POSSO

TOCAR
M A R ÇO D E 2 0 2 2 - N º 1

Por Daiany Dezembro

REVISTA MUSICAL
ÍNDICE
AULA 01

5 Eis o porquê não se deve

tocar uma música em 2/2
como se fosse um 4/4

AULA 02

12 Os problemas que todo

mundo tem com a escala
menor e como resolvê-los

AULA 03

20 O que se deve fazer para

começar a estudar uma
música nova

AULA 04

28 O que um iniciante de
música precisa saber

AULA 05

33 Aprenda música como você

come pizza

WWW. P O S S O T O CA R . CO M . B R
 SOBRE O CANAL

O Canal Posso Tocar nasceu da

iniciativa de levar ao máximo de

QUEM SOU EU
pessoas a consciência de que a
música é para todos e através dela
podemos transformar nossa vida,
nossa profissão, nossa família e
Olá, meu nome é DAIANY DEZEMBRO.
Eu sou pianista, cantora e educadora musical, especialista em
nossa sociedade.
iniciação e desenvolvimento musical. O foco é fazer com que você que já
Criadora do Canal Posso Tocar, hoje eu ajudo pessoas a aprender toca um instrumento tenha a
músicas mais avançadas, 10x mais rápido, em qualquer que seja o
seu instrumento. oportunidade de se desenvolver e,
De forma prazerosa, construtiva e passo-a-passo, ajudo-as a você que nunca pensou em tocar
descobrir o potencial de aprendizado que trazem consigo e mais
(ou já pensou mas ainda não
do que isso, a sentir o prazer que é pegar um instrumento e ser
capaz de tocar bem! começou) tenha condições de
Sou Bacharel em Piano pela Universidade de São Paulo (USP), conseguir de maneira prática,
Pedagoga pela Universidade do Estado de São Paulo
(UNESP/ UNIVESP), Pós-graduada em Música Popular pela
consistente e objetiva, a colher os
Faculdade Souza Lima, e capacitada pela metodologia Suzuki de benefícios que a música pode nos
ensino musical. transmitir.
Comecei meus estudos musicais junto ao piano aos 8 anos de
idade. Desde então não parei mais de tocar. Encontrei na música Desejo que você tenha a
uma razão de vida e de profissão. Estou na área da educação oportunidade de ver o mundo e a
musical desde a minha primeira formação, onde já trabalhei por
música de uma outra forma, e que
muito tempo com aulas particulares e em conservatórios musicais.
Hoje já oriento mais de 300 alunos, em curso online. transforme o sonho de tocar (e
Acredito fortemente que talento não é nato, mas sim, uma tocar bem) em realidade, ao
habilidade que qualquer pessoa pode desenvolver quando se
debruça com amor, dedicação, disciplina e sob boa orientação,
reconhecer que a música pode ser
sobre os estudos musicais. E é isso que me motiva a acordar todo uma poderosa ferramenta de
dia e ensinar mais e mais pessoas, com seriedade, cuidado, mudança pessoal e social.
comprometimento e acima de tudo, amor!
3

Como funciona essa revista?
As aulas aqui trazidas
correspondem à metodologia
de ensino musical da
professora Daiany Dezembro.
Elas fazem parte da temática
de conteúdos abordados e
disponibilizados nos canais
públicos do Posso Tocar.
Por isso, elas não encerram
em si toda a complexa
compreensão musical, nem
pretendem seguir uma
linearidade de assuntos.
Antes, elas traduzem
recortes musicais
independentes, oferecendo
ao leitor (seja este apenas
um amante, um estudante
ou um profissional da
música), um novo ponto de
vista, uma nova forma de
se apropriar e entender
música - características da
abordagem aprofundada,
simples e direta da
professora Daiany
Dezembro.
Espero que este material
enriqueça sua caminhada
de crescimento musical.
4
AULA 01

Eis o porquê não se deve

tocar uma música em 2/2 como
se fosse um 4/4
5
Eis o porquê não se deve tocar uma
música em 2/2 como se fosse um 4/4

QUAL A DIFERENÇA ENTRE

#FICA A DICA UM COMPASSO 2/2 E 4/4?
Aprenda a não ficar
limitado(a) a ler apenas A divisão das figuras
compassos simples A unidade de tempo,
como o 4/4 por
As células rítmicas de cada compasso
exemplo.

