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GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
AULA 3

Prof. Rafael Zamodzki


CONVERSA INICIAL

O foco desta aula será a regulação, ou o controle de tensão, potência e


frequência dos geradores presentes nas usinas geradoras de energia, que se
localizam no início do Sistema Elétrico de Potência (SEP), mas que possuem um
efeito altamente significativo no comportamento do restante do sistema.
Com isso, objetiva-se que o aluno compreenda como são feitos os
controles de potência, tensão e frequência de geradores. Com esses
conhecimentos, será possível analisar as malhas de controle presentes nos
sistemas de geração, avaliando e conhecendo a função de cada uma das
variáveis que fazem parte dessas malhas.

TEMA 1 – REGULADOR DE VELOCIDADE ISÓCRONO

Neste tema, será feita uma introdução a respeito da regulação de


frequência nos Sistemas Elétricos de Potência (SEPs) e será abordada a
primeira topologia de regulador, o regulador de velocidade isócrono.

1.1 Introdução

Os Sistemas Elétricos de Potência são sistemas complexos que atuam de


forma interligada (geração, transmissão e distribuição) e sincronizada com várias
unidades geradoras conectadas em paralelo para alimentar uma carga em uma
frequência determinada (Eremia; Shahidehpour, 2013). Todos os equipamentos
que são utilizados pelos consumidores operam em valores padronizados de
frequência, determinando, dessa forma, que a energia seja entregue ao
consumidor final com valores de frequência dentro de limites aceitáveis por
esses equipamentos, para que não sofram avarias.
Para que a frequência no SEP permaneça dentro dos limites
estabelecidos pelas normas regulamentadoras, é necessário que sempre exista
um balanço entre carga (energia que está sendo consumida) e geração (energia
que está sendo gerada). Caso haja um desequilíbrio grande nesses parâmetros,
a frequência do sistema irá variar, causando problemas em todas as instâncias
do SEP.
Os desequilíbrios de frequência serão pequenos, caso as variações de
carga-geração sejam pequenas (variações aleatórias de cargas), e serão
grandes, caso as variações de carga-geração sejam grandes (desconexão de
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um gerador ou desconexão de uma grande quantidade de cargas) (Eremia;
Shahidehpour, 2013).
No Brasil, os limites de variação de frequência são estabelecidos pelo
Módulo 8 dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional (Prodist). No item 7 desse documento, estabelece-se que:

7.1 O sistema de distribuição e as instalações de geração conectadas


ao mesmo devem, em condições normais de operação e em regime
permanente, operar dentro dos limites de frequência situados entre
59,9 Hz e 60,1 Hz.
7.2 Quando da ocorrência de distúrbios no sistema de distribuição, as
instalações de geração devem garantir que a frequência retorne, no
intervalo de tempo de 30 (trinta) segundos após a transgressão, para
a faixa de 59,5 Hz a 60,5 Hz, para permitir a recuperação do equilíbrio
carga-geração.
7.3 Havendo necessidade de corte de geração ou de carga para
permitir a recuperação do equilíbrio carga-geração, durante os
distúrbios no sistema de distribuição, a frequência:
a) não pode exceder 66 Hz ou ser inferior a 56,5 Hz em condições
extremas;
b) pode permanecer acima de 62 Hz por no máximo 30 (trinta)
segundos e acima de 63,5 Hz por no máximo 10 (dez) segundos;
c) pode permanecer abaixo de 58,5 Hz por no máximo 10 (dez)
segundos e abaixo de 57,5 Hz por no máximo 05 (cinco) segundos.
(Aneel, 2018)

Dentro dos SEPs, a regulação de frequência pode ser realizada utilizando-


se um, dois ou três estágios, que são chamados de regulação primária (controle
de velocidade), secundária (controle automático da geração (CAG) e terciária de
frequência. Nesta aula serão tratados apenas os aspectos relacionados à
regulação primária de velocidade e às topologias de reguladores utilizadas para
a realização dessa correção nos valores da frequência.
É importante citar que, caso haja variações significativas sucessivas de
frequência, pode ser que apenas a regulação primária não seja suficiente, pois,
nestes casos, apenas a atuação desse primeiro estágio tende a deixar um erro
de frequência em regime permanente, exigindo, assim, a atuação do controle
secundário para correção desse erro.

