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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL II

PROFESSOR LUIZ ANTONIO SAADE

AULA 1 - Introdução

AULA 2

POLÍTICA CAMBIAL

Manipulação da taxa de câmbio.

Taxa de Câmbio

→ Definição: é o valor de uma unidade da moeda externa / divisa externa em termos da


moeda interna / divisa nacional. É o preço de uma unidade da moeda estrangeira em termos
da moeda nacional.

→ Determinação do valor da taxa de câmbio:


• Sistema flexível / flutuante: A taxa de câmbio é determinada no mercado de divisas.
Até 1937, tivemos sistema flexível. Após sistema fixo. Em 1990, Collor implanta
novamente o sistema flexível. Já em 1998, a maneira pelo qual manipulava o sistema
flexível era na prática fixo. Em 1999, volta a ser flexível e permanece assim
atualmente.

• Sistema fixo.

Mercado de divisas

Demanda por divisa X Oferta de divisa.

→ A taxa de câmbio é determinada no mercado de divisas. Neste caso, taxa de câmbio é o


valor em uma unidade de uma divisa estrangera. Mercado de dólares / mercado cambial que
determina o valor do dólar no sistema flexível. Neste mercado de divisas estrangeras,
encontra-se demanda por dólar e oferta de dólar, como qualquer outro mercado,
transacionando dólares. Há uma quantidade de dólar sendo demandada, outra quantidade
sendo ofertada, e é essa quantidade ofertada e demandada do dólar que determina o preço
do dólar, que é a taxa de câmbio.

→ A demanda e a oferta de dólar são determinadas nas transações do balanço de


pagamentos, por onde os agentes econômicos estão por trás.
Balanço de pagamento

→ Registro contábil de todas as transações de um Sistema Econômico com o resto do mundo.

→ Uma conta T – débito e crédito.

→ Banco Central controla.

→ As contas nacionais do Brasil são registradas de acordo com o sistema de contas nacionais
da ONU / FMI – o IBGE que calcula. Quase todos os países adotam esse sistema, pois é muito
bem elaborado e por uma questão de praticidade – em caso de problemas com outros países.

→ Esse sistema diz que o balanço de pagamentos começa com uma conta chamada de
transações correntes, subdividida em contas de bens, seja este de consumo, de capital ou de
bens intermediários, contas de serviços, como seguros, fretes, aluguéis, salários, juros e lucros,
e as contas de transações unilaterais, como doações, heranças e, principalmente, remeças de
migrantes – brasileiro que está em outro país manda dinheiro para o Brasil, e estrangeiro que
está no Brasil manda para seu país estrangeiro.

Transações correntes de:

→ Bens: contabilizado / registrado na balança comercial.

→ Serviços: contabilizado / registrado na conta serviços

→ Transações unilaterais: contabilizado / registrado nas transferências unilaterais.

→ Balança Comercial: Esta registra saída de bens – através das exportações - e entradas de
bens – através das importações. As exportações (X) são registradas como receitas, por isso são
registradas com sinal positivo, já as importações (M) são registradas como despesas, assim,
representadas com sinal negativo.

Saída de bens (X)

Entrada de bens (M)

X (+) M (-)

Depois de registrada todas as entradas e saídas de bens, teremos o saldo da balança


comercial. Primeiro saldo da balança de pagamentos. Se houve

• No Brasil, em outubro de 2021, houve um saldo com o menor superávit da balança


comercial, desde 2015. Devido ao baixo crescimentos das exportações, enquanto as
importações crescerão muito. O volume monetário das importações cresceu devido, não só
porque importamos numa quantidade maior, mas também por que o preço dos produtos
importados elevou.
→ Serviços: registro das receitas e despesas de transações provenientes de serviços
internacionais.
Receitas: exportação de serviços. (+)
Despesas: importações de serviços. (-)

Serviços Internacionais / serviços importados e exportados: Turismo (importação de


serviço de turismo (-) é o brasileiro no exterior já a exportação de serviço de turismo é
o estrangeiro no brasil (+), o que ele gata aqui é uma importação de serviço) , fretes
(contratação de um navio estrangeiro para levar uma carga ao exterior é importação
de serviço de frete (-), já se é uma empresa brasileira que transporta carga e foi
contratada para transportar uma carga do exterior para cá, ou vice-versa, é uma
exportação de serviço de frete(+)), salários (o brasileiro vai trabalhar em uma
subsidiário da empresa brasileira no exterior, recebe seu salário e traz ao Brasil, isto é
exportação de serviço proveniente de trabalho/salário (+). Um estrangeiro vem para o
Brasil, trabalha aqui e manda seu salário para seu país, isto é uma importação de
serviço proveniente de trabalho/salário (-)), juros (uma empresa brasileira pede
empréstimo a uma instituição financeira estrangeira e terá de pagar o juro, isto é
serviço provocado pelo capita, uma importação de serviços (-). Já o BNDS empresta
dinheiro para um país, quando esse país paga o juros é uma receita proveniente de
uma exportação de serviço de capital) lucros (uma empresa manda parte dos seus
lucros para sua matriz dos EUA, isto é uma importação de serviço, uma despesa. Já
uma empresa traz lucro de suas subsidiária do exterior, isto é uma receita, proveniente
de exportação de capital), dividendos, seguros, patentes e aluguéis (aluguéis de
plataformas para exportação de petróleo, na maioria de empresas norueguesas,
despesa, importação de serviços).

• Há diferença entre trabalhadores e migrantes: o migrante não sai daqui para trabalhar, mas
sim para emigrar, ou seja, o que ele manda não é proveniente de trabalho. O trabalhador é
quem está contratado aqui para trabalhar aqui ou trabalhar lá fora.

• Quando um país recorre ao FMI, que é uma agência especializada da ONU, esse país é
obrigado a apresentar o seu balanço de pagamentos dentro das normas do sistema de contas
nacionais da ONU, que devem obedecer ao manual de balanço de pagamentos, elaborado pelo
FMI, de acordo com o sistema da ONU. Os países levam alguns anos para se adaptarem ao
manual. Hoje o Brasil obedece o manual BPM6.
• Brasil – Serviços: No Brasil, a conta de serviços, obedecendo ao manual de serviços, foi
subdividida em duas:

Serviços: receitas e despesas de transações provenientes de serviços internacionais de


não fatores. Ou seja, aqueles que não vendem fatores de produção – trabalho e
capital. Tudo que não vem de trabalho ou capital é registrado como serviços Exemplos:
frete, patentes e aluguéis.

Rendas primárias: receitas e despesas de transações provenientes de serviços


internacionais de fatores de produção – trabalho e capital. Exemplos: salários, juros e
lucros.

→ Transferências unilaterais: Donativos, heranças, remessas de migrantes e manutenção de


cidadãos – bolsista ou intercambista brasileiro em que a família envia dinheiro (-) e o bolsista
ou intercambista estrangeiro em que a família envia dinheiro ao Brasil (+).

Pelo manual BPM6 (2009), as transferências unilaterais são chamadas de rendas secundárias.

Saldo das transações correntes

Calculado os três chegamos às transações correntes

Saldo da balança comercial


+
Saldo de serviços
+
Saldo das transferências unilaterais

Assim:

Balanço de pagamentos

1. Transações correntes

A) Balança comercial

B) Serviços

C) Transferências unilaterais

2. Capitais autônomos
Saldo das transações correntes no Brasil

No Brasil, há quatro contas:

Saldo da balança comercial proveniente dos bens


+
Saldo de serviços provenientes de não fatores
+
Saldo de renda primária serviços provenientes de
+ fatores
Saldo de renda secundária proveniente das transações
unilaterais

Assim:

Balanço de pagamentos no Brasil

1) Transações correntes

A) Balança comercial

B) Serviços

C) Renda primária

D) Renda secundária

Capitais Autônomos: Entrada de capital - financeiro - registrado com sinal positivo e toda
saída de capital são registradas com sinal negativo.

capital de risco, investimento indireto, investimento em carteira, empréstimos (+).

investimento direto, investimento em carteira, amortização de empréstimos e


empréstimos concedidos (-).

Dois tipos de capital: capital de risco e capital de empréstimo.

A) Capital de risco: chamado assim porque implica o risco – o lucro pertence ao detentor e o
prejuízo vai ser também bancado por ele.

→ Investimento Direto – empresas brasileiras investindo diretamente no exterior (-) e


empresas estrangeiras investindo diretamente no Brasil (+).

→ Investimento em carteira: investimento em ações títulos: um fundo de investimento


estrangeiro aplica na Bovespa (entrada de investimento de carteira +) e empresa brasileira
investindo na bolsa de Nova York (-). Um fundo de investimento aplicou na bolsa e ganhou
dinheiro, agora vai repatriar esse dinheiro (saída de investimento em carteira -). O lucro
apurado está nas transações correntes, em rendas primárias, o principal está nos capitais
autônomos.

Exemplo: um fundo de investimento americano aplicou US$ 1000 em ações da


Petrobrás e arrecadou o equivalente a US$ 200 de lucro e agora vai embora.
Investimento em carteira é um investimento totalmente volátil. Total de US$ 1200
dólares saindo do Brasil. US$ 1000 é saída de capital autônomo e US$ 200 é lucro. Ou
seja, US$ 1000 é registrado em capitais autônomos, especificamente em capital de
risco e investimento em carteira, já os US$ 200, o lucro, é registrado na conta de
serviços, na renda primária.

B) Capital de empréstimos: financiamentos do empréstimo de curto, médio e Longo prazo.


Não é responsável pelo risco. Feita por instituições financeiras.

Exemplo: BNDS emprestou dinheiro à Bolívia (-). Quando a Bolívia pagar (+).

Exemplo: Uma empresa, seja subsidiaria norte-americana ou brasileira, pediu


empréstimo a uma instituição financeira de US$ 1000 (-). Tendo lucro ou não, essa
empresa tem que pagar os US$ 1000 e com juros – registrados em renda primária e a
amortização do principal em capital de empréstimo (+).

Transações Compensatórias

→ O correto seria pegar o saldo das transações correntes e o saldo da conta de capital e
calcular o saldo da balança de pagamento. O balanço de pagamento é uma conta T – debito e
crédito. Quando ele é deficitário, é necessário entrar dinheiro para fechar o déficit. Quando
ele é superavitário sai dinheiro para as reservas cambiais / internacionais. Isso tudo é feito nas
transações compensatórias.

Exemplo: Resultado com déficit. Deve entrar dinheiro. Para cobrir parte do déficit
paga-se dinheiro das reservas cambiais. Isto é uma transação compensatória. A outra
parte pega-se de empréstimo do FMI, também transação compensatória. Outra parte
captamos no mercado financeiro internacional vendendo títulos globais, que o título
do tesouro vende para captar recursos – transação internacional. Se com tudo isso
ainda não cobrir o déficit, será necessário usar as nossas reservas de ouro – também
uma transação compensatória.

Exemplo: Resultado de superávit. Deve sair dinheiro. Nas transações compensatórias


sai dinheiro para as reservas.

→ Geralmente, em todos os países se observa que o que entra ou sai para fechar a balança de
pagamentos não é igual ao saldo das contas correntes mais saldo da conta capital. O balanço
de pagamentos diz que isso é perfeitamente normal, pois provavelmente houve um erro no
registro de uma transação ou omissão uma transação. O manual então diz que pega a
diferença e registra como erros de transações. Ou seja, o valor absoluto de erros e omissões é
a diferença do que saiu para as reservas ou o que entrou para fechar a balança de
pagamentos. Das importações e exportações pode ser até 5% da cota erros e omissões, mais
do que isso está fora do manual e o FMI não vai aceitar a sua balança de pagamentos.

BALANÇO DE PAGAMENTOS

1 – TRANSAÇÕES CORRENTES

A) BALANÇA COMERCIAL bens

B) CONTA SERVIÇOS serviços

C) TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS transações unilaterais

A + B + C = SALDO DAS TRANSAÇÕES CORRENTES

2 – MOVIMENTO DE CAPITAIS (AUTÔNOMOS) – capital financeiro

ENTRADAS(+) SAÍDAS (-)

capital de risco, investimento indireto, investimento em carteira, empréstimos (+).

investimento direto, investimento em carteira, amortização de empréstimos e empréstimos


concedidos (-).

SALDO DA CONTA DE CAPITAL

3 – ERROS E OMISSÕES conta de ajuste – não entra no mercado cambial

1 + 2 + 3 = SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS

4 – TRANSAÇÕES COMPENSATÓRIAS fecham o balanço de pagamento – não entra no


mercado cambial
As transações correntes e o movimento de capitais que formam o mercado cambial, onde tem
demanda por divisa estrangeira e oferta de divisa estrangeira.
AULA 3

No Brasil as contas serviços fecham com pouquíssimos erros e omissões. As correções maiores
são feitas nas transferências unilaterais e movimento de capitais.

SISCOMEX: Sistema Integrado de Comércio Exterior

→ Implantado: em 1993 para as exportações e em 1997 para as importações.

→ É um Sistema Integrado de Comércio Exterior que faz todo o registro das transações
envolvendo as exportações e importações de bens, e essas informações vão para a balança de
pagamentos.

→ Órgãos gestores
• Secretaria de Comércio Exterior – SECEX – integrado ao Ministério da Economia.
• Receita Federal do Brasil – RFB
• Banco Central do Brasil - BACEN
→ Sistema muito bem elaborado resultando em pouquíssimas correções na balança comercial.

SISCOMEX Exportações

→ Implantado em 1993.
→ Decreto em fevereiro 1992.

NOVOEX

→ Sistema mais elaborado dentro do SISCOMEX.


→ SISCOMEX Exportações Web
→ Implantado em 2021 para facilitar.
→ Os procedimentos dos exportadores.

SISCOSERV – Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços

→ Envolve tanto a conta serviço – sem fatores – e conta primária – com fatores.
→ Criado em 2008.
→ Implantado em 2012.

→ Órgãos gestores

• Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais – SECINT –


integrado ao Ministério da Economia.
• Receita Federal do Brasil – RFB
Balanço de Pagamentos

1- TRANSAÇÕES CORRENTES
A) BALANÇA COMERCIAL
B) SERVIÇOS
C) TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS

2- CAPITAIS AUTÔNOMOS

3- ERROS E OMISSÕES conta de ajuste

4- TRANSAÇÕES COMPENSATÓRIAS fecha o balanço

Formação da Demanda da divisa estrangeira / dólar: O que entra no mercado cambial são as
transações correntes e as de capitais autônomos. Todas as transações (-), ou seja, as
importações na balança comercial, na conta serviço são as despesas com serviços
internacionais ou importações de serviços e nas contas unilaterais são as despesas e saídas de
capitais. Nestas transações com sinais negativos, são os agentes econômicos por trás da
formação dessas transações que forjam a demanda por divisa estrangeira. A primeira
transação encontrada são os importadores, que demandam dólar, divisa estrangeira.

Exemplo: empresa brasileira precisa pagar um frete em dólar para exportar seus
produtos para um país estrangeiro. Assim, a empresa que contratou o frete demanda
do mercado cambial o dinheiro em dólar para a transação. Conta serviço, importação
de serviço, despesa, (-).

Exemplo: fundo de investimento estrangeiro aplicou na Bovespa. Lucrou e está


mandando o principal, em dólar, para o estrangeiro. Demanda por dólar, (-),
movimento de capitais autônomos, investimento em carteira.

Transações com sinal negativo formam demanda por divisa estrangeira

Qual é o comportamento desses agentes demandando por quantidade de dólar em relação ao


valor do dólar em reais – já que taxa de cambio é o valor da moeda estrangeira em termos da
moeda nacional?
Isto ocorre, pois, o primeiro bloco
Esse “Valor do US$ EM R$ não é a de transações da balança de
taxa de câmbio, pois ainda não pagamento, as importações,
chegou na determinação da taxa de quanto menor o valor do dólar,
câmbio. O comportamento é menor o valor do bem ou serviço
inércio. Quanto menor o valor do importado no Brasil e em reais.
dólar, maior será a quantidade
demandada por dólar, vice-versa.
D = Demanda por
Relacionamento inverso. Assim, a
demanda por dólar é
negativamente inclinada.
Q = Quantidade
demanda por dólar
Ceterius paribus, por que, tudo aquilo
que não é o valor do dólar interfere na
importação do bem ou serviço. Por
exemplo, tarifa de importação –
interfere na importação do bem e
serviço, pois se o governo diminui as
tarifas, a demanda por dólar se expande,
ou se aumentar a tarifa, contrai a
demanda.

Sem alterar o valor do dólar


Expansão da demanda por dólar – deslocamento
da função demanda para a direita Exemplo: Se o governo libera as
tarifas de importação, ao mesmo
valor de 2 reais quantidade
demandada se eleva. Não é o valor
do dólar que está interferindo, mas
sim o fato da ausência de tarifa da
importação. É o mesmo valor do
dólar, porém importa mais bens e
serviços, demandando mais dólar
ara essas transações A função
demanda se desloca para a direita.

Contração da demanda por dólar – deslocamento da


função demanda para a esquerda

Sem alterar o valor do dólar

Exemplo: se a manutenção de
carros importados é cara a
demanda se contrai e a função
demanda se desloca para a
esquerda.

