“AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA: REVISÃO DE LITERATURA DE 2005 A 2014”
Autoria: Irai Christina Boccato Alves Helena Rinaldi Rosa Marlene Alves da Silva Luís Sérgio Sardinha Aluna: Anna Carolina do Vale Pinheiro A Inteligência é um dos temas mais pesquisados da literatura psicológica, mesmo antes da Psicologia científica, muitos filósofos e pesquisadores questionavam sua definição. Quem primeiro trouxe o assunto à voga foi Galton, em 1869, que tratou o assunto como poder ou força mental, levando em consideração a estrutura fisiológica cerebral. Depois Spearman que definiu a inteligência como a capacidade de apreender relações. Depois, outros conceitos foram surgindo. Entre elas as clássicas que são também as mais estudadas: Abordagem psicométrica, desenvolvimental e cognitivista, porém existem outras teorias mais abrangentes. Na Teoria Psicometrista o enfoque é na medição das aptidões. A Teoria desenvolvimentista olha o que é esperado em cada fase da criança e a Teoria Cognitivista procura verificar como se dá o processamento cognitivo do indivíduo. Existem outras teorias que colocam o enfoque na área emocional e na área social. Para essas, existem meios psicométricos próprios. Tantas teorias e suas diferentes mensurações geram falta de consenso mas por outro lado, acabam por fomentar muito interesse na área. Porém, há um fato em comum quando se observa os aspectos genéticos e culturais do conceito de inteligência e a interação entre eles. Uma tentativa de conciliar esses fatores foi a teoria CHC (Cattel-Horn-Carroll), onde foram apresentados os fatores inteligência fluida e cristalizada, visual, auditiva, recuperação a curto prazo, a longo prazo, velocidade de processamento e decisão, conhecimento quantitativo e comportamentos relacionados à leitura e escrita, o que gerou a busca pela elaboração de baterias mais condizentes e estudos com a Bateria Woodcock, por exemplo, pois teste psicológicos de inteligência são utilizados nas mais diversas áreas, como educação, empresarial, clínica, saúde e jurídica. Um revisão de literatura com o Termo Inteligência foi feita em 2012, por Campos e Nakano, no período de 2000 a 2010, onde foram retornados 263 trabalhos sendo 188 que se baseavam em psicometria. Em 2010, Joly, Berberian e Teixeira haviam feito uma análise sobre avaliações psicológicas no Brasil, usando os termos “avaliação psicológica”, “psicometria”, “validade”, “precisão” e “testes psicológicos”. Foi verificado que desses, 60,3% tinham o objetivo usar parâmetros psicométricos, tendo como construtos mais procurados Personalidade e Inteligência. Fora do Brasil, Almeida e outros pesquisadores fizeram uma pesquisa em 2008 na PsycINFO, da Associação Americana de Psicologia, com os termos “intelligence”, “intellectual” ou “ability”, tendo 32.758 artigos retornados, sendo esse o motivo de afirmarem que Inteligência é o tema mais estudado dentro da Psicologia, bem além do número de estudos feitos no Brasil. Estudos de revisão são muito importantes, pois podem ajudar a dilatar a profundidade e amplificar o que se conhece sobre o tema, e dar uma perspectiva do que necessita ser pesquisado, assim o Artigo referenciado trouxe a necessidade de fazer uma revisão de literatura produzida de 2005 a 2014, sobre a avaliação da inteligência, para mapear o que se sabe sobre o assunto e sugerir possíves pesquisas. Teve como foco os estudos brasileiros no tema, visando saber os testes verificados, amostras empregadas e o tipo de estudo. A revisão de literatura utilizou o método proposto por Mendes, Silveira & Galvão (2008), fazendo-se uma busca nas bases de dados eletrônicas Scielo e PePSIC, com a palavra chave “avaliação de inteligência”, pois são bases de periódicos brasileiros. A consulta às duas bases retornou 208 artigos sendo 84 no PePSIC e 124 no Scielo em Agosto de 2015, e após a decisão dos critérios de inclusão e exclusão,foram excluídos 52 artigos. A produção anual dos artigos restantes foi demonstrada através de gráfico. Apareceu o total de 26 tipos de testes, em diferentes frequências, que totalizaram 96 vezes, pois em alguns artigos apareçam mais de uma vez em cada artigo, sendo o WISC-III o mais utilizado, seguido pelo Raven. Entre os testes mais estudados estão WISC-III, para crianças, seguido de Raven. Desenho de figura humana para avaliação intelectual e escala de maturidade Columbia, também se encontram entre os testes mais estudados, em diferentes escalas. A Faixa etária foi de 0 a 12 anos paracrianças, adolescentes de 13 a 18 anos, adultos de 19 a 59 anos e idosos de 60 anos ou mais, tendo a faixa de adultos subdivida em 19 a 25 anos e 26 a 59 anos. Poucos estudos sobre idosos foram encontrados. Os objetivos das pesquisas foram caracterizados em: Amostras clínicas ou específicas, como escolares. A influência de fatores ambientais e a investigação das características psicométricas dos testes. Observou-se que a maioria dos testes estudou as propriedades psicométricas dos testes, o que condiz com a Resolução 02/2003, que regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos no Brasil. Sobre a medição da validade, os artigos procuraram relacionar o mesmo construto ou construtos diferentes, ou até mesmo um único instrumento para constatação de sua validade. Foi encontrado também vários estudos demonstrando a correlação de traços de personalidade com inteligência. Também foram estudados dentro de amostras clínicas crianças com síndrome de Crouzon, dislexia e Transtorno do Espectro Autista. Dentre os adultos, foram estudados infectados por HIV, usuários de drogas e com eplepsia. No grupo dos idosos, aqueles que tinham doença de Alzheimer e a relação entre inteligência e memória. Além disso, houve amostras específicas de crianças e adultos cegos, com síndrome de Down, e crianças com baixa visão ou com necessidade de educação especial. Houve comparação entre a inteligência de crianças da zona rural e da zona urbana, e entre crianças de escolas públicas e privadas, e apenas meninas. Para esse último, foram empregados apenas três subtestes do WISC-IV. Após observar 72 estudos empíricos, foi possível apontar, ainda que não tenha sido o objetivo do estudo, a falta de cuidado na descrição dos testes, a discrepância nas referências e a não observância dos critérios de faixa etária de acordo com o manual dos testes. Testes usados com data anterior a 2003, ano da regulamentação dos testes, e testes psicológicos aplicados na área médica, claro, de forma indevida. A maioria dos estudos não especificaram dados como populações e faixas etárias, apontando para essa necessidade nos estudos empíricos de testes psicológicos, e também o aumento do rigor de quem dá o parecer a esses estudos. O estudo espera que essas observações colaborar na produção da ciência, proporcionando mais estudos na área e com maior qualidade.