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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS


– CEPSE –

Análise de Oscilografias

Novembro/2013
SUMÁRIO

1. CONCEITOS QUANTO AO COMPORTAMENTO DO SISTEMA ELÉTRICO... 3


1.1 CONTROLE E REGULAÇÃO .................................................................................... 3
1.2 ESTABILIDADE DO SISTEMA DE POTÊNCIA ..................................................... 6
2. ANORMALIDADES QUE AFETAM A OPERAÇÃO ................................................ 7
2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
2.2 SOBRETENSÃO ....................................................................................................... 11
2.2.1 Sobretensão Dinâmica ......................................................................................... 11
2.2.2 Sobretensão transitória ........................................................................................ 12
2.3 CURTO-CIRCUITO .................................................................................................. 24
2.4 FASE(S) ABERTA(S)................................................................................................ 31
2.5 SOBRECARGA ......................................................................................................... 32
2.6 OSCILAÇÃO DE POTÊNCIA .................................................................................. 33
2.7 SOBREFREQUÊNCIA, SUBFREQUÊNCIA E REJEIÇÃO DE CARGA NO
SISTEMA ELÉTRICO ..................................................................................................... 34
2.8 SUBTENSÃO E COLAPSO DE TENSÃO ............................................................... 34
2.9 MAGNETIZAÇÃO DE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA ......................... 35
SOBREEXCITAÇÃO ...................................................................................................... 39
2.10 SATURAÇÃO DE TRANSFORMADORES DE CORRENTE DE PROTEÇÃO . 41
2.11 HAMÔNICOS – CONCEITOS E SÉRIE DE FOURIER ....................................... 45
3. CONDIÇÃO NORMAL DE OPERAÇÃO .................................................................. 50
4. SISTEMA ATERRADO E SISTEMA ISOLADO ...................................................... 52
5. CURTOS-CIRCUITOS ................................................................................................. 57
5.1 TRIFÁSICO ............................................................................................................... 57
5.2 FASE-TERRA ............................................................................................................ 61
5.3 BIFÁSICO .................................................................................................................. 72
5.4 BIFÁSICO-TERRA ................................................................................................... 78
6. FASE ABERTA .............................................................................................................. 84
7. OSCILAÇÃO DE POTÊNCIA ..................................................................................... 88
8. MAGNETIZAÇÃO TRANSITÓRIA DE TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA . 89
9. SATURAÇÃO DE TC .................................................................................................... 91
10. ABERTURA DE SECUNDÁRIO DE TC .................................................................. 92
11. ENERGIZAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES ............................................... 93
12. SOBREEXCITAÇÃO DE TRANSFORMADOR ..................................................... 94
13. SATURAÇÃO DE TC AO ENERGIZAR TRANSFORMADOR ........................... 96
14. FALHA DO CONTATO AUXILIAR DO DISJUNTOR.......................................... 97
15. CURTO-CIRCUITO NOS TERMINAIS DO GERADOR ...................................... 98
16. ATUAÇÃO INDEVIDA DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL ................................... 98
17. AFUNDAMENTO DA TENSÃO VCC .................................................................... 101

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1. CONCEITOS QUANTO AO COMPORTAMENTO DO SISTEMA ELÉTRICO

O conhecimento de noções básicas que permitem compreender o


comportamento de um sistema elétrico é essencial, como pré-requisito, para o
processo de análise de ocorrências e interpretação de oscilogramas.

1.1 CONTROLE E REGULAÇÃO

Carga e Frequência
Toda carga que realiza trabalho ou produz calor consome potência ativa
(Watts). Num sistema elétrico, a cada instante ocorre o equilíbrio:

Energia Gerada = Perdas na geração + Perdas na Transmissão e Distribuição


+ Perdas na Carga + Energia aproveitada

Isto é, a cada instante, a energia consumida está sendo gerada em algum


lugar do sistema. No sistema de potência não se armazena energia na forma elétrica e
as máquinas geradoras síncronas, interligadas entre si através do

sistema, giram todas à mesma velocidade elétrica, constituindo a frequência do sistema


de corrente alternada (60 Hz no Brasil).

Toda alteração instantânea da carga, então, se reflete no momento inicial na


frequência do sistema. Aumentando a carga, diminui a frequência (a carga buscou a
energia, no instante inicial, na massa girante do sistema de geração). Com a atuação
dos reguladores de velocidade, há mais injeção de energia nas usinas (combustível ou
água) e a frequência se equilibra. O inverso também é verdadeiro, isto é, diminuindo a
carga, há um aumento da frequência do sistema até que os reguladores de velocidade
atuem para diminuir a energia injetada nas usinas. Dessa forma é o controle de carga e
frequência.

Em média, a frequência do sistema é 60 Hz, mas observa-se que há uma


constante variação em torno desta referência. Sendo o sistema de potência interligado
e grande, as variações normais da carga são absorvidas de modo até imperceptível
para o ser humano. Entretanto, se o sistema é pequeno ou isolado (por exemplo, uma

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indústria operando isoladamente apenas com geração própria), uma variação da carga
pode ser significativa para o equilíbrio carga e frequência – podendo ocorrer problemas
de subfrequência ou sobrefrequência na geração para súbitas variações de carga.

Portanto, deve-se sempre lembrar que a variação da energia ativa, gerada ou


consumida (expressa em potência ativa – kW ou MW), está estritamente relacionada à
frequência do sistema.

Características e funções de componentes do sistema para regulação da


frequência

• Gerador Síncrono - através do seu regulador de velocidade e sistema


distribuidor (água ou combustível).
• CAG - Controle Automático de Geração - sistema centralizado de controle de
frequência de uma área do sistema elétrico, envolvendo várias usinas geradoras
e, geralmente, localizado num centro de operação. Pulsos para aumentar ou
diminuir a energia ativa gerada são encaminhados às máquinas previamente
selecionadas, para controle da frequência. Nem todas as máquinas e as usinas
estão no CAG.

Tensão do Sistema e Energia Reativa


Em corrente alternada, o fenômeno da indução eletromagnética é
aproveitado em motores, geradores e transformadores. Isto é, tais máquinas elétricas
NECESSITAM de campo magnético - representado matematicamente por uma
indutância - para funcionar. A energia associada a um campo magnético chama-se
energia reativa. Assim, cada motor ou transformador, os equipamentos mais
representativos do universo de cargas, consome potência reativa (VAr).

Essa energia reativa pode ser e é, em parte, fornecida pelos geradores


síncronos do sistema de geração. Por outro lado, deve ser observado que para toda
diferença de potencial existente, há um campo elétrico - representado
matematicamente por uma capacitância. Há diferenças de tensão, por exemplo, em
linhas de transmissão, entre fases ou entre cada fase e a terra. A característica de um
campo elétrico é fornecer potência reativa (VAr), no mesmo instante que um campo
magnético consome potência reativa. Isto é, tanto o campo magnético (indutância)

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como o campo elétrico (capacitância) se relacionam a um mesmo tipo de energia: a
reativa.

Assim, outra parte da potência reativa que os motores e transformadores


necessitam vêm da capacitância das linhas de transmissão. No caso de ser insuficiente
a potência reativa, possível de ser fornecida pelos geradores e pelas capacitâncias das
linhas, são utilizados bancos de capacitores, seja em subestações ou nas redes de
distribuição, para suprir a potência reativa necessária à carga. No sistema de
transmissão também são utilizados os compensadores estáticos e os compensadores
síncronos que têm a flexibilidade de absorver ou suprir potência reativa, conforme a
necessidade.

Fluxo de Potência

Linhas Rede
Distribuiç ão

Gerador Capacitâncias Reator Bco. de Carga


Sí ncrono da LT Shunt Capacitores

Ativa (MW) Reativa (MVAr)

A cada instante, deve haver um equilíbrio entre as potências reativas


consumidas (motores, transformadores) e as supridas (geradores, linhas de
transmissão, bancos de capacitores, compensadores estáticos, síncronos). Caso haja
excesso de energia reativa em uma área do sistema, há SOBRETENSÃO nesse
sistema. Na falta de reativo, há SUBTENSÃO. O equilíbrio é mantido pelos reguladores
de tensão que atuam sobre geradores, compensadores estáticos e síncronos, ou
mesmo sobre bancos de capacitores, para a devida compensação.

Sendo assim, deve-se sempre lembrar que a variação da energia reativa suprida ou
consumida (expressa em potência reativa – kVAr ou MVAr) está estritamente
relacionada à tensão do sistema.

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Características e funções de componentes do sistema para regulação de
tensão

• Reator Shunt - é uma indutância ligada entre a fase e a terra. Tem, portanto, a
finalidade de absorver potência reativa (regular a tensão no sentido de diminuí-
la).

• Banco de Capacitores - é uma capacitância ligada entre a fase e a terra. Tem,


portanto, a finalidade de fornecer potência reativa (regular a tensão no sentido
de aumentá-la).

• Compensador Estático - pode operar tanto como reator ou como capacitor.


Juntamente com o regulador de tensão opera automaticamente.

• Compensador Síncrono - máquina rotativa, síncrona, sem torque no eixo,


apenas com circuito de excitação e regulador de tensão. Opera suprindo ou
consumindo reativo, conforme a necessidade.

• Compensador Estático - pode operar tanto como reator ou como capacitor.


Juntamente com o regulador de tensão opera automaticamente.

• Gerador Síncrono - além da função de gerar energia ATIVA, através do seu


sistema de excitação e o regulador de tensão, pode operar tanto suprindo como
consumindo reativo.

• Comutador de Taps do Transformador de Potência - através da comutação


de taps (automática, através de regulador de tensão ou manual), altera a relação
de transformação do transformador para ajudar no controle da tensão do
sistema.

1.2 ESTABILIDADE DO SISTEMA DE POTÊNCIA

Sincronismo
Como já mencionado, todos os geradores síncronos do sistema interligado
estão rodando à mesma frequência, atados eletricamente entre si. Diz se que uma
máquina está “sincronizada” ao sistema.

Estabilidade
Todo o sistema, geração e carga, conectados através dos sistemas de
transmissão e distribuição, devem operar em equilíbrio, seja de frequência ou de

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tensão. Esse equilíbrio deve ser manifestado em níveis de tensão e frequência dentro
de faixas previamente estabelecidas, desde a ponta da geração até o último
consumidor na extremidade oposta. Nessas condições, diz-se que o sistema está
“estável”.

Por falha de regulação de tensão (compensação de reativos) ou de


desequilíbrio introduzido no sistema por uma perturbação qualquer, o citado equilíbrio
pode ser rompido. Não haverá problemas se o sistema recuperar-se de modo
automático, através das regulações diversas e isolamento automático do trecho sob
falha ou anormalidade (atuação de proteção).

Pode haver situações, entretanto, que o distúrbio introduzido é de


severidade tal que o equilíbrio pode não ser recuperado. Pode-se dizer, então, que
houve “perda de estabilidade”. Nessas condições, podem ocorrer desligamentos em
cascata e apagões envolvendo grandes regiões do país. É possível que ocorra
situações intermediárias com perda de estabilidade, com desligamentos parciais de
alguns blocos do sistema.

Oscilação de Potência
No desenrolar do processo, alguns blocos de máquinas geradoras passam a
girar com uma velocidade diferente do restante do sistema. Diz-se, nessas condições,
que houve perda de sincronismo. O sistema intermediário, que fica entre dois blocos de
geração com frequências diferentes percebe grandes oscilações de tensão e corrente.
Nesse caso, ocorre uma situação de “oscilação de potência”. Quanto menor a folga
entre a geração disponível e as necessidades da carga, maior a probabilidade de
ocorrer situações com perda de estabilidade.

2. ANORMALIDADES QUE AFETAM A OPERAÇÃO

2.1 INTRODUÇÃO
A presença de perturbação no sistema elétrico pode afetar qualquer
componente deste sistema. Os relés de proteção que desempenham papel vital na
segurança do sistema, também não são imunes a essas perturbações.

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Modernas tecnologias têm criado uma nova geração de relés digitais, que
são relativamente imunes a essas perturbações eletromagnéticas, presentes no
sistema. Essas modernas tecnologias permitem, também, a utilização de algoritmos de
proteção baseados em princípios completamente diferentes daqueles utilizados no
passado.

Esses algoritmos são potencialmente mais rápidos e confiáveis, mas sua


imunidade a distúrbios eletromagnéticos não é totalmente conhecida. Durante a fase de
projeto de um relé, é difícil estabelecer com precisão todas as possíveis perturbações a
que será submetido quando instalado num sistema elétrico. Assim, é necessário coletar
os dados dos distúrbios das medidas efetuadas na prática e efetuar a análise do
desempenho do relé perante esses distúrbios. Essa informação é levada de volta ao
fabricante da proteção num processo de realimentação contínua para implementar
aspectos de confiabilidade dos relés de proteção.

