Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nacionais
da PJM
1
2
Diretrizes
Nacionais
da PJM
3
Expediente
Diretoria da UMBRASIL
IR. RENATO AUGUSTO DA SILVA
IR. CÉZAR CAVANUS
IR. ODILMAR FACHI
ISBN 978-65-88542-00-2
20-43377 CDD-253.78
Índices para catálogo sistemático:
5
Apresentação
CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a 2015, os Congressos Nacionais da PJM
mais bela juventude deste mundo! Tudo o 2010 e 2017. Acreditamos que ele busca
que toca torna-se jovem, fica novo, enche- situar a evangelização das/os adolescen-
-se de vida. Por isso as primeiras palavras, tes e jovens no coração de nossas práticas
que quero dirigir a cada jovem cristão, são pastorais.
estas: Ele vive e quer-te vivo! Está em ti,
está contigo e jamais te deixa. Por mais que As Diretrizes Nacionais da PJM estão divi-
te possas afastar, junto de ti está o Ressus- didas em 7 capítulos que nos apresentam
citado, que te chama e espera por ti para o que é de mais significativo para a cami-
recomeçar. Quando te sentires envelheci- nhada da PJM.
do pela tristeza, os rancores, os medos, as
dúvidas ou os fracassos, Jesus estará a teu • INTRODUÇÃO: que orienta a sua lei-
lado para te devolver a força e a esperança. tura e apresenta o que nos levou a escre-
(Papa Francisco, Christus Vivit, 2019) vê-lo.
6
• PRINCÍPIOS NORTEADORES: apre- des; inteligências socioemocionais; ética e Nós, Pastoral Juvenil Marista, acompanha-
senta o cultivo da interioridade; a defesa alteridade; vivência contínua do legado de mos as discussões e comprometemo-nos
de direitos; o diálogo inter-religioso, ecu- São Marcelino Champagnat. com um mundo mais humano, fraterno e
mênico e com “não crentes”; a diversida- justo, no qual a educação seja prioridade
de; a ecologia integral e a casa comum; • O CAMINHO SE FAZ CAMINHAN- e que possamos ser corresponsáveis para
o engajamento sociopolítico; a espiritu- DO: apresenta a perspectiva da continui- contribuir nestes momentos desafiadores,
alidade apostólica Marista; a igreja povo dade desta caminhada tão significativa. com audácia, na abertura ao diálogo, na
de Deus e a solidariedade como aspectos acolhida às expressões das culturas ju-
fundantes do nosso processo. Este documento é referência para a PJM venis. Discernimos e descobrimos com
do Brasil Marista, acolhendo toda a diver- elas/eles e a partir delas/deles clamores
• OPÇÕES PEDAGÓGICO-PASTORAIS: sidade das províncias, ao mesmo tempo e desafios, aos quais queremos responder
oferece às/aos adolescentes e aos jovens em que busca construir um alinhamento com uma postura profética, lutando por
o desenvolvimento integral da pessoa; o para a caminhada dos grupos da PJM, re- políticas públicas em prol das juventudes,
grupo; a organização; o acompanhamen- conhecendo nossas fontes, nossa memó- capazes de construir um novo mundo e
to; a mística - o processo de educação e ria, princípios, opções e horizontes para uma nova Igreja.
amadurecimento na fé; e a metodologia podermos seguir caminhando.
como opção pedagógica pastoral inego- Que Maria, nossa Boa Mãe, e São Mar-
ciável. Acompanhamos este momento do Insti- celino Champagnat, abençoem, protejam
tuto dos Irmãos Maristas, congregação re- e iluminem o trabalho da Pastoral Juvenil
• ACOMPANHAMENTO: apresenta as ligiosa que nasceu para o trabalho junto a Marista no Brasil, sendo sempre nossas
formas de acompanhamento, o papel de crianças, adolescentes e jovens, investindo inspirações no trabalho com as juventu-
quem acompanha, a dinâmica de acom- em numa educação evangelizadora como des.
panhamento e o Projeto de Vida que se um momento histórico e significativo. Em
constituem elementos fundamentais para 2011, com o documento Evangelizadores Que as Diretrizes Nacionais da PJM sejam
o processo. entre os jovens, o Instituto assumiu que a instrumentos de consulta para a atuação
PJM é um meio privilegiado para a evan- significativa junto com adolescentes e jo-
• HORIZONTES: a partir dos aspectos de gelização de adolescentes e jovens e quer vens, favoreçam a promoção de espaços
ser evangelizadoras/es, sal da terra e luz ser reconhecida como “especialistas” em de partilha de vida saudável nos quais as/
do mundo; civilização do amor: alimentar PJM. E enquanto Igreja vivenciamos um os adolescentes e jovens possam expe-
as utopias; maria: inspiração para as juven- sínodo dos jovens (2018), momento único, renciar a mística juvenil, contribuindo para
tudes; cultura do diálogo: favorecendo a a partir do qual foi construída a exorta- a construção da civilização do amor.
construção de pontes; construtoras/es de ção Christus Vivit (2019). Tendo em vista
uma cultura da solidariedade, da paz e do os apelos da realidade, o Papa Francisco
bem viver; exercício da cidadania partici- nos faz o convite para os pactos Educativo Grupo de Trabalho Atualização das
pativa e o empoderamento das juventu- Global e da Economia de Francisco. Diretrizes Nacionais da PJM
7
Introdução
Depois de quase 15 anos de história da Ao contemplar a trajetória da PJM no país,
Diversidade: diz respeito aos vários Pastoral Juvenil Marista (PJM), somos cha- reconhecemos a presença marcante de
aspectos que representam, singular-
madas/os a nos inspirar na caminhada dos uma diversidade, vivenciada a partir da
mente, as diferenças de uma pessoa,
grupo, sociedade, tradição; refere-se discípulos de Emaús: olhar para o caminho realidade de cada província e contextos
aos signos que particularizam, diferen- que foi feito, perceber os aprendizados e sociais distintos. Desse modo, ressaltamos
ciam um ser de outro, implica a plurali-
dade, mas vai além, porque introduz a
ousar novos rumos. a importância de um alinhamento comum
diferenciação. Diversidade é o oposto ao Brasil Marista, respeitando a pluralidade
de homogeneidade e uniformidade. Por esse motivo, alinhados à metodologia construída nas Províncias e suas unidades.
proposta pela Igreja na América Latina
(CELAM, Santo Domingo, n. 119) – ver,
Como ler este documento?
julgar, agir, revisar e celebrar - a fim de que
Pluralidade: significa algo em grande a história contemplada torne-se motivo Nas reflexões feitas junto ao grupo de
quantidade, amplo, geral e multiplo e trabalho, entendemos que era importan-
está relacionada a variedade de uma
de inspiração e ação comprometida com
mesma natureza, hipoteses ou alternati- o carisma marista, iluminando a sua cami- te a construção de um documento que
vas. Exemplo: pluralidade religiosa (mui- nhada futura no Brasil. conversasse tanto com as/os adolescen-
tas religiões), pluralidade de moedas
tes e jovens da PJM, como com suas/seus
(muitas moedas, dolar, reais, euro) etc
acompanhadoras/es (animadoras/es,
articuladoras/es, assessoras/es, coorde-
nadoras/es e pastoralistas). Para isso, op-
tamos que as Diretrizes utilizassem uma
linguagem acessível, leve e comunicativa,
contemplando as realidades juvenis.
Congresso Nacional da
PJM | Porto Alegre/2017
8
da PJM (2008), o Evangelizadores entre os Além de observarmos uma mudança na
Jovens (2011) e as Orientações para a Re- sociedade, sentimos a necessidade e a
vitalização da PJM do Brasil Marista (2015). importância de rever nossa caminhada
percorrida. É preciso amadurecer uma
No decorrer do texto, encontraremos al- proposta que resgate elementos deixados
gumas dicas de outras leituras que poderão à margem no decorrer do processo e que
ser feitas para aprofundamento. Essas dicas fortaleça as conquistas da caminhada. Tra-
e estes boxes têm a pretensão de viabili- ta-se de um processo pedagógico-pastoral
zar uma leitura mais dinâmica do material que contemple as/os adolescentes e jo-
e ampliar a visão para outras possibilidades. vens na sua integralidade e em sua dinami-
Obedecendo ao que foi definido como cidade histórica, social, cultural, espiritual
as premissas, o Grupo de Trabalho e a e política, procurando não ser engessada
Comissão de Evangelização acolheram e estática, impelindo-nos a um renovado
as sugestões de que esse Instrumentum ardor no trabalho com as juventudes.
Laboris seja um texto vivo, que ele possa É chegada a hora de nos debruçarmos so-
ser vivenciado, rezado e celebrado pelas bre as Diretrizes Nacionais da Pasto- Documento
juventudes do Brasil e, ao mesmo, ser atu- ral Juvenil Marista, fazer memória dos “O futuro tem um
alizado quando se fizer necessário. Todas/
-
9
10
1. PJM:
nossas
fontes
11
Durante este capítulo, vamos abordar os ele- Muitos jovens percebem Jesus como
mentos que caracterizam a PJM como espaço um personagem histórico, pertencente
a uma época e a uma cultura passada, e
de amadurecimento na fé, a partir do segui- por isso, não relevante para as suas vidas.
mento de Jesus Cristo e sua proposta de Rei- (FRANCISCO, 2018, n.º 6)
no, inspirados no jeito de Maria e de Marcelino
Champagnat. É importante que a/o adolescente e jovem se
aproxime da natureza humana de Jesus, reco-
nhecendo o verbo (divino) que se fez carne
Seguimento de Jesus Cristo
(humano) e habitou entre nós (Jo 1, 14), fazen-
A PJM busca oportunizar um encontro do-se presente ao nosso lado. A partir disso,
pessoal e coletivo com a pessoa de poderá entender que Ele, durante sua vida, foi
Jesus Cristo, por meio de sua vi- um ser solidário, sentiu medo, dor e foi incom-
vência grupal, mística e metodo- preendido pelas pessoas.
logia. É importante dizer que,
a partir do desenvolvimento Em nossos passos, reconhecemos a presença
dos encontros, cada jovem é de Jesus Cristo e o encontramos como os dis-
convidada/o a fazer um ca- cípulos de Emaús. Jesus vem, caminha, ensina
minho de discípulo-missio- e parte o pão conosco (Lc 24, 13-35). Dessa
nário (cf. FRANCISCO, 2013, maneira, seguimos nossa metodologia de en-
n. 119). contros com partilha, vivência e reflexão, de
modo que façamos a experiência com Ele a tal
Em 2018, aconteceu o Sí- ponto de dizer: “Não ardia o nosso coração,
nodo dos Bispos, que tinha quando ele nos falava pelo caminho e explicava
como temática os jovens, a fé as escrituras?” (Lc 24,32).
e o discernimento vocacional, no
qual a Igreja pode ouvir as juventu- Para que nos sintamos inspiradas/os a seguir
des. Segundo o Papa Francisco: Jesus, é importante que saibamos nos des-
pertar para uma relação amorosa com Deus,
O relacionamento que muitos jovens
têm com Jesus é tão variado quanto o
criando intimidade com Ele. O itinerário de
número de jovens no mundo. Muitos de- amadurecimento da fé proposto pela PJM deve
les veem Jesus como seu Salvador e Filho ser um lugar privilegiado para que esses mo-
de Deus. Ainda, muitas vezes, os jovens
encontram a proximidade de Jesus atra- mentos aconteçam com qualidade.
vés da Sua Mãe, Maria. Outros, ao con-
trário, podem não ter tal relação com Feito o encontro pessoal com Cristo, o en-
Jesus, mas o veem mesmo assim como cantamento com a sua pessoa e proposta de
um referencial moral e uma boa pessoa.
Reino, é importante nos provocarmos a um
12
segmento maduro e prático. É verdade que a ricórdia. Uma Igreja que perdoa. Uma
Igreja que ama com os olhos e com o
proposta do Reino às vezes se faz utópica e
coração. Uma Igreja que leva ao encon-
frustrante. Muitas são as perguntas que eco- tro, e ao abraço totalizando com Jesus
am dentro do coração: Que Reino queremos? (TURÚ, 2012, p. 77).
Como podemos construí-lo? Como destruir as es-
É essa Igreja que as/os adolescentes e jovens
truturas que causam tamanha desigualdade na
procuram e querem participar. Uma Igreja que
vida das pessoas?
acolhe, que caminha junto, que vive o que pre-
A Pastoral Juvenil Marista, por meio de seu iti- ga e que olha com ternura. A sensibilidade de
nerário de amadurecimento na fé, apresenta Maria com certeza é uma das suas característi-
um caminho concreto: cas mais marcantes. Na mística da PJM, pode-
mos ver que ela tem um espaço privilegiado:
O reino de Deus representa, portanto,
uma alternativa para a sociedade injusta, Em Caná, a Boa Mãe, além de compro-
proclama a esperança de uma nova vida, metida com a realidade concreta da fes-
afirma a possibilidade de mudança e for- ta do casamento, é amorosa porque se
mula a utopia. Por isso constitui a melhor alegra com os que vivem uma ocasião
notícia que podemos anunciar à humani- importante em suas vidas. Acolhedora e
dade e, a partir de Jesus, a oferta perma- presente, é realista, determinada e capaz
nente de Deus para a humanidade, que de perceber para onde vai a missão de
espera por uma resposta. A realização seu Filho, não deixando de ser a inter-
dessa utopia é sempre possível (TURÚ, cessora e a protetora dos que estavam
2016, p. 9). ameaçados por uma necessidade (UM-
BRASIL, 2008, p.87).
A/O adolescente e jovem que faz a opção de
seguir Jesus consegue entender que é sujeito É importante que as/os participantes da Pas-
de transformação social, a partir da coletivida- toral Juvenil Marista se reconheçam como
de em que está inserida/o. membros ativos da Igreja com rosto mariano.
