PAINEL TIC COVID-19

n° XX, mês XXXXX





4ª EDIÇÃO:
CULTURA, COMÉRCIO ELETRÔNICO,
SERVIÇOS PÚBLICOS ON-LINE, TELESSAÚDE,
ENSINO REMOTO E TELETRABALHO

1
 PAINEL TIC COVID-19

PAINEL TIC COVID-19

PESQUISA ON-LINE COM USUÁRIOS DE


INTERNET NO BRASIL

4ª EDIÇÃO: CULTURA, COMÉRCIO ELETRÔNICO, SERVIÇOS PÚBLICOS


ON-LINE, TELESSAÚDE, ENSINO REMOTO E TELETRABALHO

CENTRO REGIONAL DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE

DA INFORMAÇÃO (Cetic.br)

NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR (NIC.br)


COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL (CGI.br)


Abril 2022

4ª EDIÇÃO:
Os indicadores apresentados são considerados experimentais, por utilizarem
CULTURA, COMÉRCIO ELETRÔNICO,
metodologias em desenvolvimento. Mais informações sobre o desenho metodológico
da pesquisa podem ser acessadas no relatório metodológico, disponível no website
SERVIÇOS PÚBLICOS ON-LINE, TELESSAÚDE,
do Cetic.br (www.cetic.br).

ENSINO REMOTO E TELETRABALHO

Este material está sob uma licença Creative Commons.

Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional
CC BY-NC 4.0

2
 PAINEL TIC COVID-19

APRESENTAÇÃO mento do Núcleo de Informação e Coordena-

ção do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê

N o segundo ano da pandemia COVID-19,

que teve início em março de 2020, as
tecnologias de informação e comunicação
Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), realizou
a quarta edição da pesquisa, que incluiu gran-
de parte dos indicadores dos módulos temá-
(TIC) e, em particular, a Internet mantiveram ticos coletados originalmente em 2020, em
sua centralidade no cotidiano da maior parte suas três primeiras edições, e introduziu no-
dos brasileiros. O ano de 2021 também foi vos indicadores.
A pesquisa investiga atividades na Internet
marcado pelo retorno gradual de algumas
e dispositivos utilizados para acesso à rede,
atividades presenciais, em especial, a edu- tendo como referência os indicadores vali-
cação. Além disso, ao longo dos meses, no- dados pela pesquisa TIC Domicílios2. Além
vas formas de trabalho e de estudo se confi- disso, cada edição do Painel conta com mó-
guraram, por vezes envolvendo um formato dulos temáticos para aprofundar e detalhar
híbrido, que combina atividades presenciais aspectos sobre o uso da rede relacionados
e virtuais. Práticas on-line desenvolvidas no ao contexto de enfrentamento da pandemia
COVID-19 e seus efeitos na sociedade. Para
início da pandemia se mantiveram ou até
tanto, o Painel TIC COVID-19 inclui indicado-
mesmo se intensificaram, ampliando a pre- res referentes aos seguintes temas:
sença do mundo digital em diversos domínios
da sociedade.
Ao mesmo tempo, as disparidades no aces- 1ª EDIÇÃO Cultura
Período de coleta:
so e no uso da rede acentuaram o hiato entre Comércio eletrônico
23 jun. a 8 jul. 2020
diferentes estratos da população em rela-
ção à sua capacidade de lidar com esse novo
cenário, com consequências econômicas, 2ª EDIÇÃO Serviços públicos on-line
sociais e sanitárias, sobretudo para as par- Período de coleta: Telessaúde
celas mais vulneráveis da sociedade. Nesse 29 jul. a 20 ago. 2020 Privacidade
sentido, torna-se ainda mais relevante com-
preender como a população utilizou as TIC e
a Internet durante a pandemia, visto que di- 3ª EDIÇÃO Ensino remoto
ferenças no acesso, no uso e na apropriação Período de coleta: Teletrabalho
10 set. a 2 out. 2020
das TIC podem se tornar um motor de desi-
gualdade social.
Cerca de um ano após a realização do pri- Cultura
meiro Painel TIC COVID-19, pesquisa expe- Comércio eletrônico
rimental com usuários de Internet realizada 4ª EDIÇÃO Serviços públicos on-line
Período de coleta:
por meio de um painel on-line1, o Centro Re- Telessaúde
15 a 30 jul. 2021 Ensino remoto
gional de Estudos para o Desenvolvimento da
Teletrabalho
Sociedade da Informação (Cetic.br), departa-

1
Mais informações disponíveis em Plano de contingência para as pesquisas TIC do CGI.br: Estratégia de coleta de
dados durante a pandemia COVID-19. Recuperado em 31 janeiro, 2022, de https://cetic.br/pt/publicacao/plano-
-de-contingencia-para-as-pesquisas-tic-do-cgi-br/
2
Os indicadores das edições da pesquisa TIC Domicílios mencionados ao longo desta publicação estão disponíveis
em https://cetic.br/pt/pesquisa/domicilios/indicadores/

3
 PAINEL TIC COVID-19

Com essa pesquisa, o Cetic.br|NIC.br rea-
firma seu compromisso de prover o governo
e a sociedade de estatísticas robustas e atu-
alizadas sobre a sociedade da informação, e
busca acelerar a obtenção e a disponibiliza-
ção de informação de qualidade sobre o uso
das TIC durante a pandemia, a fim de ofere-
cer insumos relevantes para políticas públi-
cas baseadas em evidências e para a promo-
ção do bem-estar da população.
METODOLOGIA
áveis: sexo, faixa etária, escolaridade, macror-
região e classe. A coleta de dados da quarta
edição da pesquisa foi realizada entre os dias
15 e 30 de julho de 2021; ao todo, foram ob-
tidas 5.552 entrevistas. Devido ao número de
indicadores coletados, todos os entrevistados
responderam ao módulo básico, que incluía
indicadores da pesquisa TIC Domicílios refe-
rentes a dispositivos e atividades na Internet.
Após a resposta ao módulo básico, os indiví-
duos foram selecionados aleatoriamente para
responder aos módulos de cultura, comércio

O Painel TIC COVID-19 tem como objetivo
coletar informações sobre o uso da In-
ternet durante a pandemia causada pelo novo
coronavírus. A população-alvo da pesquisa é
composta por indivíduos usuários de Internet
com 16 anos ou mais de idade no Brasil. São
considerados usuários de Internet os indivídu-
os que fizeram uso da rede nos 3 meses que
antecedem a entrevista, segundo recomenda-
ção metodológica da União Internacional de
Telecomunicações (UIT).3
Para seu desenho amostral, a pesquisa utili-
zou como base um painel on-line de indivíduos
mantido pela Quaest Consultoria e Pesquisa,
com aproximadamente 167 mil painelistas.
O plano amostral empregado para a obten-
ção da amostra de respondentes foi do tipo
amostragem por cotas, considerando as vari-
eletrônico, serviços públicos on-line e teles-
saúde (grupo A) ou de ensino remoto e teletra-
balho (grupo B).
Com o objetivo de minimizar os vieses de se-
leção encontrados em abordagens por cotas,
foi construída uma estrutura de pesos para o
Painel TIC COVID-19, tendo como referência
uma pesquisa probabilística, a TIC Domicílios
20204. Na etapa inicial, os resultados dessa
pesquisa foram recalibrados para a população
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-
lios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao
último trimestre divulgado.5
Na sequência, com o intuito de estimar
o contingente da população representa-
da pelos respondentes do Painel TIC CO-
VID-19, adotou-se o procedimento de es-
timação baseado em escores de propensão
(propensity scores)6. Nessa metodologia,

3
Mais informações disponíveis em União Internacional de Telecomunicações (UIT). (2020). Manual for Measuring ICT
Access and Use by Households and Individuals, 2020 Edition. Recuperado em 31 janeiro, 2022, de https://www.itu.int/
en/ITU-D/Statistics/Pages/publications/manual.aspx
4
Mais informações disponíveis em Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). (2021). Pesquisa sobre o uso das tecno-
logias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: TIC Domicílios 2020. São Paulo: CGI.br. Recuperado em 7
março, 2022, de https://www.cetic.br/pt/pesquisa/domicilios/
5
Mais informações disponíveis em Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2020). Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua – Pnad Contínua. Recuperado em 31 agosto, 2020, de https://www.ibge.gov.br/esta-
tisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html
6
Diferentemente da estimativa baseada em um desenho amostral tradicional, as probabilidades de seleção no painel são des-
conhecidas e indefinidas, por se tratar de um pseudo-desenho amostral. A pseudo-probabilidade é a probabilidade estimada de
pertencer à amostra não probabilística usada em vez de uma probabilidade conhecida. Mais informações disponíveis em Baker
et al. (2013). Report of the AAPOR Task Force on non-probability sampling. Recuperado em 31 julho, 2020, de https://www.
aapor.org/AAPOR_Main/media/MainSiteFiles/NPS_TF_Report_Final_7_revised_FNL_6_22_13.pdf. Para mais informações sobre o
plano amostral adotado e o processamento dos dados, consultar o relatório metodológico.
4
 PAINEL TIC COVID-19

são calculados, inicialmente, os escores

de propensão de ser usuário de Internet
segundo variáveis socioeconômicas, com
base na última TIC Domicílios disponível7. A
seguir, esse mesmo modelo é utilizado para es-
timar os escores de propensão para os respon-
dentes do Painel TIC COVID-19.
Comparando a distribuição dos escores de
propensão do Painel TIC COVID-19 com aque-
la verificada na última TIC Domicílios, é pos-
sível determinar qual parte da população da
última pesquisa TIC Domicílios (ou se toda ela)
poderia ser representada pelos respondentes
do Painel. Isso equivale a estimar o erro de co-
bertura do Painel TIC COVID-19 em relação à
população-alvo inicialmente considerada para
a pesquisa.
Na quarta edição do Painel, a população re-
presentada equivale a toda a população-alvo
da pesquisa, o que permite a comparação di-
reta dos resultados da edição com os indicado-
res equivalentes coletados pela pesquisa TIC
Domicílios. Já em relação às edições anteriores
do Painel, que não representavam a totalidade
da população-alvo, a comparação precisa ser
feita por meio dos mesmos recortes populacio-
nais das respectivas edições.8

7
Para a quarta edição do Painel TIC COVID-19, foi utilizada a TIC Domicílios 2020 (CGI.br, 2021).
8
As tabelas de indicadores com os respectivos recortes estão disponíveis para download em
https://www.cetic.br/pt/pesquisa/tic-covid-19/indicadores/

5
DESTAQUES
ATIVIDADES NA INTERNET

77%
Antecedida pela fase mais aguda da pandemia9, esta edi-
ção do Painel TIC COVID-19 identificou um aumento na bus-


ca por informações relacionadas à saúde ou a serviços de
saúde, com crescimento verificado em praticamente todos
os recortes socioeconômicos analisados pela pesquisa. DOS USUÁRIOS DE INTERNET
Também foi identificado um aumento na realização de BUSCARAM INFORMAÇÕES
serviços financeiros pela Internet durante a pandemia, em RELACIONADAS À SAÚDE OU

83%
especial entre os usuários de Internet do sexo masculino. A SERVIÇOS DE SAÚDE
Embora em patamar superior ao observado antes da pan-
demia, os usuários de menor escolaridade e os das classes
C e DE ainda fazem uso de serviços financeiros em meno-
res proporções do que os usuários de Internet das classes
AB e aqueles com maior escolaridade, o que representa
uma limitação importante para as ações de enfrentamento
aos efeitos da pandemia. DOS USUÁRIOS QUE

A pesquisa também registrou um aumento nas atividades e
pesquisas escolares pela Internet, reflexo da suspensão das
FREQUENTAM ESCOLA
OU UNIVERSIDADE


aulas presenciais. Fora do ambiente escolar, notou-se uma
ampliação da realização de cursos on-line e de estudo por REALIZARAM ATIVIDADES
conta própria na Internet, sobretudo entre os usuários com OU PESQUISAS ESCOLARES
Ensino Médio ou Superior. PELA INTERNET

4ª EDIÇÃO:
CULTURA CULTURA, COMÉRCIO ELETRÔNICO,

89%
Em 2021, SERVIÇOS PÚBLICOS
cresceu a proporção ON-LINE,
de usuários TELESSAÚDE,
de Internet com
16 anos ou ENSINO REMOTO E TELETRABALHO
mais que assistiram a vídeos, programas, filmes
ou séries pela Internet, aumento que indica, devido à pande-
mia, um deslocamento de parte da fruição cultural para o am-
biente doméstico. O acompanhamento de atividades trans-
DOS USUÁRIOS ASSISTIRAM
mitidas pela Internet em tempo real, como as lives nas redes A VÍDEOS, PROGRAMAS,
sociais, manteve-se estável em relação à edição anterior da FILMES OU SÉRIES PELA
pesquisa, apesar de diferenças de sexo e classe social terem INTERNET
se acentuado no período, repetindo outras desigualdades

73%
existentes no acesso a conteúdo on-line.
Houve um aumento significativo na compra de ingressos
para eventos, como shows, cinema, peças de teatro ou expo-
sições, após uma queda acentuada em 2020, em função das
medidas de distanciamento social, que afetaram a demanda
DOS USUÁRIOS QUE
relacionada a atividades presenciais. Em relação à modalida-
de dos eventos, a compra de ingressos pela Internet dividiu- COMPRARAM INGRESSOS
-se entre eventos on-line e presenciais, refletindo o retorno de PELA INTERNET O FIZERAM
atividades culturais na modalidade presencial. PARA EVENTOS ON-LINE
9
Até a realização desta edição do Painel, o dia com mais registros de casos havia sido em 23 de junho, com mais de
115 mil novos casos, e o com mais óbitos em 8 de abril, com 4.249 mortes registradas em 24 horas. Mais informa-
ções disponíveis em https://covid.saude.gov.br/
COMÉRCIO ELETRÔNICO

72%
No segundo ano da pandemia, a prática do comércio
eletrônico permaneceu em patamar similar ao observado


em 2020 e bastante superior ao momento pré-pandemia.
Entre usuários da rede que compraram on-line, houve uma
ampliação das categorias de produtos, com aumento na DOS USUÁRIOS QUE
participação de bens duráveis, como eletrodomésticos, COMPRARAM PELA INTERNET
vestuário e equipamentos eletrônicos, e de bens não du- PAGARAM COM O PIX


ráveis, como comida ou produtos alimentícios, cosméticos
e medicamentos. No mesmo período, também houve au-
mento em categorias fortemente afetadas pela pandemia,
como a compra de passagens aéreas, que se aproximou do
nível pré-pandemia. A compra de ingressos para eventos

36%
apresentou aumento significativo em relação à primeira
edição do Painel TIC COVID-19, em 2020, embora ainda
em proporção inferior à verificada na TIC Domicílios 2018.


