Livro o Maestro de Bandas e Suas Funcoes

O Regente de Bandas e suas funções
O REGENTE DE
BANDAS E SUAS
FUNÇÕES
ANDRÉ DE OLIVEIRA
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John Philip Sousa: um dos mais famosos regentes

de bandas da História.

Autor: André de Oliveira
Tema: Bandas de música e regência.
Viamão, RS, Brasil. Setembro de 2020.
Copyrights2020@André de Oliveira
Direitos Autorais protegidos.

Agradecimentos
Embora este livro seja tão simples e pequeno, ele é

uma parte de conhecimento adquirido nos últimos
40 anos. Por isso meus agradecimentos à algumas
pessoas.
Aos meus pais (in memoriam), minha irmã Dina

Oliveira e a minha esposa Cris Martin.
Ao meu primeiro maestro, Otto Follmann.

Ao Maestro Manoel Mota Dias (in memoriam)
Aos Pastor Ari Pfluck (in memoriam) que abriu

muitas portas para mim.
Ao Diretor Luiz Pfluck, da Escola São Marcos

(minha segunda casa) por todo apoio.
Genaína Lemes, minha querida aluna e parceira de
muitos projetos, pelo apoio.
Ao meu amigo e colega Everson Silva.

Aos meus colegas da Banda Marcial Pallotti e São
João.
A todos meus alunos de todas as bandas que
passei. Aos meus alunos e ex-alunos que me
ensinaram muito na Banda São Marcos. Aos pais e
mães da Banda São Marcos pelo apoio de sempre.
Ao meu grande amigo e inspirador, Keith Bearden

e sua esposa June Bearden, agradeço a Deus por
conhecer vocês.

Prefácio
O presente livro intitulado O Regente de Bandas

e suas Funções, escrito pelo professor e regente de
bandas André de Oliveira, vem preencher uma lacuna no
que se refere a publicações sobre particularidades,
práticas e funções para o desenvolvimento de bandas no
Brasil. Neste material, os leitores terão acesso a
informações referentes ao trabalho que deve ser
desenvolvimento pelo regente de banda e suas
atribuições. Logo, este material é direcionado ao
cotidiano do trabalho do regente.
Com muitos anos dedicados a regência de
bandas escolares no Rio Grande do Sul e após ter tido
contato com inúmeros profissionais da área no Brasil e
exterior, o autor traz sua experiência para o contexto da
escrita, abordando questões essenciais que irão auxiliar
muitos regentes iniciantes na carreira e, até mesmo,
regentes já experientes, a fim de melhor organizar e
direcionar seus trabalhos.
Genaína Lemes da Silva
Professora de Música
Mestre em Música: Etnomusicologia/Musicologia

Sumário
Introdução, 7
I. O Regente da Banda, 8
II. O Regente no meio militar e escolar, 9
III. Funções do Regente, 10
1) Professor de música, 11
a) Aulas de teoria, 15
b) Aulas de percepção, 16
c) Métodos de ensino em grupo, 17
d) Teoria e solfejo, 19
2) Professor de instrumentos, 21
a) Ensaio de naipes, 23
b) Aulas individuais, 24
c) Workshops e Acampamentos, 25
d) Vídeo aulas, 27
3) O Comandante da Banda (ordem unida), 29
4) O Mediador, 35
5) O Inspirador, 38
6) O Administrador de pessoas, 39
7) O Administrador de patrimônio, 40
8) O Condutor da Banda, 41
IV. Conclusão do livro, 43

V. Referências bibliográficas, 44

Introdução
A Banda de Música é uma das mais

populares e profícuas demonstração da
cultura popular.
Ainda hoje a Banda encanta o público Brasil
afora, seja nos coretos, praças, avenidas ou
qualquer lugar que seja possível a Banda
levando a música a todos os recantos.
Para que uma banda tenha vida e

cumpra seu papel, uma função é vital para
que as coisas aconteçam. O Regente de
Bandas.
Neste pequeno livro vamos introduzir
uma discussão sobre essa figura e suas
principais funções.
Não vamos esgotar o assunto, mas

vamos começar a entender os tantos papéis
desempenhados pelo Regente de Banda.
Uma banda só é possível se tiver um Regente
dedicado e interessado, é ele que irá aglutinar
pessoas a sua volta e fazer a magia da música
acontecer.
Tenham uma boa leitura.