O Papa João Paulo II, ao falar para a Família
Do jeito de Maria Marista, ressalta:
Quando Ir. Emili Turú pergunta em seu Face- Cabe-lhes hoje manifestar de maneira
original e específica a presença de Maria
book o que é uma Igreja de Rosto Mariano, na vida da Igreja e dos homens, desen-
ele recebe muitas respostas. Contudo, a jovem volvendo, para isso, uma atitude mariana,
leiga Marina lhe afirma genuinamente: que se caracteriza por uma disponibilida-
de alegre às chamadas do Espírito Santo,
Uma Igreja capaz de acolher, sempre e por uma confiança inquebrantável na Pa-
de modo incondicional. Uma Igreja que lavra do Senhor, por um caminhar espiri-
sorri, partilha e enxuga as lágrimas. Uma tual em relação aos diferentes mistérios
Igreja que oferece ternura e vive a mise- da vida de Cristo, e por uma atenção ma-
13
ternal às necessidades e aos sofrimentos terpela não somente ao perdão, mas também
dos homens, especialmente os mais sim-
a reavaliar os atos cometidos e termos a ati-
ples (João Paulo II, aos Capítulos Gerais
da Família Marista, 2001). tude de conversão.
14
• A vivência de uma vida cristã muito
prática;
• A habilidade para encontrar as solu-
ções adequadas aos problemas;
• O instinto especial para a superação
de obstáculos, inclusive quando tudo
parecia perdido;
• A sensibilidade com cada pessoa, ao
tratar de oferecer respostas concre-
tas às suas necessidades;
• A simplicidade e a confiança na pre-
sença de Deus;
• A maneira como se entregava à pro-
teção de Maria;
• O desejo de ser Igreja, abrangendo o
mundo inteiro dos jovens.
Tudo isso inspira nossa maneira de es-
tar com os jovens e deve ser a carac-
terística que conduza a Pastoral Juvenil
Marista (INSTITUTO DOS IRMÃOS
MARISTAS, 2011, n. 108 e 109).
17
Neste capítulo será abordado um pouco da (1992) e Aparecida (2007) definem a opção
história das juventudes, no Brasil, na Igreja e no preferencial pelas/os pobres e pelas juventu-
Instituto. Na primeira parte, muito do que foi des como fundamento de suas ações.
escrito se baseia no histórico feito na primei-
ra edição das Diretrizes Nacionais da Pastoral Em nível de Brasil Marista, em 1974 é criado o
Ação Católica Especializada: no Serviço Interprovincial de Animação Vocacional
Brasil, este movimento foi mais conhe- Juvenil Marista (2005), na qual se encontra um
cido como JAC, JEC, JIC, JOC e JUC, detalhamento de fatos e datas. Foi lá que ocorreram as primeiras reflexões sobre
que era direcionada, respectivamente, o que seria, no futuro, a Pastoral Juvenil Marista.
à juventude católica agrária, estudantil, O processo de revisão das Diretrizes Nacio-
independente, operária e universitária. Em 1978, é eleito o Papa João Paulo II, também
nais da Pastoral Juvenil Marista (DNPJM) não
JAC – juventude agrária católica; JEC – parte do zero. Além de ecoar as lições aprendi- conhecido como o Papa da juventude. Durante
juventude estudantil católica; JIC – ju- o seu papado, foram criadas as Jornadas Mun-
ventude independente católica das durante esses 15 anos de história, também
fazemos uma breve memória dos processos diais da Juventude. Esses eventos fizeram com
JOC – juventude operária católica;
JUC – juventude universitária católica; que a antecederam. que o Pontífice andasse pelo mundo pregando
a importância que as/os adolescentes e jovens
A Ação Católica Geral, lançada pelo Papa Pio têm para a Igreja e para sociedade.
XI, começa a ser revista a partir de 1950, com
a Ação Católica Especializada. Esse movimen- O projeto Renovação Marista (REMAR) é im-
“O CELAM é um organismo de co-
munhão, reflexão, colaboração e servi- to foi importante para a Igreja Católica, porque plantado na Província Marista de Santa Cata-
ço como sinal e instrumento de afeto vinculou os movimentos juvenis aos processos rina no ano de 1983, junto com a criação do
colegial em perfeita comunhão com movimento Embarcações de Amizade (EDA),
a Igreja universal e com a sua cabeça sociais e impulsionou a Igreja a uma maior pre-
visível, o Romano Pontífice. Foi criado sença no meio das juventudes. formando, assim, o EDA-REMAR. Mais tarde,
no ano de 1955. Como organização nas Províncias gaúchas de Santa Maria e Porto
de serviço, o CELAM deve ser antes Na América Latina, em 1955, acontece a 1ª Alegre, o nome foi substituído por JUMAR (Ju-
de tudo uma animação e uma ajuda
na reflexão e ação pastoral da Igre- Conferência Episcopal Latino-Americana, em ventude Marista). A Província Marista de São
ja na América Latina e no Caribe. O que é criado o CELAM. Os bispos enfatizam Paulo, em 1992, cria o Grupo de Alunos Ma-
CELAM presta serviços de contato, a necessidade de a Igreja na América Latina fa- ristas (GAMAR).
comunhão, formação, pesquisa e refle-
xão às 22 Conferências Episcopais que zer uma imersão na realidade do continente,
estão localizadas do México ao Cabo colocando-se ao lado das/os pobres e mar- Em 1993, é criado o Serviço Interprovincial Ma-
Horn, incluindo o Caribe e as Anti-
ginalizadas/os. De 1961 a 1965, a Igreja vive rista (SIMAR), que era o organismo responsável
lhas” (Fonte: http://www.celam.org/ pela pastoral juvenil e vocacional das províncias
quienes_somos.php) um momento icônico com o Concílio Vaticano
II, trazendo uma nova realidade para a Igreja do Brasil. Por consequência, em 1996, aconte-
e para as pastorais, aproximando-a das reali- ce o I Encontro Nacional de Jovens Maristas,
dades vivenciadas pela sociedade. Nas décadas em Mendes/RJ, que teve como tema: “No peito
seguintes, as conferências do CELAM em Me- da juventude bate um coração Marista”.
dellin (1967), Puebla (1979), Santo Domingo
18
Em 2000, aconteceu o II Encontro Nacional Ma- aderir ao projeto, para que cada uma garantisse
rista de Jovens, em Porto Alegre/RS. O lema uma transição assertiva junto às/aos adoles-
escolhido para esse encontro foi “Pé na história, centes, jovens e pastoralistas. Olhando para
olho no futuro”. E, em 2003, realiza-se o III En- o caminho feito, somos chamadas/os a olhar
contro Nacional Marista de Jovens, em Natal/ com gratidão e reverência, vivendo o presente
RN, com o lema “Revele seu rosto amigo”. com alegria e sonhando com um futuro ousado.
19
temática: “Change: faça a diferença” e o lema: Capítulo Geral. Pela primeira vez na histó-
Documento
Pastoral Juvenil “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”. ria houve a presença de jovens maristas, que
Marista - Orien- Estiveram no encontro aproximadamente 300 conduziram, um dia, os trabalhos do capítulo
tações para a participantes dos cinco continentes. Após, na e deixaram sua mensagem aos capitulares em
revitalização
mesma cidade, houve também a Jornada Mun- nome das/os jovens maristas do mundo. Des-
dial da Juventude (JMJ). ta contribuição saíram alguns apelos importan-
tes, os quais destacam-se: “Para caminhar com
No ano de 2015, foi lançado o documento:
crianças e jovens marginalizados pela vida” e “Ins-
Documento “Pastoral Juvenil Marista: orientações para
pira nossa criatividade para sermos construtores
Revista II Con- a revitalização”, marcando historicamen-
gresso Nacional de pontes”.
te o processo de revisão e atualização da
da Pastoral Juve-
nil Marista PJM do Brasil. Em 2018, aconteceu o Sínodo dos Bispos, que
foi dedicado às/aos jovens. A temática principal
Em 2016, de 17 a 23 de julho, houve a parti-
foi: “Os jovens, a fé e o discernimento vo-
cipação da PJM no Encontro Internacional de
cacional”. Houve a participação de jovens em
Jovens Maristas, “Dare to Dream”, em Lyon,
XXII Capítulo Geral todo o processo sinodal, sobremaneira no do-
Assembleia representa- França. Também foi uma forma de celebrar
cumento preparatório e em um encontro des-
tiva de todo o Instituto, com as juventudes o bicentenário de funda-
que se reúne a cada tinado apenas aos jovens. O documento final,
8 anos para eleger
ção do Instituto Marista. Nesse mesmo ano,
aprovado em reunião, conta com 3 partes e tem
o Superior Geral e aconteceu a Jornada Mundial da Juventude, na
como inspiração bíblica a aparição de Jesus Cris-
seu Conselho e suas cidade de Cracóvia na Polônia, contando com
diretrizes. to Ressuscitado com os discípulos de Emaús.
a presença de algumas/alguns jovens maristas.
Em 2019, de 15 a 20 de janeiro, na cidade da
O ano de 2017 foi marcado pelos seguintes
Guatemala, aconteceu o Encontro Internacio-
eventos da PJM: o Bicentenário Marista ocor-
nal da Juventude Marista. Estiveram reunidos
rido em todo o Instituto; o II Congresso
Documento aproximadamente 160 jovens de 20 a 30 anos
Sínodo dos Nacional da Pastoral Juvenil, ocorrido
dos quatro ramos da família marista. A temá-
Bispos na cidade de Porto Alegre (RS), de 12 a 15 de
tica do encontro foi: “tecendo a vida (weaving
outubro, com o tema “Na Dança da Missão”.
life)”. Um dos objetivos do encontro foi opor-
No presente ano, também teve início o pro-
tunizar às/aos jovens o desenvolvimento de
cesso de revisão das Diretrizes Nacionais da
um projeto de vida.
PJM, sob a coordenação da União Marista do
Brasil (UMBRASIL). Por fim, em março de 2019, o Papa Francisco
Documento
Exortação Apos- presenteia os jovens do mundo inteiro com
Ainda sobre 2017, o Instituto Marista realizou,
tólica pós-Sinodal a exortação apostólica Christus Vivit (Cristo
na cidade de Rionegro, na Colômbia, o XXII
vive), em que faz belas reflexões sobre todo
20
o processo sinodal e ressalta a importância mostrou fácil aos seus participantes, mas, aos
dos/as adolescentes e jovens como parte ati- poucos, entendeu-se que a proposta era bela e
va da Igreja. que era um caminho a trilhar.
21
22
3.
Princípios
norteadores
23
A PJM é constituída a partir de alguns princípios pria humanização, rumo a uma vida
plena. Uma pessoa que cultiva pouco
que a direcionam, que a fundamentam, pois
a sua interioridade desenvolve pouco
não é fim em si mesma, mas meio para viver a a sua personalização. Trabalhar a inte-
civilização do amor. É justamente por ser meio rioridade é habitar o próprio espaço
interior, habitar em si próprio, que é
que os princípios são fundamentais. O termo
o contrário de estar fora de si mesmo.
princípio tem origem do latim principíum, que Intuímos que cuidar explicitamente da
significa origem, causa primeira, início de uma interioridade tem a ver com o desen-
volvimento pleno das pessoas, com
ação ou processo. É a base de alguma coisa, a sermos nós próprios e com a felicidade
raiz, a razão. Já norteador propõe um caminho, (GRUN, 2004, p.22).
orienta, guia, regula. Com outras palavras, os
princípios norteadores são o chão e a direção a O cultivo da interioridade torna-se, em nos-
partir dos quais as juventudes e os grupos irão sos dias, importante e fundamental para que a
Civilização do amor: expressão pessoa encontre em si pontos de equilíbrio e
realizar suas experiências.
utilizada pelo Papa Paulo VI, que du-
cultive seu mundo interior.
rante o seu pontificado estimulou esse
modo de ser e convidou para a sua Cultivo da interioridade Falar dela - interioridade - é compreen-
construção. Outros papas também a der que todo ser tem um interior por
retomara, em especial Papa Francis- Uma característica básica de nossa época pa- descobrir, tem um mundo guardado
co, que dirigindo-se aos jovens, disse: que o conecta com as coisas, situações,
façam florescer a civilização do amor. rece ser a fragmentação. Muitas pessoas sen-
lembranças, lugares, aromas, sensações
tem-se internamente divididas, puxadas de um mais íntimas e, ao mesmo tempo, mais
A expressão passou a ser utilizada pela
lado para outro pelas várias experiências que socializadas e socializáveis de cada um;
Pastoral Juvenil Latino-americana, no
realizam durante o dia. Não têm mais tranqui- tem a possibilidade de saber-se conec-
ano de 1980, e as experiências de gru-
tado com a transcendência, qualquer
pos de jovens que seguem uma meto- lidade interior. A intranquilidade persegue-as que seja. Poderíamos dizer que essa é
dologia pastoral adotam-na como uma
forma de compromisso com a trans-
até no sono. Parece que não estão consigo uma maneira de abordagem da interio-
mesmas, não estão em contato com o seu “eu” ridade humana (CELAM, 2018, n° 43).
formação da sociedade.
verdadeiro (Grün, 2004). Quando falamos de
O cultivo da interioridade abre a oportunidade
interioridade, segundo o dicionário, estamos
para a espiritualidade cristã. Sem a experiência
nos referindo a algo que está na parte de den-
pessoal da existência desse mundo interior, a
tro – qualidade; que está muito por dentro;
espiritualidade só seria um verniz: conceitos
que só se sente com a alma. Neste sentido, a
razoavelmente bem formulados, mas que não
interioridade é algo do nosso interior, podería-
contribuem para a transformação do ser hu-
mos dizer que é viver por dentro e a partir daí
mano e muito menos para o reconhecimento
projetar toda a nossa vida para o mundo, as
do Sagrado que nos habita.
relações, o trabalho, o compromisso.
Desejamos que a Pastoral Juvenil Marista ajude
A interioridade é a condição para se
ser pessoa, para avançar na nossa pró- a cuidar da corporeidade de cada adolescente e
24
jovem, proporcionando o contato com as suas de um percurso finalizado, mas de uma constru-
sensações corporais; eduque para o silêncio e ção marcada por lutas e reconhecimentos, que
a meditação; ajude para que tenham consciên- continua sendo, e se edifica a cada dia na histó-
cia de sua respiração e possibilite exercícios ria concreta dos povos e nações. Dessa forma,
para tal; ofereça técnicas de relaxamento, con- um verdadeiro desafio para o cotidiano Marista.
tribuindo para se tornarem mais conscientes e
mais conectadas/os com seu espaço interior; A concepção geral (Direitos Humanos) e as
proporcione a dança como forma de conec- específicas (direitos fundamentais) da atualida-
tarem-se consigo e com a/o outra/o; possi- de ratificam um conjunto de direitos básicos,
bilite que os exercícios de visualização sejam indispensáveis a todos os seres humanos, que
momentos em que, de maneira consciente, são reconhecidos e compartilhados por inú-
deixemos emergir imagens do nosso interior meras nações. Mesmo após longa caminhada
que carregam consigo informações importan- de luta pela consolidação dos Direitos Huma- Documento
tíssimas sobre nós próprios e sobre a nossa nos fundamentais, fatos e realidades em torno Direitos Humanos de
do planeta indicam que ainda há necessidade Crianças, Adolescentes
percepção das coisas; promova momentos e Jovens - Diretrizes
de oração, pois orar é simplesmente “estar” e de uma constante fundamentação conceitual e para o Brasil Marista
dar-se conta, viver a Unidade que somos. efetivação dos valores contidos nesses direitos.