Do ponto de vista de operação do sistema, a análise de perturbações


permite também a contínua realimentação com os dados e informações adquiridos, no
sentido de se ter uma melhoria contínua da confiabilidade do sistema elétrico, em todos
os seus componentes, inclusive os relés de proteção.

TERMINOLOGIA

Transitório - é pertinente, designa um fenômeno ou uma quantidade que varia entre


dois estados consecutivos em regime (“steady state”) durante um tempo pequeno,
comparado com a escala de tempo de interesse (IEC 161-02-01). Um transitório pode
ser um impulso unidirecional ou onda oscilante amortecida cujo primeiro pico pode
ocorrer em qualquer uma das polaridades. Exemplo:

8
Figura 2.01 – Transitório de chaveamento de banco de capacitores

“Dig” ( “Sag” ) - uma súbita redução da tensão em um ponto do sistema elétrico,


seguida da recuperação da tensão após um curto período de tempo, entre alguns ciclos
até alguns segundos (IEC 161-08-10). Exemplo:

Figura 2.02 – Dip de tensão devido a curto-circuito no sistema

“Swell” - um aumento no valor eficaz da tensão ou da corrente, na frequência nominal,


com duração entre 0,5 ciclo e 1 minuto. Valores típicos estão entre 1,1 e 1,8 p.u. (IEEE
1159).

Subtensão - uma tensão com um valor caindo abaixo da faixa nominal estabelecida
(IEC 151-03-21).

Sobretensão - uma tensão com um valor excedendo o máximo da faixa nominal


estabelecida (IEC 151-03-19).

Distorção da Forma de Onda - qualquer mudança não intencional, geralmente


indesejável, na forma de um sinal (IEC 702-07-43). As distorções comumente
encontradas são decorrentes de harmônicas, inter-harmônicas e componentes DC.

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Figura 2.03 – Distorção devido à carga não linear (lâmpadas mercúrio, por ex.)

Flutuação de Tensão - uma série de mudanças na tensão ou má variação cíclica da


envoltória da tensão (IEC 161-08-05). Flutuação da tensão pode causar uma
distribuição espectral ou de luminância de uma fonte de luz flutuando no tempo,
causando a sensação visual de instabilidade para o olho humano. Esta sequência é
definida como “flicker” de tensão (IEC 161-08-13). Exemplo:

Figura 2.04 – Flutuação devido à carga intermitente (forno a arco)

Desbalanço de Tensão - num sistema polifásico, é uma condição na qual os valores


eficazes das tensões ou dos ângulos de fase das tensões de fase, ou os ângulos de
fase entre fases consecutivas não são todos iguais (IEC 161-08-09).

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2.2 SOBRETENSÃO

2.2.1 Sobretensão Dinâmica


É a ocorrência de aumento da tensão, em frequência industrial (60 Hz),
acima do valor nominal de operação que se manifesta em partes do Sistema de
Potência, inclusive linhas de transmissão.
Sobretensão Dinâmica (60 Hz)

V nominal

Figura 2.05 – Sobretensão dinâmica (à frequência industrial)

De modo geral, um aumento da tensão é ocasionado no Sistema Elétrico de


Potência quando há excesso de potência reativa. Potência reativa que estava sendo
consumida (carga industrial indutiva) e que em dado instante deixa de ser consumida,
devido a uma ocorrência anormal, caracteriza-se como excesso, até que dispositivos
de regulação ou chaveamento atuem. O efeito imediato desse excesso é a sobretensão
em uma parte do Sistema.

Mais especificamente, numa linha de transmissão, há ocorrência de


sobretensão no caso de linha energizada e aberta em uma extremidade. O campo
elétrico da linha energizada apresenta como efeito a geração de potência reativa que
flui no sentido da fonte de tensão, havendo sobretensão às vezes excessiva na
extremidade aberta, conforme mostra a figura a seguir:

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A B

kV B
kV A

km

Figura 2.06 - Efeito Ferranti na Linha de Transmissão

Uma sobretensão sustentada causa deterioração de isolação de


equipamento de potência, dependendo da intensidade e da duração. Proteções de
sobretensão devem, portanto, ser previstas para desconectar equipamentos e/ou linhas
de transmissão.

Dependendo da característica dos equipamentos ligados à linha e do


Sistema de potência na qual esteja inserida haverá necessidade de proteção
adequada.

Transformadores e Reatores Shunt submetidos à sobretensão podem ter


como consequência:

• Excessiva corrente de magnetização devido à saturação do núcleo. Tal corrente, não


sendo senoidal pura (com harmônicas), provoca interferências indesejáveis no resto do
Sistema.

• A saturação do núcleo, se sustentada em grau elevado, pode causar aquecimentos


localizados e danos consequentes.

• Solicitação anormal da isolação, contribuindo para o envelhecimento precoce da


mesma (perda de características de isolante).

2.2.2 Sobretensão transitória

Surtos de Manobra

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Tanto no caso de sistemas de alta tensão como no caso de circuitos
auxiliares de controle, todos os chaveamentos ocasionam o aparecimento dos
chamados surtos de manobra. Isto é, toda mudança brusca do estado de um circuito
indutivo ou capacitivo provoca transitórios que em maior ou menor grau afetam o
circuito elétrico chaveado e adjacências.

No caso de Alta Tensão, os chaveamentos que merecem mais atenção são


aqueles de circuitos capacitivos ou indutivos, como bancos de capacitores ou mesmo
linhas de transmissão (em vazio). Energização ou desenergização de capacitores de
acoplamento utilizados como divisores de tensão em TP´s de linhas, também merecem
atenção.

Em redes elétricas há dois tipos de situação: o estado permanente (situação


estacionária) e processos transitórios (mudança de estado de uma situação
estacionária I para outra situação estacionária II).

Há campos magnéticos em torno de condutores representados pelas


indutâncias das linhas, em todas as máquinas elétricas - geradores, motores,
transformadores, reatores. Há campos elétricos, representados por capacitâncias, em
todas as situações onde há diferença de potencial. Por exemplo, entre fases e entre
uma fase e a terra numa linha de transmissão, entre as partes de uma máquina
elétrica, etc.

Os campos magnéticos e elétricos contêm energias armazenadas. Quando


se passa de um estado estacionário para outro, há compensação das energias
envolvidas e armazenadas em cada situação.

Transitório Devido a Circuito LC


Por exemplo, a passagem de um estado permanente para um estado de
curto-circuito caracteriza-se como um período transitório de acomodamento de
energias envolvidas nos campos. Depois, com a abertura de disjuntores de proteção,
há novo estado, e novo estado de transição.

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Ic
L

V Vg Vc C

L
Io

V Vg Vc C

Figura 2.07 - Estado de curto-circuito seguido de abertura de disjuntor em Circuito LC (predominante)

Essa acomodação de energias entre campos elétricos (C) e magnéticos (L)


não ocorre apenas à frequência fundamental (60 Hz). Há componentes em alta
frequência relacionados à oscilação entre os campos, numa frequência que depende
das indutâncias e capacitâncias envolvidas.

A frequência angular de oscilação da componente transitória é:


1
ωa = radianos/s
LC

Pode ser demonstrado que a componente transitória de oscilação entre os campos que
se sobrepõe à tensão fundamental é aproximadamente igual a:

ua = −U . cos(ω a .t )
Onde U é a fundamental e ua é a parte transitória (oscilação em alta frequência), como
mostrado na figura a seguir, separadamente:

Tensão no disjuntor (PU)


1

0.5

-0.5

-1

Figura 2.08 - Componente Transitória em Alta Frequência Mostrada Separadamente

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Nos terminais do disjuntor aparece então a soma das tensões U e ua, conforme
mostrado na figura a seguir:
ABERTURA DE DISJUNTOR - SURTO DE TENSAO

1.5
1
Por Unidade

0.5
0
Corrente
-0.5 Interrompida
-1

Figura 2.09 - Oscilação de circuito LC em alta frequência resultando em transitório

Disjuntores são especificados e montados com dispositivos específicos para


minimizar surtos. Às vezes, disjuntores especiais são especificados para chaveamento
de circuitos críticos.

Reacendimento de Arco em Disjuntor (“arc restriking”)


Caso o disjuntor não esteja adequado à interrupção de corrente, como num
circuito mostrado anteriormente, pode haver reacendimento sucessivo de arco entre os
terminais do disjuntor, em função do transitório mostrado.

Podem ocorrer enormes sobretensões transitórias com danos em


equipamentos da subestação.

Reacendim ento de Arco no Disjuntor


Por Unidade

1.5

0.5
0

-0.5
-1

Figura 2.10 – Fenômeno do reacendimento de arco na câmara do disjuntor

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Manobra de Banco de Capacitores
Bancos de capacitores eram comumente utilizados para níveis em Baixa e
Média Tensão. Hoje, entretanto, torna-se cada vez mais comum o chaveamento de
bancos de capacitores em Alta Tensão.

Devido ao fato da tensão numa capacitância não poder variar


instantaneamente, a energização de um banco resulta numa imediata queda de
tensão do sistema, seguida de uma rápida recuperação (“overshot”) e, finalmente, uma
tensão transitória de característica oscilatória sobreposta à fundamental.

A manobra de um banco de capacitores provoca transitórios como o


mostrado no circuito LC anterior.

LS = Indutância da LS LC
Fonte

VS = Tensão da C
vS
Fonte

C = Capacitância do Banco
LC = Indutância do Banco
L = LS + LC

Figura 2.11 - Fechamento de Banco de Capacitores

O transitório de tensão Vc da figura acima é em alta frequência, como nas


figuras anteriores do circuito LC. A corrente máxima de “inrush” será:

C
I PICO = 2 .V PRE onde VPRE = Tensão de Antes do Chaveamento
L
1
A frequência da oscilação é: f =
2π L.C

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Exemplo de Transitório de Energização

Figura 2.12 – Exemplo de Energização

Abertura de Banco de Capacitores


Quando o capacitor é desligado, a energia acumulada será liberada através
da descarga (arco) do disjuntor, o que causa distorção da forma de onda, em forma de
transitório, conforme já explicado.

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LS = Indutância da LS LC
Fonte

VA VC
VS = Tensão da C
vS
Fonte

C = Capacitância do Banco
LC = Indutância do Banco
L = LS + LC

VA + VC

VA = VC
VA

VC

Reacendimento do Arco no
Abertura Disjuntor

Figura 2.13 - Abertura de Banco de Capacitores e Reacendimento de Arco

O transitório de tensão Va + Vc da figura acima é em alta frequência, como


nas figuras anteriores do circuito LC.

Frequências transitórias que aparecem no chaveamento de bancos de


capacitores de empresas de energia elétrica estão na faixa de 200 a 1000 Hz. As
sobretensões não preocupam muito as concessionárias uma vez que os surtos de
tensão se situam, geralmente, abaixo do nível de coordenação da isolação (para-raios).

Devido à faixa de frequências, esses transitórios passam através dos


transformadores abaixadores para as cargas dos consumidores industriais ou
comerciais. Assim, sobretensões secundárias podem causar problemas ou danos em
suas instalações.

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O uso de sincronizadores de fechamento pode ser possível para
determinados tipos de disjuntores. Esses dispositivos procuram fazer com que as fases
fechem sequencialmente no sentido de fechar cada fase na condição mais favorável,
como ilustra a figura a seguir.

Figura 2.14 – Princípio de funcionamento de sincronismo de manobra de disjuntor

Referência: Thomas Grebe, Eletrotek Concepts, Inc. – “Evaluation of Utility Capacitor Switching Transients –
www.pqnet.electroteck.com/pqnet/main/backgrnd/tutorial/utilcap/utilcap.htm

COMPONENTE DC (deslocamento do eixo)


Todo chaveamento de circuito indutivo ou capacitivo em corrente alternada
está associado, também, ao aparecimento do chamado “componente dc”. A figura a
seguir mostra o conceito envolvido em chaveamento de circuitos indutivos ou
capacitivos.

i(t)

V v
j.X = j (ω.L)

Figura 2.15 - Chaveamento de Circuito RL – Corrente Alternada em 60 Hz

Considerando a tensão v = |Vm| . sen (ωt + α) , a equação diferencial para o


circuito acima será:
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di
| Vm | . sen(ω .t + α ) = R.i + L.
dt
A solução para a equação mostra que a corrente i em função do tempo será:

| Vm | − Rt
i= .[sen(ω .t + α − θ ) − e L . sen(α − θ )
|Z |

Onde,
| Z |= R 2 + (ω .L) 2 e θ = arctan(ω .L R )

O primeiro termo da equação acima, da corrente, é senoidal com o tempo. O


segundo termo é uma grandeza não periódica que decai exponencialmente com o
tempo, com a constante de tempo (L/R). Esta grandeza não periódica é chamada de
“componente dc” da corrente. A figura a seguir mostra o valor dessa corrente, de
chaveamento de circuito RL em função do tempo.

i (t)

t (s)

Figura 2.16 - Corrente de Chaveamento de Circuito RL – Componente senoidal com componente DC

Nota-se que além da manobra de disjuntores, a própria ocorrência de curto


circuito no sistema elétrico equivale a chaveamento de circuito RL ou RLC. Assim,
componentes DC sempre aparecerão, com mais intensidade em partes do sistema
próximas à geração, onde o valor R/L é pequeno.