I – O Regente de Banda
Acredito que o elemento essencial e

central no funcionamento de uma banda,
fanfarra, filarmônica ou qualquer grupo que
necessite de um diretor (a) artístico-musical
é o (a) regente, como é denominado
comumente no Brasil.
Mas há outros termos que denominam

o (a) regente de bandas. Pode ser o maestro
(maestrina),
mestre,
professor (a)
ou instrutor
(a). O que
importa é que a
liderança do
regente
mantém viva
as bandas
Brasil afora.
Figura 1. A Regente

II – O Regente No Meio Militar e Escolar
No meio militar, o regente da banda é

conhecido como mestre, tendo como seu
auxiliar imediato o contramestre.
Figura 2. Banda Marcial Militar
Nas bandas escolares e civis, muitos

regentes carregam o nome pomposo de
maestro. Maestro ou mestre são palavras
que significam a mesma coisa, lembrando
que em espanhol, maestro é também
professor.

III – Funções do Regente
Figura 3. Um regente em ação nos Estados Unidos.
Nesse ponto chegamos a um consenso,

o regente é o professor da banda, ele que vai
ensinar na maioria das vezes sozinho, tudo o
que os componentes da banda, sejam
músicos, linha de frente, mór entre outras
funções.
Por isso, o regente precisa ter um

conhecimento universal e amplo, precisa
dominar os instrumentos que a banda irá
utilizar, bem como instruir a parte teórica
(quando a banda for instruída nesta parte
fundamental de conhecimento).
10

Para facilitar o entendimento, vamos

subdividir as funções do regente de banda
abaixo e descrever quais caminhos deve
tomar:
Figura 4. O quadro e o giz ainda fazem parte da

realidade do ensino musical nas bandas.
1) Professor de música
O regente é na grande parte das bandas,

o professor de música, aquele que vai instruir
sobre a teoria musical suficiente para a banda
poder tocar. Ele será responsável por aplicar
a pedagogia e a metodologia para que os
componentes iniciantes possam ser
preparados para integrarem a banda. Aulas
em pequenos ou grandes grupos, solfejo,
11

exercícios rítmicos fazem parte da função do

regente.
É sabido que as bandas que investem

tempo no ensino musical atingem muito mais
rápido seus objetivos técnicos, pois a
alfabetização musical é fundamental para
que os componentes possam se familiarizar
com a linguagem musical e assim ganhar
pouco a pouco independência na
interpretação musical.
Um regente deve sempre ensinar

música com a utilização do pentagrama e das
notas, não devendo se utilizar por todo o
tempo, de outras formas de ensinar música
como escrever as notas no quadro como se
fosse um texto (lá, lá, lá, si, si, dó, ré).
Essa forma de ensino limita muito o

conhecimento musical dos componentes. A
decisão de um regente em não ensinar
música, pode muitas vezes bloquear carreiras
promissoras de músicos de sua banda.
12

Figura 5.
Os
símbolos
musicais.
Muitas vezes o regente perde bons

músicos para outras bandas, justamente por
que não ensina música. Ocorrem muitos
casos de músicos que querem aprender
música e seu regente não se preocupam com
isso e logo, buscam outra banda para que
possam crescer.
Por essas razões, um regente não deve
jamais deixar de ensinar música, não deve
colocar suas próprias limitações como
limites da própria banda e seus componentes.
13