25
Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é forma como acolhemos as crianças, adolescen-
santo, e esse templo são vocês” (1Cor 3,16-17). tes e jovens mais necessitadas/os e excluídas/
os.
Como cristãs/os, move-nos a certeza de que
ninguém nasce por acaso. “Antes que no seio Portanto, estimulamos que a PJM defenda os
fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu direitos humanos, preferencialmente das/os
nascimento, eu já te havia consagrado” (Jr 1,5). adolescentes e jovens; incentive o estudo dos
Por isso, a defesa dos direitos fundamentais Estatutos da Criança e do Adolescente e da Ju-
como vida, educação, saúde, habitação, ventude; promova a formação política; ajude a
convivência familiar e comunitária, cul- garantir a dignidade de todas as pessoas; apro-
tura, esporte, lazer, entre outros é xime-se de atores coletivos e redes que defen-
sempre urgente e necessária. Os dem os direitos; lute pela democracia; seja um
direitos humanos são violados ator político; produza análise de conjuntura
não só por terrorismo, re- para melhor conhecer a realidade e busque co-
pressão, assassinatos, mas nhecimentos sobre os direitos humanos.
também pela existência
de condições de extrema Diálogo inter-religioso, ecumênico
pobreza e de estruturas e com “não crentes”
econômicas injustas que
Chamamos de ecumenismo a busca da unida-
originam grandes desi-
de entre as Igrejas Cristãs. O termo ecumê-
gualdades (Santo Domin-
nico provém da palavra grega οἰκουμένη
go, 1992).
(oikouméne), significa casa comum. Num sen-
Por sermos pessoas e cris- tido mais restrito, emprega-se o termo para
tãs/ãos, como menciona Boa- os esforços em favor da unidade entre igrejas
ventura de Souza Santos (2007) cristãs; num sentido mais amplo, pode designar
lutamos pela igualdade sempre que a busca da unidade entre as diversas denomi-
a diferença nos inferioriza, mas lutamos nações cristãs. Já diálogo inter-religioso é
pela diferença sempre que a igualdade nos o processo de compreensão mútua entre dife-
descaracteriza. Somos contra todas as discrimi- rentes tradições religiosas, buscando dialogar e
nações de sexo, gênero, religião, ideologias, et- se respeitar mutuamente.
nias, culturas e classes sociais. Em nossas unida-
O Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, (2013,
des, há abertura para todas e todos. A inclusão
n. 230), afirma que “a diversidade é bela, que
social faz parte de nossa identidade. A grandeza
há um valor na diversidade, contradizendo a
de nossa ação educativo-pastoral se mede na
imagem de uma homogeneidade cristã”. Reco-
26
nhecer o valor dessa diversidade é o desafio mar a sua vida e as suas ações de todos
os dias. São chamados a abrir-se aos
mais importante para as igrejas, para a teologia
jovens de outras tradições religiosas e
e para as pessoas. espirituais, mantendo com eles/as re-
lações autênticas que favoreçam o co-
O diálogo inter-religioso e ecumênico exige nhecimento recíproco e curem de pre-
um coração voltado para a paz e a valoriza- conceitos e estereótipos. Assim, são
promotores/as de uma nova forma de
ção da/o outra/o. Não basta realizar ações, é diálogo inter-religioso e intercultural,
preciso ter de fato a espiritualidade do diálogo. que contribui para libertar as nossas
sociedades da exclusão, do extremis-
Essa espiritualidade exige o cultivo de muitas
mo, do fundamentalismo e da mani-
qualidades. pulação da religião para fins sectários
ou populistas. Tornam-se assim tes-
A diversidade deve ser sempre con- temunhas e promotores, com os seus
ciliada com a ajuda do Espírito Santo; coetâneos, de uma cidadania inclusiva
só Ele pode suscitar a diversidade, da diversidade e dum compromisso
a pluralidade, a multiplicidade e, ao religioso socialmente responsável e
mesmo tempo, realizar a unidade. Ao construtivo da aliança social e da paz
invés, quando somos nós que preten- (FRANCISCO, 2017, nº 155).
demos a diversidade e nos fechamos
em nossos particularismos, em nossos
exclusivismos, provocamos a divisão;
Para tanto, esperamos que a Pastoral Juvenil
e, por outro lado, quando somos nós Marista promova um diálogo que reconheça
que queremos construir a unidade com e respeite a diversidade cultural e religiosa do
os nossos planos humanos, acabamos
por impor a uniformidade, a homolo- mundo; crie laços de afeto fraterno entre as
gação. Isto não ajuda a missão da Igreja. pessoas e as Igrejas diferentes; realize oração
(FRANCISCO, 2013, nº131). em comum a partir da mesma fé; trabalhe em
conjunto na construção de um mundo melhor,
Uma qualidade necessária é a abertura ao di-
acolhendo as pessoas assim como elas são (e
álogo cultural e religioso que é precedido pela
não como gostaria que elas fossem).
acolhida à/ao outra/o. Não há possibilidade
de diálogo se não se acolhe com ternura e com
alegria a pluralidade de nossa sociedade. É im- Diversidade
portante reconhecer que a diversidade é aco- Sabemos que a humanidade é formada por se-
lhida por Deus, como um valor insubstituível, res plurais e diversos quanto à maneira de ser,
irrevogável. O pluralismo cultural e religioso é sentir, raciocinar, agir, perceber a vida. Com-
uma realidade em crescimento na vida social preender e aceitar a vida na perspectiva plural
das juventudes. requer abertura e deslocamentos, necessita
Um belo testemunho do Evangelho é sair de seu lugar comum ou do conforto de
dado pelos jovens cristãos/ãs, quando suas convicções, despir-se de prejulgamentos,
vivem a sua fé de maneira a transfor- de preconceitos, de discursos prontos, romper
27
com os estereótipos, para vivenciar realidades Em um mundo em que se constroem mais mu-
diferentes das nossas, sentindo o que o outro ros do que pontes, é preciso ousadia. Sabemos
sente (empatia). que a injustiça social tem endereço, cheiro, cor,
gênero, classe. É “abandonar a cultura dos egos
O princípio diversidade evoca a compreensão e promover os ecos (ecologia, ecossistema,
de cada pessoa a partir da sua trajetória de economia solidária) que reduzem o escândalo
vida, requer o reconhecimento, a generosidade da indiferença e das desigualdades” (INSTITU-
e o respeito. Não podemos ou não devemos TO DOS IRMÃOS MARISTA, 2017).
Cultural: a par do património natural, compreender a pessoa somente pela nossa
encontra-se igualmente ameaçado um
convicção, intuição, preconceito. Agindo assim,
património histórico, artístico e cul- Ecologia integral e Casa Comum
tural. Faz parte da identidade comum corremos o risco de discriminar sem conhecer.
de um lugar, servindo de base para A palavra ecologia tem origem grega, sendo
construir uma cidade habitável. Não se Em nossa sociedade, a discriminação de pesso- que oikos significa casa e logos, estudo ou refle-
trata de destruir e criar novas cidades
as em função de suas diferenças é uma realida- xão. Ecologia é o estudo e a reflexão sobre a
hipoteticamente mais ecológicas, onde
nem sempre resulta desejável viver. É de. Em vez de respeitar a diferença como um casa e como são múltiplas as ‘casas’ que habi-
preciso integrar a história, a cultura e dos valores de maior prestígio para a huma- tamos. Temos a nossa casa ser humano: nosso
a arquitetura dum lugar, salvaguardan-
do a sua identidade original. Por isso,
nidade, considera o modelo que adota como corpo, emoções, pensamentos, espiritualidade
a ecologia envolve também o cuidado melhor e superior aos demais e acaba provo- - ecologia pessoal; temos a casa da/o outra/o:
das riquezas culturais da humanidade, cando discriminação em relação à condição
no seu sentido mais amplo. Mais dire-
nossos relacionamentos, nossa cultura, socie-
tamente, pede que se preste atenção física, cor da pele ou etnia, identidade de gêne- dade em que vivemos e da grande comunidade
às culturas locais, quando se analisam ro, estilo de vida, opção partidária, orientação de todos os seres humanos que habitam o pla-
questões relacionadas com o meio sexual, religião, entre outras situações.
ambiente, fazendo dialogar a lingua- neta - ecologia social e a casa comum, o planeta
gem técnico-científica com a linguagem terra: com toda a sua diversidade, água, ar, mi-
popular. É a cultura – entendida não
O carisma Marista nasceu para defender a vida
nerais, vegetais, animais, que nos acolhe e sus-
só como os monumentos do passado, ( Jo 10,10), não como uma opção momentânea
mas especialmente no seu sentido vivo, tenta a vida de todos os seres que nele habitam
ou de um discurso institucional passageiro, mas
dinâmico e participativo – que não se - ecologia ambiental. Essas três dimensões não
pode excluir na hora de repensar a como um agir coerente com os seus princípios
se separam, senão formam elos profundos e
relação do ser humano com o meio fundantes. Nascemos para promover a vida
ambiente. (Laudato Si’, 2015, n. 143) interdependentes.
das/os adolescentes e jovens das mais diversas
realidades, para acolhê-las/los na sua integri- A ecologia integral propõe um olhar integrado
dade, para ser o lugar onde elas/es podem ser das dimensões pessoal, social, cultural e am-
como são, onde são recebidas/os com olhares biental. No fundo, predomina a ideia da não
compreensivos e não apenas críticos, onde as separatividade, de que tudo está interligado:
trajetórias de vida de cada qual são reconheci- “tudo o que existe coexiste, tudo o que coe-
das, valorizadas e incentivadas. xiste preexiste. E tudo o que coexiste e pree-
xiste subsiste através de uma teia infindável de
28
relações inclusivas. Tudo se acha em relação. sua vida adulta. Isso equivale a considerar que
Fora da relação nada existe” (LIBANIO, 2001, as/os adolescentes e jovens estão presentes
p. 9). Tudo faz parte de um todo uno e inter- na sociedade com um jeito próprio de ser, de
dependente, ou seja, tudo tem a ver com tudo. se expressar e de conviver. São criativas/os,
têm enorme vontade e capacidade de apren-
O Papa Francisco, na Laudato Sì (LS), afirma que der e de contribuir nos contextos em que es-
A ecologia integral abarca: ecologia tão inseridas/os. Vivenciam novas formas de
ambiental, econômica e social, ecolo- estudar, pesquisar, brincar, dialogar e interagir.
gia cultural e ecologia da vida cotidia-
na. Relaciona-se com o bem comum,
Somos chamadas/os a estimular a participa-
clássico princípio da Doutrina Social
da Igreja, e a opção preferencial pelos ção, que, além de ser um direito, significa uma
pobres. Inclui ainda um princípio emer- oportunidade de desenvolvimento. Participa-
gente consensual: a justiça intergeracio-
nal, compromisso para com as futuras ção significa tomar parte em, e não simples-
gerações (FRANCISCO, 2015, Nº 138 mente fazer parte de. Implica oportunidades e
- 162). capacidade de influenciar processos de decisão
e tomadas de ação. Diz respeito a processos
A ecologia integral nos convida a zelar pela
de conscientização sobre sua situação, direitos,
casa comum, cultivar a cultura do cuidado, in-
necessidades, desejos e expectativas; como Documento
centivar o protagonismo juvenil, ajudar a criar
também à situação, direitos e desejos das/ Laudato Sì
políticas públicas, promover a mentalidade
os outras/os. Participar é um dos principais
sustentável, consumir com responsabilidade,
instrumentos na formação de uma atitude de-
provocar mudanças no modo de viver de cada
mocrática. Quem participa ativamente da vida
jovem e na sociedade.
pública de uma comunidade, cidade, estado ou
país torna-se sujeito de suas ações, é capaz de
Engajamento Sociopolítico
fazer críticas, de escolher, de defender seus di-
O engajamento sociopolítico, para a PJM, com- reitos e de melhor cumprir seus deveres.
preende a condição de sujeitos históricos, com
presença reflexiva e ativa nos contextos em O Papa Francisco incentiva:
que estamos inseridas/os. As/Os adolescen- Por favor, não deixeis para outros o
tes e jovens não são crianças grandes, tampou- ser protagonista da mudança! Vós sois
aqueles que detêm o futuro! Através
co futuros adultos, são pessoas que têm suas de vós, entra o futuro no mundo. Tam-
trajetórias e suas histórias. São cidadãs/ãos bém a vós, eu peço para serdes pro-
com direitos específicos que vivem uma fase de tagonistas desta mudança. Continuai a
vencer a apatia, dando uma resposta
desenvolvimento única e extraordinária. Tudo cristã às inquietações sociais e políticas
o que experimentam nessa etapa influenciará que estão surgindo em várias partes
29
do mundo. Peço-vos para serdes cons- Espírito em seu sentido originário, donde vem
trutores do futuro, trabalhai por um
a palavra espiritualidade, é a qualidade de todo
mundo melhor. Queridos jovens, por
favor, não “olheis da sacada” a vida, ser que respira. Portanto, é todo ser que vive,
entrai nela. Jesus não ficou na sacada, como o ser humano, o animal e a planta. Mas
mergulhou… Não olheis da sacada a
não só. A terra toda e o universo são vivencia-
vida, mergulhai nela, como fez Jesus.