1.2 Regulador de velocidade isócrono

Esse regulador trabalha com velocidade constante, como o próprio nome


sugere, operando de acordo com uma malha de controle fechada, ajustando a
admissão da turbina (a vapor ou hidráulica) para fazer com que a frequência do
sistema retorne ao seu valor nominal (Kundur, 1994).

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Figura 1 – Diagrama de blocos de um regulador isócrono

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.

A operação desse sistema em malha fechada ocorre da seguinte maneira:


a velocidade medida do rotor ωr é comparada com uma velocidade de referência
ω0. O sinal de erro Δωr é multiplicado por um ganho K, passando posteriormente
por um integrador. O sinal de saída ΔY é o sinal de controle que é enviado para
a válvula, no caso de uma turbina a vapor ou para a comporta, no caso de uma
turbina hidráulica. As potências identificadas como Pm e Pe são,
respectivamente, a potência mecânica, no eixo entre a turbina e o gerador e a
potência elétrica na saída do gerador (Kundur, 1994).
A resposta de um sistema isócrono ao longo do tempo é apresentada na
Figura 2. Essa resposta corresponde ao comportamento do regulador isócrono
quando há um aumento na carga, ou seja, a potência elétrica demandada torna-
se maior, fazendo com que a frequência caia a uma taxa determinada pela
inércia do rotor da máquina (Kundur, 1994).

Figura 2 – Resposta do regulador isócrono a um aumento na carga

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.


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Observando a Figura 2, percebe-se que à medida que a velocidade cai, a
potência mecânica da turbina começa a subir, fazendo com que haja uma
redução na taxa de redução da velocidade. Quando a potência mecânica da
turbina ultrapassa a variação de carga ΔPL, a velocidade começa a aumentar. A
velocidade retorna então para o valor de referência e a potência mecânica
assume um novo ponto de equilíbrio, ou seja, em regime permanente, o valor
anterior de Pm foi incrementado por um valor ΔPm igual à potência adicional da
carga ΔPL (Kundur, 1994).
Os reguladores isócronos são aplicáveis apenas em sistemas em que um
gerador alimenta uma carga isolada ou quando apenas um gerador, em um
sistema com várias máquinas, é responsável por responder às mudanças na
carga. Quando várias máquinas alimentam cargas interconectadas
(compartilhamento de carga) e são responsáveis por responder às variações de
carga, torna-se necessária a utilização de reguladores com velocidade variável,
como os que serão discutidos a seguir: o regulador com queda de velocidade e
o regulador com estatismo transitório (Kundur, 1994).

TEMA 2 – REGULADOR COM QUEDA DE VELOCIDADE

O regulador isócrono não pode ser utilizado quando duas ou mais


unidades estão alimentando as mesmas cargas, pois, se fosse empregado
dessa forma, seria necessário que todas as máquinas trabalhassem exatamente
na mesma velocidade, tornando a operação inviável, porque os geradores iriam
entrar em conflito, sendo que cada um tentaria controlar a frequência do sistema
individualmente, podendo levar o sistema à instabilidade (Kundur, 1994).
Para que a divisão de carga seja realizada de forma estável entre duas ou
mais unidades, é necessário utilizar o regulador com queda de velocidade. A
malha de controle desse regulador é apresentada na Figura 3 (Kundur, 1994).

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Figura 3 – Diagrama de blocos do regulador com queda de velocidade

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.