Ao contrário, como qualquer profissão,

ser regente é buscar conhecimento durante
toda a sua vida profissional. Esses
profissionais trabalham com crianças e
jovens, sendo assim, é necessário sempre
buscar capacitação, a fim de repassar seus
conhecimentos com qualidade aos seus
alunos.
Figura 6. Escrever música manualmente ainda é uma

atividade importante para o aprendizado.
14

Atualmente, existem várias formas de

trabalhar teoria musical com uma banda, as
quais descrevo abaixo:
a) Aulas de teoria não podem durar muito

tempo por dia, devem ser curtas e necessitam
seguir uma programação. Devem ser
planejadas e o regente deve se preparar para
estas aulas.
Ensinar com clareza e sanar as dúvidas

dos músicos. O regente deve ter humildade
para afirmar aos seus alunos que ele não sabe
tudo e que, às vezes, precisa ler novamente
um livro ou método para poder tirar as
dúvidas dos alunos. É importante que os
alunos tenham ao menos um caderno de
música junto com eles para tomar nota dos
tópicos da aula. É também importante que os
alunos não recebam tudo pronto, impresso.
Os alunos necessitam copiar uma clave, o
formato de uma nota, os símbolos musicais
pois ao copiar os alunos irão ler pelo menos
duas vezes a mesma palavra facilitando a
assimilação de seus significados. Para uma
aula de teoria basta um quadro, giz e carteiras.
15

Ponto fundamental.
O REGENTE DEVE FAZER UM

PLANEJAMENTO para cada aula que for
dar a seus alunos. Não deve fazer as
atividades sem planejar. O resultado será
muito melhor.
b) Aulas de percepção podem ser dadas

junto com a teoria musical ou em momentos
separados. Nas aulas de percepção, o regente
precisará contar com algum instrumento de
preferência melódico/harmônico como um
teclado ou piano. Pois o objetivo das aulas de
percepção é justamente aperfeiçoar a audição
seletiva dos músicos.
Figura 7. Ditado rítmico-melódico é uma excelente

forma de trabalhar a percepção musical.
16

Em grande parte das aulas de

percepção, trabalha-se com ditados
melódicos e harmônicos, buscando que os
alunos identifiquem as notas nas suas alturas,
ritmos e harmonia. Sabemos que muitas
bandas não chegam a essa parte do ensino,
mas é fundamental para que os próprios
alunos melhorem sua sonoridade nos
instrumentos.
Para lembrar aos regentes, há um

velho aprendizado que tive na música e que
sempre repito: UM MÚSICO DE SOPRO
SÓ CONSEGUE TOCAR O QUE
CONSEGUE CANTAR OU O DE
PERCUSSÃO SÓ CONSEGUE TOCAR O
QUE CONSEGUE IMITAR
RITMICAMENTE. Portanto, pode ser que a
percepção musical como aprendizado na
banda, seja a ação que falta para sua banda
chegar a excelência. Invista tempo nisto.
c) Método de ensino coletivo: nos últimos

anos, desenvolveu-se novas prática de ensino
da teoria musical que são a utilização de
métodos de ensino em grupo.
17

Esses métodos muito utilizados nos Estados

Unidos, tiveram um modelo apresentado no
início pelo Dr. Joel Barbosa no início dos
anos
2000.
Figura 8.
Método
de ensino
coletivo
Da Capo.
Pioneiro
no Brasil.
Aparentemente este tipo de método

ainda não avançou nas bandas brasileiras,
mas há pequenos exemplos da utilização
destes métodos que deram resultados.
Acredito neste material e já vi músicos
aprenderem os conceitos básicos de música
com o mesmo. O interessante é que se
trabalha com um método para cada
instrumento da banda, mas quando tocam
juntos, as lições, tudo funciona, pois estão
adaptadas para os instrumentos tocarem ao
mesmo tempo. Pouco a pouco o grupo inteiro
18

vai aprendendo e assimilando os conceitos

de música. Um dos empecilhos é que os
métodos americanos são em inglês. Além
disso funciona melhor se todos os músicos
estiverem no mesmo nível de aprendizado.
Acredito que este tipo de método poderá ser
largamente utilizado pelas bandas no Brasil.
d) Teoria e solfejo: outra forma de trabalhar

a teoria musical é dividir em duas partes:
teoria e solfejo (leitura rítmica e melódica).
Neste formato, o regente trabalha a teoria em
grupo de músicos, usando quadro, giz e
material didático como apostila ou método.
No segundo momento da aula, o

regente atende individualmente os alunos
para tomar lições de leitura rítmica (divisão
musical). Esta é uma das formas mais
trabalhosas, pois sozinho, o regente fica
muito atarefado e precisa dar atenção a todos.
Mas acredito que seja a forma mais efetiva
de ensino principalmente da leitura musical.
19