Mas sobretudo, duma forma ou dou- dos como portadores de espírito, porque deles
tra, lutai pelo bem comum, sede ser- vem a vida e são eles que fornecem todos os
vidores dos pobres, sede protagonistas
da revolução da caridade e do serviço,
elementos para a vida e mantêm o movimento
capazes de resistir às patologias do in- criador e autoorganizador (Boff, 1999, p. 130).
dividualismo consumista e superficial
(FRANCISCO, 2019, nº 174). Na PJM, aprofundamos a espiritualidade cristã,
que é o seguimento de Jesus. Ela nos identifica
A partir do apelo feito pelo Papa Francisco,
com Suas escolhas e o Seu modo de agir.
desejamos nos aproximar das pastorais e mo-
vimentos sociais para conhecer as causas e A palavra cristã, para nós, conotando a
espiritualidade, não é apenas um adjeti-
posterior engajamento sociopolítico; envolver vo, é um substantivo vital. Poderá haver
em conselhos e fóruns de juventude; conscien- no cristianismo, nas diferentes Igrejas,
tizar-nos sobre nossos direitos; sermos agen- nas várias congregações e institutos reli-
Documento giosos, ou nos movimentos apostólicos,
Água da Rocha tes de mudança; desenvolver um processo de matizes, acentos, adjetivações na espiri-
formação que nos instrua, encoraje e apoie a tualidade (luterana, franciscana, marista,
participar na vida pública; garantir momentos carismática), porém sempre o caráter
de cristã é que definirá essa espirituali-
de experiência/imersão em diversas realidades dade (CASALDÁLIGA, 1998, p. 20).
no intuito de sensibilização e conscientização.
O que caracteriza a espiritualidade cristã é a
Espiritualidade Apostólica Marista sua fonte: “o Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me ungiu para evangelizar os pobres;
O termo espiritualidade vem da palavra espíri-
enviou-me para proclamar a remissão aos presos
to, que em grego significa pneuma e em hebrai-
e aos cegos a recuperação da vista, para restituir
co Ruah, referindo-se a ar, sopro, respiração,
a liberdade aos oprimidos e para proclamar um
o que dá movimento, vida. É aquele momento
ano de graça do senhor” (Lc 4,16-21).
de nossa consciência pessoal que nos permite
sentirmo-nos parte e parcela de um Todo que A espiritualidade marista, legada por Marce-
nos ultrapassa por todos os lados: o universo lino Champagnat é Mariana e Apostólica. Ma-
das coisas, das energias, das pessoas, das pro- riana porque se espelha no jeito de Maria de se
duções histórico-sociais e culturais. relacionar com Deus e com as pessoas; porque
impregna a missão do jeito mariano, vivendo as
30
atitudes da escuta, da disponibilidade, da aco- membros vivos do único corpo, batiza-
dos nos quais vive e age o Espírito do
lhida, do serviço generoso, da solidariedade, da
Senhor. Contribuem para enriquecer
oração, da união com Deus, com os outros e aquilo que a Igreja é, e não somente o
com a natureza, no seguimento de Jesus Cris- que ela faz. São o seu presente e não
apenas o seu futuro (FRANCISCO,
to. É apostólica porque inserida na realidade,
2017, p. 20).
em especial entre crianças, adolescentes e
jovens. Ela nos faz sentir a presença de Deus Hoje, mais do que nunca, como reforça o tex-
nos acontecimentos da vida e nos desafia pelos to do documento Pré-Sinodal, é necessária
seus chamados. uma Igreja que saiba responder aos anseios
das juventudes, que queira caminhar junto com
Diante disso, desejamos que a PJM vivencie
elas/es, que está próxima e as/os acolhem
a espiritualidade apostólica marista como um
como protagonista de suas experiências de fé.
modo de ser, promovendo processos e não
somente eventos; incentivando e propiciando
a participação em comunidades e em peque-
nos grupos; criando ambientes educativo- Como fez Jesus com os discípulos de Emaús,
-pastorais, onde cada qual partilhe fé e vida, a Igreja deve transformar-se em companheira
alegrias e tristezas, reflexão e ação, ilusões e de viagem das/os jovens; deve ser dinâmica
preocupações, inquietudes e esperanças, a e sentir-se em missão para que todas as mu-
oração, a festa, tudo o que são e querem ser, lheres e os homens possam descobrir a ação
o que vivem, o que creem, o que sentem, o e o calor do Espírito; deve ser missionária que
que esperam. leva em conta a realidade sociocultural para se
comprometer com ela a partir da promoção da
pessoa; que atende a/o adolescente e jovem,
Igreja Povo de Deus
oferecendo-lhe um projeto de vida; que acolhe
Somos Igreja, Povo de Deus, uma Igreja mis- a intenção de mudar algumas expressões para
sionária que descobre, contempla, ama, agra- tornar-se mais humana, acolhedora e incultura-
dece a presença, a obra do sagrado em cada da; que aspira a realizar um serviço comprome-
ser humano e partilha com todas as pessoas, tido com a sociedade, principalmente com as/
principalmente com as/os pobres e jovens, as os mais necessitadas/os; que procura ser uma
alegrias e esperanças, tristezas e angústias. Mãe que acompanha a/o jovem em sua aven-
tura de emancipar-se e tornar-se autônoma/o.
Somos Igreja, pois:
Os jovens católicos não são meramen- A essência da Igreja, Povo de Deus, está no
te destinatários da ação pastoral, mas serviço à humanidade, na perspectiva do Evan-
31
gelho. Para nós, maristas, a imagem que me- Solidariedade vem do francês solidarité, passan-
lhor define o serviço é a Igreja do Avental: do pelo latim solidum (totalidade, segurança) e
solidus (sólido, inteiro): é a determinação firme
Então Jesus ‘se levantou da mesa, tirou
o manto e, tomando uma toalha, amar- e perseverante de empenhar-se pelo bem co-
rou-a na cintura’ ( JOÃO 13, 4). Quan- mum. Uma sociedade, para ser humana, preci-
do Jesus se ajoelha para lavar os pés de
sa viver de algo maior e mais generoso, como
seus discípulos, sua perspectiva é de
baixo: trata-se de servir, não, porém, a solidariedade, a coesão pacífica entre as/os
como protagonista ou como quem cidadãs/os, a disposição de colaborar para o
tem todas as respostas, mas de joe-
lhos, quer dizer, com a humildade de bem comum.
quem serve porque ama, sem buscar
nada em troca. Quantos testemunhos A solidariedade que melhor condiz com a mis-
escutei de pessoas cuja visão do mun- são Marista é aquela praticada na perspectiva
do mudou quando aceitaram pôr-se de
joelhos, perto dos que já estão ‘abai-
transformadora, buscando solucionar os pro-
xo’ em nossa sociedade, e se deixaram blemas que afetam as condições estruturais
educar por essas pessoas, sem precon- necessárias à solidariedade. Pretende mudar as
ceitos, nem medos. Sim, é verdade que
é perigoso fazê-lo. Sua visão do mundo situações de fundo que originam injustiças so-
e da vida jamais tornará a ser como an- cioambientais. Rompe a verticalização da ação
tes (TURÚ, 2012, p. 48 - 53). e assume as problemáticas sociais como algo a
ser discutido e transformado. O vínculo entre
Essa compreensão leva a olhar o mundo a par-
as/os interlocutoras/es é duradouro, promo-
tir da perspectiva do próximo, sendo capaz de
ve relações humanizadas e humanizadoras e
pôr-se no lugar dela, deixando-se tocar por
assegura o princípio da dignidade humana. Tal
ela, compreendendo-a. A Igreja do Avental é
vínculo interativo promove um processo recí-
um convite ao serviço e à caminhada com a/o
proco de mudanças e transformações (REDE
outra/o.
MARISTA, 2018).
32
Com isso, esperamos que a PJM incentive o vo-
luntariado de forma processual, a cultura dos
ecos, o engajamento sociopolítico, proporcio-
ne um itinerário formativo para a solidarieda-
de, respeite o ser humano na sua diversidade,
atue em vista da plenitude da vida, estabeleça
parcerias com grupos ou instituições que pro-
movem o bem-comum, estimule a compreen-
são de que as desigualdades podem ser trans-
formadas, assuma concretamente a proposta e
o modo de ser e agir de Jesus de Nazaré, utilize
os recursos de modo responsável e sustentá-
vel, defenda e promova direitos.
33
34
4.
Opções
pedagógico-
-pastorais
35
As opções pedagógico-pastorais são fer- próprias trajetórias de vida. Para o Estatuto
ramentas, estratégias, posturas ou atitudes da Juventude “são consideradas jovens as pes-
prioritárias na evangelização de adolescentes soas com idade entre 15 e 29 anos de idade”.
e jovens e discernidas a partir da pedagogia Todavia, não podemos definir as/os adoles-
de Jesus de Nazaré. É fundamental que exista centes e jovens somente pela condição etária,
Documento clareza sobre estas, pois afirmam aquilo que mas também por sua condição e cultura juvenil
Evangelizadores
acreditamos, escolhemos e definimos como às quais são expostas na realidade cotidiana
entre os jovens
(2011) proposta orientadora no processo de educa- (GROPPO, 2017).
ção e amadurecimento na fé.
Ser jovem, muito além de uma experiência ge-
A pedagogia-pastoral vivenciada junto às ju- racional, diz respeito a viver múltiplos perten-
ventudes maristas quer ser transformadora, cimentos; é estar permanentemente em trân-
libertadora, comunitária (grupal) e experien- sito nessas experiências, sendo atravessado e
cial. Parte da concepção que a/o adolescente construído pelas condições concretas de vida
Lei nº e jovem é um ser integral e sujeito de direitos, (CORDEIRO, 2009).
2.852/2013
pois são construídas e se inspiram numa de-
terminada concepção de ser humano que pre- Por essa razão, o conceito “juventudes” é plu-
tendemos educar, de sociedade que queremos ral e multifacetado, visto que carrega consigo
construir e de Igreja na qual queremos viver e infinitas “faces” como grupos étnicos distintos,
compartilhar. cor da pele, classe social, culturas, costumes,
Juventudes: segundo Dayrell (2003), que as definem como diversas/os e diferentes.
construir uma noção de juventude
na perspectiva da diversidade implica Na busca constante de sermos apóstolas/os
das juventudes, queremos seguir os passos da Portanto, na PJM, as/os adolescentes e jovens
considerá-la a partir de um conjunto
de experiências vivenciadas e de seu pedagogia de Jesus, convite e desafio perma- são sujeitos de direitos, sócio-histórico-cultu-
contexto social. rais, éticos e autônomos, com trajetórias de
nente para contribuir na construção da civili-
zação do amor, através das relações fraternais. vidas, marcados pela diversidade, pelo prota-
Aspiramos partilhar e continuar o sonho de gonismo em suas vidas e na sociedade. Enfim,
Documento Prin- Champagnat, reafirmando a opção profética são cidadãs/ãos inteiras/os e plenas/os.
cípio desenvolvido a
partir do Posiciona- pelas/os adolescentes e jovens, principalmen-
mento Projeto de te, as/os mais empobrecidas/os. Desenvolvimento Integral da Pessoa
Vida (Rede Marista,
2018) Entendemos como Desenvolvimento In-
Adolescentes e Jovens tegral da Pessoa um processo que con-
As/os adolescentes e jovens são sujeitos só- sidera os aspectos biológicos, sociológicos,
cio-histórico-culturais e construtores de suas antropológicos, culturais, psicológicos e teoló-
gicos da/o adolescente e jovem. Para tanto, é
36
imprescindível considerar as dimensões da for- Para representar esse processo, o caminho
mação integral propostas pela “Civilização do adotado pela PJM valorizará as dimensões do
Amor”: a relação da/o jovem consigo mesma; desenvolvimento integral da pessoa e as per-
com o grupo; sociedade; Deus Pai/Mãe Liber- guntas fundamentais da vida, contribuindo para
tador; Igreja; natureza e a ecologia; e a relação a constituição de sujeitos em sua integralidade.
com o meio educacional.
Matriz de referência para o desenvolvimento integral da pessoa
“Chamados”
Dimensões Pergunta(s) Relação (ões)
“Desafios”
Ser, possuir-se, conhecer-se,
Psicoafetiva Quem sou? Eu
trabalhar-se.
Quem é o/a outro/a? Conviver, comunicar-se,
Psicossocial Outro/a
Para/com quem sou? partilhar.
Onde estou? O que
Sociedade/ Situar-se, comprometer-se
Política faço aqui? Qual meu
Mundo historicamente.
papel na sociedade?
De onde venho? Por
Transcendência/
Espiritual que(m) existo? O que Transcender-se.
sagrado
me move?
Capacitação/
Técnica Como fazer? Fazer, construir.
missão
37
a partir do encontro com a/o outra/o, com a ser humano em si mesmo, sente-se inserido
história e com o mundo, pois existe para a con- em um todo maior e se abre ao infinito. É a
vivialidade, gerando afeição e cooperação. dimensão do profundo, Mistério que nos cir-
cunda e no qual nos encontramos. Ajuda a per-
Sugestões de conteúdos relacionados: rela- ceber o que nos move e anima a cultivar a bon-
ções interpessoais, reconhecimento da/o ou- dade, a solidariedade, a compaixão, o amor. É a
tra/o, espaços de pertencimento, descoberta educação para as perguntas existenciais.
da comunidade, vida em grupo, integração
familiar, cooperação, cultura, compromisso, Sugestões de conteúdos relacionados: inte-
amizades, conflitos, perdão, paciência, serviço, rioridade, emoções, procura, vocação, cons-
generosidade, escolhas afetivas, solidariedade, ciência corporal, meditação, espiritualidade
respeito/convivência com as diversidades. cristã, seguimento de Jesus, silêncio, contem-
plação, oração, solidariedade, fé, igreja, forma
Dimensão política de viver, sonhos, utopia, horizonte e sentido
de vida, propósito, sensibilização.
Almeja responder às perguntas: Onde estou?
O que faço aqui? Qual meu papel na socieda-
Dimensão técnica
de? É a busca em descobrir o mundo e tor-
nar-se sujeito da história, com senso crítico, Procura responder às perguntas: Como fazer?
capacidade de analisar e participar, pois, a vida O que fazer? É a relação do sujeito com a ação,
é coletiva. É a relação com a sociedade e a res- pois a vida manifesta-se no fazer. Remete à re-
ponsabilidade política para torná-la cada vez alização, uma vez que cada pessoa é chamada a
mais humana, comunitária e pública. ajudar a construir o mundo. É a descoberta de
habilidades e a busca de seu aperfeiçoamento.