Assim, você terá mais

autonomia e
entendimento para
perceber a real
diferença quando
uma música aparece
com um compasso 2/2
ao invés do 4/4.

Desta forma, você

conseguirá aumentar
sua capacidade e
domínio musical e
perderá o medo de
pegar músicas
diferenciadas
para tocar.

r a d a música
partit u ve
Veja a s o u l ” e obser
and s como
“Heart e l e m o
cilment
como fa s e um 4/4
.
s e f o s

6
 Quando lemos um compasso 2/2
como um 4/4 não interpretamos
corretamente as células rítmicas,
é como se desconstruíssemos o
sentido rítmico proposto (da
divisão do pulso,
das células rítmicas).
E isso amarra a interpretação da
música escrita em 2/2 - o
andamento fica “arrastado”,
puxado para trás.

o seu
a foto d te
Tire u
m e pos
d e ação m
plan o r a
stag
eu In do
em s ágina
Para evitar isso, é preciso aprender a fazer a marc
a n d o p
Toca
a
r par
a ue
q
.
s s o s a ver
Po , pos
transposição rítmica das células rítmicas eu, D
a ia n y

comuns no compasso 4/4 ( "ta", "tati", "tatutitu",

e outras mais), para o compasso 2/2. DICA
@possotocar_dd
Desta forma você aprende a seguir a mínima
como pulso, e não mais a semínima.

Observe que na música da página anterior, as

semínimas assumem o papel de "tati", já que elas Tente fazer
são a subdivisão do pulso (minima). esta
transposição
Ao ler esta fórmula de compasso, é preciso rítmica, em
esquecer a ideia de um valor único para as seu caderno
figuras musicais. Elas precisam assumir seu de música.
papel específico de célula rítmica, independente
do valor que elas teriam no compasso 4/4.

7
 Quem lê uma música 2/2 em 4/4 se utiliza de
uma muleta. Isso mostra que não
compreendeu a leitura musical, nem
entendeu a questão do movimento rítmico
que a leitura correta em 2/2 traz. É preciso
sentir 2 pulsos, e não 4 - pensar em 2 traz
impulso para a movimentação rítmica.

r azida.
e com passo t
d
ia da fórmula
e r a i d e
e re m entend
não sa b
Por 2 /4 por
er i a e m
p a r a como s 2 / 4 e não
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o n v e r t er) a rít p a ra r o 2/2 co
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ste ão
a c h a r que e F I G U R AS, e n
a S
Tendem V A L O RES DA
do em
pensan
o.
do puls

8
Qual é a sua situação?

eu sou iniciante, pra que ir atrás de

partitura, se de
e isso é muito
ouvido a "coisa" rola
difícil para mim. muito mais fácil?

Lembre-se que se negar a

Mas calma, nosso
um conhecimento é direito
aprendizado tem que ser
de qualquer pessoa, mas
gradativo. Antes de começar
isso não diz respeito à real
a fazer a transposição
dificuldade de assimilação
rítmica, é preciso internalizar
daquele conhecimento, e
a ideia rítmica de divisão do
sim, da pouca disposição
pulso, só depois que este
para o aprendizado que
trabalho inicial foi muito bem
este alguém tem. É não
feito, e que você já tem
querer sair de onde está. É
segurança é que o processo
se conformar que “está
se conduz para as outras
bom”. Mas a música é uma
fórmulas de compasso, com
oportunidade que temos
consistência e consciência.
pra evoluir sempre.

9
Como eu faço então
quando tiver que ler
uma música em 2/2?

Pense na ideia da divisão do pulso e

visualize a sensação sonora daquela
distribuição de notas em cada pulso;

Marque os pulsos na partitura - para te

ajudar a visualizar os 2 pulsos, e não
começar a pensar em 4 no meio da música;

10
RESUMINDO
Você até pode ler um
compasso 2/ 2 como se
fosse um 4/ 4
Mas é preciso saber que você está
fazendo uma leitura errada.
E ainda que ela tenha sentido musical,
e que você extraia daquela partitura
o sentido melódico, ela estará longe
do que deve ser realmente.