Figura 9. Método Pozzoli para solfejo musical e

ditado musical.
Quando o regente tiver um assistente

ou professor específico de teoria, este
trabalho fica ainda mais produtivo e
fortalecerá muito sua banda com músicos de
ótima leitura e independência para “tirar” as
músicas sozinhos.
20

PONTO FUNDAMENTAL
Portanto, a função de professor de
música é fundamental para que haja banda e
que ele tenha progresso e sucesso. Caro leitor
que me lê e pretende fazer uma banda ou
fanfarra (tipo de banda), JAMAIS DEIXE
DE ENSINAR MÚSICA PARA SEUS
COMPONENTES, por mais difícil que
possa ser, por pior que sejam as condições,
mesmo que você não saiba tudo, ensine
música para seus componentes, essa é uma
das CHAVES DE OURO para o sucesso.
2) Professor de instrumentos
Esta é outra função de todo o regente.

Mesmo que não saiba tudo sobre todos os
instrumentos, o regente precisa se esforçar
para conhecer todos os instrumentos que tem
na sua banda. Precisa, na verdade, ir além e
não limitar sua banda somente com os
instrumentos que ele conhece, pois, seus
alunos não tem limites.
21

Portanto, nesta área, o regente precisa

qualificar-se e estudar para conhecer todos
os instrumentos possíveis de serem
colocados em sua banda, pois quanto maior
a variedade de instrumentos a sua tiver, mais
variados e ricos serão os timbres e tessituras.
Figura 10. Professores de instrumentos aceleram o

aprendizado dos alunos.
O regente não pode limitar a sua banda

por suas dificuldades técnicas. Para que os
seus alunos não padeçam do pouco
conhecimento do regente sobre alguns
instrumentos, há várias formas de ir a frente
e qualificar seus músicos, as quais vou falar
a seguir.
Para efetivar o conhecimento técnico e
prático nos alunos sobre os instrumentos, o
regente pode trabalhar da seguinte forma:
22

a) Ensaios de naipe: quando possível o

regente deve dividir a banda em horários
diferentes para trabalhar os naipes, passar
músicas, fazer exercícios, passar métodos,
qualificar o som dos seus músicos. É uma das
formas mais efetivas de alcançar uma boa
sonoridade da banda. Acredito que o regente
nunca deva, nos ensaios de naipe, incentivar
a competição entre os naipes, pois em alguns
casos essa competição, inicialmente sadia,
pode se tornar uma batalha entre partes da
banda. É importante que o regente mantenha
seus músicos orgulhosos do naipe que
compõem e de sua importância para o som
da banda. O regente JAMAIS deve desprezar
a percussão. A percussão também precisa de
ensaio de naipe e a percussão também
precisa saber teoria e ler música.
Deixar a percussão sem aprender a ler

refletirá em uma grande limitação para toda
a banda e trabalho dobrado para o regente no
futuro quando inserir músicas mais
complexas no repertório da banda. O ensaio
de naipe pode ser atribuído, quando possível,
a um professor de instrumento convidado ou
contratado para trabalhar os naipes. Neste
23

caso, é importante que o regente esteja

sempre atento ao que esteja sendo trabalhado
para poder realmente aproveitar os
resultados deste tipo de ensaio.
b) Aulas individuais: este tipo de atividade

se torna mais complicada pois nem sempre o
regente tem tempo para atender um aluno
somente, pois na maior parte do tempo,
estará com vários músicos a seu redor. Uma
das saídas para quando um músico novo está
chegando na banda é passar a missão de
ensinar as coisas básicas do instrumento a
um dos músicos mais experientes daquele
instrumento. O regente deve estar seguro que
o experiente componente tem compromisso
com o projeto e não imaturo demais para
afastar o novo componente com ameaças e
brincadeiras. Fundamental que o
componente da banda, escolhido para
ensinar um componente novo, esteja
realmente de boa vontade e com as melhores
intenções.
Através de relatos de maestros
americanos que viajaram ao Japão e
visitaram bandas comunitárias formadas por
jovens, sabe-se, que os alunos mais velhos e
experientes ensinam os mais novos. Os
24