Pode-se perceber que a diferença dessa malha com relação à malha de


controle do regulador isócrono resume-se na adição de uma realimentação ao
redor do integrador. A constante R que aparece na realimentação é chamada de
estatismo e consiste na relação entre a variação de frequência e a variação de
potência de saída. O estatismo basicamente determina o quanto de potência
ativa cada máquina irá gerar para corrigir o desequilíbrio entre a potência gerada
e a carga. Além disso, também determina o valor final da frequência do sistema.
Pode-se dizer que quanto menor o estatismo, menor será o desvio de
frequência em condições de regime permanente. Ademais, valores muito baixos
de estatismo podem gerar uma resposta oscilatória ou até mesmo instabilizar o
sistema. Valores elevados, por sua vez, fazem com que a unidade geradora não
contribua de forma efetiva na regulação da frequência do sistema (Kundur,
1994).
Na Figura 4, apresenta-se um gráfico da frequência (ou velocidade)
versus a potência de saída (ou posição da válvula/comporta).

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Figura 4 – Representação do estatismo em um regulador com queda de
velocidade

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.

Na Figura 4, ωNL é a velocidade em regime permanente sem carga, ωFL é


a velocidade em regime permanente com carga nominal e ω 0 é a velocidade
nominal ou de referência. O estatismo pode ser determinado utilizando-se (1)
(Kundur, 1994).

f
R (1)
P

Tipicamente, o estatismo utilizado é de 5%, o que significa que uma


variação de 5% na frequência causa uma variação de 100% na posição das
comportas ou válvulas (ou potência de saída) (Kundur, 1994).

2.1 Compartilhamento de carga – unidades em paralelo

Se duas ou mais unidades geradoras estão operando em paralelo no


mesmo sistema e possuem regulador com queda de velocidade, cada uma
assumirá uma parcela da carga para efetuar a regulação de frequência.
Considerando duas unidades (Figura 5) que estão inicialmente operando na
frequência nominal f0, com potências de saída P1 e P2, quando a carga aumenta,
as unidades perdem velocidade e os reguladores de frequência aumentam a
saída até que seja atingida uma nova frequência f’ (Kundur, 1994).

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Figura 5 – Compartilhamento de carga entre duas unidades com valores
diferentes de estatismo

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.

Cada unidade vai assumir uma quantidade de carga de acordo com (2) e
(3) (Kundur, 1994).

f
P1  P1'  P1  (2)
R1

f
P2  P2'  P2  (3)
R2

As unidades com menor estatismo assumem mais potência.


Na Figura 6, apresenta-se a resposta no tempo de uma unidade de
geração com regulador com queda de velocidade.

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Figura 6 – Resposta no tempo de uma unidade com regulador com queda de
velocidade

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.

Quando a unidade é submetida a uma variação de carga, comporta-se


como mostrado na Figura 6, apresentando um desvio na frequência ou
velocidade em regime permanente (Δωss), devido à característica de queda de
velocidade (Kundur, 1994).

TEMA 3 – REGULADOR COM ESTATISMO TRANSITÓRIO

Devido à inércia da água, as turbinas hidráulicas possuem uma resposta


peculiar na regulação de velocidade, pois uma mudança na posição da comporta
produz uma variação na potência da turbina, que é oposta àquela solicitada.
Desta forma, para que haja uma operação estável do controle, um estatismo
transitório com um longo tempo de restabelecimento é necessário (Kundur,
1994).
Isto é implementado utilizando-se uma realimentação de compensação na
malha de controle que atua na abertura ou fechamento das comportas. Esse tipo
de malha com estatismo transitório é apresentado na Figura 7.

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Figura 7 – Malha de controle do regulador de velocidade com estatismo
transitório

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.

Na Figura 7, RP é o estatismo permanente, RT é o estatismo temporário


(transitório) e TR é o tempo de restabelecimento (Kundur, 1994). Essa
compensação adicionada à realimentação retarda ou limita o movimento da
comporta até que o fluxo de água e a potência de saída se equilibrem. Desta
forma, um alto estatismo (e baixo ganho) surge para rápidos desequilíbrios de
velocidade, e um baixo estatismo (e alto ganho) é estabelecido em regime
permanente (Kundur, 1994).

