As nações andarão em sua luz, e os reis da terra lhe trarão
a sua glória. 25 Suas portas jamais se fecharão de dia, pois
ali não haverá noite. 26 A glória e a honra das nações lhe
serão trazidas. 27 Nela jamais entrará algo impuro, nem
ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, mas
unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da
vida do Cordeiro (Ap 21:22-25).
CONCLUSÃO

Por que e para que nos envolvemos e fazemos missão?


Para a glória de Deus. O que dizer do cristão que não vive para
cumprir este propósito? Simples! Não é um cristão e muito menos
um verdadeiro discípulo e seguidor de Jesus. Não passa de um
religioso! Forte dizer isto e nos faz repensar de fato o que somos.
Deixe o apóstolo Paulo te ajudar:
Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por
meio de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua
vontade, para o louvor da sua glória (Ef 1:5-6).
Somos seus filhos,adotivos,para o louvor da sua glória! Isto
convence,não?
Eu espero que,ao ter você chegado ao fim desta série de estudos
sobre a Missão Integral, sua motivação e de sua igreja para participar
na missão de Deus ao mundo seja a glória de Deus. Qualquer outra
motivação,como por exemplo,encher a igreja, em última análise,
roubará a glória de Deus. Temos que realinhar nossa motivação como o
propósito pelo qual Deus nos criou. Além de realinhar,provavelmente
é necessário arrependimento das motivações erradas que temos tido
que acabam a roubando a glória de Deus e passando esta glória para
nós e a igreja. Lembremo-nos o que o Apóstolo Paulo disse:
Portanto, quer vocês comam, quer bebam, querfaçam qualquer
outra coisa, façam tudo para a glória de Deus (1 Co 10:31).
A frase - "quer façam qualquer outra coisà' implica também
no trabalho missionário. Isto significa que o nosso fazer missional
deve ter sempre a glória de Deus em nossa mente e coração.
Que o Espírito de Deus nos salve da atitude de olhar para nós
mesmos e nossos resultados na vocação missiona!, e assim, nos
sejamos livres dos motivos impuros para se fazer missão. Que o
Senhor nos ajude a glorificar Seu nome ao fazermos missão porque
sua glória deve ser o propósito de tudo o que fazemos - inclusive
missão. Sendo assim,
Soli Deo gloria, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações,
para todo o sempre! Amém!
CONCLUSÃO GERAL
Missão integral se trata da
proclamação e a manifestação (demonstração) do
Evangelho do reino de Deus em todas as dimensões da
vida para restaurar (transformar) os relacionamentos
corrompidos pelo pecado das pessoas com Deus, com
elas mesmas, com seu meio ambiente e suas situações e
realidades visando a glória de Deus (Jorge Barro).
Trilhamos um longo caminho para demonstrar que
... não é simplesmente que a evangelização e o compromisso
social tenham que ser levados a termo juntos. Na missão
integral nossa proclamação tem consequências sociais
quando convocamos as pessoas ao arrependimento e
ao amor pelos outros em todas as áreas da vida. Nosso
compromisso social tem consequências para a evangelização
quando damos testemunho da graça transformado de Jesus
Cristo. Se assumimos uma postura de omissão diante do
mundo, traímos a Palavra de Deus, a qual requer de nós
que sirvamos ao mundo. Se assumimos uma postura de
omissão à Palavra de Deus, não temos nada que oferecer
ao mundo. A justiça e a justificação pelafé, a adoração e a
fé política, o espiritual e o material, a transfarmação pessoal
e a mudança estrutural estão unidos entre si. Ser, fazer e
dizer estão no mesmo coração de nossa tarefa integral143 •
Estou certo de que você entendeu o que é missão integral. E que
por ter entendido, sua vida jamais será a mesma. Agora, você entendeu
que missão integral é Evangelho todo, para o ser humano todo, para
todas as pessoas e situações, a partir de você e sua igreja! Que bênção!
Uma vez que você teve o privilégio de realizar estes estudos
e ter crescido tanto, faço três desafios para você:
1. Discipule alguém usando este material. Será um presente
143 Extraído de <http://www.micahnetwork.org/pt/page/declaração-miquéas­
sobre-missão-integrab. Acessado em 12 Jan 2011, 20h20.
maravilhoso que você dará a esta pessoa, além do material,
investirá na formação desta pessoa.
2. Invista na vida de algumas pessoas presenteando-as com
este material. Horas e horas de trabalho e pesquisa foram
feitas para que este material existisse. O mais difícil já foi
feito. O mais fácil é você comprar e presentear.
3. Comprometa-se com sua igreja local para que ela seja de
fato uma igreja envolvida com a missão integral. Pense em
projetos, sonhe com possibilidades, fale com os líderes, e
seja uma pessoa ativa para que isso aconteça.

Muito obrigado por ter utilizado este material.

Com gratidão,
Jorge Henrique Barro

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