Exemplo: se o governo aumenta a


tarifa de importação sobre um
bem. Ao mesmo valor de 2 reais o
dólar a quantidade demandada
de dólar contrai, pois as
importações vão diminuir devido
aos impostos caro.
Transações com sinal positivo formam oferta de divisas estrangeiras

Todas as transações com sinal positivo formam oferta de divisa estrangeira. No balanço de
pagamento, na balança de comercial, são as exportações, pois estas geram receitas registradas
com (+). Na conta serviços, por exemplos, recebimento de frete, turista estrangeiro vindo ao
Brasil e recebimento de lucro em dólar para o Brasil. BNDES empresta dinheiro para o Peru e o
Peru amortiza esse empréstimo com x dólares – neste momento o BNDES esta oferta dando x
dólares para o mercado de câmbio. Os exportadores que ofertam dólar, pois ele internaliza
seu dólar.

Destaque no Brasil – a entrada de investimento em carteira: um fundo de investimento


estrangeiro aplica ou compra títulos públicos no Brasil. No momento em que esse
investimento entra no Brasil esse investimento representa uma oferta por dólar.

Quanto maior o valor do dólar, maior É a quantidade


será a quantidade ofertada de dólar. ofertada de dólares
Quanto maior o valor do dólar, mais que depende do
exportamos, desde que a demanda seja valor do dólar em
elástica, pois quanto maior o valor do real. Aquela é uma
dólar, mais barato fica nosso produto em variável
dólares. Os estrangeiros compram mais, dependente e este
sendo a demanda elástica, o exportador é uma variável
brasileiro recebe mais, e, portanto, independente.
ofertará uma quantidade maior no
mercado de câmbio. A oferta e dólar
diretamente relacionada. Assim, a oferta
por dólar é positivamente inclinada.

Expansão da oferta por dólar – deslocamento Alterando o valor do dólar


da função oferta para a direita
Exemplo: Um bem ou serviço custa
Oferta por dólar 100 reais. Com um dólar a 1 real
esse produto custa 100 dólares, se
exporta uma quantidade x desse
produto e com isso a quantidade
ofertada de dólar é Q1. Se o dólar
subir para 2 reais esse bem ou
serviço agora vai custar 50 dólares,
metade do valor anterior em dólar.
Ou seja, quando aumenta o valor do
dólar em reais, diminuiu o preço dos
Sem alterar o valor do dólar Quantidade nosso produtos exportados em
ofertada de dólar dólares. Assim, exportamos mais, e
Exemplo: uma politica tarifaria de um país estrangeiro deixa com isso, o exportador ofertará uma
de impor tarifas de importação sobre um produto brasileiro. quantidade maior de dólar no
Ao mesmo valor do dólar, as exportações se expandem, pois mercado de câmbio. Deslocamento
lá no país estrangeiro o produto será vendido a um preço da curva oferta de dólar para a
menor em relação ao anterior em que se cobrava a tarifa de direita.
importação. Assim, a quantidade ofertada de dólar vai
aumentar. Deslocamento da curva oferta para a direita.
Contração da oferta por dólar – deslocamento da
função oferta para a esquerda

Sem alterar o valor do dólar

Exemplo: um governo estrangeiro,


em retaliação ao produto brasileiro
que entra no seu mercado interno,
prejudicando os produtos desse
país no seu próprio mercado
interno, resolve aumentar a tarifa
de importação desse produto
brasileiro. Assim, as vendas e
exportações vão diminuir, bem
como a quantidade de oferta por
Sem alterar o valor do dólar
dólar. Deslocamento da curva
oferta de dólar para a esquerda Exemplo Histórico:

Na década de 1930, houve uma crise muito grande nos EUA, em que este
perdeu muita renda. O Brasil exportava muito café para eles, mas com essa
perda de renda por parte deles eles diminuem drasticamente a importação
do nosso café. Isso gerou uma queda abrupta das nossas exportações e,
assim, baixa na oferta por dólar. Deslocamento da curva oferta de dólar
para a esquerda

Mercado Cambial – Mercado do dólar

Os importadores entram no
mercado cambial formando a
demanda por dólar.

Os exportadores entram no
mercado cambial formando a
oferta por dólar.

Há dois sistemas cambiais para determinar o valor do dólar: Sistema Cambial Flexível /
Flutuante e o Sistema Cambial Fixo.
SISTEMA CAMBIAL FLEXÍVEL

→ O valor do dólar em reais, a taxa de câmbio do dólar, é determinado no mercado cambial,


no mercado de dólar, pois o sistema cambial é flexível.

→ No Brasil, tivemos até 1937. Caixa de Conversão de 1906: A taxa de câmbio estava
ordenada pela libra esterlina. Tínhamos o sistema cambial
→ Volta em 1999 e é utilizado até hoje – flexível. Ocorreu uma grande expansão da oferta por café, a
utilizando o Sistema Cambial Flexível demanda se contraiu, a taxa de câmbio da libra despencou
Administrado. e, assim, houve a necessidade da caixa de conversão para
driblara a crise. Em 1927, criou-se a caixa de estabilização.
→ O sistema cambial flexível é subdividida
em dois subsistemas: o Sistema Cambial Flexível Livre e o Sistema Cambial Flexível
Administrado.

Sistema Cambial Flexível Livre

A taxa de câmbio / o valor do dólar em reais,


é determinado no mercado de dólares /
câmbio livre da interferência da autoridade Neste sistema, o Bacen
cambial. demandaria e ofertaria
nada de dólar.
No Brasil, neste caso, a autoridade cambial
normativa que estabelece todas as normas A autoridade cambial
do mercado cambial brasileiro é o Conselho operacionaliza, mas
Monetário Brasileiro. Quem executa todas não intervém.
essas normas, quem é a autoridade
executiva, que opera o mercado cambial, é o
Banco Central. Nesse caso, a quantidade demandada é igual a quantidade ofertada, livremente pelo mercado. O valor
do dólar, determinado pela intercessão, é o valor real do dólar. Se o Bacen não está demandando ou
ofertando, esse valor real do dólar / da divisa estrangeira torna-se a taxa de câmbio.

Como a quantidade que sai é a mesma que entra, a autoridade cambial não precisa ter reservas cambiais,
pois o mercado se auto regula.
Valor Real = Tendência o valor do
dólar no mercado, mas não é a
taxa de câmbio
Sistema Cambial Flexível Administrado

A autoridade cambial, além de


operacionalizar o mercado, ela
interfere no mercado, demandando
ou ofertando ou usando outros
instrumentos, e alteram ou a
demanda ou a oferta.

O sistema é flexível e a taxa de


cambio é determinada pela
intercessão, porém essa intercessão
é administrada / ajustada pela
autoridade cambial.

Essa administração é feita: o mercado se forma, os importadores entram com a demanda, formando a demanda
Demanda1 (D1), os exportadores entram ofertando os seus dólares, e formam a Oferta1 (O1). Assim, o valor do dólar
vai ser em 2 reais. Esta não vai ser a taxa de câmbio (se fosse o sistema seria flexível livre). Agora, a autoridade cambial
vai administrar a taxa de câmbio para cima do valor real ou vai administrar para baixo, mas a taxa de câmbio não
acompanhará o valor real da divisa. Isso é feito, com o Bacen, como a autoridade, entrar demandando dólar, se quiser
jogar para cima, ou ofertando dólar, se quiser jogar para baixo
Subvalorização da moeda interna – Bacen demandando
dólar para elevar o valor do dólar e aumentar as exportações
Exemplo: O mercado se forma com a
Oferta 1 e Demanda 1 determinado o
Não valor real do dólar em 2 reais. O Bacen
administra
conclui que o valor do dólar esta baixo,
o valor
o que prejudica as exportações. O
real, mas
Bacen então entra no mercado de
sim a taxa
de câmbio câmbio, demandando dólar,
deslocando a curva demanda para a
direita e formando uma nova
demanda, a D2. Há, agora, um novo
O valor do dólar é determinado ponto de interseção, acima a anterior,
pela interseção e pelo mercado, que gera uma taxa de câmbio
pois é um sistema flexível, porém estabelecido em 2,50 reais, que
esse novo ponto de interseção foi satisfaz o Bacen, com a taxa de câmbio
administrado pela autoridade. maior que o valor real.

Administrando a taxa de câmbio para cima do valor real, a autoridade cambial super avaliou a divisa externa. Ou seja,
o dólar ficou super avaliada. Se o Bacen não tivesse interferido o dólar seria vendido à 2 reais. Quando ela super
avalia o dólar, ela descaloriza a divisa interna, o real. O termo correto é subvalorização da moeda interna.

Efeitos: quanto maior o dólar, na balança comercial, aumentar as exportações e as receitas, ao contrário das
importações e despesas. Assim, haverá um superávit na balança de pagamento, aumentando as reservas cambiais. O
superávit é justamente a quantidade de dólar que o Bacen demanda Q3. gráfico

Resumo: Quando a autoridade cambial acha que a taxa de câmbio está baixa, entra no mercado de câmbio
demandando divisa externa/dólar, expandindo a demanda pela moeda estrangeira, e assim, administra a
taxa para cima, superavaliando a moeda externa e subvalorizando a interna.
Vantagens: beneficia as exportações, assim, as receitas, e o acumulo de reservas cambiais.
Desvantagens: quando o Bacen demanda dólares, ou seja, compra dólares, ele paga em reais, assim,
aumenta a liquidez da economia, aumentando a base monetária, dificultando o combate a inflação. Se a
economia já está inflacionada e a autoridade monetária trava um aluta contra a inflação, essa política
cambial de demandar dólar para subvalorizar a moeda interna e gerar superávit, é prejudicial.
AULA 4

CONJUNTURA - inflação
A inflação está altíssima e o Bacen já divulgou que não será possível chegar a meta de inflação este ano
(2021). O COPOM está aumentando a taxa Selic, pretendendo aumentar mais este ano, para controlar a
inflação.
Os grandes vilões da inflação são:
1º Combustíveis
2º Passagens aéreas: demanda aumentando com a recuperação da pandemia
3º Alimentação
4º Energia
Há uma polêmica, pois, os preços dos combustíveis e energia são administrados, o primeiro pela Petrobrás
e o segundo pela Anel. Então, mesmo com o COPOM aumentando a taxa de juros, reduzindo o crédito para
o consumo e investimento e desaquecendo a demanda agregada, a inflação está subindo, por causa desses
preços administrados. Há o aumento do desemprego, ocasionada pela queda da demanda dos
consumidores, com as taxas mais altas, a demanda por varejo desaquece, gerando mais desemprego.
Esses preços administrados, que não vão desaquecer com o aumento do juros e que não são influenciadas
pelo mercado, aumentará o desemprego.
A inflação é mais de custo do que de demanda, pois a alta da taxa de cambio impacta os insumos
importados, como fertilizantes, trigo e barrilha.
Assim, a inflação é mais proveniente dos preços administrados e da inflação de custo proveniente da alta
da taxa de câmbio. Assim, o Bacen, pelo COPOM, aumentar a taxa de juros, não vai desaquecer a
inflação, mas sim provocar mais desemprego.

Conjuntura – Auxilio Brasil


O Auxilio Brasil aumenta a demanda por do consumo dos alimentos, mas o auxilio não é um componente
muito importante para a elevação da inflação, segundo o professor.

Conjuntura – Inflação nos EUA


Os EUA chegaram a maior inflação em 30 anos. A Reserva Federal, para conduzir a política monetária, não
leva em consideração o índice de inflação normal, mas sim o chamado núcleo da inflação, que é um índice
calculado sem levar em consideração os preços mais voláteis naquele período analisado. Mesmo assim, há
alta na inflação dos EUA, tanto que diminuiu a compra de títulos – contraindo a liquidez – e ainda não
aumentou a taxa básica, mas alguns bancos regionais dizem que a taxa básica vai sofrer pelo menos dois
aumentos ano que vem (2022).
Isso impacta o Brasil da seguinte forma: subindo a taxa de juros e reduzindo o aumento da liquidez lá, isso
vai dificultar a transição de capital financeiro, principalmente por carteira, para o Brasil, pois quando
saírem, recolhendo seu investimento e lucro obtido no Brasil, vão sofrer desvalorização cambial . Assim, a
oferta de dólar sobre o mercado cambial brasileiro vai se manter desaquecida e a taxa de câmbio vai se
manter, pelo menos, elevada. Se houver alguma fuga de capital, atraídos pela alta de juros lá, é possível que
a oferta de dólar no mercado cambial brasileiro se contraia e o dólar suba – nada bom pra nós.
Sobrevalorização da moeda interna – Bacen ofertando dólar Exemplo: o mercado se forma, com
para abaixar o valor do dólar e aumentar as importações o valor real da divisa de 2 reais.
Porém, o Bacen, a autoridade
cambial, considera alta e que
prejudica a divida externa na sua
amortização e juros – que necessita
de mais reais para dólar -, além de
afetar as exportações, que encarece
seus produtos. Assim, o Bacen
decide jogar o dólar para baixo,
entrando no mercado cambial
ofertando dólar de suas reservas
cambiais. Com isso, desloca-se a
curva oferta para a direita, agora O2,
e o ponto interseção novo cai e o
Assim, quando a autoridade cambial oferta divisa estrangeira no dólar sofre queda para 1,50 reais,
mercado de câmbio, subavalia, neste caso, o dólar, a moeda externa. que agora satisfaz o Bacen, com a
Quando isso ocorre, o Bacen está sobrevalorizando - valorizando - o real, taxa de cambio menor que o valor
a moeda interna. real .

Efeitos: com o dólar mais barato, na balança comercial, assim, exportação e importação de bens, afetará as
exportações e receitas, mas estimula as importações de bens e as despesa. Com isso, irá resultar numa pressão
deficitária sobre a balança de pagamentos. O que o Bacen ofertou será justamente esse déficit, exaurindo as ofertas
cambiais.

Exemplo Histórico: no Plano de Metas, um plano desenvolvimentista, - usando o sistema de cambio fixo – o cruzeiro
estava sobrevalorizado , exaurindo as reservas cambiais e gerando grande déficit na balança comercial. Mas, como a
política é desenvolvimentista, importando maquinas e tecnologias para industrializar o Brasil, a taxa de câmbio
precisava ficar baixa e o cruzeiro sobrevalorizado, facilitando essas importações. Deu certo, já que nosso produto
industrial quase dobrou.

Exemplo Histórico: Em 1998, no Plano Real, o real esteve bastante sobrevalorizado. Não era plano desenvolvimentista,
mas sim de combate a inflação. Essa sobrevalorização foi com objetivo de combater a inflação de custo, já que o dólar
baixo, resulta em insumos importados baratos.

Resumo: Quando a autoridade monetária quer reduzir a taxa de câmbio, ela entra no mercado de câmbio ofertando
dólares, e quando a taxa de câmbio cair, ela para de ofertar.
Vantagens: A taxa de câmbio mais baixa ajuda no pagamento da divida externa, tanto amortização quanto de juros, por
exemplo, além de facilitar o preço dos insumos importados aqui dentro, que combate com a inflação de custo. Gera um
déficit, que será administrado pela autoridade.
Desvantagens: esse processo vai exaurir as reservas cambiais, pois quando o Bacen entra ofertando dólares ele está
tirando estes dólares da reserva cambial.
SISTEMA CAMBIAL FIXO

→ Foi no Brasil de 1937 a 1990. Em 1990, no governo Collor, com a abertura da economia,
passamos para o sistema flexível. Porém, em 1998, a maneira como administrava o sistema
flexível criou uma rigidez tão grande, que na prática a taxa de cambio ficou fixa. Em 1999, foi
definitivamente sistema flexível.

→ A taxa de câmbio é determinada pela autoridade cambial, antes do mercado de câmbio


entrar em operação.

Subvalorização da moeda interna – fixar taxa Exemplo: o mercado se forma, com


de câmbio acima do valor real do dólar importadores demandando dólar e
exportadores ofertando dólar. O valor real
do dólar é 2 reais. Essa não será a taxa de
câmbio. Neste sistema, a autoridade
cambial analisa o mercado e suas
tendências e decide de fixa abaixo ou
acima a taxa de câmbio em relação ao
valor real. Para o Bacen, nesta suposição, o
dólar a 2 reais está baixo, o que prejudica
as exportações. Assim, fixam a taxa de
câmbio acima do valor real, a 2,50 reais,
aumentando as exportações, provocado o
superávit na balança comercial, além de
aumentar as reservas cambiais, facilitando
o pagamento da divida externa.

Efeito na balança comercial: O valor real


da moeda de R$2,00 o Bacen fechou a
R$2,50, a efetivou como taxa de câmbio e
todos os bancos a acompanham. Nisso o
Banco superavaliou a moeda externa e
A R$2,50 a oferta de subvalorizou a moeda interna. Assim, as
dólares é maior do que exportações aumentam e as importações
a demanda por dólar diminuem. Nisso, gerou superávit na
balança comercial, aumentando as
reservas cambiais do país, o que facilita o
pagamento de divida externa.

Por que a taxa de câmbio fixada será respeitada: A autoridade cambial fixa o dólar em R$2,50. Assim, US$1,00 =
R$2,50.
Se a autoridade cambial anunciar o patamar da taxa de câmbio em US$1,00=R$2,50 imediatamente todo o mercado
cambial acompanhará o estabelecido. Porque se isto não ocorrer: Exportadores recorrerão à autoridade cambial, e não
aos bancos comerciais, para internalizar seus dólares – porque o dólar no Bacen está mais alto R$2,50 - enquanto os
importadores recorrerão ao mercado – porque demandam em comercializar o dólar em dois reais. A autoridade
cambial manterá o que foi estabelecido por ela, enquanto o mercado ficará exaurido de US$ - já que os bancos
comerciais, que só vendem em dólar, vão ficar sem dólar, pois os exportadores internalizam no Bacen - e quando
precisar de US$, os exportadores vão ter que ir ao Bacen comprar por um valor mais alto, de R$2,50, enquanto eles
venderam por a R$ 2,00 para os importadores. Assim, terão prejuízo.
Subrevalorização da moeda interna – fixar
taxa de câmbio abaixo do valor real do dólar

Exemplo: mercado de câmbio se forma


com tendência do dólar de ficar a
R$2,00, no valor real. O Bacen fixa o
dólar em R$1,50.

