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A luta pelo reconhecimento das relações étnico-raciais torna-se uma necessidade nos

aspectos político, econômico e, sobretudo, no campo e na política educacional,


considerando-se o fato de esta temática ser uma obrigatoriedade na formação de
professores. Sendo assim, devemos lutar por uma educação antirracista e, ao mesmo
tempo, estabelecer um diálogo contra qualquer prática segregadora que, por ventura,
possa existir em nossas escolas. (Sawana, 2022, p. 21).

Com as conquistas de direitos, no plano internacional e nacional, o combate ao racismo

coloca-se para o campo das políticas educacionais. Neste sentido, tem-se o


enfrentamento à violência no contexto escolar, ao mesmo tempo em que, também,
torna-se um desafio educar para o respeito à diversidade étnico-racial. O racismo e a
discriminação étnica têm violado direitos em todo o mundo, causando conflitos
armados, chacinas, guerras, apartheid e diferentes formas de segregação e

discriminação, afastando pessoas e coletivos do direito à educação. (Sawana, 2022, p.


22-23).

As relações étnico-raciais têm tido centralidade do campo educacional no Brasil a partir


do momento em que a Constituição de 1988 definiu o racismo como crime contra o
direito de todos à igualdade, considerando que o Brasil é um país multicultural. Com
isso, o movimento negro tem exigido do Estado que não só trate o racismo como crime,
mas que promova uma educação intercultural. (Sawana, 2022, p. 23).

Uma sociedade democrática, pautada na igualdade e no pluralismo cultural, tem o dever

de inserir o debate sobre a referida temática na educação. (Sawana, 2022, p. 24).

No texto da Declaração de Durban, os Estados reconhecem o colonialismo como o


principal fator determinante no racismo, na discriminação racial, na xenofobia e na
intolerância correlata, assim como destaca a importância da diversidade das culturas
como patrimônio da humanidade e da responsabilidade dos Estados em promover ações
de prevenção contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata.

Para tanto, segundo o mesmo documento, salientamos que:


[...] a educação em todos os níveis e em todas as idades, inclusive
dentro da família, em particular, a educação em direitos humanos, é a
chave para a mudança de atitudes e comportamentos baseados no
racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata e para
a promoção da tolerância e do respeito à diversidade nas sociedades;
Ainda afirmamos que tal tipo de educação é um fator determinante na
promoção, disseminação e proteção dos valores democráticos da
justiça e da igualdade, os quais são essenciais para prevenir e
combater a difusão do racismo, discriminação racial, xenofobia e
intolerância correlata (BRASIL, 2001, p. 29-30).

Nesse sentido, pesquisar e conhecer sobre a interculturalidade, juntamente com as


relações étnico-raciais, a partir das análises dos cursos de formação inicial de
professores, pode significar a compreensão de como esses profissionais significam e
ressignificam suas concepções e como fundamentam suas práxis. Ademais, promover
ações de incentivo à troca de conhecimento entre culturas torna-se um dos principais
caminhos para que a interculturalidade e as relações étnico-raciais não fiquem restritas
aos documentos que regulamentam a política educacional. (Sawana, 2022, p. 24).

Nessa perspectiva, o debate acerca da interculturalidade e das relações étnicoraciais


torna- se desafiador, pois abrange saberes dos sujeitos que lutam historicamente por sua
emancipação, diante de uma sociedade discriminatória e preconceituosa. (Sawana,
2022, p. 24).

Percebe-se que, para a implementação de uma educação pública humanizadora


que valorize a cultura do outro, torna-se imprescindível um debate que esteja em
consonância com as necessidades dos espaços escolares. Nessa direção, a escola é
compreendida como uma organização social, democrática e permeada de relações
interpessoais. Além disso, a escola é considerada culturalmente heterogênea, pois se
presencia uma diversidade de culturas que ora lutam por sua permanência ora

reivindicam seu espaço nas escolas. (Sawana, 2022, p. 27).

Tendo em vista isso, pesquisar sobre a interculturalidade e as relações étnicoraciais no


ensino superior é de fundamental importância devido às culturas que clamam
e lutam por seu reconhecimento na prática docente. Essa discussão precisa estar inserida
nos cursos de graduação que visam à formação inicial de professores de forma
equiparada, sem sobreposição e sem nenhum nivelamento entre os sujeitos, a fim de que

seja possível promover o seu reconhecimento no espaço escolar. (Sawana, 2022, p. 27).