Sugestão de conteúdos relacionados: cons- Não basta ter grandes objetivos, sonhos ou
cientização, organização/mobilização, transfor- ideais, é preciso capacitar-se para construir e
mação, participação, engajamento, consciência administrar projetos pessoais e coletivos. É o
planetária, projeto de sociedade, cidadania, po- aprender a planejar, executar, interferir, avaliar.
lítica, economia, ecologia, voluntariado, cultura,
direitos humanos, meios de comunicação, ética, Sugestões de conteúdos relacionados: es-
redes sociais, protagonismo, liderança. colhas profissionais, estudos, organização,
liderança, trabalho e qualidade de vida, capa-
Dimensão espiritual citação, realização, frustração, competências
(conhecimentos, habilidades e atitudes), aper-
Procura responder às perguntas: De onde ve-
feiçoamento, atualização, contribuição, relacio-
nho? Por que existo? Por quem existo? O que
namentos profissionais.
me move? O espírito é parte constitutiva do
38
Portanto, na PJM, entendemos que nessa op- um grupo nasce pronto, ou que todos têm o
ção pedagógica-pastoral considera a necessi- mesmo desenvolvimento em maturidade. As
dade de conhecer a/o adolescente e jovem na etapas de desenvolvimento de qualquer grupo
sua integralidade, bem como investir em for- não devem ser tomadas de forma mecânica ou
mação e subsídios específicos para contribuir obrigatória, uma vez que passam por “fases”
na construção de si e de seu projeto de vida. (gestação, nascimento, infância, adolescência,
juventudes, vida adulta, morte) que podemos
Grupo comparar ao desenvolvimento de uma pessoa.
Para a PJM, o grupo revela-se como um “es- Nós, enquanto PJM, vivenciamos o amadure-
paço educativo que conta com participação cimento a partir das descobertas: descoberta
regular e sistemática de seus membros, com do caminho comunitário; descoberta do gru-
idades homogêneas e envolvendo diferentes po; descoberta da comunidade; descoberta
gêneros”. Para nós, o grupo vem a ser espaço da questão social e despertar da vocação e o
de crescimento, amadurecimento, formação e amadurecimento do projeto de vida.
realização pessoal e comunitária, porque ali se
facilita a criação de laços profundos de frater- Por vezes, no caminho do grupo, será necessário
nidade e partilha efetiva de valores e pontos “desacelerar” para que algumas/alguns adoles-
de vista de vida. Ainda, vem a ser uma ajuda centes e jovens consigam acompanhar o “rit-
para enfrentar os desafios que essa etapa de mo”. Em outros momentos, o grupo sentirá que
vida lhes impõe. É nele que se educa para olhar precisa aprofundar os processos vivenciados.
e descobrir a realidade junto com as outras Essas reflexões são de suma importância para
pessoas. a maturidade das/dos participantes e do grupo.
É no grupo que se partilham ideias, aonde Portanto, para a PJM, essa opção pedagógica-
cada uma/um é reconhecida/o como pessoa -pastoral deve levar em consideração um es-
e valorizada/o como tal. Quando a caminhada paço acolhedor para que as/os adolescentes e
do grupo é significativa, percebe-se um teste- jovens possam se reunir; uma proposta aber-
munho pessoal, que contribui na formação do ta à diversidade; grupos heterogêneos com
projeto de vida e possibilita escolhas vocacio- participantes com idades aproximadas (e que
nais. Isso desencadeará um desejo real e sin- sejam entre 12 a 29 anos); presença de um/a
cero de transformação da sociedade, a partir acompanhador/a; encontros preparados, pla-
do projeto de Jesus Cristo e da construção do nejados, sonhados.
Reino, que se constrói e se compromete com
as realidades humanas e sociais periféricas. Organização
Não podemos iludir-nos/os, pensando que Para nós outra opção pedagógico-pastoral
39
que assumimos como Pastoral Juvenil Marista. traz unidade na diversidade.
Acreditamos na força pedagógica da organiza-
ção e, por isso, o trabalho de evangelização da Portanto, para a PJM, essa opção pedagógica-
PJM realiza-se por meio de grupos, em um pro- -pastoral deve levar em consideração:
cesso dinâmico de comunhão, fazendo surgir • A importância de se adotar a metodologia
estruturas de participação e acompanhamento pastoral no processo de amadurecimento
que revelam o caráter de serviço na missão de na fé de todos os seus envolvidos.
evangelizar adolescentes e jovens. • A organização dos grupos da PJM por
aproximação etária (12 a 14 anos, 15 a 17
Na organização, as/os adolescentes e anos, 18 a 29 anos) e não somente pelo
jovens participam do processo de critério do ano escolar, garantindo a vi-
formação, exercendo o prota- vência da mística.
gonismo, educando-se para a • A ressignificação da entrega dos símbolos
autonomia, diálogo, respeito, com base em um processo de acompa-
responsabilidade e tole- nhamento pessoal do Projeto de Vida.
rância; buscando asseme- • O conhecimento das necessidades das/
lhar-se a Maria, em suas os jovens universitárias/os e ex-alunas/
virtudes de humildade, os e/ou educandas/os em relação ao
modéstia e simplicidade. amadurecimento na fé e sistematizar as
experiências realizadas com esses grupos.
Existem, nas Províncias, • A potencialização e a participação das/os
diferentes formatos de or- adolescentes e jovens nas instâncias con-
ganização da PJM, mas todos sultivas na estrutura de evangelização das
visam garantir a importância Províncias.
da sistematização e construção • A definição de três funções para a PJM,
coletiva junto com adolescentes respeitando os processos das províncias,
e jovens, agindo provincialmente a mas proporcionando um alinhamento nas
partir de instâncias consultivas (Comis- nomenclaturas:
são das juventudes | PMBCN; Comissão de
Juventudes | PMBCS; Equipe Provincial da PJM | Participantes: adolescentes e jovens que,
PMBSA). chamadas/os a participar dos grupos de PJM,
assumem o compromisso de construir sua
Assim, é necessário buscar os elementos e os identidade pessoal, grupal e a caminhada de
desafios expressos na vivência das opções pe- amadurecimento na fé. São aquelas/es que
dagógicas-pastorais da PJM, com vista à unida- participam entrosando-se na dinamicidade pla-
de, levando em consideração a diversidade e o nejada do grupo, assumindo participação ativa
respeito a essa caminhada. A organização nos na vivência cotidiana do grupo.
40
Coordenador/a e Animador/a: São ado- que a/o própria/o adolescente e jovem deve
lescentes e jovens que se colocam a serviço do percorrer. O processo, também considerado
grupo, assumindo a liderança na organização caminho de amadurecimento na fé, não é algo
dos processos grupais no planejamento, no que acontece de maneira automática. Pelo con-
acompanhamento do projeto de vida do grupo trário, tem um início e supõe um percurso. Nem
e das/os participantes. o ser humano e nem os grupos nascem prontos.
Eles exigem um longo caminho de formação.
Assessor/a e Articulador/a: São adultos
ou jovens mais experientes que já possuem ex- O processo de educação na fé tem a originali-
periência e testemunho autêntico de vida cristã dade e a autenticidade que surge do encontro
e que se disponibilizem ao serviço de assesso- e da descoberta de um Deus que se revela em
ria por meio do acompanhamento dos grupos. Jesus, no ser humano e na natureza. Esse pro-
cesso de formação integral torna possível à/ao
Acompanhamento adolescente e jovem viver o projeto de Jesus,
Outra opção pedagógica-pastoral em que insis- fazendo que se transforme em um apóstolo
timos é o acompanhamento, e sua importância de outras/os adolescentes e jovens, e que se
a partir do olhar do serviço de assessoria. O comprometa, como cristã/ão, na construção
desenvolvimento na fé requer a presença e a de uma sociedade mais justa, ética e solidária, Sobre o acompanhamento será apro-
sinal da civilização do amor. fundado no próximo capítulo.
ação de pessoas capacitadas, para que possam
acompanhar os processos de amadurecimento
Podemos dizer que a mística propõe um itinerá-
na fé das/os adolescentes e jovens. Ele poderá
rio para a vivência da espiritualidade. Não nas-
ser feito pelas/os próprias/os jovens (jovens
ce de nós, nem se destina somente a nós. Ela
evangelizando jovens), de forma individual
é resultado do relacionamento com o Espírito
ou grupal, mas, principalmente, pelo/a asses-
de Deus, que habita o mundo, e pode ser ex-
sor/a, articulador/a.
perimentada em espaços onde esse Espírito se
Portanto, para a PJM, consideramos o apro- manifesta: no quarto, nas montanhas, no deser-
fundamento da opção do acompanhamento to, na praia, n’um livro, n’alguma igreja, na co-
pessoal e grupal nas diferentes instâncias, res- munidade, na eucaristia, n’uma visita a doentes
peitando o processo grupal, o protagonismo e ou necessitados. Entretanto, é necessário que se
a identidade, garantindo o acompanhamento. seja capaz e suficientemente atento para ver e
perceber, em quaisquer desses lugares, o Espíri-
Mística - o processo de educação to que deseja dar-me mais vida (Sab 1,6-7).
e amadurecimento na fé
Quando falamos de mística da educação na fé,
Na PJM, entendemos educação na fé como queremos falar da alegria e vibração que há
um processo dinâmico e integral, um itinerário na descoberta e no aprofundamento da fé no
41
seguimento de Jesus. Dele, aprende-se que a “imagens” ou “ícones” de Deus entre
suas demais criaturas. (UMBRASIL,
vida é bonita quando a gente se entrega às/
2008, n. 13).
aos outras/os.
Quando falamos de mística, queremos falar do
A mística não é somente algo racional, mas,
humano-divino que acontece em nós no cami-
antes, algo que alegra o coração sem deixar
nho da descoberta do seguimento de Jesus. Ele
de ter, também, a sua lógica, experiencial, re-
nos convida a viver a plenitude da vida na doa-
lacional e simbólica. É vibrante, carregada de
ção às pessoas. Isso não acontece do dia para
sentido. Assim como se alimenta na fé,
a noite; mas, aos poucos, em caminhada, como
na esperança e no amor aos outros,
o rio que, suavemente, encontra-se com o mar.
ela se torna uma distribuidora de
amor, de esperança e de fé, pois Portanto, o cultivo dessa mística nos conduz
a mística favorece estas sín- por dois caminhos: os lugares bíblicos, que
teses essenciais: de corpo contemplam a vida de Jesus; e os lugares ma-
e racionalidade, sonho e ristas, que olham o contexto histórico e huma-
compromisso, ética e es- no da vida de Champagnat. São dois cenários
tética, o “eu” e o “outro”. que se complementam. Nesses lugares, há hu-
Uma pessoa tem mística manidade e santidade, sabores e sentidos que
quando é vaso cheio que podem ser vivenciados. É o lançar-se em nova
transborda o tesouro que perspectiva, enriquecendo o que já existia.
carrega em si.
42
Reafirmamos desejo de ser uma PJM que pro- Portanto, para a PJM, a metodologia como op-
mova o protagonismo juvenil. Para cumprir ção pedagógica-pastoral deve levar em consi-
essa tarefa, é preciso que a metodologia seja: deração o encontro de Jesus com os discípulos
de Emaús. Nesse caminho, encontramos a/o
[...] coerente com a pedagogia de Jesus
e com a pedagogia pastoral que atenda outra/o e a/o acolhemos com o coração do
ao processo integral de educação na ressuscitado. Essa dinâmica se revela na pre-
fé. Que favoreça uma experiência co-
sença, típica de uma ação pastoral marista jun-
munitária, participativa e dialogal, um
crescimento no sentido de pertença to às juventudes. No caminho de Emaús (Lc,
à Igreja e que crie consciência missio- 24, 15-35) há um itinerário de seguimento, um
nária, fomentando o testemunho e o Referência: Instituo dos Irmãos Maris-
anúncio do evangelho de Jesus Cristo ciclo dinâmico de diálogo e de descoberta. É
tas, 2011, pág.: 83-84.
na vida cotidiana (SIMAR, Apud CE- dinâmico porque acontece “no caminho”: na MARSTAS, 2011, 83-84
LAM, 1997, p. 296). rua, nas esquinas, nas conversas informais,
nos momentos inesperados, pela estrada, no
No processo metodológico da PJM, é impor-
ônibus, à porta das casas. Eis algumas atitudes
tante ter clareza do como se faz, qual nosso Como PJM, adotamos um método que
inspiradoras de Jesus:
ponto de partida e qual será nosso ponto de parta da realidade, suscite uma com-
chegada, ou seja, qual nosso horizonte na preensão social e teológica desta ex-
Aproximar-se: “O próprio Jesus se aproxi- periência, leve à adesão e ao compro-
atuação. Portanto, a metodologia nos ajuda a mou, e começou a caminhar com eles” (v. 15). misso prático, exija o planejamento e a
responder um pouco estas perguntas: “O que revisão e faça de tudo isso uma cele-
devo fazer? Que passos devemos dar? Quais Escutar: “O que é que vocês andam conver- bração. É o que entendemos, quando
falamos do fazer a partir dos passos do
são os melhores instrumentos ou dinâmicas sando pelo caminho?” (v.17). ver-julgar-agir-celebrar-avaliar, método
que podemos utilizar?” utilizado pela Igreja na América Latina.
Propor: “Será que o Messias não deveria
Na PJM, consideramos o encontro de Jesus sofrer tudo isso, para entrar em sua glória?
com os discípulos de Emaús como inspiração Então, começando por Moisés e continuando
metodológica fundamental. A partir dessa pro- por todos os Profetas, Jesus explicava para os Aprofundamento a partir do
documento Evangelizadores entre os
posta, o grupo poderá perceber a importância discípulos todas as passagens da Escritura que Jovens, pág.: 83 e 84.
das atitudes de Jesus, pois o itinerário percor- falavam a respeito dele” (v. 26-27).
rido é permeado do que acreditamos ser fun-
Experienciar: “Fica conosco, pois é tarde e à
damental como as atitudes de estarem juntos,
noite vem chegando” (v. 29).
da riqueza e da abertura no encontro, diálogo,
descobertas, aproximação, escuta, olhar, com- Comprometer: “Na mesma hora, eles se
preensão, proposição. É necessário considerar levantaram e voltaram para Jerusalém” (v.33)
a realidade, contextos, e suscitar uma compre- e “então os dois contaram o que tinha aconte-
ensão social e teológica dessa experiência, le- cido no caminho, e como tinham reconhecido
var à adesão e ao compromisso prático. Jesus” (v. 35).
43
44
5.