resultados são surpreendentes. Então, chega-

se à conclusão que este tipo de ação dá certo,
dependendo de como os componentes da
banda encaram.
Figura 11. Aulas individuais são importantes no

aprendizado.
c) Workshops e Acampamentos: outra
forma de ensinar seus músicos nos diversos
instrumentos é a organização de workshops,
“retiros musicais” ou como chamam os
americanos de “acampamentos”.
Os acampamentos são uma das formas
mais eficazes de unir os componentes e
torná-los mais parceiros, mais companheiros.
Sabe-se das dificuldades financeiras e de
local para realizar este tipo de encontro, mas
os mesmos podem ser realizados na própria
25

escola ou comunidade, fazendo com que

todos fiquem em tempo integral durante um
final de semana ou feriadão. Quando
possível, convidar professores ou regentes de
outras bandas parceiras para trocar
experiências, dar palestras e ensinar um
pouco sobre os instrumentos.
Figura 12. As práticas de conjunto nos workshops,

dão experiência para os jovens músicos.
Em tão pouco espaço de tempo não é

possível ensinar tudo sobre instrumentos e
música, mas será fundamental para incutir
nos alunos, principalmente os novos, o
ESPÍRITO DE GRUPO de uma banda.
Talvez por isso esse tipo de atividade seja tão
importante. Ter espirito de grupo fará os
alunos dedicarem-se mais e isso implicará
em melhores performances da banda.
26

d) Vídeo aulas: na era da tecnologia, os

regentes podem indicar vídeo aulas que
podem ser assistidas em conjunto pelos
componentes da banda, apresentadas na
própria sede da banda quando esta tiver
condições.
Muitas vezes uma vídeo aula em
conjunto pode gerar comentários entre os
músicos que podem refletir em novos
aprendizados em grupo. A geração de hoje é
altamente tecnológica e consome muito
material da internet.
Não podemos ignorar essa nova forma

de aprender. Muitas vezes grandes
professores de instrumentos estão com seus
vídeos gratuitos à disposição na internet e
isso não pode ser, jamais, descartado. Muitas
vezes é ideal que o próprio regente assista
previamente ou junto com sua banda essas
vídeo aulas para atualizar-se e falar a mesma
língua que seus componentes.
Considerações desta etapa
As formas de trabalhar o ensino de

instrumentos podem ser as mais variadas e
cada regente pode encontrar sua própria
27

maneira de fazê-lo. Apresentei apenas

algumas sugestões que podem ser
melhoradas e aperfeiçoadas. Todavia,
informo que para obter bons resultados, ao
menos algumas das práticas citadas
anteriormente devem ser realizadas. A
sonoridade de uma banda não será
qualificada apenas com ensaios gerais. Os
naipes precisam ser ouvidos.
Lembro ainda que uma das formas

mais eficazes de tirar o melhor de seus
músicos é quando o regente pega um
instrumento e mostra como ele quer que seja
tocado. Essa forma em geral é infalível.
Sabemos que muitos regentes não

tocam todos os instrumentos, mas ao menos
o bom conhecimento em um ou dois já é
suficiente para mostrar como quer que uma
música ou trecho seja executado. Por conta
disso, é importante que o regente jamais
deixe de praticar seu instrumento.
28

3) O Comandante da banda (ordem unida)
Mesmo que uma banda tenha um mór,

é fundamental que desde o começo, o regente
tenha voz ativa no comando da corporação.
É o que dá segurança e confiança aos
componentes e que demonstra o regente
como autoridade que sabe o que está fazendo.
Por isso o regente, precisa ser um modelo
inclusive na ordem unida, precisa dominar os
comandos e saber organizar o grupo quando
preciso.
A ordem unida é parte fundamental da

postura de uma banda durante uma
apresentação. Uma banda com uma postura
desleixada e sem energia, passa antes de tudo
insegurança e uma certa falta de respeito com
o público.
29