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A equação mostra que dependendo do instante do tempo da onda de tensão
em que ocorre o chaveamento, o valor do componente DC pode ser maior ou menor
(até zero, se θ = α, isto é, quando o senóide da tensão está no seu valor máximo).

Verifica-se, então, que a sobretensão transitória a altas frequências


mostrada no subitem anterior pode ser acentuada com o componente dc na mesma
fase. Outra maneira de se explicar o deslocamento é através da figura a seguir, que
considera o fechamento da chave de um circuito puramente indutivo (sem R):

0.5

-0.5

0 1 2
Ciclos

Instante do Fechamento
de Circuito Indutivo

Tensão

Corrente (- 90 graus)

Corrente em regime (- 90 graus)

Figura 2.17 - Corrente de Chaveamento de Circuito RL – Componente senoidal com componente dc

Para um circuito puramente indutivo a corrente está atrasada de 90 graus.


Caso haja fechamento da chave no instante em que a tensão passa por Zero, a
corrente naquele instante deveria estar a –0,5 p.u. (figura anterior). Mas, como antes
do fechamento a corrente era Zero e ela deve continuar a obedecer a lei do
eletromagnetismo que diz que a corrente é 90 graus atrasada a qualquer instante, a
senóide da corrente se desenvolve com deslocamento do eixo conforme mostrado.

O oscilograma mostrado na Figura 2.06 anterior mostra nitidamente o


deslocamento com componente DC na corrente de curto circuito (em sistema 230 kV).

21
Surto de Descarga Atmosférica
Outra fonte de surtos que podem atingir subestações é a descarga
atmosférica. Uma descarga atmosférica ocorrendo diretamente numa linha de
transmissão ou mesmo nas suas proximidades ocasiona o aparecimento de cargas em
movimento (surtos) que trafegando através dos condutores de energia podem chegar a
subestações. A própria subestação está sujeita a descargas atmosféricas. Ou ainda,
estas cargas descarregadas nos aterramentos das torres de transmissão podem
causar sobretensões transitórias.

Os surtos têm duração da ordem de microsegundos a milisegundos. Esses


transitórios, caso cheguem a atingir um transformador ou reator através de seus
terminais, podem provocar perfurações na isolação, dando início a um processo de
curto-circuito.

20, 100 microsegundos a milisegundos

Figura 2.18 - Cargas em Movimento – Surto de Descarga Atmosférica

Figura 2.19 – Exemplo de Surto de Descarga Atmosférica em LT de 500 kV

A proteção principal numa subestação para surtos que chegam através das
linhas é feita através de pára-raios de potência que são instalados nas entradas das
linhas e dos transformadores de potência. Esses mesmos equipamentos, pára raios,
servem de proteção contra surtos de manobra. Para transformadores são também
utilizados “gaps” (chifres) para descarga à terra.

22
Descarga Atmosférica

pára-raio

Figura 2.20- Cargas em Movimento – Surto de Descarga Atmosférica em LT

Figura 2.21 - Surto de DA em para-raios de 10 kV

Para-raios de blindagem são utilizados nas instalações da subestação e


cabos para-raios são utilizados em linhas de transmissão, para proteção contra
descargas diretas.

Uma vez atenuado pela descarga no equipamento para-raios, a parcela de


surto que chega a atingir o terminal do transformador ou outro equipamento é
insuficiente, na maioria dos casos, para provocar danos, pois os equipamentos de
potência são especificados para suportar até um determinado nível de surto
(coordenação do isolamento).

Transitórios nos circuitos primários (alta tensão) também afetam circuitos


secundários através dos pontos em comum como os aterramentos, TP´s, TC´s,
indução eletrostática e indução eletromagnética.

23
2.3 CURTO-CIRCUITO
Linhas de transmissão e alimentadores aéreos são os componentes do
Sistema Elétrico mais expostos ao ambiente e às intempéries. Chuva, vento, descargas
atmosféricas, fogo, objetos carregados pelo vento, pássaros, aeronaves estão entre os
eventos que podem afetar a operação de um circuito de distribuição ou linha de
transmissão. Neste caso, a natureza elétrica do fenômeno que se manifesta na linha é
denominada curto-circuito.

Em usinas e subestações ocorrem curtos-circuitos envolvendo barramentos,


conexões, equipamentos de manobra e auxiliares, transformadores de instrumentos,
transformadores, reatores, bancos de capacitores e outros equipamentos de
compensação reativa.

Pode-se definir um curto-circuito como a conexão anormal entre partes


energizadas de uma instalação, com ou sem envolvimento de terra, isto é, aquela parte
não energizada com potencial equivalente ao do solo. Na ocorrência de curto-circuito, a
corrente associada pode ser muito grande ou quase insignificante, dependendo da
configuração da instalação ou do seu tipo.

Descarga Atmosférica

Dos eventos mencionados, o que com maior frequência pode causar curto-
circuito na linha de transmissão é a descarga atmosférica. A descarga em si provoca
direta ou indiretamente surtos de carga elétrica no cabo pára-raios ou nas fases
condutoras que, por sua vez, causam diferenças de potencial que desencadeiam
aberturas de arco elétrico entre partes energizadas da linha e a terra, culminando em
curto-circuito à frequência industrial. Numa subestação, é muito rara a ocorrência de
curto-circuito em instalações energizadas de potência, devido à descarga atmosférica.

Mecanismo de Abertura de Arco em Isoladores de Linhas devido à Descarga


Atmosférica
Quando um raio atinge um condutor, uma estrutura de linha de transmissão,
um poste ou cabo terra (descarga direta), ou quando atinge um ponto nas

24
proximidades da linha (raio indireto), aparecem sobretensões na linha. Em ambos os
casos as tensões são do tipo impulsivo, aperiódico, como já mostrado.

Do mesmo modo que se acumulam cargas na superfície terrestre (incluindo


o cabo terra), são acumuladas cargas nas linhas de transmissão, em cabos
condutores. A figura a seguir mostra o campo elétrico sobre uma linha de transmissão
LT criado por uma nuvem carregada. O campo consiste de uma região A entre a
nuvem e a terra, e a região B entre a nuvem e a linha isolada.

Nuvem Carregada

LT

Ter ra - I nclui Cabo Terra

Figura 2.22 – Campo Elétrico entre nuvem e solo / condutor

Quando a nuvem se descarrega para a terra (raio indireto), o campo A


desaparece e o campo B se transforma. A parte principal da energia fica no campo
ente a LT e a terra, pois para a nuvem se dirigem poucas linhas de campo, como
mostra a figura a seguir.

25
Nuvem Carregada

LT

Terra - Inclui Cabo Ter ra

Figura 2.23 – Campo Elétrico após descarga para o solo

A intensidade deste campo entre a linha e a terra e, por conseguinte, a tensão


induzida depende da altura da linha sobre a terra, da intensidade do campo antes do
raio indireto e da rapidez da descarga da nuvem.

A intensidade da tensão induzida pelo raio indireto tem, relativamente, uma


velocidade de crescimento pequena e o valor de pico encontra-se, geralmente, abaixo
dos 100 kV.

Estas sobretensões causadas por raios indiretos desenvolvem-se em todas


as fases da LT. As descargas indiretas são inofensivas na maior parte dos casos, para
linhas de transmissão com isolamento para tensão nominal superior a 33 kV.

Por outro lado, o raio direto na LT tem uma severidade maior, caracterizada
por uma velocidade de crescimento do surto bem maior da ordem de 100 a 1000 kV
por microssegundo. A Linha recebe uma carga muito elevada que cria, em
correspondência, uma tensão muito elevada.

Assim, dependendo da intensidade de corrente de descarga atmosférica


(valor estatístico), a tensão de descarga dos isoladores da linha é alcançada
rapidamente.

Para uma descarga direta em condutor de LT, as cargas se movimentam em


ambas as direções.

26
Figura 2.24 – Descarga atmosférica direta. Frente de onda íngreme

Há diferença de potencial elevada (por algumas dezenas de microsegundos)


através do isolador da linha. Dependendo dessa diferença e dependendo do nível de
isolação, há descarga da energia.

Para uma descarga no cabo terra, haverá também diferença de potencial


entre o condutor e a terra e, ainda, descarga de energia para o condutor,
caracterizando uma situação chamada de descarga em “marcha a ré”.

Figura 2.25 – Descarga atmosférica direta no cabo terra. Frente de onda íngreme

Em virtude da descarga, há ionização do ar no caminho da descarga. O ar,


tornando-se condutor, provoca curto-circuito em 60 Hz.

27
1) Descarga (surto)

2) Ionização do ar

3) curto-circuito fase-terra em 60 Hz.

Figura 2.26 – Curto circuito causado por descarga atmosférica

Quanto menor a isolação, maior a facilidade de abertura de arco, devido à


descarga atmosférica. Por exemplo, numa linha de transmissão de 138 kV, há uma
média anual de 5 a 6 ocorrências de curto-circuito por cada 100 km de exposição. Já
em uma linha de 500 kV, espera-se 01 ocorrência de curto, devido a descarga a cada
dois anos, para 100 km de exposição.

Fogo sob a linha de transmissão


O fogo sob a linha de transmissão, geralmente devido a queimadas, ioniza o
ar entre condutores ou entre condutor e a terra, facilitando a abertura de arco elétrico,
provocando curtos-circuitos.

Objetos estranhos, Árvores


Materiais carregados pelo vento, aeronaves, árvores, etc. podem, também,
de forma acidental, provocar curtos-circuitos de modo direto, sejam em linhas ou em
instalações de subestações. Neste caso, pode haver, ainda, rompimento de cabos.

Equipamentos e cabos são especificados e aplicados para suportarem as


esperadas correntes de curto-circuito por um tempo limitado e definido, após esse
período, haverá danos.

Uma Proteção deve, portanto, ser adequada para detectar de modo rápido e
preciso a natureza elétrica da anormalidade. No caso de curtos-circuitos, deve detectar
aqueles entre fases e entre fase(s) e terra.

28
Falhas em Cabos Subterrâneos
Para Linhas Subterrâneas, é possível também que ocorra curto-circuito,
quando há a perfuração ou deterioração da isolação do cabo condutor. Terceiros, com
escavadeiras ou outras máquinas, podem causar perfuração de cabos. Pelo fato de os
cabos serem isolados, ocorrem, em geral, curtos-circuitos do tipo fase-terra.

A probabilidade de curtos bifásicos ou trifásicos nos cabos é menor. Tais


curtos podem ocorrer com maior probabilidade em conectores destes cabos a outros
dispositivos, como reguladores ou transformadores.

Falha Hidráulica em Linha de Cabos


Caracteriza-se principalmente por problemas relativos à pressão do óleo
isolante ao longo do cabo, em virtude de falhas de montagem, defeitos de fabricação,
falhas de operação, ação do meio e de terceiros sobre acessórios.

São objetos de atenção especial: os pontos de conexão existentes entre o


cabo subterrâneo e barramento de subestações, bem como as capas metálicas e os
pontos de aterramento das mesmas.

Há sistema de Proteção para detecção das anomalias. A manutenção


corretiva se dá através da retirada em operação do cabo, seja imediatamente após o
desligamento do mesmo pela proteção, seja quanto de sinalização de anomalia no
circuito de óleo.

Curto-circuito de alta impedância


Curtos-circuitos de alta impedância (alta resistência no caminho da corrente
de curto-circuito) necessitam de maior atenção. São, geralmente, curtos entre fase e
terra, através de uma árvore, em solo específico. Há o contato com a terra, porém com
baixíssima corrente, sem queda acentuada de tensão. Proteções de linhas devem
obrigatoriamente considerar a probabilidade de ocorrências desses curtos.

Na rede de Distribuição aérea, curtos-circuitos decorrentes da queda de


cabos energizados ao solo geralmente são de alta impedância. E essa situação pode
ser relativamente frequente numa rede com problemas de instalação. A intensidade do

29
curto-circuito depende do tipo de solo ou do contato do cabo com o solo. Pode ter inicio
com corrente elevada, mas em seguida sofrer redução acentuada, por exemplo, devido
à vitrificação da areia. É um problema a ser tratado com atenção, tendo em vista os
aspectos de segurança envolvidos.