O Pix, modalidade de pagamento digital lançada em no-
vembro de 2020, recebeu adesão massiva de usuários COMPRARAM EQUIPAMENTOS


em 2021 e se tornou o segundo meio de pagamento mais
utilizado nas compras virtuais, mesmo patamar observa-
ELETRÔNICOS, COMO
do para o cartão de crédito. A adoção do Pix foi generali- CELULARES, TABLETS,
zada em todos os estratos analisados, com diferenças em VIDEOGAMES OU
relação à média que ficaram dentro da margem de erro. COMPUTADORES
4ª EDIÇÃO:
CULTURA, COMÉRCIO ELETRÔNICO,
SERVIÇOS PÚBLICOS ON-LINE, TELESSAÚDE,
ENSINO REMOTO E TELETRABALHO

SERVIÇOS PÚBLICOS ON-LINE

85%
Houve uma diminuição na proporção dos usuários de Inter-
net com 16 anos ou mais que utilizaram serviços de governo
eletrônico (85%). A categoria de serviços que sofreu a maior
redução foi a de serviços ligados aos direitos do trabalhador
ou à previdência social, como INSS, FGTS, seguro-desempre- DOS USUÁRIOS DE INTERNET
go, auxílio emergencial ou aposentadoria, categoria de ser- UTILIZARAM GOVERNO
viços com maior proporção na segunda edição da pesquisa. ELETRÔNICO
Em 2021, ela ficou atrás de serviços de saúde pública e de
documentos pessoais, como RG, CPF, passaporte ou carteira
de trabalho, os quais aumentaram em comparação à popula-
ção de referência da segunda edição do Painel.
 57%
O aumento na realização de serviços de saúde pública,
como agendamento de consultas, remédios ou outros ser-


viços do sistema público de saúde, ocorreu em quase to-
dos os estratos analisados, com as maiores diferenças em
relação à edição anterior da pesquisa observadas entre os DOS USUÁRIOS DE
usuários de 60 anos ou mais e aqueles da região Norte. 60 ANOS OU MAIS
Esse aumento coincide com o início da campanha da va- REALIZARAM SERVIÇOS


cinação contra a COVID-19 em todo o território nacional.
RELACIONADOS À SAÚDE
PÚBLICA


26%
TELESSAÚDE


Cerca de um quarto dos usuários de Internet com 16
anos ou mais utilizou serviços de telessaúde, como con-
sultas e agendamentos ou visualização de resultados de
DOS USUÁRIOS DE
exames pela Internet. As consultas on-line foram realiza- INTERNET REALIZARAM
das em maior quantidade na rede pública, enquanto os CONSULTA MÉDICA OU
4ª EDIÇÃO:
agendamentos de consultas e exames, e visualização COM OUTRO PROFISSIONAL
CULTURA,
de resultados COMÉRCIO
de exames ELETRÔNICO,
pela Internet ocorreram, prin- DA SAÚDE PELA INTERNET
cipalmente, na rede privada. Entre os principais motivos
SERVIÇOS que não ON-LINE,
PÚBLICOS TELESSAÚDE, DURANTE A PANDEMIA
apontados pelos usuários utilizaram esses servi-
ENSINO REMOTO E TELETRABALHO
ços estavam a preferência pelo atendimento presencial,
a falta de necessidade e a preocupação com a segurança

59%
de seus dados pessoais.
A realização de agendamentos de consultas, exames e
visualização de resultados de exames on-line aumentou
em todos os estratos investigados. No entanto, os usuá-
rios de Internet das classes AB seguiram realizando es- DOS USUÁRIOS QUE
ses serviços em proporção muito superior aos das clas- REALIZARAM CONSULTA PELA
ses C e DE. INTERNET O FIZERAM POR
Os aplicativos de mensagens instantâneas foram a APLICATIVOS DE MENSAGENS
principal ferramenta em consultas médicas ou com outro
INSTANTÂNEAS
profissional de saúde.
ENSINO REMOTO
Quase um terço dos usuários de Internet com 16 anos
ou mais declarou que frequentava escola ou universidade,
proporção maior entre aqueles pertencentes às classes
77%
DOS USUÁRIOS DE

 38%
AB. Desse total, dois terços afirmaram que a instituição INTERNET DAS CLASSES
onde estudavam ofertou aulas ou atividades educacionais DE COM 16 ANOS OU
remotas, e cerca de um quinto citou a oferta de aulas na MAIS QUE FREQUENTAM
modalidade híbrida. ESCOLA OU UNIVERSIDADE
O celular foi o principal dispositivo utilizado para acompa-
nhar as aulas e atividades remotas, sobretudo nas classes
ACOMPANHARAM AS AULAS


DE. A maior parte dos estudantes acessou os conteúdos
por meio de recursos digitais, principalmente via website,
rede social ou plataforma de videoconferência e, em menor
medida, por meio de aplicativos das escolas, universidades
ou Secretarias de Educação.
Muitos usuários alegaram dificuldades para acessar con-
TIVERAM DIFICULDADES
teúdos de aulas e atividades remotas. As principais bar- PARA ACOMPANHAR AS


reiras foram a dificuldade de esclarecer dúvidas com os AULAS POR FALTA OU BAIXA
professores, a falta de estímulo para estudar e a falta ou a QUALIDADE DA CONEXÃO À
baixa qualidade da conexão à Internet. INTERNET

TELETRABALHO
4ª EDIÇÃO:
CULTURA, COMÉRCIO ELETRÔNICO, DOS USUÁRIOS
Quatro em cada dez usuários de Internet que trabalharam
38%
durante a pandemiaSERVIÇOS ON-LINE, TELESSAÚDE,
PÚBLICOS especialmen-
realizaram teletrabalho, DE INTERNET QUE
te entre aqueles comENSINO REMOTO
Ensino Superior E pertencentes
e os TELETRABALHO às TRABALHARAM NOS
classes AB. ÚLTIMOS 3 MESES
O notebook foi o dispositivo usado com maior frequência REALIZARAM TRABALHO
para o trabalho remoto entre os usuários de Internet de clas-
ses mais altas, com maior escolaridade e mais velhos. Já o te-
REMOTO
lefone celular foi o dispositivo mais utilizado por aqueles das

68%
classes mais baixas e entre os mais jovens.
Um terço dos usuários de Internet que usaram o computa-
dor para trabalhar remotamente o compartilhava com outras
pessoas do mesmo domicílio. Embora a maioria já possuísse
o dispositivo, a compra desse dispositivo durante a pandemia DOS MOTORISTAS OU
foi maior nas classes AB e, nas classes C e DE, foi maior o uso ENTREGADORES POR
de computadores emprestados ou doados.
APLICATIVO TIVERAM
Entre os motoristas ou entregadores por aplicativo, a maio-
ria teve dificuldades para trabalhar por limitações da conexão PROBLEMAS PARA
à Internet, como a circulação em áreas sem cobertura ou o TRABALHAR RELACIONADOS
esgotamento do pacote de dados. À CONEXÃO DE INTERNET

ANÁLISE DOS RESULTADOS
PERFIL DE USO DA INTERNET
A pesquisa TIC Domicílios 2020 identificou,
em relação a 2019, um aumento da conec-
tividade nos domicílios brasileiros, chegando
a 83% a proporção de domicílios com acesso
à Internet. Na presente edição do Painel TIC
COVID-19, cuja população-alvo é, por defini-
ção, usuária de Internet, a proporção chega a
94%, embora haja diferença significativa en-
tre os domicílios das classes AB (99%) e DE
(86%). Nas classes AB, também foi observa-
da maior presença de banda larga fixa (83%)
do que nos domicílios das classes DE (50%).
A despeito do aumento na proporção de usu-
ários de Internet e da presença de conexão nos
domicílios, ganham maior evidência as diferen-
ças quanto à qualidade desse acesso, isto é,
quais recursos garantem uma “conectividade
significativa” (meaningful connectivity) para o
aproveitamento de oportunidades on-line. Isso
envolve alguns aspectos, como a frequência
de uso da Internet com dispositivos adequa-
PAINEL TIC COVID-19
dos, por meio de uma conexão de velocidade
apropriada e com dados suficientes.10
O quarto Painel TIC COVID-19 traz um in-
dicador inédito sobre a disponibilidade de co-
nexão à Internet. Os usuários das classes DE
relataram a disponibilidade da Internet sem-
pre que quiseram ou precisaram em menor
proporção (70%) do que as classes AB (87%).
Considerando os usuários que frequentam es-
cola ou universidade, essa proporção também
foi mais baixa entre aqueles que estudavam
em instituições públicas (74%) do que entre
os alunos de particulares (90%).
A pesquisa também explorou quais barrei-
ras impediram o uso da Internet sempre que
o usuário quis ou precisou. Para os usuários
de Internet com 16 anos ou mais das classes
DE, os principais motivos foram a velocida-
de insuficiente (16%), o esgotamento do pa-
cote de Internet (15%) e a indisponibilidade
de um computador ou celular (11%). A velo-
cidade insuficiente (16%) e o esgotamento
do pacote de Internet (11%) também foram
os principais motivos entre aqueles usuários
que frequentavam uma instituição de ensino
da rede pública.

GRÁFICO 1 – MOTIVO DO NÃO USO DA INTERNET SEMPRE QUE QUIS OU PRECISOU, POR CLASSE
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)

100

80

60

40

20 15 16
11 12 12
7 6 9
3
9 7 4 3 7 8 6 7 10
0 2 2
Por não ter um Por ter esgotado Porque a Por não saber Por outro motivo
computador ou o pacote velocidade como fazer
celular disponível de Internet da Internet alguma coisa
não permitiu pela Internet
TOTAL AB C DE

10
Mais informações disponíveis em Alliance for Affordable Internet (A4AI). (2020). Meaningful connectivity: A new
target to raise the bar for Internet access. Recuperado em 31 janeiro, 2022, de https://a4ai.org/meaningful-
connectivity e em Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). (2021). Para além da conectividade:
Internet para todas as pessoas. Panorama Setorial da Internet, 13(2). São Paulo: CGI.br.
10

Quanto aos dispositivos utilizados para
acessar a rede, na quarta edição do Painel
TIC COVID-19, verificou-se um aumento do
uso da Internet por computador em todos os
estratos da pesquisa, chegando a 54% do
total de usuários de Internet com 16 anos ou
mais (Gráfico 2). A migração de atividades de
ensino e trabalho para o modelo remoto pode
ter suscitado maior demanda por computado-
res11, cuja presença nos domicílios e uso para
acessar a Internet apresentavam tendência de
queda desde 2014, segundo a pesquisa TIC
Domicílios. Maiores proporções de uso desse
dispositivo foram observadas entre usuários
com Ensino Superior (86%) e das classes AB
(93%) em relação a usuários com até o Ensino
Fundamental (33%) e das classes DE (22%).
PAINEL TIC COVID-19
O celular é usado pela quase totalidade dos
usuários de Internet (99%); além disso, houve
um pequeno aumento no uso da Internet pela
televisão, que chegou a 64% dos usuários,
com crescimento mais expressivo entre aque-
les com 60 anos ou mais (64%), considerando
a população de referência da terceira edição
do Painel TIC COVID-19.12
Embora o uso da Internet exclusivamen-
te por telefone celular (46%), por sua vez,
tenha perdido espaço para o uso combi-
nado entre celular e computador (53%)
em quase todos os grupos analisados
em relação à população de referência da
edição anterior da pesquisa, ainda é uma
realidade para a maioria dos usuários de
Internet das classes DE (77%).