ELA FICA “PESADA”,

ARRASTADA
RITMICAMENTE.
Mas e se você estiver apenas começando, e ainda não
aprendeu a ter segurança pra converter o
pensamento rítmico para o compasso 2/ 2?
Tudo bem! Eu sempre digo para meus alunos: se você
está adotando esta estratégia como uma etapa de
estudo, e está consciente de que ela não é correta,
mas é a que você consegue agora, tudo bem!
No entanto, não se contente em agarrar esta
estratégia como uma muleta, e não buscar o
entendimento correto
Aí começa um problema.

11
AULA 02

Os problemas que todo mundo tem

com a ESCALA MENOR
e como resolvê-los

12
 Qual o segredo para entender
ESCALAS MENORES?
Entender que se trata de um outro
modo musical
Ela não está vinculada à escala maior,
como geralmente pensamos. Ela é
independente. E possui uma distribuição
intervalar característica: T st T T st T T -
que deve estar presente em todas as
escalas, independente de qual seja a
sua nota tônica.
Por essa razão há acidentes que
surgem de forma específica para
algumas e não para outras. É daí que
temos as armaduras de clave
característica de cada escala menor,
que pode ser didaticamente organizada
num ciclo de 5ªs. E que pode também
ser comparado às escalas maiores que
se posicionam no mesmo local dentro
deste círculo - onde surgem então os
pares de escalas relativas.
E, por fim, ela apresenta algumas
variações em sua formação intervalar,
o que gera outras duas formas
escalares: a menor harmônica e a
menor melódica.
praticando-as, fazendo exercícios
As escalas devem estar na ponta
da sua língua, e dos dedos!
acidentes, a tonalidade usada).
É imprescindível dominar este assunto,
porque ele é a base tanto do
entendimento harmônico, quanto parte
essencial da construção da técnica
instrumental.
13
por que é difícil memorizar todas
as escalas menores?
Porque há dois pontos a serem
cuidados: a memória conceitual e a
memória prática.
Na memória conceitual - a
memorização torna-se difícil quando
nos falta a base do entendimento
correto (desde em relação à ordem de
acidentes possíveis, até a disposição
gradativa no ciclo das 5ªs).
Na memória prática - a memorização
se torna difícil porque ficamos lendo
as escalas para tocar, enquanto
deveríamos estar tocando olhando
para o instrumento - uma escala por
vez, e de forma gradativa,
acrescentar as demais.
Como tornamos algo
extremamente natural para nós?
Só ganhamos intimidade e
internalização das escalas,
(tanto conceituais quanto vivenciais),
buscando reconhecê-las
constantemente no repertório que
tocamos (ao analisar as melodias, os
Escala é o tipo de assunto que uma
vez aprendido, nunca mais será
esquecido!
Há que se falar (e tocar)
constantemente sobre este assunto.
praticar exercícios vai te ajudar a
memorizar mais rapidamente estas escalas

1. Qual alternativa corresponde à escala
de DÓ# menor melódica ascendente?
a. ( ) Dó# - Ré# - Mi - Fá - Sol# - Lá - Si
b. ( ) Dó# - Ré# - Mi - Fá# - Sol# - Lá - Si
c. ( ) Dó# - Ré - Mi - Fá# - Sol# - Lá - Si
d. ( ) Dó# - Ré# - Mi - Fá# - Sol - Lá - Si
e. ( ) Dó# - Ré - Mi - Fá - Sol - Lá - Si
2. Sol menor, Mib maior e Fá# menor
são, respectivamente, tonalidades
relativas de:
a. ( ) Si maior, Dób menor, Lá# maior
b. ( ) Sib maior, Dó maior, Lá maior
c. ( ) Sol maior, Mi menor, Fá# maior
d. ( ) Sib maior, Dó menor, Lá maior
e. ( ) Mi maior, Solb menor, Ré# maior

3. Identifique as escalas e assinale a alternativa que contém sua

classificação na sequência correta:

a. ( ) I - Dó menor (harmônica) , II - Ré maior e III - Sol# menor (melódica)

b. ( ) I - Dó menor (harmônica) , II - Ré maior e III - Sol# menor (harmônica)
c. ( ) I - Dób menor (melódica) , II - Ré maior e III - Sol menor (melódica)
d. ( ) I - Dó menor (melódica) , II - Ré menor e III - Sol menor (harmônica)
e. ( ) I - Dó menor (melódica) , II - Ré maior e III - Sol# menor (harmônica)