Arcos Internos em Transformadores e Reatores


É possível a ocorrência de arcos internos envolvendo a isolação e
conectores. Tais arcos são caracterizados por pequenas correntes com alto grau de
ruídos (conjunto de sinais de alta frequência) queimando a isolação e o óleo isolante,
com possível alteração da característica desse último.

Caso não seja detectado a tempo, o defeito pode evoluir para uma situação
mais grave, com curto-circuito pleno, alcançando maiores danos.

Falhas em Buchas de Equipamentos (Trafos, Reatores, TP’s, TC’s)

Não muito frequentes, porém possíveis, danos nas porcelanas e / ou


vazamentos de óleo isolante reduzem a isolação ou provocam curtos. Quando
ocorrem, são severos, provocando, às vezes, explosões.

Falhas em Comutadores

Comutadores de taps em transformadores possuem partes móveis que


operam sob carga. Evidentemente, este é um fator de desgaste e risco. Sendo assim,
há a possibilidade de ocorrer curtos-circuitos.

Falhas em Conexões
Conexões são pontos fracos em qualquer circuito elétrico. Aspectos
mecânicos estão envolvidos em conjunto, às vezes, com correntes elevadas e com
grande potencial de aquecimento. Eventuais rompimentos e consequentes curtos-
circuitos são possíveis.

30
Tipos de Curto-circuito
A partir das situações expostas, verifica-se a existência de vários tipos de
curto-circuito, envolvendo terra ou não:

• Fase - Terra
• Bifásico - Terra
• Trifásico - Terra (com desequilíbrio)
• Bifásico
• Trifásico
• Evolutivos, de fase-terra para bifásico-terra, de bifásico para bifásico-terra, etc.

Para a Proteção, a existência ou não de terra, na situação de curto-circuito,


é muito importante. Para curtos-circuitos à terra, que são os mais frequentes, existem
Proteções específicas, com cuidados especiais.

Observa-se que a incidência de curtos-circuitos Fase-Terra é sempre maior,


sendo da ordem de 85% de todos os curtos que incidem em linhas de transmissão
envolvem terra.

2.4 FASE(S) ABERTA(S)

Um equipamento de potência, um gerador ou uma linha de transmissão


pode ficar com apenas uma ou duas fases energizadas, por falha em disjuntor ou
seccionadora do terminal ou, ainda, do circuito que o alimenta.

O efeito na linha de transmissão em si praticamente inexiste. Porém, o efeito


sobre um equipamento conectado nesta linha, como por exemplo um reator trifásico
(núcleo de três pernas), pode ser muito grave. Também num transformador de potência
ou num gerador, os efeitos de desbalanço de fase podem apresentar gravidade para o
caso de núcleo de três pernas.

O desequilíbrio entre fases, que teoricamente pode ser explicado pelo


componente de sequência negativa, é a consequência que se manifesta.

Num gerador, há aquecimento do ferro do rotor. Num transformador ou


reator, dependendo da configuração do núcleo, haverá fluxo magnético por caminhos
não adequados, provocando aquecimento.

31
2.5 SOBRECARGA
Sobrecargas em Equipamentos (Transformadores) e Linhas / Alimentadores
são sempre aceitáveis, até um determinado limite. Esses equipamentos e instalações
são projetados para suportar sobrecargas.

Entretanto, o que deve ficar bastante claro no que diz respeito a sobrecarga
é a consequência da mesma: o AQUECIMENTO. Portanto, fatores importantes
relacionados à sobrecarga e os limites aceitáveis estarão sempre associados à
DURAÇÃO DA SOBRECARGA e a TEMPERATURA no equipamento ou instalação.

Nesse sentido, uma condição anormal é caracterizada por temperatura


excessiva em algumas partes do equipamento ou instalação.

Em um transformador, a temperatura excessiva se manifesta nos


enrolamentos e, consequentemente, no óleo isolante e na carcaça. Evidentemente,
essas consequências são afetadas pelas condições ambientais. No transformador, é
pela temperatura do óleo e do enrolamento (cobre) que se detecta a condição de
anormalidade (NÃO SIMPLESMENTE PELA CORRENTE EXCESSIVA).

A sobrecarga em cabos também apresenta como consequência a elevação


da temperatura. Assim, pontos fracos como conectores (conexão mal feita e outras
situações) podem apresentar problemas decorrentes da alta temperatura. Nas linhas
de transmissão ou alimentadores, o aquecimento dos cabos pode causar aumento do
arco nos vãos, devido à dilatação longitudinal dos cabos, causando problemas de
segurança nos vãos que atravessam vias de trânsito.

Aquecimento de um corpo homogêneo


Quando um corpo homogêneo, com uma resistência de transferência de
calor uniforme, é aquecido numa taxa constante - por exemplo, pela passagem de uma
corrente elétrica - sua temperatura se eleva gradualmente, isto é, exponencialmente
com o decorrer do tempo.

32
0
C
T∞

} 63 % de (T∞ -T0)
T0

τ
t=0 t=τ Tempo

Figura 2.27 – Característica de Aquecimento de um Corpo Homogêneo

T0 = Temperatura Inicial do Corpo Homogêneo.


T∞ = Temperatura final do Corpo, passado muito tempo, à taxa constante de
aquecimento.
t = instante para o qual se quer determinar a temperatura T do Corpo.
τ = Constante de Tempo de aquecimento do Corpo.

A constante de tempo é definida como sendo o tempo que leva o Corpo a


atingir 63% da variação total prevista de temperatura, desde o instante inicial.

2.6 OSCILAÇÃO DE POTÊNCIA

Oscilações de Potência ocorrem em condições extremas, por conta de


graves perturbações no Sistema, geralmente associadas à perda de estabilidade.

Quando é por meio da perda de estabilidade, são caracterizadas por um


bloco de máquinas geradoras girando com velocidade diferente de outro bloco de
máquinas, sendo de um mesmo sistema interligado.

Assim, há uma velocidade relativa entre pontos do sistema, em termos de


frequência (escorregamento). Como consequência, têm-se a tensão de um ponto do
sistema variando (ângulo) com relação à tensão de outro ponto.

Esquemas e detectores existem, geralmente, associados a proteções de


linhas de transmissão, para que linhas sejam desligadas e blocos separados.

33
2.7 SOBREFREQUÊNCIA, SUBFREQUÊNCIA E REJEIÇÃO DE CARGA NO
SISTEMA ELÉTRICO

Em condições normais de operação, todas as máquinas geradoras


interligadas de um sistema de potência (paralelo) giram na mesma velocidade, isto é, à
frequência do sistema (60 Hz).

Todo o conjunto pode ter sua frequência elevada quando há excesso de


geração

(MW), ou reduzida quando há falta de geração (MW). Esta variação existe a


todo instante, dentro de uma faixa razoável de regulação de carga e frequência
determinada pelos CAG (Controle Automático de Geração).

Em condições de distúrbios (perturbações) no Sistema de Potência, pode


ocorrer perda brusca de grandes blocos de geração: neste caso haverá redução brusca
e acentuada da frequência, caracterizando-se numa situação de SUBFREQUÊNCIA.

Ou pode ocorrer perda brusca de grandes blocos de carga, com aumento


brusco de frequência, caracterizando-se numa situação de SOBREFREQUÊNCIA.

Geralmente, esses casos ocorrem em blocos isolados do Sistema,


separados quando da perturbação. Quando há sub-frequência acentuada, há atuação
dos Esquemas de Rejeição de Carga que atuam procurando equilibrar a carga com a
geração (60 hz). Quando há sobrefrequência acentuada, atuam os reguladores de
velocidade das máquinas geradoras, procurando reduzir a geração excessiva.
Frequências baixas ou elevadas, de modo acentuado, caso persistam por muito tempo,
provocam danos ou mesmo problemas de controle nas cargas.

2.8 SUBTENSÃO E COLAPSO DE TENSÃO


O balanço de energia reativa - associados a campos elétricos e magnéticos
– no Sistema de Potência determina os níveis de tensão nos vários pontos desse
Sistema. A falta de reativos (MVAr) provoca subtensão. O excesso de reativos (MVAr)
provoca sobretensão.
34
A cada instante, o balanço de reativos é controlado, com a utilização dos
seguintes recursos:

• Gerador. Através de atuação no sistema de excitação, o gerador pode fornecer


ou receber reativos.

• Reator Shunt. Absorve reativo.

• Banco de Capacitores. Fornece reativo.

• Compensador Síncrono (Máquina Síncrona sem carga / turbina, com circuito de


excitação). Fornece ou absorve, dependendo da excitação.

• Compensador Estático. Fornece ou absorve, através de regulação automática.

É possível, em determinadas configurações do Sistema de Potência e


determinadas condições de despacho da geração e controle de reativos, que ocorra
uma instabilidade no balanço de reativos, em uma dada região. Nesse caso, há
possibilidade de súbita e contínua queda de tensão dessa região, caracterizando uma
situação de colapso de tensão. Portanto, em termos sistêmicos, o que existe é a
regulação de tensão.

Para equipamentos ou instalações específicas, sujeito a danos em casos de


subtensão, caso a caso, são utilizadas proteções para desligamento quando há
anormalidade.

2.9 MAGNETIZAÇÃO DE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Corrente de Magnetização em Condições Normais


A figura a seguir mostra a forma de onda típica da corrente de magnetização
de um transformador, em condições normais de operação. Seu valor está na faixa de 1
a 2% do valor da corrente nominal.

35
Figura 2.28 – Corrente de Excitação de Transformador em Regime

Sua forma justifica-se pela curva de histerese do núcleo do transformador.


Considerando tensão senoidal aplicada, por conseguinte, densidade de fluxo senoidal,
a corrente será deformada em função da característica do núcleo:

e = -n(d φ/dt)
B= φ / S weber/
m2
F mag = H.l Ampères-espiras

Imag
imag = Fmag / N Ampères

Figura 2.29 – Característica da Corrente de Excitação em função da característica do núcleo

A decomposição de uma forma de onda típica de corrente de magnetização


numa série de Fourier mostra a presença das seguintes harmônicas:

36
Harmônica Chapas de Ferro Laminado a Chapas de Ferro Laminado a
Quente (%) Frio (%)

Fundamental 100 100


ª
3 15 a 55% 40 a 50%
ª
5 3 a 25% 10 a 25%
ª
7 2 a 10% 5 a 10%
ª
9 0,5 a 2% 3 a 6%
ª
11 Menor que 1% 1 a 3%

Essas correntes surgirão desde que haja caminho físico para as mesmas.
Por exemplo, se não houver conexão triângulo nem estrela aterrada, não haverá
caminho para a 3ª harmônica e seus múltiplos. Não havendo caminho, não aparecerão.
Consequentemente, haverá deformação da densidade de fluxo / tensão.

Corrente de Magnetização Transitória (INRUSH)


É um fenômeno transitório para acomodação do campo magnético no núcleo
do transformador, da condição estável “antes”, para a condição estável “depois”.

Surgem altas correntes de magnetização quando há energização, com


intensidades diferentes nas três fases.

Duas causas devem ser consideradas para o fenômeno do “inrush”:

• O aparecimento da componente dc devido a chaveamento (como já visto).

• A existência de fluxo remanente no núcleo do transformador.

Se a fase for fechada, teoricamente a corrente está passando por zero, não
há transitório para esta fase, sendo que a forma de onda da corrente de magnetização
segue seu curso normal. Entretanto, se o fechamento da fase é fora deste instante,
ocorrerá deslocamento da corrente no eixo vertical para acomodar a situação. Isto é,
aparece componente dc, como já visto no chaveamento de um circuito RL. E o
deslocamento do eixo da corrente pode levar a saturação do núcleo.

Adicionalmente, o núcleo do transformador possui um Fluxo Residual Br que


é o fluxo que permanece (“imantado”), quando a corrente de magnetização vai a zero,
37
quando há desenergização (ver figura da curva de histerese). Quando houver nova
energização, deverá ocorrer também acomodação da densidade de fluxo B, partindo do
Br residual. A figura a seguir ilustra este aspecto:

Figura 2.30 – Influência da Magnetização Remanente na Corrente de Magnetização Transitória

Então, o aparecimento da componente dc associado à acomodação do fluxo


devido ao fluxo residual faz com que haja intensa corrente de magnetização transitória,
cuja forma de onda típica é ilustrada abaixo:

Figura 2.31 – Forma de onda da Corrente de Magnetização Transitória

38
Abaixo um exemplo das harmônicas presentes numa corrente de
magnetização transitória de um transformador de potência:

Figura 2.32 – Exemplo harmônicas da Corrente de Magnetização Transitória

SOBREEXCITAÇÃO

Sobreexcitação é a ocorrência de níveis excessivos de densidade de fluxo


magnético (weber / m2). Quando da ocorrência de níveis elevados de densidade de
fluxo, os caminhos magnéticos (ferro) saturam e o fluxo começa a percorrer outros
caminhos não projetados para tanto.