Efeito na balança comercial: O Bacen,


impondo a taxa cambial abaixo do valor
real do dólar, subavaliou a moeda
externa e sobrevalorizou a interna,
gerando déficit da balança comercial,
importações e despesas aumentam e as
exportações e receitas caem.

A esta taxa de R$1,50 a demanda por


dólar é maior do que a oferta de dólar,
gerando déficit a balança comercial, que
é coberta pelo Bacen.

Por que a taxa de câmbio fixada será respeitada: A autoridade cambial fixa o dólar em R$1,50. Assim, US$1,00 =
R$1,50.
Se a autoridade cambial anunciar o patamar da taxa de câmbio em US$1,00=R$1,50. Imediatamente todo o mercado
cambial acompanhará o estabelecido. Porque se isto não ocorrer: Exportadores recorrerão ao mercado, para ofertar
seus dólares a R$ 2,00, o valor real do mercado, enquanto os importadores recorrerão / comprarão dólar da
autoridade cambial, obedecendo o que ela determinou, R$1,50. A autoridade cambial manterá o que foi estabelecido
por ela enquanto o mercado ficará com excesso de US$, pois os exportadores irão ofertar os seus dólares, a R$2,00 ,
mas os importadores não irão comprar deles, já que o Bacen está vendendo a R$1,50. Quando os bancos, os
exportadores, tiverem que vender dólares terá de fazer a um valor mais baixo, a R$1,50. Assim, terão prejuízo.
Se pode-se subvalorizar e sobrevalorizar tanto no sistema fixo quanto no flexível, por que
então houve a mudança daquele sistema para esse? Por que depende da abertura da
economia, principalmente se há a mobilidade do capital financeiro. Quando a economia é
fechada, o sistema fixo funciona muito bem, pois não há turbulências / volatilidade do
mercado cambial e livre mobilidade de capital – como investimento em carteira. Mas quando
abre a economia, o comércio exterior, importando e exportando quase que livremente, e
principalmente, se dá mobilidade para o capita financeiro, o mercado de câmbio pode se
tornar extremamente volátil, e se der uma turbulência a autoridade cambial é obrigada
intervir. É muito mais fácil fazer essa intervenção quando o sistema é flexível do que quando o
sistema é fixo. Numa turbulência, com o sistema fixo, a autoridade fixa o câmbio em x para sair
dessa situação, porém a resposta do mercado é lenta. Numa turbulência, com o sistema
flexível, com muito dólar saindo do país, o Bacen pode entrar ofertando dólar e mantendo a
taxa de câmbio estável.

AULA 5

CONJUNTURA – PREVISÕES DA ECONOMIA PARA 2022

O Boletim Focus prevê uma inflação de 9,77%, Selic de 9,25% e PIB de 4,88% e ano que vem de 0,93%, ou seja,
desaceleração da economia em 2022.

A Rede de Justiça Social, organização inglesa, divulgou que o Brasil perdeu em 2020 aproximadamente 40
bilhões de reais em impostos não recolhidos, por causa de depósitos de multinacionais e milionários brasileiros
em paraísos fiscais. Este recurso daria ara pagar o Auxilio Brasil , por 400 reais de auxilio, até dezembro de
2022. Entre os que não pagaram impostos por terrem depósito em paraísos fiscais está o ministro da
economia, Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Mello.

Além disso, o ex-ministro Sérgio Moro, pré-candidato à presidente do Brasil, divulgou o seu conselheiro
econômico, que muito provavelmente será sua aposta a ministro da economia, este é Afonso Pastore, que já
foi presidente do Banco Central. Ele é monetarista, condena o estruturalismo. Em um de seus livros, ele
defende o câmbio depreciado, a alta da taxa de câmbio, pois, segundo ele, promove o desenvolvimento e o
combate à inflação.
SWAP CAMBIAL (TRADICIONAL)

→ Instrumento específico utilizado para reduzir a taxa de câmbio.

→ Swap = troca.

→ É muito eficiente desde que a alta da taxa de câmbio seja provocada por uma aceleração
da demandado, ou seja, o dólar estar alto não porque a oferta está se contraindo, mas sim,
pois, a demanda se expandiu demais. Isso não ocorreu por causa das empresas estarem
acelerando a remessa de dólar para suas matrizes ou as empresas estarem amortizando
empréstimos externos e pagando os juros ou as exportações terem se elevado - o swap
cambial não funciona nestas ocasiões. Ele se aplica quando a demanda se acelera por causa
dos agentes econômicos estarem fazendo Hedge.

→ Hedge, no mercado de câmbio significa proteção.


Exemplo: O mercado está se formando e a
tendência do dólar é ficar R$2,00. O Bacen
entende que está taxa está alta, o que dificulta o
pagamento de divida externa e eleva o custo de
insumos importados, causando inflação de
custo. Para baixar, poderia entrar no mercado
ofertando dólar, mas não faz isso para não
afetar as reservas cambiais. Assim, parte para
uma política cambial de desaceleração da
demanda, através de contratos de swap cambial
tradicional. Ocorre que o Bacen oferece , no
mercado de cambio, contratos de swap.

→ Se a aceleração da demanda é proveniente de “Hedge” a autoridade cambial pode


desacelerar a demanda através de contratos de Swap Cambial (Tradicional).

→ Os agentes econômicos estão com expectativas de que a taxa de câmbio vai subir muito no
futuro e assim antecipam a compra de dólares, seja porque tem amortização de empréstimo
externo para fazer no futuro ou pagamento de juro de empréstimo externo para fazer no
futuro ou porque vai importar bens no futuro, e quando forem fazer isso o dólar estará muito
mais caro do que hoje. Assim, o agente econômico entra no mercado cambial, demanda e
compra o dólar, para que não pague mais caro do dólar, como diz sua expectativa. Isso é
Hedge.
Exemplo de contrato de swap: com o dólar a R$2, US$1000 equivale a
R$2000. Há um agente econômico precisando US$1000. O Bacen oferece a
este um contrato de swap cambial no valor de R$2000 e garante que no dia
que vencer o contrato o Bacen paga ao agente a correção cambial sobre os
R$2000. Assim, se no dia que vencer o dólar ter aumentado em 10%, o
Bacen paga R$200, pois, neste dia os R$2000 mais R$200 equivalem à
US$1000 – o agente econômico está protegido. Em troca, o agente
econômico vai pagar uma taxa de juro sobre estes R$2000, pois ele não vai
entrar no mercado de câmbio demandando dólar, mas vai ficar com os
R$2000 na mão. Se o agente conclui que essa taxa de juros que ele for pagar
é bem menor do que a correção que ele vai receber, ele aceita o contrato.
Com isso, o Bacen desacelerou a demanda, tirando
o agente econômico que demandava dólar no
mercado cambial. Assim a taxa de câmbio cai para
R$1,50, preservando as reservas cambiais.
Funciona como se ele tivesse ofertado e vendido
dólares e jogado a taxa de câmbio para R$1,50,
mas não foi deste modo.

É uma política cambial eficiente, porém especifica,


pois só funciona quando a demanda do mercado
cambial está acelerando devido à agentes
econômicos fazendo Hedge. O Bacen que há Hedge
Operações de Swap Cambial (tradicional) quando coloca contratos no mercado de câmbio:
se tiver uma alta procura, significa que há o
→ Vantagem: Preserva as reservas cambiais. fenômeno.
→ Desvantagem: Representa uma dívida externa. Pois
Está pagando correção cambial. Se a correção cabial é mais alta do que a taxa de juros que o
agente econômico está pagando, o Bacen perde. O oposto ele ganha.

Swap Cambial Reverso

→ Instrumento específico utilizado para elevar a taxa de câmbio.

Exemplo: O mercado está se formando e a tendência do


dólar é ficar R$2,00. O Bacen considera uma taxa baixa,
prejudicando as exportações. Para elevar a taxa de
câmbio poderia entrar no mercado cambial
demandando dólar, mas o maleficio disso é que está
usando reais da reserva para pagar, ou seja, diminuindo
este, que representa um “colchão” de liquidez do país,
eu facilita o crédito do Brasil no exterior, as captações
externas de títulos pelo tesouro, diminuindo o risco do
país. Não querendo aumentar a liquidez da economia,
pagando em reais, para não causar um efeito
inflacionário, a autoridade cambial oferece o contrato de
swap reverso.

O contrato de swap reverso ocorre quando: o dólar está baixo, não porque a demanda se desacelerou, mas porque a
oferta se expandiu, acelerou. Isto, pois, não porque as exportações aumentaram ou porque os agentes econômicos estão
pedindo empréstimos no exterior ou porque está havendo entrada em investimento em carteira, mas sim, pois, os
bancos, que operam no mercado de câmbio, estão ofertando dólar, já que estão com reservas em dólar muito altas e
estão com expectativas desse dólar sofrer queda no futuro, com a entrada de investimento em carteira e aumento das
exportações. Com a expansão da oferta de dólar o preço/ taxa diminui. O Bacen poderia entrar demandando dólar para
elevar a taxa, mas nesse caso ele compraria dólares com reais, aumentando a liquidez da economia, e logo, inflacionar a
economia, o que ainda poderia elevar a taxa Selic. Assim, o Bacen entra no mercado oferecendo o contrato de swap
reverso, que é usando somente quando a aceleração da oferta é proveniente das expectativas dos bancos, que operam
no mercado de câmbio, de que a taxa de câmbio vai cair futuramente. No contrato, o Bacen paga uma taxa de juros e os
bancos pagam à autoridade a correção cambial. Se a correção cambial, que os bancos vão pagar, é menor que o juros, que
eles vão receber, esse contrato é atraente e compram o contrato. Assim, param de ofertar ao mercado, desacelerando a
oferta. E se o dólar cair aumenta ainda a rentabilidade do contrato.
→ Se a aceleração da oferta é proveniente da expectativa dos bancos de que a taxa de câmbio
vai cair no futuro.

É como se o Bacen tivesse demandado dólar, mas


não fez isto, mas sim emitiu contrato de swap
reverso, aumentando a taxa de câmbio

Operações de Swap Cambial Reverso

→ Vantagem: Evita o aumento da liquidez na economia.


→ Desvantagem: Representa uma dívida interna, pois o Bacen está pagando juros.

No Brasil, o swap cambial


tradicional funciona muito bem,
mas o swap cambial reverso não.

BALANÇO DE PAGAMENTOS - BRASIL BRASIL

1) TRANSAÇÕES CORRENTES CONTA CAPITAL – VARIAÇÃO PATRIMONIAL

A) BALANÇA COMERCIAL CONTA FINANCEIRA – INVESTIMENTOS

B) SERVIÇOS INVESTIMENTO DIRETO

C) RENDA PRIMÁRIA INVESTIMENTO EM CARTEIRA

D) RENDA SECUNDÁRIA EMPRÉSTIMOS

OUTROS

DERIVATIVOS

ATIVOS DE RESERVA
AULA 6

Conjuntura – Paulo Guedes e o dólar alto

O ministro da economia, Paulo Guedes, disse que o dólar alto é bom para o Brasil, pois facilita o
investimento no Brasil. Afirmou que, por causa da instabilidade política atual no país, o dólar está
subindo acima do valor real que deveria estar, e graças a isto o Brasil irá receber 500 bilhões de
dólares de investimento para os próximos anos.
Para quem tem dólar no exterior, de fato, o dólar alto é bom.

Convênio de Taubaté – 1906

→ Solução – que funciono – à crise da economia cafeeira.

→ No final do século XIX e começo do século XX, houve uma crise na economia cafeeira. O
foco gerador do PIB brasileiro estava na exportação líquida, no excedente gerado pelo
comércio exterior, e este excedente vinha da exportação de café. Porém, nesse período, a
oferta de café começou a ficar bem maior do que a demanda por café. O preço internacional
do café, em libras esterlinas, começou a cair, provocando a crise da economia cafeeira.
Isto, pois, o Brasil estava com uma produção e oferta do café muito grande no mercado
internacional. Diante da queda do preço do café, os produtores de café se reuniram para
discutir o assunto – este foi o Convênio de Taubaté, de 1906, patrocinado oficialmente pelos
estados exportadores de café, notadamente São Paulo, porém, extra oficialmente, quem
estava patrocinando era os barões do café.
Concluíram que, naquele momento, eram responsáveis por ¾, 75%, do café comercializado no
mercado internacional, detendo, assim, um semi-monopólio do café. Nisto, decidiram contrair
artificialmente está oferta no mercado internacional, para provocar a alta do café, em libras.
Assim foi feito: o Estado, o governo federal, compra o excedente do café. O presidente deste
tempo era Rodrigues Alves, que já estava em seu último ano. Este presidente era paulistano, o
que facilitou essa decisão.
O governo compraria esse excedente do café através de empréstimo externo. Pagaria esse
empréstimo com uma taxação especifica, não ad valorem, um imposto especifico baseado em
ouro, sobre a saca exportada.
Já que existe um excesso de oferta, devia-se limitar o plantio do café. Essa política de
limitação do plantio estaria a cargo dos governos estaduais.

→ Desse modo, a ideia inicial era de que o governo federal compraria este excedente. Porém,
a equipe econômica do governo Rodrigues Alves, chefiado pelo ministro Jardins, era contrário
a esta intervenção do Estado. A equipe era liberal. Diante disso, o governo de São Paulo que
compra o excedente.

→ Em março de 1906, há eleições a presidentes. Na convenção do partido republicano, que


era quem governava o país, na política do café com leite, escolhem um mineiro, Alfonso Pena,
que se comprometeu em assumir a responsabilidade pela compra do excedente de café. Este
ganha, tomando posse como presidente. Em 1908, o governo federal começa a comprar o
excedente.

→ Inicialmente, quando São Paulo que comprava excedente, este podia pedir empréstimos
externos e taxava a exportação de café. 1906 até 1908, os governos estaduais estão
cumprindo os três primeiros pontos do convenio, mas a partir de 1908 será o governo federal.

→ Não haveria uma contradição dos próprios barões do café patrocinarem esta convenção e
por uma taxação especifica a saca exportada, ou seja, sobre a própria atividade (que antes não
havia)? Não, na verdade eles foram perspicazes. Pois, a taxação proposta era especifica, e não
ad valorem (porcentagem sobre o preço do produto), sobre a saca exportada, não a produzida,
pois o excedente seria cobrado pelo governo federal. O objetivo do convenio é recuperar o
preço do café em libras, assim, essa taxação sobre a saca exportada seria regressiva, pois se o
preço sobe o imposto especifico tem uma incidência regressiva sobre o preço do produto.
Enquanto o convênio estiver funcionando, o preço da saca exportada sobe, o sendo especifico,
então a incidência será regressiva.

• Imposto específico (t) - Incidência regressiva sobre o preço do produto

Se o preço for de R$10,00 um imposto de R$1,00 representa 10%.

Se o preço sobe para R$20,00 um imposto de R$1,00 representa 5%.

→ Os três primeiro pontos funcionaram perfeitamente. Mas no quarto, na limitação do


plantio, fiaria a cargo dos governos estaduais. Quem na verdade, comanda a política dos
estados, são os barões do café. A rentabilidade do cafeicultor está assegurada, então pra que
limitar o plantio. Eis o primeiro problema. O plantio continua aumentando, sem limitações,
mas também sem demanda, o que não viam problema pois o Estado compraria o excedente
com o empréstimo externo. Este empréstimo era perfeitamente pago, amortizado, com a
receita proveniente do imposto sobre a saca exportada. Assim, não viam motivos para limitar
o plantio.

→ Desse modo o Estado vai acumulando estoque. O destino deste, pelo o que foi decidido no
convênio, será na sua utilização quando a demanda externa aumentar ou quando houver uma
quebra de safra no Brasil.

→ O primeiro problema que surge, para os cafeicultores, é a quebra da taxa de câmbio.


Naquela época o sistema cambial era flexível livre. Gráfico:
No mercado cambial há a oferta e a
demanda. Inicialmente o ponto de
Caixa de conversão equilíbrio é o ponto preto, determinando
uma taxa de câmbio TC2. Durante todo o
governos Alves, a oferta de libras se
expandia, enquanto a demanda por libras
se contraia. Isto, pois, em 1898, foi criada
funding loan, o empréstimo de
compensação – quando o país tem
problema para pagar a divida externa,
este discutia com os seus credores e
assinavam o funding loan, em que
determinava que os credores davam mais
empréstimos ao país devedor e uma
carência para eles pagarem a divida
Recebendo estes 10 milhões de libras, a oferta de libras se expande. Com o
externa. Decidiram que, o Brasil teria 13
acordo que só irá pagar a divida daqui 13 anos, quando o governo central
anos (até 1911) para voltar a amortizar a
pagava a divida anualmente, com o juros, ele tinha que ir no mercado de
divida, além de receber 10 milhões de
câmbio demandar libras. Após, quando ele não precisar amortizar a divida, a
libras para semear o seu balanço de
demanda por libras se contrai. Curva D1 passa para D0. Assim, o funding loan,
pagamento.
de 1898, expandiu a oferta de libras no mercado cambial brasileiro e
contraiu a demanda por libras, pois o governo não entra mais no mercado
cambial demandando libras para amortizar a divida externa – faz isto apenas
em 1911, de acordo com o funding loan. Além disso, a oferta se expandiu
mais ainda com a reforma do porto da cidade do rio de Janeiro.

