Você está na página 1de 72

Diretrizes

Nacionais
da PJM

1
2
Diretrizes
Nacionais
da PJM

3
Expediente
Diretoria da UMBRASIL
IR. RENATO AUGUSTO DA SILVA
IR. CÉZAR CAVANUS
IR. ODILMAR FACHI

Secretário Executivo da UMBRASIL


IR. NATALINO GUILHERME DE SOUZA

Coordenadores das Áreas


MISSÃO E GESTÃO: RICARDO MARIZ
VIDA CONSAGRADA E LAICATO: IR. IVONIR IMPERATORI

Grupo de Trabalho Atualização das


Diretrizes da PJM
ALEX GONÇALVES PIN
IR. EDICARLOS PEREIRA COELHO
IR. RONALDO LUZZI
JOÃO VITOR MENDUIÑA RAMOS PEREIRA
KAREN THELINE CARDOSO DA SILVA
LAURA DE FÁTIMA FERRAZ
LYANDRA MELGAREJO SEFFRIN
MILLENA DE JESUS OLIVEIRA
NAYRALINE BARBOSA DE OLIVEIRA
PAULO AFONSO DE ARAÚJO QUERMES
VITÓRIA BUSATO SOARES

Projeto gráfico e Diagramação


ILUMINURA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista /


[organização União Marista do Brasil]. --
1. ed. -- Brasília : UMBRASIL, 2020.

ISBN 978-65-88542-00-2

1. Evangelismo - Ensino bíblico 2. Missão da


Igreja 3. Pastoral Juvenil Marista (PJM) - História
4. Teologia pastoral I. União Marista do Brasil.

20-43377 CDD-253.78
Índices para catálogo sistemático:

1. Diretrizes da ação evangelizadora da Igreja :


Cristianismo 253.78

Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964


Sumário
INTRODUÇÃO Dimensão técnica........................................................ 38
Como ler este documento?.............................................. 8 Grupo .............................................................................. 39
O que nos leva a escrever?............................................... 9 Organização..................................................................... 39
Acompanhamento.......................................................... 41
1. PJM: NOSSAS FONTES Mística - o processo de educação e amadurecimento
Seguimento de Jesus Cristo............................................... 11 na fé.................................................................................. 41
Do jeito de Maria............................................................... 13 Metodologia.................................................................... 42
Inspirados por Champagnat............................................. 14
5. ACOMPANHAMENTO
2. MEMÓRIA DA PJM As formas de acompanhamento................................... 46
Caminhada 2005-2019 | Brasil Marista............................ 19 O papel de quem acompanha...................................... 46
Caminhada de cada Província.......................................... 21 Acompanhamento e Projeto de Vida........................... 48
Província Marista Brasil Centro-Norte (PMBCN)..... 21
Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS)............. 21 6. HORIZONTES
Província Marista Brasil Sul-Amazônia (PMBSA)......... 21 Ser evangelizadoras/es, Sal da Terra e Luz do mundo...... 52
Civilização do Amor: Alimentar as Utopias............... 52
3. PRINCÍPIOS NORTEADORES Maria: inspiração para as juventudes............................. 54
Cultivo da interioridade.................................................... 24 Cultura do Diálogo: favorecendo a construção de
Defesa de direitos.............................................................. 25 pontes............................................................................... 55
Diálogo inter-religioso, ecumênico e com “não crentes”... 26 Construtoras/es de uma cultura da solidariedade,
Diversidade......................................................................... 27 da paz e do bem viver...................................................... 56
Ecologia integral e Casa Comum..................................... 28 Exercício da Cidadania Participativa e o Empoderamento
Engajamento sociopolítico................................................ 29 das Juventudes................................................................... 56
Espiritualidade Apostólica Marista................................... 30 Inteligências Socioemocionais....................................... 59
Igreja Povo de Deus........................................................... 31 Ética e Alteridade............................................................. 60
Solidariedade...................................................................... 32 Vivência contínua do legado de São Marcelino
Champagnat.................................................................... 61
4. OPÇÕES PEDAGÓGICO-PASTORAIS
Adolescentes e Jovens...................................................... 36 7. O CAMINHO SE FAZ CAMINHANDO................... 62
Desenvolvimento Integral da Pessoa............................... 36
Dimensão psicoafetiva................................................... 37 REFERÊNCIAS.................................................................... 64
Dimensão psicossocial................................................... 37
Dimensão política........................................................... 38
Dimensão espiritual....................................................... 38

5
Apresentação
CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a 2015, os Congressos Nacionais da PJM
mais bela juventude deste mundo! Tudo o 2010 e 2017. Acreditamos que ele busca
que toca torna-se jovem, fica novo, enche- situar a evangelização das/os adolescen-
-se de vida. Por isso as primeiras palavras, tes e jovens no coração de nossas práticas
que quero dirigir a cada jovem cristão, são pastorais.
estas: Ele vive e quer-te vivo! Está em ti,
está contigo e jamais te deixa. Por mais que As Diretrizes Nacionais da PJM estão divi-
te possas afastar, junto de ti está o Ressus- didas em 7 capítulos que nos apresentam
citado, que te chama e espera por ti para o que é de mais significativo para a cami-
recomeçar. Quando te sentires envelheci- nhada da PJM.
do pela tristeza, os rancores, os medos, as
dúvidas ou os fracassos, Jesus estará a teu • INTRODUÇÃO: que orienta a sua lei-
lado para te devolver a força e a esperança. tura e apresenta o que nos levou a escre-
(Papa Francisco, Christus Vivit, 2019) vê-lo.

• PJM NOSSAS FONTES: que nos apre-


senta o que é pressuposto para a cami-
Querida Pastoral Juvenil do Brasil Marista! nhada da PJM. Destacamos o seguimento
a Jesus Cristo, do jeito de Maria e a inspi-
O documento que apresentamos é fruto ração de Champagnat.
da caminhada coletiva entre as provín-
cias e a Umbrasil na busca de atualização • MEMÓRIA DA PJM: resgata o processo
e revisão das Diretrizes Nacionais da PJM, da PJM a partir da caminhada 2005-2019
lançada em 2005, como o primeiro passo | Brasil Marista; caminhada de cada Pro-
para o alinhamento das caminhadas das víncia – Província Marista Brasil Centro-
províncias. Este documento impulsionou -Norte (PMBCN), Província Marista Brasil
muitas ações, dentre as quais destacamos Centro-Sul (PMBCS), Província Marista
o processo de revitalização da PJM em Brasil Sul-Amazônia (PMBSA).

6
• PRINCÍPIOS NORTEADORES: apre- des; inteligências socioemocionais; ética e Nós, Pastoral Juvenil Marista, acompanha-
senta o cultivo da interioridade; a defesa alteridade; vivência contínua do legado de mos as discussões e comprometemo-nos
de direitos; o diálogo inter-religioso, ecu- São Marcelino Champagnat. com um mundo mais humano, fraterno e
mênico e com “não crentes”; a diversida- justo, no qual a educação seja prioridade
de; a ecologia integral e a casa comum; • O CAMINHO SE FAZ CAMINHAN- e que possamos ser corresponsáveis para
o engajamento sociopolítico; a espiritu- DO: apresenta a perspectiva da continui- contribuir nestes momentos desafiadores,
alidade apostólica Marista; a igreja povo dade desta caminhada tão significativa. com audácia, na abertura ao diálogo, na
de Deus e a solidariedade como aspectos acolhida às expressões das culturas ju-
fundantes do nosso processo. Este documento é referência para a PJM venis. Discernimos e descobrimos com
do Brasil Marista, acolhendo toda a diver- elas/eles e a partir delas/deles clamores
• OPÇÕES PEDAGÓGICO-PASTORAIS: sidade das províncias, ao mesmo tempo e desafios, aos quais queremos responder
oferece às/aos adolescentes e aos jovens em que busca construir um alinhamento com uma postura profética, lutando por
o desenvolvimento integral da pessoa; o para a caminhada dos grupos da PJM, re- políticas públicas em prol das juventudes,
grupo; a organização; o acompanhamen- conhecendo nossas fontes, nossa memó- capazes de construir um novo mundo e
to; a mística - o processo de educação e ria, princípios, opções e horizontes para uma nova Igreja.
amadurecimento na fé; e a metodologia podermos seguir caminhando.
como opção pedagógica pastoral inego- Que Maria, nossa Boa Mãe, e São Mar-
ciável. Acompanhamos este momento do Insti- celino Champagnat, abençoem, protejam
tuto dos Irmãos Maristas, congregação re- e iluminem o trabalho da Pastoral Juvenil
• ACOMPANHAMENTO: apresenta as ligiosa que nasceu para o trabalho junto a Marista no Brasil, sendo sempre nossas
formas de acompanhamento, o papel de crianças, adolescentes e jovens, investindo inspirações no trabalho com as juventu-
quem acompanha, a dinâmica de acom- em numa educação evangelizadora como des.
panhamento e o Projeto de Vida que se um momento histórico e significativo. Em
constituem elementos fundamentais para 2011, com o documento Evangelizadores Que as Diretrizes Nacionais da PJM sejam
o processo. entre os jovens, o Instituto assumiu que a instrumentos de consulta para a atuação
PJM é um meio privilegiado para a evan- significativa junto com adolescentes e jo-
• HORIZONTES: a partir dos aspectos de gelização de adolescentes e jovens e quer vens, favoreçam a promoção de espaços
ser evangelizadoras/es, sal da terra e luz ser reconhecida como “especialistas” em de partilha de vida saudável nos quais as/
do mundo; civilização do amor: alimentar PJM. E enquanto Igreja vivenciamos um os adolescentes e jovens possam expe-
as utopias; maria: inspiração para as juven- sínodo dos jovens (2018), momento único, renciar a mística juvenil, contribuindo para
tudes; cultura do diálogo: favorecendo a a partir do qual foi construída a exorta- a construção da civilização do amor.
construção de pontes; construtoras/es de ção Christus Vivit (2019). Tendo em vista
uma cultura da solidariedade, da paz e do os apelos da realidade, o Papa Francisco
bem viver; exercício da cidadania partici- nos faz o convite para os pactos Educativo Grupo de Trabalho Atualização das
pativa e o empoderamento das juventu- Global e da Economia de Francisco. Diretrizes Nacionais da PJM

7
Introdução
Depois de quase 15 anos de história da Ao contemplar a trajetória da PJM no país,
Diversidade: diz respeito aos vários Pastoral Juvenil Marista (PJM), somos cha- reconhecemos a presença marcante de
aspectos que representam, singular-
madas/os a nos inspirar na caminhada dos uma diversidade, vivenciada a partir da
mente, as diferenças de uma pessoa,
grupo, sociedade, tradição; refere-se discípulos de Emaús: olhar para o caminho realidade de cada província e contextos
aos signos que particularizam, diferen- que foi feito, perceber os aprendizados e sociais distintos. Desse modo, ressaltamos
ciam um ser de outro, implica a plurali-
dade, mas vai além, porque introduz a
ousar novos rumos. a importância de um alinhamento comum
diferenciação. Diversidade é o oposto ao Brasil Marista, respeitando a pluralidade
de homogeneidade e uniformidade. Por esse motivo, alinhados à metodologia construída nas Províncias e suas unidades.
proposta pela Igreja na América Latina
(CELAM, Santo Domingo, n. 119) – ver,
Como ler este documento?
julgar, agir, revisar e celebrar - a fim de que
Pluralidade: significa algo em grande a história contemplada torne-se motivo Nas reflexões feitas junto ao grupo de
quantidade, amplo, geral e multiplo e trabalho, entendemos que era importan-
está relacionada a variedade de uma
de inspiração e ação comprometida com
mesma natureza, hipoteses ou alternati- o carisma marista, iluminando a sua cami- te a construção de um documento que
vas. Exemplo: pluralidade religiosa (mui- nhada futura no Brasil. conversasse tanto com as/os adolescen-
tas religiões), pluralidade de moedas
tes e jovens da PJM, como com suas/seus
(muitas moedas, dolar, reais, euro) etc
acompanhadoras/es (animadoras/es,
articuladoras/es, assessoras/es, coorde-
nadoras/es e pastoralistas). Para isso, op-
tamos que as Diretrizes utilizassem uma
linguagem acessível, leve e comunicativa,
contemplando as realidades juvenis.

Há outros documentos que norteiam a atu-


ação da PJM. Dessa forma, recomendamos
que seja lido conjuntamente com as Dire-
trizes Nacionais da PJM (2005), a Mística

Congresso Nacional da
PJM | Porto Alegre/2017

8
da PJM (2008), o Evangelizadores entre os Além de observarmos uma mudança na
Jovens (2011) e as Orientações para a Re- sociedade, sentimos a necessidade e a
vitalização da PJM do Brasil Marista (2015). importância de rever nossa caminhada
percorrida. É preciso amadurecer uma
No decorrer do texto, encontraremos al- proposta que resgate elementos deixados
gumas dicas de outras leituras que poderão à margem no decorrer do processo e que
ser feitas para aprofundamento. Essas dicas fortaleça as conquistas da caminhada. Tra-
e estes boxes têm a pretensão de viabili- ta-se de um processo pedagógico-pastoral
zar uma leitura mais dinâmica do material que contemple as/os adolescentes e jo-
e ampliar a visão para outras possibilidades. vens na sua integralidade e em sua dinami-
Obedecendo ao que foi definido como cidade histórica, social, cultural, espiritual
as premissas, o Grupo de Trabalho e a e política, procurando não ser engessada
Comissão de Evangelização acolheram e estática, impelindo-nos a um renovado
as sugestões de que esse Instrumentum ardor no trabalho com as juventudes.
Laboris seja um texto vivo, que ele possa É chegada a hora de nos debruçarmos so-
ser vivenciado, rezado e celebrado pelas bre as Diretrizes Nacionais da Pasto- Documento
juventudes do Brasil e, ao mesmo, ser atu- ral Juvenil Marista, fazer memória dos “O futuro tem um
alizado quando se fizer necessário. Todas/
-

caminhos feitos e traçar novas rotas para coração de tenda”


os somos convidadas/os a viver essa ex- Ir. Émili Turú
que cada vez mais adolescentes e jovens
periência de vivência e construção comu- possam ter seus corações transformados
nitárias permanentes. e tocados pelo amor ao Evangelho de
Cristo e ao carisma legado por São Mar-
O que nos leva a escrever? celino Champagnat.
A graça do amor e da ternura de Deus
Desejamos a todas/os uma agradável leitura!
tem-se revelado de diversas formas nes-
tes últimos anos, mediante o trabalho
com as juventudes Maristas (DNPJM,
2005, p. 16). Ainda assim, é importante
que tenhamos o olhar no horizonte para
continuar sonhando e ampliando a nossa
tenda cada vez mais.

9
10
1. PJM:
nossas
fontes

11
Durante este capítulo, vamos abordar os ele- Muitos jovens percebem Jesus como
mentos que caracterizam a PJM como espaço um personagem histórico, pertencente
a uma época e a uma cultura passada, e
de amadurecimento na fé, a partir do segui- por isso, não relevante para as suas vidas.
mento de Jesus Cristo e sua proposta de Rei- (FRANCISCO, 2018, n.º 6)
no, inspirados no jeito de Maria e de Marcelino
Champagnat. É importante que a/o adolescente e jovem se
aproxime da natureza humana de Jesus, reco-
nhecendo o verbo (divino) que se fez carne
Seguimento de Jesus Cristo
(humano) e habitou entre nós (Jo 1, 14), fazen-
A PJM busca oportunizar um encontro do-se presente ao nosso lado. A partir disso,
pessoal e coletivo com a pessoa de poderá entender que Ele, durante sua vida, foi
Jesus Cristo, por meio de sua vi- um ser solidário, sentiu medo, dor e foi incom-
vência grupal, mística e metodo- preendido pelas pessoas.
logia. É importante dizer que,
a partir do desenvolvimento Em nossos passos, reconhecemos a presença
dos encontros, cada jovem é de Jesus Cristo e o encontramos como os dis-
convidada/o a fazer um ca- cípulos de Emaús. Jesus vem, caminha, ensina
minho de discípulo-missio- e parte o pão conosco (Lc 24, 13-35). Dessa
nário (cf. FRANCISCO, 2013, maneira, seguimos nossa metodologia de en-
n. 119). contros com partilha, vivência e reflexão, de
modo que façamos a experiência com Ele a tal
Em 2018, aconteceu o Sí- ponto de dizer: “Não ardia o nosso coração,
nodo dos Bispos, que tinha quando ele nos falava pelo caminho e explicava
como temática os jovens, a fé as escrituras?” (Lc 24,32).
e o discernimento vocacional, no
qual a Igreja pode ouvir as juventu- Para que nos sintamos inspiradas/os a seguir
des. Segundo o Papa Francisco: Jesus, é importante que saibamos nos des-
pertar para uma relação amorosa com Deus,
O relacionamento que muitos jovens
têm com Jesus é tão variado quanto o
criando intimidade com Ele. O itinerário de
número de jovens no mundo. Muitos de- amadurecimento da fé proposto pela PJM deve
les veem Jesus como seu Salvador e Filho ser um lugar privilegiado para que esses mo-
de Deus. Ainda, muitas vezes, os jovens
encontram a proximidade de Jesus atra- mentos aconteçam com qualidade.
vés da Sua Mãe, Maria. Outros, ao con-
trário, podem não ter tal relação com Feito o encontro pessoal com Cristo, o en-
Jesus, mas o veem mesmo assim como cantamento com a sua pessoa e proposta de
um referencial moral e uma boa pessoa.
Reino, é importante nos provocarmos a um