Os campos resultantes são diretamente proporcionais à tensão e


inversamente proporcionais à frequência. Assim, densidades altas de fluxo (e
sobreexcitação) resultam de sobretensão ou sub-frequência ou a combinação de
ambos.

39
As normas ANSI / IEEE C50.13 e C57.12 para geradores e transformadores
estabelecem os seguintes limites para a relação V/Hz em condição de operação
contínua:

Geradores: 1,05 p.u. (na base do gerador).


Transformadores: 1,05 p.u. (na base do lado secundário do transformador) à carga
nominal, com FP = 0,8 ou maior.
1,10 p.u. (na base do transformador) em vazio.

Esses limites se aplicam, a menos que explicitamente especificados pelo


fabricante para outros valores. Quando o limite V/Hz é excedido, ocorre a saturação do
circuito magnético do gerador e do transformador do grupo.

Danos devido a excessivo V/Hz ocorrem, geralmente, quando o grupo


gerador / transformador está “off line”, antes da sincronização. A probabilidade está
associada à possibilidade de falha de controle (AVR) e secundário de TP aberto.

Relato de Caso
Relata-se caso de retorno de unidade geradora, com fusíveis secundários de
TP esquecidos abertos, colocando-se AVR em automático. Houve aumento excessivo
de excitação - AVR percebendo tensão zero devido a TP aberto. Com o disjuntor do
grupo aberto, a tensão alcançou 120% e a corrente teve valor superior a 30% do valor
a plena carga (saturação), antes do trip.

DISJUNTOR
ABERTO

TP
aberto TRSA
Partida
AVR

Figura 2.33 – Caso de Sobreexcitação devido a secundário de TP aberto

40
Figura 2.34– Oscilograma correspondente

2.10 SATURAÇÃO DE TRANSFORMADORES DE CORRENTE DE PROTEÇÃO

O núcleo do transformador de corrente também pode saturar devido a duas


condições:

• Presença de componente dc na corrente.


• Fluxo remanente no núcleo.

Em vista da presença de componente dc na corrente primária, há fluxo dc no


núcleo do TC em condição transitória, com possibilidade de saturação do mesmo. A
saturação causará uma não linearidade, fazendo com que a corrente secundária do TC
não corresponda à corrente primária, enquanto saturado.

O núcleo de um TC poderá ter fluxo remanente após a ocorrência de


correntes elevadas, por exemplo. Do mesmo modo que ocorre num transformador de
potência, isso pode levar à saturação do núcleo.

A representação de um TC na sua forma mais simples é mostrada na figura


a seguir, referido ao lado secundário:

41
2.35 – Modelo matemático de um TC

Onde:
Ip = Corrente primária.
Xm = Reatância de magnetização.
Imag = Corrente de magnetização (em condições normais desprezível).
Rs = Resistência da cablagem secundária
Rc = Resistência da carga ligada no TC (burden).
n = relação de espiras.

Neste modelo estão desprezadas as reatâncias de dispersão do TC e as


reatâncias do lado secundário.

Já foi visto que pode haver deslocamento do eixo na corrente primária, que
na sua condição máxima pode ser expresso por:

-t / τ
Ip = Ip (sen ωt + e )

O fluxo no núcleo (circuito magnético) pode ser expresso aproximadamente


por:

φ = 10 /N1 . ∫ v.dt
8 2 2
e v = ip (Rs / n + Rc / n )

Analisando o efeito do transitório DC, considerando inicialmente que não


haja saturação, pode-se deduzir que:

42
8 2
φAC = 10 . (N1/N2 ).(RS +RC). (1/ω).cos ωt

-t / τ
φDC = -10 . (N1/N2 ).(RS+RC).τ.( e
8 2
)

Com os seguintes valores máximos:


8 2
φAC_Máx = 10 . (N1/N2 ).(RS+RC). (1/ω)

φDC_Máx = -10 . (N1/N2 ).(RS+RC).τ


8 2
Para um sistema de 60 Hz, temos:

Constante de tempo τ φDC_Máx / φAC_Máx


0.3 (próximo à Geração forte) 113 x
0.05 18,8 x
0.04 15 x
0.01 3,8 x

Considerando uma constante de tempo médio (comum) da ordem de 0,05 s,


para um TC transformar corretamente uma corrente primária deslocada, ele deverá ter
uma tensão de saturação da ordem de 20 x àquela necessária para transformar a
componente AC.

Assim, é possível que haja TC completamente saturado em determinadas


condições de configuração e de curto-circuito.

Ainda sem saturação, analisando somente as componentes DC, têm-se a


figura seguinte:

Ip Imag
Is'

Figura 2.36 – Componentes DC da corrente, em um TC

43
Ainda sem considerar a saturação, haveria fluxo DC somado ao fluxo AC,
como na figura a seguir:

Fluxo

t
Figura 2.37 – Desenvolvimento do Fluxo no núcleo do TC considerado sem saturação

E a corrente de magnetização correspondente seria algo como:

Imag

Figura 2.38 – Corrente de magnetização do TC considerado sem saturação

Mas, se o Núcleo pode não desenvolver o fluxo, isto é, pode-se saturar


dependendo das suas características.

A figura a seguir procura ilustrar, teoricamente, um caso de componente DC


em TC, com períodos de saturação e não saturação do núcleo. Adicionalmente, caso
haja fluxo remanente no núcleo (“imantação”) o problema da saturação pode ser
agravado.

44
I prim e I sec

fluxo transitório prospectivo


(o que seria, sem saturação)
fluxo

nível de saturação

fluxo real

fluxo em regime

Figura 2.38 – Saturação de TC – Detalhes

2.11 HAMÔNICOS – CONCEITOS E SÉRIE DE FOURIER

Utilizando a matemática de Fourier, pode-se mostrar que qualquer forma de


onda pode ser representada por uma somatória de uma série de senóides de
amplitudes e frequências diversas.

Trata-se de um recurso matemático extraordinário para análise das


condições do sistema onde transitórios, surtos e outras deformações de onda, são
introduzidos por problemas de saturação, fluxo remanente e componentes dc.

Uma harmônica pode ser definida como sendo uma senóide com frequência
múltipla da frequência fundamental do sistema, no caso 60 Hz.

Série de Fourier
Uma função periódica pode ser expandida numa Série de Fourier, que tem
a seguinte expressão:

45
Onde a0 é o valor médio da função f(t). Ele também é chamado de
componente DC, T é o período (1/f) e n o múltiplo da frequência fundamental f.

Os valores an e bn são os chamados COEFICIENTES da série de Fourier.


Uma série como a da equação acima é chamada de Série de Fourier Trigonométrica.

A Série de Fourier de uma função periódica é a somatória de componentes


senoidais de diferentes frequências. O termo 2π/T pode ser escrito como ω.

O enésimo termo n.ω é chamado de harmônica de ordem n. Para n=1 se


tem a fundamental.

Os valores a0, an e bn são calculados através de:

As equações acima podem ser escritas em função da frequência angular:

46
Os COEFICENTES podem ainda ser escrito em termos de duas integrais
separadas:

Espectro de Harmônicas

A Série de Fourier de uma função de onda quadrada é:

4k  senwt sen3wt sen5wt 


f (t ) =  + + + ..... 
π  1 3 5 

Onde k é a amplitude da função. O módulo da enésima harmônica é 1/n,


quando a fundamental é expressa em 1 p.u. A construção de uma onda quadrada a
partir das suas componentes harmônicas é mostrada na figura a seguir, com o
respectivo espectro de harmônicas. O espectro indica os valores relativos das
magnitudes (módulos) das harmônicas com relação à fundamental.

47
f1 + f3

1,0
f1 + f3 + f5

p.u. da fundamental
0,8

0,6

0,4 0,333 pu

0
0,2 pu
0,2

1 3 5 7 9 etc.

Ordem da Harmônica

Figura 2.39 – Harmônicas que compõem uma Onda Quadrada. Espectro de frequências

É importante observar que, através da matemática de Fourier, é possível


representar as distorções de onda observadas no Sistema Elétrico. Na realidade, não é
o sistema que “gera” harmônicos. Há formas de onda não senoidais em função dos
núcleos, saturações, componentes dc, oscilação natural de circuitos LC, etc. Essas
formas é que são representadas MATEMATICAMENTE pela série de Fourier,
composta de harmônicos. Mas, no sentido prático, habituou-se a dizer que o sistema
gera “harmônicos”.

Harmônicas Triplas e Não Triplas

Em circuitos trifásicos equilibrados, as harmônicas triplas, isto é, as


harmônicas de ordem 3 e seus múltiplos (terceira, sexta, nona, etc.) estão em fase
entre si para as 3 fases (A, B e C). Assim, essas harmônicas se fazem sentir entre uma
fase e neutro, nunca entre fases. A figura a seguir ilustra o mencionado, para a terceira
harmônica:

48
A B C A B C

Terceira Harmônica em Fase, nas Fases A, B e C

Figura 2.40 – Terceira harmônica num circuito trifásico

Por outro lado, as harmônicas que não são múltiplas de 3 (não triplas) são
quantidades trifásicas, algumas com sequência de fases positiva e outras com
sequência de fases negativa. A tabela a seguir mostra o mencionado:

Harmônica Ângulo de Fase (Graus) Sequência de Fase


A B C
Fundamental 0 120 240 Positiva
ª
2 0 240 (-120) 480 (-240) Negativa
ª
3 0 360 (0) 720 (0) Zero
ª
4 0 480 (120) 960 (240) Positiva
ª
5 0 600 (-120) 1200 (-240) Negativa
ª
6 0 720 (0) 1480 (0) Zero
ª
7 0 840 (120) 1680 (240) Positiva
a
8, 0 960 (240) 1920 (-240) Negativa
ª
9 0 1080 (0) 2160 (0) Zero
Etc.

49
3. CONDIÇÃO NORMAL DE OPERAÇÃO

Carga normal – condição de equilíbrio

As senóides a seguir representam um sistema trifásico equilibrado.

Va Vb Vc
Ciclos
1 2 3

500000

250000

-250000

-500000

90 180 270 360 Graus

Tensão e Corrente na Fase A, com carga indutiva (corrente atrasada)

1 Ciclos 2 3

Va

Ia (- 30o)

30o

90 180 270 360 Graus

A carga no caso é indutiva (corrente atrasada). Em geral, em condições


equilibradas e principalmente na Alta Tensão, as formas de onda estão bastante
próximas do mostrado, com baixíssimo desequilibro.

50
O mesmo sistema trifásico equilibrado anterior pode ser representado por
fasores (vetores), uma vez que nem sempre é prático o desenho de senóides.

90

135 45

Vc
Ic

Va
180 0
Ib 30 graus

Ia

225 Vb 315

270

Exemplo 1 de Oscilograma Real


Com o oscilograma a seguir foi possível identificar uma inversão de
polaridade no TC da fase A.

51
Na forma fasorial:

4. SISTEMA ATERRADO E SISTEMA ISOLADO

A seguinte classificação se aplica à parte do sistema elétrico cuja


característica é o modo de aterramento de neutro de transformadores e máquinas
rotatórias desta parte:

• Sistema Solidamente Aterrado


• Sistema Aterrado Através de Resistência
• Sistema Aterrado Através de Reatância

52
• Sistema Isolado

As figuras a seguir mostram, esquematicamente, os conceitos de


aterramento.

Sist. Solidadamente Aterrado

Sist. Aterrado por Resistência

Sist. Aterrado por Reeatância

Sist. Isolado

Sist. Isolado

O ponto de aterramento pode ser provido por um gerador, um transformador


ou um transformador de aterramento. A tabela a seguir mostra a diferença entre esses
sistemas.

Sistema Corrente de Sobretensões Segregação Pára-raios Observações


Curto Circuito Transitórias Automática do
à Terra em % Ponto de
da Corrente de Curto Circuito
Curto Circuito
Trifásico
Solidamente Pode ser Não Excessivo Sim. Permite Tipo Neutro Geralmente
Aterrado 100%, com Seletividade Aterrado usado em
variações para para (tensão tensões
mais ou menos sobrecorrente. nominal primárias de
Fase – Distribuição e
Neutro) Acima.

53
Também para
circuitos
secundários de
600 V e abaixo.
Aterrado por 25 a 100% para Não Sim. Permite Tipo neutro Geralmente
Reatância reatores de Excessivas Seletividade. aterrado se usado em
baixa reatância corrente tensões
superior a primárias de
(Baixa Reatância) 60% Distribuição e
Acima.
Essencialmente Também para
Solidamente circuitos
Aterrado secundários de
600 V e abaixo.
Aterrado por 5 a 25% para Muito Altas Permite Tipo neutro Não usado
Reatância reatores de alta Seletividade não devido às
(Alta Reatância) reatância. com aterrado excessivas
dificuldade. (tensão de sobretensões
linha) transitórias

Aterrado por 5 a 20% Não Permite Tipo neutro Geralmente


Resistência Excessivas Seletividade não usado para
com aterrado sistemas
dificuldade. (tensão de industriais de 2,4
linha) a 15 kV.

