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Em uma noite, uma pessoa sonhou que 4

recebia moedas de seus pais, sentindo
O filho, sentindo-se completo e
calor no peito e grande alegria, o que
rico após receber as moedas,
lhe proporcionou uma noite de sono
deixou a casa dos pais em paz e
sereno.
2 caminhou com firmeza.

Após acordar sereno, a pessoa agradeceu aos 5

pais por moedas simbólicas recebidas em
sonho, expressando satisfação e prontidão
para seguir seu caminho com o que foi
oferecido.
3 parte sereno e alinhado com seu
Os pais afirmaram que o filho
poderia ficar com todas as moedas,
que eram seu legado pessoal e não
precisavam ser devolvidas, podendo
ser usadas como ele desejasse.
Ao longo da vida, o indivíduo
encontrou diversas pessoas que o
acompanharam por diferentes
períodos, incluindo amigos, parceiros e
adversários. Seu caminho, em grande
espírito, incluiu também os desafios
naturais da vida.
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Ao acordar agitado, o indivíduo
O indivíduo reconhecia que não havia
sentiu uma mistura de raiva, queixa e
nada mais enriquecedor que suas
ressentimento, com uma expressão de
próprias origens, o que lhe trazia de
sofrimento e inconformismo. Sentindo-
volta a sensação de plenitude
se revoltado e envergonhado, decidiu
experimentada ao sonhar que recebia
visitar a casa de seus pais.
as moedas.
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Em uma noite indeterminada, de outro tempo, Ao confrontar seus pais, o indivíduo expressou
outra pessoa experimentou o mesmo sonho, descontentamento com as moedas simbólicas
destacando a ideia de que, mais cedo ou mais recebidas em sonho, sem saber sua quantidade
tarde, todos compartilham esse sonho ou material, mas sentindo-se vazio e ferido.
universal. 8 Declarou que tais moedas não eram adequadas,
necessárias, merecidas, nem correspondentes a
suas expectativas, recusando-as por acreditar
Ao sonhar com o recebimento de moedas dos
que tornariam seu caminho difícil ou triste,
pais, a pessoa experimentou um profundo
optando por seguir adiante sem elas.
desconforto, marcado por inquietação,
tormento e mal-estar, resultando em uma noite
agitada.
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Os pais, sentindo-se diminuídos e tristes pela
falta de reconhecimento do filho, recolheram-
se, enfrentando desgosto e angústia ao
perceberem que sua capacidade de dar
estava ainda mais limitada pela dificuldade do
filho em aceitar. Em silêncio, esperavam que o
tempo e a sabedoria da vida pudessem corrigir
os caminhos do filho.
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Após um confronto com os pais, que se sentiram
desvalorizados e tristes, o filho experimentou uma
sensação de força não autêntica, derivada da
oposição e do ressentimento, em vez da aceitação
da vida e das relações familiares como elas são.
Os pais, por sua vez, esperavam que o tempo
ensinasse ao filho a valorizar e aceitar a realidade
e a eles próprios.
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A resistência, o ressentimento e a
autovitimização podem parecer
fortalecedores, mas com o tempo, se
revelam infrutíferos. Aprende-se que o
sofrimento não confere direitos ou
merecimentos, e que somente a dor
autêntica pode gerar compaixão nos
outros. No ápice dessa realização, o
indivíduo decide deixar a casa dos pais,
jurando a si mesmo nunca mais retornar.
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Conforme se distanciava da residência paterna,
percebeu que seus pés se erguiam ligeiramente
acima do chão, e seu corpo, adquirindo uma leveza
quase flutuante, não lhe permitia sentir seu próprio
peso. Experimentou uma sensação ainda mais
extraordinária: a cada vez que abria os olhos,
parecia enxergar repetidamente o mesmo cenário,
um horizonte imutável e estagnado.
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Ao cruzar com alguém em sua jornada, olhava
para a pessoa com imensa expectativa,
questionando-se, mesmo sem plena consciência:
"Essa será a pessoa que possui as moedas que me
são devidas, aquelas que preciso e que me
pertencem, as mesmas moedas que recusei de
meus pais por não terem sido oferecidas de forma
adequada e justa? Essa pessoa terá o que eu
mereço?"
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Ao se apaixonar e receber um sinal positivo,
começa a ver tudo à sua volta com olhos de
encantamento e, sem se dar conta, almeja que seu
companheiro compense o que negou de seus pais.
À medida que a paixão se transforma em um
vínculo prolongado, ele se dá conta de que seu
parceiro não detém as "moedas" anteriormente
declinadas dos pais.