As bandas têm origem militar, embora

a grande maioria não seja ligada a um
regimento elas apresentam garbo, postura,
logo, um desfile se torna mais bonito. Ao
contrário, veremos uma banda se arrastando
e componentes marchando com passos sem
uniformidade.
Figura 13. A ordem unida é fundamental para o

sucesso da banda.
Por tudo isso, preparar a banda para

uma apresentação, desfile, concurso é uma
forma de respeito ao público. O regente,
quando tiver um mór em sua banda, deve
sem medo orientá-lo e corrigi-lo até que o
mesmo tenha total domínio e segurança no
seu comando. Cada mór é um mundo à parte.
30

É papel do regente dar confiança para que

eles possam desenvolver seu trabalho, mas
sempre lembrando que o comandante da
banda é o regente. O mór tem o comando em
desfiles, todavia, tudo aquilo que for realizar
na banda deverá ser combinado,
anteriormente, com o regente.
Por isso, o momento de treinamento de

ordem unida precisa seguir com precisão
aquilo que foi definido pelo regente. Esse,
tem o plano geral da apresentação
previamente desenhado, cabendo ao mór
obedecer e cumprir o plano.
31

Torna-se fundamental que o regente

não interfira na condução da banda em
desfile, deixando para o mór fazer tudo
como planejado.
Figura 14. O mór é o comandante da banda em

desfile.
No Brasil, ainda que em alguns

concursos o mór seja impedido de reger a
banda, na minha opinião, não vejo
problemas em ter a participação do mór
comandando musicalmente a banda, em se
32

tratando de compasso simples ou durante

uma marcha, desde que isso não envolva
músicas complexas ou que exijam uma
regência de técnica moderada para difícil.
Assim como a ordem unida precisa

estar de acordo com o comando do regente,
ele precisa também estar atento a disciplina
da banda em forma. É o regente que
determina a disciplina que terá na banda. Ele
colocará os limites nas atitudes dos
componentes quando estes estiverem em
desfile ou apresentação. Esses limites serão
repassados ao mór que deverá manter a
banda corretamente disciplinada e
organizada.
Banda que não tem disciplina e

respeito aos comandos, está no caminho
errado. Um regente jamais pode se colocar
como amigo de A ou amigo de B. Precisa ser
igual com todos quando estiver investido
como comandante da banda.
Qualquer tipo de preferência fará o

33

regente perder a sua neutralidade e respeito

por parte dos componentes. O papel do
regente é de mediador entre seus
componentes, jamais se colocando em um
lado ou outro. Isso manterá o respeito que o
componente tem pelo regente. Quando esse
respeito se quebra há o grande risco de o
regente perder toda a banda.
34

3) Mediador
O regente é um grande mediador de

conflitos e situações que acontecem em
qualquer tipo de grupo humano. Como já foi
dito anteriormente, um regente jamais deve
se posicionar a favor ou contra um aluno ou
grupo de alunos nas situações que ocorrem
entre eles.
Se o regente se colocar contra ou a favor de
algum grupo, rapidamente, ele deixará de ser
a referência na banda, perdendo o controle de
todo o grupo.
Devemos lembrar que a maioria das bandas

são compostas por crianças e jovens e, em
muitos casos, há o envolvimento de pais e
responsáveis.
Nesse ponto o regente é o ponto de

equilíbrio entre todos. Por isso não deve
“puxar saco” ou discriminar pessoas. Todos
na banda precisam ter os mesmos direitos.
A banda é um dos grupos mais
democráticos que existe, todos são iguais e
serão tratados de acordo com suas
limitações e condições físicas e mentais. Ou
35

seja, todos devem ser tratados iguais, mas

respeitando suas limitações. Banda é um
lugar de humildade, parceria, cidadania,
amizade em que todos lutam pelo bem
comum que é a banda. Não, as
individualidades não podem ser apagadas,
pelo contrário, quando possível, dentro do
contexto musical ou marcial, os músicos
podem fazer solos, os bailarinos podem
fazer solos e brilhar. Entretanto, este brilho
jamais deve ofuscar o trabalho em equipe.
Todos devem se sentir orgulhosos por fazer
parte da banda.
Um aluno, sejam quais forem suas