GRÁFICO 2 – DISPOSITIVO UTILIZADO PARA ACESSO À INTERNET

Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)

99 99 98 99 99 99 99
100 93
86 85
80 77
64 63 63
60 54 53 56
48 51

40 33
22
20

0
Superior Médio Até AB C DE
Fundamental

TOTAL GRAU DE INSTRUÇÃO CLASSE

COMPUTADOR (TOTAL) TELEFONE CELULAR TELEVISÃO

11
Seguindo metodologia internacional (UIT, 2020), a pesquisa considera computadores de mesa, notebooks e tablets.
12
Mais informações sobre as populações de referência das três primeiras edições do Painel TIC COVID-19 disponíveis na
seção "Relatório Metodológico" em https://www.cetic.br/pt/publicacao/painel-tic-covid-19/

11

A pandemia também afetou o padrão de
conexão à Internet pelo telefone celular, au-
mentando o acesso pela rede WiFi (94%). O
uso de redes móveis para se conectar à In-
ternet foi reportado por 73% dos usuários,
chegando a 88% entre aqueles das classes
AB. A maioria dos usuários (67%) reportou
usar ambas as tecnologias de conexão, sen-
do que o acesso à Internet exclusivamente
por WiFi foi maior entre usuários das classes
DE (38%), e o acesso exclusivo via rede mó-
vel (3G ou 4G) foi significativamente acima
da média na Região Norte (10%), resultado
relacionado à menor presença da banda lar-
ga fixa nos domicílios da região.
ATIVIDADES NA INTERNET
D e maneira geral, os resultados apontam
uma intensificação do uso das TIC no pri-
meiro semestre de 2021, período marcado
pela fase mais aguda da pandemia no país.
Embora se tenha observado um crescimen-
GRÁFICO 3 – ATIVIDADES REALIZADAS NA INTERNET – COMUNICAÇÃO
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)
100 96 98 96
91 92 95 92 94
82 81
80 76
60
40
20
0
Superior Médio Até
Fundamental
TOTAL GRAU DE INSTRUÇÃO
MANDOU MENSAGENS INSTANÂNEAS CONVERSOU POR CHAMADA DE VOZ OU VÍDEO
PAINEL TIC COVID-19
to maior da realização de atividades on-line
entre aqueles que, antes da pandemia, apre-
sentavam menores percentuais de uso das
tecnologias, as disparidades entre os grupos
permanecem relevantes.
As atividades de comunicação, que já ha-
viam aumentado em 2020 de acordo com as
primeiras edições do Painel TIC COVID-19,
seguiram em patamares elevados (Gráfico
3), com ampliação significativa de envio de
mensagens instantâneas (97%) e uso de
redes sociais (94%) por usuários de 45 a
59 anos. As chamadas de voz ou vídeo fo-
ram realizadas em maiores proporções por
usuários das classes AB (92%) em compa-
ração com os das classes DE (72%). Essas
atividades também ocorreram em maiores
proporções por aqueles que fizeram uso de
múltiplos dispositivos, em comparação com
os que acessam a rede exclusivamente pelo
telefone celular.
98 97
92
95
91 94
85 84 87
72
AB C DE
CLASSE
USOU REDES SOCIAIS
12
 PAINEL TIC COVID-19

O agravamento da pandemia também se re-
fletiu no aumento da busca por informações
relacionadas à saúde13 ou a serviços de saúde
(Gráfico 4), observado em quase todos os re-
cortes populacionais, em especial entre usu-
ários das classes DE (70%) de 45 a 59 anos
(80%), moradores da região Sudeste (82%),
em comparação com a população de referên-
cia da terceira edição do Painel TIC COVID-19.
Houve também um aumento da realização
de transações financeiras pela Internet em
comparação com a população de referência
da terceira edição do Painel TIC COVID-19,
com aumentos mais expressivos na região
Sul (75%) e entre usuários do sexo mascu-
lino (78%), resultados com patamares su-
periores aos observados pela pesquisa TIC
Domicílios 2020. Além das restrições ao
atendimento presencial em função do cres-
cimento dos casos de COVID-19 no primeiro
semestre de 2021, esse aumento também
pode ser entendido no contexto do surgi-
mento e avanço do Pix como modalidade de
pagamento eletrônico, como apresentado
adiante. Por último, cabe destacar que essas
atividades foram realizadas em maiores pro-
porções por usuários de Internet que fazem
uso de múltiplos dispositivos (computador e
celular) em comparação com os usuários ex-
clusivos de telefone celular.

GRÁFICO 4 – ATIVIDADES REALIZADAS NA INTERNET – BUSCA DE INFORMAÇÕES E SERVIÇOS

Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)

100 91
87
80 77 79 78 76
71 73 72 70
66
60 53

40

20

0
Feminino Masculino AB C DE

TOTAL SEXO CLASSE

PROCUROU INFORMAÇÕES RELACIONADAS À SAÚDE

FEZ CONSULTAS, PAGAMENTOS OU OUTRAS TRANSAÇÕES FINANCEIRAS

O Painel TIC COVID-19 também avaliou o uso
de ferramentas de aprendizagem on-line (Gráfi-
co 5), dimensão que ganhou relevância durante
a pandemia, em especial diante da suspensão
de atividades presenciais em instituições de
ensino, que continuou em vigor durante o ano
de 2021. Entre os indivíduos com Ensino Mé-
dio, houve aumento na realização dessas ativi-
dades em relação à população de referência da
edição anterior da pesquisa, incluindo a reali-
zação de pesquisas escolares (55%), cursos a
distância (37%) e estudo na Internet (63%). A

13
Ainda que o ambiente digital tenha facilitado o acesso à informação de maneira geral, também acelerou a disseminação
de desinformação sobre a crise sanitária, o que a OMS chamou de “infodemia”. Mais informações disponíveis em Núcleo
de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). (2021). Infodemia: a desinformação e a alfabetização midiática no
contexto da COVID-19. Panorama Setorial da Internet, 13(3). São Paulo: CGI.br.

13

realização de atividades ou pesquisas escolares
também aumentou de maneira significativa en-
tre mulheres (56%) e pessoas de 45 a 59 anos
(52%) e 60 anos ou mais (56%).
Para além do contexto escolar, houve am-
pliação da realização de cursos on-line entre
a população de 60 anos ou mais (31%) e da
classe C (32%). Entre aqueles que não fre-
quentavam escola ou universidade, também
foi observado um crescimento significativo na
realização de cursos on-line (24%) em compa-
ração com a população de referência da ter-
ceira edição do Painel TIC COVID-19.
GRÁFICO 5 – ATIVIDADES REALIZADAS NA INTERNET – EDUCAÇÃO E TRABALHO
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)
CULTURA
O Painel TIC COVID-19 revelou um avan-
ço na realização de atividades culturais
na Internet (Gráfico 6), após um aumento
mais substancial ocorrido no primeiro ano
da pandemia. Em 2021, cresceu a propor-
ção de usuários de Internet com 16 anos ou
mais que assistiram a vídeos, programas,
PAINEL TIC COVID-19
O trabalho remoto ou híbrido também foi
destacado como solução emergencial para a
manutenção de inúmeras atividades em perío-
dos de quarentena. Este Painel TIC COVID-19
apontou que 54% dos usuários de Internet
com 16 anos ou mais afirmaram ter realizado
atividades profissionais pela Internet no pe-
ríodo. O uso da Internet para tais atividades
seguiu concentrado em parcela específica da
força de trabalho, em especial entre os usuá-
rios de Internet com Ensino Superior (77%) e
pertencentes às classes AB (78%).
filmes ou séries pela Internet (89%), com-
parando com a população de referência da
edição anterior da pesquisa. Esse aumento
foi maior entre usuários de 60 anos ou mais
(88%) e entre as mulheres (87%).
Apesar de o acompanhamento de ativida-
des transmitidas pela Internet em tempo
real, como as lives nas redes sociais, ter se
14

mantido estável em relação à edição ante-
rior, houve um aumento da diferença entre
as proporções de homens (71%) e mulhe-
res (55%) que realizaram essa atividade.
Ampliou-se também a diferença entre as
proporções das classes AB (81%) e DE
(45%) em relação a essa atividade.Tam-
bém foi observado um aumento na propor-
GRÁFICO 6 – ATIVIDADES REALIZADAS NA INTERNET – MULTIMÍDIA
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)
100 96
89 89
86 86
81
80
69
62
60
40
20
0
AB
TOTAL
ASSISTIU A VÍDEOS, PROGRAMAS, FILMES OU SÉRIES
ACOMPANHOU TRANSMISSÕES DE ÁUDIO OU VÍDEO EM TEMPO REAL
A ampliação do acesso a conteúdos au-
diovisuais pela Internet refletiu-se também
no pagamento por serviços de filmes ou
séries e de música on-line. A proporção de
usuários de Internet com 16 anos ou mais
que pagaram por serviços de filmes ou sé-
ries aumentou em relação à população de
referência da edição anterior da pesquisa,
atingindo 43% em 2021. O pagamento por
serviços de música também aumentou no
período, chegando a 19%. No entanto, os
PAINEL TIC COVID-19
ção de usuários que leram jornais, revistas
ou notícias pela Internet (69%), especial-
mente entre homens (73%) e usuários
de 25 a 34 anos (70%). Essa atividade é
realizada em proporções maiores por usu-
ários com Ensino Superior (86%) do que
entre aqueles com até o Ensino Funda-
mental (58%).
88 91
79 80
69
63
57
45
C DE
CLASSE
OUVIU MÚSICA LEU JORNAIS, REVISTAS OU NOTÍCIAS
pagamentos por ambos os tipos de serviço
ainda aparecem em maior proporção entre
os usuários das classes mais altas (Gráfico
7). Ainda que o Painel TIC COVID-19 tenha
apontado maior demanda por serviços de
streaming, os resultados indicam que as
principais plataformas que disponibilizam
conteúdo audiovisual não são acessíveis
para a maioria dos usuários de Internet no
país, seja pelo custo do serviço em si, seja
pela qualidade do acesso à rede.
15
 PAINEL TIC COVID-19

GRÁFICO 7 – SERVIÇOS PAGOS PELA INTERNET, POR CLASSE

Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)

100

80
71

60

43 42 41
40

25
19
20
13
10

0
Serviços de filmes ou séries Serviços de músicas

TOTAL AB C DE

Houve um aumento significativo na com- Domicílios 2018, 26% dos usuários de

pra de ingressos para eventos (Gráfico
8), como shows, cinema, peças de teatro
ou exposições (11%) em relação a 2020,
quando esse tipo de atividade diminuiu
substancialmente em função das medidas
de distanciamento social, que afetaram as
atividades presenciais12. Entretanto, em
2021 a compra de ingressos pela Internet
ainda estava em patamar inferior ao perío-
do pré-pandemia: segundo a pesquisa TIC
Internet com 16 anos ou mais que fizeram
compras on-line haviam comprado ingres-
sos para eventos culturais pela Internet. Um
novo indicador do Painel explorou a moda-
lidade do evento: entre os que compraram
ingressos pela Internet, 73% foram para
eventos transmitidos pela rede e 69% o fi-
zeram para eventos presenciais, refletindo o
retorno de atividades culturais na modalida-
de presencial.

14
A UNESCO estima que, em 2020, o valor agregado bruto nos setores cultural e de lazer diminuiu US$ 750 bi-
lhões globalmente, com a perda de pelo menos 10 milhões de empregos. Mais informações disponíveis em
https://www.unesco.org/reports/reshaping-creativity/2022/en/download-report

16
 PAINEL TIC COVID-19

GRÁFICO 8 – COMPRA DE INGRESSOS PELA INTERNET PARA EVENTOS, COMO SHOWS, CINEMA, PEÇAS DE
TEATRO OU EXPOSIÇÕES
Usuários de Internet com 16 anos ou mais que compraram pela Internet (%)

29 30 29 32
26 23

11 13 12 13 12 13 11 10
10 8

TIC DOMICÍLIOS 2018* PAINEL TIC COVID-19 (2021)

* Neste indicador, o período de referência adotado pela TIC Domicílios 2018 é de 12 meses, considerando a sazo-
nalidade na realização de compras pela Internet. Já no Painel TIC COVID-19, por se tratar de pesquisa sobre uso da
Internet durante a pandemia, o período de referência adotado foi de 3 meses.

COMÉRCIO ELETRÔNICO Em 2021, 51% dos usuários comparam

N os primeiros meses da pandemia, o co-
mércio eletrônico apresentou-se como
alternativa central para a efetividade das
medidas de distanciamento social. Até
mesmo pequenas empresas buscaram se
adaptar rapidamente ao novo contexto, fa-
zendo uso de plataformas existentes, como
marketplaces e aplicativos de mensagens
instantâneas, para garantir sua presença
on-line e relacionar-se com os consumidores.
produtos e serviços pela Internet (Gráfico 9),
patamar superior ao observado na pesquisa
TIC Domicílios 2018 e similar ao observado
na edição anterior do Painel, em comparação
com a mesma população de referência. Em
relação a 2018, houve uma ampliação da
diferença entre as proporções de homens
(58%) e mulheres (46%) e entre usuários das
classes AB (81%) e DE (30%) que realizaram
essa atividade.