Gabarito: (1) b, (2) d, (3) e

14
 4. As seguintes armaduras de clave correspondem, respectivamente,
às tonalidades de:

a.( ) Mi menor - Sol menor - Fá menor - Fá# menor - Dó# menor - Sib menor
b.( ) Mi menor - Sol menor - Láb menor - Fá# menor - Dó menor - Mib menor
c.( ) Mi menor - Sib menor - Fáb menor - Lá menor - Dó# menor - Solb menor
d.( ) nenhuma das opções acima

5. Qual é o nome e a forma da escala dada?

a.( ) Lá maior - forma natural primitiva

b.( ) Dó menor - forma melódica
c.( ) Lá menor - forma natural primitiva
d.( ) Lá menor - forma harmônica

6. Assinale a tonalidade homônima do trecho musical a seguir:

a.( ) Láb maior

b.( ) Láb menor
c.( ) Fá maior
d.( ) Fá menor
e.( ) Ré menor

15
Gabarito: (4) a, (5) d, (6) c
 7. Relacione a 2ª coluna de acordo com a 1ª:

1. tem semitons entre o III e IV, e, VII e VIII graus ( ) Dó menor

2. tem o VII grau alterado ( ) Fá, Sol e Lá menor
3. tem 2 sustenidos em sua armadura ( ) escala de Ré maior
4. é o homônimo de Dó Maior ( ) escala menor harmônica
5. vizinhos diretos de Dó maior ( ) escala maior
6. seu relativo é ré menor ( ) Fá maior

A sequência correta, de cima para baixo, é

a. ( )1-2-4-3-6-5
b. ( )4-3-1-2-6-5
c. ( )4-5-3-2-1-6
d. ( )1-2-6-5-3-4
e. ( )6-3-2-1-4-5

Gabarito: (7) c

Provavelmente quando você diz isso, na verdade,

está querendo dizer: “nossa, que chato ficar
tendo que pensar tudo isso!”
E de fato de você está certo: exercícios
puramente conceituais são “chatos”, porque são
cansativos, e porque muitas vezes são
desconectados com a nossa prática musical.
E justamente por você ter ânsia por tocar, ficar
nesta fase se torna algo bastante tedioso.
A questão é que exercícios devem ser feitos
apenas para acelerar nossa velocidade de
raciocínio, pelo intenso contato diário.
Você precisa aprender a parar e descansar.
Nossa intimidade com um conceito se torna
natural pela frequência de contato e não pela
intensidade deste contato. Aprenda a fazer um
pouco, apenas um pouco por dia. Aprenda a
descansar. Se dê a oportunidade de praticar a
constância de estudo. E principalmente, nunca
pare nessa fase de exercício conceitual. Há que se
estender esse entendimento também para os
exercícios vivenciais.

16
 NÃO ADIANTA SÓ FAZER EXERCÍCIOS ASSIM...
PRECISA TAMBÉM VIVENCIAR.
VOCÊ SABE O QUE SÃO EXERCÍCIOS VIVENCIAIS?

São aqueles em que você começa a ouvir tudo isso, onde a sonoridade destas
escalas todas são percebidas e identificadas pelo seu ouvido;
são aqueles em que você coloca a mão na massa, e toca estas escalas em seu
instrumento;
são aqueles em que você analisa a sua música, e encontra relações deste
estudo com o que naquela música aparece.

Se você não fizer isso, logo estará repetindo a velha frase de

que: “estudar Música é pra quem tem dom! Pra quem nasceu
pra isso”.

E vai começar a se autoconvencer de que não precisa ir mais além não, que
basta aprender algumas músicas para tocar em casa mesmo, que você não
quer se aprofundar no estudo… que está bom ficar só no aprendizado
instrumental.
E dentro de alguns meses você vai desistir da música… porque verá que o
aprendizado instrumental, sem base musical, se torna também muito
desgastante, chato e sofrido.

Há diversos objetivos que podem ser

alcançados com o treino diário das escalas, e
todos eles devem seguir uma gradatividade.
Não dá pra alcançar todos juntos.
Mas o fato é que o estudo das escalas não
deve ser repetitivo, tedioso e cansativo. Pelo
contrário, deve ser sempre desafiador, de
forma a promover sempre pequenas e novas
conquistas.