No sistema flexível livre, sistema cambial deste período, com a oferta se expandindo e demanda se contraindo não haverá mais
o ponto de equilíbrio reto, mas sim o vermelho e a taxa de câmbio cai para TC1. Nisso, os exportadores de café perceberam
que se o preço do café sobe em libras no mercado internacional, na hora em que pegar estas libras e vi trocar em réis a taxa e
câmbio está caindo. Forçam o governo federal a resolver um problema. Há duas possibilidades: substituir o sistema flexível
livre para o administrado. Assim, a autoridade cambial, que na época era o Banco do Brasil, entraria no mercado de câmbio
demandando libras e revertendo a queda da libra, mantendo o valor da libra e aumentando a receita do cafeicultor. A outra
solução seria substituir o sistema flexível livre pelo fixo e o Banco do Brasil fixar a taxa de câmbio acima de TC1.
O governo federal adota nenhuma destas
soluções, pois implicam numa alta da taxa de
câmbio, isto para um país que importa
praticamente tudo que precisava de bens e
consumo e até de bens de capital, resultaria um
alto efeito inflacionário. A economia já se
encontrava inflacionária, por causa da política
de encilhamento do Ruy Barbosa. Com a
república, a classe urbana aumentou o seu
poder político. Esta população era a que mais
sofria com a alta da taxa de câmbio e da
inflação. Por isso o governo não escolheu as
duas possibilidades

O governo federal adota nenhuma destas soluções, pois implicam numa alta da taxa de câmbio, isto para um país que
importa praticamente tudo que precisava de bens e consumo e até de bens de capital, resultaria um alto efeito inflacionário.
A economia já se encontrava inflacionária, por causa da política de encilhamento do Ruy Barbosa. Com a república, a classe
urbana aumentou o seu poder político. Esta população era a que mais sofria com a alta da taxa de câmbio e da inflação. Por
isso o governo não escolheu as duas possibilidades. A taxa de câmbio continua a taxa de câmbio de mercado, mas irá criar no
Banco do Brasil a caixa de conversão. Este é uma conta no Banco que receberá mil-réis e vai garantir a quem quiser uma taxa
de câmbio mais alta do que a taxa de câmbio no mercado - vai bancar a libra a um valor mais alto em mil-réis. Isso interessa
aos exportadores de café: quando eles receberem suas libras não vão trocar pela taxa de mercado, mas sim por uma taxa
mais alta, beneficiando sua renda.
Isso gera algumas distorções, que devem ser cobertas pelo Banco do Brasil. Estas ocorriam devido que os grandes
importadores eram poderosos, financeiramente, e tinham acesso ao sistema financeiro internacional. Eles pegavam dinheiro
emprestado de bancos estrangeiros, entravam no Brasil e esse dinheiro era convertido pela taxa de câmbio da caixa de
conversão. Depois da conversão pegavam o dinheiro e compravam libras para importar bens, preferencialmente de
consumo, numa taxa mais baixa, e se apropriavam da diferença aumentando os seus lucros. O Banco do Brasil cobria isso
1ª GUERRA MUNDIAL

Quando se chega em 1910, a quantidade de


mil-réis que se colocou na caixa de
conversão se exaurível. Assim, o governo
decidiu extinguir a caixa. Porém, os
cafeicultores pressionavam, então governo
colocou mais dinheiro e a caixa continuou
funcionando.
Quando chega a primeira guerra, a
demanda por libras se acelerou, pois o
capital estrangeiro por causa da guerra,
acelerou remessa de lucro para as suas
matrizes inglesas – a guerra envolveu os
ingleses. Após, algumas empresas inglesas
Por outro lado, o mercado de café foi afetado pela guerra. A exportação
que operavam no Brasil fecharam, pois
de café diminuiu, contraindo a oferta. A expansão da demanda e
estavam com problemas na matriz na
contração da oferta elevaram a taxa de câmbio, para TC2, acima da taxa
Inglaterra, ou seja, aceleraram a repatriação
de câmbio da caixa de conversão. Assim dois pontos determinaram o fim
de capital e de remessa lucros, acelerando a
da caixa: não atendiam mais os interesses dos cafeicultores, agora que a
demanda por libra.
taxa de câmbio do mercado está mais alta, e os importadores de bens
correm para a caixa, pois está uma taxa mais baixa. Desse modo, perdeu a
razão de existência e foi exaurida. Volta-se ao sistema flexível livre.

Em 1926, aconteceu algo semelhando ao ocorrido em 1906. Os efeitos do terceiro plano de valorização da cafeicultura
aumentou bastante a expansão do café, gerando uma queda da taxa de câmbio e reclamações dos cafeicultores. Assim, se
estabelece a caixa de estabilização, em 1927, que é a mesma coisa que a caixa de conversão – taxa de mercado baixa e
estabelece uma taxa acima.
Em 1906, o problema era na oferta e seu
excesso. Agora era na demanda e sua falta.

A crise de 30 e a economia brasileira Moeda atrelada ao dólar. Com a crise de 30,


os nossos parceiros perderam renda, o
→ Os mecanismos de defesa
eficiente de importação, assim, a exportação
de café caiu abruptamente. Assim, a oferta
sofre uma grande contração enquanto a
1) A taxa de câmbio demandas se expande, elo mesmo motivo
que aconteceu na guerra, em 1930, as
empresas norte-americanas faliram, antes
de falirem aceleraram a remessa de lucro
proveniente do exterior. Quando faliram,
elas repatriam o capital estrangeiro aplicado
no Brasil, acelerando a demanda por dólar.
Desse modo, a taxa de câmbio dispara –
ainda no sistema flexível.
Contração da oferta de dólares e expansão
da demanda.

2) CNC e DNC

CNC (Conselho Nacional do Café) – 1931

DNC (Departamento Nacional do Café) – 1933

Em 1930, Vargas assume o poder, acabando com a política do café com leite. Com isso,
os barões do café perderam a sua hegemonia política, mas o café, como principal foco
gerador da renda, ainda tinha seu poder econômico. A crise golpeou a encomia do
café, pois mais da metade era exportado para os EUA. Para solucionar, o governo
Vargas implanta o Conselho Nacional do Café, que tinha representante do governo
federal e de todos os estados produtores de café, proporcionalmente. Este vai dobrar
comprar o excedente, como em 1906, com o Convênio de Taubaté.
A produção de café até 1930 cresceu muito, por que não foi implantado o quarto item
do convênio, que é a limitação do plantio, acumulando o estoque de café. O governo
não conseguiu vender esse estoque, já que não houve um aumento de demanda para
isto nem houve quebra de safra. O estoque só aumentava, equivalendo a 11% do
nosso PIB. Assim, uma das primeiras providencias do Conselho foi solucionar o
problema do estoque de café. Decidem continuar comprando café, para não falir a
economia de café. Mas isso aumentara o estoque. Nisso, o conselho decide destruir o
estoque queimando-o.
Como diria Furtado, a famosa pirâmide de renda que Keynes preconizaria mais
tarde: mantendo a atividade cafeeira funcionando gerando uma pirâmide de
renda.
Furtado dizia que “nós praticamos uma política fiscal anticíclica” – mais tarde
Keynes preconizaria isso. O Estado entrava comprando – gasto público.
Anticíclica, pois há um ciclo de quebra em que apolítica trabalhará para
recuperar a atividade econômica.
Segundo ponto do Conselho, devia-se limitar definitivamente no plantio do café. Aqui
erraram na representação dos estados produtores de café. São Paulo tinha maior
representação e seus conselheiros não concordaram com a ideia. Assim, é implantada
o Departamento Nacional do Café, que é um autarquia no Ministério da fazenda,
acabando praticamente com a representação dos Estados no Convênio. Agora é o
governo federal que vai decidir – lembre-se que era uma ditadura. O Departamento
mandou mapear as fazendas produtoras de café, estabelecer o número de pés de
cafés que cada fazenda poder ter, assim, quem tivesse a mais do determinado tinha
que erradicar o excesso e se plantasse a mais do determinado pagava imposto sobre
cada pé a mais plantado. O Departamento foi eficiente na vigilância, impondo limite a
plantação de café.

→ Em seguida começa a recuperação da economia. Em 1932, com o gasto do governo com a


compra do excedente, o PIB já tinha voltado ao PIB de 1929.

No PIB (Y), o principal foco de renda é a exportação liquida (X-M). Com a crise a exportação
liquida despenca, o governo então entra através do Conselho Nacional do Café comprando
excedente, o que não conseguia exportar - Gasto Público (G). O efeito do gasto púbico no PIB é
medida pelo multiplicador de despesa (a variação de renda provocada por uma variação no
gasto é igual ao multiplicador de despesa multiplicada pela variação do gasto). O nosso
multiplicador de despesa naquela época era muito grande e a propensão marginal a consumir
era de 90%. Assim, 1.000 réis gato em café representava 10.000 réis no PIB.

Furtado

→ Inicialmente os cafeicultores passaram também para o cultivo do algodão – por que o


Departamento Nacional do Café era muito eficiente e limitador no plantio de café. Escolheram
o algodão, pois, foi a commodity que teve a menor queda de preço na depressão
(permanecendo quase que estável), as terras eram próprias para o plantio e a técnica (técnica
do espaçamento) do plantio do café permitia o plantio do algodão.

evitava a propagação de praga


por causa do espaçamento
entre um pé e outro

→ Como a rentabilidade assegurada pelo Convênio de Taubaté era elevada, eles plantavam
algodão, mas a rentabilidade foi muito grande, não podiam mais plantar café e então os
cafeicultores passaram para o setor secundário tornando-se industriais. “Os interesses agora
entre agricultores e industriais não eram maus antagônicos”. Pois os próprios barões se
ornaram industriais. Com isso começa a aumentar o investimento planejado da economia
brasileira e multiplicado pelo multiplicador de despesa alto, aumenta-se a renda. Nisso,
começa o deslocamento do centro dinâmico da economia brasileira da agricultura / setor
primário para a indústria / setor secundário.

→ Resumindo a visão de Furtado: houve um aqueda na exportação liquida, o governo entra


comprando excedente, destrói o estoque e café, não permite a expansão do plantio, a variação
do gasto provoca uma grande variação de renda e se constrói a pirâmide de renda, que depois
vai propiciar o aumento do investimento. Esse gasto público, utilizado para a compra do
excedente, concluiu Furtado, foi financiado por emissão monetário.
AULA 7

Conjuntura – Boletim Focus

IPCA ficará em 10,12% em 2021 – lembrando que o teto da inflação é 5,25%. PIB aumentará em 4,98%,
porém com base fraca de 2020. Queda do PIB de 0,27% em 2022. Selic ficará em 9,25%.
Ontem (27/11/2021), o ministro Paulo Guedes, em uma entrevista ao Financial Times, falou que os
bancos no Brasil estão errados ou estão agindo politicamente contra o governo, pois não aceitaram a
eleições do presidente Bolsonaro em 2018 e querem interferir na eleição dele em 2022. Isto por que o
Itaú, JP Morgan, Bradesco, Santander e Boletim em foco prevê uma queda do PIB.

Conjuntura – Presidente da reserva federal dos EUA

Biden nomeou um presidente da reserva federal que não mudará a política monetária norte-americana.
Ele reduz a compra de títulos públicos e hipotecários gradativamente até meados do ano que vem
(2022). Provavelmente a taxa de juros ano que vem irá aumentar. Isso – títulos mais atraentes e taxa de
juros aumentando - significa que está havendo um enxugamento de liquidez nos EUA. Isso impacta no
mercado cambial brasileira: o fluxo de investimento em carteira deverá diminuir, pois sairá o
investimento do Brasil para voltar a aplicar em títulos dos EUA. Assim, o dólar deverá se manter em alta
no que vem.

Conjuntura – preço do petróleo

Parece que haverá um alívio no preço do petróleo, pois a China, EUA, Inglaterra, Japão, Índia e Coreia do
Sul resolverão liberar as suas reservas estratégicas de petróleo para conter a alta do preço de petróleo.
Isso para o Brasil é ótimo, pois o preço dos combustíveis são ajustados pelo preço do petróleo no
mercado internacional e pela taxa de câmbio – esta não tem previsão de cair. Assim subirá menos o
preço no Brasil – possível estabilização - e aliviará mesmo que pouco a inflação.

Conjuntura – Auxilio familiar nos EUA

Biden aprova segunda parte do pacote de gastos públicos na área social e ambiental, de um trilhão e
setecentos dólares. Terá um auxilio de licença familiar pago pelo governo de quatro semanas para
cumprir o auxilio de natalidade e cuidado com idosos. Semelhança com o New Deal, de Roosevelt.
Pelaez

→ Para Pelaez, de fato o foco gerador de renda era a exportação líquida, que com a crise esta
cai. O governo entrou gastando através CNC e do DNC, mapeou as fazendas, limitou a plantio e
começou uma construção de uma vigorosa construção de pirâmide de renda, baseada no fato
de que a variação da renda é igual ao multiplicador de despesa multiplicado pela variação do
gasto, e o multiplicador deste período chegava a 10. Assim, começa a recuperação da
economia brasileira, porém é prejudicada pelo financiamento do gasto. Furtado diz que o
gasto foi financiado por emissão monetária, já para Pelaez analisando os balancetes do Banco
do Brasil – autoridade monetária – não se percebe uma emissão monetária volumosa o
suficiente para comprar o excedente do café, para bancar este gasto do governo. Todos os
autores passam a concordar com ele. Para Pelaez esse gasto foi financiado pelo aumento da
taxação sobre a saca exportada, aquela taxação que foi implantada em 1906 pelo Convênio de
Taubaté. Aumentando este imposto especifico justamente para financiar esse gasto público,
que é a compra do excedente do café. Desse modo, se matou os extratos superiores da
pirâmide, pois quando se aumenta os impostos a variação do imposto multiplicado pelo
multiplicador tributário para a variação de renda. A variação de renda provocada pelo
aumento do imposto especifica de toda saca exportada provoca um efeito negativo sobre a
renda, variação de renda negativa. Como o impacto do gasto é maior do que o impacto do
imposto, ocorre que o aumento do imposto destruiu os extratos superiores da pirâmide. Então
há variação positiva de um lado, mas há variação negativa do outro. Pelaez afirma que esta
variação de renda não foi tão grande quanto Furtado falou – não recuperou de fato a
economia brasileira.

→ Todavia, se analisar o PIB do Brasil em 1932, ele já era igual ao PIB do Brasil antes da crise
de 1929 começar, assim, como nos recuperamos? Pelaez diz que nos recuperamos através da
pirâmide de renda, que mais tarde Keynes preconizaria, mas essa pirâmide não foi construída
totalmente pelo gasto público. O gasto públicos aumentam, construindo os primeiros estratos
da pirâmide – há uma pequena variação na renda, que não recupera totalmente o PIB - , os
outros estratos foram construídos pelo aumento do investimento autônomo, recuperando o
PIB. Este investimento não foi provocado pelos barões de café, pois a rentabilidade deles não
foi tão grande quanto se acreditava. Quem recuperou a economia e deslocou o centro
dinâmico fora os industriais que já operavam no Brasil, já tinham investimentos no Brasil, e
que se beneficiariam da alta da taxa de câmbio provocada pela crise de 1930 – em que a taxa
de câmbio subiu devido, pelo sistema flexível, a demanda de acelera por causa da aceleração
de remessa de lucro e repatriação de capital, a oferta se contrai por causa da queda das
exportações de café e os industriais já operavam no Brasil se beneficiando dessa situação.
Esses que tinham maquinas ociosas botavam para produzir, por que o produto importado
ficou caro com a alta da taxa de câmbio. Desse modo, tiveram grande rentabilidade e
começaram a ampliar as suas empresas assim como partiram para outros ramos.
→ Os barões não possuíram uma rentabilidade significativa para participar em peso desse
processo de deslocamento para a indústria, pois, segundo Pelaez, eles foram prejudicados por
suas espécies de taxações:

• Taxação explícita: imposto cobrado sobre a saca de café exportadora. Passaram a


pagar mais imposto pela saca que exportava, diminuindo a rentabilidade.

• Taxação implícita: em algumas ocasiões, o preço pago pelo DNC era inferior ao custo
de produção da saca.

Resumidamente Furtado argumenta que quem recuperou a economia brasileira foi o gasto
público e depois os cafeicultores, com rentabilidade assegurada, não só começaram a plantar
algodão, como também partiram para a indústria e na nisso deslocaram o centro dinâmico. Já
para Pelaez, quem recuperou a economia brasileira foi o investimento autônomo e os
industriais, que já operavam no setor indústria que se beneficiavam da alta da taxa de câmbio,
com rentabilidade maior e também adquirindo condições para partir para outros seguimentos
dentro do setor indústria, assim houve um deslocamento do centro dinâmico da economia.
Este ultimo vai na contramão do que Keynes afirmou, de que a economia deveria se recuperar
de uma crise através do déficit público.
Fishlow

→ Fishlow vai contra Pelaez, conciliando Furtado e Pelaez. Pra ele de fato quem financiou o
gasto da compra de café foi o aumento d taxação, da tributação. Assim, estaria errado Furtado
afirmar que todo o gasto foi financiado pela emissão monetária. Porém, Pelaez erra em
afirmar que os cafeicultores não fora capazes de deslocar o centro dinâmico, eles assim
fizeram. Fishlow recorre a um argumento da microeconomia que é a analise da incidência
tributaria sobre um determinado mercado.
O mercado está em equilíbrio com a demanda e
oferta preta. O governo impõe uma taxação, t. a
curva de oferta está na fronteira que mostra os
preços máximos que os produtores exigem ara
ofertar o seu produto – assim, para ofertar Q2 o
preço máximo que o produtor exige no mercado
é P2. Com o imposto t, o produtor para ofertar
Q2 exigirá o preço P2 + t. P2 gera uma fronteira,
o seu preço máximo. Quando chega em P2 + t, a
oferta (vermelho) será superior a demanda
(preto), assim, há excedente do produto no
mercado e o preço começa a cair, não efetivando
o preço P2 + t. Este cai até P3, que é o ponto de
equilíbrio, onde demanda é igual a oferta, este
preço se efetiva.