17

GRÁFICO 9 – COMPRA DE PRODUTOS OU SERVIÇOS PELA INTERNET
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)
100
80
58
60
51
46 43
38
40 34
20
0
Feminino Masculino
TOTAL SEXO
TIC DOMICÍLIOS 2018*
* Neste indicador, o tempo de referência adotado pela TIC Domicílios 2018 é de 12 meses, considerando a sazonalida-
de na realização de compras pela Internet. Já no Painel TIC COVID-19, por se tratar de pesquisa sobre uso da Internet
durante a pandemia, o tempo de referência adotado foi de 3 meses.
Entre os que compraram produtos e servi-
ços pela Internet, observou-se um aumento
da participação de diversas categorias de
produto (Gráfico 10). Esse crescimento
pode ser observado em bens mais duráveis,
como eletrodomésticos, vestuário e equi-
pamentos eletrônicos, e em itens não du-
ráveis, como medicamentos e comida, que
haviam subido expressivamente na primei-
ra edição do Painel TIC COVID-19 como re-
flexo do distanciamento social.
Em 2021, a proporção de usuários que
compraram comida ou produtos alimentícios
pela Internet chegou a 63%, enquanto 59%
compraram produtos para a casa ou eletro-
domésticos, 48% adquiriram cosméticos ou
produtos de higiene pessoal, e 46% compra-
ram medicamentos pela Internet. Além disso,
também se observou um aumento na compra
de equipamentos eletrônicos, como celulares,
tablets, videogames ou computadores (48%),
PAINEL TIC COVID-19
81
61
50
45
33 33 30
14
AB C DE
CLASSE
PAINEL TIC COVID-19 (2021)
e de programas de computador ou aplicativos
de celular (43%), em quase todos os estratos
considerados pela pesquisa.
Entre outros tipos de produtos comprados
pela Internet durante a pandemia, houve um
aumento na aquisição de jogos de computador
e videogame (23%), em especial pelos seg-
mentos com maior escolaridade (33% entre os
usuários com Ensino Superior) e classes mais
altas (40% entre usuários das classes AB). O
resultado insere-se em um contexto mais am-
plo de transformação do mercado de jogos
eletrônicos, com a ampliação da oferta de ser-
viços de assinatura de jogos e a possibilidade
de jogar por streaming, que reduz a exigência
de hardware e funciona também em celulares.
Houve ainda um aumento significativo na
compra de passagens aéreas (14%), categoria
fortemente afetada no primeiro ano da pande-
mia, mas ainda em patamar inferior ao verifica-
do na pesquisa TIC Domicílios 2018 (17%).
18
 PAINEL TIC COVID-19

GRÁFICO 10 – TIPO DE PRODUTO COMPRADO PELA INTERNET

Usuários de Internet com 16 anos ou mais que compraram pela Internet (%)

0 20 40 60 80 100
Comida ou produtos 21
alimentícios 63
Produtos para a casa 47
ou eletrodomésticos 59
Roupas, calçados, 49
material esportivo 53
38
Equipamentos eletrônicos
48
Cosméticos ou 25
produtos de higiene pessoal 48

Medicamentos 15
46
Aplicativos para 22
computador ou celular 43

Livros, revistas ou jornais 21

34

Itens de papelaria 9
25
18
Brinquedos
24
Jogos de computador 13
ou de videogame 23

Passagens aéreas 17
14

Ingressos para eventos 26

11

Outro produto 21
47

TIC DOMICÍLIOS 2018* PAINEL TIC COVID-19 (2021)

* Neste indicador, o tempo de referência adotado pela TIC Domicílios 2018 é de 12 meses, considerando a sazonalida-
de na realização de compras pela Internet. Já no Painel TIC COVID-19, por se tratar de pesquisa sobre uso da Internet
durante a pandemia, o tempo de referência adotado foi de 3 meses.

19

Os dados do Painel TIC COVID-19 confir-
mam a tendência de avanço das transações
financeiras pela Internet, acelerando um movi-
mento que ocorria entre os usuários de Internet
e as empresas ao longo dos últimos anos. Uma
novidade recente foi o lançamento, em novem-
bro de 2020, do Pix, uma modalidade de pa-
gamento digital que recebeu adesão massiva
de usuários ao longo de 202115. Ainda que o
PAINEL TIC COVID-19
cartão de crédito tenha se mantido como a for-
ma de pagamento mais comum nas compras
pela Internet (76%), a diferença em relação ao
segundo meio mais usado, o Pix (72%), ficou
dentro da margem de erro (Gráfico 11). O uso
do Pix em todos os estratos analisados tam-
bém esteve na margem de erro em relação à
média, revelando uma adoção generalizada da
nova modalidade de pagamento.

GRÁFICO 11 – FORMA DE PAGAMENTO DE COMPRA PELA INTERNET

Usuários de Internet com 16 anos ou mais que compraram pela Internet (%)

0 20 40 60 80 100
70
Cartão de crédito
76

Pix
72
52
Boleto bancário 65

Débito on-line ou 23
transferência bancária 49
29
Serviço de pagamento on-line
48
18
Pagamento na entrega
47

TIC DOMICÍLIOS 2018* PAINEL TIC COVID-19 (2021)

* Neste indicador, o tempo de referência adotado pela TIC Domicílios 2018 é de 12 meses, considerando a sazonalida-
de na realização de compras pela Internet. Já no Painel TIC COVID-19, por se tratar de pesquisa sobre uso da Internet
durante a pandemia, o tempo de referência adotado foi de 3 meses.

Em relação à compra de serviços pela Inter- ou aplicativos (43%). A contratação de cursos

net (Gráfico 12), foi observado um aumento na pagos pela Internet (21%) também cresceu
proporção de usuários de Internet que solici- em relação à edição anterior da pesquisa, es-
taram, por meio de aplicativos, táxis ou moto- pecialmente entre os usuários de 60 anos ou
ristas (51%) e pedidos de refeições em sites mais (23%).

15
Em julho de 2021, havia mais de 96 milhões de usuários pessoa física cadastrados no sistema; foram liquidadas 885 mi-
lhões de transações via Pix. Mais informações disponíveis em https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/estatisticaspix

20
 PAINEL TIC COVID-19
GRÁFICO 12 – SERVIÇOS REALIZADOS PELA INTERNET
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)
0 20 40 60 80 100
Pedidos de táxi ou 35
motorista por aplicativo 51
Pedidos de refeições 13
por website ou aplicativo 43
29
Serviços de filmes ou séries
43
Serviços financeiros 4
22
6
Cursos pagos
21
9
Serviços de músicas
19
Reservas de quartos 6
ou acomodações 9
Reserva de carro para aluguel 2
8
5
Outro serviço pago
24

TIC DOMICÍLIOS 2018* PAINEL TIC COVID-19 (2021)

* Neste indicador, o tempo de referência adotado pela TIC Domicílios 2018 é de 12 meses, considerando a sazonalida-
de na realização de compras pela Internet. Já no Painel TIC COVID-19, por se tratar de pesquisa sobre uso da Internet
durante a pandemia, o tempo de referência adotado foi de 3 meses.

SERVIÇOS PÚBLICOS ON-LINE em grande medida, pelos serviços ligados aos

A oferta de serviços públicos on-line duran- direitos do trabalhador ou à previdência social,

te a pandemia foi fundamental não ape- como INSS, FGTS, seguro-desemprego, auxí-
nas para dar continuidade aos serviços até lio emergencial ou aposentadoria. Em 2021,
então prestados de maneira presencial, mas essa categoria de serviços foi a que sofreu
também para viabilizar políticas públicas maior redução em relação à segunda edição
emergenciais à população mais afetada pela da pesquisa, coincidindo com mudanças nas
crise sanitária. Nesse sentido, o Painel TIC regras de pagamento do auxílio emergencial
COVID-19 investigou indicadores medidos do governo federal em 202116. Essa categoria
anteriormente pela pesquisa TIC Domicílios de serviço foi realizada por 48% dos usuários
para acompanhar as mudanças na demanda de Internet com 16 anos ou mais (Gráfico 13),
e no acesso a serviços públicos on-line. atrás de serviços de saúde pública (53%) e de
Em 2020, o primeiro Painel TIC COVID-19 documentos pessoais, como RG, CPF, passa-
observou um crescimento na realização de porte ou carteira de trabalho (50%), que au-
serviços públicos pela Internet, influenciado, mentaram em comparação à população de re-
ferência da segunda edição da pesquisa.
16
Em 2021, não foram abertas novas inscrições para o programa e, entre os inscritos, novas regras aumenta-
ram as restrições para o recebimento do benefício. Entre junho e dezembro de 2020, a média mensal de paga-
mentos do programa foi de R$ 31 bilhões, beneficiando 68 milhões de pessoas, valor que diminuiu para R$ 8
bilhões no primeiro semestre de 2021, chegando a 40 milhões de famílias. Mais informações disponíveis em
https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/execucao-orcamentaria-e-financeira/gastos-sociais-e-setoriais-
-da-uniao e https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/04/20/as-familias-que-perderam-a-renda-mas-nao-
-podem-pedir-o-auxilio-emergencial.ghtml
21
 PAINEL TIC COVID-19

Apesar da diminuição da realização de ser-
viços relacionados a direitos do trabalhador
ou previdência social em 2021 em relação a
2020, essa categoria esteve em proporção
significativamente superior à observada na
TIC Domicílios 2019 (36%). Ao todo, 85%
dos usuários de Internet com 16 anos ou mais
afirmaram que utilizaram serviços de governo
eletrônico nos últimos 12 meses, proporção
que atingiu 68% na TIC Domicílios 2019.

13:
GRÁFICO 13 – TIPO DE INFORMAÇÕES REFERENTES A SERVIÇOS PÚBLICOS PROCURADAS OU
SERVIÇOS PÚBLICOS REALIZADOS
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)

0 20 40 60 80 100
Direito do trabalhador 23
ou previdência social* 53
28
Documentos pessoais 50
36
Saúde pública
48
25
Educação pública**
32
Impostos e taxas 28
governamentais 29
Transporte público ou 14
outros serviços urbanos 23
11
Polícia e segurança
14

TIC DOMICÍLIOS 2019 PAINEL TIC COVID-19 (2021)

* No Painel TIC COVID-19, foi adicionado o auxílio emergencial pago pelo governo federal como um dos exemplos
de serviço público na área de direitos dos trabalhadores ou previdência social.
** No Painel TIC COVID-19, foi adicionado o ensino remoto como um dos exemplos de serviço público na área de
educação pública.

O aumento na realização de serviços de saú- tre de 2021, o início da vacinação contra a

de pública, como agendamento de consultas,
solicitação de remédios ou outros serviços do
sistema público de saúde, ocorreu em quase
todos os estratos analisados, com as maiores
diferenças observadas entre os usuários de
60 anos ou mais (57%) e aqueles da região
Norte (45%). Destaca-se, no primeiro semes-
COVID-19 em todo o território nacional. Em
muitos sistemas de saúde estaduais, foram
disponibilizados serviços on-line específicos
para a campanha de vacinação, como a possi-
bilidade de pré-cadastro ou de agendamento,
além da disponibilização para consulta on-line
de datas e locais de vacinação.

22
 PAINEL TIC COVID-19

Nesta edição, 36% dos usuários de Internet TELESSAÚDE

afirmaram que tentaram e receberam o auxílio
emergencial do governo federal. A proporção
foi maior nas classes mais baixas, chegando a
45% entre os usuários das classes DE. Outros
19% tentaram receber benefício, sem sucesso;
e 42% não tentaram recebê-lo. Entre aqueles
que tentaram pedir e não receberam, a maio-
ria (74%) respondeu que a solicitação não ha-
via sido aprovada ou ainda estava em análise.
Motivos relacionados à tecnologia, como não
possuir um smartphone, não haver espaço sufi-
ciente no dispositivo e limitações da Internet fi-
caram abaixo dos 10% cada, sem variação sig-
nificativa comparada à população de referência
de 2020. Dada a importância desse benefício
para parcelas mais vulneráveis da população17,
com conectividade mais limitada e que histo-
ricamente realizam serviços públicos on-line
em menores proporções, este é um indicador
importante no contexto de avanço do governo
eletrônico e do provimento de políticas públicas
pela Internet.18
C
om o avanço da pandemia COVID-19, a ne-
cessidade de evitar uma busca em massa
por atendimento presencial de saúde e o con-
sequente aumento potencial de contaminação
– inclusive de pacientes com outras doenças e
daqueles pertencentes aos grupos de risco –
impulsionaram a telessaúde como um dos prin-
cipais instrumentos da estratégia de cuidado
nesse período. Nesse contexto, o Painel TIC CO-
VID-19 investigou o uso de telessaúde19 pelos
usuários de Internet20 durante a pandemia.
No Brasil, o governo federal autorizou a reali-
zação de teleconsultas em caráter temporário
durante a pandemia21, a fim de possibilitar a rea-
lização de consultas diretas entre médicos e pa-
cientes via Internet. Os dados do Painel indicam
que um quarto dos usuários da rede com 16 anos
ou mais (26%) realizou consulta médica ou com
outro profissional da saúde via Internet no último
ano. A realização de consultas on-line foi maior
entre usuários das classes AB (42%) e com Ensi-
no Superior (37%) (Gráfico 14).

