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Formação em Teologia

Volume 10

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Ética cristã – vocação, chamado e ministério (parte 2)

I Desenvolvendo o chamado
Na presente aula, o segmento tratará de ética e ministério. Todo cristão tem
algum tipo de ministério. Vale ressaltar que a definição de ministério não se reduz
a algo a ser realizado dentro de quatro paredes e todos possuem uma vocação.
O livro citado anteriormente, A Sombra Da Planta Imprevisível, de Eugene
Peterson, marca uma caminhada ministerial. Sistematizando alguns pontos, iremos
fazer uma relação entre a ética e os princípios, que ajudarão a decidir em cada área
da vida.
Peterson usa a história do profeta Jonas para nos fazer repensar nossa
vocação ministerial, para que a mesma não se corrompa. A acusação de Peterson
é que, muitas vezes, após receber o chamado, criar consciência e iniciar o
desenvolvimento da nossa vocação, passamos a incorrer em desvios de caráter em
meio à jornada - por exemplo, a aceitação de suborno. Falhas morais e éticas que
nos levam a abandonar a essência da fé e da vocação.

II O fracasso de Jonas
Jonas foi chamado para ser profeta em uma cidade chamada Nínive, porém
ele fugiu para Társis:

“E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: levanta-te, vai à


grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até a minha
presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis.
E descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua
passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da
presença do Senhor.“ (Jonas 1:1-3)

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Notamos dois movimentos ao analisar os versículos acima. O primeiro indica


a desobediência de Jonas, gerando seu fracasso. O segundo movimento é muito
interessante: mesmo quando foi um profeta obediente, seu fracasso foi ainda
maior, porque revelou coisas no coração de Jonas que mostraram o quanto ele
estava distante de entender a misericórdia de Deus. Podemos resumir que ele
fracassou quando obedeceu e fracassou quando desobedeceu. É muito importante
que essa construção esteja visível.

III Társis e Nínive


Társis localizava-se na Espanha, provavelmente próximo à Estrada de
Gibraltar, o lugar para o qual Jonas foge. Conforme relatado na Bíblia, ele foi para
longe da presença do Senhor. Ir para longe da presença do Senhor nos faz entender
que Jonas fugiu para ter o controle. Se ele fosse para Nínive, as coisas teriam
acontecido do jeito que Deus planejou. Társis era um lugar onde Jonas teria
controle da situação, além de ser um local propício ao crescimento de seu próprio
orgulho. Em Nínive não haveria essa possibilidade.
Analisando o fundamento do chamado lugar de fuga, entendemos que é um
ambiente onde podemos exercer a nossa vocação sem ter que tratar com Deus.
Escolhemos esses lugares com o intuito de fugir. O crescimento é aceitável e
desejável, mas somente dentro daquilo que desejamos, em nosso mundo particular
e do nosso jeito. Em última análise: sem estar debaixo da soberania de Deus.
O lugar onde desenvolver o ministério, a congregação, é muito semelhante
à Nínive em vários aspectos - um lugar de trabalho duro, sem muita expectativa de
sucesso ou, pelo menos, não como a sociedade pensa. Peterson afirma:

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“O trabalho envolve rotina, limpar o curral e o estábulo, limpar esterco, arrancar


ervas daninhas e, por conta das falsas expectativas dos vocacionados, começar a
viver cheio de ressentimento. Não era para ser assim, Társis era melhor.”

Muitas vezes nos iludimos com o ministério. Chegamos à igreja para


pastorear, ao ministério infantil para cuidar ou ao ministério jovem para ensinar.
Enchemo-nos com tantas expectativas que, ao nos deparamos com a realidade nos
desapontamos. E assim, desejamos ir para um lugar onde as coisas estarão sempre
sob controle. É normal optarmos por um ambiente de previsibilidade, mas o fato é
que quando chegamos à Nínive a vida será imprevisível.
Ainda encontramos por aí vários propagandistas e marqueteiros, mentindo
descaradamente nas congregações, sobre a nossa vocação e ministério. Eles
mentem por dinheiro, interesse comercial e outros motivos escusos. Tentam
fantasiar esse lugar no qual vamos nos realizar no ministério e usam essas táticas
para vender uma ilusão. E se você for iludido, vai querer sair do lugar onde realiza
seu ministério. Não negamos que você cansará e se frustrará muitas vezes, mas
isso faz parte da caminhada. Se os marqueteiros forem capazes de te convencer,
você será desafiado a jogar ou esvaziar sua vocação, procurando um lugar onde
seja melhor aproveitado e reconhecido. Infelizmente, os marqueteiros estão por aí
e o lucro deles mora na sua frustração. A finalidade deles é que seu aborrecimento
seja tão grande que só lhe restará abandonar o lugar da sua vocação (e não chegar
à Nínive) e no fim das contas, você irá para um lugar de mera aparência, vazio, mas
encantador aos olhos.

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O fato é: Nínive não é um lugar encantador, Társis é. Nínive é um lugar onde


você irá conviver com a realidade, contudo, é nesse lugar que seu ministério
florescerá. Quando se foge do seu lugar como pastor, como líder, como ministro,
você está fugindo da sua santidade vocacional. Perceba essa expressão: santidade
vocacional. Se você não estiver exercitando o seu ministério de maneira coerente
com o evangelho, estará esvaziando o seu propósito. Quando falamos de santidade
vocacional, não necessariamente nos referimos a alguém exercendo o ministério de
pastor, mas de alguém sendo profissional em qualquer profissão, em qualquer
área. O que o cristão precisa entender é que o nosso trabalho é vocação, sendo
remunerado ou não. Você é vocacionado a trabalhar para Deus.