limitações, jamais deve ser alijado de
participar da banda, podendo esse tocar com
cadeira de rodas ou muletas.
Nenhuma dificuldade é empecilho para um
aluno tocar na banda. Esse é o papel do
regente, impedir que pessoa alguma seja
discriminada na banda.
O regente deve, antes de tudo,

defender o direito de participação, ainda
mais quando se tratar de crianças. Logo, se
36

uma pessoa com 70 anos, por exemplo,

desejar participar da banda, não deverá ser
impedida.
A banda para muitas pessoas é a cura
da alma e o regente sempre deve lembrar
dessa sua missão de ser um mediador entre
as pessoas que participam de sua banda. Esse
papel ele não deve delegar a ninguém, nem
mesmo ao diretor ou diretora de sua escola
ou banda.
Figura 15. O regente e a banda. Patrimônio cultural

nacional.
37

5) O inspirador
É importante também o papel de

incentivador que o regente tem perante os
componentes, pais de alunos, diretores, entre
outros. É do regente que devem surgir novas
ideias, novos desafios e sua crença nesses
novos desafios são fundamentais para
conseguir empolgar e envolver a todos.
Em uma palavra, o regente precisa

inspirar as pessoas, faze-las adotar suas
ideias e desafios. Desta forma, o regente se
torna muito mais forte e com grande
prestígio. O regente é o líder técnico musical,
como já falamos, somente ele sabe o limite
que sua banda tem, portanto, é a melhor
pessoa para saber se certos desafios são
possíveis de atingir ou não.
Uma banda que não tem desafios, não

tem propósito e não tem futuro. Toda a banda
precisa ter propósito para não fechar, não
acabar. Inspirar é função do regente, uma das
mais importantes.
38

6) Administrador de pessoas
Mesmo que em uma banda haja o

envolvimento de muitas pessoas com
relação a organização e logística, é
fundamental o papel do regente como
"distribuidor de funções", a fim de
oportunizar às pessoas envolvidas um maior
engajamento nas funções que tenham
afinidade.
Fazer todos trabalhar com afinco e de
forma homogênea é o que buscam todas as
instituições humanas.
No caso da banda, o regente equilibrado e
descentralizador é fundamental para que
todos os processos fluam e não travem por
questões pessoais e particulares. Torna-se
importante ressaltar aqui que o importante é
o trabalho em equipe.
39

7) Administrador de patrimônio
Quando não há outras pessoas, é o

regente o próprio administrador de
patrimônio. É o regente que deve zelar por
todo o material que há a disposição da banda
como se fosse seu. Uma regente de ética e
moral íntegra, jamais se apropria do material
da sua banda. Ele tem que ser antes de tudo
um guardião do patrimônio de sua banda.
Preferível que saiba cada objeto que

está sob sua guarda ou está com algum aluno.
Quando o regente tem uma equipe para
cuidar do patrimônio da banda, não deve
mesmo assim deixar de saber o que é feito
com o patrimônio.
Pais e colaboradores passam, mas a

banda ficará. Portanto é fundamental que o
regente sempre saiba o que se passa com
todo o material da banda, evitando perdas e
desperdício de insumos.
40

9) Condutor da banda
Tudo se faz e trabalha para chegar

nesse momento ímpar de reger a banda. Se
tudo correr bem nas outras áreas, reger a
banda será uma tarefa mais facilitada, mas
não será tão simples assim.
Figura 16. O momento mágico de conduzir a banda.
É na condução da banda que o regente

se realiza e completa sua interação total com
a banda. É nesse momento que o regente
sente se tem ou não a banda na mão. Todas
as esferas anteriores devem ser unidas neste
momento de reger a banda. Neste momento,
41

precisa passar confiança, respeito e parceria

com seus músicos.
O regente precisa ter conhecimento
das questões técnicas referentes a partitura
musical, sobre a forma de execução entre
outras coisas envolvidas em um ensaio e
preparação para uma apresentação ou
concerto.
Figura 17. O regente e seu gestual.
42