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Que pena!, ele expressa seu desapontamento,
atribuindo à má fortuna e ao destino sua frustração,
mergulhando em um redemoinho de sentimentos
adversos. Ele percebe que, independente das boas
intenções, seu parceiro só pode prover o que tem e
o que condiz com sua capacidade, ressaltando a
importância de fundamentar uma relação amorosa
na equidade, reciprocidade justa e conexão sexual.
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Com a chegada de um filho, o amargor de alguém
se transforma em doçura e otimismo. Surge a
curiosidade sobre se o filho carrega as "moedas"
que considera merecer e precisar, as mesmas
recusadas de seus pais. Ao confirmar
positivamente essa indagação, a pessoa se
encanta e estabelece uma conexão intensa e
esperançosa com o filho.
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De forma subconsciente, o indivíduo nutria a 22
crença de que o filho traria e ofereceria as
"moedas" que tanto precisava. À medida que o "O terapeuta percebeu que o paciente
tempo avançava, o filho ansiava por sua buscava soluções no lugar errado e
autonomia, almejando atingir suas metas tinha dificuldade em admitir a
pessoais. Apesar de seu amor pelos pais e do necessidade de mudança, atribuindo
desejo de vê-los felizes, a necessidade de forjar isso mais à teimosia do que ao orgulho.
seu próprio caminho se mostrou forte e
irresistível.
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O terapeuta enfocava a importância de amar
O indivíduo descobriu que seu filho não tinha
e respeitar os pacientes e suas origens,
as "moedas" que ele esperava, levando-o a
reconhecendo a complexidade dos laços
um estado de vazio e crise profunda. Na
familiares. Ele via a terapia como um caminho
meia-idade, sem encontrar consolo ou apoio,
para valorizar a individualidade de cada um,
sentiu-se desesperadamente despedaçado,
entendendo que a aceitação dos pais e de si
clamando por socorro em meio a um intenso
mesmo é crucial para o amor próprio e a cura.
desespero..
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Na primeira consulta, o terapeuta explicou
ao paciente que, apesar de não ter as
"moedas" que ele buscava, sabia como
encontrá-las e ajudaria o paciente a
descobrir e aprender a obtê-las.
Identificaram que o problema do paciente
era uma questão de perspectiva, uma
dificuldade de ver as coisas claramente,
persistente há anos.
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O terapeuta ajudou o paciente a adotar uma
nova perspectiva de vida, mais profunda e
distante dos desejos imediatos. Quando estava
pronto para indicar onde as "moedas"
estavam, o paciente já havia percebido que
elas se encontravam com seus pais, levando a
uma intensa liberação emocional e ao desejo
de reconexão familiar, culminando em seu
retorno para casa após longo afastamento.
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Após reencontrar seus pais, o indivíduo
percebeu que as "moedas" sonhadas,
dadas por eles, eram o que realmente
precisava. Agradecido, aceitou-as como
ferramentas essenciais para sua jornada.
Essa aceitação renovou a alegria dos
pais, que viram seu gesto como um
legado sem restrições para o filho,
representando uma herança pessoal para
uma vida plena.
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Após valorizar as "moedas" dadas pelos pais, o
filho partiu de casa, sentindo-se completo e em
paz, pronto para um futuro brilhante. Livre de
ressentimentos, sua jornada foi marcada por
encontros com amigos, parceiros e adversários,
vivendo relações variadas. Sua vida seguiu de
forma serena e autêntica, encarando desafios
com a certeza de estar no caminho certo.
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A história é projetada para inspirar reflexão e
emoção, convidando o leitor a uma interpretação Aceitar as "moedas" é integrar a herança
própria. O autor complementa com um ensaio completa dos pais à identidade,
explicativo, visando enriquecer a compreensão do transformando desafios em forças. A
conto sem impor lições, mas sim fornecer dificuldade de aceitação está na gestão
perspectivas para aprimorar as relações humanas, da dor e emoções negativas. Honrar os
adotando um tom intuitivo e pessoal, quase como pais, através de um trabalho interior
um diálogo com o leitor. profundo, pode levar à liberdade
emocional. A psicoterapia auxilia nesse
33 processo, promovendo amor filial,
As moedas simbolizam a complexidade das crescimento pessoal e autoestima.
experiências vividas com os pais, desde a infância até
a idade adulta, incluindo alegrias, tristezas, sucessos e 35
fracassos. Representam o recebido diretamente dos
Aceitar os defeitos dos pais é vital, pois promove a
pais, como a vida, e o legado histórico e familiar,
liberdade emocional, enquanto a rejeição perpetua
refletindo desejos dos pais e vivências dos
padrões negativos. A visão sistêmica aconselha
antepassados. São uma metáfora para as raízes, o
respeitar a história familiar e evitar repetir erros,
sentido de pertencimento e todas as experiências
buscando prosperar apesar dos desafios e permitindo
compartilhadas, simbolizando uma herança que
que o amor flua de forma saudável.
engloba força, dor, sexualidade e morte.