Analisando a incidência tributária: o consumidor


anteriormente, no ponto de equilíbrio preto,
comprava o produto a preço de P2. Agora no
ponto de equilíbrio azul compra a P3. Essa alta
de preço, o segmento verde, é a parte o imposto
que incide sobre o consumidor. O segmento rosa
De acordo com a microeconomia, quem tiver a maior elasticidade o é a parte do imposto a ser absorvida pelo
imposto sobre ele incide menos, quem tiver maior inelasticidade o produtor.
imposto sobre ele incide mais. Depende da elasticidade de oferta e Fishlow pega essa análise tributária de um ponto
demanda. Se a demanda for menos elástica que a oferta é o especifico, e colocou o mercado mundial de café,
consumidor que vai sofrer mais, o oposto o produto. analisando a participação do Brasil.

Fishlow empega isso no mercado mundial de café, analisando a participação do Brasil: supondo que x seja, mercado de
café, equilibrada no ponto preto, quem representa a oferta de café é o Brasil (O1 / preto), essa oferta é bastante elástica –
bastante terras e facilidade para produzir. Por outro lado tem a demanda por café, a maioria os EUA (D1 / preto). A
demanda por café nos EUA é inelástico, pois os fatores que afetam a elasticidade preço da demanda são os substitutos, a
taxa da renda gasta com o bem e a necessidade do bem, o café não tem bons substitutos, a parte da renda gasta com café
é baixa. Agora o governo amenta a taxação sobre a saca exportada. Assim, os produtores tentam cobrar P2 + t, fazendo
com que a demanda
Processosupere a oferta, havendo
de Substituição um excedente
de Importações (PSI):(vermelho). Dessedemodo
É um processo o preço começa
desenvolvimento queatem
cair, mas como a
demanda é muitoinicioinelastica
com um oestrangulamento
preço cai muitoexterno
pouco. eAssim estabelece
provoca aumento o preço P3, e oe ponto
da produção de equilíbrio
mudanças na azul. O
consumidor retirava o café do mercado
estrutura produtiva. a preço P2, agora ele paga P3, toda a diferença (verde) entre ambos é a parte do
imposto que incide sobre o consumidor, neste merceado no caso, são os EUA. A outra parte (rosa) é a parte que será
absorvida pelo produtor, os cafeicultores brasileiros. Com esse argumento, Fishlow comprova que quando se taxou a saca
exportada do café, a maior incidência dobre essa taxação caiu sobre o consumidor americano, e a parte que foi absolvida
pelo produtor foi muito pequena.
Fishlow argumenta então que é correto afirmar, como Pelaez afirmou, que o gasto publico
para compra de café foi financiado pela taxação, e não por emissão. Porém, é incorreto
afirmar que não foi o cafeicultor que deslocou o centro dinâmico, pois essa taxação explicita
foi absorvida pelo consumidor norte-americano, não pelo produtor brasileiro. Assim, os
cafeicultores tiveram rentabilidade suficiente, assegurada, para emergir na indústria.

AULA 8

Maria da Conceição Tavares diz que o deslocamento do centro dinâmico da economia do setor
agropecuário para a indústria, foi um processo de substituição de importações, um processo
de desenvolvimento, que tem inicio com um estrangulamento externo e provoca aumento /
expansão da produção e mudança na estrutura produtiva; quando este último ocorre o
sistema está de fato se desenvolvendo.

Estrangulamento externo

→ O estrangulamento externo foi a alta da taxa de câmbio. Com a crise de 1930, no mercado
cambial brasileiro, que já estava ligada ao dólar, ocorre um amento pela demanda de dólar,
por causa da aceleração da remessa de lucro e da repatriação do capital estrangeiro, e a
contração da oferta de dólar por causa da queda bruta das exortações de café, notadamente a
exportação para os EUA, por que o PIB norte-americano caiu um terço. Com isso há o
estrangulamento da economia brasileira, pois exportávamos muitos bens de consumo e bens
de capital. O coeficiente de importação cai, as importações diminuem, e com isso começa o
processo de substituição da importação.
Análise da Maria da Conceição Tavares do Processo de Substituição de Importação

→ A economista analisa através de três fases:

1ª fase) Aumento da produção utilizando a ociosidade e sobreutilizando o estoque de


capital. Subiu a taxa de câmbio, elevando o preço dos produtos importados; agora as
empresas que tem máquinas ociosas e condições de sobreutilizar o estoque de capital,
começa a produzir mais. Essa fase, que ocorre de imediato dentro do chamado
industrialização espontânea, é uma fase de baixo dinamismo, pois cresce muito pouco
emprego e não há investimento – já que está usando a maquina parara e
sobreutilizando a já existente -, mas há um aumento na contratação de mão de obra,
de renda e de demanda, apesar do baixo dinamismo.

2ª fase) Aumento da produção em segmentos que não exigem importações – como de


maquinas, equipamentos, insumos e tecnologia. Fase sem alto dinamismo, mas mais
dinâmica do que a primeira.

→ Industrialização espontânea: essas duas fases do processo de substituição


de importação, quem vem de imediato após o estrangulamento externo, de
baixo dinamismo, mas com aumento no nível de emprego, renda e demanda,
são chamadas de industrialização espontânea. Já implantadas na década de
1930.

3ª fase) Aumento da produção nos segmentos que exigem importações. Implantar a


industrias de ponta, onde precisa de importação de maquinas, equipamentos,
tecnologia e insumos,. Fase mais dinâmica, que de fato consolida o desenvolvimento
econômico. Foi a fase mais difícil, pois exige tais importações e estas importações
estão caras, devido a alta da taxa de câmbio. O Brasil entra nesta fase depois da
guerra, em 1947. Entramos timidamente nesta fase na década de 1930, pois a crise de
30 provocou o fechamento de fábricas na Europa e, principalmente, nos EUA. Estas
fábricas que fecharam lideraram equipamentos e maquinas de segunda mão a preços
muito baixos. Então, apesar da alta do câmbio, maquinas e equipamentos de segunda
mão tiveram uma queda nos preços maior do que a alta na taxa de câmbio –
compensou a importação desses produtos. Entra de fato na fase apenas em 1947.

→ Industrialização dinâmica

Taxa fina

→ 1937: Em 1937, diante de uma alta escassez de divisas no mercado cambial, o Banco do
Brasil – autoridade monetária normativa e executora - resolve adotar o sistema fixo – antes
era flexível. Definem o câmbio abaixo do real, sobreutilizando o mil-réis – até 1942 esta era a
moeda brasileira -, criando um déficit na balança de pagamentos, na balança comercial, e este
déficit era perfeitamente coberta pelo Banco do Brasil. Fixava-se sempre a baixo do valor real,
pois se fixassem muito perto ou acima do valor real iria encarecer as importações, e o Brasil
esta passando pelo processo de substituição de importações – o contrário poderia inflacionar
mais a economia.

→ 1939: Inicio da guerra. A taxa de câmbio está fixada abaixo do valor real, gerando um
déficit, que era coberta pela autoridade cambial. Oferta preta e demanda preta, com ponto de
equilíbrio no valor real 1. A demanda pela quantidade de dólares supera a oferta, gerando um
déficit na balança comercial, perfeitamente coberta pela autoridade cambial. Essa era a
situação do mercado cambial quando começa a segunda guerra mundial. Antes mesmo dos
EUA, entrarem na guerra, eles já eram aliados à Inglaterra, fornecendo material bélico.
Prevendo a sua entrada na guerra, há uma aceleração da produção norte-americana no
mercado bélico. O efeito disso no comércio internacional para o Brasil e o efeito no mercado
cambial brasileiro é que durante a guerra nossas exportações sobem aceleradamente, tanto de
café quanto de cacau – chocolate faz parte da ração dos soldados. Assim, a oferta de dólares
no mercado cambial se expande, saindo da oferta preta e indo para a oferta azul. O PIB se
eleva, o coeficiente de exortações aumenta, mas as importações caem, pois, quem mais nos
abasteciam de bens de consumo e insumos eram os EUA. As fábricas dos EUA estavam
concentrando sua capacidade produtiva para produzir material bélico. Por causa de problemas
de fornecimentos e de transportes as importações brasileiras caem bruscamente, o que gera a
contração da demanda por dólar. Já que os produtos de interesse para importação não estão
sendo fabricados, então não teria motivo ara o brasileiro comprar dólar para importar um
produto inexistente.
Desse modo, o Brasil entra na guerra com déficit, taxa de câmbio a baixo do valor real, com
uma sobrevalorização da moeda brasileira, com déficit coberto pelo Banco do brasil. Durante a
guerra as exportações crescem, principalmente de café e cacau, e as importações caem, pelos
problemas de fornecimento. A taxa de câmbio é fixa, permanecendo a e mesma. O Banco do
Brasil foi pressionada pelos industriais para que não abaixassem o câmbio para não prejudicar
a indústria brasileira. Acreditavam que estes problemas se resolveriam logo, e assim que
estivesse normalizado a taxa de câmbio baixa prejudicaria a indústria. O Brasil permaneceu
sem alterar a taxa de câmbio durante toda a guerra.
O efeito da expansão da oferta e contração da demanda: deixou de existir a oferta e demanda
preta, além do valor real 1 de o valor real caiu para o nível 0. O valor real do dólar ficou abaixo
da taxa de câmbio. A taxa está subvalorizando o mil-réis. Entrou-se na guerra com a moeda
sobrevalorizada, gerando um déficit na balança comercial. Durante a guerra a moeda vai se
desvalorizando, subvalorizando a moeda interna. Isto gera um superávit na balança comercial.
A oferta agora no ponto azul e a demanda no ponto vermelho, e a diferença de ambos é o
superávit. Esta foi a tendência durante toda a guerra.
Em 1945, com o fim da guerra, o Brasil está
com um superávit altíssimo. O efeito disso é
o aumento das reservas internacionais e a
liquidez da economia brasileira, aumentando
a demanda agregada, todavia não há
aumento proporcional na oferta agregada de
bens e serviços, pois era necessário importar
equipamentos e insumos, mas não havia
como. Com isso ocorre a inflação de
demanda.

1946 – Governo Dutra – Constituição de 1946

→ A nova constituição de 1946 adota os paradigmas do liberalismo econômico, influenciada


pela Conferência de Bretton Woods, onde se decidiu que o padrão ouro seria a ordem
econômica mundial no pós-guerra, o dólar faria a conversão e três instituições, como o FMI e
OIC, garantiriam a liberdade no comércio internacional. Assim, não se adotam protecionismo,
pois o FMI emprestaria dinheiro para se reconstruírem da destruição da guerra – amortizar
divida externas - e para se desenvolver. A OIC, Organização Internacional do Comércio, vai
assegurar que os países estão de fato adotando medidas multilaterais no comercio
internacional. Isto influencia os constituintes que fizeram a constituição de 1946, baseando a
ordem social e econômica pelo liberalismo.

→ Dutra, apesar de ter sido o ministro da guerra de Vargas e um dos chefes da ditadura
varguista, será um dos presidentes mais democráticos, a partir de 1946, respeitando fielmente
a constituição.

O Brasil sai da guerra ávido por importação. Os EUA


voltam a produzir bens de consumo e insumos. Os
empresários brasileiros começam a comprar
máquinas, acelerando as importações, aumentando a
demanda por dólar. A taxa de câmbio permanece
fixa. Quanto maior a demanda menor o superávit:
com a demanda da preta, há o superávit 1; com a
demanda vermelha, há o superávit 2. A demanda vai
reduzindo o superávit até que um dia acabe com ele.
Porém, a demanda continua se expandindo, gerando
agora um déficit.
No inicio esse déficit não amedrontava, pois
tínhamos reservas cambiais acumuladas
durante a guerra – usa-se essas reservas para
cobrir o déficit.
No segundo semestre de 1947, a demanda
havia se expandindo tanto, o valor real estava
tão alto, a sobrevalorização do cruzeiro estava
tão grande, assim como o déficit, que não havia
mais como reservas suficientes para cobrir.

Uma das soluções foi abandonar o sistema fixo e adotar o sistema flutuante. No momento em
que isso acontecer, se a demanda é maior que a oferta, a taxa de câmbio sobre e chega ao
valor real, obtendo o equilíbrio do balanço de pagamento. Assim, o Brasil não teria mais
problemas de cobrir o déficit. Uma segunda opção era não sair do sistema fixo, mas como o
déficit não conseguia ser coberto devia-se reavaliar a taxa de câmbio, desvalorizando o
cruzeiro. Aumentar a taxa de câmbio, até que possamos chegar a um déficit onde o Banco do
Brasil conseguiria cobrir.
Ambas as soluções implicam na alta da taxa de câmbio. Desvalorizando a taxa de câmbio,
aumentando a taxa de câmbio, irá gerar mais inflação - Brasil ainda importa bens de consumo.
A economia já estava inflacionada devido aos efeitos da guerra. Para não inflacionar mais a
economia, é decidido que a taxa de câmbio continua com o valor fixado em 1939.
Para diminuir o déficit observam que a demanda se expandiu abruptamente – a inflação não
foi devido a uma queda na oferta -, por causa do déficit d balança comercial, da importação e
exportação de bens. As exportações tinham aumentando, então os problemas estavam nas
importações. As importações haviam crescido demais no pós-guerra. O Brasil importava bens
de consumo e bens de capital, a aceleração maior, concluem, que aconteceu nos bens de
consumo. Assim, chegam na solução de que devia-se limitar as importações de bens de
consumo, para desacelerar a demanda. Essa limitação foi dada através do chamado Controle
Seletivo do Câmbio, para diminuir as importações classificadas como não essenciais. As
essenciais eram os bens intermediários, bens de capital e que não tem similar nacional serão
beneficiadas. Estas eram negociadas a dólar em 18 cruzeiros e cinquenta centavos,
extremamente baixo, com uma sobrevalorização do cruzeiro, bem abaixo do valor real. Aqui
foi a entrada definitiva na terceira fase do processo de substituição de importação. Já as
importações de bens de consumo com similar nacional, não essenciais, terão dólar custando o
valor leiloado depois que as importações essenciais forem supridas; satisfeita a quantidade de
dólar para as importações essenciais, o que sobrava ia para leilão para as não essenciais, quem
pagasse mais levava. Isso deixava o dólar alto para essas importações não essenciais,
reduzindo suas importações e o déficit da balança comercial. Desse jeito, se contraiu as
importações chegando a um déficit que podia-se cobrir, resolvendo o problema do balanço
de pagamento e entrando na terceira fase do processo, mais dinâmico, e que de fato traz o
desenvolvimento industrial, pois, segundo Maria da Conceição, elevou-se artificialmente a
eficácia marginal do capital. Esta foi uma política de comércio exterior.

Controle seletivo do câmbio (1947) -


Importações
→ Essenciais: Bi, Bk e sem similar nacional.
→ Não essenciais: Bc e similar nacional.
AULA 9

Conjuntura – Boletim Focus

Previsão da inflação para este ano (2021) de 10,15%, quase o dobro do teto da meta, que é de 5,25%. O PIB
deverá crescer 4,78% e a Selic deve chegar a 9,25%. A Selic atualmente está em 7,75%, com mais uma reunião
no final do ano da COPOM, com expectativa do mercado de alta de 1,25%, assim. Para ano que vem (2022) o
Boletim prevê um IPCA de 5%, que já é o teto, já que a meta é 3,5%. A previsão é que o PIB cresça em 0,6% e a
Selic vai ficar em 11,25%.

Conjuntura – Mercado de trabalho de 2020

Mais uma vez foi feita uma revisão dos dados do mercado de trabalho de 2020. Em vez de ter criado 76 mil
vagas de trabalho, houve na verdade um corte de 191 mil vagas.

Maria da Conceição Tavares e a terceira fase do PSI

Com o Controle Seletivo do Câmbio, “... se elevou artificialmente a eficácia marginal do capital
– taxa de rentabilidade dos projetos de investimento - , permitindo assim a entrada na 3ª fase
do Processo de Substituição de Importação”.

A eficiência marginal do capital é calculada como: o valor do bem de capital ou preço


de oferta, é iguala à renda liquida que se espera obter dele divido por um mais a
eficácia marginal do capital.

Como dólar barato, se barateou o preço dessas máquinas importadas, a renda liquida
permanece a mesma e então se eleva a eficácia marginal do capital. Quando a máquina fica
mais barata a rentabilidade se eleva, pois quanto mais barata a máquina, mantida a renda
liquida que se espera obter dela, é por que a rentabilidade é cada vez maior. Por isso que a
eficácia marginal se elevou quando artificialmente se barateou o preço de oferta, de bens de
capital, de projetos de bens de investimento que usavam esses bens importados. Entra-se,
assim, na terceira fase, da industrialização dinâmica.