12
segmento maduro e prático. É verdade que a ricórdia. Uma Igreja que perdoa. Uma
Igreja que ama com os olhos e com o
proposta do Reino às vezes se faz utópica e
coração. Uma Igreja que leva ao encon-
frustrante. Muitas são as perguntas que eco- tro, e ao abraço totalizando com Jesus
am dentro do coração: Que Reino queremos? (TURÚ, 2012, p. 77).
Como podemos construí-lo? Como destruir as es-
É essa Igreja que as/os adolescentes e jovens
truturas que causam tamanha desigualdade na
procuram e querem participar. Uma Igreja que
vida das pessoas?
acolhe, que caminha junto, que vive o que pre-
A Pastoral Juvenil Marista, por meio de seu iti- ga e que olha com ternura. A sensibilidade de
nerário de amadurecimento na fé, apresenta Maria com certeza é uma das suas característi-
um caminho concreto: cas mais marcantes. Na mística da PJM, pode-
mos ver que ela tem um espaço privilegiado:
O reino de Deus representa, portanto,
uma alternativa para a sociedade injusta, Em Caná, a Boa Mãe, além de compro-
proclama a esperança de uma nova vida, metida com a realidade concreta da fes-
afirma a possibilidade de mudança e for- ta do casamento, é amorosa porque se
mula a utopia. Por isso constitui a melhor alegra com os que vivem uma ocasião
notícia que podemos anunciar à humani- importante em suas vidas. Acolhedora e
dade e, a partir de Jesus, a oferta perma- presente, é realista, determinada e capaz
nente de Deus para a humanidade, que de perceber para onde vai a missão de
espera por uma resposta. A realização seu Filho, não deixando de ser a inter-
dessa utopia é sempre possível (TURÚ, cessora e a protetora dos que estavam
2016, p. 9). ameaçados por uma necessidade (UM-
BRASIL, 2008, p.87).
A/O adolescente e jovem que faz a opção de
seguir Jesus consegue entender que é sujeito É importante que as/os participantes da Pas-
de transformação social, a partir da coletivida- toral Juvenil Marista se reconheçam como
de em que está inserida/o. membros ativos da Igreja com rosto mariano.
O Papa João Paulo II, ao falar para a Família
Do jeito de Maria Marista, ressalta:

Quando Ir. Emili Turú pergunta em seu Face- Cabe-lhes hoje manifestar de maneira
original e específica a presença de Maria
book o que é uma Igreja de Rosto Mariano, na vida da Igreja e dos homens, desen-
ele recebe muitas respostas. Contudo, a jovem volvendo, para isso, uma atitude mariana,
leiga Marina lhe afirma genuinamente: que se caracteriza por uma disponibilida-
de alegre às chamadas do Espírito Santo,
Uma Igreja capaz de acolher, sempre e por uma confiança inquebrantável na Pa-
de modo incondicional. Uma Igreja que lavra do Senhor, por um caminhar espiri-
sorri, partilha e enxuga as lágrimas. Uma tual em relação aos diferentes mistérios
Igreja que oferece ternura e vive a mise- da vida de Cristo, e por uma atenção ma-

13
ternal às necessidades e aos sofrimentos terpela não somente ao perdão, mas também
dos homens, especialmente os mais sim-
a reavaliar os atos cometidos e termos a ati-
ples (João Paulo II, aos Capítulos Gerais
da Família Marista, 2001). tude de conversão.

Alegria, confiança, cuidado, disponibilidade Inspirados por Champagnat


e serviço são as características de Maria que
admiramos e desejamos para a PJM. Olhamos Marcelino Champagnat, quando se encontrou
para a história de Maria e observamos inúme- com o jovem João Batista Montagne (FURET,
ros desafios que ela assumiu com seu “sim” (Lc 1999, p. 52), procurou apresentar Jesus Cristo
1, 38). A PJM é convidada a ser um espaço aco- na realidade em que ele vivia, o que nos reve-
lhedor e sensível as inquietações juvenis. la o olhar atencioso de nosso fundador com
a vida de crianças, adolescentes e jovens, es-
Maria nos inspira a viver o serviço e o amadu- pecialmente as/os mais empobrecidas/os. Foi
recimento na fé a partir da formação e desen- por meio desse encontro que Marcelino mos-
volvimento integral. Essas são as atitudes que tra a sua radicalidade, entrega ao seguimento
inspiram nossas vivências de grupo. Da mes- de Jesus e a construção do Reino de Deus.
ma forma, para as/os participantes da PJM,
o serviço é um modo de vida, contemplando Podemos observar a indignação de Champag-
Instituto Marista - XXII
Capítulo Geral não somente o grupo, mas fora dele, com as nat ao se deparar com uma situação de extre-
pessoas do cotidiano, nas famílias, em sala de ma desigualdade: a falta de acesso à educação
aula e em todos os espaços que estiverem in- religiosa e humana. Montagne motiva o jovem
seridas/os. Padre Marcelino à sua missão: “Tornar Jesus
Cristo conhecido e amado”. Dessa forma,
O desafio de olhar para o todo é grande e a Champagnat soube olhar a realidade e fazer o
mística nos oferece recursos que podem aju- seu papel transformador à luz da fé.
dar nesse processo. É importante que, passo a
passo, pouco a pouco, olhemos para o desen- Champagnat é um homem à frente do seu
volvimento individual e do grupo. tempo, porque nos provoca a sermos imita-
dores e seguidores de Jesus. O documento
Outro traço importante do Jeito de Maria é Evangelizadores entre os Jovens, nos remete a
a atitude de compaixão. Um dos apelos do importância dele como inspiração para a PJM:
XXII Capítulo Geral é que possamos ser o
Marcelino tinha uma profunda espiri-
rosto e as mãos da tua terna misericórdia. So- tualidade e especiais qualidades que
mos chamados, como Maristas, a responder marcaram a sua forma de encarar os
acontecimentos cotidianos. Essa é a
a esse apelo com audácia. Ela está diretamen-
inspiração na qual encontramos a base
te ligada a formação integral, porque nos in- da nossa espiritualidade marista:

14
• A vivência de uma vida cristã muito
prática;
• A habilidade para encontrar as solu-
ções adequadas aos problemas;
• O instinto especial para a superação
de obstáculos, inclusive quando tudo
parecia perdido;
• A sensibilidade com cada pessoa, ao
tratar de oferecer respostas concre-
tas às suas necessidades;
• A simplicidade e a confiança na pre-
sença de Deus;
• A maneira como se entregava à pro-
teção de Maria;
• O desejo de ser Igreja, abrangendo o
mundo inteiro dos jovens.
Tudo isso inspira nossa maneira de es-
tar com os jovens e deve ser a carac-
terística que conduza a Pastoral Juvenil
Marista (INSTITUTO DOS IRMÃOS
MARISTAS, 2011, n. 108 e 109).

Assim como aconteceu na pequena comunida-


de de La Valla, as/os adolescentes e jovens da
PJM são chamadas/os a serem protagonistas
- e esse processo não se faz sozinho. O ama-
durecimento acontece no grupo, animando
umas/uns às/aos outras/os.

Congresso Nacional da PJM | Porto Alegre/2017 15


16
2.
Memória
da PJM

17
Neste capítulo será abordado um pouco da (1992) e Aparecida (2007) definem a opção
história das juventudes, no Brasil, na Igreja e no preferencial pelas/os pobres e pelas juventu-
Instituto. Na primeira parte, muito do que foi des como fundamento de suas ações.
escrito se baseia no histórico feito na primei-
ra edição das Diretrizes Nacionais da Pastoral Em nível de Brasil Marista, em 1974 é criado o
Ação Católica Especializada: no Serviço Interprovincial de Animação Vocacional
Brasil, este movimento foi mais conhe- Juvenil Marista (2005), na qual se encontra um
cido como JAC, JEC, JIC, JOC e JUC, detalhamento de fatos e datas. Foi lá que ocorreram as primeiras reflexões sobre
que era direcionada, respectivamente, o que seria, no futuro, a Pastoral Juvenil Marista.
à juventude católica agrária, estudantil, O processo de revisão das Diretrizes Nacio-
independente, operária e universitária. Em 1978, é eleito o Papa João Paulo II, também
nais da Pastoral Juvenil Marista (DNPJM) não
JAC – juventude agrária católica; JEC – parte do zero. Além de ecoar as lições aprendi- conhecido como o Papa da juventude. Durante
juventude estudantil católica; JIC – ju- o seu papado, foram criadas as Jornadas Mun-
ventude independente católica das durante esses 15 anos de história, também
fazemos uma breve memória dos processos diais da Juventude. Esses eventos fizeram com
JOC – juventude operária católica;
JUC – juventude universitária católica; que a antecederam. que o Pontífice andasse pelo mundo pregando
a importância que as/os adolescentes e jovens
A Ação Católica Geral, lançada pelo Papa Pio têm para a Igreja e para sociedade.
XI, começa a ser revista a partir de 1950, com
a Ação Católica Especializada. Esse movimen- O projeto Renovação Marista (REMAR) é im-
“O CELAM é um organismo de co-
munhão, reflexão, colaboração e servi- to foi importante para a Igreja Católica, porque plantado na Província Marista de Santa Cata-
ço como sinal e instrumento de afeto vinculou os movimentos juvenis aos processos rina no ano de 1983, junto com a criação do
colegial em perfeita comunhão com movimento Embarcações de Amizade (EDA),
a Igreja universal e com a sua cabeça sociais e impulsionou a Igreja a uma maior pre-
visível, o Romano Pontífice. Foi criado sença no meio das juventudes. formando, assim, o EDA-REMAR. Mais tarde,
no ano de 1955. Como organização nas Províncias gaúchas de Santa Maria e Porto
de serviço, o CELAM deve ser antes Na América Latina, em 1955, acontece a 1ª Alegre, o nome foi substituído por JUMAR (Ju-
de tudo uma animação e uma ajuda
na reflexão e ação pastoral da Igre- Conferência Episcopal Latino-Americana, em ventude Marista). A Província Marista de São
ja na América Latina e no Caribe. O que é criado o CELAM. Os bispos enfatizam Paulo, em 1992, cria o Grupo de Alunos Ma-
CELAM presta serviços de contato, a necessidade de a Igreja na América Latina fa- ristas (GAMAR).
comunhão, formação, pesquisa e refle-
xão às 22 Conferências Episcopais que zer uma imersão na realidade do continente,
estão localizadas do México ao Cabo colocando-se ao lado das/os pobres e mar- Em 1993, é criado o Serviço Interprovincial Ma-
Horn, incluindo o Caribe e as Anti-
ginalizadas/os. De 1961 a 1965, a Igreja vive rista (SIMAR), que era o organismo responsável
lhas” (Fonte: http://www.celam.org/ pela pastoral juvenil e vocacional das províncias
quienes_somos.php) um momento icônico com o Concílio Vaticano
II, trazendo uma nova realidade para a Igreja do Brasil. Por consequência, em 1996, aconte-
e para as pastorais, aproximando-a das reali- ce o I Encontro Nacional de Jovens Maristas,
dades vivenciadas pela sociedade. Nas décadas em Mendes/RJ, que teve como tema: “No peito
seguintes, as conferências do CELAM em Me- da juventude bate um coração Marista”.
dellin (1967), Puebla (1979), Santo Domingo

18
Em 2000, aconteceu o II Encontro Nacional Ma- aderir ao projeto, para que cada uma garantisse
rista de Jovens, em Porto Alegre/RS. O lema uma transição assertiva junto às/aos adoles-
escolhido para esse encontro foi “Pé na história, centes, jovens e pastoralistas. Olhando para
olho no futuro”. E, em 2003, realiza-se o III En- o caminho feito, somos chamadas/os a olhar
contro Nacional Marista de Jovens, em Natal/ com gratidão e reverência, vivendo o presente
RN, com o lema “Revele seu rosto amigo”. com alegria e sonhando com um futuro ousado.

Após validadas e lançadas as DNPJM, surgiu


Caminhada 2005-2019 | Brasil Marista
um novo desafio que foi a construção de um
Em 2005, na Igreja, com a morte do Papa João documento que desse a orientação, sendo
Paulo II, é eleito seu sucessor Bento XVI. No seta que apontasse para caminhos de amadu-
Brasil Marista, realiza-se o Encontro Nacional recimento na fé, baseados em valores, lugares
de Assessores da Pastoral Juvenil Marista em bíblicos e maristas. Depois de muito trabalho,
Florianópolis, que origina as Diretrizes Nacio- nasce o documento Caminho da Educação e
nais da Pastoral Juvenil Marista (DNPJM), sen- Amadurecimento na Fé – a Mística da Pastoral Ju-
do lançadas e implantadas nas três províncias venil Marista (2008), obra que foi pensada, es-
Documento
do Brasil. O projeto foi construído a muitas crita e validada coletivamente. Este documento Caminho da Educação
mãos. Desde a primeira versão, tomou-se o trouxe uma novidade bastante significativa na e Amadurecimento na
cuidado para que todas/os que direta ou indi- caminhada da PJM. Fé - a Mística da Pas-
toral Juvenil Marista
retamente estavam envolvidas/os fossem es-
(2008).
cutadas/os e se sentissem contempladas/os. Entre os dias 25 a 29 de janeiro de 2010 em
Curitiba (PR), aconteceu o 1º Congresso Na-
A PJM nasce a partir da soma das experiên- cional da PJM, com o lema “Corações Conec-
cias das Embarcações da Amizade (EDA), do tados”. Com a participação de mais de 500
movimento da Renovação Marista (REMAR), jovens, Leigas, Leigos e Irmãos. Em unidade,
do Grupo de Alunos Maristas (GAMAR), do as juventudes maristas mostraram toda a sua
movimento da Juventude Marista (JUMAR) e força, ou melhor, a força de um sonho juvenil
da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE). E, para a Igreja e para a sociedade da qual é parte.
como diz no Evangelho de João, se o grão de
trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas Em 2013, com a renúncia de Bento XVI, foi
se morrer, dá muitos frutos ( Jo 12, 24), foi ne- eleito o Papa Francisco. Vindo da Argentina, é
cessário que esses movimentos todos dessem o primeiro Papa latinoamericano, que nos con-
espaço para que nascesse o novo. vida a uma Igreja em Saída (cf. Evangelii Gau-
dium, 2013, n. 20 ss). Nesse mesmo ano, acon-
Também como movimento coletivo, fez-se a teceu, na cidade do Rio de Janeiro, o Encontro
opção de respeitar o tempo das províncias em Internacional de Jovens Maristas. Teve como

19
temática: “Change: faça a diferença” e o lema: Capítulo Geral. Pela primeira vez na histó-
Documento
Pastoral Juvenil “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”. ria houve a presença de jovens maristas, que
Marista - Orien- Estiveram no encontro aproximadamente 300 conduziram, um dia, os trabalhos do capítulo
tações para a participantes dos cinco continentes. Após, na e deixaram sua mensagem aos capitulares em
revitalização
mesma cidade, houve também a Jornada Mun- nome das/os jovens maristas do mundo. Des-
dial da Juventude (JMJ). ta contribuição saíram alguns apelos importan-
tes, os quais destacam-se: “Para caminhar com
No ano de 2015, foi lançado o documento:
crianças e jovens marginalizados pela vida” e “Ins-
Documento “Pastoral Juvenil Marista: orientações para
pira nossa criatividade para sermos construtores
Revista II Con- a revitalização”, marcando historicamen-
gresso Nacional de pontes”.
te o processo de revisão e atualização da
da Pastoral Juve-
nil Marista PJM do Brasil. Em 2018, aconteceu o Sínodo dos Bispos, que
foi dedicado às/aos jovens. A temática principal
Em 2016, de 17 a 23 de julho, houve a parti-
foi: “Os jovens, a fé e o discernimento vo-
cipação da PJM no Encontro Internacional de
cacional”. Houve a participação de jovens em
Jovens Maristas, “Dare to Dream”, em Lyon,
XXII Capítulo Geral todo o processo sinodal, sobremaneira no do-
Assembleia representa- França. Também foi uma forma de celebrar
cumento preparatório e em um encontro des-
tiva de todo o Instituto, com as juventudes o bicentenário de funda-
que se reúne a cada tinado apenas aos jovens. O documento final,
8 anos para eleger
ção do Instituto Marista. Nesse mesmo ano,
aprovado em reunião, conta com 3 partes e tem
o Superior Geral e aconteceu a Jornada Mundial da Juventude, na
como inspiração bíblica a aparição de Jesus Cris-
seu Conselho e suas cidade de Cracóvia na Polônia, contando com
diretrizes. to Ressuscitado com os discípulos de Emaús.
a presença de algumas/alguns jovens maristas.
Em 2019, de 15 a 20 de janeiro, na cidade da
O ano de 2017 foi marcado pelos seguintes
Guatemala, aconteceu o Encontro Internacio-
eventos da PJM: o Bicentenário Marista ocor-
nal da Juventude Marista. Estiveram reunidos
rido em todo o Instituto; o II Congresso
Documento aproximadamente 160 jovens de 20 a 30 anos
Sínodo dos Nacional da Pastoral Juvenil, ocorrido
dos quatro ramos da família marista. A temá-
Bispos na cidade de Porto Alegre (RS), de 12 a 15 de
tica do encontro foi: “tecendo a vida (weaving
outubro, com o tema “Na Dança da Missão”.
life)”. Um dos objetivos do encontro foi opor-
No presente ano, também teve início o pro-
tunizar às/aos jovens o desenvolvimento de
cesso de revisão das Diretrizes Nacionais da
um projeto de vida.
PJM, sob a coordenação da União Marista do
Brasil (UMBRASIL). Por fim, em março de 2019, o Papa Francisco
Documento
Exortação Apos- presenteia os jovens do mundo inteiro com
Ainda sobre 2017, o Instituto Marista realizou,
tólica pós-Sinodal a exortação apostólica Christus Vivit (Cristo
na cidade de Rionegro, na Colômbia, o XXII
vive), em que faz belas reflexões sobre todo

20
o processo sinodal e ressalta a importância mostrou fácil aos seus participantes, mas, aos
dos/as adolescentes e jovens como parte ati- poucos, entendeu-se que a proposta era bela e
va da Igreja. que era um caminho a trilhar.