Acompa-
nhamento
45
Ao longo de sua caminhada na vivência grupal, • Individual: para realizar o acompanha-
somos convidadas/os a buscar constantemen- mento individual, entendemos que a/o
te o sentido no processo de desenvolvimen- adolescente e jovem é um ser único e
to integral. A partir dessas experiências, pas- integral, pertencente a uma realidade es-
samos a partilhar e refletir sobre a forma de pecífica e enquanto agente crítico, com
enxergar o mundo, a vida e os elementos à sua pensamentos e opiniões próprias, que
volta. Desenvolvemos um olhar e escuta mais vão sendo construídas ao longo de sua
atentos às situações e pessoas que nos cercam trajetória e vivência grupal. Com atenção
e, a partir disso, passamos a viver um processo e olhar cuidadosos, o acompanhamento
de transformação pessoal. individual é de extrema importância para
a construção do projeto de vida, pois
Cada experiência vivenciada no grupo passa orienta, motiva e instiga. A/o acompa-
a ter grande significado no seu crescimento e nhante serve de inspiração e apoio, não
amadurecimento enquanto pessoa, pois é na fazendo a caminhada pela/o adolescente
partilha e vivência com a/o outra/o que com- e jovem, mas, sim, auxiliando na compre-
preende sua própria existência. Esse processo ensão de si mesma/o.
coletivo acaba por ressignificar importantes • Grupal: o acompanhamento grupal pre-
Ministério da assessoria: quando fala- aspectos de sua vida, ao passo que mexe com za pelo processo que vai sendo vivido de
mos de ministério, falamos de serviço, o que existe dentro de cada adolescente e jo- maneira coletiva, levando em considera-
e todo serviço exige vocação. A asses- vem. As relações interpessoais se intensificam ção a identidade, os caminhos traçados e
soria aos jovens, de forma pessoal ou e à sua dinâmica com o mundo e a sociedade as necessidades do grupo. É uma forma
grupal, além de ser uma função, é um se agrega um senso crítico de sensibilidade e de ter um olhar atento às relações e ao
verdadeiro ministério, uma vocação. comprometimento social.
O assessor é chamado por Deus para caminhar desenvolvido na vivência grupal,
cumprir esta missão na Igreja, da qual prezando pelo cuidado com a caminhada
Com todas essas transformações e desafios de
recebe o envio (CNBB, 2007, Nº 206). e os processos vividos em comunidade.
ressignificar a vida faz-se necessário que essa
pessoa seja acompanhada de forma próxima Recomendamos que o acompanhamento dos
por alguém que tenha sua própria caminhada processos da PJM seja feito em conjunto com
de identificação e amadurecimento na fé. Esse adolescentes e jovens, de maneira a compartilhar
acompanhamento passa a ser feito por alguém a responsabilidade de cuidado com o grupo e
que vive e se compromete com o ministério com as/os participantes. Animadoras/es, articu-
da assessoria. ladoras/es e assessoras/es constroem em sinto-
nia a sistematização e planejamento da caminha-
da, de forma a somar e contribuir em conjunto.
As formas de acompanhamento
Na PJM, optamos por desenvolver o acompa- O papel de quem acompanha
nhamento de grupos e de adolescentes e jo-
vens de forma sistemática e processual, o que O amadurecimento na fé de adolescentes e
significa que seja feito de maneira contínua e jovens é uma tarefa que exige presença e com-
organizada, que as pessoas envolvidas consi- prometimento de quem acompanha, pois im-
gam visualizar o todo do processo e se sintam pulsiona o projeto de vida e serve de suporte
engajadas na construção desse planejamento. para o crescimento de cada qual e do grupo.
46
Acompanhar é ser presença significativa, aco- juventudes na intenção de que seja delas o
lhedora; é ajudar a dar sentido à própria vida, a protagonismo, buscando “respeitar a liberda-
ter uma causa central em que se apoio e a que de do processo de discernimento de uma/um
se dedicar; é fornecer subsídios para o autoco- adolescentes e jovem, fornecendo-lhe os ins-
nhecimento e formação desse indivíduo, indo trumentos para realizar adequadamente este
de encontro com a sua história de vida e com processo” (FRANCISCO, 2019).
o que pulsa de sagrado em seu interior.
O acompanhamento deve ser feito por aque-
A/o acompanhante é aquela/e que provoca, las/es que acreditam nas juventudes como
questiona, denuncia, anuncia e motiva a/o agentes de transformação da realidade, que
adolescente e jovem a se desenvolver em sua compreendem e valorizam seus anseios e que
integralidade. É importante estar sensível e se sentem inspiradas/os por seu modo dinâ-
aberta/o a compreender o momento em que mico, sensível e presente de agir.
vive o grupo, a/o adolescente e jovem, suas
angústias e inquietações, seus sonhos e dese- Deve ser realizado por mulheres e homens que
jos, na intenção de buscar ajudá-la/o a com- se sintam chamadas/os a ser instrumento de
preender-se por si própria/o e a construir o Deus na evangelização das juventudes e que, vi-
seu projeto de vida. vendo uma espiritualidade encarnada na realida-
de, inspirem adolescentes e jovens na concreti-
O papel da/o acompanhante é levar os/as zação de seus projetos de vida, na sua formação
adolescentes e jovens a descobrir e trilhar de consciência crítica e engajada socialmente,
o seu próprio caminho. De forma madu- fomentando o protagonismo e o seu papel en-
ra e responsável, a pessoa que exerce esse quanto sujeito político da sociedade (Instituto
acompanhamento deve caminhar ao lado das dos Irmãos Maristas, 2011).
47
Acompanhamento e projeto de vida de vida é escutar. A escuta é tão importante que
pressupõe três sensibilidades ou atenções dife-
Acompanhar é ter a possibilidade de contribuir rentes e complementares (FRANCISCO, 2019, n.
na construção do projeto de vida de adolescen- 292 a 294):
tes e jovens. Isso pode não ser tarefa muito fácil,
pois a vida é uma arte e cada pessoa é o artista A primeira sensibilidade ou atenção
principal de seu projeto. Essa contribuição se é à pessoa. Trata-se de escutar o outro,
torna mais efetiva se partir de, pelo menos, duas que se apresenta com as suas palavras. O
compreensões: sinal dessa escuta é o tempo que dedica-
mos ao outro. Não é questão de quan-
• A/o adolescente e jovem é ser integral e tidade, mas de que o outro sinta que o
necessita ser acompanhado em seu desen- meu tempo é dele: tanto quanto precisar
volvimento integral enquanto pessoa, aju- para me manifestar o que quer. Deve sen-
dando-a/o a compreender a si mesma/o tir que o escutamos incondicionalmente,
sem me ofender, escandalizar, aborrecer
em diferentes dimensões de sua vida: psi-
nem cansar. Tal é a escuta que o Senhor
coafetiva, psicossocial, política, espiritual realiza quando se põe a caminho com os
e técnica (CELAM, 2013). discípulos de Emaús e os acompanha du-
• O projeto de vida possui quatro aspectos rante longo tempo por uma estrada cuja
fundamentais: dinamicidade e processu- direção seguida era oposta à correta (Lc
alidade (não é estático e fechado), tem- 24, 13-35);
poralidade (passado, presente e futuro),
A segunda sensibilidade ou atenção
relacionalidade (eu, outro, sociedade) e
é no discernir. Trata-se de que o indiví-
integralidade (REDE MARISTA, 2018).
duo perceba o ponto certo onde se dis-
A partir desses dois pressupostos, encontra-se, cerne o que é a graça e o que é tentação.
no Projeto Educativo do Brasil Marista, uma de- Aqui preciso me interrogar: O que é que,
finição de projeto de vida que ajuda a alargar a exatamente, está me dizendo esta pessoa?
compreensão: Que me quer dizer? Que deseja ela que
eu compreenda do que lhe acontece? São
Construir um projeto de vida significa perguntas que ajudam a entender onde se
sonhar, planejar e viver em um movi- ligam os argumentos que movem o outro,
mento dinâmico de construção e re- e a sentir o peso e o ritmo dos seus afetos
construção de si mesmo, de estabele- influenciados por esta lógica. É preciso ter
cimento de metas e revisão constante
a coragem, o afeto e a delicadeza neces-
de objetivo, fundamentando-os em
valores éticos e cristãos, que são a for- sários para ajudar o outro a reconhecer a
ça motriz da vida e dão sentido a ela. verdade e os enganos ou as desculpas.
(UMBRASIL, 2010, p.69).
A terceira sensibilidade ou atenção
A primeira coisa que o acompanhante tem a consiste em escutar os impulsos
fazer para ajudar a/o outra/o a discernir o ca- - para diante - que o outro experi-
minho da sua vida e a construir o seu projeto menta. É a escuta profunda do ponto
48
«para onde o outro quer verdadeiramen-
te ir». Mais além do que sente e pensa
no presente e do que fez no passado, a
atenção orienta-se para o que quereria
ser. Esta escuta é atenção à intenção úl-
tima, que é aquela que, em última análise,
decide a vida, porque há Alguém como
Jesus que entende e valoriza esta intenção
última do coração”
49
50
6.
Horizontes
51
Os horizontes são os sonhos que as juven- CISCO, 2017). E, por meio das novas dire-
tudes maristas querem viver. Mas, diferente trizes da Pastoral Juvenil Marista, queremos
do que ordinariamente entendemos, os ho- renovar esse convite e estendê-lo a todas/os.
rizontes da Pastoral Juvenil Marista não se li-
mitarão ao nosso campo visual, mas será do Como nós podemos, enquanto sal e luz
tamanho de nossos sonhos. E, por acaso, do mundo, pensar as práticas de justiça
existe participante da PJM que não sonha? social e de solidariedade? Sabemos que
é possível utilizarmos dos componentes
Ir. Emili Turú nos inspira, dizendo “Que curriculares no que tange direitos hu-
podemos dizer sobre o futuro? Certamente manos e ética como ferramentas nessa
não está em nossas mãos e provavelmente missão. De fato, nós, Maristas de Cham-
nos equivoquemos em qualquer previsão pagnat, já estamos nesse processo de
que fizermos; o que sim, podemos fazer, o valorização, entendendo que eles ajudam
que já estamos fazendo, é agir no presente” na construção dos saberes e a repensar
(TURÚ, 2012, p.76). a vida, ao passo que parte da sociedade
ainda não consegue pensar e dinamizar
Ser evangelizadores, Sal da Terra e Luz um caminho pastoral-pedagógico. Em que
do mundo podemos contribuir nesse movimento?
Como podemos estender a práxis juvenil
O Instituto Marista está em sintonia com a Marista para a sociedade, sendo efetiva-
Igreja em saída para o encontro fraterno e mente sal da Terra e Luz do mundo?
construtor de um mundo mais justo e soli-
dário. Na PJM temos o desejo de que cada Não basta ser apenas dentro de nossos
adolescente e jovem seja um/a agente muros. Precisamos ser Sal e Luz por meio
evangelizador/a do mundo, sal e luz nos de nossas experiências grupais ousadas e
lugares onde não há sabor e as sombras posicionamentos diante da vida.
muitas vezes predominam (Mt 5,13-14).
Civilização do Amor: Alimentar as
Mas, qual o papel do sal e da luz hoje em
Utopias
nossa realidade? A luz é a nossa fé, que,
doada no trabalho por um mundo melhor, Vivemos um tempo onde sonhar é tão de-
não se apaga nunca, mas ilumina todas/ safiador que falar de Utopia muitas vezes
os ao redor. O sal é aquilo que dá sabor pode parecer uma coisa que não chega a
à vida e nos preserva da corrupção, das lugar algum. De fato, talvez até não che-
injustiças e de tudo que vem para tirar o gue, mas nos tira da zona de conforto, le-
gosto da existência. va-nos a um outro espaço e propicia-nos
o encontro de respostas para mudar o
O Papa Francisco nos convida a “ser sal da lugar em que estamos. Falar de utopia é
terra e luz do mundo na vida cotidiana” (FRAN- colocar-se à disposição para sonhar novos
52
horizontes. Eduardo Galeano costumava esteja a maior crise da sociedade da in-
dizer que “a utopia está lá no horizonte. Me formação: perder a capacidade criativa de
aproximo dois passos, ela se afasta dois pas- imaginar e não sonhar novos horizontes.
sos. Caminho dez passos e o horizonte corre
dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais A Igreja do Brasil entende que a juventude
alcançarei” (GALEANO, 2019). é um “lugar teológico” privilegiado (CNBB,
2007) e traz em seu DNA a mudança do
Nos perguntamos se a utopia é algo que presente, sendo uma potência capaz de
nunca alcançaremos, para que caminhar transformar e mudar os rumos da histó-
em sua direção? A resposta é bem sim- ria. Ela tem a força de, interpelada pelas
ples: para não ficar parado! Porque parar é necessidades do mundo que nos rodeia,
um risco enorme, que não afeta somente responder com coragem profética.
a mim, mas também a história. A história
é complexa e o tempo em que vivemos As juventudes exalam amor e amar é do-
prova para onde a falta de ação tem nos ar-se ao outro, como Jesus nos ensina. É
levados, como, por exemplo, “o mal que no movimento de doação pessoal, sincera
lhe provocamos (Casa Comum) por cau- e desinteressada, que nos tornamos cons-
sa do uso irresponsável e do abuso dos trutores de algo maior.
bens que Deus nela colocou” (Laudato Si’, Deus se manifesta nas juventudes, e é
Deus é amor (1 Jo 4,16), ama-nos incon- esse o entendimento que desejamos
2015, n. 2) A Utopia é uma oportunidade
dicionalmente e deseja que todas as pes- renovar na PJM.
para imaginar outros mundos, capacidade
soas se amem também. A civilização do
criativa para sermos construtores de pon-
amor não é utopia, mas sim algo já vivido
tes e não aceitar as coisas como estão, le-
na PJM e a sua disseminação é um hori-
vando-nos a sair do conformismo.
zonte possível, por meio da sua mística e
Essa capacidade criativa de sonhar é fruto das manifestações de solidariedade das/
de uma espiritualidade encarnada no coti- os adolescentes e jovens. Falar da civiliza-
diano, a qual, ao longo do tempo, pode ser ção do amor é falar de doação, de cuidado
cada vez mais aperfeiçoada ou totalmente e zelo, onde ela estará presente em mo-
esquecida. Quando criança, nosso poten- mentos de embates sociais e possibilitará
cial de imaginação para acessar outros ao mundo, junto a outras/os sonhadoras/
mundos é bem mais fácil. Com o passar es, uma nova humanidade regenerada.
do tempo, outras capacidades vão sendo
Queremos viver esse sonho, também so-
adquiridas e há o risco eminente de, com
nhado pelo Papa São João Paulo II, que
o desenvolvimento do raciocínio lógico,
disse às juventudes, “só uma humanida-
ficarmos apenas no mundo realista. Esse
de onde reine a civilização do amor pode-
é o grande risco e, por assim dizer, uma
rá gozar duma paz autêntica e duradoura”
problemática do mundo adulto. Talvez aí
(JOÃO PAULO II, 2004).