TEMA 4 – REGULADOR DE TENSÃO ANALÓGICO

O regulador automático de tensão (AVR, do inglês Automatic Voltage


Regulator) é utilizado para regular a tensão terminal do gerador por meio do
controle da corrente que é fornecida ao enrolamento de campo do gerador pela
excitatriz (Machowski; Bialek; Bumby, 2008).

4.1 Introdução

Além das malhas de controle utilizadas para regulação da frequência do


sistema, existem outras malhas que estão presentes no sistema de geração,
como a malha utilizada para regulação automática de tensão. O controle de
tensão é obtido por um AVR, baseado na medição e no monitoramento da
tensão, com o objetivo de manter a tensão em um valor de referência, corrigindo-
a automaticamente com constantes de tempo entre pequenas centenas de
milissegundos até um segundo, dependendo das características da excitatriz
utilizada (Eremia; Shahidehpour, 2013).

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O diagrama de blocos geral do AVR é apresentado na Figura 8.

Figura 8 – Diagrama de blocos geral do AVR

Fonte: Adaptado de Machowski; Bialek, Bumby, 2018.

Os transdutores medem a corrente, a potência, a tensão terminal e a


frequência do gerador síncrono. A tensão terminal Vg é compensada pela
corrente da carga, Ig, e comparada com a tensão de referência Vref, produzindo
o erro de tensão ΔV. Esse erro, por sua vez, é amplificado e utilizado para alterar
a saída da excitatriz e, consequentemente, a corrente de campo do gerador, para
que o erro de tensão seja eliminado. O sinal de realimentação retirado da saída
do amplificador é utilizado para estabilizar o processo de controle (Machowski;
Bialek; Bumby, 2008).
O sistema do AVR inclui, também, alguns limitadores que possuem a
função de proteger o próprio sistema regulador, a excitatriz e o gerador contra
tensões e correntes que possam danificar seus componentes. Além disso, um
estabilizador do sistema de potência (PSS, do inglês Power System Stabilizer)
também pode ser adicionado à malha do AVR para ajudar a amortecer
oscilações presentes no sistema. O PSS geralmente é composto por elementos
diferenciadores e elementos que corrigem desvios de fase (Machowski; Bialek;
Bumby, 2008).
Os reguladores de tensão podem ser implementados de forma analógica
ou utilizando microprocessadores, trabalhando de forma digital. Ambas as
topologias possuem vantagens e desvantagens e serão abordadas de forma
mais aprofundada nas próximas seções.

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4.2 Regulador analógico

Os primeiros reguladores de tensão que surgiram eram totalmente


analógicos e manuais. A operação de um regulador desse tipo é baseada na
observação de um operador e consiste no ajuste da corrente de campo do
gerador síncrono, utilizando resistências e reatâncias indutivas ajustáveis, como
elementos de compensação. Com isso, usando esta impedância e a corrente de
armadura do gerador síncrono (corrente de saída), uma queda de tensão é
computada e utilizada para regular a tensão terminal do gerador (Kundur, 1994)
(Anderson; Fouad, 2003).

Figura 9 – Diagrama geral de um sistema com AVR analógico

Fonte: Adaptado de Kundur, 1994.

A magnitude da tensão de saída do compensador, que é a entrada do


AVR (bloco Regulador de Tensão), é definida por (4) (Kundur, 1994).