O pontapé aconteceu em 2005, na cidade de


Caminhada de cada província
Londrina, com a Missão Solidária Marista. Foi
Nos próximos tópicos, iremos apresentar um lá, escutando o apelo das/os adolescentes e
pouco da caminhada realizada por cada provín- jovens, que a província entendeu que havia a
cia no que tange ao desenvolvimento da PJM necessidade de trazê-las/os para perto, enten-
em suas realidades. der as suas angústias e fazer junto.

PROVÍNCIA MARISTA BRASIL No Encontro de Representantes Jovens, essa


CENTRO-NORTE (PMBCN) escuta foi qualificada com a participação de
Na PMBCN, a PJM nasce a partir de três ex- dois jovens de cada unidade. Foi a partir disso
periências: EDA-REMAR, GAMAR e PJE. Os que a PJM teve seu lançamento oficial em agos-
ritos de passagem desses movimentos para a to de 2005, em Assembleia com a presença de
Pastoral Juvenil Marista se deram até janeiro de jovens, pastoralistas e Irmãos Maristas.
2008, na Assembleia Provincial da PJM. Neste Documento
PROVÍNCIA MARISTA BRASIL Marco Operativo da
mesmo ano, também nasce o Marco Referen- PJM Marco Operativo
cial da Pastoral Juvenil Marista. SUL-AMAZÔNIA (PMBSA) da PJM
A Pastoral Juvenil da PMBSA era conhecida
Em 2017, comemoramos os 10 anos da PJM pelo movimento JUMAR. Como dissemos,
na província, com uma celebração realizada respeitando o tempo de cada província, fez-se
no dia 20 de maio, dia do nascimento de São a opção por um caminho gradativo, adaptando
Marcelino Champagnat. Já no dia 11 de agosto, cuidadosamente cada local com a nova dinâmi-
foi eleita a Comissão Provincial das Juventudes, ca trazida pela Pastoral Juvenil Marista.
como espaço de discussão e formação das/os
adolescentes e jovens da PJM e de outros gru- Foi em 2009 que a transição aconteceu, o que
pos da província. acarretou na formação de assessoras/es adul-
tos e também na escrita do Marco Opera-
PROVÍNCIA MARISTA BRASIL tivo da PJM. Durante a reflexão desses tra-
CENTRO-SUL (PMBCS) balhos, também se chegou à conclusão que era
Assim como as outras províncias, a PMBCS importante a formação das/os animadoras/es
vivenciava os movimentos de EDA/REMAR e da PJM, responsáveis por coordenar os grupos.
GAMAR junto às/aos adolescentes e jovens. A
adesão à proposta da PJM inicialmente não se

21
22
3.
Princípios
norteadores

23
A PJM é constituída a partir de alguns princípios pria humanização, rumo a uma vida
plena. Uma pessoa que cultiva pouco
que a direcionam, que a fundamentam, pois
a sua interioridade desenvolve pouco
não é fim em si mesma, mas meio para viver a a sua personalização. Trabalhar a inte-
civilização do amor. É justamente por ser meio rioridade é habitar o próprio espaço
interior, habitar em si próprio, que é
que os princípios são fundamentais. O termo
o contrário de estar fora de si mesmo.
princípio tem origem do latim principíum, que Intuímos que cuidar explicitamente da
significa origem, causa primeira, início de uma interioridade tem a ver com o desen-
volvimento pleno das pessoas, com
ação ou processo. É a base de alguma coisa, a sermos nós próprios e com a felicidade
raiz, a razão. Já norteador propõe um caminho, (GRUN, 2004, p.22).
orienta, guia, regula. Com outras palavras, os
princípios norteadores são o chão e a direção a O cultivo da interioridade torna-se, em nos-
partir dos quais as juventudes e os grupos irão sos dias, importante e fundamental para que a
Civilização do amor: expressão pessoa encontre em si pontos de equilíbrio e
realizar suas experiências.
utilizada pelo Papa Paulo VI, que du-
cultive seu mundo interior.
rante o seu pontificado estimulou esse
modo de ser e convidou para a sua Cultivo da interioridade Falar dela - interioridade - é compreen-
construção. Outros papas também a der que todo ser tem um interior por
retomara, em especial Papa Francis- Uma característica básica de nossa época pa- descobrir, tem um mundo guardado
co, que dirigindo-se aos jovens, disse: que o conecta com as coisas, situações,
façam florescer a civilização do amor. rece ser a fragmentação. Muitas pessoas sen-
lembranças, lugares, aromas, sensações
tem-se internamente divididas, puxadas de um mais íntimas e, ao mesmo tempo, mais
A expressão passou a ser utilizada pela
lado para outro pelas várias experiências que socializadas e socializáveis de cada um;
Pastoral Juvenil Latino-americana, no
realizam durante o dia. Não têm mais tranqui- tem a possibilidade de saber-se conec-
ano de 1980, e as experiências de gru-
tado com a transcendência, qualquer
pos de jovens que seguem uma meto- lidade interior. A intranquilidade persegue-as que seja. Poderíamos dizer que essa é
dologia pastoral adotam-na como uma
forma de compromisso com a trans-
até no sono. Parece que não estão consigo uma maneira de abordagem da interio-
mesmas, não estão em contato com o seu “eu” ridade humana (CELAM, 2018, n° 43).
formação da sociedade.
verdadeiro (Grün, 2004). Quando falamos de
O cultivo da interioridade abre a oportunidade
interioridade, segundo o dicionário, estamos
para a espiritualidade cristã. Sem a experiência
nos referindo a algo que está na parte de den-
pessoal da existência desse mundo interior, a
tro – qualidade; que está muito por dentro;
espiritualidade só seria um verniz: conceitos
que só se sente com a alma. Neste sentido, a
razoavelmente bem formulados, mas que não
interioridade é algo do nosso interior, podería-
contribuem para a transformação do ser hu-
mos dizer que é viver por dentro e a partir daí
mano e muito menos para o reconhecimento
projetar toda a nossa vida para o mundo, as
do Sagrado que nos habita.
relações, o trabalho, o compromisso.
Desejamos que a Pastoral Juvenil Marista ajude
A interioridade é a condição para se
ser pessoa, para avançar na nossa pró- a cuidar da corporeidade de cada adolescente e

24
jovem, proporcionando o contato com as suas de um percurso finalizado, mas de uma constru-
sensações corporais; eduque para o silêncio e ção marcada por lutas e reconhecimentos, que
a meditação; ajude para que tenham consciên- continua sendo, e se edifica a cada dia na histó-
cia de sua respiração e possibilite exercícios ria concreta dos povos e nações. Dessa forma,
para tal; ofereça técnicas de relaxamento, con- um verdadeiro desafio para o cotidiano Marista.
tribuindo para se tornarem mais conscientes e
mais conectadas/os com seu espaço interior; A concepção geral (Direitos Humanos) e as
proporcione a dança como forma de conec- específicas (direitos fundamentais) da atualida-
tarem-se consigo e com a/o outra/o; possi- de ratificam um conjunto de direitos básicos,
bilite que os exercícios de visualização sejam indispensáveis a todos os seres humanos, que
momentos em que, de maneira consciente, são reconhecidos e compartilhados por inú-
deixemos emergir imagens do nosso interior meras nações. Mesmo após longa caminhada
que carregam consigo informações importan- de luta pela consolidação dos Direitos Huma- Documento
tíssimas sobre nós próprios e sobre a nossa nos fundamentais, fatos e realidades em torno Direitos Humanos de
do planeta indicam que ainda há necessidade Crianças, Adolescentes
percepção das coisas; promova momentos e Jovens - Diretrizes
de oração, pois orar é simplesmente “estar” e de uma constante fundamentação conceitual e para o Brasil Marista
dar-se conta, viver a Unidade que somos. efetivação dos valores contidos nesses direitos.

Hoje, é imprescindível reconhecer que há está-


Defesa de direitos gios e dimensões que auxiliam a compreensão
Conforme atesta o documento sobre Direitos e a luta pela efetivação dos direitos instituídos
Polissêmico: são os diversos senti-
Humanos de Crianças, Adolescentes e Jovens: e conquistados. Ao retomar a historicidade da dos e direitos reconhecidos – da mu-
Diretrizes para o Brasil Marista (2017), o edificação do conceito e das lutas pela efetiva- lher, da criança, dos povos tradicionais,
dos migrantes, pessoas com deficiên-
conceito de Direitos Humanos, ao longo da ção desses direitos, torna-se possível perceber
cias, dentre outros.
história, foi percebido e entendido a partir de que, na atualidade, existem algumas dimensões
diferentes concepções, ideologias e contextos. e características que definem e ampliam o en-
Nestes últimos dois séculos, esse conceito po- tendimento e vivência dos direitos fundamen-
lissêmico provocou questionamentos, lutas e tais/referenciais. Para Bobbio (2004), Direitos
transformações para o conjunto das sociedades Humanos não são dados; são históricos, mutá-
modernas. Entender os sentidos do humano, veis e constantemente construídos.
o reconhecimento e a valorização dos funda-
Para as/os cristãs/os, a dignidade da pessoa
mentos da humanidade, das necessidades de
humana tem um de seus fundamentos bíblicos
proteção e de efetivação destas, consideradas
na afirmação de São Paulo: “Vocês não sabem
como direitos basilares e fundamentais, foram
que são templo de Deus e que o Espírito de Deus
questões centrais nessa trajetória. Não se trata
habita em vocês? Se alguém destrói o templo de

25
Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é forma como acolhemos as crianças, adolescen-
santo, e esse templo são vocês” (1Cor 3,16-17). tes e jovens mais necessitadas/os e excluídas/
os.
Como cristãs/os, move-nos a certeza de que
ninguém nasce por acaso. “Antes que no seio Portanto, estimulamos que a PJM defenda os
fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu direitos humanos, preferencialmente das/os
nascimento, eu já te havia consagrado” (Jr 1,5). adolescentes e jovens; incentive o estudo dos
Por isso, a defesa dos direitos fundamentais Estatutos da Criança e do Adolescente e da Ju-
como vida, educação, saúde, habitação, ventude; promova a formação política; ajude a
convivência familiar e comunitária, cul- garantir a dignidade de todas as pessoas; apro-
tura, esporte, lazer, entre outros é xime-se de atores coletivos e redes que defen-
sempre urgente e necessária. Os dem os direitos; lute pela democracia; seja um
direitos humanos são violados ator político; produza análise de conjuntura
não só por terrorismo, re- para melhor conhecer a realidade e busque co-
pressão, assassinatos, mas nhecimentos sobre os direitos humanos.
também pela existência
de condições de extrema Diálogo inter-religioso, ecumênico
pobreza e de estruturas e com “não crentes”
econômicas injustas que
Chamamos de ecumenismo a busca da unida-
originam grandes desi-
de entre as Igrejas Cristãs. O termo ecumê-
gualdades (Santo Domin-
nico provém da palavra grega οἰκουμένη
go, 1992).
(oikouméne), significa casa comum. Num sen-
Por sermos pessoas e cris- tido mais restrito, emprega-se o termo para
tãs/ãos, como menciona Boa- os esforços em favor da unidade entre igrejas
ventura de Souza Santos (2007) cristãs; num sentido mais amplo, pode designar
lutamos pela igualdade sempre que a busca da unidade entre as diversas denomi-
a diferença nos inferioriza, mas lutamos nações cristãs. Já diálogo inter-religioso é
pela diferença sempre que a igualdade nos o processo de compreensão mútua entre dife-
descaracteriza. Somos contra todas as discrimi- rentes tradições religiosas, buscando dialogar e
nações de sexo, gênero, religião, ideologias, et- se respeitar mutuamente.
nias, culturas e classes sociais. Em nossas unida-
O Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, (2013,
des, há abertura para todas e todos. A inclusão
n. 230), afirma que “a diversidade é bela, que
social faz parte de nossa identidade. A grandeza
há um valor na diversidade, contradizendo a
de nossa ação educativo-pastoral se mede na
imagem de uma homogeneidade cristã”. Reco-

26
nhecer o valor dessa diversidade é o desafio mar a sua vida e as suas ações de todos
os dias. São chamados a abrir-se aos
mais importante para as igrejas, para a teologia
jovens de outras tradições religiosas e
e para as pessoas. espirituais, mantendo com eles/as re-
lações autênticas que favoreçam o co-
O diálogo inter-religioso e ecumênico exige nhecimento recíproco e curem de pre-
um coração voltado para a paz e a valoriza- conceitos e estereótipos. Assim, são
promotores/as de uma nova forma de
ção da/o outra/o. Não basta realizar ações, é diálogo inter-religioso e intercultural,
preciso ter de fato a espiritualidade do diálogo. que contribui para libertar as nossas
sociedades da exclusão, do extremis-
Essa espiritualidade exige o cultivo de muitas
mo, do fundamentalismo e da mani-
qualidades. pulação da religião para fins sectários
ou populistas. Tornam-se assim tes-
A diversidade deve ser sempre con- temunhas e promotores, com os seus
ciliada com a ajuda do Espírito Santo; coetâneos, de uma cidadania inclusiva
só Ele pode suscitar a diversidade, da diversidade e dum compromisso
a pluralidade, a multiplicidade e, ao religioso socialmente responsável e
mesmo tempo, realizar a unidade. Ao construtivo da aliança social e da paz
invés, quando somos nós que preten- (FRANCISCO, 2017, nº 155).
demos a diversidade e nos fechamos
em nossos particularismos, em nossos
exclusivismos, provocamos a divisão;
Para tanto, esperamos que a Pastoral Juvenil
e, por outro lado, quando somos nós Marista promova um diálogo que reconheça
que queremos construir a unidade com e respeite a diversidade cultural e religiosa do
os nossos planos humanos, acabamos
por impor a uniformidade, a homolo- mundo; crie laços de afeto fraterno entre as
gação. Isto não ajuda a missão da Igreja. pessoas e as Igrejas diferentes; realize oração
(FRANCISCO, 2013, nº131). em comum a partir da mesma fé; trabalhe em
conjunto na construção de um mundo melhor,
Uma qualidade necessária é a abertura ao di-
acolhendo as pessoas assim como elas são (e
álogo cultural e religioso que é precedido pela
não como gostaria que elas fossem).
acolhida à/ao outra/o. Não há possibilidade
de diálogo se não se acolhe com ternura e com
alegria a pluralidade de nossa sociedade. É im- Diversidade
portante reconhecer que a diversidade é aco- Sabemos que a humanidade é formada por se-
lhida por Deus, como um valor insubstituível, res plurais e diversos quanto à maneira de ser,
irrevogável. O pluralismo cultural e religioso é sentir, raciocinar, agir, perceber a vida. Com-
uma realidade em crescimento na vida social preender e aceitar a vida na perspectiva plural
das juventudes. requer abertura e deslocamentos, necessita
Um belo testemunho do Evangelho é sair de seu lugar comum ou do conforto de
dado pelos jovens cristãos/ãs, quando suas convicções, despir-se de prejulgamentos,
vivem a sua fé de maneira a transfor- de preconceitos, de discursos prontos, romper