Isolado Menor que 1% Muito Altas Não. Tipo neutro Usado apenas
não em ambientes
aterrado restritos, com
(tensão de baixa
linha) possibilidade de
sobretensões
transitórias.

Curto-circuito Fase-Terra em Sistema Isolado


Na ocorrência de curto-circuito de uma fase à terra, num sistema isolado, há
deslocamento do ponto de terra do neutro para a terra, conforme mostra a figura a
seguir para um curto circuito da fase A para a terra:

Vb

Vcb

Vba
Vc

Vac
Va

54
As tensões fase-neutro passarão a valer:

Va = 0 (esta fase à terra)


Vb = Vba (tensão de linha, √3 vezes maior que a tensão de fase)
Vc = -Vac (tensão de linha, √3 vezes maior que a tensão de fase)
As tensões de linha, Vba, Vcb, Vac continuarão as mesmas, sendo que as
cargas trifásicas alimentadas por este sistema não percebem o aterramento. Isto é, o
sistema continua a operar normalmente.

Duas das tensões de fase terão um aumento de 73,2%. Por conta disso os
pára-raios para sistemas isolados são especificados para tensão de linha e não para
tensão de fase.

O risco existe na possibilidade de um segundo aterramento, seja por curto


circuito ou por acidente (humano) em outra fase. Nessas condições, se caracterizaria
um curto circuito Bifásico com alta corrente. Dessa forma, torna-se essencial um
circuito que detecte quando uma fase vai à terra e emita o alarme correspondente. O
problema é que não se sabe em que ponto do sistema o curto circuito se encontra.

A corrente de curto circuito existirá em quantidade pequena, devido às


capacitâncias do sistema, conforme ilustra a figura a seguir.

Quanto maior a corrente, maior a capacitância do circuito, por exemplo,


constituído de cabos isolados.

A corrente é pequena, não detectado por relés de proteção, mas, perigosos


para humanos e animais. Portanto, um sistema isolado só é recomendado para
ambientes controlados - serviço auxiliar de subestação ou sistema industrial - onde a

55
interrupção por um curto fase-terra simples é indesejado para se manter a continuidade
do suprimento.

Em termos de grandezas senoidais, haverá alteração das tensões medidas


pelo registrador oscilográfico, caso essas tensões forem Fase-Neutro.

Tensões Fase - Neutro de um Sistema Isolado


com Curto-Circuito da fase A à Terra

Va Vb Vc

O ângulo entre as fases b e c passará de 120 graus para 60 graus.


Exemplo 1 de Oscilograma Real
Falta na fase C.

56
5. CURTOS-CIRCUITOS

5.1 TRIFÁSICO
Curto-circuito nos terminais de um gerador síncrono

Icc

Z1g

Curto-circuito Trifásico

A impedância representada é a de sequência positiva, uma vez que o curto-


circuito trifásico ocorre em condições equilibradas.

A corrente é quase totalmente indutiva (-90 graus), visto que a impedância


do gerador é quase toda indutiva (baixa resistência). Esta reatância do gerador tem,
inicialmente, um valor pequeno - reatância subtransitória X”g. Após certo tempo, seu
valor aumenta - reatância transitória X’g. E continua aumentando com o decorrer do
tempo, até um valor maior. O oscilograma a seguir mostra a corrente de curto-circuito
em uma das fases do gerador síncrono, considerando os períodos subtransitório,
transitório e regime.

CURTO TRIFASICO NOS TERMINAIS DE UM GERADOR SINCRONO

0.5
Por Unidade

-0.5

-1
Ciclos em 60 Hz

57
A figura acima corresponde a corrente de curto circuito, considerando que o
mesmo ocorre quando a tensão está passando pelo seu valor de pico, isto é, não há
componente dc.

Nas outras duas fases haverá obrigatoriamente componente dc. Assim, o


valor máximo de corrente nas outras fases será multiplicado por fator de assimetria,
correspondente ao deslocamento do eixo.

A ilustração a seguir mostra as correntes nas três fases, obtida de um


programa de simulação de curto circuito (PSCAD, semelhante ao EMTP), onde se nota
o efeito do deslocamento do eixo nas correntes das duas outras fases.

Deve-se ressaltar que esses efeitos são mais acentuados em curtos-


circuitos próximos à geração, onde os valores de reatância são bem maiores que os
valores das resistências.

+30

Corrente - Fase A
+15
kA

+0

-15

-30
+60
Corrente - Fase B

+30
kA

+0

-30
+30
Corrente - Fase C
kA

+0

-30

-60
0 0.4 0.8 1.2 1.6 2

Tempo (s)

58
Curto-circuito trifásico em algum ponto do sistema elétrico
Icca Iccb

Z1a Z1b

Z1sa Z1sb
Icc
CC Trifásico

A corrente total de curto será limitada pelas impedâncias equivalentes (Z1as


+ Z1a) em paralelo com (Z1sb + Z1b), todos de sequência positiva. As correntes Icca e
Iccb de contribuição dos dois lados podem ser calculadas pelo divisor de correntes.

Em partes do sistema afastadas da geração, com menor ângulo de curto


circuito, os efeitos de reatâncias transitória e sub-transitória das máquinas e do
componente dc são bem menos acentuados.

O exemplo a seguir mostra o oscilograma de curto circuito trifásico em linha


de transmissão de 138 kV. O oscilograma mostra, também, o religamento automático
tripolar deste circuito, ocorrido com sucesso.

Observam-se transitórios nas formas de onda das tensões, devido à


oscilação de circuito LC, conforme já explanado na Parte 1.

Exemplo 1 – Oscilograma Real de Curto Circuito Trifásico – Com Religamento


Automático

SE SE
A B
C.2

C.1

CC
Trifásico
Oscilografia R

59
IA RPR1 IB RPR1 IV RPR1 VAN RPR1 VBN RPR1 VVN RPR1
2000
IV RPR1 IB RPR1 IA RPR1

0
-2000
2000
0
-2000
2000
0
-2000
100000
VVN RPR1 VBN RPR1 VAN RPR1

-0
-100000
100000
-0
-100000
100000
-0
-100000
8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60
Cycles

Exemplo 2 – Mesmo Oscilograma com Eventos

Os oscilogramas mostrados referem-se a um dos circuitos de uma linha de


circuito duplo.

60
5.2 FASE-TERRA

Representação e Componentes Simétricos

Supõe-se um curto circuito fase-terra no lado da baixa tensão de um


transformador em derivação, conforme figura a seguir.

Haverá corrente em uma fase do lado estrela aterrado e corrente em duas


fases do lado da linha, fora do triângulo. A compensação de ampères espiras - princípio
de funcionamento do transformador - explica este fato.

Em termos de componentes simétricos, onde se separa o sistema


desequilibrado em três sistemas equilibrados, cada um deles com uma característica
específica (sequência positiva, negativa e zero), têm-se a seguinte representação:

61
I1LT + 30 Graus I1A

Z1LT Z1TR
Z1Sist

I2LT I2A
- 30 Graus

Z2LT Z2TR
Z2Sist

I0LT = 0 I0A

Z0LT
Z0Sist Z0TR

I2B I1C

I2A I1A
I0A
I0B

I2C I0C
I1B

I1C I2B
I0A
I0C I0B
I1A
I2A

I2C I1B

IC = 0 IB = 0 = IA

Sendo assim, há corrente na fase A e não nas duas outras fases. A teoria de
cálculo de curto circuito utilizando circuitos equivalentes mostra que as condições de

62
carga, antes do curto-circuito, devem ser somadas às condições calculadas de curto-
circuito para se obter as correntes das fases.

No lado da LT, lado de alta tensão do transformador, não há corrente de


sequência zero, mas apenas de sequência positiva e negativa. Considerando que há
rotação de –30 Graus para a sequência positiva e + 30 graus para a sequência
negativa, temos o resultado mostrado na figura abaixo.

Comprova-se que há corrente em duas fases, sendo opostas. Em grandeza


por unidade, o valor é 1,732 vezes o valor p.u. da corrente de curto do lado da BT.

63
I1LT + 30 Graus I1A

Z1 LT Z1 TR
Z1Sist

I2LT I2A
- 30 Graus

Z2 LT Z2 TR
Z2 Sist

I0LT = 0 I0A

Z0 LT
Z0Sist Z0TR

I1CLT I1ALT
I1C

+ 30 Graus I1A

I1BLT

I1B
No Lado BT
Na LT
(Curto)
I2BLT I2B

I2A
- 30 Graus

I2ALT I2C
I2CLT

I2BLT I1ALT I1CLT


IALT ICLT
IBLT = 0

Na LT
I1BLT I2ALT
I2CLT

64
Oscilograma Simulado

A figura abaixo mostra um oscilograma simulado para um curto circuito fase-


terra em linha radial, logo na saída de linha:

IA IB IC 3I0 VA(kV) VC(kV) VB(kV)


2000
IA

0
-2000
2000
IB

0
-2000
2000
IC

0
-2000
2000
3I0

0
-2000
VB(kV) VA(kV)

10
0
-10
10
VC(kV)

0
-10

4 8 12

Cycles

Observa-se que há elevação de corrente na fase em curto (A), aparecimento


de corrente de terra (3.i0) e queda de tensão na fase A. O fato da tensão cair a zero
mostra que o curto circuito ocorreu logo na saída de linha.

O exemplo simulado a seguir mostra um curto circuito fase terra no meio da


linha de transmissão, havendo impedância entre o ponto de curto circuito e o ponto de
localização do registrador.

Oscilograma Simulado

IA IB IC 3I0 VA(kV) VC(kV) VB(kV)


1000
0
IA

-1000
1000
0
IB

-1000
1000
0
IC

-1000
1000
3I0

0
-1000
10
VC(kV) VA(kV)

0
-10
10
VB(kV)

0
-10

4 8 12
Cycles

65
Nota-se neste caso que a tensão na fase A, em curto circuito, não cai a zero,
demonstrando que o ponto de curto-circuito não é na saída de linha. Note as correntes
da fase A e de terra (3.I0) em fase, o que reforça o fato de que o curto circuito é do tipo
fase-terra.

Exemplo 1 de Oscilograma Real

SE SE
A B

CC
Fase-Terra
O

Oscilografia

IL1 LINEA 826 IL2 LINEA 826 IL3 LINEA 826 In LINEA 826

VL1 LINEA 826 VL3 LINEA 826 VL2 LINEA 826


25000
0
-25000
25000
0
-25000
25000
0
-25000
25000
0
-25000
200000
0
-200000
200000
0
-200000
44 48 52 56 60 64 68 72
Cycles

O exemplo acima é de uma linha de transmissão 230 kV. Transitório em alta


frequência pode ser observado na onda de tensão da fase onde ocorreu o curto
circuito.

66
Exemplo 2 de Oscilograma Real

Ia Juanchito Ib Juanchito Ic Juanchito In Juanchito Ua Juanchito Ub Juanchito Uc Juanchito


2000
0
-2000
2000
0
-2000
2000
0
-2000
2000
0
-2000

4 8 12
Cycles

No oscilograma acima os transitórios estão um pouco atenuados. É notável


na corrente de curto-circuito a influência da componente dc. Observa-se, também,
ligeiro aumento de corrente na fase boa C.

Exemplo 3 de Oscilograma Real – Com Religamento Automático

O próximo exemplo mostra curto-circuito fase terra em uma linha de


transmissão de 138 kV, com religamento automático tripolar.

Fase C
SE
B

Fase B

Fase A
SE
A
CC
Fase-Terra
R

Desligamento pela Proteção e Religamento Automático


Tripolar

67
IA BRPc2 IB BRPc2 IV BRPc2 IN BRPc2 VB BRPc2 VV BRPc2 VA BRPc2
VB BRPc2 IN BRPc2 IV BRPc2 IB BRPc2 IA BRPc2

1000
0
-1000
1000
0
-1000
1000
0
-1000
1000
0
-1000
100000
0
-100000
VV BRPc2 VA BRPc2

100000
0
-100000
32 36 40 44 48 52 56 60 64 68 72 76 80 84 88 92 96
Cycles

Exemplo 4 de Oscilograma Real

IA IB IC 3I0 VA VC VB
1000
0
IA

-1000
2500
0
IB

-2500
1000
0
IC

-1000
2500
0
IR

-2500
250
VA

0
-250
250
VC VB

0
-250
4 8
Cycles

O oscilograma do exemplo 4 tem uma taxa de amostragem menor que os


anteriores. O arredondamento dos transitórios é evidente. Nota-se que a tensão na
fase B (em falta) cai muito pouco, isso significa que o curto-circuito encontra-se “longe”
e é uma área de forte geração.