Diante do exposto foi necessário um levantamento da produção acadêmica nos


níveis internacional, nacional e no Programa de Pós-Graduação em Educação
(PPGE/UFPB). [...] Destarte, organizamos esse levantamento da seguinte forma: em um
primeiro momento, um levantamento nos bancos de dados internacionais, tais como:
Web of Science6 e do Scielo entre os anos 2015 a 2021, devido às mudanças que
envolvem a
obrigatoriedade e a implementação das relações étnico-raciais e do diálogo intercultural,
conforme foi apresentado no capítulo das políticas educacionais, e a influência do
diálogo intercultural e nas relações étnico-raciais. (Sawana, 2022, p. 28).

Porém, das 15 pesquisas, apenas, uma dissertação intitulada “A Formação inicial de


professores e as implicações para a educação das relações étnico-raciais nos cursos de
pedagogia de MS” abordou sobre a inserção da temática em estudo na formação inicial
de professores. Essa pesquisa foi desenvolvida, exclusivamente, em analisar a inserção
das relações étnico-raciais no curso de pedagogia da Universidade Federal da Grande

Dourados (UFGD). (Sawana, 2022, p. 29).

Considerando a questão e os aspectos destacados, os pressupostos hipotéticos desta tese,


responsáveis por direcionar as reflexões da presente pesquisa, estão embasados na ideia
de que a interculturalidade e as relações étnico-raciais na Universidade Federal da
Paraíba (UFPB). (Sawana, 2022, p. 30).

No entanto, a questão que se coloca hoje é como a interculturalidade e as


relações étnico-raciais estão sendo desenvolvidas nos cursos de formação inicial de
professores. Acreditamos que estas temáticas precisam ser inseridas desde o ensino
superior, para que haja um trabalho pedagógico de identificação do jovem em formação
inicial com a sua cultura e com as demais culturas. (Sawana, 2022, p. 30).
Nesse percurso investigativo, optar-se-á por pesquisar como a
interculturalidade e as relações étnico-raciais se materializam nos cursos de formação
inicial de professores. Esta tese surge sob a perspectiva da luta por uma educação
intercultural que ainda é incipiente nos cursos de formação inicial de professores. Sendo
assim, o objetivo geral consiste em:
● Analisar a obrigatoriedade e a implementação dos diálogos interculturais e das
relações étnico-raciais na formação inicial de professores e nos cursos de licenciatura da
Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Enquanto os objetivos específicos são:
● Identificar, nos Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs), como está estabelecida a
obrigatoriedade das relações étnico-raciais e do diálogo intercultural nas políticas
educacionais;
● Analisar como os coordenadores e os professores dos cursos de licenciatura da UFPB
compreendem a obrigatoriedade e a possibilidade de uma educação para as relações
étnico-raciais e intercultural;
● Avaliar sobre como os estudantes estão compreendendo os processos de inserção e de
implementação das relações étnico-raciais e da interculturalidade dos cursos de

licenciatura da UFPB. (Sawana, 2022, p. 31).

Compreendemos que a cultura contribui com o debate das relações étnico-raciais e da


interculturalidade e, ao mesmo tempo, fortalece-o porque significa que a exploração e o
conhecimento de um grupo social (Sawana, 2022, p. 33).

Diante disso, consideramos que o conceito de colonialismo foi inserido nessa pesquisa
devido à luta dos grupos sociais em torno da sua emancipação social, cultural e do seu
reconhecimento no campo da educação que compreendemos sob uma perspectiva
colonial, bem como o movimento contrário, denominado de uma perspectiva de
decolonial. Por muito tempo, tivemos uma educação patriarcal, eurocêntrica e que
negligenciava as diferentes culturas na formação tanto inicial quanto continuada de
professores. (Sawana, 2022, p. 33).

Acreditamos que essa investigação, especificamente o debate colonial,


contribui para refletirmos o quanto existe uma desigualdade cultural na formação inicial
de professores, pois vivemos em um país intercultural e composto por diferentes hábitos

culturais. (Sawana, 2022, p. 33).

Tendo em vista essa realidade, o conceito de decolonialidade é um debate que


vem sendo feito no movimento negro desde o momento que se percebeu que a sua
discussão precisa de uma maior visibilidade tanto no currículo quanto na formação de
professores. (Sawana, 2022, p. 34).

a partir do momento em que tivermos mais diálogo acerca das relações étnico-raciais e
da interculturalidade na formação inicial de professores, poderemos pensar nos
caminhos e em práticas pedagógicas para combatermos o racismo ou o negacionismo
das culturas de grupos sociais que foram marginalizados, a exemplo da população

negra, por exemplo. (Sawana, 2022, p. 34).

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