27
com os estereótipos, para vivenciar realidades Em um mundo em que se constroem mais mu-
diferentes das nossas, sentindo o que o outro ros do que pontes, é preciso ousadia. Sabemos
sente (empatia). que a injustiça social tem endereço, cheiro, cor,
gênero, classe. É “abandonar a cultura dos egos
O princípio diversidade evoca a compreensão e promover os ecos (ecologia, ecossistema,
de cada pessoa a partir da sua trajetória de economia solidária) que reduzem o escândalo
vida, requer o reconhecimento, a generosidade da indiferença e das desigualdades” (INSTITU-
e o respeito. Não podemos ou não devemos TO DOS IRMÃOS MARISTA, 2017).
Cultural: a par do património natural, compreender a pessoa somente pela nossa
encontra-se igualmente ameaçado um
convicção, intuição, preconceito. Agindo assim,
património histórico, artístico e cul- Ecologia integral e Casa Comum
tural. Faz parte da identidade comum corremos o risco de discriminar sem conhecer.
de um lugar, servindo de base para A palavra ecologia tem origem grega, sendo
construir uma cidade habitável. Não se Em nossa sociedade, a discriminação de pesso- que oikos significa casa e logos, estudo ou refle-
trata de destruir e criar novas cidades
as em função de suas diferenças é uma realida- xão. Ecologia é o estudo e a reflexão sobre a
hipoteticamente mais ecológicas, onde
nem sempre resulta desejável viver. É de. Em vez de respeitar a diferença como um casa e como são múltiplas as ‘casas’ que habi-
preciso integrar a história, a cultura e dos valores de maior prestígio para a huma- tamos. Temos a nossa casa ser humano: nosso
a arquitetura dum lugar, salvaguardan-
do a sua identidade original. Por isso,
nidade, considera o modelo que adota como corpo, emoções, pensamentos, espiritualidade
a ecologia envolve também o cuidado melhor e superior aos demais e acaba provo- - ecologia pessoal; temos a casa da/o outra/o:
das riquezas culturais da humanidade, cando discriminação em relação à condição
no seu sentido mais amplo. Mais dire-
nossos relacionamentos, nossa cultura, socie-
tamente, pede que se preste atenção física, cor da pele ou etnia, identidade de gêne- dade em que vivemos e da grande comunidade
às culturas locais, quando se analisam ro, estilo de vida, opção partidária, orientação de todos os seres humanos que habitam o pla-
questões relacionadas com o meio sexual, religião, entre outras situações.
ambiente, fazendo dialogar a lingua- neta - ecologia social e a casa comum, o planeta
gem técnico-científica com a linguagem terra: com toda a sua diversidade, água, ar, mi-
popular. É a cultura – entendida não
O carisma Marista nasceu para defender a vida
nerais, vegetais, animais, que nos acolhe e sus-
só como os monumentos do passado, ( Jo 10,10), não como uma opção momentânea
mas especialmente no seu sentido vivo, tenta a vida de todos os seres que nele habitam
ou de um discurso institucional passageiro, mas
dinâmico e participativo – que não se - ecologia ambiental. Essas três dimensões não
pode excluir na hora de repensar a como um agir coerente com os seus princípios
se separam, senão formam elos profundos e
relação do ser humano com o meio fundantes. Nascemos para promover a vida
ambiente. (Laudato Si’, 2015, n. 143) interdependentes.
das/os adolescentes e jovens das mais diversas
realidades, para acolhê-las/los na sua integri- A ecologia integral propõe um olhar integrado
dade, para ser o lugar onde elas/es podem ser das dimensões pessoal, social, cultural e am-
como são, onde são recebidas/os com olhares biental. No fundo, predomina a ideia da não
compreensivos e não apenas críticos, onde as separatividade, de que tudo está interligado:
trajetórias de vida de cada qual são reconheci- “tudo o que existe coexiste, tudo o que coe-
das, valorizadas e incentivadas. xiste preexiste. E tudo o que coexiste e pree-
xiste subsiste através de uma teia infindável de

28
relações inclusivas. Tudo se acha em relação. sua vida adulta. Isso equivale a considerar que
Fora da relação nada existe” (LIBANIO, 2001, as/os adolescentes e jovens estão presentes
p. 9). Tudo faz parte de um todo uno e inter- na sociedade com um jeito próprio de ser, de
dependente, ou seja, tudo tem a ver com tudo. se expressar e de conviver. São criativas/os,
têm enorme vontade e capacidade de apren-
O Papa Francisco, na Laudato Sì (LS), afirma que der e de contribuir nos contextos em que es-
A ecologia integral abarca: ecologia tão inseridas/os. Vivenciam novas formas de
ambiental, econômica e social, ecolo- estudar, pesquisar, brincar, dialogar e interagir.
gia cultural e ecologia da vida cotidia-
na. Relaciona-se com o bem comum,
Somos chamadas/os a estimular a participa-
clássico princípio da Doutrina Social
da Igreja, e a opção preferencial pelos ção, que, além de ser um direito, significa uma
pobres. Inclui ainda um princípio emer- oportunidade de desenvolvimento. Participa-
gente consensual: a justiça intergeracio-
nal, compromisso para com as futuras ção significa tomar parte em, e não simples-
gerações (FRANCISCO, 2015, Nº 138 mente fazer parte de. Implica oportunidades e
- 162). capacidade de influenciar processos de decisão
e tomadas de ação. Diz respeito a processos
A ecologia integral nos convida a zelar pela
de conscientização sobre sua situação, direitos,
casa comum, cultivar a cultura do cuidado, in-
necessidades, desejos e expectativas; como Documento
centivar o protagonismo juvenil, ajudar a criar
também à situação, direitos e desejos das/ Laudato Sì
políticas públicas, promover a mentalidade
os outras/os. Participar é um dos principais
sustentável, consumir com responsabilidade,
instrumentos na formação de uma atitude de-
provocar mudanças no modo de viver de cada
mocrática. Quem participa ativamente da vida
jovem e na sociedade.
pública de uma comunidade, cidade, estado ou
país torna-se sujeito de suas ações, é capaz de
Engajamento Sociopolítico
fazer críticas, de escolher, de defender seus di-
O engajamento sociopolítico, para a PJM, com- reitos e de melhor cumprir seus deveres.
preende a condição de sujeitos históricos, com
presença reflexiva e ativa nos contextos em O Papa Francisco incentiva:
que estamos inseridas/os. As/Os adolescen- Por favor, não deixeis para outros o
tes e jovens não são crianças grandes, tampou- ser protagonista da mudança! Vós sois
aqueles que detêm o futuro! Através
co futuros adultos, são pessoas que têm suas de vós, entra o futuro no mundo. Tam-
trajetórias e suas histórias. São cidadãs/ãos bém a vós, eu peço para serdes pro-
com direitos específicos que vivem uma fase de tagonistas desta mudança. Continuai a
vencer a apatia, dando uma resposta
desenvolvimento única e extraordinária. Tudo cristã às inquietações sociais e políticas
o que experimentam nessa etapa influenciará que estão surgindo em várias partes

29
do mundo. Peço-vos para serdes cons- Espírito em seu sentido originário, donde vem
trutores do futuro, trabalhai por um
a palavra espiritualidade, é a qualidade de todo
mundo melhor. Queridos jovens, por
favor, não “olheis da sacada” a vida, ser que respira. Portanto, é todo ser que vive,
entrai nela. Jesus não ficou na sacada, como o ser humano, o animal e a planta. Mas
mergulhou… Não olheis da sacada a
não só. A terra toda e o universo são vivencia-
vida, mergulhai nela, como fez Jesus.
Mas sobretudo, duma forma ou dou- dos como portadores de espírito, porque deles
tra, lutai pelo bem comum, sede ser- vem a vida e são eles que fornecem todos os
vidores dos pobres, sede protagonistas
da revolução da caridade e do serviço,
elementos para a vida e mantêm o movimento
capazes de resistir às patologias do in- criador e autoorganizador (Boff, 1999, p. 130).
dividualismo consumista e superficial
(FRANCISCO, 2019, nº 174). Na PJM, aprofundamos a espiritualidade cristã,
que é o seguimento de Jesus. Ela nos identifica
A partir do apelo feito pelo Papa Francisco,
com Suas escolhas e o Seu modo de agir.
desejamos nos aproximar das pastorais e mo-
vimentos sociais para conhecer as causas e A palavra cristã, para nós, conotando a
espiritualidade, não é apenas um adjeti-
posterior engajamento sociopolítico; envolver vo, é um substantivo vital. Poderá haver
em conselhos e fóruns de juventude; conscien- no cristianismo, nas diferentes Igrejas,
tizar-nos sobre nossos direitos; sermos agen- nas várias congregações e institutos reli-
Documento giosos, ou nos movimentos apostólicos,
Água da Rocha tes de mudança; desenvolver um processo de matizes, acentos, adjetivações na espiri-
formação que nos instrua, encoraje e apoie a tualidade (luterana, franciscana, marista,
participar na vida pública; garantir momentos carismática), porém sempre o caráter
de cristã é que definirá essa espirituali-
de experiência/imersão em diversas realidades dade (CASALDÁLIGA, 1998, p. 20).
no intuito de sensibilização e conscientização.
O que caracteriza a espiritualidade cristã é a
Espiritualidade Apostólica Marista sua fonte: “o Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me ungiu para evangelizar os pobres;
O termo espiritualidade vem da palavra espíri-
enviou-me para proclamar a remissão aos presos
to, que em grego significa pneuma e em hebrai-
e aos cegos a recuperação da vista, para restituir
co Ruah, referindo-se a ar, sopro, respiração,
a liberdade aos oprimidos e para proclamar um
o que dá movimento, vida. É aquele momento
ano de graça do senhor” (Lc 4,16-21).
de nossa consciência pessoal que nos permite
sentirmo-nos parte e parcela de um Todo que A espiritualidade marista, legada por Marce-
nos ultrapassa por todos os lados: o universo lino Champagnat é Mariana e Apostólica. Ma-
das coisas, das energias, das pessoas, das pro- riana porque se espelha no jeito de Maria de se
duções histórico-sociais e culturais. relacionar com Deus e com as pessoas; porque
impregna a missão do jeito mariano, vivendo as

30
atitudes da escuta, da disponibilidade, da aco- membros vivos do único corpo, batiza-
dos nos quais vive e age o Espírito do
lhida, do serviço generoso, da solidariedade, da
Senhor. Contribuem para enriquecer
oração, da união com Deus, com os outros e aquilo que a Igreja é, e não somente o
com a natureza, no seguimento de Jesus Cris- que ela faz. São o seu presente e não
apenas o seu futuro (FRANCISCO,
to. É apostólica porque inserida na realidade,
2017, p. 20).
em especial entre crianças, adolescentes e
jovens. Ela nos faz sentir a presença de Deus Hoje, mais do que nunca, como reforça o tex-
nos acontecimentos da vida e nos desafia pelos to do documento Pré-Sinodal, é necessária
seus chamados. uma Igreja que saiba responder aos anseios
das juventudes, que queira caminhar junto com
Diante disso, desejamos que a PJM vivencie
elas/es, que está próxima e as/os acolhem
a espiritualidade apostólica marista como um
como protagonista de suas experiências de fé.
modo de ser, promovendo processos e não
somente eventos; incentivando e propiciando
a participação em comunidades e em peque-
nos grupos; criando ambientes educativo- Como fez Jesus com os discípulos de Emaús,
-pastorais, onde cada qual partilhe fé e vida, a Igreja deve transformar-se em companheira
alegrias e tristezas, reflexão e ação, ilusões e de viagem das/os jovens; deve ser dinâmica
preocupações, inquietudes e esperanças, a e sentir-se em missão para que todas as mu-
oração, a festa, tudo o que são e querem ser, lheres e os homens possam descobrir a ação
o que vivem, o que creem, o que sentem, o e o calor do Espírito; deve ser missionária que
que esperam. leva em conta a realidade sociocultural para se
comprometer com ela a partir da promoção da
pessoa; que atende a/o adolescente e jovem,
Igreja Povo de Deus
oferecendo-lhe um projeto de vida; que acolhe
Somos Igreja, Povo de Deus, uma Igreja mis- a intenção de mudar algumas expressões para
sionária que descobre, contempla, ama, agra- tornar-se mais humana, acolhedora e incultura-
dece a presença, a obra do sagrado em cada da; que aspira a realizar um serviço comprome-
ser humano e partilha com todas as pessoas, tido com a sociedade, principalmente com as/
principalmente com as/os pobres e jovens, as os mais necessitadas/os; que procura ser uma
alegrias e esperanças, tristezas e angústias. Mãe que acompanha a/o jovem em sua aven-
tura de emancipar-se e tornar-se autônoma/o.
Somos Igreja, pois:

Os jovens católicos não são meramen- A essência da Igreja, Povo de Deus, está no
te destinatários da ação pastoral, mas serviço à humanidade, na perspectiva do Evan-

31
gelho. Para nós, maristas, a imagem que me- Solidariedade vem do francês solidarité, passan-
lhor define o serviço é a Igreja do Avental: do pelo latim solidum (totalidade, segurança) e
solidus (sólido, inteiro): é a determinação firme
Então Jesus ‘se levantou da mesa, tirou
o manto e, tomando uma toalha, amar- e perseverante de empenhar-se pelo bem co-
rou-a na cintura’ ( JOÃO 13, 4). Quan- mum. Uma sociedade, para ser humana, preci-
do Jesus se ajoelha para lavar os pés de
sa viver de algo maior e mais generoso, como
seus discípulos, sua perspectiva é de
baixo: trata-se de servir, não, porém, a solidariedade, a coesão pacífica entre as/os
como protagonista ou como quem cidadãs/os, a disposição de colaborar para o
tem todas as respostas, mas de joe-
lhos, quer dizer, com a humildade de bem comum.
quem serve porque ama, sem buscar
nada em troca. Quantos testemunhos A solidariedade que melhor condiz com a mis-
escutei de pessoas cuja visão do mun- são Marista é aquela praticada na perspectiva
do mudou quando aceitaram pôr-se de
joelhos, perto dos que já estão ‘abai-
transformadora, buscando solucionar os pro-
xo’ em nossa sociedade, e se deixaram blemas que afetam as condições estruturais
educar por essas pessoas, sem precon- necessárias à solidariedade. Pretende mudar as
ceitos, nem medos. Sim, é verdade que
é perigoso fazê-lo. Sua visão do mundo situações de fundo que originam injustiças so-
e da vida jamais tornará a ser como an- cioambientais. Rompe a verticalização da ação
tes (TURÚ, 2012, p. 48 - 53). e assume as problemáticas sociais como algo a
ser discutido e transformado. O vínculo entre
Essa compreensão leva a olhar o mundo a par-
as/os interlocutoras/es é duradouro, promo-
tir da perspectiva do próximo, sendo capaz de
ve relações humanizadas e humanizadoras e
pôr-se no lugar dela, deixando-se tocar por
assegura o princípio da dignidade humana. Tal
ela, compreendendo-a. A Igreja do Avental é
vínculo interativo promove um processo recí-
um convite ao serviço e à caminhada com a/o
proco de mudanças e transformações (REDE
outra/o.
MARISTA, 2018).

Solidariedade Embora um pouco desgastada e, por


vezes, até mal interpretada, a palavra
Valores como a compaixão, o cuidado e a coo- “solidariedade” significa muito mais do
que alguns atos esporádicos de gene-
peração parecem, por diversas vezes, distantes
rosidade; supõe a criação duma nova
de uma sociedade que corre contra o tempo mentalidade que pense em termos de
em busca de um crescimento desenfreado. No comunidade, de prioridade da vida de
todos sobre a apropriação dos bens
entanto, na contramão do senso comum, as
por parte de alguns (FRANCISCO,
juventudes traçam novos caminhos para for- 2013, n. 188).
talecer uma cultura da solidariedade em suas
ações pessoais e profissionais.

32
Com isso, esperamos que a PJM incentive o vo-
luntariado de forma processual, a cultura dos
ecos, o engajamento sociopolítico, proporcio-
ne um itinerário formativo para a solidarieda-
de, respeite o ser humano na sua diversidade,
atue em vista da plenitude da vida, estabeleça
parcerias com grupos ou instituições que pro-
movem o bem-comum, estimule a compreen-
são de que as desigualdades podem ser trans-
formadas, assuma concretamente a proposta e
o modo de ser e agir de Jesus de Nazaré, utilize
os recursos de modo responsável e sustentá-
vel, defenda e promova direitos.