17
Segundo estimativas do Ipea, a partir de dados da PNAD COVID19, em agosto de 2020, mais de 6% dos
domicílios brasileiros (cerca de 4,25 milhões) sobreviveram exclusivamente com os rendimentos recebidos
por meio desse programa. Mais informações disponíveis em Carvalho, S. S. (2020). Os efeitos da pandemia
sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: Os resultados dos microdados da PNAD
Covid-19 de agosto. Carta de Conjuntura, 48, 3º trimestre de 2020.
18
Cidadãos não cadastrados previamente em programas do governo federal precisaram se cadastrar por meio
de um aplicativo de telefone celular, um website ou uma linha telefônica para solicitar o auxílio. A movimenta-
ção do benefício, depositado em uma conta digital, também era feita por meio de um aplicativo de celular.
19
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), telessaúde é a prestação de serviços de saúde em que
pacientes e prestadores estão distantes um do outro. A telessaúde usa as TIC para trocar informações sobre
diagnósticos e tratamentos de doenças; realizar pesquisas e avaliações; e promover a educação continuada
de profissionais de saúde. Essa modalidade de atendimento pode contribuir para alcançar a cobertura univer-
sal de saúde e é particularmente valiosa para aqueles em áreas remotas, grupos vulneráveis e populações em
envelhecimento. Recuperado em 11 setembro, 2020, de https://www.who.int/gho/goe/telehealth/en/
20
Mais informações sobre a adoção e uso da telessaúde pelos estabelecimentos de saúde e por profissionais
da área disponíveis na pesquisa TIC Saúde.
Recuperado em 2 fevereiro, 2022, de https://cetic.br/pt/pesquisa/saude/

21
Lei n. 13.989, de 15 de abril de 2020. (2020). Dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise causada pelo
novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Recuperado em 2 fevereiro, 2022, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Lei/L13989.htm

23
 PAINEL TIC COVID-19

GRÁFICO 14 – REALIZAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA OU COM OUTRO PROFISSIONAL DE SAÚDE PELA INTERNET
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)

100

80

60

42
40 37

26 29 28
24 26
22 22 22 20
20 18

0
Superior
Nordeste

Sul

Norte

Centro-Oeste

Fundamental
Sudeste

Médio

AB

DE
Até

TOTAL REGIÃO GRAU DE INSTRUÇÃO CLASSE

Entre os usuários que realizaram consul-
tas on-line, 69% declararam ter realizado
na rede pública, ou seja, pelo Sistema Úni-
co de Saúde (SUS), e 53% na rede privada
(Gráfico 15)22. Os dados coletados permi-
tem traçar um perfil dos usuários desse ser-
viço por rede de atendimento.
Em relação ao grau de instrução, a maioria
dos pacientes que tinham até Ensino Fun-
damental (94%) e Médio (79%) fez telecon-
sulta na rede pública, ao passo que entre os
com Ensino Superior, grande parcela (75%)
se consultou na rede privada. Na faixa etária
de 60 anos ou mais, houve uma redução da
diferença entre aqueles que realizaram con-
sulta médica pela Internet por meio da rede
pública (69%) e privada (62%), e aumento da
proporção daqueles entre 16 e 24 anos que
buscaram atendimento pela rede privada
(58%). Em relação à classe social, a maioria
dos usuários das classes AB (74%) utilizou
esse serviço na rede privada, enquanto boa
parte daqueles das classes C (80%) e DE
(85%) acessou esse serviço pelo SUS.

22
O acesso a planos de saúde privados no Brasil é mais concentrado entre aqueles com maior renda e com em-
pregos formalizados. Segundo os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em junho de 2021,
68% dos beneficiários de planos de saúde privados possuíam um plano coletivo empresarial. Recuperado em
6 fevereiro, 2022, de https://www.ans.gov.br/anstabnet/cgi-bin/tabnet?dados/tabnet_br.def

24
 PAINEL TIC COVID-19

GRÁFICO 15 – REALIZAÇÃO DE CONSULTA MÉDICA OU COM OUTRO PROFISSIONAL DE SAÚDE PELA

15:
INTERNET, POR REDE DE ATENDIMENTO
Usuários de Internet com 16 anos ou mais que realizaram consulta médica ou com outro profissional de
saúde pela Internet nos últimos 12 meses (%)

100 94
85
79 80
80 75 75 74
69 71 69
66 64 62
60 58 57 54
53
48 44
41 44 42
40 35 36

20

0
Superior
24 anos

34 anos

44 anos

59 anos

De 60 anos

Médio

Fundamental

AB

DE
De 16 a

De 25 a

De 35 a

De 45 a

ou mais

Até
TOTAL FAIXA ETÁRIA GRAU DE INSTRUÇÃO CLASSE

REDE PÚBLICA REDE PRIVADA

O meio mais utilizado para a realização das
consultas via Internet foram os aplicativos
de mensagens (como WhatsApp e Telegram)
(59%), em todos os estratos investigados pela
pesquisa, o que representa um aumento com-
parado à população de referência da segunda
edição da pesquisa, em particular nas regiões
Sudeste (62%) e Sul (54%). Aplicativos de vi-
deochamadas (31%), como Skype e Zoom, de
planos de saúde (34%), da rede pública (35%)
e outros tipos de aplicativos (36%) foram utili-
zados por cerca de um terço dos pacientes que
realizou teleconsultas.
A maioria daqueles que não realizaram tele-
consultas (77%) apontou a preferência pelo
atendimento pessoal. No entanto, os demais
motivos mencionados pelos não usuários do
serviço incluem a falta de necessidade de con-
sulta médica no período (60%), a preocupação
com a segurança dos dados pessoais (58%), o
fato de achar complicado realizar esse tipo de
serviço on-line (51%) e a falta de confiança em
realizar uma consulta via Internet (47%). Ape-
nas cerca de um quinto (19%) informou a não
realização de consulta por não ter encontrado
esse serviço disponível na Internet, resul-
tado que pode apontar a necessidade de
uma adaptação das redes de atendimento
a esse serviço de telemedicina no período
da pandemia.

25
 PAINEL TIC COVID-19

A pesquisa também investigou a realiza- rem suas informações pessoais de saúde

ção de agendamentos de consultas e de
exames, e a visualização de resultados de
exames on-line23. Embora tenha aumen-
tado em todos os estratos investigados,
as classes AB (51%) seguiram realizando
esses serviços em maior proporção que
as classes C (28%) e DE (19%) (Gráfico
16). A capacidade de os usuários acessa-
pela Internet ganhou nova relevância no
segundo semestre de 2021, com a dis-
cussão em torno da obrigatoriedade do
"passaporte da vacina" para entrar em
alguns estabelecimentos ou participar de
eventos, a fim de se comprovar se a pes-
soa completou o esquema vacinal contra
a COVID-19.

GRÁFICO 16 – SERVIÇOS DE SAÚDE REALIZADOS PELA INTERNET NOS ÚLTIMOS 12 MESES, POR CLASSE
Usuários de Internet com 16 anos ou mais (%)

Entre os usuários que utilizaram esses ser-
viços on-line, verificou-se que um maior per-
centual o fez na rede privada: 22% acessa-
ram resultados de exames, 19% agendaram
consultas médicas, 17% agendaram exames
e 15% fizeram agendamentos com outros
profissionais. Na rede pública, 17% visualiza-
ram resultados de exames, 16% agendaram
consultas médicas, 12% fizeram a marcação
de exames pela Internet e 11% agendaram
consultas com outros profissionais. Ressal-
ta-se que a ampliação da disponibilidade e do
uso desses serviços on-line, principalmente
na atenção primária da rede pública, teria o
potencial de diminuir o deslocamento da po-
pulação até os estabelecimentos para realizar
os agendamentos, contribuindo, assim, com
as recomendações de distanciamento social
durante a pandemia.
Aqueles usuários que não realizaram agen-
damentos ou visualizaram resultados de
exames responderam, em sua maioria, que
não precisaram realizar esse serviço (74%).
O segundo motivo mais apontado para todos
os estratos investigados foi a preocupação
com a segurança dos dados pessoais (57%),

23
Segundo os dados da pesquisa TIC Saúde 2021, 22% dos estabelecimentos de saúde brasileiros oferecem
agendamento on-line de consultas, 21% agendamento on-line de exames e 24% visualização de resultados
on-line de exames. Recuperado em 2 fevereiro, 2022, de https://www.cetic.br/pt/tics/saude/2021/estabeleci-
mentos/C1/

26
 PAINEL TIC COVID-19

motivo apontado por 64% dos usuários das
classes DE, com diferença de 15 pontos
percentuais entre mulheres (63%) e homens
(48%) que demonstraram essa preocupa-
ção. Razões como a preferência por realizar
contato telefônico (43%), achar complicado
fazer esse serviço pela Internet (36%) e não
haver confiança em realizar esse serviço pela
Internet (36%) foram apontadas por menos
da metade dos usuários. Além disso, um
quarto (25%) respondeu não ter encontrado
o serviço disponível on-line.
Em suma, não obstante os resultados da
pesquisa indiquem a aderência e a utilização
de serviços de telessaúde por uma parcela
da população, há desigualdades de uso em
relação ao grau de instrução e classe. Ao
mesmo tempo, é necessário observar o com-
portamento dos usuários de Internet quanto
à privacidade e à proteção de seus dados
pessoais na área da saúde, tema que perma-
neceu no centro das preocupações de parte
dos pesquisados.
ENSINO REMOTO
O ano de 2021 foi marcado pelo retorno
gradual das atividades educacionais à moda-
lidade presencial, com variações nas estraté-
gias de regresso entre estados e municípios
brasileiros, de acordo com os níveis de dis-
seminação da COVID-19 entre a população,
cujos índices atingiram os maiores patama-
res durante o primeiro semestre de 2021.
No decorrer do ano, em alguns momentos
as instituições educacionais permaneceram
fechadas, com oferta de ensino totalmente
remoto ou abertas apenas para atendimen-
to a alunos com maior dificuldade de apren-
dizagem ou para a oferta de merenda. Mas,
em grande parte dos casos, foram adotados
modelos de ensino híbrido, com parte dos
alunos frequentando a instituição de ensino
presencialmente e parte permanecendo na
modalidade remota, em esquema de rodízio.
A heterogeneidade de condições vivenciadas
pelos estudantes na realização de atividades
educacionais e, em especial, as desigualdades
de acesso e uso das tecnologias digitais torna-
ram-se mais evidentes com a pandemia. Tais
desafios limitaram a participação e o aprovei-

A emergência sanitária gerada pela pan-

demia provocou o fechamento das esco-
las em todo o território nacional. Segundo
tamento escolar de parte dos alunos nas ati-
vidades baseadas em ensino híbrido ou total-
mente remoto durante esse período25, além de
levantamento da UNESCO, o Brasil foi um gerarem impactos nas taxas de atendimento
dos países com período mais longo de fe- escolar26 e de alfabetização.27
chamento das escolas24, o que gerou gran- Pouco menos de um terço dos usuários de
des impactos ao desenvolvimento dos pro- Internet com 16 anos ou mais (31%) declarou
cessos de ensino e de aprendizagem.
24
Mais informações disponíveis em https://en.unesco.org/covid19/educationresponse
25
Nos EUA, onde houve bastante diferença de modo de ensino (presencial, híbrido ou remoto) entre distritos
escolares, as evidências indicam que o desempenho em testes padronizados foi pior nos distritos em que houve
menos ensino presencial. Mais informações disponíveis em Halloran, C., Jack, R., Okun, J. C., & Oster, E. (2021).
Pandemic Schooling Mode and Student Test Scores: Evidence from US States (NBER Working Paper No. 29497).
National Bureau of Economic Research. Recuperado em 19 dezembro, 2021 de https://www.nber.org/papers/
w29497
26
Levantamento do Todos Pela Educação com base na PNADC mostra que, no segundo trimestre de 2021, houve
um aumento de 171,1% daqueles que estavam fora das escolas, na comparação com o mesmo período de 2019,
além do aumento significativo do número de crianças com defasagem idade-série. Mais informações disponíveis
em https://todospelaeducacao.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2021/12/nota-tecnica-taxas-de-atendi-
mento-escolar.pdf
27
Levantamento do Todos Pela Educação com base na PNADC mostra que, entre 2019 e 2021, houve um au-
mento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever. Mais informações
disponíveis em https://todospelaeducacao.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2022/02/digital-nota-tecnica-
-alfabetizacao-1.pdf