IV. Considerações Finais
O regente é o centro da banda, é

necessário que seja e que dele venha toda a
energia que move uma banda. O regente será
o espelho pelo qual todos irão se inspirar e se
dedicar, ou, não. É na energia do regente que
todos devem vibrar e nas suas atitudes que
toda a banda irá também tomar como
exemplo.
Enfim, o regente é a peça mais importante
em uma banda, sem menosprezar
componentes, pais, coordenadores, diretores
entre outros.
É do regente que deve partir o impulso

para a banda ir para frente ou do contrário,
estará fadada ao fracasso.
Este pequeno livro não tem a intenção de

esgotar as discussões e funções dos regentes
de bandas, apenas tenta inspirar novos
regentes e futuros regentes para que tenham
sucesso em suas caminhadas. Esse tema não
se esgota, aqui, só começa a discussão.
43

Referências Bibliográficas
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Ressource Manual – Philadelphia, 2003. University of
Pensylvania Press
BENNET, Roy. Como ler uma partitura –Cambridge,

1986. Jorge Zahar Editor Ltda.
KIEFER, Bruno. Elementos da Linguagem Musical

Porto Alegre, 1979. Editora Movimento.
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Ditado Musical – Partes I e II. São Paulo, 1983. Editora
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PRIOLLI, Maria Luísa de Mattos. Princípios Básicos da

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ROCHA, Ricardo. Regência, uma arte complexa –

Técnicas e reflexões sobre a direção de orquestras e
corais.
RUSH, Scott e outros. Habits of a Successful Middle

School Band Director. Chicago, 2014. GIA Publications,
Inc.
44

Livro o Maestro de Bandas e Suas Funcoes

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O Regente de Bandas e suas funções

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John Philip Sousa: um dos mais famosos regentes

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Autor: André de Oliveira

Tema: Bandas de música e regência.

Viamão, RS, Brasil. Setembro de 2020.

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Embora este livro seja tão simples e pequeno, ele é

Aos meus pais (in memoriam), minha irmã Dina

Ao meu primeiro maestro, Otto Follmann.

Aos Pastor Ari Pfluck (in memoriam) que abriu

Ao Diretor Luiz Pfluck, da Escola São Marcos

Ao meu amigo e colega Everson Silva.

Ao meu grande amigo e inspirador, Keith Bearden

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O presente livro intitulado O Regente de Bandas

Genaína Lemes da Silva

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II. O Regente no meio militar e escolar, 9

III. Funções do Regente, 10

3) O Comandante da Banda (ordem unida), 29

IV. Conclusão do livro, 43

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A Banda de Música é uma das mais

Para que uma banda tenha vida e

Não vamos esgotar o assunto, mas

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Acredito que o elemento essencial e

Mas há outros termos que denominam

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II – O Regente No Meio Militar e Escolar

No meio militar, o regente da banda é

Figura 2. Banda Marcial Militar

Nas bandas escolares e civis, muitos

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III – Funções do Regente

Figura 3. Um regente em ação nos Estados Unidos.

Nesse ponto chegamos a um consenso,

Por isso, o regente precisa ter um

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Para facilitar o entendimento, vamos

Figura 4. O quadro e o giz ainda fazem parte da

O regente é na grande parte das bandas,

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exercícios rítmicos fazem parte da função do

É sabido que as bandas que investem

Um regente deve sempre ensinar

Essa forma de ensino limita muito o

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Muitas vezes o regente perde bons

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Ao contrário, como qualquer profissão,

Figura 6. Escrever música manualmente ainda é uma

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Atualmente, existem várias formas de

a) Aulas de teoria não podem durar muito

Ensinar com clareza e sanar as dúvidas

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O REGENTE DEVE FAZER UM

b) Aulas de percepção podem ser dadas

Figura 7. Ditado rítmico-melódico é uma excelente

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Em grande parte das aulas de