33
34
4.
Opções
pedagógico-
-pastorais

35
As opções pedagógico-pastorais são fer- próprias trajetórias de vida. Para o Estatuto
ramentas, estratégias, posturas ou atitudes da Juventude “são consideradas jovens as pes-
prioritárias na evangelização de adolescentes soas com idade entre 15 e 29 anos de idade”.
e jovens e discernidas a partir da pedagogia Todavia, não podemos definir as/os adoles-
de Jesus de Nazaré. É fundamental que exista centes e jovens somente pela condição etária,
Documento clareza sobre estas, pois afirmam aquilo que mas também por sua condição e cultura juvenil
Evangelizadores
acreditamos, escolhemos e definimos como às quais são expostas na realidade cotidiana
entre os jovens
(2011) proposta orientadora no processo de educa- (GROPPO, 2017).
ção e amadurecimento na fé.
Ser jovem, muito além de uma experiência ge-
A pedagogia-pastoral vivenciada junto às ju- racional, diz respeito a viver múltiplos perten-
ventudes maristas quer ser transformadora, cimentos; é estar permanentemente em trân-
libertadora, comunitária (grupal) e experien- sito nessas experiências, sendo atravessado e
cial. Parte da concepção que a/o adolescente construído pelas condições concretas de vida
Lei nº e jovem é um ser integral e sujeito de direitos, (CORDEIRO, 2009).
2.852/2013
pois são construídas e se inspiram numa de-
terminada concepção de ser humano que pre- Por essa razão, o conceito “juventudes” é plu-
tendemos educar, de sociedade que queremos ral e multifacetado, visto que carrega consigo
construir e de Igreja na qual queremos viver e infinitas “faces” como grupos étnicos distintos,
compartilhar. cor da pele, classe social, culturas, costumes,
Juventudes: segundo Dayrell (2003), que as definem como diversas/os e diferentes.
construir uma noção de juventude
na perspectiva da diversidade implica Na busca constante de sermos apóstolas/os
das juventudes, queremos seguir os passos da Portanto, na PJM, as/os adolescentes e jovens
considerá-la a partir de um conjunto
de experiências vivenciadas e de seu pedagogia de Jesus, convite e desafio perma- são sujeitos de direitos, sócio-histórico-cultu-
contexto social. rais, éticos e autônomos, com trajetórias de
nente para contribuir na construção da civili-
zação do amor, através das relações fraternais. vidas, marcados pela diversidade, pelo prota-
Aspiramos partilhar e continuar o sonho de gonismo em suas vidas e na sociedade. Enfim,
Documento Prin- Champagnat, reafirmando a opção profética são cidadãs/ãos inteiras/os e plenas/os.
cípio desenvolvido a
partir do Posiciona- pelas/os adolescentes e jovens, principalmen-
mento Projeto de te, as/os mais empobrecidas/os. Desenvolvimento Integral da Pessoa
Vida (Rede Marista,
2018) Entendemos como Desenvolvimento In-
Adolescentes e Jovens tegral da Pessoa um processo que con-
As/os adolescentes e jovens são sujeitos só- sidera os aspectos biológicos, sociológicos,
cio-histórico-culturais e construtores de suas antropológicos, culturais, psicológicos e teoló-
gicos da/o adolescente e jovem. Para tanto, é

36
imprescindível considerar as dimensões da for- Para representar esse processo, o caminho
mação integral propostas pela “Civilização do adotado pela PJM valorizará as dimensões do
Amor”: a relação da/o jovem consigo mesma; desenvolvimento integral da pessoa e as per-
com o grupo; sociedade; Deus Pai/Mãe Liber- guntas fundamentais da vida, contribuindo para
tador; Igreja; natureza e a ecologia; e a relação a constituição de sujeitos em sua integralidade.
com o meio educacional.
Matriz de referência para o desenvolvimento integral da pessoa

“Chamados”
Dimensões Pergunta(s) Relação (ões)
“Desafios”
Ser, possuir-se, conhecer-se,
Psicoafetiva Quem sou? Eu
trabalhar-se.
Quem é o/a outro/a? Conviver, comunicar-se,
Psicossocial Outro/a
Para/com quem sou? partilhar.
Onde estou? O que
Sociedade/ Situar-se, comprome­ter-se
Política faço aqui? Qual meu
Mundo historicamente.
papel na sociedade?
De onde venho? Por
Transcendência/
Espiritual que(m) existo? O que Transcender-se.
sagrado
me move?
Capacitação/
Técnica Como fazer? Fazer, construir.
missão

Dimensão psicoafetiva gem, descobrir-se amada/o, escutar-se, crise,


intimidade, dar e receber, amor, igualdade.
É a busca constante em responder: quem sou
eu? É o esforço de tornar-se pessoa: desco-
Dimensão psicossocial
brir-se, possuir-se, aceitar-se, integrar-se, tra-
balhar-se. É a relação consigo mesma/o. É a busca constante em responder: quem é
a/o outra/o? Para quem sou? Com quem sou?
Sugestões de conteúdos relacionados: auto-
A construção da própria personalidade não se
conhecimento (história de vida, identidade, va-
realiza sem tomar como ponto de partida a vida
lores pessoais...), autocrítica, autovalorização,
da/o outra/o. É a capacidade de relacionar-se
autorrealização, sentimentos, corpo, afetivida-
com ela/e e de descobri-la/o com suas diferen-
de, tempo livre, saúde, cuidado consigo, auto-
ças de gênero, cultura, etnia, cor, faixa etária. A
estima, estilo de vida, confiança em si, autoima-
pessoa se reconhece e constrói sua identidade

37
a partir do encontro com a/o outra/o, com a ser humano em si mesmo, sente-se inserido
história e com o mundo, pois existe para a con- em um todo maior e se abre ao infinito. É a
vivialidade, gerando afeição e cooperação. dimensão do profundo, Mistério que nos cir-
cunda e no qual nos encontramos. Ajuda a per-
Sugestões de conteúdos relacionados: rela- ceber o que nos move e anima a cultivar a bon-
ções interpessoais, reconhecimento da/o ou- dade, a solidariedade, a compaixão, o amor. É a
tra/o, espaços de pertencimento, descoberta educação para as perguntas existenciais.
da comunidade, vida em grupo, integração
familiar, cooperação, cultura, compromisso, Sugestões de conteúdos relacionados: inte-
amizades, conflitos, perdão, paciência, serviço, rioridade, emoções, procura, vocação, cons-
generosidade, escolhas afetivas, solidariedade, ciência corporal, meditação, espiritualidade
respeito/convivência com as diversidades. cristã, seguimento de Jesus, silêncio, contem-
plação, oração, solidariedade, fé, igreja, forma
Dimensão política de viver, sonhos, utopia, horizonte e sentido
de vida, propósito, sensibilização.
Almeja responder às perguntas: Onde estou?
O que faço aqui? Qual meu papel na socieda-
Dimensão técnica
de? É a busca em descobrir o mundo e tor-
nar-se sujeito da história, com senso crítico, Procura responder às perguntas: Como fazer?
capacidade de analisar e participar, pois, a vida O que fazer? É a relação do sujeito com a ação,
é coletiva. É a relação com a sociedade e a res- pois a vida manifesta-se no fazer. Remete à re-
ponsabilidade política para torná-la cada vez alização, uma vez que cada pessoa é chamada a
mais humana, comunitária e pública. ajudar a construir o mundo. É a descoberta de
habilidades e a busca de seu aperfeiçoamento.
Sugestão de conteúdos relacionados: cons- Não basta ter grandes objetivos, sonhos ou
cientização, organização/mobilização, transfor- ideais, é preciso capacitar-se para construir e
mação, participação, engajamento, consciência administrar projetos pessoais e coletivos. É o
planetária, projeto de sociedade, cidadania, po- aprender a planejar, executar, interferir, avaliar.
lítica, economia, ecologia, voluntariado, cultura,
direitos humanos, meios de comunicação, ética, Sugestões de conteúdos relacionados: es-
redes sociais, protagonismo, liderança. colhas profissionais, estudos, organização,
liderança, trabalho e qualidade de vida, capa-
Dimensão espiritual citação, realização, frustração, competências
(conhecimentos, habilidades e atitudes), aper-
Procura responder às perguntas: De onde ve-
feiçoamento, atualização, contribuição, relacio-
nho? Por que existo? Por quem existo? O que
namentos profissionais.
me move? O espírito é parte constitutiva do

38
Portanto, na PJM, entendemos que nessa op- um grupo nasce pronto, ou que todos têm o
ção pedagógica-pastoral considera a necessi- mesmo desenvolvimento em maturidade. As
dade de conhecer a/o adolescente e jovem na etapas de desenvolvimento de qualquer grupo
sua integralidade, bem como investir em for- não devem ser tomadas de forma mecânica ou
mação e subsídios específicos para contribuir obrigatória, uma vez que passam por “fases”
na construção de si e de seu projeto de vida. (gestação, nascimento, infância, adolescência,
juventudes, vida adulta, morte) que podemos
Grupo comparar ao desenvolvimento de uma pessoa.

Para a PJM, o grupo revela-se como um “es- Nós, enquanto PJM, vivenciamos o amadure-
paço educativo que conta com participação cimento a partir das descobertas: descoberta
regular e sistemática de seus membros, com do caminho comunitário; descoberta do gru-
idades homogêneas e envolvendo diferentes po; descoberta da comunidade; descoberta
gêneros”. Para nós, o grupo vem a ser espaço da questão social e despertar da vocação e o
de crescimento, amadurecimento, formação e amadurecimento do projeto de vida.
realização pessoal e comunitária, porque ali se
facilita a criação de laços profundos de frater- Por vezes, no caminho do grupo, será necessário
nidade e partilha efetiva de valores e pontos “desacelerar” para que algumas/alguns adoles-
de vista de vida. Ainda, vem a ser uma ajuda centes e jovens consigam acompanhar o “rit-
para enfrentar os desafios que essa etapa de mo”. Em outros momentos, o grupo sentirá que
vida lhes impõe. É nele que se educa para olhar precisa aprofundar os processos vivenciados.
e descobrir a realidade junto com as outras Essas reflexões são de suma importância para
pessoas. a maturidade das/dos participantes e do grupo.

É no grupo que se partilham ideias, aonde Portanto, para a PJM, essa opção pedagógica-
cada uma/um é reconhecida/o como pessoa -pastoral deve levar em consideração um es-
e valorizada/o como tal. Quando a caminhada paço acolhedor para que as/os adolescentes e
do grupo é significativa, percebe-se um teste- jovens possam se reunir; uma proposta aber-
munho pessoal, que contribui na formação do ta à diversidade; grupos heterogêneos com
projeto de vida e possibilita escolhas vocacio- participantes com idades aproximadas (e que
nais. Isso desencadeará um desejo real e sin- sejam entre 12 a 29 anos); presença de um/a
cero de transformação da sociedade, a partir acompanhador/a; encontros preparados, pla-
do projeto de Jesus Cristo e da construção do nejados, sonhados.
Reino, que se constrói e se compromete com
as realidades humanas e sociais periféricas. Organização

Não podemos iludir-nos/os, pensando que Para nós outra opção pedagógico-pastoral

39
que assumimos como Pastoral Juvenil Marista. traz unidade na diversidade.
Acreditamos na força pedagógica da organiza-
ção e, por isso, o trabalho de evangelização da Portanto, para a PJM, essa opção pedagógica-
PJM realiza-se por meio de grupos, em um pro- -pastoral deve levar em consideração:
cesso dinâmico de comunhão, fazendo surgir • A importância de se adotar a metodologia
estruturas de participação e acompanhamento pastoral no processo de amadurecimento
que revelam o caráter de serviço na missão de na fé de todos os seus envolvidos.
evangelizar adolescentes e jovens. • A organização dos grupos da PJM por
aproximação etária (12 a 14 anos, 15 a 17
Na organização, as/os adolescentes e anos, 18 a 29 anos) e não somente pelo
jovens participam do processo de critério do ano escolar, garantindo a vi-
formação, exercendo o prota- vência da mística.
gonismo, educando-se para a • A ressignificação da entrega dos símbolos
autonomia, diálogo, respeito, com base em um processo de acompa-
responsabilidade e tole- nhamento pessoal do Projeto de Vida.
rância; buscando asseme- • O conhecimento das necessidades das/
lhar-se a Maria, em suas os jovens universitárias/os e ex-alunas/
virtudes de humildade, os e/ou educandas/os em relação ao
modéstia e simplicidade. amadurecimento na fé e sistematizar as
experiências realizadas com esses grupos.
Existem, nas Províncias, • A potencialização e a participação das/os
diferentes formatos de or- adolescentes e jovens nas instâncias con-
ganização da PJM, mas todos sultivas na estrutura de evangelização das
visam garantir a importância Províncias.
da sistematização e construção • A definição de três funções para a PJM,
coletiva junto com adolescentes respeitando os processos das províncias,
e jovens, agindo provincialmente a mas proporcionando um alinhamento nas
partir de instâncias consultivas (Comis- nomenclaturas:
são das juventudes | PMBCN; Comissão de
Juventudes | PMBCS; Equipe Provincial da PJM | Participantes: adolescentes e jovens que,
PMBSA). chamadas/os a participar dos grupos de PJM,
assumem o compromisso de construir sua
Assim, é necessário buscar os elementos e os identidade pessoal, grupal e a caminhada de
desafios expressos na vivência das opções pe- amadurecimento na fé. São aquelas/es que
dagógicas-pastorais da PJM, com vista à unida- participam entrosando-se na dinamicidade pla-
de, levando em consideração a diversidade e o nejada do grupo, assumindo participação ativa
respeito a essa caminhada. A organização nos na vivência cotidiana do grupo.

40
Coordenador/a e Animador/a: São ado- que a/o própria/o adolescente e jovem deve
lescentes e jovens que se colocam a serviço do percorrer. O processo, também considerado
grupo, assumindo a liderança na organização caminho de amadurecimento na fé, não é algo
dos processos grupais no planejamento, no que acontece de maneira automática. Pelo con-
acompanhamento do projeto de vida do grupo trário, tem um início e supõe um percurso. Nem
e das/os participantes. o ser humano e nem os grupos nascem prontos.
Eles exigem um longo caminho de formação.
Assessor/a e Articulador/a: São adultos
ou jovens mais experientes que já possuem ex- O processo de educação na fé tem a originali-
periência e testemunho autêntico de vida cristã dade e a autenticidade que surge do encontro
e que se disponibilizem ao serviço de assesso- e da descoberta de um Deus que se revela em
ria por meio do acompanhamento dos grupos. Jesus, no ser humano e na natureza. Esse pro-
cesso de formação integral torna possível à/ao
Acompanhamento adolescente e jovem viver o projeto de Jesus,
Outra opção pedagógica-pastoral em que insis- fazendo que se transforme em um apóstolo
timos é o acompanhamento, e sua importância de outras/os adolescentes e jovens, e que se
a partir do olhar do serviço de assessoria. O comprometa, como cristã/ão, na construção
desenvolvimento na fé requer a presença e a de uma sociedade mais justa, ética e solidária, Sobre o acompanhamento será apro-
sinal da civilização do amor. fundado no próximo capítulo.
ação de pessoas capacitadas, para que possam
acompanhar os processos de amadurecimento
Podemos dizer que a mística propõe um itinerá-
na fé das/os adolescentes e jovens. Ele poderá
rio para a vivência da espiritualidade. Não nas-
ser feito pelas/os próprias/os jovens (jovens
ce de nós, nem se destina somente a nós. Ela
evangelizando jovens), de forma individual
é resultado do relacionamento com o Espírito
ou grupal, mas, principalmente, pelo/a asses-
de Deus, que habita o mundo, e pode ser ex-
sor/a, articulador/a.
perimentada em espaços onde esse Espírito se
Portanto, para a PJM, consideramos o apro- manifesta: no quarto, nas montanhas, no deser-
fundamento da opção do acompanhamento to, na praia, n’um livro, n’alguma igreja, na co-
pessoal e grupal nas diferentes instâncias, res- munidade, na eucaristia, n’uma visita a doentes
peitando o processo grupal, o protagonismo e ou necessitados. Entretanto, é necessário que se
a identidade, garantindo o acompanhamento. seja capaz e suficientemente atento para ver e
perceber, em quaisquer desses lugares, o Espíri-
Mística - o processo de educação to que deseja dar-me mais vida (Sab 1,6-7).
e amadurecimento na fé
Quando falamos de mística da educação na fé,
Na PJM, entendemos educação na fé como queremos falar da alegria e vibração que há
um processo dinâmico e integral, um itinerário na descoberta e no aprofundamento da fé no

41
seguimento de Jesus. Dele, aprende-se que a “imagens” ou “ícones” de Deus entre
suas demais criaturas. (UMBRASIL,
vida é bonita quando a gente se entrega às/
2008, n. 13).
aos outras/os.
Quando falamos de mística, queremos falar do
A mística não é somente algo racional, mas,
humano-divino que acontece em nós no cami-
antes, algo que alegra o coração sem deixar
nho da descoberta do seguimento de Jesus. Ele
de ter, também, a sua lógica, experiencial, re-
nos convida a viver a plenitude da vida na doa-
lacional e simbólica. É vibrante, carregada de
ção às pessoas. Isso não acontece do dia para
sentido. Assim como se alimenta na fé,
a noite; mas, aos poucos, em caminhada, como
na esperança e no amor aos outros,
o rio que, suavemente, encontra-se com o mar.
ela se torna uma distribuidora de
amor, de esperança e de fé, pois Portanto, o cultivo dessa mística nos conduz
a mística favorece estas sín- por dois caminhos: os lugares bíblicos, que
teses essenciais: de corpo contemplam a vida de Jesus; e os lugares ma-
e racionalidade, sonho e ristas, que olham o contexto histórico e huma-
compromisso, ética e es- no da vida de Champagnat. São dois cenários
tética, o “eu” e o “outro”. que se complementam. Nesses lugares, há hu-
Uma pessoa tem mística manidade e santidade, sabores e sentidos que
quando é vaso cheio que podem ser vivenciados. É o lançar-se em nova
transborda o tesouro que perspectiva, enriquecendo o que já existia.
carrega em si.

Embora seja Metodologia


dom, a mística
precisa ser buscada, Metodologia é palavra que vem de método,
saboreada, estudada, composta por metá (através de) e odós (cami-
celebrada. Ela está nho). Portanto, metodologia é o conjunto de
dentro e fora de cada
um de nós. Tem sua raiz aspectos de um caminho que contempla um
em Deus. Por isso, revela-se de ponto de partida, elementos do trajeto, meios
muitas formas. Meu quarto é um utilizados e o ponto de chegada (REDE MARIS-
lugar místico quando, nele, encontro
mais a mim mesmo em Deus; uma pai- TA, 2018, p. 27).
sagem é um lugar místico quando nela
encontro mais a mim mesmo em Deus;
uma praia é um lugar místico quando Por meio da metodologia, é possível resgatar,
nela encontro mais a mim mesmo em viver e celebrar a manifestação da graça de
Deus. Eu sou místico quando sou um Deus em nossas vidas, porque com ela pode-
espaço divino, onde Deus se manifesta
em sua riqueza infinita. Embora huma- mos ressignificar a história e o processo que
nos e limitados, a Bíblia diz que somos construímos e o que está por construir.