Vc  E t   R C  jXC  I t (4)

Com RC e XC positivos, a queda de tensão no compensador é adicionada


à tensão terminal e o compensador regula a tensão em um ponto dentro do
gerador. Essa estratégia é utilizada para garantir o compartilhamento de
potência reativa entre os geradores que estão conectados ao mesmo
barramento e que compartilham o mesmo transformador elevador. É um arranjo
tipicamente utilizado em unidades hidráulicas de geração e em unidades
térmicas de alta e baixa pressão. O compensador atua como um compensador
de corrente reativa, criando um acoplamento artificial entre os geradores e
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permitindo que a geração de reativos fique equilibrada entre as máquinas
(Kundur, 1994).
Com RC e XC negativos, a compensação ocorre em um ponto além dos
terminais da máquina. Utiliza-se esse tipo de compensação para compensar a
queda de tensão no transformador elevador, quando duas ou mais unidades de
geração estão conectadas em transformadores individuais. Esse tipo de
regulação é comumente chamado de compensação por queda de tensão (LDC,
do inglês Line Drop Compensation) (Kundur, 1994).
Com a evolução das tecnologias relacionadas aos sistemas de controle,
os AVRs foram sofrendo mudanças ao longo do tempo, fazendo com que os
controles analógicos fossem sendo substituídos por controles digitais
microprocessados. Esse tipo de regulador de tensão será tratado a seguir.

TEMA 5 – REGULADOR DE TENSÃO MICROPROCESSADO

Os reguladores de tensão microprocessados têm sido implementados por


oferecerem uma série de vantagens com relação aos analógicos, principalmente
com relação à estabilidade e à precisão com que os ajustes de tensão são
realizados.
Uma lista de outras vantagens é apresentada a seguir (Cigré-Brasil,
2011):

 Possibilidade de ajustes idênticos para várias unidades de uma mesma


usina
 Precisão e estabilidade nos ajustes
 Maior facilidade para projeto, devido à lógica do sistema de regulação ser
realizada por software amigável
 Menor quantidade de componentes ativos, diminuindo a possibilidade de
falhas e a necessidade de ajustes, tais como potenciômetros, botões de
comando, medidores, reostatos etc.
 Menor tempo de entrega de equipamentos pelos fabricantes devido à
montagem do sistema de excitação ser facilitada pela menor quantidade
de fiação e componentes
 Menor tempo de teste, comissionamento e start-up devido ao software de
detecção de defeitos e a não necessidade de trocas de componentes para
ajustes de parâmetros

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 Interfaces de comunicação bastante robustas, no sentido de suportar
operação, ensaios etc.
 Maior disponibilidade de recursos para atendimento pelo fabricante das
funcionalidades colocadas na Especificação Técnica Funcional do cliente
 Simplificação e maior confiabilidade nas operações de rastreamento e
transferências entre os modos de operação do regulador

Além dessas vantagens, os sistemas microprocessados geralmente vêm


equipados com sistemas de comunicação robustos e com alta conectividade,
utilizando protocolos de comunicação desenvolvidos para sistemas de geração
de energia, como IEC61870, DNP 3.0, Modbus TCP e Serial, IEC61850, entre
outros (Cigré-Brasil, 2011).
Os reguladores também devem ser providos de recursos que facilitem os
ensaios e testes para avaliação de seu desempenho e de sua dinâmica de
operação. Alguns recursos desejáveis são (Cigré-Brasil, 2011):

a. Degrau – Aplicação de degrau nas referências de suas malhas de controle


em qualquer condição operativa, propiciando, assim, a verificação da
dinâmica da malha de controle.
b. Comando direto – Permitir o comando direto de malhas de controle
intermediárias e de atuação direta do conversor de potência. A facilidade
de abrir a malha de controle permite diagnosticar problemas
intermediários e outras análises.
c. Supervisão de sinais – Permitir a supervisão de sinais por meio de
interface de conectividade, possibilitando, desse modo, monitorar e
supervisionar todos os sinais do sistema de regulação e excitação,
inclusive os sinais intermediários das malhas de controle.
d. Forçamento de sinais – Permitir o forçamento de sinais de entrada e saída
no controlador do sistema de excitação e regulação de tensão por meio
de comandos lógicos.
e. Registrador de sinais analógicos e digitais – Os sistemas de regulação de
tensão deverão possuir a capacidade de gerar registros internos de sinais.
Tais registros devem ser programáveis e permitir uma série de
combinações para o diagnóstico do sistema de excitação e regulação de
tensão, da unidade geradora e do comportamento dinâmico do sistema.