Instrução 70/53 da SUMOC – Superintendência da moeda e do crédito

→ Tudo funciona perfeitamente até que em 1950 ocorre a guerra da Coréia, até 1953. Os EUA
querem impedir que a Coreia do Norte invada a Coréia do Sul. Fim da guerra a Coréia se liberta
do Japão e é dividia em duas. A do Norte se torna comunista, a do Sul se torna capitalista. Em
1950, a Coréia do Norte, insuflada pela Rússia e pela China, resolve invadir a Coréia do Sul.
Consegue chegar até Seul. Os EUA, assim, resolvem enviar tropas, “fingindo” ser á ONU. A
ONU, de fato, então resolve pedir a aliados mandarem tropas para ajudarem os EUA.

→ Com todo esse cenário, de conflitos cada vez maiores, gerou expectativas de que a terceira
guerra mundial ocorreria.

→ O efeito econômico no Brasil: os empresários indústrias, na segunda guerra, tiveram lucro


assegurado, condições de comprar equipamentos e máquinas, mas não tinham onde comprar
estas máquinas, pois os EUA, no seu esforço bélico, não produziam máquinas e equipamentos
suficientes para serem importados pelos industriais brasileiros. Estes então compravam
certificados de câmbio, ou seja, tinham dólares na mão, mas não onde usar, importar, escassez
de fornecimento. Com a expectativa da terceira guerra imaginaram que ocorreria o mesmo.
Assim, decidem importar tudo de uma vez aquilo que precisam e aquilo que planejam para o
futuro. Como eram máquinas e equipamentos, ou seja, produtos essenciais, o dólar estava
barato, fornecendo o dólar a 18,50 cruzeiros facilitando as importações de capital e de
intermediários. A demanda por dólar se acelera, surgindo um déficit da balança comercial.
Decidem não reavaliar a taxa de câmbio, pois iria inflacionar, nem também deixar o dólar
flutuar. Decidem aperfeiçoar o controle seletivo do câmbio.

→ Em 1953, a SUMOC (Superintendência da moeda e do crédito) era a autoridade monetária e


cambial normativa – legislava sobre todo sistema financeiro brasileiro. O Banco do Brasil
executava suas normas. O ato normativo que normatizava o sistema era chamado de
instrução. Essa instrução era um ato normativo através do qual a SUMOC legislava sobre todo
o sistema financeiro. Essa instrução era encaminhada ao banco do Brasil, e este o executava. A
instrução foi de que o controle seletivo do câmbio deveria ser aperfeiçoado e o
impulcionamento do desenvolvimento industrial. Esta foi a instrução 70/53. Esta instrução vai
implantar um sistema de ágios e bonificações. Cinco faixas de ágios para as importações e
quatro faixas de bonificações para as exportações. A taxa de câmbio continua fixa para o
patamar de 1939 (18,50 cruzeiro). Então existe a taxa oficial de câmbio e cinco categorias de
ágios para importações e quatro categorias de bonificações para exportações. Mais uma vez
(Caixa de Conversão, em 1906, e Caixa de Estabilização, em 1927) volta-se para o sistema
múltiplo de câmbio, porém agora com dez taxas de câmbio – as anteriores foram duas taxas, a
determinada pelo mercado e a das caixas -: a oficial – taxa fixada - , as cinco categorias de
ágios para importações e quatro categorias de bonificações para exportações.

→ Os valores dos ágios e das bonificações ficaram a cargo da Carteira de Comércio Exterior
(CACEX), criada pelo Banco do Brasil, que vai operacionalizar o sistema de ágios e bonificações.

→ As classificações por categorias serão determinadas pela SUMOC, através de instrução. A


SUMOC coloca, por exemplo, um bem não essencial com semelhantes nacionais na quinta
categoria. Já um bem essencial, como máquinas equipamentos, bens de capital sem similar
nacional, esse fica na taxa principal. Havendo escassez de divisa no mercado de câmbio, a
SUMOC pode reclassificar esse bem. Por exemplo, uma máquina, bem de capital essencial,
sem similar nacional, se houver divisa suficiente para o mercado de câmbio cai para a terceira
categoria, diminuindo a demanda por esta máquina.
→ O sistema de ágios e bonificações, assim, tornou mais ágio o controle seletivo do câmbio,
que antes não havia esta agilidade. Antes para comprar máquina era tudo pela taxa oficial.
Agora dependendo da escassez ou não de divisas, as importações serão classificadas por
categorias. Ou seja, o critério da SUMOC era a necessidade do bem e a escassez e abundancia
de divisa no mercado de câmbio. Normalmente os bens de menor necessidade eram
classificados nas categorias mais altas, e dependendo da escassez de divida todos os bens iam
para as categorias mais altas, através de instrução da SUMOC. Havendo mudança de divisas, os
bens desciam de categoria, em alguns momentos chegando a taxa oficial.

→ Para as exportações, existiam quatro categorias de bonificações. O exportador que estava


na taxa oficial, recebia 18 cruzeiros e cinquenta centavos por cada dólar que exportava. Mas se
o exportador estivesse na quarta categoria, ele recebia 18 cruzeiros e cinquenta centavos
acrescidos de uma bonificação, de 6 cruzeiros, por exemplo, recebendo no total 24 cruzeiros e
cinquenta centavos. A classificação era feita através da tradicionalidade das exportações:
quanto mais tradicional a exportação, o bem fica na taxa oficial ou nas baixas categorias, como
cacau e café. Estes não precisam ser estimuladas, pois há mercado. Já a exportação de bens
industrializados precisam ser estimulados, para avançar a industrialização no Brasil. Então
produtos manufaturados entravam na quarta categoria, recebendo uma bonificação. Assim, o
produto fica mais barato lá fora e exporta mais.

→ Para administrar esse sistema o Banco do Brasil cria uma conta de ágios e bonificações, e,
que administra a instrução 70/53. O ágios, como aquilo que se recebe sobre a taxa oficial dos
importadores, representarão receitas. Já as bonificações, que são aquilo que paga para o
exportador sobre a taxa oficial, representarão despesas. A conta é no formato T – débito
(bonificações - receitas) e crédito (ágios - despesas). Se os créditos superam os débitos ocorre
um superávit, que será apropriado pelo Estado. Quando os ágios, as receitas que vem pros
ágios, superam as despesas geradas pelas bonificações, o superávit da conta ágio e
bonificações é apropriado pelo governo. Assim a instrução 70/53, serviu também de
instrumento de capitação de recurso para o Estado. Ou seja, a instrução tem três pontos:
controla a balança comercial, beneficia a indústria – barrando a importação de certos
produtos, colocando em categorias mais altas, e estimulando a exportação do que é
manufaturado, pela bonificação – e é instrumento capitação de recurso pelo estado – o
governo pode aumentar cada vez mais os ágios, diminuir ou manter estáveis as bonificações,
fazendo com que as receitas superem as despesas, e o superávit gerado pertencerá ao
governo.

→ A instrução 70/53 foi criada para resolver o déficit da balança comercial, devido a guerra da
Coréia, aperfeiçoando o controle seletivo através da manipulação dos ágios e bonificações.
Também funcionou como política industrial, já que barateava as maquinas, os classificando
nas categorias mais próximas das taxa oficial, as menores categorias, e colocando os produtos
manufaturados importados nas maiores categorias, beneficiando a importação de máquinas e
equipamentos. Nas bonificações, colocando as exportações de manufaturados na ultima
bonificação, com dólar mais caro para essa exportação, barateando o produto lá fora e
aumentando as exportações de manufaturado. Assim, a segunda consequência da instrução foi
como política industrial. A terceira consequência ou objetivo foi que a instrução gerou um
instrumento de captação de recurso por parte do governo. Na conta ágio e bonificações, os
ágios, cobrado dos importadores, são receitas, já as bonificações, concedida aos exportadores,
são despesas. Se na conta as receitas superarem as despesas, o superávit dessa conta é
apropriada pelo Banco do Brasil, pelo governo.

→ Esse sistema tinham dois grandes opositores. Primeiro, internamente, os cafeicultores, que
reclamavam de que eles sofriam um confisco cambial. Pois a exortação de café era classificada
na primeira categoria de bonificação. Os exportadores de produtos manufaturados entravam
nas categorias mais altas, recebendo por cada dólar exportado 18,50 cruzeiros por dólar mais a
bonificação, sendo essa bonificação maior do que a do cafeicultor. A diferença do que ambos
ganhavam era o confisco cambial em cima do exportados de café. Outro opositor, dessa vez
externo, foi o Fundo Monetário Internacional (FMI), pois ele, como “templo” do liberalismo
econômico, diz esse sistema ser discriminatório com os bens de consumo e bens supérfluos, e
favorece a exportação de semimanufaturados e manufaturados. Nesse período, quem era o
grande produtor de bens de consumo e bens supérfluos eram os EUA. Assim, esse sistema
barrava as exportações americanas. Por outro lado, ao beneficiar as manufaturas, estimulava
artificialmente a exportação de manufatura, prejudicando os interesses norte-americanos.
Segundo o professor, dizer que de fato prejudicava a importação de bens de consumo e as
exportações americanas é correto, já dizer que Brasil ao estimular as exportações de
manufaturados e semimanufaturados prejudicava o comércio norte-americano é errado (mas
teoricamente sim). Não tínhamos manufaturados para exportar – tanto que era estímulo.

→ O FMI em negocações com Brasil sempre exigia o fim desse sistema. Quando chega em
1961, no governo Jânio Quadros, foi justamente por causa do FMI que o então ministro da
fazenda revogou a instrução 70/53, por que ele precisava renegociar e obter novos créditos
com o FMI.
AULA 10

Conjuntura...

Maria Tavares: Processo de Substituição de Importação – Condicionantes internos

→ Maria da Conceição Tavares observa que no PSI no houve condicionantes internos que
prejudicaram esse processo:

• Dimensão e estrutura do mercado interno: nos industrializamos, substituímos


bastante as importações, mas o mercado no Brasil foi pequeno para absorver a
produção e continuar impulsionando a substituição de importação. A estrutura do
mercado também prejudicou, pois vários segmentos do mercado se transformaram
em oligopólios, o que atrapalhou este condicionante. Uma solução para isso, segundo
Tavares, é uma integração regional, na América Latina. Tem o Mercosul, porém com
poucos integrantes e não funciona devido as diferentes ideologias dos governos, que
não são superadas para levar em consideração a integração.

• Natureza da tecnologia: quando passamos a nos industrializar, passando


principalmente pelo plano de metas do JK, o Brasil passa a utilizar uma tecnologia
poupadora de trabalho e intensiva em capital, o que não é bom para países
desenvolvidos, pois deixa de absorver mão de obra. A natureza da tecnologia
prejudicou o processo, por estes dois pontos, por dois motivos, um interno e externo
Internamente, o controle seletivo do câmbio e a instrução 70/53 beneficiaram a
importação de máquinas e equipamentos no controle seletivo do câmbio,
considerando-os essenciais e os impondo a uma taxa de câmbio bem baixa, o que
barateava as máquinas e equipamentos e, assim, as empresas acabaram importando
estes e implantando uma tecnologia que poupava trabalho e era intensiva em capital.
O motivo externo foi que a nossa industrialização, principalmente no plano de metas,
foi feita por empresas estrangeiras, como a indústria automobilística. Essas empresas
estavam acostumadas em seus países com tecnologias poupadoras de trabalho
intensivo em capital, já que o capital lá é relativamente mais barato do que o trabalho.
Quando chegaram ao Brasil trouxeram essa tecnologia. Quando chegaram aqui se
depararam com a instrução 70/53 que barateava as máquinas e equipamentos, então
foram implantando uma tecnologia poupadora de trabalho intensivo em capital. Isso
prejudica mais ainda o primeiro condicionante, da dimensão do mercado.

• Constelação dos fatores de produção: no Brasil, tínhamos muitos recursos naturais,


porém pouco capital e, no fator trabalho, muito trabalho não qualificado e pouco
trabalho qualificado. Não se gastou o suficiente em educação para qualificara a mão
de obra.
→ Segundo Tavares, construímos uma pirâmide de substituição de bens importados,
enquanto deveríamos construir uma espécie de edifício. Substituiu-se bastante bens de
consumo e bem menor os bens intermediários, e mais ainda os bens de capital. Porém, para
continuarmos substituindo estes bens precisaria de máquinas e equipamentos. Assim, Tavares
diz que substituiu muito pouco a importação de máquinas e equipamentos, gerando a
problemas tecnológicos e educacionais, impedindo que continuássemos inovando e
inventando novas máquinas e equipamentos, por exemplo. Isso prejudicou o processo de
substituição na América Latina. Deveria ter construir um edifico onde o extrato do bem de
capital seria mais largo, dando condições para continuar substituindo os bens de consumo,
intermediários e até de capital.

As criticas de Tavares ao processo: foram aos altos custos de produção e falta de


competitividade – a estrutura dos mercados eram oligopólios -, desemprego estrutura -, falta
de mão de obra qualificada, pois a tecnologia avança, mas não consegue absorver mão de
obra, já que não está qualificada para isso -, falta de planejamento estatal e a pirâmide de
substituição.

O dinamismo do processo: é que o volume e a composição das importações representaram


uma reserva de mercado suficiente para justificar a implantação de uma série de indústrias
substitutivas. O Brasil importava muita coisa numa composição muito variada, que significava
a existência de um mercado para esses produtos. Essa era uma reserva de mercado, que
justificava a implementação de uma série de indústrias substitutivas. Então no momento em
que houve o estrangulamento externo, que não conseguíamos mais importar, passamos a
substituir. Esse processo, principalmente no Brasil, foi dinâmico por isso. Além disso, o sistema
econômico já possuía um grau de diversificação na sua capacidade produtiva capaz de dar uma
resposta adequada ao impulso surgido do estrangulamento externo.

Conclusão de Tavares: o processo foi fechado, pois substituímos nossas importações para
atender o mercado interno, na verdade, não fomos capazes de nos industrializar para
exportar. A partir de 1964, as exportações crescem bastante, mas essas exportações que
aumentaram geraram superávit comercial – não baseada em uma eficiência industrial, mas
devido a uma série de incentivos exacerbados que foram dados para a exportação. Fomos
capazes de substituir as importações de bens, nos industrializando e produzindo bastante, mas
não para exportar, apenas para mercado interno. Foi também um processo setorial.
Considerando os três setores produtivos da economia, primário, secundário e terciário, foi
mais desenvolvido o setor secundário, a indústria, mas não houve desenvolvimento no setor
primário e terciário. Além disso, foi um processo regional. Duas regiões do país se
desenvolveram, a região Sudeste – com destaque a esta região, exceto ES - e Sul. As outras
regiões ficaram marginalizadas, com destaque para o Nordeste.
1º GOVERNO VARGAS (1930-1945)
1930/1934 – GOVERNO PROVISÓRIO
1934/1937 – GOVERNO CONSTITUCIONAL
1937/1945 – ESTADO NOVO
AULA 11

Primeiro governo Vargas (1930 a 1945), chamado metamorfose do Estado

→ Até 1930, quem governava o país era a oligarquia rural, a república do café com leite. O
partido republicano paulista e o partido republicano mineiro se revisava na residência da
republica, com um mandato de quatro anos. Este sistema começa a ser contestada pelos
tenentes – movimento tenentista - no início da década de 1920. Para estes o voto deveria ser
secreto.

→ Quando chega em 1929, o paulista Washington Luiz, então presidente, começa a articular
para por outro presidente paulista após seu mandato para as presentes eleições. O paulista
Júlio Prestes se candidata a presidência. Com isso ocorre uma contestação dentro dos partidos
republicanos, pois era a vez de Minas. Washington Luiz consegue o apoio de 17 estados (eram
20 no total) para a candidatura de Prestes. O partido republicano de Minas Gerais, do Rio
Grande do Sul e da Paraíba se uniram e contestaram a indicação de Prestes. Estes três partidos
se unem e formam a aliança liberal para lançar um candidato a presidência próprio. O partido
democrático apoiou a aliança liberal, assim como os tenentes. A aliança lança Getúlio Vargas,
do Rio Grande do Sul, como candidato a presidência da republica e João Pessoa, da Paraíba
candidato a vice-presidência.

→ Em 1930, Júlio Prestes foi eleito presidente da republica, junto com seu vice da Bahia.
Apoiadores da aliança liberal, principalmente os tenentes, começam a pregar abertamente
uma revolução para impedir a posse de Prestes. No mesmo ano João Pessoa foi assassinado,
por uma questão politica estadual na Paraíba. Os que apoiavam a revolução usou isso como
vitimismo, de que estavam os atacando fisicamente, tornando o movimento cada vez mais
forte. Vargas se vê na iminência comandar o movimento. Tropas saem do Rio Grande do Sul
em direção a capital do Brasil, o Rio de Janeiro, e Minas, dando inicio a revolução, com Vargas
no comando. As tropas chegam até São Paulo, tropas paulistas marcham para enfrentá-los.
Com a possibilidade de uma guerra civil, os ministros militares pedem que Washington Luiz
renunciasse. Ele não fez e então os ministros militares o depuseram e o prenderam, além de
Prestes, e avisaram a Vargas que este poderia tomar o poder. Assim, as tropas revolucionaria
avançaram até o Rio, e a junta militar entregou o poder a Vargas. Getúlio Vargas consegue a
“legalidade” de sua posse, com a justificativa que teria perdido as eleições de maneira
fraudulenta.

→ Houve a implosão da oligarquia e a república velha caiu.