17
resumindo

18
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19
AULA 03

O que se deve fazer para

começar a estudar uma
música nova
20
O que se deve fazer para começar
a estudar uma música nova

ATENÇÃO!
É muito importante a
ter estratégias mais
Procura a partitura, a cifra ou o áudio dela - pra
eficientes para
ter uma referência de como começar a aprende-
estabelecer um bom
la (seja pela leitura, pela harmonia ou de ouvido)
estudo musical.
e já começa a repetir o estudo, uma vez atrás da
Porque assim, você
outra - até que consiga tocar.
terá um estudo
consciente que fará O que deveria ser feito ao invés disso?
seu corpo aprender

aquela música, e não

Pegar estas referências mas não ir direto
ficar tropeçando toda
hora.
tocar, primeiro se afaste, analise, compare,

busque padrões (formais, harmônicos,
Assim você entendará
estruturais, melódicos);
o que é preciso mudar
Encontre o que há de diferente, o que há de
desde a primeira
parecido, o que há de igual…
tentativa de tocar uma
música e não correrá o Reconheça ali os elementos musicais que
risco de logo desistir e sustentam a ideia musical daquela música;
deixar de aprender Olhe a parte rítmica, melódica, harmônica,
aquela música que musical, timbrística, formal… tudo que você
você quer tocar. conseguir reconhecer musicalmente;
Faça isso tanto visualmente quanto
auditivamente (tendo uma escuta analítica, e
não só pra conhecer a música).

x i m a p ágina a

pró aria E não se trata de fazer apenas uma olhada

Veja na ú s i c a “ M
a r t i t u ra da m ue padrões rápida. É preciso dissecar a música, para focar
p q
i a ” e identifi e em uma parte de trabalho por vez. Então, a
Ma r
o s , m e lódicos visão vem do macro para o micro, fazer um
rítmic icos.
harmôn check-up da música - como um todo.

21
Observe a célula rítmica que aparece com maior frequência em toda a música - é quase
sempre uma "semínima + colcheia", não?
Observe também a sequência harmônica que aparece (e que dura 8 compassos) - ela se
repete da mesma forma?
Observe agora as frases melódicas. Se repetem ou são totalmente diferentes?

22
 Exatamente! Porque este tipo de
análise só é possível de ser feita
quando o teu entendimento, domínio e
autonomia musical está cada vez mais
sólido. Quando estamos apenas
aprendendo a pensar e cuidar da
questão técnica no instrumento, isso
não é possível de acontecer.

Quando não somos ensinados a entender

a música como um todo, e ao invés disso,
somos ensinados apenas a tocar aquela
música, e depois aquela outra, ou seja,
quando somos ensinados a focar apenas
na questão de como aprender uma
música atrás da outra, não conseguimos
nos afastar e analisar.

Ao ser capaz de fazer isso, já estamos mais adiantados no entendimento musical e

logicamente nosso estudo e prática musical não precisará ser uma repetição sem
limites pra alcançar os resultados.
Você consegue ter clareza de quando o resultado que era desejado para aquele dia,
naquele trecho de estudo foi alcançado.
Você consegue estabelecer uma meta para mensurar quando ela já foi alcançada,
com clareza, e quando já pode ir pra outro trecho ou, outra música.

23
 Qual a sua opinião?

tocar de ouvido é
eu acho que
melhor, PORQUE evita
partitura é só pra
essa complicação de
música clássica. ter que analisar.

O importante não é o
veículo que você está
utilizando para aprender o A pergunta que fica no ar
repertório do seu é: “será que você
realmente aprendeu a
instrumento, o importante é
educar seu ouvido para
como você está aprendendo
os “detalhes musicais”?
sobre música… e o quanto
A questão não é qual é o
seu estudo musical tem sido
melhor caminho para
direcionado ou não pra ter
aprender uma música (se
dar um entendimento amplo
partitura ou se de
da música. Tudo tem o seu
ouvido), a questão é o
momento para ser COMO estamos nos
alcançado - pode ser que desenvolvendo e nos
daqui há algum tempo você aprimorando na
venha a lidar com a leitura linguagem musical.
musical também dentro do
seu estudo musical.