68
Exemplo 5 de Oscilograma Real

IA IB IC 3I0 VA VC VB
2000
IA 0
-2000
2000
0
IB

-2000
2000
0
IC

-2000
2000
3I0

0
-2000
200
VA

0
-200
200
VC VB

0
-200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Cycles

Neste oscilograma quase não se percebe que houve curto circuito. É um caso em
que a corrente de carga é da mesma ordem de grandeza da corrente de curto circuito:
distante. Apenas a existência da corrente de terra (amplificada na escala do software
de análise) demonstra a existência de curto-circuito Fase-Terra.

Exemplo 6 de Oscilograma Real

IA IB IC IR VB VC VA
500
250
IA

0
-250
500
250
IB

0
-250
500
250
IC

0
-250
500
0
IR

100
VB

0
-100
100
VC VA

0
-100

4 8 12
Cycles

Este já é um caso de curto-circuito fase terra bem próximo ao local onde


está instalado o registrador. Nota-se queda quase total na fase em curto. A corrente de
curto circuito é bem maior que a corrente de carga. A taxa de amostragem é bem
baixa.

69
Exemplo 7 de Oscilograma Real

SE
SE
A
B

CC
Fase-Terra
EXTERNO
R
Oscilografia

Ia Atr Ib Atr Ic Atr In Atr Ua Atr Ub Atr Uc Atr


1000
Ua Atr In Atr Ic Atr Ib Atr Ia Atr

-0
-1000
1000
-0
-1000
1000
-0
-1000
1000
-0
-1000
200000
0
-200000
Ub Atr Uc Atr

200000
0
-200000
4 8 12
Cycles

Este é um caso bastante interessante. Um transformador está energizado


em vazio. Ocorre curto-circuito fase-terra em alguma linha próxima. O enrolamento do
transformador é estrela aterrada no lado da AT e deve possuir terciário em triângulo. O
oscilograma é registrado por um relé do transformador, com TC’s e TP’s do lado da AT.

70
Fonte Transmissão Transformador em derivação
Energizado em vazio.

O transformador contribui com corrente de sequência zero para o curto


externo. Veja I0A, I0B , I0C iguais entre si. A sua soma é a corrente de neutro 3I0.

Percebe-se, também, que este oscilograma foi adquirido com uma taxa de
amostragem um pouco maior que os anteriores, registrando-se algum transitório.

Exemplo 8 de Oscilograma Real

IA IB IC 3I0 VA VB VC
500
0
IA

-500
500
0
IB

-500
500
0
IC

-500
100
3I0

0
-100
50
VA

0
-50
50
VB VC

0
-50

4 8 12
Cycles

O oscilograma acima é registrado por relé do transformador. Trata-se de um


curto-circuito fase-terra externo ao transformador. Note que praticamente não houve
queda de tensão na fase afetada e que as correntes nas fases boas aumentaram por
influência do curto-circuito.

71
Uso de componentes sequenciais para análise
Para cada um dos oscilogramas acima, pode-se utilizar o software de
análise para observar as componentes simétricas (I1, I2 e I0). Nunca estão exatamente
como na teoria, pois há influência da carga. Entretanto, fornecem boa indicação do tipo
de curto circuito, caso a análise da forma de onda não for conclusiva.

Para um curto-circuito fase-terra, em um dado trecho onde há corrente de


curto e conectado eletricamente à parte do sistema com curto (sem transformador no
caminho), as sequências positiva, negativa e zero da corrente da fase em curto estão
aproximadamente em fase entre si.

O estudo da teoria de componentes simétricos e a cuidadosa análise das


condições de curto circuito no ponto onde está instalado o registrador é uma exigência
para alguns casos não muito explícitos, onde a simples visualização das formas de
onda não permite conclusões.

5.3 BIFÁSICO

Representação e Componentes Simétricos

Vamos supor um curto circuito bifásico no lado da baixa tensão de um


transformador em derivação, conforme figura a seguir.

Haverá corrente em DUAS fase do lado estrela aterrado e corrente nas três
fases do lado da linha, fora do triângulo, sendo que em uma delas a corrente é o dobro

72
das outras duas. A compensação de ampères espiras (princípio de funcionamento do
transformador) explica este fato.

Em termos de componentes simétricos, onde se separa o sistema


desequilibrado em três sistemas equilibrados, cada um deles com uma característica
específica (sequência positiva, negativa e zero), têm-se a seguinte representação:

I1LT + 30 Graus I2LT


- 30 Graus

Z1LT Z1TR Z2LT Z2TR


Z1Sist I1A Z2Sist
I2A
V1A V2A

I1C I2C

I1A I2A

I1B I2B

IC
I1A I2A
I1B I2B
I1C I2C
IA = 0
IB

No lado da Baixa Tensão há corrente nas fases B e C (curto circuito entre


estas fases) opostas entre si. Não há componente de sequência zero, pois, o curto-
circuito não envolve terra.

73
Tensões

Quanto às tensões de fase no PONTO DE CURTO-CIRCUITO, a análise de


componentes simétricas mostra o seguinte:

I1LT + 30 Graus I2LT


- 30 Graus

Z1LT Z1TR Z2 LT Z2TR


Z1Sist I1A Z2Sist
I2A
V1A V2A

LADO BT

V1A V2A

V1C V1B V2B V2C

V2B V1B
V1A

VA VB
V2A

V1C V2C

VC

As tensões VB e VC tornam-se iguais com relação ao neutro, o que era de


se esperar, pois estão em curto-circuito. E a tensão VA está em oposição de fase, com
o dobro do módulo.

74
Deve-se atentar para o fato de que isso ocorre apenas no ponto em curto-
circuito. Quanto mais afastado o ponto de registro oscilográfico, começam a aparecer
diferenças de potencial entre as fases B e C e variação de ângulo nas três fases.

Lado da Alta Tensão

No lado da LT, lado de alta tensão do transformador deverá haver corrente


nas três fases, conforme já visto. Considerando que há rotação de –30 Graus para a
sequência negativa e + 30 graus para a sequência positiva, temos:

I1LT + 30 Graus I2LT


- 30 Graus

Z1LT Z1TR Z2LT Z2TR


Z1Sist I1A Z2Sist
I2A
V1A V2A

LADO AT LADO BT

I1C
I1C I1A + 30 GRAUS
I1A

I1B
I1B

- 30 GRAUS I2C
I2A I2C I2A

I2B
I2B

I1A
I1C I2C I2A
IC IA

I1B
IB

I2B

75
Comprova-se que há corrente iguais em duas fases e o dobro dessas na
outra fase.

Oscilograma Simulado

IA IB IC VA(kV) VB(kV) VC(kV)


2500
0
IA

-2500
2500
0
IB

-2500
2500
0
IC

-2500
10
VC(kV) VB(kV) VA(kV)

0
-10
10
0
-10
10
0
-10
4 8 12
Cycles

Trata-se de simulação de curto circuito bifásico logo na saída da linha.


Verificam-se as correntes B e C em oposição, as tensões B e C em fase e a tensão A
em oposição com o dobro do valor.

Oscilograma simulado para curto bifásico distante

IA IB IC VA(kV) VB(kV) VC(kV)


1000
0
IA

-1000
1000
0
IB

-1000
1000
0
IC

-1000
10
VC(kV) VB(kV) VA(kV)

0
-10
10
0
-10
10
0
-10
4 8 12
Cycles

A diferença agora é que as tensões B e C não estão em fase, nem poderiam


estar, pois há a diferença de potencial desde o ponto de registro até o ponto de curto
circuito.

76
Oscilograma Real – Exemplo 1
IA IB IC 3I0 VA VC VB
5000
0
IA

-5000
5000
0
IB

-5000
5000
0
IC

-5000
2000
3I0

1000
-0
25
VA

0
-25
25
VC VB

0
-25

4 8 12
Cycles

Trata-se de um curto-circuito bifásico em linha de transmissão 230 kV em


local muito próximo àquele da medição. A menos dos transitórios e da ligeira
discordância de pólos do disjuntor quando da abertura, o oscilograma é bastante
semelhante ao oscilograma simulado.

A discordância de pólos do disjuntor, na abertura, é comprovada pelo


aparecimento da corrente de terra (3I0) quando da abertura.

Oscilograma Real – Exemplo 2 – De Oscilógrafo Stand Alone

10 IA -E1 IB -E1 IC -E1 UAN-E1 UBN-E1 UCN-E1


IC -E1 IB -E1 IA -E1

0
-10
10
0
-10
10
0
-10
200
UCN-E1 UBN-E1 UAN-E1

-0
-200
200
-0
-200
200
-0
-200
4 8 12
Cycles

77
Trata-se, também, de um curto-circuito bifásico em linha de transmissão 230
kV. Nota-se que houve atuação muito rápida da proteção, com abertura do disjuntor
local em cerca de 2,5 ciclos. O disjuntor da outra extremidade da linha desligou em
cerca de 5,5 ciclos.

Observa-se, ainda, que houve registro de transitórios, referentes às


oscilações LC à frequência natural, com alguma atenuação.

5.4 BIFÁSICO-TERRA

Representação e Componentes Simétricos

Vamos supor um curto circuito bifásico-terra no lado da baixa tensão de um


transformador em derivação, conforme figura a seguir.

Haverá corrente em DUAS fase do lado estrela aterrado e corrente nas três
fases do lado da linha, fora do triângulo, como será mostrado na análise de
componentes simétricos.

Em termos de componentes simétricos têm-se a seguinte representação:

78
I1A I2A I0A
I1LT + 30 I2LT - 30 I0LT = 0
Graus Graus

Z2LT Z2TR Z0LT


Z1LT Z1TR
Z2Sist Z0Sist Z0TR V0A
Z1Sist
V1A V2A

I1C
I2C
I1A I2A I0A
I0B
I0C
I2B
I1B

I0C

I2B I1A I2A


IC
I1B I0A
I1C IB
I2C IA = 0
I0B

Na fase A, as correntes de sequência negativa e zero, somadas,


compensam a corrente de sequência positiva.

No lado da Baixa Tensão há corrente nas fases B e C (curto circuito entre


estas fases) defasados entre si. O ângulo de desafasamento será menor que 120
graus se a corrente de sequência zero for maior que a de sequência negativa. Será
maior que 120 graus se ocorrer o inverso.

Tensões

Quanto às tensões de fase no PONTO DE CURTO-CIRCUITO, a análise de


componentes simétricas mostra o seguinte:

79
I1A I2A I0A
I1LT + 30 I2LT - 30 I0LT = 0
Graus Graus

Z2LT Z2TR Z0LT


Z1LT Z1TR
Z2Sist Z0Sist Z0TR V0A
Z1Sist
V1A V2A

LADO BT
V2A V0A V0B V0C
V1A

V1C V1B V2B V2C

V1A VB = 0 VC = 0

V2A V0B V0C


VA
V2B V1B V1C V2C

V0A

As tensões entre fase e neutro VB e VC tornam-se iguais a zero, pois estão


em curto-circuito com a TERRA.

Deve-se atentar para o fato de que isso ocorre apenas no ponto em curto-
circuito. Quanto mais afastado o ponto de registro oscilográfico, começam a aparecer
diferenças de potencial e variação de ângulo nas três fases.

Lado da Alta Tensão

No lado da LT, lado de alta tensão do transformador haverá corrente nas


três fases, conforme mostrado a seguir. Considerando que há rotação de –30 Graus
para a sequência negativa e + 30 graus para a sequência positiva, temos:

80
I1A I2A I0A
I1LT + 30 I2LT - 30 I0LT = 0
Graus Graus

Z2LT Z2TR Z0LT


Z1LT Z1TR
Z2Sist Z0Sist Z0TR V0A
Z1Sist
V1A V2A

LADO AT LADO BT
I0A
I0B
I0C

I1C

+ 30 GRAUS I1A
I1C I1A

I1B
I1B

I2C
- 30 GRAUS I2A
I2A I2C

I2B
I2B

IC IA
IB I1B

I2B I1C I2C


I2A I1A

Oscilograma Simulado
IA IB IC 3I0 VA(kV) VC(kV) VB(kV)
10000
0
IA

-10000
10000
0
IB

-10000
10000
0
IC

-10000
2500
3I0

0
-2500
10
VA(kV)

0
-10
10
0
-10

4 8 12
Cycles

81
Observa-se tensão fase-neutro igual a zero nas fases em curto-circuito (B e
C). Observa-se IA = 0. Há defasamento entre IB e IC menor que 180 graus e maior que
120 graus.