→ Vargas toma posse, fecha o congresso, estingue todos os partidos, as assembleias


legislativas estaduais, as câmera de vereadores e vai nomear interventores em todos os
estados nomeados pelo presidente - com exceção de Minas, onde governava o vice-
presidente. Estes foram na sua maioria tenentes, que nomeavam os prefeitos. Vargas implanta
uma ditadura, o Governo Provisório (1930 - 1935).
→ Os paulistas que estavam insatisfeitos, já que estavam sendo governados por um
interventor incompetente, e levantam contra Vargas. Exigem que seja logo convocado uma
nova constituinte para a formação de uma nova constituição. Em 1932, o movimento está
ficando cada vez mais forte em São Paulo, assim, Vargas tenta parar o movimento com um
novo código eleitoral. Nesse o voto será secreto, não haverá mais exigência de renda, toda
pessoa alfabetizada poderão ser eleitor e as mulheres podem votar e serem votadas. Esse
código eleitoral foi feita por uma comissão legislativa formada por Vargas.

→ Vargas prometeu uma assembleia constituinte em 1933 para a formação de uma nova
constituição. Mas isso não satisfez os paulistas. No mesmo ano (1932), eles fizeram a
constituição constitucionalista, mas não obtiveram o apoio de Minas. A Revolução
Constitucionalista não durou muito, o governo conseguiu abafar o movimento.

→ Apesar disso, Vargas manteve sua promessa quanto a uma assembleia constituinte em 1933
e promulgou uma nova constituição em 1934. Essa dizia que a assembleia constituinte se
tornaria congresso e elegeria indiretamente o presidente da república, para um mandato,
devendo haver eleições em janeiro de 1938 para o novo governo, sendo que o presidente
eleito por este congresso, em 1934, não poderia concorrer nas eleições de 1938.
Curiosamente, essa constituição foi considerada avançada e não havia cargo de vice-
presidente.

→ Vargas foi escolhido. Desse modo, a partir de 1934, começa a fase do primeiro governo de
Vargas chamado de Governo Constitucional (1934-1937). Vargas agora deve respeitar o
congresso, mandar projetos de leis ao congresso, não pode governar livremente por decreto, a
partir de 1934. Durante o governo constitucional, duas agremiações políticas famosas se
formaram no Brasil: a Ação Integralista Brasileira, uma agremiação fascista, e a Aliança
Nacional Libertadora, uma agremiação comunista.

→ Em 1937, varias agremiações começam a se formar para lançar candidatos em 1938. Vargas
não podia pela constituição. Em novembro, Dutra, o ministro da guerra, leva a Vargas o plano
Cohen. Nesse plano a Aliança Nacional Libertadora, comunista, estaria supostamente tentando
um levante e neste assassinariam a alta cúpula militar do governo. Assim, é decido um golpe
de Estado para impedir as eleições. No mesmo mês, Vargas dá um golpe apoiado militarmente
por Dutra e instala o Estado Novo (1937 – 1945). Novamente, fecha o congresso, acaba com os
partidos, acaba com a constituição de 1934, volta a nomear interventores nos estados, fecha
as assembleias legislativas e outorga uma nova constituição, a constituição de 1937, elaborada
por um jurista e não uma assembleia. Esta foi feita em apenas 15 dias e foi considerada um
plágio da constituição fascista da Polônia – este fato reforça que antes mesmo do plano Cohen
Vargas já estava planejando este golpe e a constituição. Volta-se a ditadura. Esta constituição
previa que em 1943 haveria um plebiscito nacional para decidir se continuaria com o governo
de Vargas ou a redemocratização do Brasil. Em 1942, devido ao afundamento de navios
brasileiros no litoral, o Brasil declara guerra ao eixo – Alemanha, Itália e Japão. Em 1943,
Vargas abortou o plebiscito, pois, segundo ele, com o país em “estado de guerra” – sendo que
dó foi enviado a primeira tropa em 1944 – não tinha condições de realizar o plebiscito. Assim,
permaneceu governando o país até 1945.

→ Essas três fases formaram o Primeiro Governo Vargas.


→ Até 1930, a maior parte dos autores concluem que tínhamos um Estado liberal, um Estado
que não fazia intervenção na economia. Todavia, esse Estado não foi tão liberal assim, pois,
como já vimos, em 1906, houve o convênio de Taubaté e até 1921 tivemos três planos de
valorização da agricultura, uma intervenção do governo na economia, comprando o excedente
do café. Mas tirando essas intervenções o Estado era liberal – o mercado de câmbio era livre,
não havia intervenção nos preços, na área trabalhista.

→ Quando Vargas deixa o poder em 1945, não temos mais o Estado liberal, mas sim o Estado
Nação, Estado Capitalista, Estado Interventor Produtor, pois ele intervém em todos os
seguimentos da economia brasileira e, a partir de 1941, o Estado se torna um produtor.

→ A formação desse Estado: em 1934 Vargas implanta o Conselho Federal de Comércio


Exterior (CFCE), todo comércio exterior será agora planejado por este conselho. Em 1937, ele
amplia a participação do estado, acaba com o CFCE, e implanta o Conselho Técnico de
Economia e Finanças (CTEF), que planejar toda a economia e o sistema financeiro brasileiro.

→ Na área financeira, começa uma grande transformação na área monetária creditícia e


cambial. A autoridade monetária normativa e executiva é o Banco do Brasil. Até 1930, quando
o Brasil tem só uma carteira, a carteira de redesconto, que vai manipular a liquidez da
economia brasileira. Assim, há muita liberdade no mercado cambial, muita das transações
cambiais não são nem registradas. Em 1931, o mercado cambial começa a ser regulado. Surge
no Banco do Brasil a Carteira de Câmbio, que vai exigir registro de todas as transações
cambiais e vai regelar estas. O câmbio continua flexível, porém tudo operacionalizado pelo
Banco do Brasil. Em 1932, Vargas implanta a Caixa de Mobilização e Fiscalização Bancária
(CAMOB), em que o Banco do Brasil vai fiscalizar e regulamentar as operações de todas as
instituições financeiras – ampliação da intervenção do mercado na economia. Em 1937, surge
a Carteira do Crédito Agrícola e Industrial (CREAI), por meio desta, o Banco do Brasil será a
grande agência de fomento no Brasil para a agricultura e a industrial através do crédito. Em
1941, é criada a Carteira de Exportação e Importação (CEXIM), que regulamenta todas as
exportações e importações do Brasil. A Carteira de Câmbio cuida do mercado cambial, quem
cuida do comércio exterior é a CEXIM. Assim, o Banco do Brasil amplia as suas funções.

→ Em 1933, é criado o decreto 22.626/33. De 1930 a 1934 Vargas governa através de um


governo provisório, sem congresso, apenas através de decretos. Como está governando por
decretos, estes se tornam leis, assim, esse decreto é conhecido como Lei da Usura. Este limita
os juros no Brasil a um máximo de 12% ao ano. Desse modo, ninguém ode cobrar ou pagar
mais de 12% ao ano – por exemplo, os títulos públicos só podem pagar 12% ao ano, as vendas
de câmbio só podem remunerar 12% ao ano. Essa “lei” só cai, de fato, em 1965 quando foi
criado o Banco Central e implantado a lei 4595, que é de 1964. A Lei da Usura prejudicou várias
políticas macroeconômicas.
→ A partir de 1931, surge os Institutos, que vão regulamentar e normatizar várias atividades
especificas. Em 1931, sugue o Instituto do Cacau da Bahia, que vai normatizar o sistema
cacaueiro. Em 1933, o Instituto Nacional do Açúcar e do Álcool. Em 1938, o Instituto Nacional
do Mate. Em 1941, o Instituto Nacional do Pinho. Ainda em 1941, o Instituto Nacional do Sal.
Todos estes segmentos específicos da agropecuária vão ser normatizados e fiscalizados por
estes institutos. O Estado alarga sua intervenção na economia.

→ Em 1934, surge o Instituto Nacional de Estatística, que faz o registro das estatísticas
nacionais no Brasil. Foi implantado em 1936. A partir de 1938, passa a ser chamado de
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

→ É criado também os Conselhos. Em 1938, surge o Conselho Nacional do Petróleo. Em 1939,


o Conselho de Águas e Energia Elétrica. Em 1940, o Conselho Nacional de Minas e Metalurgia.
Mais intervenção por parte do Estado.
AULA 12

Conjuntura – última reunião do COPOM


Na última reunião do COPOM no ano de 2021 foi determinada a taxa Selic em 9,25%, resultado da inflação,
pois a inflação medida em outubro, inflação em 12 meses, está em 10,67%, mais de o dobro da meta de
inflação de 5,25%.

Conjuntura – folha de pagamento


O Senado aprovou por mais de dois anos da folha de pagamento das empresas. 17 segmentos da indústria
brasileira em vez de pagar 20% ao INSS sobre a folha de pagamentos, irá pagar de 1,5% a 4,5% sobre o
faturamento bruto da empresa. A diferença é coberta pelo tesouro ao INSS

Conjuntura – inflação nos EUA


No mês de outubro, a inflação de 12 meses nos EUA está em 6,2%, considerada muito alta. Isso prejudica o
Brasil através da política monetária contracionista que irão adotar. A reserva federal já diz em aumentar os
juros, parar o programa de compra de títulos públicos e aumentar a taxa básica deles, que hoje está em
0,25%. Isso prejudica o fluxo de investimento em carteira no Brasil, além de poder provocar uma alta na
saída do investimento em carteira que já está no Brasil, o que mantém o dólar elevado.

Conjuntura – congresso dos EUA


O congresso americano aprovou o aumento do limite da dívida norte-americana, pois senão o serviço
público teria que parar, por que o governo precisa emitir título para cobrir suas despesas, o que deve ser
aprovado pelo congresso. A dívida dos EUA está em maior que o PIB deles, mas a rolagem dessa dívida é
num prazo muito grande. A dívida brasileira está em 5 trilhões de reais, considerada muito alta, quase 80%
do nosso PIB. O problema da nossa dívida é que ela rola num período muitíssimo mais curto.

Previdência: até a década de 1920 existia as caixas de aposentadoria e pensões, e operavam


de uma maneira muito ineficiente. Quando Vargas toma posse em 1930, houve a criação do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio em 1930 surgem as autarquias com a
denominação de Institutos de Aposentadorias e Pensões. Assim, Vargas reformula todo o
sistema previdenciário no Brasil, se expandindo de uma maneira muito mais eficiente,
abrangente e avançado do que já existia durante a década de 1920. Esses institutos serão um
para cada grupo de trabalhadores. Em 1933 surge o IAPM, dos marítimos. Em 1934, IAPC, dos
comerciários. No mesmo ano, IAPB, dos bancários. Em 1936, IAPI, dos industriários. Em 1938,
IPASE, de previdência e assistência dos servidores do estado. Todos estes institutos serão
unificados em 1966, no governo Castelo Branco, através do INPS, o Instituto Nacional de
Previdência Social.

Reestruturação do estado: em 1936, foi implantado o Conselho Federal do Serviço Público


Civil (CPSPC), que var normatizar todo o setor público na parte do servidor civil. Em 1937 surge
o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) que fica no lugar do CPSPC depois
deste extinto. O DASP normatizava todo o setor publico, tanto o contrato de servidores
públicos, quanto na elaboração e execução do orçamento da união, normatizar incitações
públicas, assim, possuía funções normativas, executivas e legislativas. Esta última, pois, a partir
de 1937 Vargas deu o golpe do Estado Novo, ou seja, não existe mais congresso e partidos
políticos, sendo que o próprio nomeava os interventores dos estados, que nomeiam os
prefeitos dos munícios. A partir deste golpe, com uma nova constituição, o presidente da
republica governava por meio de decretos. Esses decretos serão elaborados, por encomenda
do ditador, no DASP, por isso a função legislativa. O DASP é implantado em 1938. Em 1939, o
DASP elabora o primeiro planejamento geral do Brasil, a primeira panificação central que
surge, chama de Plano Especial de Obras Públicas e Aparelhamento da Defesa Nacional,
conhecido também simplesmente como Plano Especial. Aparelhamento da Defesa Nacional,
pois em 1939 foi o ano que começa a segunda guerra mundial, assim, os militares exigem o
aparelhamento da defesa nacional. Este foi o primeiro plano econômico do Brasil, a partir de
então todo governo terá um plano. Ate o começo da década de 198 todos os planos são
desenvolvimentistas, com exceção do Plano de Ação do Governo, de Castelo Branco, que era
na verdade um plano voltado a inflação. Em 1943 é elaborado outro plano chamado de Plano
de Obras e Equipamentos, que na verdade é para dar continuidade ao que estava planejado no
Plano Especial. O Plano Especial teve problemas de implantação, foi elaborado pelo DASP, que
faz o acompanhamento dele, mas há problemas de financiamento, de coordenação, por que
apesar de ser coordenado pelo DASP, envolve vários ministérios. Apesar disso, muitas coisas
do Plano Especial foram implantadas, principalmente a parte produtora do Estado. E este
plano que determina que o Estado deve intervir na produção para poder bancar o
desenvolvimento no Brasil. Assim, concluem que o Brasil deveria alavancar a produção de aço
– havia poucas industrias para suprir a demanda no Brasil, fazendo-se necessária as
importações. Então, a solução do Plano Especial era o estado entrar produzindo aço.
Inicialmente, antes do Plano Especial, tinha a noção de chamar as grandes siderúrgicas
internacionais para vir ao Brasil, atrair o capital de risco, o investimento direto. Mas as grandes
siderúrgicas as grandes siderúrgicas estavam envolvidas na guerra. Assim, o Estado que
deveria entrar. Em 1941, o Estado começa a implantar a Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN). Para isso precisa de dinheiro emprestado e enfrentar uma grande estatal. A
internacionalização da economia brasileira no governo de Vargas é através do capital de
empréstimo, o Estado implantando Estatais pedindo dinheiro emprestado para isso. Em 1941,
é implantada a CSN, sendo assim necessário equipamentos para montar os altos-fornos para o
aço. A CSN era atacada pelos opositores de Vargas, que diziam que o Brasil não tinha demanda
para aquela produção de aço, mas a CSN começa a operar em 1946 no governo Dutra e em
1952 já se precisava ampliar a CSN, pois a produção dela não era suficiente para a demanda.
Desse modo, adiantou-se a demanda de uma maneira muito eficiente. Precisaria de dinheiro
para montar o alto-forno da CSN. Pedem dinheiro aos EUA – na guerra o Brasil estava alinhado
a este. Nos departamento de comércio dos EUA, existe uma agencia governamental, o Banco
de Exportação e Importação, que possui a finalidade de promover as exportações e
importações américas. Assim, podem financiar bens e serviços que serão exportados e
financiar empresas americanas que queiram importar de outros países. Desse modo, o
governo brasileiro pede aos EUA empréstimos deste banco para montar a siderúrgica de Volta
Redonda. Em 1942, o governo norte-americano empresta o dinheiro, mas em troca pedem a
permissão para implantar base aérea no nordeste do país, durante a guerra, já que era mais
próximo da África e havia expectativas de que este fosse o segundo palco da segunda guerra.
Vargas concede a construção de uma base aérea aos americanos em Natal, no litoral nordeste,
num ponto estratégico. Assim, o Banco de Exportação e Importação, agência governamental
norte-americana, se torna um grande credor do Brasil, financiando principalmente a
siderúrgica de Nova Redonda. Em 1942, surge a Companhia do Vale do Rio Doce (CVRD), que
explora e exporta minério de ferro. Em 1943, a Fábrica Nacional de Motores (FNM), com
finalidade de produzir caminhões, tratores, motores e até aviões pequenos. No mesmo ano
surge a Companhia Nacional de Alcares (CNA), para produzir produtos químicos,
principalmente barrilha, que é a matéria prima básica do vidro. Em 1945, é criada a Companhia
Hidrelétrica do Vale do São Francisco (CHESF), em que o estado produz energia em grande
escala. Assim, a partir do Plano Especial, de 1939, é implantado o Estado produtor do Brasil,
que vai se ampliando cada vez mais, surgindo mais usinas e indústrias. Em 1990. Quando Collor
começa a desestatização da economia brasileira, o primeiro segmento da desestatização é o
siderúrgico – 85% do aço produzido pelo país eram feito pelo Estado.