24
Precisamos saber exatamente COMO praticar,
e não apenas O QUE devemos praticar

Todas as suas ideias sobre

a sua capacidade de aprender uma
música nova não vem do quanto
aquela música é realmente
desafiadora.
Vem da sua p
ercepção, bas
ou do que voc eada na sua m
ê acha que co emória
sua sensação n se g u e fazer, vem da
do quanto voc
ê vai ter que s
dedicar. e
Mas cuidado,

existe uma ide

quanto mais v ia errada de q
ocê se esforça ue
consegue, ou n a re p etição, mais
seja, se tiver q
é porque a mú u e se esforçar
sica é difícil. E demais,
ssa é uma cre
limitante. nça
Comece a mu

dar a forma d
daquela músic e iniciar seu e
a nova - e voc studo
ê verá que a c
deste estudo ondução
será todo dife
rente.

25
RESUMINDO

POR ISSO É
PRECISO BUSCAR
CONHECIMENTO.

Acompanhe nossos canais oficiais e fique ligado(a)

em nossas aulas e materiais exclusivos
26
 JÁ PARTICIPA
DO MEU
CANAL DO
TELEGRAM?

É ESSE AQUI:

EVOLUINDO
NA MÚSICA

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outro lado.

27
AULA 04

O que um iniciante de música

precisa saber

28
Quando começamos a querer aprender música uma
das primeiras coisas que pensamos é:
COMO FAÇO PRA ENTENDER O CÓDIGO DA PARTITURA?
Sim, porque temos dois caminhos
para começar a tocar um
instrumento: ou DE OUVIDO,
imitando o que alguém toca; ou
LENDO UMA PARTITURA, tentando
tocar algo que faça sentido a partir
daquela escrita.
Se você decide seguir pelo caminho
da leitura musical, 3 pontos
precisam estar claros para você:
a leitura das 12 notas musicais (e
sua disposição na pauta, tanto
no que se refere à leitura vertical
quanto horizontal);
os valores destas notas (a partir
de uma combinação
matemática, proporcional a cada
compasso), que vai determinar o
ritmo da música;
e como tocar estas notas no
instrumento (a parte técnica de
como produzir o som - que é
algo muito particular de cada
instrumento).
Estes pontos se interconectam e um
interfere no outro. Por isso eles
precisam ser independentes e
automatizados.
Eles exigem um treinamento
específico e individual para que de
fato o cérebro não fique perdido na
hora de tocar, sem saber em que ele
deve prestar atenção primeiro.
Parecem 3 pontos simples de
coordenar, mas não são!
Quando você tem a sensação de que
você está perdido(a) e sufocado(a),
sem saber como coordenar tudo
isso, é porque você queimou etapas,
e tá tentando automatizar todos
eles de uma única vez. CUIDADO!
Isso simplesmente não funciona.
29

O que você precisa saber sobre as notas musicais
1º - não são 7, são 12. Temos 12
alturas musicais - 7 naturais (dó, ré,
mi, fá, sol, lá, si) e 7 com acidentes
(sustenidos e bemóis);
2º - essas notas são registradas na
pauta, e podem variar sua posição
de acordo com a clave que as
acompanha (ou seja, uma mesma
linha/ espaço pode indicar sons
diferentes);
3º - existem 3 claves possíveis na
música: de sol, de fá e de dó (procure
saber qual é a clave do seu
instrumento, e foque no estudo com
ela primeiro, para automatizar a
memorização do registro com ela);
4º - as notas podem ser escritas
tanto na dimensão horizontal quanto
na vertical dentro da pauta, e cada
uma delas representa uma
informação diferente;
5º - aprenda a desenvolver a leitura
relativa (que acompanha o
movimento das notas na pauta, assim
como as distâncias intervalares entre
elas), porque a leitura absoluta irá
demandar um pouco mais de tempo
para acontecer, seu cérebro vai
memorizar os nomes das notas aos
poucos - mas isso não significa que
você deva evitar ler partitura porque
ainda não se sente seguro com o
nome das notas;
6º - aprenda a fazer a
correspondência imediata daquela
nota escrita com o seu instrumento,
ou seja, onde toca cada altura que
você aprende (associar com a
questão técnico-instrumental).
30


O que você precisa saber sobre o valor

das notas musicais

1º - que elas não tem um valor fixo e sim uma proporção de subdivisão;

2º - que cada nota ou conjunto de notas ocupam um espaço por pulso (de acordo
com o seu valor);

3º - que eles seguem uma lógica de distribuição matemática por compasso, onde
cada pulso musical abarca uma quantidade de sons - e assim temos as células
rítmicas;

4º - que as células não variam muito, mas a sua forma de escrita sim, porque elas
obedecem à lógica da fórmula de compasso;

5º - que é preciso ganhar intimidade com as células rítmicas, de forma que você
veja e tenha uma imagem mental de como ela deve soar - ritmicamente falando,
ou seja, como devemos encaixá-la em cada pulso;

6º - que você precisa sempre pensar na ideia rítmica antes de pensar no nome da
nota (altura), porque se você não fizer isso, não vai acoplar uma camada na
outra, e sua leitura ficará instável, sem sentido musical.