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Reconhecer as memórias dolorosas e os atos
de amor dos pais ajuda a entender que eles
não são os únicos responsáveis por nossas
dificuldades. Aceitar as lições difíceis dos
pais envolve compreender o sofrimento e a
resiliência, além do amor que nos sustenta.
Nossas experiências passadas, armazenadas
no corpo, influenciam nosso comportamento e
emoções, mostrando a complexidade de
nossa natureza.
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Ao recusar as "moedas" dos pais, ou seja,
aspectos negativos da relação, ficamos presos
a esses aspectos, impedindo o crescimento
pessoal. Aceitá-las, por outro lado, permite
superar traumas, ganhar força e sabedoria,
tornando-nos mais humanos e capazes de
construir uma vida significativa. Transformar as
memórias dolorosas e reconciliar-se com o
passado nos habilita a viver o presente mais
plenamente e a melhorar nossas relações
pessoais.
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Recusar as "moedas" ou experiências
dadas pelos pais resulta em um vazio
interior e na busca por preenchimento
externo, além de uma resistência em
contribuir para a vida. Aceitar essas
experiências transforma a história pessoal
em uma força positiva, facilitando a
aceitação de si mesmo e a superação de
desafios.
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A recusa pode parecer fornecer uma força
especial, mas essa "força" é ilusória, sustentada
por emoções negativas como vitimismo e
ressentimento. Essa força baseada na negação da
realidade nos impede de aceitar nossas
experiências como elas são. Reconhecer que o
sofrimento não confere direitos especiais e que
apenas a dor genuína pode despertar a
compaixão é essencial para um crescimento
verdadeiro.
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Buscar nos outros o preenchimento de carências
afetivas não atendidas no ambiente familiar é
inadequado porque ninguém pode oferecer o que não
possui. Esperar que parceiros ou amigos substituam as
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lacunas emocionais deixadas por nossos pais leva a
expectativas irrealistas e frustrações, já que cada A liberdade e felicidade verdadeiras vêm da
indivíduo tem suas próprias limitações e capacidades. aceitação das responsabilidades pessoais e
Relações saudáveis são construídas na aceitação da superação do sofrimento manipulativo.
dessas realidades, entendendo que cada pessoa Honrar e aceitar os pais, com todas as suas
contribui com o que pode, sem a obrigação de imperfeições, é essencial para um
compensar as carências emocionais alheias. A saúde compromisso autêntico com a vida. Enxergar
emocional em qualquer tipo de relação depende dessa as adversidades como oportunidades de
compreensão e aceitação mútua das limitações crescimento e reconhecer a importância das
individuais. raízes e da ancestralidade, conforme
ensinado na prática budista, promove a
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O verdadeiro enfrentamento do sofrimento envolve fundamentais para o desenvolvimento
reconhecer e integrar nossa história familiar, em pessoal.
vez de projetar nossas dores em outros. Aceitar as
imperfeições dos pais e abraçar a realidade,
incluindo nossas próprias dores, nos leva à
serenidade e ao amor genuíno. A chave para o
bem-estar reside em aceitar-se, valorizar a
herança de nossos antepassados, e rejeitar a busca
por satisfação em ilusões externas.
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O protagonista da história, em dado momento,
pede ajuda ao terapeuta. É uma boa ajuda?
A aceitação e o respeito pelos pais, mesmo
com suas falhas, são essenciais para a saúde
emocional e o amor próprio. Terapeutas
eficazes promovem a humildade e a superação
de dependências, incentivando a reconciliação
com o passado para uma vida mais plena e
saudável.
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Que lições nós, os pais, podemos extrair do conto
das moedas?
Ser pai é uma grandeza natural, enraizada na
biologia e na história familiar, não precisando de
excessiva regulamentação ou instrução. O
verdadeiro aprendizado para pais deveria focar
em dinâmicas familiares e soluções para desafios
reais, respeitando a individualidade e a
capacidade inata de cada pai e mãe.
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Qual é para você o sentido último desse
aprendizado?
Viver plenamente significa aceitar e
valorizar o presente, buscar a felicidade na
simplicidade do cotidiano e contribuir
positivamente para o mundo. A paz interior
surge do amor próprio, da aceitação das
nossas raízes e da harmonia com os outros,
reconhecendo a importância de cada
experiência e relação na construção de
nossa jornada.
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Autor: Joan Garriga Bacardí
Mapa mental: Izabel C. Moura Sampaio