53
Diante da rapidez das mudanças que vive- fundamentais para um diálogo gratuito
mos nesse mundo turbulento e do acúmu- e não interesseiro. A sociedade atual
considera a amizade como algo meio
lo de informação, a distância ou diferença sem importância, como se acontecesse
entre uma geração e outra se torna muito naturalmente, além de ser vista como
maior do que há trinta ou quarenta anos sendo menos importante que o amor
atrás. Um diálogo efetivo, profundo e trans- conjugal, por exemplo. Um diálogo
mais profundo, como é o caso do in-
formador se torna, assim, mais exigente, tergeracional, necessita que se resgate
mais difícil. São mundos diferentes que têm a importância de as diversas formas de
de se encontrar e se colocar em relação. amor unificarem-se — sem que um seja
mais importante que o outro —, em
A individualidade tem sido acen- uma espécie de circularidade e comple-
mentariedade que faz bem a um lado
tuada na nossa época e parece e ao outro (SOUZA; BARROS, 2017).
que isso tem contaminado
todas as relações, dos su- O desafio que se apresenta é o de resga-
jeitos mais velhos ao mais tar o amor como uma ponte para a trans-
novos. Precisamos en- formação social, construindo comunida-
tender que não se faz o des fraternas de cuidado que possibilitem
presente sem dialogar tirar as pessoas das margens, viabilizar a
com a história, com a Cultura do Bem Viver.
experiência, e que, às
vezes, precisamos sim- Maria: inspiração para as juventudes
plesmente parar um
pouco e ouvir mais. Ao tratar de evangelização no contexto
Marista, é impossível não lembrar de Ma-
O monge Marcelo Bar- ria como exemplo singular de vocação.
ros diz que: Maria é modelo de seguimento. Ela, para
O desafio, tanto para
além da dominação masculina da sua épo-
a juventude, como para ca, deu o “sim” a um projeto de Reino.
adultos e mais velhos está Em um tempo onde somente a figura mas-
no diálogo profundo. Ele só culina possuía credibilidade e era ouvida
ocorre quando aceitamos sair
de nós mesmos e nos abrir ao outro.
no contexto social, Maria é inspiração de
Consiste, também, em ir além da zona juventude feminina e revolucionária, que
de segurança pessoal e nos perder no entrega sua existência para humanidade,
outro – um milagre que só o amor é com coragem de sair e transpor monta-
capaz de fazer. E aí é importante que
formas imediatas de amor (que são vá-
nhas. Maria é luta, é inspiração, é mulher
lidas e boas) não encham tanto a sala que derruba do trono os poderosos e
ao ponto de impedir o florescimento exalta os humildes.
de formas mais profundas e exigentes,
54
É preciso desconstruir o sistema milenar a razão a alargar as suas perspectivas
em que vivemos para construir uma nova (FRANCISCO, 2013, nº 238).
cultura, pautada por relações justas e igua- Vivemos um tempo de monólogos e ver-
litárias. Esse é um dos horizontes que a dades absolutas; entretanto, as juventudes,
PJM já vive e sonha espalhar pelo mundo, por meio de sua ousadia, são provocado-
onde as mulheres, assim como Maria pos- ras e sempre trazem o novo. É necessário
sam marcar a história da salvação do povo ir ao encontro delas para escutá-las, em
de Deus. Por esse motivo, é preciso res- uma relação aberta e verdadeira, pois des-
gatar as figuras femininas que alimentaram sa forma construiremos pontes capazes
e alimentam as nossas histórias. de sobrepor inúmeras realidades, como a
Essa revolução parte em reconhecermos, falta de diálogo e as fronteiras existenciais
em nossas Marias, mulheres autoras da e geográficas. E onde elas estão? Ora, nos
transformação social e construtoras de lugares mais corriqueiros da vida comum.
ousados horizontes com o rosto jovem e A unidade se configura de maneira mais
marial, que foram e continuam sendo ins- autêntica quando se consegue propor-
piração para a Pastoral Juvenil Marista. cionar equilíbrio e diálogo entre todas as
pluralidades. O diálogo entre as diversas
Cultura do Diálogo: favorecendo a formas de crença e não crença é tão ur-
construção de pontes gente quanto promissor, pois abre possi-
bilidade para partilha de valores e vias de
Segundo o Papa Francisco,
ação conjunta.
A evangelização implica também um
caminho de diálogo. Neste momento, Uma atitude de abertura na verdade
existem sobretudo três campos de diá- e no amor deve caracterizar o diálo-
logo onde a Igreja deve estar presente, go com os crentes das religiões não-
cumprindo um serviço a favor do ple- -cristãs, apesar dos vários obstáculos
no desenvolvimento do ser humano e e dificuldades, de modo particular os
procurando o bem comum: o diálogo fundamentalismos de ambos os lados.
com os Estados, com a sociedade – Este diálogo inter-religioso é uma con-
que inclui o diálogo com as culturas e dição necessária para a paz no mundo
as ciências – e com os outros crentes e, por conseguinte, é um dever para os
que não fazem parte da Igreja Católi- cristãos e para outras comunidades re-
ca. Em todos os casos, ‘a Igreja fala a ligiosas (FRANCISCO, 2013, Nº 250).
partir da luz que a fé lhe dá’, oferece
a sua experiência de dois mil anos e É preciso, enquanto horizonte, estimular
conserva sempre na memória as vidas as/os adolescentes e jovens a dialogarem
e sofrimentos dos seres humanos. Isto mais entre si, com a sociedade e com a
ultrapassa a razão humana, mas tam-
bém tem um significado que pode enri- Igreja, pois somos seres de afetos e ne-
quecer a quantos não creem e convida cessitamos tecer relações para bem vi-
55
vermos. Por natureza, as juventudes são “O Bem viver é uma oportunidade para
dinâmicas e extremamente relacionais; construir outra sociedade, sustentada
em uma convivência cidadã, em diversi-
sendo assim, torna-se estratégico para a dade e harmonia com a Natureza, a par-
construção de pontes promover espaços tir do conhecimento dos diversos povos
de diálogo e de escuta entre e para as/os culturais existentes no país e no mundo”
Documento adolescentes e jovens. Muito mais do que (TORTOSA apud ACOSTA, 2018).
O bem viver - construir políticas públicas para as juven-
Uma oportunida-
tudes, é permitir que as/os adolescentes Acosta elenca dez pilares para o bem vi-
de para imaginar
e jovens pensem também as políticas pú- ver, em sua obra “O bem viver: uma
outros mundos.
blicas; muito mais do que desejar que as oportunidade para imaginar outros
juventudes se relacionem com a Igreja, é mundos”, dentre eles, o Bem Viver, é
necessário que a Igreja seja jovem. uma proposta global (ACOSTA, 2018).
Essa é uma proposta para todas/os e para
Embora saibamos onde desejamos chegar a natureza em que vivemos e fazemos
enquanto horizonte, ainda muito falta parte. É preciso cultivar a paz e o amor
no que tange ao “como chegar”, e nas relações, a fim de que o mundo seja
a melhor forma de construir esse novamente um lugar harmonioso, e não
caminho é em diálogo com as um lugar de exploração e guerra.
juventudes.
A obra foi escrita em resposta ao sistema
que por séculos foi movido pelas desi-
Construtoras/es de
gualdades e que só trouxe exploração,
uma cultura da solida-
não cumprindo com as promessas do
riedade, da paz e do
progresso. Com isso, é preciso romper
bem viver com o modelo de sociedade estabelecido,
É necessário cultivar o harmonizar novamente a humanidade e a
Bem Viver, e para isso, natureza e valorizar a partir de agora as ri-
em alusão a Alberto quezas culturais e expressões de vida mais
Acosta, o mundo preci- diversas possíveis.
sa de mudanças radicais.
Queremos usar essa reflexão para a de-
Precisamos reconstruir
cisão ousada de traçar novos horizontes.
relações, organizações so-
Nessa decisão, a democracia deve estar
ciais, práticas políticas e siste-
presente desde o início e assim, o futuro
mas econômicos que rompam
será construído pela e para a sociedade,
conceitos e busquem alternativas
começando dentro dos grupos juvenis
que incluam os Direitos Humanos e
como a Pastoral Juvenil Marista, em res-
da Natureza como pauta urgente.
posta aos apelos da Igreja. Precisamos de
56
um mundo sustentável, onde todas/os comunicação digital em termos de mo-
são irmãs/ãos, no exercício da solidarie- bilização e pressão política: propagação
de estilos de vida e modelos de consu-
dade e nas práticas que constroem uma mo e investimento críticos, solidários e
cultura do bem viver. Nesse novo mundo, atentos ao meio ambiente; novas for-
nós somos as/os protagonistas e agentes mas de compromisso e de participação
da missão. na sociedade e na política; renovadas
modalidades de previdência social que
beneficiem as pessoas mais vulneráveis
O Papa Francisco nos convida a um novo (FRANCISCO, 2018, Nº 52).
pacto pela humanidade. Nós
A PJM é convidada a exercer a participa-
“não precisamos de um projeto de pou-
cos para poucos, ou de uma minoria ção juvenil nos espaços mais diversos pos-
esclarecida ou testemunhal que se apro- síveis e viáveis, porque a/o adolescente e
prie de um sentimento coletivo. Trata-se jovem é a promessa do presente, capaz
de um acordo para viver juntos, de um
de abalar estruturas injustas, lutar por di-
pacto social e cultural” (FRANCISCO,
2013, Nº 240). reitos até então negados e, assim como
nosso fundador Champagnat, construir
um mundo mais justo e solidário por meio
Exercício da Cidadania Participativa e o
da prática do protagonismo. Ser protago-
Empoderamento das Juventudes
nista não é ser egoísta ou focar na auto-
O Papa Francisco tem insistido que envol- promoção; é torna-se uma/um agente de
ver-se na política é uma obrigação de to- mudança no meio em que está inserida/o,
das/os as/os cristãs/ãos, que não devem contagiando todos ao redor, a fim de po-
ter uma atitude semelhante a de Pilatos tencializar uma boa iniciativa em uma for-
em situações conflitantes, chegando ao ma coletiva e solidária de viver.
ápice da omissão ao simplesmente lavar
as mãos. A política, em sua essência, é Uma das formas reais de protagonismo se
uma das formas mais elevadas da carida- manifesta na participação política juvenil
de, pois ela trabalha para o bem comum. nos conselhos
Assim como existem os Conselhos da
Perante as contradições da sociedade,
Criança e do Adolescente e Conse-
muitos jovens desejam fazer render
lhos de Saúde, por exemplo, também
os seus talentos, competências e cria-
é possível que cada município institua
tividade, e estão dispostos a assumir
o Conselho de Juventude. Esse órgão,
responsabilidades. Entre os temas que
responsável por propor, fiscalizar e
eles consideram mais importantes, so-
deliberar políticas públicas de Juventu-
bressaem a sustentabilidade socioam-
de, reúne representantes da sociedade
biental, as discriminações e o racismo.
civil, através dos movimentos juvenis,
O envolvimento dos jovens obedece
junto a representantes dos governos.
muitas vezes a abordagens inéditas, ex-
(BORGES, 2019, p. 78)
plorando inclusive as potencialidades da
57
Os governos e a sociedade civil no Brasil Províncias Maristas Brasil Centro-Norte,
foram motivados a construir e acompanhar Centro-Sul e Sul-Amazônia, explorando-
diferentes espaços de debate sobre direi- -os de modo criativo, a fim de acender a
tos humanos e políticas públicas. A criação chama do empoderamento juvenil. Ações
de conselhos, ministérios e secretarias es- como a prática do voluntariado propiciam
peciais e a realização de conferências de di- um protagonismo mais amplo e levam as/
reitos e políticas públicas permitiram maior os adolescentes e jovens para uma esfe-
acesso da sociedade aos mecanismos de ra de aprendizado em lugares diversos,
discussão e gestão das políticas, que, por onde, assim, podem desenvolver suas
longo tempo, estiveram restritos aos seto- habilidades e competências “em prol da
res hegemônicos do poder. garantia dos direitos humanos e da coleti-
vidade, visando uma cidadania sustentável
No tocante a crianças, adolescentes e jo- e cultivando os alicerces fundamentais da
vens, esse processo garantiu-lhes a partici- cultura da solidariedade” (SOARES Et. all.,
11 direitos específicos: direito à pação em alguns espaços. Mas, ainda care- 2018, p. 10).