Sempre pense nisso quando

você estiver diante de uma
partitura para ler. mas
lembre que tudo que
precisa estar
automatizado, precisa
antes ser estudado dessa
forma, porque do
contrário, sua mão não
te obedecerá.

31

Isso serve
para
qualquer
instrumento?
Sim. A base musical é a mesma
independente de qual seja o
instrumento.
Aprender música significa aprender
2 coisas: esta base musical
(estabelecida pelo estudo das
regras que sustentam a linguagem
da música, como a teoria, a
harmonia, o ritmo musical), e
aprender a técnica do instrumento
que gostamos (e essa sim é muito
particular de cada instrumento).
Talvez você esteja pensando:
Mas Daiany, “se a base é a mesma
porque no meu instrumento eu não
vejo estas coisas? Já faço aula há
um bom tempo, e o que o meu
professor ensina são outras coisas…
eu não preciso ficar pensando nisso
tudo na hora de tocar”.
Só assim que o nosso corpo realmente será capaz de ser
musical. E como
isso acontece? Pela prática, repetição, vivência de todos os conceitos…
Isso acontece por dois motivos:
1) devido à abordagem e intenção
didática escolhida do professor - que
prioriza um aprendizado mais por
ouvido do que pela leitura, portanto,
um aprendizado que prioriza a
imitação e a repetição como
estratégias de aprimoramento;
2) pelo próprio repertório que você
está tocando - alguns repertórios
exigem diferentes focos de estudo,
como a improvisação por exemplo.
Neste caso, desde o início dos estudos
musicais, seu professor está lhe
preparando para esta prática.
Ainda sim, isso não significa que a
música não tenha uma mesma base
em comum, nem que todos nós, mais
cedo ou mais tarde, estaremos todos
refinando as mesmas práticas - desde
a leitura, quanto o ouvido, quanto a
improvisação. Entende?
Crescer na música sem ter a base bem
formada é algo impossível. E por isso,
independente do instrumento que
tocamos, o caminho será o mesmo
para todos nós, independente da
curva que façamos, desembocamos
no mesmo ponto final - entender
nosso instrumento, mas também
entender todos os princípios musicais.
32
AULA 05

Aprenda música como

você come pizza
33
o que comer pizza tem a ver
com estudar música?

FICA A DICA
Quando você come pizza, você separa o
É preciso aprender recheio da massa? Você tira o bacon pra
a conceber a comer depois? Separa os tomates pra
construção da comer com a rúcula depois?
performance Você corta os pedaços, certo? Mas cada
musical, e entender pedaço é uma miniatura da experiência do
que o estudo não todo, não é?
pode parar apenas
Cada pedaço traz em si a informação
na "faixa rasa" de
gustativa de tudo que há naquela pizza…
tocar o ritmo e as
pois eis que aprender uma música deveria
notas certas.
ser um processo semelhante à comer uma
pizza!
Tendo essa

percepção você E sabe porque digo isso? Porque o que vejo

buscará aprimorar os alunos fazerem, muitas vezes até
a consciência de orientados por seus professores, é separar
onde o seu estudo os ingredientes da música. Primeiro estudam
diário deve te levar. só com o dedilhado correto, depois pensam
E alcançará a no ritmo correto, depois confirmam se as
clareza de como notas estão todas corretas mesmo
estabelecer metas (afinadas, com os acidentes que deveriam
gradativas que ter), depois observam se precisam fazer
realmente dinâmica, depois pensam na interpretação,
desemboque no no fraseado, no timbre, no pedal e por
todo final. último, vão cuidar de memorizar.

E o mais grave disso tudo? É que passam

dias, às vezes uma semana inteira, só com
uma única preocupação - focam num
pedaço da “pizza musical” e não a tornam
uma parte do todo… ela fica desintegrada,
não musical.