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O registrador interno de sinais deve permitir o registro de sinais analógicos
(contínuos) ou sinais digitais (discretos) ou mesmo a combinação dos dois.
Todos são programados por meio de software de edição de configurações e
carregados na CPU para uso conforme cada necessidade. Deve ser possível
programar o número de sinais que se deseja registrar (analógicos ou digitais), o
tempo de registro, a cor do sinal, dar nome ao registro, dar nome ao sinal
registrado, converter o sinal para um valor absoluto ou percentual, o disparo do
registro, o nome do disparo.
O registro de sinais deve possuir informações básicas para suporte e
análise, tais como: Nome unidade de origem; Identificação da unidade de origem;
Descrição do Registro; Condição/Motivo do disparo; Data e Hora do Registro;
Desvios; Frequência da linha.
A estampa da base de tempo do controlador em cada registro deverá ser
igualmente registrada, mesmo que a base de tempo seja sincronizada por relógio
externo. A taxa de aquisição do registro deve ser a mesma do controle, uma vez
que o sinal é obtido dentro do controlador.
Os registros devem possuir as seguintes características básicas:

1. Tempo de pré-falta: configurável (em passos de 100 ms) e menor que o


tempo total do registro.
2. Taxa de amostragem: conforme taxa da tarefa em que o sinal estiver
sendo processado (em geral ao redor de 10 ms).
3. Duração do registro: até que o parâmetro, usado como trigger, volte ao
normal.
4. Tempo de pós falta: configurável em passos de 100 ms. O ajuste típico é
de 120 segundos
5. Estampa de Tempo: o relógio interno do controlador (CPU) pode ser
sincronizado a um sinal de externo de tempo, tal como GPS.
6. Disparo de Trigger: o disparo, em geral, deve ser programado para os
seguintes sinais: Partida; Parada; Fechamento do Disjuntor; Abertura do
Disjuntor; Falha do Regulador; Degrau Aplicado no Regulador; Disparo
Manual. Contudo o disparo pode ser programado e utilizar qualquer sinal
ou combinações de sinais.
7. Armazenamento: os registros devem ser armazenados em memória não
volátil, e a capacidade de armazenamento deve ser maior ou igual a 32
Mbytes

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8. Apagamento dos registros: os registros memorizados poderão ser
apagados, quando for esgotada a capacidade de memória e caso haja a
necessidade de memorizar novos dados. Nesse caso, os novos dados
são gravados sobre os registros mais antigos.
9. Capacidade: o regulador deverá permitir até 50 registros armazenados,
sendo que, essa fila de registros, poderá ser circular ou limitada,
configurada por escolha do usuário.
 Registrador de eventos – deverá ser capaz de gerar registros de
eventos, tais como ações de comando, ações operativas e toda e
qualquer sinalização discreta do equipamento, bem como suas
entradas e saídas discretas associadas ao controle e proteção da
unidade. Deve estar associada à base de tempo amostrada em ano,
mês, dia, hora, minuto, segundo e milissegundo.

O regulador deverá ser capaz de registrar sinais e eventos


simultaneamente a fim de fornecer dados para análise e manutenção do
equipamento.