Oscilograma simulado para curto distante

IA IB IC 3I0 VA(kV) VC(kV) VB(kV)


2500
0
IA

-2500
2500
0
IB

-2500
2500
0
IC

-2500
1000
3I0

0
-1000
10
VA(kV)

0
-10
VC(kV) VB(kV)

10
0
-10
4 8 12
Cycles

Nota-se agora que há tensão nas fases em curto circuito no ponto de


medição. Têm o mesmo módulo, porém já defasados. A qualquer instante, IA + IB + IC
= 3.I0, como ensina a teoria.

Oscilograma real – exemplo 1

IA IB IC IR VB VC VA
2000
IA

0
2000
IB

0
2000
IC

1000
IR

0
-1000
100
VB

0
-100
100
VC VA

0
-100

4 8 12
Cycles

82
Trata-se de um curto-circuito bifásico terra bem próximo ao ponto de
medição, entre as fases A e C de uma linha de 230 kV. Na prática, observa-se a
influência do componente dc na fase A. Verifica-se, também, que o ângulo entre as
correntes A e C está em torno de 120 graus.

Este oscilograma é de registrador incorporado a relé de proteção. Nota-se


atenuação nos transitórios.

Oscilograma real – Exemplo 2

Mesmo curto-circuito anterior, medido através de um registrador stand alone.

Current IL1L814R Current IL2L814R Current IL3L814R Current INL814R


Voltage VL2 L814 Voltage VL3 L814 Voltage VL1 L814
2500
0
-2500
2500
0
-2500
2500
0
-2500
2500
0
-2500
200000
0
-200000
200000
0
-200000
4 8 12
Cycles

Verifica-se uma melhor resposta a transitórios, em vista da maior taxa de


amostragem.

Alguma inversão em polaridades de correntes e tensões é observada.


Significa que é apenas uma questão de conexão em cada registrador, das mesmas
grandezas.

83
6. FASE ABERTA

Representação e Componentes Simétricos

Vamos supor que ocorra uma fase aberta num disjuntor de linha de
transmissão, conforme o diagrama a seguir.

Disjuntor A Disjuntor B
normal com 1 fase
aberta

ZL
A B
ZX ZY

A menos da corrente capacitiva, haverá interrupção da corrente de carga


através da fase aberta.

Em termos de componentes simétricos, onde se separa o sistema


desequilibrado em três sistemas equilibrados, cada um deles com uma característica
específica (sequência positiva, negativa e zero), têm-se a seguinte representação:

84
I1LT

Z1L
Z1X Z1Y

I2LT

Z2L
Z2X Z2Y

I0LT = 0

Z0L
Z0X Z0Y

- I2LT

I1LT

Z1L
Z1X Z1Y

- I0LT

Sendo assim, haverá aparecimento de correntes de sequência positiva,


negativa e zero de acordo com a configuração do sistema. Os valores dessas correntes
dependem do fluxo de potência em sequência positiva que havia no sistema antes da
ocorrência da abertura de uma fase.

Uma boa prática é impor uma corrente de sequência positiva (I1L) de 1 p.u. e
calcular quanto seriam as correntes de sequência negativa e zero (I2L e I0L) através do
circuito equivalente, mostrado acima. Conhecendo-se as impedâncias de sequência
negativa e zero do sistema, o cálculo seria um simples divisor de corrente.

Dessa forma, ter-se-ia a porcentagem, em relação à sequência positiva, das


correntes de sequência negativa e zero. Esses valores podem, então, serem utilizados
como referências para ajustes nas proteções.

85
Observa-se que tanto os relés que detectam corrente de terra como os que
detectam sequência negativa podem servir para detectar a fase aberta.

Oscilograma Simulado

O oscilograma a seguir foi simulado para um caso de fase aberta de


disjuntor de linha radial, com todas as cargas ligadas em triângulo na alta tensão (sem
fonte de sequência zero), conforme mostra a figura abaixo:

I1LT

Z1L
Z1 X Z1Y

I2LT

Z2L
Z2X Z2Y

I0LT = 0

Z0L
Z0X

- I2LT

I1LT

Z1L
Z1X
I0 = 0 Z1Y

Nessas condições, não haverá corrente de sequência zero, mas, apenas a


de sequência negativa.

86
IA IB IC IN I2Mag VC(kV) VB(kV) VA(kV)
250
0
IA

-250
250
0
IB

-250
250
0
IC

-250
250
0
IN

-250
200
I2Mag

100
0
10
0
-10
4 8 12
Cycles

Para casos práticos em sistemas de alta tensão (transmissão), entretanto,


sempre haverá fontes de sequência zero – de modo que uma fase aberta estará
associada ao aparecimento das correntes de sequência negativa e zero.

Caso de Duas Fases Abertas

A simulação para o caso de duas fases abertas é bastante semelhante ao do


curto-circuito fase terra, isto é, os circuitos estarão em série.

I0LT I2LT
I1LT

Z1L Z0 Z2
Z1X Equivalente Equivalente Z1Y

Ou seja, I1 = I2 = I0.

87
7. OSCILAÇÃO DE POTÊNCIA

Oscilograma real

IA IB IC VA VB VC
2000
0
IA

-2000
2000
0
IB

-2000
2000
0
IC

-2000
250
-0
VA

-250
250
-0
VB

-250
250
-0
VC

-250

4 8 12 16 20 24

Uma característica típica da oscilação de potência é que as 3 fases variam


simultaneamente segundo uma envoltória. Isso pode ser observado com maior clareza
no oscilograma seguinte.

Mesmo Oscilograma Juntando Tensões e Correntes

IA IB IC 3I0 VC VB VA 3V0
2000
IA IB IC

0
-2000
1000
3I0

500
0
250
VC VB VA

0
-250
250
0
3V0

-250
-500
Digitals

ZCA 2 4 4 2
ZBC 2 4 4 2
ZAB 2 4 4 2

0 4 8 12
Cycles

88
8. MAGNETIZAÇÃO TRANSITÓRIA DE TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

Oscilogramas simulados (PSCAD semelhante ao EMTP)

Correntes de Magnetização de Trafo 500/230/60 kV - 450 MVA

2500

2000

1500

1000
Ia, Ib, Ic (A)

500

-500

-1000

-1500
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Tempo (s)

Tensão da Fase A durante Magnetização Transitória

1.5

1
Tensão fase A em p.u.

0.5

-0.5

-1

-1.5
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5

Tempo (s)

89
Fluxos Nos Núcleos - Magnetização Transitória

2.5

1.5
Fluxo em p.u.

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

Tempo (s)

Oscilograma real – Exemplo 1

IA IB IC 3I0 IAMag IBMag ICMag VC VB VA


500
0
IA

-500
500
0
IB

-500
500
0
IC

-500
0
3I0

-50
-100
IAMag IBMag ICMag

750
500
250
0
VC VB VA

50
0
-50

4 8 12
Cycles

Verifica-se arredondamento na resposta para transitórios, devido à taxa de


amostragem baixa no registrador de relé de proteção.

90
Oscilograma real – Exemplo 2

IA IB IC 3I0 IBMag IAMag ICMag VB VC VA


500
0
IA

-500
500
0
IB

-500
500
0
IC

-500
500
250
3I0

0
IBMag IAMag ICMag

1000
500
0
VB VC VA

100
0
-100

4 8 12
Cycles
Neste oscilograma observa-se arredondamento ainda maior.

9. SATURAÇÃO DE TC

Resposta de TC em condição normal, sem saturação

RESPOSTA DO TC PARA CORRENTE PRIMÁRIA NÃO DESLOCADA

4
2
Iprim / 400 A

-2

-4
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
Satura com 10 p.u.)

1
P.U. de Fluxo (TC

0.8

0.4

-0.4
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2

91
Resposta de TC com saturação devido a componente dc (simulado)

Saturação de TC - Corrente Primária x Secundária

6
Iprim / 400 A

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2
Tempo (s)
15
P.U. de Fluxo no TC

10

-5
0 0.05 0.1 0.15 0.2
Tempo (s)

10. ABERTURA DE SECUNDÁRIO DE TC

Oscilograma simulado

Abertura de Secundário de TC com Corrente de Carga


Verde: Volts secundários

400
Azul: Iprim / 400

200

-200

-400
0 0.05 0.1 0.15 0.2

20
Fluxo no Núcleo em p.u.

10

-10

-20
0 0.05 0.1 0.15 0.2
Tempo (s)

92
Todos conhecem os perigos de um TC aberto. Verifica-se saturação de
núcleo e tensão elevada no secundário aberto.

11. ENERGIZAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES

Oscilograma Simulado no EMTP

20000
0
20000
0
20000
0
20000
10000
0
15000
10000
5000
0
15000
10000
5000
0
4 8
Cycles

Exemplo de Transitório de Energização

Referência: Thomas Grebe, Eletrotek Concepts, Inc. – “Evaluation of Utility Capacitor


Switching Transients”
<www.pqnet.electroteck.com/pqnet/main/backgrnd/tutorial/utilcap/utilcap.htm>

93
Exemplo de Recovery Voltage e Reacendimento de Arco no Disjuntor

Referência: Thomas Grebe, Eletrotek Concepts, Inc. – “Evaluation of Utility Capacitor


Switching Transients”

12. SOBREEXCITAÇÃO DE TRANSFORMADOR

O transformador operava energizado pelo lado do gerador. Como o disjuntor


da alta encontrava-se aberto, a corrente vista pelo relé e contabilizada na função
diferencial (87) era apenas a corrente de excitação do transformador. Devido à
sobreexcitação a corrente tornou-se elevada, atingiu o valor de trip e causou a abertura
do disjuntor do gerador. Observa-se na sequência que a tensão deixou de se
apresentar deformada.

94
Pode-se observar ainda a presença de componentes harmônicas. A figura a
seguir apresenta uma análise das harmônicas da fase C da corrente.

Espera-se para um caso de sobreexcitação observar componente de quinto


harmônico.

95
13. SATURAÇÃO DE TC AO ENERGIZAR TRANSFORMADOR

A linha mostrada acima possui proteção diferencial de corrente. Ao energizar


o transformador, o TC do terminal remoto reproduziu corretamente a corrente (IAX, IBX
e ICX), porém o TC do terminal local (IAL, IBL e ICL) apresentou saturação, o que
levou a atuação da função diferencial (TRIP87) da linha.

Uma inspeção detalhada mostrou que o terminal local estava conectado


através de TCs de medição.

96
14. FALHA DO CONTATO AUXILIAR DO DISJUNTOR
No projeto do circuito de comando de abertura do disjuntor emprega-se
usualmente o contato auxiliar do próprio disjuntor (52A) com o objetivo de que este, ao
abrir, interrompa a corrente que alimenta a bobina e consequentemente proteja o
contato de trip do relé que abrirá na sequência e sem carga. A figura a seguir ilustra o
circuito de abertura e fechamento do disjuntor.

A bobina de trip só será energizada se o contato 52A estiver fechado.

Um caso interessante de falha no contato 52A com a consequente falha na


abertura do disjuntor está mostrado na próxima oscilografia.

97
15. CURTO-CIRCUITO NOS TERMINAIS DO GERADOR
Após a atuação da proteção, a corrente proveniente do gerador não acaba
instantaneamente - mesmo com a abertura do disjuntor do campo - devido à energia
que é armazenada no rotor.

16. ATUAÇÃO INDEVIDA DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL


A oscilografia a seguir foi gerada por um relé de proteção de transformador
que atuou pela função diferencial (87) durante uma falta à terra fora da zona de
proteção. Entende-se como zona de proteção a zona compreendida entre os TCs da
alta (IAW1, IBW1 e ICW1) e baixa tensão (IAW2, IBW2 e ICW2). O dispositivo
protegido é um autotransformador de três enrolamentos, sendo que o enrolamento
terciário é fechado em delta e não possui conexão com cargas. Os dois conjuntos de
TCs são fechados em estrela.

98
As correntes mostradas são as correntes medidas pelo relé e compensadas
pelos TAPs, ou seja, estão em PU. A variável digital que representa a atuação da
função diferencial é a 87R.

Para melhor entender o motivo da atuação indevida (operação para uma


falta externa), pode-se observar o diagrama fasorial.

99
Observa-se que não houve uma compensação entre as correntes de
sequência zero da alta (IW10) e baixa (IW20). Isso ocorreu porque a corrente de
sequência zero induzida no terciário (enrolamento em delta) não foi medida pelo relé.

Deve-se nesses casos empregar um filtro de sequência zero nas correntes


dos enrolamentos 1 e 2 para evitar atuações indevidas.

100
17. AFUNDAMENTO DA TENSÃO VCC
Alguns modelos de relés de proteção conseguem gravar nas oscilografias a
tensão contínua que o alimenta. Observa-se abaixo o afundamento da tensão Vcc
(Vdc) durante o acionamento da bobina de abertura do disjuntor.

101

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