34
Não estou dizendo pra você sobrecarregar suas
metas
de estudo e tentar fazer tudo de uma única vez.

Não é isso. É enxergar a música de

forma musical, é buscar construir
ao longo da semana a música
como um todo. Ter metas claras
que te façam chegar no todo
musica, e “não parar apenas no
ritmo correto, e na semana que
vem eu vejo o resto”, por exemplo.

É ter metas estabelecidas inclusive

para quando você vai se dedicar
àquele ingrediente que ainda está
faltando para que toda a ideia
musical seja expressa naquele
trecho. E isso pode levar sim mais
do que uma semana, claro… não
há problema.

A questão é você estar consciente

deste processo e buscar um estudo
que te faça tocar musicalmente, e
não passivamente…
É se colocar pra alcançar o que
você sabe que deve ser alcançado
como um todo naquele trecho (tal
qual um pedaço da pizza).

35
 Isso significa que, antes de chegar na

interpretação final, há que se cuidar de
todas as informações musicais de base,
ou seja, da camada rítmica, melódica e
harmônica. Há que se estabelecer
metas diárias para alcançar este
alicerce. Mas há também que se chegar
na camada da musicalidade fazendo
isso durante os estudos de cada seção
(tanto na parte A, B ou A’).

Vejamos um exemplo na
partitura ao lado, da música
“Theme from Swan Lake”.
Analise as partes musicais, e
busque a ideia musical que
está conduzindo a
interpretação da música.

Observe que na parte A há duas

frases, com a sensação de “eco”
na segunda frase.

Na parte B há duas frases, com

intensificação da tensão
harmônica na segunda frase
(ela é mais dramática).

Na parte A’ há duas frases

novamente, com ideia de fade-
out na segunda… pra terminar
em nada.

36
Sempre que for estudar, estabeleça
metas do macro para o micro

Decomponha a habilidade. Mas esta

decomposição deve traduzir passos para o o
domínio do início ao final da música, dentro de
um prazo que você mesmo estabeleceu.

Como estabelecer prazos?

Analisando a música, vendo suas partes,

conhecendo sua rotina de estudo e o quanto
você consegue se dedicar a cada parte musical.

Seu progresso semanal tem que ser visível para

você mesmo - de acordo com o que se busca
alcançar diariamente (como se fosse uma
brincadeira de lego, onde cada dia vc monta
mais uma parte do todo final). Entende?

37
Você se sente perdido(a) na hora de estudar, sem saber o que
estudar primeiro, e como consequência, não sabe estipular
boas metas?

No caso das metas gerais, só o tempo

imeir
o o vai lhe trazer mais clareza - conforme
pr
te nder teu entendimento e maturidade
a en diz
recis e
Você
p
a is (qu musical crescem.
s ger
das meta mo Mas as metas específicas, vem do que
eito a co
conc n a músic
vanç
o
das você sabe sobre como deve soar
teu a o) e
p e ito ao a is long aquela música, vem da sua análise
res mpo
m
m te obre
o musical, vem da sua escuta atenta e
e nu
m to d o ,
u e diz s
u as ( q analítica de diferentes performers,
ecífic o, e
s esp cífic
meta e m espe vem do entendimento da ideia musical
úsica
la m ). daquele trecho (naquela música).
d aque nçar
ín io alca
dom p r e ciso Para sair desta sensação de estar
la é
e ne
o qu perdido(a), você precisa buscar mais
esta compreensão musical.

Nunca estude só pensando em tocar

as notas certas no tempo certo

Isso é o básico, claro. Mas nosso som musical deve estar

entre as nossas prioridades. Por isso, se ouvir e se gravar
enquanto toca é muito importante. Seu estudo deve ser a
construção da sua performance, ou seja, da excelência, do
verdadeiramente dominar a música - tal qual você faz
quando vai subir ao palco com aquela música.

minha dica para você é: vá além,

aprofunde seu entendimento e a
mensagem a ser passada naquele
trecho daquela música.
38
LEMBRE-SE...

Busque pela musicalidade da sua performance,

pelo refinamento da sonoridade, pela
internalização da música e memorização, busque
as nuances interpretativas, busque pelo que não
veio escrito na partitura mas que você percebe no
jeito daquele músico que você ouviu tocar.
Procure ter segurança de tocar, fazendo o seu
melhor - com tudo que você já aprendeu até agora.

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