27

que frequentava escola ou universidade no
momento da coleta dos dados da pesquisa,
proporção maior entre aqueles pertencentes
às classes AB (41%). Entre os usuários que
frequentavam escola ou universidade, 67%
estudavam em instituições públicas e 33%
em instituições particulares. Entre esses usu-
ários das classes C e DE, a maioria estudava
em instituições públicas (76% e 78%, respec-
tivamente), sendo que apenas 24% dos estu-
dantes da classe C e 22% dos das classes DE
frequentavam instituições particulares. Entre
aqueles das classes AB, há um equilíbrio nas
proporções: 56% estudavam em instituições
particulares e 44% na rede pública.
Sobre a modalidade de ensino ofertada nos
3 meses anteriores à pesquisa, 63% dos usu-
ários de Internet com 16 anos ou mais que
frequentam escola ou universidade afirmaram
que a instituição onde estudavam ofertou au-
GRÁFICO 17 – ACOMPANHAMENTO DAS AULAS OU ATIVIDADES REMOTAS OFERTADAS PELA ESCOLA OU
17:
UNIVERSIDADE NOS ÚLTIMOS 3 MESES
Total de usuários de Internet com 16 anos ou mais que frequentam escola ou universidade (%)
100
87
82 82
80
60
40
20
0
Superior Médio
Fundamental
TOTAL GRAU DE INSTRUÇÃO
PAINEL TIC COVID-19
las ou atividades educacionais remotas, com
proporção similar entre os que estudavam na
rede privada (64%) e na rede pública (63%).
A oferta da modalidade híbrida foi mencio-
nada por 19% desses usuários, sendo que,
no Sul e no Sudeste, a proporção alcançou
32% e 29%, respectivamente. Essa oferta
foi maior entre aqueles matriculados em ins-
tituições privadas (23%) e pertencentes às
classes AB (26%).
O acompanhamento das atividades re-
motas pelos usuários de Internet com 16
anos ou mais que frequentam escola ou
universidade foi maior entre aqueles das
classes AB (93%) do que entre aqueles
das classes C (78%) e DE (77%); também
foi maior entre aqueles com Ensino Supe-
rior (87%) e Ensino Médio (82%) do que
entre aqueles que possuem até o Ensino
Fundamental (74%) (Gráfico 17).
93
78 77
74
Até AB C DE
CLASSE
28
 PAINEL TIC COVID-19

A partir da experiência acumulada na imple-
mentação de iniciativas de ensino remoto du-
rante o ano de 2020, em 2021, grande parte
das redes estaduais28 e municipais de Educa-
ção Básica intensificaram o uso de tecnologias
digitais na oferta de aulas e atividades educa-
cionais, estando as redes sociais e os aplicati-
vos de mensagem instantânea entre principais
recursos adotados29. O uso desses recursos foi
combinado com o envio de materiais impressos
aos estudantes, em especial para aqueles que
apresentaram dificuldades em acessar dispo-
sitivos, sistemas e redes digitais.
Tal cenário é observado também na presen-
te edição do Painel TIC COVID-19. Em gran-
de parte dos casos, os usuários que acompa-
nharam as aulas ou atividades educacionais
remotas acessaram tais conteúdos por meio
de recursos digitais, seja por meio de website,
rede social ou plataforma de videoconferência
(70%), seja por meio de aplicativo da esco-
la, universidade ou Secretaria de Educação
(59%). Destaca-se também o uso de materiais
impressos entregues pela escola ou universi-
dade para acesso aos conteúdos educacio-
nais, recurso utilizado por 37% dos usuários
de Internet com 16 anos ou mais que acompa-
nharam as aulas ou atividades remotas oferta-
das pelas instituições de ensino (Gráfico 18). A
entrega de livros e apostilas pelas Secretarias
de Educação foi uma das estratégias adota-
das para que os estudantes, especialmente
aqueles das camadas mais vulneráveis da po-
pulação, sem acesso a dispositivos e redes,
recebessem materiais didáticos e atividades
educacionais durante a pandemia.

GRÁFICO 18 – RECURSOS UTILIZADOS PARA ACOMPANHAMENTO DE AULAS OU ATIVIDADES REMOTAS

Total de usuários de Internet com 16 anos ou mais que frequentam escola ou universidade (%)

0 20 40 60 80 100
Website, rede social ou plataforma 70
de videoconferência
Aplicativo da escola, da universidade 59
ou da Secretaria de Educação
Materiais impressos entregues
37
pela escola ou pela universidade
Acompanhou as aulas presencialmente,
27
na escola ou na universidade

Canal de televisão 10

Rádio 5

28
Segundo relatório da Rede de Pesquisa Solidária, entre as redes de ensino estaduais que preservaram o
orçamento para investimento em iniciativas de continuidade das atividades educacionais, o Índice de Educação
a Distância (IEAD), ou seja, a amplitude e o potencial de alcance dos programas de ensino remoto das redes,
aumentou em relação ao ano de 2020. Mais informações disponíveis em https://redepesquisasolidaria.org/wp-
-content/uploads/2021/07/boletimpps-33-23julho2021.pdf
29
Em julho de 2021, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) divulgou um estudo com
3.355 redes de ensino municipais sobre as iniciativas adotadas pelas redes na transição entre os anos letivos
de 2020 e 2021. Segundo os dados coletados, quase a totalidade das redes havia adotado materiais impressos
e aplicativos de mensagem instantânea, como o WhatsApp, para dar continuidade às atividades educacionais.
Mais informações disponíveis em https://undime.org.br/uploads/documentos/phpc5pE5f_61af86c21b566.pdf

29
 PAINEL TIC COVID-19

As principais barreiras reportadas pe- xa qualidade da conexão à Internet (38%)

los usuários para participar das aulas ou
atividades remotas ofertadas pelas insti-
tuições de ensino estavam relacionadas
à dificuldade de esclarecer dúvidas com
os professores (41%), à falta de estímu-
lo para estudar (41%) e à falta ou à bai-
(Gráfico 19). A falta de estímulo para es-
tudar (42%) foi a barreira mais menciona-
da por usuários das classes AB, ao passo
que a dificuldade para esclarecer dúvidas
com os professores foi mais reportada por
aqueles das classes DE (40%).

GRÁFICO 19 – BARREIRAS PARA ACOMPANHAMENTO DE AULAS OU ATIVIDADES REMOTAS

Total de usuários de Internet com 16 anos ou mais que frequentam escola ou universidade (%)

0 20 40 60 80 100
Dificuldade para tirar dúvidas
com os professores 41

Falta de estímulo para estudar 41

Falta ou baixa qualidade 38
da conexão à Internet
Baixa qualidade do conteúdo das aulas 33
Falta de espaço adequado para estudar 29
Falta de tempo para estudar 27
Falta de acesso a materiais de estudo 23
Falta de equipamentos para assistir às aulas 22

Os jovens, especialmente dos grupos mais acompanharam aulas ou atividades ofertadas

vulneráveis, foram também impactados pelas
mudanças na economia do país: muitos tive-
ram de buscar formas de apoiar as famílias,
seja por meio de uma atividade remunerada
para complementar a renda familiar30, seja
por meio da administração das atividades do-
mésticas. A necessidade de buscar emprego
(67%), não ter conseguido ou não gostar de
estudar a distância (56%), a falta de motiva-
ção para assistir às aulas (54%) e a necessi-
dade de cuidar da casa, dos irmãos, filhos ou
outros parentes (52%) estavam entre os moti-
vos citados em maiores proporções pelos usu-
ários de Internet com 16 anos ou mais que não
pelas instituições de ensino (Gráfico 20).
Entre os usuários de Internet com 16 anos
ou mais das classes AB que não participaram
das atividades remotas, 59% afirmaram não
ter acompanhado as aulas por ser necessário
cuidar da casa, dos irmãos, filhos ou outros
parentes. Entre aqueles das classes DE, a ne-
cessidade de buscar um emprego (63%) foi
o motivo citado em maior proporção. Aproxi-
madamente metade dos usuários de Internet
com 16 anos ou mais que não acompanharam
as aulas ou atividades ofertadas pela escola
ou universidade (48%) afirmou não possuir
condições financeiras para pagar o curso.

30
Pesquisa realizada pelo Conselho Nacional da Juventude com jovens que frequentavam o Ensino Médio, em
parceria com a Rede Conhecimento Social e a Fundação Roberto Marinho, apontou que 45% dos estudantes
pertenciam a famílias que haviam perdido total ou parcialmente a renda. Entre os estudantes de escolas pú-
blicas, quatro a cada dez haviam sofrido a diminuição ou a perda total de sua renda pessoal. Mais informações
disponíveis em https://atlasdasjuventudes.com.br/wp-content/uploads/2021/08/JuventudesEPandemia2_
Relatorio_Nacional_20210702.pdf

30
 PAINEL TIC COVID-19

GRÁFICO 20 – MOTIVOS PARA NÃO ACOMPANHAR AULAS OU ATIVIDADES REMOTAS

Usuários de Internet com 16 anos ou mais que não acompanharam as aulas ou atividades ofertadas
pela escola ou universidade, considerando o período total da pandemia ou os 30 dias anteriores à
pesquisa (%)

0 20 40 60 80 100

Precisa buscar emprego 67

Não conseguiu ou não gosta

56
de estudar a distância
Não sente motivação
para assistir às aulas 54

Precisa cuidar da casa, dos irmãos, 52

filhos ou outros parentes
Não tem mais condições financeiras 48
para pagar pelo curso
Não quis estudar durante a pandemia 40

Faltam equipamentos
34
para acessar as aulas
A escola não ofereceu aulas
32
ou atividades do curso

Decidiu abandonar os estudos 32

Não tem acesso à Internet

29
ou ela é de baixa qualidade
Esteve doente ou impossibilitado(a) 25
de assistir às aulas
Esteve de férias 19

Algum outro motivo 33

Além da falta de motivação e das dificulda-
des relacionadas à mediação dos professores,
a falta de recursos digitais para acessar as au-
las e atividades educacionais remotas foi um
dos principais aspectos que contribuíram para
que os estudantes não conseguissem dar con-
tinuidade ao acompanhamento das atividades
educacionais remotas. As desigualdades de
acesso dos estudantes a dispositivos conecta-
dos são marcantes: mais de três quartos dos
usuários de Internet com 16 anos ou mais das
classes DE (77%) acessavam a rede exclusiva-
mente pelo telefone celular, percentual que era
de 7% entre os usuários das classes AB.
Também há disparidades na disponibilida-
de de dispositivos para o acompanhamen-
to das atividades educacionais: enquan-
to 72% dos usuários de Internet com 16
anos ou mais das classes AB que frequen-
tavam escola ou universidade utilizaram um
computador portátil, como um notebook, e
56%, um computador de mesa, entre os

31

usuários da classe C tais proporções caem
para 33% e 20%, respectivamente, e, en-
tre aqueles das classes DE, para 10% e
2%, respectivamente.
O telefone celular (46%) foi o dispositivo
utilizado com maior frequência para acom-
panhar as aulas e atividades educacionais
remotas (Gráfico 21), citado por 28% dos
PAINEL TIC COVID-19
usuários das classes AB, 46% dos usuá-
rios da classe C e 64% dos usuários das
classes DE. Em grande parte dos casos, o
celular utilizado nas atividades educacio-
nais era de uso exclusivo dos estudantes
(62%), mas 11% dos usuários afirmaram
compartilhá-lo com outros moradores
do domicílio.

GRÁFICO 21 – DISPOSITIVOS UTILIZADOS COM MAIOR FREQUÊNCIA PARA ACOMPANHAMENTO DE AULAS

OU ATIVIDADES REMOTAS
Total de usuários de Internet com 16 anos ou mais que frequentam escola ou universidade (%)

0 20 40 60 80 100

TOTAL 46 21 10 1 22

AB 28 39 21 21 9

CLASSE C 46 19 10 25

DE 64 5 2 28

TELEFONE CELULAR NOTEBOOK COMPUTADOR DE MESA

TABLET TELEVISÃO NÃO SE APLICA

Esta edição do Painel também explorou a
origem do dispositivo utilizado para acompa-
nhar pela Internet as aulas ou as atividades
remotas ofertadas pela escola ou pela univer-
sidade. Em relação ao telefone celular, 53%
dos usuários de Internet com 16 anos ou mais
que frequentam escola ou universidade dis-
seram que usavam esse dispositivo antes da
pandemia, e 16% afirmaram que o dispositivo
foi comprado durante a pandemia. No caso do
computador, 35% desses usuários disseram
que usavam esse dispositivo antes da pande-
mia e 7% afirmaram que o dispositivo foi com-
prado durante a pandemia, proporções que fo-
ram de 60% e 14%, respectivamente, entre
aqueles das classes AB.

32
 PAINEL TIC COVID-19

TELETRABALHO (31%) e das classes AB (66%) e C (33%).