Diversidade e à Igualdade, Direito ao cem o reconhecimento de sua condição de
Desporto e ao Lazer, Direito à Comu-
nicação e à Liberdade de Expressão,
sujeitos de direitos. Assim, mesmo que sua As ações solidárias, práticas de volunta-
Direito à Cultura, Direito ao Território atuação em espaços de controle social já riado, Comissões das Juventudes, repre-
e à Mobilidade, Direito à Segurança esteja garantida por marcos legais, sua pre- sentatividade juvenil em esferas públicas,
Pública e ao Acesso à Justiça, Direito sença ainda é incipiente e, muitas vezes, as- em conselhos e parlamentos juvenis são
à Cidadania, à Participação Social e
Política e à Representação Juvenil, Di-
sumida como mera obrigação burocrática. exercícios da igualdade proposta na arena
reito à Profissionalização, ao Trabalho O caminho agora é dialogar e aprofundar pública, que é o lugar onde se iguala os
e à Renda, Direito à Saúde, Direito à os 11 direitos específicos das Juventudes. desiguais. No mundo de hoje, infelizmen-
Educação, Direito à Sustentabilidade e te, podemos notar que a igualdade é algo
ao Meio Ambiente. Nem sempre ganhamos todas as batalhas existente predominante na esfera pública,
travadas. Assim acontece também no pro- e, por meio dessas iniciativas de protago-
cesso formativo de participação política e nismo, a PJM adquire a possibilidade de
ação protagonista. Precisamos ter a clare- participar dela e contribuir ainda mais na
za de que “Em uma perspectiva educacional, formação integral para além dos espaços
é importante ajudar os jovens a não desani- formais de educação.
marem perante erros e fracassos, mesmo que
humilhantes, porque fazem parte integrante O exercício da cidadania participativa e
do caminho para uma liberdade mais madu- empoderamento das juventudes são vivi-
ra, consciente da própria grandeza e fragili- dos hoje, na PJM, inspirados na perspec-
dade” (FRANCISCO, 2018, Nº 76). tiva do encontro de Cristo com os discí-
pulos de Emaús, onde as dimensões da
Nesse cenário, é propício que aprovei- Alteridade (realização plena por meio do
temos os espaços de aprendizagem das contato com a/o outra/o) e Missionari-
58
dade (missão evangélica e construção do uma realidade onde demonstrar senti-
Reino) são vividas pelos/as estudantes e mentos é visto como sinal de fraqueza,
as pessoas com quem eles realizam a tro- temos o desafio de, enquanto Maristas
ca de experiência. de Champagnat, promovermos todas as
possibilidades para se bem viver e acei-
Fazer a opção preferencial pelas/os ado- tarmos as complexidades corriqueiras da
lescentes e jovens é deixar-se encantar vida, sendo quem somos, sem medo, pois
pelo seu dinamismo. Nessa perspectiva, todos somos humanos e passamos pelas
só evangeliza educando e educa evangeli- mesmas coisas.
zando a juventude quem, por ela, se deixa
cativar. Não se pode falar em educação e A PJM é espaço privilegiado para que to-
evangelização desses interlocutores sem das/os as/os adolescentes e jovens ex-
falar de seu protagonismo. Acreditamos pressem seus sentimentos e vivam com
que eles são sujeitos construtores de sua leveza. Ela é local de rompimento com
identidade e de sua organização individual modelos engessados de se viver e para-
e coletiva. digmas criados ao longo dos anos, muitas
vezes reprodutores sistemáticos de vio-
A palavra “protagonismo” vem do grego lência e de um modo de viver isolado, que
protagonistés: o principal lutador, muito não se vê em relação com o mundo e com
utilizada na linguagem cênica para tratar as outras pessoas.
daquele que é o ator principal, a pessoa
que desempenha ou ocupa o primeiro A partir de seu itinerário, a PJM ensina que
lugar em um acontecimento. “Nesse sen- não se deve mais perpetuar os aprendiza-
tido, desejamos que nossas/os adolescen- dos de uma sociedade muitas vezes unila-
tes e jovens sejam protagonistas, autores teral. As juventudes devem também dizer
de sua própria história, escrevendo os ro- não a toda cultura do descarte, na qual o
teiros pelos quais irão percorrer sua traje- movimento de amar as coisas e usar as
tória, enquanto indivíduo em sociedade” pessoas tornou-se regra; ao espírito de
(SOARES Et. all., 2019, p. 25). competitividade tóxica, em que as pesso-
as preferem ser melhores que as outras e
Inteligências socioemocionais não melhores para as outras; às cobranças
excessivas para as juventudes, as quais elas
As/os adolescentes e jovens de hoje são são obrigadas a terem todas as respostas
conduzidas/os pela sociedade a negarem sobre suas vidas da noite para o dia; a
partes de sua natureza humana, e, assim, tudo que polui e faz mal às inteligências
não experimentarem do sabor de suas e à sanidade mental das/os adolescentes
vidas na totalidade. Influenciadas/os pela e jovens.
cultura do imediatismo e imersas/os em
59
Quando falamos em cuidar das inteligên- ver, mesmo diante de situações não mui-
cias socioemocionais, estamos colocando to favoráveis. Em um contexto de abusos
em pauta a defesa da integridade psíquica- dos seres humanos uns pelos outros e
-emocional das/os adolescentes e jovens pela exploração da vida no planeta, é ur-
e a promoção de um entendimento de que gente modificarmos nossa relação com as
não pode haver comparação sobre quem outras pessoas e com o meio. É de funda-
é melhor ou mais evoluída/o. Pois, para- mental importância para a construção de
fraseando Howard Gardner1, Inteligência uma nova sociedade que se supere uma
é a habilidade para resolver problemas ou visão antropocêntrica de mundo e se pas-
criar produtos que sejam significativos em se a uma visão biocêntrica, na qual o ser
um ou mais ambientes culturais. humano se assume como o grande res-
ponsável pela vida no planeta.
Gardner (2001) elenca nove inteligên-
cias socioemocionais que fazem parte da O Papa Francisco, na Exortação pós sino-
constituição do indivíduo, que devem ser dal Christus Vivit, afirma que
cuidadas e estimuladas ao longo dos des-
Vemos hoje uma tendência para «ho-
dobramentos das competências e habili- mogeneizar» os jovens, dissolver as
dades de cada pessoa. diferenças próprias do seu lugar de
Competências e habilidades: origem, transformá-los em sujeitos ma-
Lógico matemática, Linguística, Espacial, Dessa forma, podemos ver a PJM nos nipuláveis feitos em série. Deste modo,
Corporal cinestésica, Interpessoal, Intra- causa-se uma destruição cultural, que é
pessoal, Musical, Natural e Existencial. horizontes do futuro, como lugar não só
tão grave como a extinção das espécies
profético-teológico, mas pastoral-peda- animais e vegetais. Por isso, numa men-
gógico, onde todas/os são valorizadas/ sagem aos jovens indígenas reunidos no
os pelo que são e qualquer ideia de com- Panamá, exortava-os: «Assumi as vos-
paração é descartada pois entende que sas raízes! Mas não vos limiteis a isto.
A partir destas raízes, crescei, florescei,
“Se as pessoas possuem perfis cognitivos tão frutificai» (FRANCISCO, 2019, n. 186)
diferentes, as escolas não deveriam oferecer
uma educação padronizada, e sim procurar Nesse sentido, é de fundamental impor-
oferecer uma educação que atendesse o tância reconhecer as diversidades das
potencial individual de cada um” (RODRI- juventudes para que seja possível a elas
GUES, 2015, p.10). sair do isolamento e abrir-se ao cuidado
integral com a vida, dom de Deus para a
Ética e alteridade humanidade e para toda a criação. Isso se
faz quando percebemos que o outro não
Segundo o místico cristão Thomas Mer- é somente uma ideia, mas é a pessoa que
ton, ser humano algum é uma ilha. De está ao nosso lado e todo a natureza que
todo lado e em todos os tempos, somos garante as possibilidades de vida.
circundados pela vida que pulsa e teima vi-
60
Há que ressoar no coração de nossas ju- aceitou de forma irrevogável o chamado
ventudes a atitude do bom samaritano, de Deus na fundação do Instituto Maris-
que se fez próximo do homem assaltado ta, que assumiu, como missão, cuidar das
que corria risco de morte pelo caminho. crianças, adolescentes e jovens em condi-
Hoje, na mesma situação, encontram-se ção de vulnerabilidade ao redor de todo
tantos outros, várias realidades de ordem o mundo. Champagnat foi um colabora-
humana, social e ecológica que exige de dor da construção do Reino de Deus e
nós uma conversão, uma mudança de ca- o carisma marista é a ferramenta dessa
minho para ir ao encontro do outro. missão. Após anos de história da PJM, as/
os adolescentes e jovens pertencentes a
A construção de um outro mundo possí- essa grande família são convidadas/os a
vel começa com ações pontuais, pequenas diariamente renovar seu compromisso de
e, ao se encontrar com ações semelhan- viver o carisma marista, desde as peque-
tes dos outros, possibilita que o Reino de nas coisas, como discípulas/os do Padre
Deus seja uma realidade presente no hoje Champagnat.
da história. Segundo o Papa Francisco:
Hoje, mais do que nunca, “Os jovens devem
Para se poder falar de autêntico pro-
gresso, será preciso verificar que se pro- tornar-se eles os primeiros e imediatos após-
duza uma melhoria global na qualidade tolos dos jovens, realizando o apostolado no
de vida humana; isto implica analisar o meio deles e através deles, levando em conta
espaço onde as pessoas transcorrem a o meio social em que vivem” (INSTITUTO
sua existência. Os ambientes onde vi-
vemos influem sobre a nossa maneira DOS IRMÃOS MARISTAS, 2011, n° 103).
de ver a vida, sentir e agir. Ao mesmo
tempo, no nosso quarto, na nossa casa,
no nosso lugar de trabalho e no nosso
bairro, usamos o ambiente para expri-
mir a nossa identidade. Esforçamo-nos
por nos adaptar ao ambiente e, quan-
do este aparece desordenado, caótico
ou cheio de poluição visiva e acústica,
o excesso de estímulos põe à prova as
nossas tentativas de desenvolver uma
identidade integrada e feliz. (Laudato Sì
por FRANCISCO, 2015, nº 147.)
61
62
7.
O caminho
se faz
caminhan-
do
63
É tempo de construir pontes. passo em direção ao horizonte. Que a
construção dos projetos de vida seja uma
Vivemos em um mundo contemporâneo resposta das juventudes aos projetos de
caracterizado pelo ambiente digital, que morte que o mundo de hoje não se cansa
desconstrói e reconstrói nossas relações de elaborar.
de comunicação. A rede é uma oportuni-
dade para promover o encontro com as/ Que os encontros Locais, Regionais, Pro-
os outras/os, mas pode também agra- vinciais e Nacionais da PJM sejam oportu-
var o nosso autoisolamento, como uma nidades de encontro, partilha, prática de
teia de aranha capaz de capturar solidariedade, vivência eclesial, formação
(FRANCISCO, 2019). A partir e celebração. Todas essas possibilidades
disso, pensar em um ambien- nos remetem à dimensão do caminhar,
te de PJM é restabelecer um de mover-se individual e coletivamente
contato humano e um diá- rumo a uma vivência dos sonhos, dos
logo de afeto que nos fal- desafios e dos caminhos juvenis que que-
ta nessa sociedade ime- remos trilhar.
diatista e individualista.
O Papa Francisco, durante a Jornada
É necessário caminhar Mundial da Juventude no Brasil em 2013,
para a contínua cons- exortava as/os adolescentes e jovens a
trução de uma Pasto- não deixarem que outras/os fossem pro-
ral Juvenil Marista aco- tagonistas da mudança. Arriscamos ir um
lhedora das diversas pouco além: que sejamos construtoras/
juventudes englobadas es dessa mudança, autoras/es de nossas
pela instituição, não se próprias histórias. E que a PJM seja o es-
limitando aos seus muros, paço em que essa revolução jovem tenha
isto é, sendo ponte entre início.
a unidade marista e a cidade,
procurando a participação so-
cial, eclesial e política e indo ao en-
contro, principalmente, das/os adoles-
centes e jovens às margens da sociedade.
64
Referências
ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: Uma Oportunidade Para Imaginar Outros Mundos.
São Paulo: Autonomia Literária, 2018.
DAYRELL, J. O Jovem como Sujeito Social. Revista Brasileira de Educação, n. 24, set. /out.
/ nov. / dez., 2003.
65
FRANCISCO. Papa. Carta encíclica Laudato Sí: sobre o cuidado da casa comum. Docu-
mentos Pontifícios 22. Brasília: Edições CNBB, 2015.
FURET, Jean-Baptiste. Vida de São Marcelino José Bento Champagnat – São Paulo: Loyola:
SIMAR, 1999.
GALEANO, Eduardo. Para que serve a utopia? Revista Prosa Verso e Arte, Disponível em:
<https://www.revistaprosaversoearte.com/para-que-serve-a-utopia-eduardo-galeano/> . Acesso
em: 3 junho de 2019.
GROPPO, Luís Antônio. Introdução à Sociologia da Juventude. Jundiaí, Ed. Paco Editorial, 2017.
GRUN, Anselm. Espiritualidade do jovem: quem sou eu e quem desejo ser? Tradução de Zwinglio
Dias. Petrópolis: Vozes: 2004.
INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Deu-nos o nome de Maria. Roma, 2012. Disponível
em: <http://www.champagnat.org/e_maristas/Circulares/32_1_PT.pdf> Acesso em 05 set. 2019.
INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Fourvière: a revolução da ternura. Roma, 2016. Disponí-
vel em: < http://www.champagnat.org/shared/bau/LetterEmili2016_PT.pdf>. Acesso em: 03 set. 2019.
66
INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. O futuro tem um coração de tenda. Roma, 2014.
Disponível em: <http://www.champagnat.org/e_maristas/emili_turu/CartaSuperior2014_10_
PT.pdf>. Acesso em: 03 set. 2019.
JOÃO PAULO II, Papa. Mensagem De Sua Santidade João Paulo II Para A Celebração
Do XXXVII Dia Mundial Da Paz: Um Compromisso Sempre Atual: Educar Para A
Paz, 2004.
JOÃO PAULO II, Papa. Mensagem do Santo Padre aos participantes no capítulo geral
da família marista. 2001. Disponível em: < http://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/
speeches/2001/september/documents/hf_jp-ii_spe_20010917_famiglie-mariste.html> Acesso
em 3 jun. de 2019.
LIBÂNIO, João B. A Religião no início do milênio. São Paulo, SP, Ed. Loyola, 2001.
67
REDE MARISTA. Vivência grupal da PJM: marco operativo. Porto Alegre: CMC, 2015.
RODRIGUES, L. G. Um estudo sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas. São Paulo, 2015.
SOARES, Paulo Henrique Oliveira; ORNELAS, Gustavo Cândido; RODRIGUES, Andréia Crispim.
VEM: Voluntariado Estudantil Marista. Brasília: UBEE, 2018.
SOARES, Paulo Henrique Oliveira; PEREIRA, João Vitor Menduiña Ramos; OLIVEIRA, Nayraline Bar-
bosa de. Comissão das juventudes: orientações e posicionamentos. Brasília: UBEE, 2019.
SOUZA, Jonathan Felix; BARROS, Marcelo. Conversas por E-mail – Diálogo Intergeracional.
Disponível em: <https://revistasenso.com.br/2017/10/30/conversas-por-e-mail-dialogo-interge-
racional/> Acesso em: 20 mar. 2019.
68
Anotações
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
69
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
70
71
72