Mercado de Trabalho: antes de Getúlio Vargas, o Estado não tinha o costume de interferir. Em
1930, uma das primeiras ações de Vargas foi implantar o Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, e agora a sindicalização do Brasil passa a uma grande transformação. Os sindicatos
terão seus recursos controlados pelo Ministério do Trabalho, além deste participar de todas as
assembleias dos sindicatos e os sindicatos não poderão ter atividades políticas e ideológicas.
Começa a implementação de leis trabalhistas - essas leis foram combatidas pelos empresários.
Em 1932, Vargas fez uma para regulamentar a jornada de trabalho de 8 horas no máximo 10
horas, sendo nesta jornada o domingo será reservada para o descanso. Ainda em 1932, é
criada a lei de regulamenta o trabalho feminino, a lei do trabalho de menores e é criada as
comissões de conciliação e juntas de conciliação entre empregado e empregador. Além disso,
surge a carteira profissional. Em 1934 surge o direito de férias de 15 dias, que antes não
existia. Em 1936, é implementada o salário mínimo, que antes também não havia – em 1938
ele é regulamentado e em 1940 ele é de fato pago, estas diferenças de ano foram devido a
resistência da classe empresarial, que antes pagavam o que queriam. Em 1943, todas estas leis
que surgem a partir de 1931 serão reagrupadas na Consolidação das Leis trabalhistas (CLT).
Antes existia uma certa estabilidade do emprego para os trabalhadores sindicalizados, mas
agora com a CLT, a exigência de demissão só podem ser feitas com a assistência do sindicato.
Essas leis só serão modificadas por Temer, com uma “mini” reforma trabalhista, fragilizando os
sindicatos. No governo Bolsonaro esses direitos trabalhistas estão sendo cada vez mais
fragilizados, como a permissão do trabalho nos domingos.
Comissão de Mobilização Econômica (CME): em 1942, implementada a Comissão de
Mobilização Econômica (CME), que é o órgão geral que controla a economia diante da segunda
guerra mundial. Em 1943, surge o Conselho Nacional de Política Industrial (CNPIC), que vai
controlar os preços no Brasil. Em 1944, criada a Comissão de Planejamento Econômico (CPE).
Em 1945, é criado o decreto-lei 7.293/45, este é um decreto elaborado pelo DASP, pois ainda
não existe congresso. Este reestrutura e normatiza o sistema financeiro brasileiro, criando
como autoridade legislativa de Cúpula a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC).
Este normatiza o sistema financeiro através do ato normativo a instrução – a SUMOC aprova a
instrução e passa para a autoridade executora, o Banco do Brasil. A principio parece uma
estrutura moderna e mais eficiente do que a anterior, porém na prática quem aprova as
instruções da SUMOC é o conselho da SUMOC que é composto pelo presidente, que é o
ministro da fazenda, e serão membros do conselho da SUMOC o chamado diretor executivo da
SUMOC, o presidente do Banco do Brasil, como vice-presidente da SUMOC e três diretores do
Banco do Brasil, o diretor da carteira de câmbio, o diretor da carteira de redesconto e o diretor
da carteira de mobilização e fiscalização bancária. Em 1956, depois do BNDE(S) implementado
em 1952, já no governo de J.K. o presidente do BNDE(S) o presidente deste é incorporado no
conselho da SUMOC. Essa estrutura era moderna na teoria, mas nada na prática, pois, na
teoria agora tinha a autoridade normativa e executora associadas – não era a mesma como
antes, que era só o Banco do Brasil, agora há a SUMOC, como a normativa -, mas na prática
isso não existia, pois observando a composição do conselho da SUMOC existia quatro
membros do Banco do Brasil de seis no total. Além disso, essa autoridade normativa, a
SUMOC, não possuía autonomia, já que quem nomeava o ministro da fazenda - que é
presidente da SUMOC – é o presidente da república, quem nomeia o diretor executivo da
SUMOC é o ministro da fazenda e quem nomeia o presidente e a diretoria do Brasil era o
ministro da fazenda, nomeado pelo presidente. Assim, toda essa autoridade normativa estava
subjugada pelo presidente da república, possuindo nenhuma autoridade. Isto, pois, a reforma
do sistema financeiro veio durante uma ditadura, a do Estado Novo. Esse sistema sempre foi
reestruturado em governos autoritários, por isso a mossa autoridade normativa nunca teve
autonomia.

Eleições de 1945: em 1945 os militares que foram para a guerra iam com objetivo de combater
regimes ditatoriais fascistas na Europa. Todavia, no Brasil, havia um governo sob uma
constituição fascista, a de 1937. Então houve um descontentamento entre os militares com a
ditadura instalada no Brasil. Diante disso, Vargas cria um ato institucional marcando eleições
para presidente da república em 1945. Em abril, começa a formação de partidos políticos. Há a
criação do Partido Social Democrático (PSD), por Vargas, e o Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), também getulistas, segundo ele a classe trabalhadora deveria ter seu próprio partido. A
oposição de Vargas cria a União Democrática Nacional (UDN). Até 1965 esses três partidos
vão polarizar a vida política com consequências sobre a economia do Brasil. Outros partidos
também são fundados, como o Partido Social Progressista (PSP), o Partido de Representação
Popular (PRP) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Então, todos esses partidos surgem em
1945 e lançam os seus candidatos. O PSD, alinhado com o PTB, lançam Dutra, o ministro da
guerra de Vargas e chefe do golpe militar. A UDN, oposição, lançam o brigadeiro Eduardo
Gomes, patrono da aeronáutica. O PRP não lançam. O partido comunista lança o engenheiro
Iêdo Fiuza. As eleições foram marcadas para dezembro. Em maio surgiu o Movimento
Queremista, que eram integralistas, que diziam que queriam uma nova constituição, pois
Vargas marcou as eleições para dezembro para uma assembleia nacional constituinte, para
uma nova constituição, e para eleger o presidente da república. Para estes, deveria haver uma
nova constituição, a assembleia constituinte, porém com a permanência de Vargas no poder.
Em setembro o movimento estava muito organizado, planejado e com dinheiro para as suas
campanhas, alertando os militares que apoiavam Vargas, mas que tinham como candidato o
Dutra. Assim, imaginavam que este movimento estava sendo organizado pelo próprio Vargas,
mesmo sem programação. Quando chega outubro, os militares deixam Vargas e este renúncia.
Em dezembro, Dutra é eleito com 55% dos votos. A campanha de Gomes foi desastrosa, cheio
de polemicas, ficando com 34% dos votos. O partido comunista surpreendeu com 10% dos
votos, num período em que já se havia desavenças entre os EUA e a União Soviética.
Artigo do PIB

Saiu o resultado do PIB no terceiro trimestre de 2021 e a revisão do PIB no segundo trimestre.
No segundo trimestre, o IBGE tinha divulgado que o PIB tinha caído 0,1%, porém na revisão o
IBGE ampliou a queda para 0,4%. No terceiro trimestre IBGE divulgou que caiu 0,1%. A maioria
dos economistas acreditam que duas quedas trimestrais consecutivas significa recessão
técnica. Alguns economistas vão em desacordo com isso, acreditando que é preciso analisar a
queda, pois quando esta é pequena não caracteriza recessão, que estaria voltada a quedas
altas, mas sim estagnação.

O PIB pela ótica de demanda possui os componentes do PIB como consumo das famílias,
consumo do governo, investimento e exportação liquida. O consumo das famílias aumentou
em 0,9%, do governo em 0,8%, o investimento caiu em 0,1% e exportação liquida negativa,
com exportações brutas em queda de 9,8% e a importação bruta em 8,2%. O consumo da
família, que é o principal componente pela ótica da demanda, no ano passado (2020)
apresentou 64% do PIB, esse ano deve ficar em 60% a 62%, teve uma alta muito pequena, de
0,9%, não sendo capa de recuperar o PIB.

Na ótica da produção há a agropecuária, indústria e serviços. A agropecuária caiu em 8%,


sendo que este representa 6,8% do PIB em 2020, devendo cair sua participação nesse ano. A
maior participação no PIB ano passado foi o setor de serviços, com 73% do PIB. Serviços
aumentou apenas 1,1%, não conseguindo anular a queda de 8% da agropecuária. A indústria
tem 20% de participação. Cresceu 0%, ou seja, ficou estagnada. Serviço crescendo pouco,
agropecuária caindo bastante, gerou uma queda do PIB.

No último paragrafo da primeira pagina está escrito que “o desempenho fraco ocorre num
contexto escalada da inflação”. O PIB está fraco – podendo crescer um pouco este ano, mas
cair próximo ano -, inflação alta, juros altos – com Selic de 9,5% - e fragilidade no mercado de
trabalho, com alto desemprego – mais de 12% de desempregados. Além disso, o investimento
depois de uma queda acentuada no segundo trimestre cair 3,6%, ainda caiu 0,1% no terceiro
trimestre. O investimento é a formação bruta de capital fixo, que é a aquisição de máquinas,
equipamentos e instalações, que geram e produzem novos bens e serviços, gerando emprego,
renda e demanda. Assim, se o investimento está caindo a geração de emprego e demanda está
prejudicado, por isso que o Boletim em Foco prevê que ano que vem o Brasil cresce no
máximo 0,5%, sendo que bancos preveem quedas.

Na página dois, a forte atração da agropecuária reflete o fim da safra da soja, que também
invalidou as exportações. As nossas exportações tem um impacto muito grande de produtos
agrícola, produtos com baixo valor agregado. Exportamos soja, minério de ferro, mas
importamos trilho das ferrovias que tem um valor agregado muito maior do que o minério de
ferro que exportamos. Ou seja, exportamos produtos de baixo valor agregado e importamos
produtos de alto valor agregado.

No quinto parágrafo, em 2021 o crescimento é associado em grande parte à base de


comparação de 2020. Assim, o Boletim em Focos prevê que vamos crescer em 4,71%, mas em
2020 caímos em 4,1%, assim, nosso crescimento é em cima de uma base comprimida. A
previsão para 2022 é de menos de 1% - o governo acredita que vai crescer mais.

No oitavo paragrafo, isso golpeia as expectativas. A piora das expectativas econômicas vem no
embalo da pressão inflacionária que reduz o poder de compra dos consumidores e no
aumento das incertezas na área fiscal. A inflação corrói o poder aquisitivo, o poder de compra
dos salários, dos regimentos, prejudicando o consumo, sendo que o consumo representou ano
passado, pela ótica da demanda 64% do PIB.

Na página três, o setor serviços teve melhoria em alguns segmentos, subsetores como
alimentação, salão de beleza, academias, restaurantes, bares e cinemas, devido à vacinação,
tendo assim grande participação crescimento de 1,1% do setor. O comércio integra o setor
serviços ficou no vermelho, com retração de 0,4%.

Na página quatro, o consumo cresceu muito pouco, com 0,9%. No penúltimo paragrafo, houve
um efeito das políticas do governo, apresentando uma ligeira melhora no consumo, apesar da
queda da massa de trabalhadores.

Na página cinco, sobre a queda dos investimentos.

Na página seis, sobre a crise hídrica e a improdutividade. O grande problema da safra foi a
perda de produtividade.
AULA 13

→ Em 1946, Dutra toma posse da presidência. – indo até janeiro de 1951. Junto com a
ascensão de Dutra, é criada uma assembleia nacional constituinte, para a formação de uma
nova constituição, que será promulgada em setembro de 1946. É considerada esta a
constituição mais democrática implantada no país. Quando está é posto em prática, a
assembleia constituinte de torna congresso. Dutra envia ao congresso um projeto de reforma
bancária, bastante avançado pra época, a criação de um banco central, de um banco rural, um
banco industrial, banco de investimento e banco de exportação e importação. A SUMOC
continuaria existindo, mas abaixo desta teria o Banco Central que executaria as instruções da
SUMOC, e nas demais instituições vários bancos/agencias de fomento – os demais bancos
citados. Esse sistema não foi aprovado, se fosse teria reformulado totalmente o sistema
financeiro brasileiro, em uma estrutura bastante moderna e avançada. PLANO SALTE
S – SAÚDE
AL–ALIMENTAÇÃO
→ No segundo semestre de 1947, Dutra implanta o Controle Seletivo do Câmbio.
T – TRANSPORTE
E – ENERGIA
→ Em 1948, Dutra envia ao congresso o Plano Salte. Este foi um plano muito bem elaborado,
avançada e desenvolvimentista, porém terá problemas. Os congressistas, que são os mesmos
que fizeram a constituição de 1946, que pregava o liberalismo. Assim, o Plano Salte vai contra
os interesses dos congressistas, tendo bastante resistência no congresso. O Plano Salte não
será implantado, pouca coisa dele é implantado, mas esse diagnostico dos gargalos da
economia brasileira de que o problema estava no transporte e energia, vai ser utilizado no
Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico, no segundo governo Vargas, e vai ser o
diagnostico utilizado pelo Plano de Metas do governo de JK. O Plano Nacional de
Reaparelhamento Econômico não conseguirá ser implantado, mas o Plano de Metas sim – este
foi considerado o melhor plano desenvolvimentista brasileiro. O diagnostico da parte de
transporte e energia do Plano de Metas foi feita pelo Plano Salte. Assim, o Plano Salte era de
muita qualidade, mas não conseguirá ser implantado. Isto, pois, o Plano prevê 57% dos
recursos para transporte, 16% para energia, 14 para alimentação e 13% para saúde. Na parte
de transporte ele determina que o transporte ferroviário vai ter prioridade – se o Plano Salte
tivesse sido implantado, junto com esta prioridade as ferrovias, o Brasil estaria numa situação
melhor.

→ O Plano Salte enfrentou grande resistência do congresso e da sociedade, devido à


ideologias liberais.

→ Outro ponto que prejudicou o Plano Salte foi a Missão Abbink. No mesmo ano em que o
Plano é enviado ao Congresso, a Missão Abbink começa os seus trabalhos no Brasil, o que
prejudicou a aprovação do Plano Salte. Este só foi aprovado no último ano do governo Dutra,
em 1950. Desde 1942, quando Vargas rompe com o eixo e se próxima dos EUA, e instalada as
Comissões Mistas Brasil-EUA. Uma equipe norte-americana vem ao Brasil, chefiada por um
norte-americana, aqui se encontra com uma equipe brasileiro, chefiada por um brasileiro,
reunindo-se com o objetivo de fazer um diagnostico do subdesenvolvimento do Brasil e propor
soluções. Em 1942, houve a Missão Cooke. A missão de 1948, foi conhecida como Missão
Abbink, pois era coordenada por John Abbink. A equipe brasileira era coordenada por Otávio
Gouveia de Bulhões. Ela prejudica a aprovação do Plano Salte, pois gerou no Brasil um
consenso de que se deveria esperar o diagnostico e propostas de projetos da Missão, para
então depois desenvolver um plano econômico. Esse consenso predominou no Congresso, na
mídia e na sociedade brasileira, mesmo com o Plano Salte ter sido melhor do que as propostas
da Missão.

→ Ainda em 1948, Dutra envia ao congresso um Projeto de Lei Agrária, que previa preços
mínimos e armazenamentos, assistência financeira e creditícia, obras públicas em
infraestruturas em beneficio da agricultura e instalação de colônias-escola para difundir
tecnologia no setor agrário. O projeto não foi aprovado.

→ Os resultados da Missão Abbink foram: inexistência de um mercado nacional, dependência


do setor externo, alta taxa de crescimento populacional, carência energética, sistema de
transporte deficiente, baixa produtividade, desequilíbrios setoriais e regional, elevada inflação
sistema financeiro desarticulado. Mas tudo isso já se sabia, inclusive o Plano Salte e o governo
Dutra já tinham antecipado esses resultados. Esse sistema financeiro desarticulado, a Lei
Bancária que ele mandou ao Congresso em 1946 já resolveria o problema. Assim, a Missão
Abbink foi decepcionante. Ela sugere como soluções o financiamento do desenvolvimento
deveria ser interno e não inflacionário – não pode ser através de emissão monetária e também
interno, com geração de poupança interna -, aumento da carga tributária, criação de um banco
central, criação de um banco rural, criação de um banco de crédito industrial, criação de um
banco imobiliário e criação de um banco hipotecário. Todas estas instituições financeiras já
estavam no Projeto de Lei Bancária de 1946.

→ Outro fato que prejudicou o Plano Salte, foi que em 1949, em Araxá, houve a Conclap II
(Conferência das Classes Produtoras). Esta classificou a Missão Abbink como um incidente,
previa uma reciproca nacionalista, o governo deveria participar indiretamente da economia,
preferencialmente em empresa de capital misto – e que se atraísse investimento estrangeiro,
em desacordo com o que estava sendo proposto pelo Plano Salte.

→ O Plano Salte é finalmente aprovado em 1950, todavia no mesmo ano teve eleições para
um novo governo a partir de 1951. Desse modo, o Plano conseguiu muito pouco o que foi
proposto implantado, apesar de um plano muito avançado. O diagnostico que o Plano Salte fez
de energia e transporte será utilizado pelo Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico, do
governo Vargas, que não conseguirá ser implantado, mas é utilizado no Plano de Metas, no
governo JK, porém com uma grande modificação: na parte de transporte o governo JK vai
priorizar o transporte rodoviário e não o ferroviário.

→ Em 1950, nas eleições, Vargas tenta voltar ao poder, com o apoio do PTB. Dutra consegue
que o PSD, apesar de getulista, indicasse Cristiano Machado para candidato a presidência.
Vargas começa a fazer conchavos. A constituição de 1946 não prevê chapas, os candidatos
seriam a presidência e vice-presidência. Vargas analisa que o estado com maior colégio
eleitoral é São Paulo, o maior representante política de São Paulo era Ademar de Barros, que
fundou o PSP (Partido Social Progressista). Vargas faz conchavo com Barros. Este decide que
quer fazer o ministro da fazenda e apoiar para vice-presidência o Café Filho, do PSB, do Rio
Grande do Norte. Vargas pessoalmente não gostava de Café-Filho, mas era a exigência de
Barros, para que o PSB não lance candidato a presidência, mas sim a vice, além do apoio de
Barros em São Paulo. Feito este conchavo, Barros apoia decisivamente Vargas em São Paulo. A
UDN lançou pela segunda vez Eduardo Gomes. Vargas é eleito com 49% dos votos, junto com o
vice Café-Filho, Gomes ficou com 29% e Cristiano Machado com 21%. Getúlio Vrags toma
posse em janeiro de 1951. Ademar de Barros escolhe Horácio Laffer para o ministério da
fazenda e Ricardo Jafet na presidência do Banco do Brasil. Vargas cria uma assessoria
econômica para a presidência da republica. A preocupação imediata da equipe econômico era
com a inflação elevada. Devido a isto, é criada a Comissão Federal de Abastecimento e Preços
(CFAP) , para tentar controlar o preço, principalmente dos produtos agrícolas.

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