A pandemia transformou a rotina de muitas
empresas, seja na forma com que se re-
lacionam com seus consumidores, seja em
seus processos internos de trabalho. Traba-
lhos com maior grau de digitalização puderam
migrar para a modalidade remota e surgiram
novos arranjos, como o trabalho híbrido, mes-
clando o trabalho presencial e o remoto.
A quarta edição do Painel TIC COVID-19 ob-
servou um aumento da proporção de usuários
de Internet com 16 anos ou mais que realiza-
ram trabalho remoto, home office ou teletraba-
lho31 nos 3 meses anteriores à pesquisa (38%),
comparando com a população de referência da
terceira edição; destes, 80% o fizeram como
consequência da pandemia. Esse crescimen-
to foi maior entre usuários com Ensino Médio
Usuários das classes AB e aqueles com Ensi-
no Superior (61%) realizaram trabalho remoto
em proporções superiores às de usuários de
classes mais baixas e menor grau de instrução
(Gráfico 22), percentuais alinhados com a ten-
dência de digitalização em ocupações de maior
remuneração e com exigência de escolaridade
mais alta.
Dos usuários de Internet ocupados, mas que
não realizaram trabalho remoto nos últimos 3
meses, 13% deles haviam realizado trabalho
remoto antes do período de referência. Entre
aqueles com Ensino Superior e os das classes
AB, a proporção chega a 23%, indicando um
movimento de retorno à modalidade presencial
no intervalo entre as duas edições da pesquisa.

GRÁFICO 22 – REALIZAÇÃO DE TRABALHO REMOTO NOS ÚLTIMOS 3 MESES

Usuários de Internet com 16 anos ou mais que trabalharam pelo menos uma hora nos últimos 3
meses (%)

100

80
66
61
60

38 39
40 36
31 33

20 19 16

0
Superior
Masculino

Feminino

Médio

Fundamental

AB

DE
Até

TOTAL SEXO GRAU DE INSTRUÇÃO CLASSE

31
Entre os produtores oficiais de estatística não há uma definição universalmente aceita sobre o teletrabalho.
O Painel TIC COVID-19 adotou formulação semelhante à utilizada pelo IBGE, ao indagar: “Durante a pandemia,
você fez trabalho remoto, home office ou teletrabalho, pela Internet?”. Para fins desta análise, os termos teletra-
balho, trabalho remoto e home office, desde que realizados pela Internet, estão sendo usados como sinônimos.
Cabe lembrar que o Artigo 75-B da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) considera como teletrabalho “a pres-
tação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias
de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo”. Essa altera-
ção foi realizada por meio da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017.
33

Ao avaliar as condições necessárias para
o teletrabalho, a pesquisa buscou identifi-
car a disponibilidade de algum dispositivo
conectado e acessível aos trabalhadores.
O telefone celular foi usado por 92% de-
les, o notebook, por 63%, o computador
de mesa, por 43% e o tablet, por 20% dos
usuários de Internet que realizaram traba-
lho remoto. Quanto ao dispositivo utilizado
com maior frequência para realizar ativida-
des de trabalho, houve destaque para dois
deles, de forma oposta: o notebook é o
mais usado pelos usuários de classes mais
altas (43% daqueles das classes AB), com
PAINEL TIC COVID-19
maior escolaridade (43% daqueles com
Ensino Superior) e mais velhos (42% dos
com 60 anos ou mais), ao passo que o tele-
fone celular foi o dispositivo mais utilizado por
usuários de Internet das classes mais baixas
(84% dos das classes DE), com menor esco-
laridade (86% dos que possuem até o Ensino
Fundamental) e mais jovens (57% dos indiví-
duos com idades entre 25 e 34 anos) (Gráfico
23). As disparidades entre indivíduos quanto
ao acesso a dispositivos adequados podem in-
dicar um aproveitamento mais restrito de fun-
cionalidades oferecidas pelas TIC32, inclusive
no contexto profissional.

GRÁFICO 23 – DISPOSITIVO UTILIZADO COM MAIS FREQUÊNCIA PARA REALIZAR ATIVIDADES DE TRABALHO
REMOTO NOS ÚLTIMOS 3 MESES
Usuários de Internet com 16 anos ou mais que realizaram trabalho remoto nos últimos 3 meses (%)

0 20 40 60 80 100
TOTAL 19 32 1 48

Superior 28 43 1 28
GRAU DE
INSTRUÇÃO Médio 11 24 1 63

Até Fundamental 8 6 86

AB 26 43 1 29

CLASSE C 16 24 60

DE 3 13 84

COMPUTADOR DE MESA NOTEBOOK TABLET TELEFONE CELULAR

Para 89% dos usuários que usaram o telefo- com outras pessoas do mesmo domicílio. Por
ne celular para realizar trabalho remoto, o dis- classe social, há diferenças importantes: en-
positivo era de uso exclusivo, proporção que quanto 28% dos usuários de Internet das clas-
não variou de maneira estatisticamente sig- ses AB que usaram computador para trabalho
nificativa em nenhum dos estratos considera- remoto precisavam compartilhar o dispositivo,
dos pela pesquisa. Entretanto, entre aqueles na classe C, essa proporção era de 40% e,
que usaram computador para realizar trabalho nas classes DE, alcançava 44%. Mesmo nos
remoto, para 66% deles, o dispositivo era de domicílios que dispunham de conexão à In-
uso exclusivo, mas 33% o compartilhavam ternet, a pandemia encontrou muitos com
32
A pesquisa TIC Domicílios tem apontado que indivíduos que fazem uso da Internet exclusivamente pelo celular
realizam um número mais restrito de atividades on-line. Mais informações disponíveis em Comitê Gestor da Inter-
net no Brasil (CGI.br). (2020). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios
brasileiros: TIC Domicílios 2019. São Paulo: CGI.br.
34

quantidade insuficiente de computadores
diante do aumento da demanda para a reali-
zação de trabalho e ensino remoto.
A quarta edição da pesquisa incluiu ain-
da um indicador referente à origem desses
dispositivos (Gráfico 24). Entre os usuários
de Internet que começaram a trabalhar re-
motamente em decorrência da pandemia e
usaram o telefone celular para realizar tra-
balho remoto, 70% já o usavam antes da
pandemia e 25% compraram um disposi-
tivo durante a pandemia. Diante da grande
penetração do celular medida pela pesqui-
sa TIC Domicílios 2020 (89% da população
possui o dispositivo), presume-se que boa
parte dessas aquisições se trate da atua-
lização de modelos e não necessariamente
do aumento do número de dispositivos.
PAINEL TIC COVID-19
Em relação ao computador — incluindo
computadores de mesa, notebooks e ta-
blets —, esse novo indicador mostra um ce-
nário mais diverso. Embora, na média, 75%
daqueles que começaram a trabalhar remo-
tamente em decorrência da pandemia e uti-
lizaram o computador para realizar trabalho
remoto, entre as classes AB, 14% deles
compraram o dispositivo durante a pan-
demia; entre os da classe C, 12% usaram
computadores emprestados por amigos ou
familiares durante a pandemia; e, nas clas-
ses DE, 12% receberam esse computador
por doação durante a pandemia. A distribui-
ção de computadores pela organização em-
pregadora ficou entre 1% e 5% em quase
todos os estratos analisados.33

24:
GRÁFICO 24 – ORIGEM DO CELULAR OU COMPUTADOR* USADO PARA TRABALHO REMOTO
Usuários de Internet com 16 anos ou mais que começaram a trabalhar remotamente em decorrência da
pandemia e usaram o dispositivo para realizar trabalho remoto (%)**
0 20 40 60 80 100
TOTAL 70 25 21 3
TELEFONE CELULAR

AB 72 26 11

CLASSE C 69 23 211 4

DE 62 27 2 8

0 20 40 60 80 100
TOTAL 75 11 9 32
COMPUTADOR

AB 77 14 8 1

CLASSE C 71 9 12 5 3

DE 81 5 2 12

JÁ USAVA ANTES DA PANDEMIA FOI COMPRADO DURANTE A PANDEMIA

FOI EMPRESTADO POR AMIGOS OU FAMILIARES FOI DISTRIBUÍDO PELA EMPRESA OU ORGANIZAÇÃO
FOI RECEBIDO POR DOAÇÃO TEM OUTRA ORIGEM
* Os tipos de computador considerados são: computador de mesa, notebook e tablet.
** Nas tabelas de resultados, a base usada foi "usuários de Internet com 16 anos ou mais que realizaram trabalho
remoto nos últimos 3 meses".
33
O uso de computadores pessoais para acessar os recursos das redes internas das organizações representam
um desafio para os modelos tradicionais de segurança da informação, visto que esses dispositivos estão menos
sujeitos ao controle das áreas ou departamentos de TI. Essa é uma questão que pode ultrapassar o período da
pandemia com a adoção de um regime mais híbrido de trabalho.
35

Outro aspecto do trabalho realizado por
meio da Internet cujo papel tem sido rele-
vante durante a pandemia foi a intensifica-
ção do uso das redes sociais e de aplicativos
para disponibilização e venda de diversos
produtos e serviços, resultado da busca por
fontes alternativas de renda. A pesquisa ob-
servou um aumento da venda de produtos
ou serviços por aplicativos de mensagens
(32%) e por redes sociais (31%), comparan-
do com a população de referência da tercei-
ra edição (Gráfico 25). Em ambos os casos,
esse crescimento foi maior entre os homens,
usuários de 35 a 44 anos e de 60 anos ou
mais, e aqueles das classes AB.
Aumentou também a proporção dos usuá-
rios que venderam produtos ou serviços por
PAINEL TIC COVID-19
outras plataformas ou aplicativos (22%),
desta vez puxada por mulheres e usuários
tanto das classes AB quanto das classes
DE, possível reflexo do crescimento de
marketplaces no Brasil34 e da presença de
microempreendedores individuais (MEI)35
nessas plataformas.
O trabalho como motorista por aplicativo
e entregador por aplicativo foi realizado,
respectivamente, por 5% e 4% dos usuá-
rios de Internet com 16 anos ou mais que
trabalharam nos últimos 3 meses, propor-
ções similares às da edição anterior. Esse
tipo de atividade era mais comum entre
os usuários homens (8% e 6%, respecti-
vamente) do que entre as mulheres (3% e
2%, respectivamente).

25:
GRÁFICO 25 – USUÁRIOS DE INTERNET QUE REALIZARAM ATIVIDADES DE TRABALHO E GERAÇÃO DE RENDA
POR MEIO DA INTERNET, POR CLASSE
Usuários de Internet com 16 anos ou mais que realizaram trabalho remoto nos últimos 3 meses (%)

100

80

60

39 39
40
32 33 31 31 33
25
22 22 20
20
13
8 8 6
5 4 5 4 2
0
Vendeu produtos ou Vendeu produtos Vendeu produtos ou Trabalhou como Trabalhou como
serviços por aplicativos ou serviços serviços por outras entregador motorista por
de mensagens por redes sociais plataformas ou por aplicativo aplicativo
aplicativos

TOTAL AB C DE

34
Segundo pesquisa da Ebit|Neilsen, o comércio eletrônico cresceu 31% no primeiro semestre de 2021 em
relação ao semestre anterior, e os marketplaces já representam 78% do comércio eletrônico B2C (business-to-
-consumer). Mais informações disponíveis em Ebit|Nielsen. (2021). Webshoppers. 44ª edição. Recuperado em 5
fevereiro, 2022, de https://nielseniq.com/global/pt/landing-page/ebit/nielseniq-ebit-brasil/webshoppers/
35
O número de microempreendedores individuais (MEI) registrados na Receita Federal cresceu 21% entre junho
de 2020 e junho de 2021, um aumento de mais de 2 milhões de MEI, o maior em uma década. Recuperado em 5
fevereiro, 2022, de http://www22.receita.fazenda.gov.br/inscricaomei/private/pages/default.jsf
36