FINALIZANDO

Nesta aula abordamos cinco temas principais, tratando das malhas de


controle situadas nos sistemas de geração das usinas presentes nos SEPs.
Foram abordadas malhas de controle de velocidade e malhas de controle de
tensão.
É importante recordar os objetivos da aula para que o aluno verifique se
realmente conseguiu absorver todo o conteúdo apresentado. O objetivo aqui era
que o aluno compreendesse como são feitos os controles de potência, tensão e
frequência de geradores.
No primeiro tema, abordou-se aspectos relacionados à regulação de
frequência, utilizando o regulador isócrono. Percebeu-se que esse tipo de
regulador trabalha apenas com velocidade constante, possui uma malha de
controle com realimentação simples e não pode ser utilizado em sistemas em
que duas ou mais unidades alimentam as mesmas cargas, pois isso pode gerar
a instabilidade do sistema. Apresentou-se a resposta desse tipo de regulador no
tempo, considerando variações de carga e observando as variações na
velocidade e na potência de saída.

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O segundo tipo de regulador abordado foi o regulador com queda de
velocidade. Nesse regulador, foi possível perceber que a velocidade é variável e
que a malha de controle possui duas realimentações. Um fator importante que
surgiu nesse segundo tipo de regulador foi o estatismo, que é o ganho que define
quanta potência cada uma das máquinas vai assumir para que a regulação de
frequência seja realizada com eficiência. Foi possível analisar o comportamento
das máquinas quando é utilizado um baixo estatismo e quando um valor alto é
configurado para este parâmetro. A resposta no tempo deste tipo de regulador
também foi apresentada, sendo possível verificar como comportam-se a
velocidade e a potência de saída das máquinas frente às variações de carga do
sistema.
O terceiro tema tratou a respeito da regulação de frequência, utilizando
regulador com estatismo transitório. Esse tipo de regulador favorece a regulação
de frequência em unidades geradoras hidráulicas, pois permite um atraso na
abertura da comporta para não causar um efeito reverso no momento da
regulação. Assim, alguns termos foram adicionados à malha de controle do
regulador com queda de velocidade, tornando o regulador um pouco mais
complexo. A resposta no tempo também foi apresentada para esse caso e foi
possível perceber que existe um erro de frequência em regime permanente para
esse tipo de regulador.
No quarto tema, iniciou-se a abordagem sobre os reguladores
automáticos de tensão (AVRs). Primeiramente foi apresentada uma introdução
a respeito desses dispositivos, em que foi possível perceber a extrema
importância desse elemento em um sistema de geração de energia elétrica. O
AVR auxilia na regulação de tensão nos terminais do gerador, contribuindo
desde a geração para a qualidade da energia transmitida e entregue ao
consumidor final. O primeiro tipo de regulador abordado foi o analógico. Foi
apresentado um diagrama de blocos mostrando onde se situa o regulador
automático de tensão dentro do sistema.
O último tema abordou aspectos relacionados ao regulador de tensão
microprocessado. Foi possível perceber que o cenário da geração está sendo
alterado com a evolução da tecnologia. Passou-se de ajustes manuais de
operadores para ajustes automáticos por meio de microprocessadores. Apontou-
se diversas vantagens da utilização desse tipo de controle e também diversos
aspectos relacionados a guias e normas que indicam os itens que são

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necessários na composição de um sistema de regulação de tensão
microprocessado, pensando nos ensaios, testes, operação, comissionamento,
identificação e diagnóstico de problemas e manutenção.

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REFERÊNCIAS

ANDERSON, P. M.; FOUAD, A. A. Power System Control and Stability. 2nd


ed. Wiley: IEEE Press, 2003.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de


distribuição de energia elétrica no sistema elétrico nacional – PRODIST.
Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica, 2018.

CIGRÉ-Brasil. Força Tarefa C2.11. Guia para especificação de sistemas de


excitação de máquinas síncronas, 2011.

EREMIA, M.; SHAHIDEHPOUR, M. Handbook of Electrical Power System


Dynamics: Modeling, Stability and Control. Wiley: IEEE Press, 2013.

KUNDUR, P. Power System Stability and Control. USA: McGraw-Hill, 1994.

MACHOWSKI, J.; BIALEK, J. W.; BUMBY, J. R. Power System Dynamics:


Stability and Control. 2nd ed. United Kingdom: Wiley, 2008.

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