42
Reafirmamos desejo de ser uma PJM que pro- Portanto, para a PJM, a metodologia como op-
mova o protagonismo juvenil. Para cumprir ção pedagógica-pastoral deve levar em consi-
essa tarefa, é preciso que a metodologia seja: deração o encontro de Jesus com os discípulos
de Emaús. Nesse caminho, encontramos a/o
[...] coerente com a pedagogia de Jesus
e com a pedagogia pastoral que atenda outra/o e a/o acolhemos com o coração do
ao processo integral de educação na ressuscitado. Essa dinâmica se revela na pre-
fé. Que favoreça uma experiência co-
sença, típica de uma ação pastoral marista jun-
munitária, participativa e dialogal, um
crescimento no sentido de pertença to às juventudes. No caminho de Emaús (Lc,
à Igreja e que crie consciência missio- 24, 15-35) há um itinerário de seguimento, um
nária, fomentando o testemunho e o Referência: Instituo dos Irmãos Maris-
anúncio do evangelho de Jesus Cristo ciclo dinâmico de diálogo e de descoberta. É
tas, 2011, pág.: 83-84.
na vida cotidiana (SIMAR, Apud CE- dinâmico porque acontece “no caminho”: na MARSTAS, 2011, 83-84
LAM, 1997, p. 296). rua, nas esquinas, nas conversas informais,
nos momentos inesperados, pela estrada, no
No processo metodológico da PJM, é impor-
ônibus, à porta das casas. Eis algumas atitudes
tante ter clareza do como se faz, qual nosso Como PJM, adotamos um método que
inspiradoras de Jesus:
ponto de partida e qual será nosso ponto de parta da realidade, suscite uma com-
chegada, ou seja, qual nosso horizonte na preensão social e teológica desta ex-
Aproximar-se: “O próprio Jesus se aproxi- periência, leve à adesão e ao compro-
atuação. Portanto, a metodologia nos ajuda a mou, e começou a caminhar com eles” (v. 15). misso prático, exija o planejamento e a
responder um pouco estas perguntas: “O que revisão e faça de tudo isso uma cele-
devo fazer? Que passos devemos dar? Quais Escutar: “O que é que vocês andam conver- bração. É o que entendemos, quando
falamos do fazer a partir dos passos do
são os melhores instrumentos ou dinâmicas sando pelo caminho?” (v.17). ver-julgar-agir-celebrar-avaliar, método
que podemos utilizar?” utilizado pela Igreja na América Latina.
Propor: “Será que o Messias não deveria
Na PJM, consideramos o encontro de Jesus sofrer tudo isso, para entrar em sua glória?
com os discípulos de Emaús como inspiração Então, começando por Moisés e continuando
metodológica fundamental. A partir dessa pro- por todos os Profetas, Jesus explicava para os Aprofundamento a partir do
documento Evangelizadores entre os
posta, o grupo poderá perceber a importância discípulos todas as passagens da Escritura que Jovens, pág.: 83 e 84.
das atitudes de Jesus, pois o itinerário percor- falavam a respeito dele” (v. 26-27).
rido é permeado do que acreditamos ser fun-
Experienciar: “Fica conosco, pois é tarde e à
damental como as atitudes de estarem juntos,
noite vem chegando” (v. 29).
da riqueza e da abertura no encontro, diálogo,
descobertas, aproximação, escuta, olhar, com- Comprometer: “Na mesma hora, eles se
preensão, proposição. É necessário considerar levantaram e voltaram para Jerusalém” (v.33)
a realidade, contextos, e suscitar uma compre- e “então os dois contaram o que tinha aconte-
ensão social e teológica dessa experiência, le- cido no caminho, e como tinham reconhecido
var à adesão e ao compromisso prático. Jesus” (v. 35).

43
44
5.
Acompa-
nhamento

45
Ao longo de sua caminhada na vivência grupal, • Individual: para realizar o acompanha-
somos convidadas/os a buscar constantemen- mento individual, entendemos que a/o
te o sentido no processo de desenvolvimen- adolescente e jovem é um ser único e
to integral. A partir dessas experiências, pas- integral, pertencente a uma realidade es-
samos a partilhar e refletir sobre a forma de pecífica e enquanto agente crítico, com
enxergar o mundo, a vida e os elementos à sua pensamentos e opiniões próprias, que
volta. Desenvolvemos um olhar e escuta mais vão sendo construídas ao longo de sua
atentos às situações e pessoas que nos cercam trajetória e vivência grupal. Com atenção
e, a partir disso, passamos a viver um processo e olhar cuidadosos, o acompanhamento
de transformação pessoal. individual é de extrema importância para
a construção do projeto de vida, pois
Cada experiência vivenciada no grupo passa orienta, motiva e instiga. A/o acompa-
a ter grande significado no seu crescimento e nhante serve de inspiração e apoio, não
amadurecimento enquanto pessoa, pois é na fazendo a caminhada pela/o adolescente
partilha e vivência com a/o outra/o que com- e jovem, mas, sim, auxiliando na compre-
preende sua própria existência. Esse processo ensão de si mesma/o.
coletivo acaba por ressignificar importantes • Grupal: o acompanhamento grupal pre-
Ministério da assessoria: quando fala- aspectos de sua vida, ao passo que mexe com za pelo processo que vai sendo vivido de
mos de ministério, falamos de serviço, o que existe dentro de cada adolescente e jo- maneira coletiva, levando em considera-
e todo serviço exige vocação. A asses- vem. As relações interpessoais se intensificam ção a identidade, os caminhos traçados e
soria aos jovens, de forma pessoal ou e à sua dinâmica com o mundo e a sociedade as necessidades do grupo. É uma forma
grupal, além de ser uma função, é um se agrega um senso crítico de sensibilidade e de ter um olhar atento às relações e ao
verdadeiro ministério, uma vocação. comprometimento social.
O assessor é chamado por Deus para caminhar desenvolvido na vivência grupal,
cumprir esta missão na Igreja, da qual prezando pelo cuidado com a caminhada
Com todas essas transformações e desafios de
recebe o envio (CNBB, 2007, Nº 206). e os processos vividos em comunidade.
ressignificar a vida faz-se necessário que essa
pessoa seja acompanhada de forma próxima Recomendamos que o acompanhamento dos
por alguém que tenha sua própria caminhada processos da PJM seja feito em conjunto com
de identificação e amadurecimento na fé. Esse adolescentes e jovens, de maneira a compartilhar
acompanhamento passa a ser feito por alguém a responsabilidade de cuidado com o grupo e
que vive e se compromete com o ministério com as/os participantes. Animadoras/es, articu-
da assessoria. ladoras/es e assessoras/es constroem em sinto-
nia a sistematização e planejamento da caminha-
da, de forma a somar e contribuir em conjunto.
As formas de acompanhamento
Na PJM, optamos por desenvolver o acompa- O papel de quem acompanha
nhamento de grupos e de adolescentes e jo-
vens de forma sistemática e processual, o que O amadurecimento na fé de adolescentes e
significa que seja feito de maneira contínua e jovens é uma tarefa que exige presença e com-
organizada, que as pessoas envolvidas consi- prometimento de quem acompanha, pois im-
gam visualizar o todo do processo e se sintam pulsiona o projeto de vida e serve de suporte
engajadas na construção desse planejamento. para o crescimento de cada qual e do grupo.

46
Acompanhar é ser presença significativa, aco- juventudes na intenção de que seja delas o
lhedora; é ajudar a dar sentido à própria vida, a protagonismo, buscando “respeitar a liberda-
ter uma causa central em que se apoio e a que de do processo de discernimento de uma/um
se dedicar; é fornecer subsídios para o autoco- adolescentes e jovem, fornecendo-lhe os ins-
nhecimento e formação desse indivíduo, indo trumentos para realizar adequadamente este
de encontro com a sua história de vida e com processo” (FRANCISCO, 2019).
o que pulsa de sagrado em seu interior.
O acompanhamento deve ser feito por aque-
A/o acompanhante é aquela/e que provoca, las/es que acreditam nas juventudes como
questiona, denuncia, anuncia e motiva a/o agentes de transformação da realidade, que
adolescente e jovem a se desenvolver em sua compreendem e valorizam seus anseios e que
integralidade. É importante estar sensível e se sentem inspiradas/os por seu modo dinâ-
aberta/o a compreender o momento em que mico, sensível e presente de agir.
vive o grupo, a/o adolescente e jovem, suas
angústias e inquietações, seus sonhos e dese- Deve ser realizado por mulheres e homens que
jos, na intenção de buscar ajudá-la/o a com- se sintam chamadas/os a ser instrumento de
preender-se por si própria/o e a construir o Deus na evangelização das juventudes e que, vi-
seu projeto de vida. vendo uma espiritualidade encarnada na realida-
de, inspirem adolescentes e jovens na concreti-
O papel da/o acompanhante é levar os/as zação de seus projetos de vida, na sua formação
adolescentes e jovens a descobrir e trilhar de consciência crítica e engajada socialmente,
o seu próprio caminho. De forma madu- fomentando o protagonismo e o seu papel en-
ra e responsável, a pessoa que exerce esse quanto sujeito político da sociedade (Instituto
acompanhamento deve caminhar ao lado das dos Irmãos Maristas, 2011).

Habilidades pessoais Habilidades técnicas


Ter conhecimento teórico e prático do
Ser uma/um cristã/ão adulto encantada/o pela
processo de amadurecimento e educação na
evangelização de adolescentes e jovens.
fé.
A capacidade de escutar os impulsos que a/o Ter experiência Pastoral no acompanhamento
outro/a experimenta. individual e grupal.
A capacidade de ser sensível à pessoa da/o
adolescente e jovem e de se envolver no seu Possuir habilidade de trabalho coletivo.
mundo.
A capacidade de conter e aceitar o conteúdo
Querer aderir e vivenciar a mística da PJM.
emocional.
A capacidade de ser paciente e sensível no
Estar em processo formativo continuado.
discernir.
A capacidade de planejar com as/os
Estar atenta/o aos sinais dos tempos em
adolescentes e jovens em todas as instâncias,
relação as demandas da nova evangelização das
desde o grupo até níveis mais amplos de
adolescências e juventudes.
participação.

47
Acompanhamento e projeto de vida de vida é escutar. A escuta é tão importante que
pressupõe três sensibilidades ou atenções dife-
Acompanhar é ter a possibilidade de contribuir rentes e complementares (FRANCISCO, 2019, n.
na construção do projeto de vida de adolescen- 292 a 294):
tes e jovens. Isso pode não ser tarefa muito fácil,
pois a vida é uma arte e cada pessoa é o artista A primeira sensibilidade ou atenção
principal de seu projeto. Essa contribuição se é à pessoa. Trata-se de escutar o outro,
torna mais efetiva se partir de, pelo menos, duas que se apresenta com as suas palavras. O
compreensões: sinal dessa escuta é o tempo que dedica-
mos ao outro. Não é questão de quan-
• A/o adolescente e jovem é ser integral e tidade, mas de que o outro sinta que o
necessita ser acompanhado em seu desen- meu tempo é dele: tanto quanto precisar
volvimento integral enquanto pessoa, aju- para me manifestar o que quer. Deve sen-
dando-a/o a compreender a si mesma/o tir que o escutamos incondicionalmente,
sem me ofender, escandalizar, aborrecer
em diferentes dimensões de sua vida: psi-
nem cansar. Tal é a escuta que o Senhor
coafetiva, psicossocial, política, espiritual realiza quando se põe a caminho com os
e técnica (CELAM, 2013). discípulos de Emaús e os acompanha du-
• O projeto de vida possui quatro aspectos rante longo tempo por uma estrada cuja
fundamentais: dinamicidade e processu- direção seguida era oposta à correta (Lc
alidade (não é estático e fechado), tem- 24, 13-35);
poralidade (passado, presente e futuro),
A segunda sensibilidade ou atenção
relacionalidade (eu, outro, sociedade) e
é no discernir. Trata-se de que o indiví-
integralidade (REDE MARISTA, 2018).
duo perceba o ponto certo onde se dis-
A partir desses dois pressupostos, encontra-se, cerne o que é a graça e o que é tentação.
no Projeto Educativo do Brasil Marista, uma de- Aqui preciso me interrogar: O que é que,
finição de projeto de vida que ajuda a alargar a exatamente, está me dizendo esta pessoa?
compreensão: Que me quer dizer? Que deseja ela que
eu compreenda do que lhe acontece? São
Construir um projeto de vida significa perguntas que ajudam a entender onde se
sonhar, planejar e viver em um movi- ligam os argumentos que movem o outro,
mento dinâmico de construção e re- e a sentir o peso e o ritmo dos seus afetos
construção de si mesmo, de estabele- influenciados por esta lógica. É preciso ter
cimento de metas e revisão constante
a coragem, o afeto e a delicadeza neces-
de objetivo, fundamentando-os em
valores éticos e cristãos, que são a for- sários para ajudar o outro a reconhecer a
ça motriz da vida e dão sentido a ela. verdade e os enganos ou as desculpas.
(UMBRASIL, 2010, p.69).
A terceira sensibilidade ou atenção
A primeira coisa que o acompanhante tem a consiste em escutar os impulsos
fazer para ajudar a/o outra/o a discernir o ca- - para diante - que o outro experi-
minho da sua vida e a construir o seu projeto menta. É a escuta profunda do ponto

48
«para onde o outro quer verdadeiramen-
te ir». Mais além do que sente e pensa
no presente e do que fez no passado, a
atenção orienta-se para o que quereria
ser. Esta escuta é atenção à intenção úl-
tima, que é aquela que, em última análise,
decide a vida, porque há Alguém como
Jesus que entende e valoriza esta intenção
última do coração”

A experiência de caminhada grupal proporciona


reflexão e discernimento sobre diferentes di-
mensões da vida da/o adolescente e jovem, de
forma a motivar questionamentos, transforma-
ções e a própria (re)construção da sua identida-
de. Essa constante construção do ser faz brotar
inquietações, projeções e sonhos que precisam
ser analisados com olhar atento e cuidadoso.

A exemplo de Jesus, junto aos discípulos de


Emaús (Lc 24, 13-35), e Marcelino Champagnat,
com os primeiros Irmãos, as assessoras e as-
sessores, articuladoras e articuladores, são cha-
madas/os por Deus Pai/Mãe a construir nosso
projeto de vida e ajudar adolescentes e jovens a
também construírem os seus projetos de vida.

49
50
6.
Horizontes

51
Os horizontes são os sonhos que as juven- CISCO, 2017). E, por meio das novas dire-
tudes maristas querem viver. Mas, diferente trizes da Pastoral Juvenil Marista, queremos
do que ordinariamente entendemos, os ho- renovar esse convite e estendê-lo a todas/os.
rizontes da Pastoral Juvenil Marista não se li-
mitarão ao nosso campo visual, mas será do Como nós podemos, enquanto sal e luz
tamanho de nossos sonhos. E, por acaso, do mundo, pensar as práticas de justiça
existe participante da PJM que não sonha? social e de solidariedade? Sabemos que
é possível utilizarmos dos componentes
Ir. Emili Turú nos inspira, dizendo “Que curriculares no que tange direitos hu-
podemos dizer sobre o futuro? Certamente manos e ética como ferramentas nessa
não está em nossas mãos e provavelmente missão. De fato, nós, Maristas de Cham-
nos equivoquemos em qualquer previsão pagnat, já estamos nesse processo de
que fizermos; o que sim, podemos fazer, o valorização, entendendo que eles ajudam
que já estamos fazendo, é agir no presente” na construção dos saberes e a repensar
(TURÚ, 2012, p.76). a vida, ao passo que parte da sociedade
ainda não consegue pensar e dinamizar
Ser evangelizadores, Sal da Terra e Luz um caminho pastoral-pedagógico. Em que
do mundo podemos contribuir nesse movimento?
Como podemos estender a práxis juvenil
O Instituto Marista está em sintonia com a Marista para a sociedade, sendo efetiva-
Igreja em saída para o encontro fraterno e mente sal da Terra e Luz do mundo?
construtor de um mundo mais justo e soli-
dário. Na PJM temos o desejo de que cada Não basta ser apenas dentro de nossos
adolescente e jovem seja um/a agente muros. Precisamos ser Sal e Luz por meio
evangelizador/a do mundo, sal e luz nos de nossas experiências grupais ousadas e
lugares onde não há sabor e as sombras posicionamentos diante da vida.
muitas vezes predominam (Mt 5,13-14).
Civilização do Amor: Alimentar as
Mas, qual o papel do sal e da luz hoje em
Utopias
nossa realidade? A luz é a nossa fé, que,
doada no trabalho por um mundo melhor, Vivemos um tempo onde sonhar é tão de-
não se apaga nunca, mas ilumina todas/ safiador que falar de Utopia muitas vezes
os ao redor. O sal é aquilo que dá sabor pode parecer uma coisa que não chega a
à vida e nos preserva da corrupção, das lugar algum. De fato, talvez até não che-
injustiças e de tudo que vem para tirar o gue, mas nos tira da zona de conforto, le-
gosto da existência. va-nos a um outro espaço e propicia-nos
o encontro de respostas para mudar o
O Papa Francisco nos convida a “ser sal da lugar em que estamos. Falar de utopia é
terra e luz do mundo na vida cotidiana” (FRAN- colocar-se à disposição para sonhar novos

52
horizontes. Eduardo Galeano costumava esteja a maior crise da sociedade da in-
dizer que “a utopia está lá no horizonte. Me formação: perder a capacidade criativa de
aproximo dois passos, ela se afasta dois pas- imaginar e não sonhar novos horizontes.
sos. Caminho dez passos e o horizonte corre
dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais A Igreja do Brasil entende que a juventude
alcançarei” (GALEANO, 2019). é um “lugar teológico” privilegiado (CNBB,
2007) e traz em seu DNA a mudança do
Nos perguntamos se a utopia é algo que presente, sendo uma potência capaz de
nunca alcançaremos, para que caminhar transformar e mudar os rumos da histó-
em sua direção? A resposta é bem sim- ria. Ela tem a força de, interpelada pelas
ples: para não ficar parado! Porque parar é necessidades do mundo que nos rodeia,
um risco enorme, que não afeta somente responder com coragem profética.
a mim, mas também a história. A história
é complexa e o tempo em que vivemos As juventudes exalam amor e amar é do-
prova para onde a falta de ação tem nos ar-se ao outro, como Jesus nos ensina. É
levados, como, por exemplo, “o mal que no movimento de doação pessoal, sincera
lhe provocamos (Casa Comum) por cau- e desinteressada, que nos tornamos cons-
sa do uso irresponsável e do abuso dos trutores de algo maior.
bens que Deus nela colocou” (Laudato Si’, Deus se manifesta nas juventudes, e é
Deus é amor (1 Jo 4,16), ama-nos incon- esse o entendimento que desejamos
2015, n. 2) A Utopia é uma oportunidade
dicionalmente e deseja que todas as pes- renovar na PJM.
para imaginar outros mundos, capacidade
soas se amem também. A civilização do
criativa para sermos construtores de pon-
amor não é utopia, mas sim algo já vivido
tes e não aceitar as coisas como estão, le-
na PJM e a sua disseminação é um hori-
vando-nos a sair do conformismo.
zonte possível, por meio da sua mística e
Essa capacidade criativa de sonhar é fruto das manifestações de solidariedade das/
de uma espiritualidade encarnada no coti- os adolescentes e jovens. Falar da civiliza-
diano, a qual, ao longo do tempo, pode ser ção do amor é falar de doação, de cuidado
cada vez mais aperfeiçoada ou totalmente e zelo, onde ela estará presente em mo-
esquecida. Quando criança, nosso poten- mentos de embates sociais e possibilitará
cial de imaginação para acessar outros ao mundo, junto a outras/os sonhadoras/
mundos é bem mais fácil. Com o passar es, uma nova humanidade regenerada.
do tempo, outras capacidades vão sendo
Queremos viver esse sonho, também so-
adquiridas e há o risco eminente de, com
nhado pelo Papa São João Paulo II, que
o desenvolvimento do raciocínio lógico,
disse às juventudes, “só uma humanida-
ficarmos apenas no mundo realista. Esse
de onde reine a civilização do amor pode-
é o grande risco e, por assim dizer, uma
rá gozar duma paz autêntica e duradoura”
problemática do mundo adulto. Talvez aí
(JOÃO PAULO II, 2004).