Entre a maioria desses usuários, o tra-
balho por intermédio de aplicativo foi uma
maneira encontrada para complementar a
renda (55%); para boa parcela, era o único
trabalho (30%) e, para 15%, era o trabalho
principal. Essa diferença foi ainda maior en-
tre os usuários das classes DE: para 39%
deles, esse era o único trabalho e, para ape-
nas 6%, o trabalho principal.
Entre as classes C e DE, também foram
maiores as proporções de usuários que afirma-
ram ter iniciado esse trabalho por intermédio
de aplicativos durante a pandemia, de 66% e
64%, respectivamente, em comparação com
48% das classes AB.
Essa modalidade de trabalho demanda uma
conectividade constante; logo, a perda de co-
nexão pode significar diminuição de vendas
ou de clientes e, no caso dos trabalhos como
motorista ou entregador por aplicativo, acres-
centa-se a dificuldade de navegação até o des-
tino do trajeto, atividade que tende a ser mais
intensa em termos de consumo de dados de
Internet. Nesse sentido, esses trabalhadores
buscam diversas estratégias para garantir sua
conectividade. Nesta edição do Painel TIC CO-
VID-19, foi incluído um indicador referente às
condições de acesso à Internet entre aqueles
GRÁFICO 26 – USUÁRIOS DE INTERNET QUE TRABALHARAM POR MEIO DE APLICATIVOS, POR CONDIÇÕES
DE ACESSO À INTERNET
Usuários de Internet com 16 anos ou mais que trabalharam por intermédio de aplicativos (%)
0 20
Pelo menos uma condição de acesso
Teve dificuldades de trabalhar por circular em
áreas sem conexão ou com conexão à Internet ruim
Teve dificuldades de trabalhar por ter
esgotado o pacote de internet do celular
Mudou de plano devido às opções de pacote de Internet
Teve apoio da empresa do aplicativo para
conseguir usar a Internet pelo celular no trabalho
Adquiriu um segundo chip de operadora diferente
por conta das opções de pacote de Internet
Migrou de operadora por conta das opções de pacote de Internet
TRABALHOU COMO MOTORISTA OU ENTREGADOR POR APLICATIVO
VENDEU PRODUTOS OU SERVIÇOS POR APLICATIVO, REDES SOCIAIS OU OUTRAS PLATAFORMAS OU APLICATIVOS
PAINEL TIC COVID-19
que trabalharam por intermédio de aplicativos.
Em relação às condições de acesso à Inter-
net enfrentadas e às estratégias adotadas para
garantir a conectividade na realização do tra-
balho, foi observada uma diferença significati-
va entre os que trabalharam como motoristas
ou entregadores por aplicativo e aqueles que
venderam produtos ou serviços por aplicativo,
redes sociais ou outras plataformas. Entre os
motoristas e entregadores, 60% tiveram di-
ficuldades de trabalhar por circular em áreas
sem conexão ou com conexão à Internet ruim,
e 45% tiveram dificuldades de trabalhar por
ter esgotado o pacote de Internet do celular
(Gráfico 26), situação que evidencia uma maior
dependência desses trabalhadores em relação
às redes móveis, sujeitas a limites de consumo
de dados.
Como estratégias de enfrentamento, 44%
dos usuários que trabalharam como motoris-
tas ou entregadores por aplicativo mudaram
de plano de sua operadora de telefonia celular,
43% adquiriram um segundo chip de opera-
dora diferente e 40% migraram de operadora
devido às opções de pacote de Internet. Além
disso, 44% desses usuários tiveram apoio da
empresa do aplicativo para conseguir usar a In-
ternet pelo celular no trabalho.
40 60 80 100
84
11
60
8
45
6
44
6
44
7
43
6
40
5
37
 PAINEL TIC COVID-19

CONSIDERAÇÕES FINAIS retorno de algumas atividades culturais

na modalidade presencial. A tecnologia
A quarta edição da pesquisa Painel TIC
COVID-19, realizada em 2021 poucos
meses após a pandemia COVID-19 atin-
tem transformado todas as formas de
expressão artística, por exemplo produ-
ção, distribuição e fruição do conteúdo.
gir sua fase mais aguda, evidencia o papel
Nesse sentido, a desigualdade digital
das TIC em garantir a continuidade de di-
levanta questões relacionadas tanto ao
versas atividades, da educação ao traba-
acesso à cultura quanto à diversidade e
lho, do provimento de serviços públicos ao
à representatividade do que é produzido.
comércio, atividades culturais e de lazer.
O comércio eletrônico permaneceu
Elas também foram fundamentais no pró-
em patamar similar ao observado em
prio combate à pandemia, como na campa-
2020, porém significativamente supe-
nha de vacinação e na realização de servi-
rior ao momento pré-pandemia. Dife-
ços de saúde on-line, por aliviar a pressão
rentemente do início da pandemia, em
sobre os estabelecimentos de saúde, e na
que o perfil das categorias evidenciava
mitigação de seus efeitos, como no paga-
uma compra emergencial em função do
mento de benefícios emergenciais para as
distanciamento social, houve aumento
famílias mais vulneráveis.
também da aquisição de bens duráveis.
A pesquisa mostra os efeitos da pan-
O uso de plataformas existentes, como
demia sobre os hábitos digitais da po-
marketplaces e aplicativos de mensa-
pulação e na transformação digital de
gens instantâneas, foi fundamental para
organizações públicas e privadas, com a
a rápida adaptação ao novo contexto por
manutenção de algumas atividades em
parte dos pequenos negócios. Nesta edi-
patamar superior ao verificado no con-
ção da pesquisa, destacou-se também a
texto pré-pandemia. Além disso, captou
popularização do Pix, nova modalidade
o gradual retorno à modalidade presen-
de pagamento digital no país que, lança-
cial ou híbrida de outras atividades.
do no final de 2020, se tornou o segun-
A pesquisa também revela a desigual-
do meio de pagamento mais utilizado em
dade na apropriação dos benefícios ofereci-
compras virtuais, igualando-se tecnica-
dos pelas TIC e pela Internet, em particular,
mente ao cartão de crédito.
entre os diferentes estratos da população.
A pandemia foi um catalisador da digi-
A realização pela Internet de atividades es-
talização dos serviços públicos no Brasil e
senciais para a vida cotidiana durante a pan-
impactou seu uso: três categorias de servi-
demia ainda ocorre em menor proporção nas
ços foram realizadas por cerca de metade
faixas mais vulneráveis da população, como
dos usuários de Internet no Brasil, algo iné-
aqueles com menor escolaridade e das clas-
dito até então. A realização de serviços de
ses DE. Indo além da discussão sobre a falta
governo eletrônico, afetada pela suspensão
de acesso à Internet, a pesquisa revelou que
de cadastros e da redução do número de be-
diferenças na qualidade da conectividade
neficiários do auxílio emergencial em 2021,
configuram barreiras relevantes a uma co-
seguiu em patamar significativamente supe-
nectividade mais significativa por parte dos
rior ao observado na TIC Domicílios 2019.
mais pobres e menos escolarizados.
A inclusão das classes mais baixas e com
Os resultados do Painel TIC COVID-19
menor escolaridade segue sendo um desafio
mostram uma continuidade da fruição
para que a transformação digital dos gover-
cultural pela Internet, mas também um
nos beneficie a população mais vulnerável.

38
 PAINEL TIC COVID-19

O avanço da telemedicina em 2021 foi de trabalho também esteve presente no

fundamental para aliviar a pressão sobre trabalho por intermédio de aplicativos, seja
os estabelecimentos de saúde na fase mais como atividade principal ou forma de com-
aguda da pandemia, mostrando-se uma plementar a renda. Para garantir a conecti-
importante estratégia de cuidado tanto no vidade da qual dependiam para trabalhar,
SUS quanto na rede privada. As teleconsul- diversas estratégias foram adotadas, por
tas foram realizadas mais por aplicativos de exemplo mudar de plano ou de operadora de
mensagens do que por aplicativos especia- telefonia celular, adquirir um segundo chip
lizados, o que pode gerar entre os usuários ou, ainda, contar com o apoio da empresa
preocupações em relação à privacidade e à do aplicativo. O teletrabalho, o trabalho
proteção de seus dados pessoais. Invasões híbrido e o trabalho por intermédio de apli-
e vazamento de dados do Ministério da cativos apontam a necessidade de marcos
Saúde no final de 2021 também apontam regulatórios adequados às novas formas de
a necessidade de marcos legais específicos trabalho mediadas pela tecnologia.
para o tratamento de dados de saúde. A quarta edição do Painel TIC COVID-19
Realizada antes do retorno obrigatório marca as mudanças nos hábitos dos usuá-
às aulas presenciais no segundo semestre rios de Internet mais de um ano após o iní-
de 2021, a pesquisa evidenciou o cenário cio da pandemia, oferecendo um panorama
de desigualdade de acesso e uso das tec- das transformações ocorridas no período
nologias digitais entre alunos de diferen- e das barreiras à equidade na apropriação
tes estratos, com impactos cada vez mais dos benefícios gerados pelo uso das tecno-
conhecidos sobre o aproveitamento esco- logias. A partir da produção e da dissemina-
lar no período, mas com efeitos de longo ção desses indicadores, o Cetic.br|NIC.br
prazo menos conhecidos. Além da falta de reafirma seu compromisso com a produção
motivação e das dificuldades relacionadas de dados estatísticos relevantes para as
à mediação dos professores, a ausência de políticas públicas e para o enfrentamento
recursos digitais para uma parcela da so- da pandemia COVID-19.
ciedade contribuiu para que parte dos es-
tudantes não conseguisse participar das
aulas e atividades educacionais remotas.
Um cenário parecido de desigualdades
de acesso e uso das tecnologias digitais
entre os diferentes estratos caracterizou
também o mundo do trabalho. Entre aque-
les que realizaram trabalho remoto, des-
tacam-se indivíduos mais escolarizados e
de classes mais altas. Enquanto nas clas-
ses mais altas esse trabalho era feito por
meio de um computador, nas classes DE o
celular foi o dispositivo mais usado. Entre
os que usaram o computador para trabalhar
remotamente, as classes mais baixas recor-
reram em maior proporção a equipamentos
doados ou emprestados por amigos ou fa-
miliares. O uso da Internet para atividades

39
 PAINEL TIC COVID-19

FICHA TÉCNICA ANÁLISE DE RESULTADOS:

Catarina Segatto, Daniela Costa,
Fabio Senne, Fabio Storino,
NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E Leonardo Melo Lins, Luciana Portilho,
COORDENAÇÃO DO PONTO BR – NIC.br Luísa Adib Dino e Manuella Maia Ribeiro
DIRETOR PRESIDENTE: MÉTODOS QUANTITATIVOS E MODELAGEM:
Demi Getschko Marcelo Pitta, Camila dos Reis Lima,
Isabela Bertolini Coelho, Mayra Pizzott
DIRETOR ADMINISTRATIVO:
Rodrigues dos Santos e Winston Oyadomari
Ricardo Narchi
EQUIPE TÉCNICA:
DIRETOR DE SERVIÇOS E TECNOLOGIA:
Ana Laura Martinez, Fabricio Torres,
Frederico Neves
Javiera F. Medina Macaya, Luciana Piazzon
DIRETOR DE PROJETOS ESPECIAIS E Barbosa Lima, Luiza Carvalho, Lucas Novaes
DE DESENVOLVIMENTO: Ferreira e Rodrigo Sukarie
Milton Kaoru Kashiwakura GESTÃO DA PESQUISA EM CAMPO:
DIRETOR DE ASSESSORIA ÀS ATIVIDADES DO CGI.br: Quaest Pesquisa e Consultoria:
Hartmut Richard Glaser Ana Cavalcanti, Felipe Nunes,
Guilherme Russo, Jonatas Varella
e Renata Salvo
CENTRO REGIONAL DE ESTUDOS PARA O
DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE DA
APOIO À EDIÇÃO
INFORMAÇÃO – Cetic.br
COMUNICAÇÃO NIC.br:
COORDENAÇÃO EXECUTIVA E EDITORIAL: Carolina Carvalho e Renato Soares
Alexandre F. Barbosa
PREPARAÇÃO E REVISÃO EM PORTUGUÊS:
COORDENAÇÃO CIENTÍFICA: Érica Santos Soares de Freitas
Pedro do Nascimento Silva
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
COORDENAÇÃO TÉCNICA: Giuliano Galves e Maricy Rabelo
Fabio Senne, Marcelo Pitta,
Nádilla Tsuruda e Tatiana Jereissati

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Os resultados desta pesquisa são publicados em for-
mato on-line e disponibilizados no website do Cetic.br
(https://www.cetic.br), onde as tabelas de proporções,
totais e margens de erro calculadas para cada indicador
estão disponíveis para download. Para efeito de compa-
ração com edições anteriores da pesquisa, são dispo-
nibilizadas as tabelas com os mesmos recortes popula-
cionais usados nas respectivas edições.

41
SOBRE O CETIC.br


O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da
Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável
pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e
o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações
periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.
br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios


da UNESCO, e completou 16 anos de atuação em 2021. Mais
informações em https://www.cetic.br.

SOBRE O NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR - NIC.br
(https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins
de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como


da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Au-
tônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos


do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005,
e todos os recursos arrecadados provem de suas atividades
que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e
projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no
Brasil. Do NIC.br fazem parte: Registro.br (https://registro.br),
CERT.br 4ª(https://cert.br/),
EDIÇÃO: Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br
(https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://
CULTURA,
ceweb.br/), além deCOMÉRCIO
projetos comoELETRÔNICO,
Internetsegura.br (https://
internetsegura.br) e Portal de Boas Práticas para Internet no
SERVIÇOS PÚBLICOS
Brasil (https://bcp.nic.br/). AbrigaON-LINE, TELESSAÚDE,
ainda o escritório do W3C
Chapter ENSINO
São Paulo REMOTO E TELETRABALHO
(https://w3c.br/).

SOBRE O CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por
estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e
desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra
todas as iniciativas de serviços de Internet no país, promo-
vendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos
serviços ofertados. Com base nos princípios de multilatera-
lidade, transparência e democracia, o CGI.br representa um
modelo de governança multissetorial da Internet com efeti-
va participação de todos os setores da sociedade nas suas
decisões. Uma de suas formulações são os “Dez Princípios
para a Governança e Uso da Internet” (https://www.cgi.br/
principios). Mais informações em https://www.cgi.br.
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