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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é “Fraternidade e Amizade


social” e tem como lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). O seu
objetivo geral é contribuir para nos despertar sobre o valor e a beleza da
Fraternidade humana, promovendo e fortalecendo a experiência da Amizade
Social. Esse objetivo nos desafia a superar a cultura da indiferença para com
os outros, que nos torna como que portadores do mal da cegueira, da
insensibilidade nos proporcionando uma atitude de descaso diante das
necessidades alheias.
O tema da Amizade social nos convida a refletir sobre as causas dos conflitos,
a hostilidade nas relações humanas e a agressividade interpessoal. Onde não
há a experiência da amizade, pode haver não somente a indiferença, mas
também a violência. São dois graves males.
O tema da CF 2024 nos convida a promover abertos vínculos de amizade,
capazes de estimular a comunhão, a reconciliação entre as pessoas e o
espírito fraterno favorecendo a promoção do bem comum. Dessa forma a
amizade autêntica não é um bem privado e fechado entre duas pessoas ou
mais, mais tem uma responsabilidade social. A experiência da amizade aberta
estimula a construção de pontes entre pessoas e grupos. É dessa forma que
fomentamos o desafio do diálogo que promove a cultura do encontro.
Palavras chaves da CF 2024
O tema da CF 2024 nos convida a pensar e nos treinar na importância da
proximidade, da acolhida incondicional, do intercâmbio de dons, pois todos
somos portadores de riquezas. Isso só é possível se a experiência da amizade
for aberta. Quando dois amigos ou um grupo se fecha na amizade, se
empobrece e, dessa forma, não contribui para o bem comum porque esqueceu
da sua dimensão social. A família é o primeiro grupo natural de experiência de
amizade chamada a abrir-se às necessidades dos outros. Por isso, em geral,
aprendemos a ser solidário no seio familiar, pois a sociedade é uma rede de
famílias.
O tema da CF 2024 nos desafia a estimular o desenvolvimento integral que é
consequência da consciência ativa da corresponsabilidade para com a
promoção da paz e da justiça. O desenvolvimento integral implica também o
esforço em vista da dilatação do coração, ou seja, da dimensão socioafetiva.
Quem não desenvolveu sua dimensão socioafetiva, lamentavelmente, terá
sempre dificuldade de relacionamento com os outros e de abertura sem
fronteira, sendo capaz de pensar na “família humana”, na “fraternidade
universal”, na “civilização do amor e da paz”.
Fenômenos a serem rejeitados
A partir da contemplação do vasto horizonte positivo do tema da CF 2024,
podemos imaginar, por outro lado também, um universo de males a serem
rejeitados e combatidos porque promovem o adoecimento da sociedade. Um
dos primeiros males é a cegueira; esse mal nos proporciona a indiferença às
realidades que estão a nossa frente e ao nosso lado. Segundo o sociólogo
Zigmunt Baumam, em sua obra a Cegueira moral, “a negligência moral está
crescendo em alcance e intensidade, a demanda por analgésicos aumenta
cada vez mais, e o consumo de tranquilizantes morais se transforma em vício.
Por conseguinte, uma insensibilidade moral induzida e manipulada se torna
uma compulsão ou uma “segunda natureza”: uma condição permanente e
quase universal – e as dores são despidas de seu papel salutar de prevenir,
alertar e mobilizar. Com as dores morais aliviadas antes de se tornarem
verdadeiramente perturbadoras e preocupantes, a teia de vínculos humanos
tecida com os fios da moral torna-se cada vez mais débil e frágil, vindo a
descosturar-se.” Cegueira moral, 2014, p. 181). Uma sociedade que padece
do mal do “anestesiamento socioafetivo” jaz na insensibilidade; isso significa a
ausência da semente da necessidade dos outros.
No mundo da “cegueira moral” a experiência das amizades é fechada, intimista,
isolada, segura (defensiva), internamente prazerosa, mas insensível à dor dos
outros. Essa experiência de amizade é intolerante a qualquer forma de
incômodo. A abertura à experiência do incômodo é uma natural consequência
da sociabilidade.
Um grupo que vive a experiência da amizade sem a dimensão social e senso
de bem comum, facilmente cai em atitudes extremistas rejeitando todos
aqueles que não tem afinidade com seus interesses. Dessa forma estimulam a
rejeição, o preconceito, a segregação, a injúria étnica, cultural e ou religiosa,
promovendo a inimizade e os conflitos. Assim nascem as guerras entre povos,
alicerçadas na intolerância religiosa, no nacionalismo que alimenta a
xenofobia.
A origem do tema “amizade social”
O tema da Campanha da Fraternidade de 2024 é inspirado na Carta
Encíclica Fratelli Tutti: sobre a fraternidade e a amizade social – do Papa
Francisco – publicada no ano 2020. Num mundo marcado por múltiplas formas
de violências, grupos fechados e tendências extremistas (ideológicas, políticas,
religiosas), somos chamados a promover a experiência da Amizade aberta que
ultrapassa barreiras e promove o diálogo, a solidariedade, a comunhão, a
compaixão, a justiça, a paz e a harmonia entre as pessoas.
Nessa encíclica (Fratelli Tutti= todos irmãos) o Papa lança para a humanidade
um sonho: “entrego esta encíclica social como humilde contribuição para a
reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os
outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e
amizade social que não se limite a palavras” (FT,6). François Lyotard (1924-
1998), sociólogo francês, nos anos 70 em sua obra “O pós-moderno” já
alertava o mundo sobre surgimento de uma nova sensibilidade marcada pelo
fenômeno do desaparecimento dos grandes sonhos batizando essa nova era
de pós-modernidade
O Papa Francisco, persiste em seu sonho dizendo: “Desejo ardentemente que,
neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa
humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de
fraternidade… Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente; precisamos duma
comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos
mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! Sozinho,
correr o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se
constroem os sonhos. Sonhemos como uma única humanidade, como
caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos
alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções,
cada qual com a própria voz, mas todos irmãos” .
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
O que o tema “amizade social” me provoca?
Por que a experiência da “amizade social” exige desenvolvimento humano?

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