53
Diante da rapidez das mudanças que vive- fundamentais para um diálogo gratuito
mos nesse mundo turbulento e do acúmu- e não interesseiro. A sociedade atual
considera a amizade como algo meio
lo de informação, a distância ou diferença sem importância, como se acontecesse
entre uma geração e outra se torna muito naturalmente, além de ser vista como
maior do que há trinta ou quarenta anos sendo menos importante que o amor
atrás. Um diálogo efetivo, profundo e trans- conjugal, por exemplo. Um diálogo
mais profundo, como é o caso do in-
formador se torna, assim, mais exigente, tergeracional, necessita que se resgate
mais difícil. São mundos diferentes que têm a importância de as diversas formas de
de se encontrar e se colocar em relação. amor unificarem-se — sem que um seja
mais importante que o outro —, em
A individualidade tem sido acen- uma espécie de circularidade e comple-
mentariedade que faz bem a um lado
tuada na nossa época e parece e ao outro (SOUZA; BARROS, 2017).
que isso tem contaminado
todas as relações, dos su- O desafio que se apresenta é o de resga-
jeitos mais velhos ao mais tar o amor como uma ponte para a trans-
novos. Precisamos en- formação social, construindo comunida-
tender que não se faz o des fraternas de cuidado que possibilitem
presente sem dialogar tirar as pessoas das margens, viabilizar a
com a história, com a Cultura do Bem Viver.
experiência, e que, às
vezes, precisamos sim- Maria: inspiração para as juventudes
plesmente parar um
pouco e ouvir mais. Ao tratar de evangelização no contexto
Marista, é impossível não lembrar de Ma-
O monge Marcelo Bar- ria como exemplo singular de vocação.
ros diz que: Maria é modelo de seguimento. Ela, para
O desafio, tanto para
além da dominação masculina da sua épo-
a juventude, como para ca, deu o “sim” a um projeto de Reino.
adultos e mais velhos está Em um tempo onde somente a figura mas-
no diálogo profundo. Ele só culina possuía credibilidade e era ouvida
ocorre quando aceitamos sair
de nós mesmos e nos abrir ao outro.
no contexto social, Maria é inspiração de
Consiste, também, em ir além da zona juventude feminina e revolucionária, que
de segurança pessoal e nos perder no entrega sua existência para humanidade,
outro – um milagre que só o amor é com coragem de sair e transpor monta-
capaz de fazer. E aí é importante que
formas imediatas de amor (que são vá-
nhas. Maria é luta, é inspiração, é mulher
lidas e boas) não encham tanto a sala que derruba do trono os poderosos e
ao ponto de impedir o florescimento exalta os humildes.
de formas mais profundas e exigentes,

54
É preciso desconstruir o sistema milenar a razão a alargar as suas perspectivas
em que vivemos para construir uma nova (FRANCISCO, 2013, nº 238).
cultura, pautada por relações justas e igua- Vivemos um tempo de monólogos e ver-
litárias. Esse é um dos horizontes que a dades absolutas; entretanto, as juventudes,
PJM já vive e sonha espalhar pelo mundo, por meio de sua ousadia, são provocado-
onde as mulheres, assim como Maria pos- ras e sempre trazem o novo. É necessário
sam marcar a história da salvação do povo ir ao encontro delas para escutá-las, em
de Deus. Por esse motivo, é preciso res- uma relação aberta e verdadeira, pois des-
gatar as figuras femininas que alimentaram sa forma construiremos pontes capazes
e alimentam as nossas histórias. de sobrepor inúmeras realidades, como a
Essa revolução parte em reconhecermos, falta de diálogo e as fronteiras existenciais
em nossas Marias, mulheres autoras da e geográficas. E onde elas estão? Ora, nos
transformação social e construtoras de lugares mais corriqueiros da vida comum.
ousados horizontes com o rosto jovem e A unidade se configura de maneira mais
marial, que foram e continuam sendo ins- autêntica quando se consegue propor-
piração para a Pastoral Juvenil Marista. cionar equilíbrio e diálogo entre todas as
pluralidades. O diálogo entre as diversas
Cultura do Diálogo: favorecendo a formas de crença e não crença é tão ur-
construção de pontes gente quanto promissor, pois abre possi-
bilidade para partilha de valores e vias de
Segundo o Papa Francisco,
ação conjunta.
A evangelização implica também um
caminho de diálogo. Neste momento, Uma atitude de abertura na verdade
existem sobretudo três campos de diá- e no amor deve caracterizar o diálo-
logo onde a Igreja deve estar presente, go com os crentes das religiões não-
cumprindo um serviço a favor do ple- -cristãs, apesar dos vários obstáculos
no desenvolvimento do ser humano e e dificuldades, de modo particular os
procurando o bem comum: o diálogo fundamentalismos de ambos os lados.
com os Estados, com a sociedade – Este diálogo inter-religioso é uma con-
que inclui o diálogo com as culturas e dição necessária para a paz no mundo
as ciências – e com os outros crentes e, por conseguinte, é um dever para os
que não fazem parte da Igreja Católi- cristãos e para outras comunidades re-
ca. Em todos os casos, ‘a Igreja fala a ligiosas (FRANCISCO, 2013, Nº 250).
partir da luz que a fé lhe dá’, oferece
a sua experiência de dois mil anos e É preciso, enquanto horizonte, estimular
conserva sempre na memória as vidas as/os adolescentes e jovens a dialogarem
e sofrimentos dos seres humanos. Isto mais entre si, com a sociedade e com a
ultrapassa a razão humana, mas tam-
bém tem um significado que pode enri- Igreja, pois somos seres de afetos e ne-
quecer a quantos não creem e convida cessitamos tecer relações para bem vi-

55
vermos. Por natureza, as juventudes são “O Bem viver é uma oportunidade para
dinâmicas e extremamente relacionais; construir outra sociedade, sustentada
em uma convivência cidadã, em diversi-
sendo assim, torna-se estratégico para a dade e harmonia com a Natureza, a par-
construção de pontes promover espaços tir do conhecimento dos diversos povos
de diálogo e de escuta entre e para as/os culturais existentes no país e no mundo”
Documento adolescentes e jovens. Muito mais do que (TORTOSA apud ACOSTA, 2018).
O bem viver - construir políticas públicas para as juven-
Uma oportunida-
tudes, é permitir que as/os adolescentes Acosta elenca dez pilares para o bem vi-
de para imaginar
e jovens pensem também as políticas pú- ver, em sua obra “O bem viver: uma
outros mundos.
blicas; muito mais do que desejar que as oportunidade para imaginar outros
juventudes se relacionem com a Igreja, é mundos”, dentre eles, o Bem Viver, é
necessário que a Igreja seja jovem. uma proposta global (ACOSTA, 2018).
Essa é uma proposta para todas/os e para
Embora saibamos onde desejamos chegar a natureza em que vivemos e fazemos
enquanto horizonte, ainda muito falta parte. É preciso cultivar a paz e o amor
no que tange ao “como chegar”, e nas relações, a fim de que o mundo seja
a melhor forma de construir esse novamente um lugar harmonioso, e não
caminho é em diálogo com as um lugar de exploração e guerra.
juventudes.
A obra foi escrita em resposta ao sistema
que por séculos foi movido pelas desi-
Construtoras/es de
gualdades e que só trouxe exploração,
uma cultura da solida-
não cumprindo com as promessas do
riedade, da paz e do
progresso. Com isso, é preciso romper
bem viver com o modelo de sociedade estabelecido,
É necessário cultivar o harmonizar novamente a humanidade e a
Bem Viver, e para isso, natureza e valorizar a partir de agora as ri-
em alusão a Alberto quezas culturais e expressões de vida mais
Acosta, o mundo preci- diversas possíveis.
sa de mudanças radicais.
Queremos usar essa reflexão para a de-
Precisamos reconstruir
cisão ousada de traçar novos horizontes.
relações, organizações so-
Nessa decisão, a democracia deve estar
ciais, práticas políticas e siste-
presente desde o início e assim, o futuro
mas econômicos que rompam
será construído pela e para a sociedade,
conceitos e busquem alternativas
começando dentro dos grupos juvenis
que incluam os Direitos Humanos e
como a Pastoral Juvenil Marista, em res-
da Natureza como pauta urgente.
posta aos apelos da Igreja. Precisamos de

56
um mundo sustentável, onde todas/os comunicação digital em termos de mo-
são irmãs/ãos, no exercício da solidarie- bilização e pressão política: propagação
de estilos de vida e modelos de consu-
dade e nas práticas que constroem uma mo e investimento críticos, solidários e
cultura do bem viver. Nesse novo mundo, atentos ao meio ambiente; novas for-
nós somos as/os protagonistas e agentes mas de compromisso e de participação
da missão. na sociedade e na política; renovadas
modalidades de previdência social que
beneficiem as pessoas mais vulneráveis
O Papa Francisco nos convida a um novo (FRANCISCO, 2018, Nº 52).
pacto pela humanidade. Nós
A PJM é convidada a exercer a participa-
“não precisamos de um projeto de pou-
cos para poucos, ou de uma minoria ção juvenil nos espaços mais diversos pos-
esclarecida ou testemunhal que se apro- síveis e viáveis, porque a/o adolescente e
prie de um sentimento coletivo. Trata-se jovem é a promessa do presente, capaz
de um acordo para viver juntos, de um
de abalar estruturas injustas, lutar por di-
pacto social e cultural” (FRANCISCO,
2013, Nº 240). reitos até então negados e, assim como
nosso fundador Champagnat, construir
um mundo mais justo e solidário por meio
Exercício da Cidadania Participativa e o
da prática do protagonismo. Ser protago-
Empoderamento das Juventudes
nista não é ser egoísta ou focar na auto-
O Papa Francisco tem insistido que envol- promoção; é torna-se uma/um agente de
ver-se na política é uma obrigação de to- mudança no meio em que está inserida/o,
das/os as/os cristãs/ãos, que não devem contagiando todos ao redor, a fim de po-
ter uma atitude semelhante a de Pilatos tencializar uma boa iniciativa em uma for-
em situações conflitantes, chegando ao ma coletiva e solidária de viver.
ápice da omissão ao simplesmente lavar
as mãos. A política, em sua essência, é Uma das formas reais de protagonismo se
uma das formas mais elevadas da carida- manifesta na participação política juvenil
de, pois ela trabalha para o bem comum. nos conselhos
Assim como existem os Conselhos da
Perante as contradições da sociedade,
Criança e do Adolescente e Conse-
muitos jovens desejam fazer render
lhos de Saúde, por exemplo, também
os seus talentos, competências e cria-
é possível que cada município institua
tividade, e estão dispostos a assumir
o Conselho de Juventude. Esse órgão,
responsabilidades. Entre os temas que
responsável por propor, fiscalizar e
eles consideram mais importantes, so-
deliberar políticas públicas de Juventu-
bressaem a sustentabilidade socioam-
de, reúne representantes da sociedade
biental, as discriminações e o racismo.
civil, através dos movimentos juvenis,
O envolvimento dos jovens obedece
junto a representantes dos governos.
muitas vezes a abordagens inéditas, ex-
(BORGES, 2019, p. 78)
plorando inclusive as potencialidades da

57
Os governos e a sociedade civil no Brasil Províncias Maristas Brasil Centro-Norte,
foram motivados a construir e acompanhar Centro-Sul e Sul-Amazônia, explorando-
diferentes espaços de debate sobre direi- -os de modo criativo, a fim de acender a
tos humanos e políticas públicas. A criação chama do empoderamento juvenil. Ações
de conselhos, ministérios e secretarias es- como a prática do voluntariado propiciam
peciais e a realização de conferências de di- um protagonismo mais amplo e levam as/
reitos e políticas públicas permitiram maior os adolescentes e jovens para uma esfe-
acesso da sociedade aos mecanismos de ra de aprendizado em lugares diversos,
discussão e gestão das políticas, que, por onde, assim, podem desenvolver suas
longo tempo, estiveram restritos aos seto- habilidades e competências “em prol da
res hegemônicos do poder. garantia dos direitos humanos e da coleti-
vidade, visando uma cidadania sustentável
No tocante a crianças, adolescentes e jo- e cultivando os alicerces fundamentais da
vens, esse processo garantiu-lhes a partici- cultura da solidariedade” (SOARES Et. all.,
11 direitos específicos: direito à pação em alguns espaços. Mas, ainda care- 2018, p. 10).
Diversidade e à Igualdade, Direito ao cem o reconhecimento de sua condição de
Desporto e ao Lazer, Direito à Comu-
nicação e à Liberdade de Expressão,
sujeitos de direitos. Assim, mesmo que sua As ações solidárias, práticas de volunta-
Direito à Cultura, Direito ao Território atuação em espaços de controle social já riado, Comissões das Juventudes, repre-
e à Mobilidade, Direito à Segurança esteja garantida por marcos legais, sua pre- sentatividade juvenil em esferas públicas,
Pública e ao Acesso à Justiça, Direito sença ainda é incipiente e, muitas vezes, as- em conselhos e parlamentos juvenis são
à Cidadania, à Participação Social e
Política e à Representação Juvenil, Di-
sumida como mera obrigação burocrática. exercícios da igualdade proposta na arena
reito à Profissionalização, ao Trabalho O caminho agora é dialogar e aprofundar pública, que é o lugar onde se iguala os
e à Renda, Direito à Saúde, Direito à os 11 direitos específicos das Juventudes. desiguais. No mundo de hoje, infelizmen-
Educação, Direito à Sustentabilidade e te, podemos notar que a igualdade é algo
ao Meio Ambiente. Nem sempre ganhamos todas as batalhas existente predominante na esfera pública,
travadas. Assim acontece também no pro- e, por meio dessas iniciativas de protago-
cesso formativo de participação política e nismo, a PJM adquire a possibilidade de
ação protagonista. Precisamos ter a clare- participar dela e contribuir ainda mais na
za de que “Em uma perspectiva educacional, formação integral para além dos espaços
é importante ajudar os jovens a não desani- formais de educação.
marem perante erros e fracassos, mesmo que
humilhantes, porque fazem parte integrante O exercício da cidadania participativa e
do caminho para uma liberdade mais madu- empoderamento das juventudes são vivi-
ra, consciente da própria grandeza e fragili- dos hoje, na PJM, inspirados na perspec-
dade” (FRANCISCO, 2018, Nº 76). tiva do encontro de Cristo com os discí-
pulos de Emaús, onde as dimensões da
Nesse cenário, é propício que aprovei- Alteridade (realização plena por meio do
temos os espaços de aprendizagem das contato com a/o outra/o) e Missionari-

58
dade (missão evangélica e construção do uma realidade onde demonstrar senti-
Reino) são vividas pelos/as estudantes e mentos é visto como sinal de fraqueza,
as pessoas com quem eles realizam a tro- temos o desafio de, enquanto Maristas
ca de experiência. de Champagnat, promovermos todas as
possibilidades para se bem viver e acei-
Fazer a opção preferencial pelas/os ado- tarmos as complexidades corriqueiras da
lescentes e jovens é deixar-se encantar vida, sendo quem somos, sem medo, pois
pelo seu dinamismo. Nessa perspectiva, todos somos humanos e passamos pelas
só evangeliza educando e educa evangeli- mesmas coisas.
zando a juventude quem, por ela, se deixa
cativar. Não se pode falar em educação e A PJM é espaço privilegiado para que to-
evangelização desses interlocutores sem das/os as/os adolescentes e jovens ex-
falar de seu protagonismo. Acreditamos pressem seus sentimentos e vivam com
que eles são sujeitos construtores de sua leveza. Ela é local de rompimento com
identidade e de sua organização individual modelos engessados de se viver e para-
e coletiva. digmas criados ao longo dos anos, muitas
vezes reprodutores sistemáticos de vio-
A palavra “protagonismo” vem do grego lência e de um modo de viver isolado, que
protagonistés: o principal lutador, muito não se vê em relação com o mundo e com
utilizada na linguagem cênica para tratar as outras pessoas.
daquele que é o ator principal, a pessoa
que desempenha ou ocupa o primeiro A partir de seu itinerário, a PJM ensina que
lugar em um acontecimento. “Nesse sen- não se deve mais perpetuar os aprendiza-
tido, desejamos que nossas/os adolescen- dos de uma sociedade muitas vezes unila-
tes e jovens sejam protagonistas, autores teral. As juventudes devem também dizer
de sua própria história, escrevendo os ro- não a toda cultura do descarte, na qual o
teiros pelos quais irão percorrer sua traje- movimento de amar as coisas e usar as
tória, enquanto indivíduo em sociedade” pessoas tornou-se regra; ao espírito de
(SOARES Et. all., 2019, p. 25). competitividade tóxica, em que as pesso-
as preferem ser melhores que as outras e
Inteligências socioemocionais não melhores para as outras; às cobranças
excessivas para as juventudes, as quais elas
As/os adolescentes e jovens de hoje são são obrigadas a terem todas as respostas
conduzidas/os pela sociedade a negarem sobre suas vidas da noite para o dia; a
partes de sua natureza humana, e, assim, tudo que polui e faz mal às inteligências
não experimentarem do sabor de suas e à sanidade mental das/os adolescentes
vidas na totalidade. Influenciadas/os pela e jovens.
cultura do imediatismo e imersas/os em

59
Quando falamos em cuidar das inteligên- ver, mesmo diante de situações não mui-
cias socioemocionais, estamos colocando to favoráveis. Em um contexto de abusos
em pauta a defesa da integridade psíquica- dos seres humanos uns pelos outros e
-emocional das/os adolescentes e jovens pela exploração da vida no planeta, é ur-
e a promoção de um entendimento de que gente modificarmos nossa relação com as
não pode haver comparação sobre quem outras pessoas e com o meio. É de funda-
é melhor ou mais evoluída/o. Pois, para- mental importância para a construção de
fraseando Howard Gardner1, Inteligência uma nova sociedade que se supere uma
é a habilidade para resolver problemas ou visão antropocêntrica de mundo e se pas-
criar produtos que sejam significativos em se a uma visão biocêntrica, na qual o ser
um ou mais ambientes culturais. humano se assume como o grande res-
ponsável pela vida no planeta.
Gardner (2001) elenca nove inteligên-
cias socioemocionais que fazem parte da O Papa Francisco, na Exortação pós sino-
constituição do indivíduo, que devem ser dal Christus Vivit, afirma que
cuidadas e estimuladas ao longo dos des-
Vemos hoje uma tendência para «ho-
dobramentos das competências e habili- mogeneizar» os jovens, dissolver as
dades de cada pessoa. diferenças próprias do seu lugar de
Competências e habilidades: origem, transformá-los em sujeitos ma-
Lógico matemática, Linguística, Espacial, Dessa forma, podemos ver a PJM nos nipuláveis feitos em série. Deste modo,
Corporal cinestésica, Interpessoal, Intra- causa-se uma destruição cultural, que é
pessoal, Musical, Natural e Existencial. horizontes do futuro, como lugar não só
tão grave como a extinção das espécies
profético-teológico, mas pastoral-peda- animais e vegetais. Por isso, numa men-
gógico, onde todas/os são valorizadas/ sagem aos jovens indígenas reunidos no
os pelo que são e qualquer ideia de com- Panamá, exortava-os: «Assumi as vos-
paração é descartada pois entende que sas raízes! Mas não vos limiteis a isto.
A partir destas raízes, crescei, florescei,
“Se as pessoas possuem perfis cognitivos tão frutificai» (FRANCISCO, 2019, n. 186)
diferentes, as escolas não deveriam oferecer
uma educação padronizada, e sim procurar Nesse sentido, é de fundamental impor-
oferecer uma educação que atendesse o tância reconhecer as diversidades das
potencial individual de cada um” (RODRI- juventudes para que seja possível a elas
GUES, 2015, p.10). sair do isolamento e abrir-se ao cuidado
integral com a vida, dom de Deus para a
Ética e alteridade humanidade e para toda a criação. Isso se
faz quando percebemos que o outro não
Segundo o místico cristão Thomas Mer- é somente uma ideia, mas é a pessoa que
ton, ser humano algum é uma ilha. De está ao nosso lado e todo a natureza que
todo lado e em todos os tempos, somos garante as possibilidades de vida.
circundados pela vida que pulsa e teima vi-

60
Há que ressoar no coração de nossas ju- aceitou de forma irrevogável o chamado
ventudes a atitude do bom samaritano, de Deus na fundação do Instituto Maris-
que se fez próximo do homem assaltado ta, que assumiu, como missão, cuidar das
que corria risco de morte pelo caminho. crianças, adolescentes e jovens em condi-
Hoje, na mesma situação, encontram-se ção de vulnerabilidade ao redor de todo
tantos outros, várias realidades de ordem o mundo. Champagnat foi um colabora-
humana, social e ecológica que exige de dor da construção do Reino de Deus e
nós uma conversão, uma mudança de ca- o carisma marista é a ferramenta dessa
minho para ir ao encontro do outro. missão. Após anos de história da PJM, as/
os adolescentes e jovens pertencentes a
A construção de um outro mundo possí- essa grande família são convidadas/os a
vel começa com ações pontuais, pequenas diariamente renovar seu compromisso de
e, ao se encontrar com ações semelhan- viver o carisma marista, desde as peque-
tes dos outros, possibilita que o Reino de nas coisas, como discípulas/os do Padre
Deus seja uma realidade presente no hoje Champagnat.
da história. Segundo o Papa Francisco:
Hoje, mais do que nunca, “Os jovens devem
Para se poder falar de autêntico pro-
gresso, será preciso verificar que se pro- tornar-se eles os primeiros e imediatos após-
duza uma melhoria global na qualidade tolos dos jovens, realizando o apostolado no
de vida humana; isto implica analisar o meio deles e através deles, levando em conta
espaço onde as pessoas transcorrem a o meio social em que vivem” (INSTITUTO
sua existência. Os ambientes onde vi-
vemos influem sobre a nossa maneira DOS IRMÃOS MARISTAS, 2011, n° 103).
de ver a vida, sentir e agir. Ao mesmo
tempo, no nosso quarto, na nossa casa,
no nosso lugar de trabalho e no nosso
bairro, usamos o ambiente para expri-
mir a nossa identidade. Esforçamo-nos
por nos adaptar ao ambiente e, quan-
do este aparece desordenado, caótico
ou cheio de poluição visiva e acústica,
o excesso de estímulos põe à prova as
nossas tentativas de desenvolver uma
identidade integrada e feliz. (Laudato Sì
por FRANCISCO, 2015, nº 147.)

Vivência contínua do legado de São


Marcelino Champagnat
Após o encontro decisivo com o jovem
Montagne, São Marcelino Champagnat

61
62
7.
O caminho
se faz
caminhan-
do

63
É tempo de construir pontes. passo em direção ao horizonte. Que a
construção dos projetos de vida seja uma
Vivemos em um mundo contemporâneo resposta das juventudes aos projetos de
caracterizado pelo ambiente digital, que morte que o mundo de hoje não se cansa
desconstrói e reconstrói nossas relações de elaborar.
de comunicação. A rede é uma oportuni-
dade para promover o encontro com as/ Que os encontros Locais, Regionais, Pro-
os outras/os, mas pode também agra- vinciais e Nacionais da PJM sejam oportu-
var o nosso autoisolamento, como uma nidades de encontro, partilha, prática de
teia de aranha capaz de capturar solidariedade, vivência eclesial, formação
(FRANCISCO, 2019). A partir e celebração. Todas essas possibilidades
disso, pensar em um ambien- nos remetem à dimensão do caminhar,
te de PJM é restabelecer um de mover-se individual e coletivamente
contato humano e um diá- rumo a uma vivência dos sonhos, dos
logo de afeto que nos fal- desafios e dos caminhos juvenis que que-
ta nessa sociedade ime- remos trilhar.
diatista e individualista.
O Papa Francisco, durante a Jornada
É necessário caminhar Mundial da Juventude no Brasil em 2013,
para a contínua cons- exortava as/os adolescentes e jovens a
trução de uma Pasto- não deixarem que outras/os fossem pro-
ral Juvenil Marista aco- tagonistas da mudança. Arriscamos ir um
lhedora das diversas pouco além: que sejamos construtoras/
juventudes englobadas es dessa mudança, autoras/es de nossas
pela instituição, não se próprias histórias. E que a PJM seja o es-
limitando aos seus muros, paço em que essa revolução jovem tenha
isto é, sendo ponte entre início.
a unidade marista e a cidade,
procurando a participação so-
cial, eclesial e política e indo ao en-
contro, principalmente, das/os adoles-
centes e jovens às margens da sociedade.

Que os momentos de PJM sejam de re-


flexão sobre as injustiças da realidade
e construção de novas ideias para uma
mudança direcionada à utopia. Que cada
nova conversa e ação sejam um novo

64
Referências
ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: Uma Oportunidade Para Imaginar Outros Mundos.
São Paulo: Autonomia Literária, 2018.

BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Brasília: Editora Letraviva, 1999.

BORGES, Vinicius Gomes. A força da transformação: juventudes e política. IN: FERREI-


RA, Aline Gonçalves; Moreira, Eliane Silva; SOUZA, Félix de Souza. Almanaque Juvenil de Educa-
ção: práticas pedagógicas de educação para paz. Belo Horizonte: Promove, 2019.

BRASIL. Estatuto da Juventude. Lei 12.852/13, 5 de agosto de 2013.

CASALDALIGA. Pedro. Nossa espiritualidade. São Paulo: Paulus, 1998.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB). Evangelização da juventu-


de: desafios e perspectivas pastorais. Documento 85. São Paulo: Paulinas, 2007.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (CELAM). Civilização do Amor: projeto


e missão – orientações para uma Pastoral Juvenil Latino-americana. Edições CNBB:
Brasília, 2013.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (CELAM). Civilização do Amor: tarefa e


esperança- Orientações para uma Pastoral da Juventude Latino-americana. Brasília:
Edições Paulinas, 1997.

CORDEIRO, D. Juventudes nas Sombras. Rio de Janeiro: Ed. Lamparina, 2009.

DAYRELL, J. O Jovem como Sujeito Social. Revista Brasileira de Educação, n. 24, set. /out.
/ nov. / dez., 2003.

FRANCISCO. Papa. ANGELUS: Praça São Pedro – Domingo, 5 de fevereiro de 2017.


Vaticano, 2017. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2017/
documents/papa-francesco_angelus_20170205.html >. Acesso em: 25 nov. 2018.

65
FRANCISCO. Papa. Carta encíclica Laudato Sí: sobre o cuidado da casa comum. Docu-
mentos Pontifícios 22. Brasília: Edições CNBB, 2015.

FRANCISCO. Papa. Exortação apostólica Evangelii Gaudium: A Alegria sobre o anún-


cio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulinas, 2013 Vaticano, 2013. Disponível em:
<http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_
esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html>. Acesso: 03 set. 2019.

FRANCISCO. Papa. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit, 2019. Disponível


em:<http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-frances-
co_esortazione-ap_20190325_christus-vivit.html>>. Acesso em: 11 set. 2019.

FRANCISCO. Papa. Os jovens, a fé e o discernimento vocacional: documento preparatório


para a XV Assembleia do Sínodo dos Bispos. 2017. Roma, 2018. Disponível em: < http://press.
vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2018/03/24/0220/00482.html#porto>.
Acesso em: 03 set. 2019.

FRANCISCO. Papa. Santa missa da celebração da jornada mundial da juventude. Homilia


do Santo Padre, 2019.

FURET, Jean-Baptiste. Vida de São Marcelino José Bento Champagnat – São Paulo: Loyola:
SIMAR, 1999.

GALEANO, Eduardo. Para que serve a utopia? Revista Prosa Verso e Arte, Disponível em:
<https://www.revistaprosaversoearte.com/para-que-serve-a-utopia-eduardo-galeano/> . Acesso
em: 3 junho de 2019.

GARDNER, Howard. Inteligência: um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

GROPPO, Luís Antônio. Introdução à Sociologia da Juventude. Jundiaí, Ed. Paco Editorial, 2017.

GRUN, Anselm. Espiritualidade do jovem: quem sou eu e quem desejo ser? Tradução de Zwinglio
Dias. Petrópolis: Vozes: 2004.

INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Deu-nos o nome de Maria. Roma, 2012. Disponível
em: <http://www.champagnat.org/e_maristas/Circulares/32_1_PT.pdf> Acesso em 05 set. 2019.

INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Fourvière: a revolução da ternura. Roma, 2016. Disponí-
vel em: < http://www.champagnat.org/shared/bau/LetterEmili2016_PT.pdf>. Acesso em: 03 set. 2019.

66
INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. O futuro tem um coração de tenda. Roma, 2014.
Disponível em: <http://www.champagnat.org/e_maristas/emili_turu/CartaSuperior2014_10_
PT.pdf>. Acesso em: 03 set. 2019.

INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Água da Rocha: espiritualidade Marista, fluindo


na tradição de Marcelino Champagnat. Guarulhos: FTD, 2007.

INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Evangelizadores entre os jovens: documento de


referência para o Instituto Marista., volume 1/Comissão Internacional da Pastoral Juvenil
Marista. São Paulo: FTD, 2011.

INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Mensagem do XXII Capítulo Geral: Caminhe-


mos como família global. In: INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Capítulo Geral, 22., 8
set./20 out. 2017, Rio Negro, Colômbia [Anais...]. Rionegro: Instituto dos Irmãos Maristas, 2017.
Disponível em: http://www.champagnat.org/shared/bau/Document_XXII_General_Chapter_
PT.pdf. Acesso em: 05. Set. 2019.

JOÃO PAULO II, Papa. Mensagem De Sua Santidade João Paulo II Para A Celebração
Do XXXVII Dia Mundial Da Paz: Um Compromisso Sempre Atual: Educar Para A
Paz, 2004.

JOÃO PAULO II, Papa. Mensagem do Santo Padre aos participantes no capítulo geral
da família marista. 2001. Disponível em: < http://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/
speeches/2001/september/documents/hf_jp-ii_spe_20010917_famiglie-mariste.html> Acesso
em 3 jun. de 2019.

LIBÂNIO, João B. A Religião no início do milênio. São Paulo, SP, Ed. Loyola, 2001.

REDE MARISTA. Posicionamento Projeto de Vida: a construção da integralidade da


pessoa. Porto Alegre: Odisséia: 2018.

REDE MARISTA. Posicionamento Solidariedade: Nossa compreensão e os caminhos


para contribuir com a cultura da Solidariedade. Porto Alegre: Odisseia: 2018.

REDE MARISTA. Serviço de Pastoral: identidade, metodologia e compromissos. Porto


Alegre: Odisséia: 2018.

67
REDE MARISTA. Vivência grupal da PJM: marco operativo. Porto Alegre: CMC, 2015.

RODRIGUES, L. G. Um estudo sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas. São Paulo, 2015.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação so-


cial. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.

SIMAR – SECRETARIADO INTERPROVINCIAL MARISTA. Diretrizes Nacionais da Pastoral


Juvenil Marista: PJM- Pastoral Juvenil Marista. São Paulo: FTD, 2005.

SOARES, Paulo Henrique Oliveira; ORNELAS, Gustavo Cândido; RODRIGUES, Andréia Crispim.
VEM: Voluntariado Estudantil Marista. Brasília: UBEE, 2018.

SOARES, Paulo Henrique Oliveira; PEREIRA, João Vitor Menduiña Ramos; OLIVEIRA, Nayraline Bar-
bosa de. Comissão das juventudes: orientações e posicionamentos. Brasília: UBEE, 2019.

SOUZA, Jonathan Felix; BARROS, Marcelo. Conversas por E-mail – Diálogo Intergeracional.
Disponível em: <https://revistasenso.com.br/2017/10/30/conversas-por-e-mail-dialogo-interge-
racional/> Acesso em: 20 mar. 2019.

UMBRASIL. Caminho da Educação e Amadurecimento na Fé: a mística da Pastoral Ju-


venil Marista / [Comissão Nacional de Evangelização dos Irmãos Maristas; símbolos e painéis
Sérgio Ceron] - São Paulo: FTD, 2008.

UMBRASIL. Pastoral Juvenil Marista: orientações para a revitalização. Brasília: UMBRASIL,


2015.

UMBRASIL. Projeto Educativo do Brasil Marista: nosso jeito de conceber a Educação


Básica. Brasília: FTD, 2010.

UMBRASIL. Revista do 2º Congresso Nacional da Pastoral Juvenil Marista. Porto Alegre:


UMBRASIL, 2017. Disponível em: <https://www.umbrasil.org.br> Acesso em 03 set. 2019.

68
Anotações
____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

69
____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

70
71
72

Você também pode gostar