Nota Pastoral
Dia após dia, domingo após domingo, reunião após reunião, muitas vezes
estaremos animados, porém haverão dias em que as pessoas estarão desanimadas.
Chegará um momento em que você estará ministrando a Palavra e as pessoas estarão
atentas. Mas, de repente, você perceberá que, em muitos dias, as pessoas parecerão usar
um controle remoto na mão, ligando e desligando a sua ministração. Se você não tem
consciência da vocação, por melhor que seja a igreja onde trabalha, por melhor que seja
esse grupo, você será tentado por um (res)sentimento de que as pessoas talvez não estejam
dando a atenção que você gostaria de receber.
Em Nínive você recebe um choque de realidade, as pessoas não estão ali como você
gostaria que elas estivessem, e, quando você olhar para Nínive, pode até pensar: “Poxa,
mas não é essa igreja que eu sempre sonhei pastorear, esse não é o ministério que eu
sempre sonhei”, e os agentes de viagem para Jope, para Társis, para Espanha, para Roma,
estarão à sua espera quando a sua frustração falar mais alto, para que você abandone sua
vocação.

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IV Entendendo a Própria Vocação


No contexto de fuga virá a tempestade, é uma possibilidade. A sua fuga
estará arruinada, mas o seu ministério não. Na vida cristã e ministerial, as
tempestades virão. Essas ocasiões de dificuldade nos levarão aos questionamentos.
Entretanto, muitas vezes, Deus usa as tempestades como estratégias para salvar a
nossa vocação, porque talvez estejamos fugindo do nosso propósito de produzir e
trabalhar para a Sua glória. Mais uma vez recorremos às palavras de Peterson:

"A maior parte daquilo que se passa por religião é mera idolatria. Não se pode olhar
para a totalidade da igreja e pensar que tudo aquilo tem a ver com cristianismo. A
maior parte do que vemos é autopromoção, orgulho, vaidade pessoal e disputa por
posição, ego. Isso é o mais comum."

De fato, o evangelho é um milagre que acontece dentro desses lugares. Em


meio a tempestade, sua vocação será desafiada e aperfeiçoada para que você
perceba a diferença entre uma coisa e outra; o que é um evangelho marcado por
idolatria e o que é o evangelho real e pleno. No momento de tempestades somos
desafiados a ter um discernimento mais apurado. Quando Jonas está naquele
navio, o comandante lhe diz: “Vira, acorda! O que você está fazendo aí, seu
dorminhoco? Acorda! Cada um está olhando para o seu deus. Você tem que
acordar também e orar ao seu Deus!” É engraçado que esse pedido nasce de
alguém que é incrédulo, não de alguém que confia em Deus. No meio da
Tempestade teremos que acordar do nosso sonho, do sono, da nossa ilusão, do
nosso ressentimento e invocar o nome de Deus.

“E o mestre do navio chegou- se a ele, e disse-lhe: que tens, dorminhoco? Levanta-


te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de nós para que não pereçamos.”
(Jonas 1:6)

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Nota pastoral
Há mais de 12 anos, na época em que eu li o livro A Sombra Da Planta Imprevisível
pela primeira vez, estava me preparando para o ministério e percebi que muitas coisas me
marcaram porque entendia que o meu ministério pastoral passava por outras áreas. Eu
era o pastor de igreja que queria apascentar e levar a Palavra, mas percebia que existiam
outras vocações em mim, eu não sabia administrá-las. Era como se tivesse que escolher
entre uma e outra. Pastor, músico e percebi-me escritor. Até o momento, escrevi três livros
(estamos avaliando possibilidades de publicá-los no Instituto Mundo Bíblico).
Por vezes, começamos a perceber como se fosse uma briga de vocações dentro de
nós, onde temos que escolher entre uma coisa e outra. Reconhecemos, em meio às nossas
tempestades, que a nossa vocação nos levará por um caminho único. Assim, surgiu o
questionamento - Sou músico, pastor ou escritor? É comum nos focarmos neste dilema de
ser uma coisa ou outra. Hoje, eu percebo que continuo sendo músico, escritor e cada vez
mais, sou pastor. Em nenhum momento perdi a essência e não foi necessário distorcer
minha identidade porque eu entendi que essas coisas foram dadas por Deus. Foram as
tempestades que me ajudaram a perceber o meu DNA e vocação. Foi nas provações que o
meu chamado ficou claro. Antes das tormentas eu não conseguia enxergar o quadro
completo e ser totalmente entregue e usado. Mas mesmo com dificuldade, todas as
vocações irão convergir para a glória de Deus. A grande questão é: somente quando você
está voltando para Nínive que você encontrará o seu DNA de verdade. Em Társis você não
descobre isso. Mais uma vez Peterson impressiona:

“Eu não quero ser mais um gerente de uma loja de desconto religiosa, e eu não vou passar
a minha vida empacotando e vendendo Deus para consumidores religiosos.”

Essa frase me fez tomar uma decisão - Não quero ser alguém que vende fé. E
quando falo sobre vender fé, estou sendo muito específico, trata-se de vender alguma coisa
que não temos. É impossível vender a salvação, o milagre ou a cura. Concluindo, para ser
pastor é preciso tomar consciência da nossa limitação. Entender que o poder reside no
Evangelho e não em nós.

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V Vivendo a Vocação
O próprio Peterson notou sua consciência pastoral ficar burocrática.
Enxergou sua acomodação à vida da igreja. Ao invés de ser um pastor que
apascentava, edificava e alimentava o rebanho, ele estava simplesmente resolvendo
questões administrativas. Portanto, Peterson convocou a liderança da igreja e falou
o seguinte:

“Quero estudar a palavra de Deus longa e cuidadosamente, para que, quando me


levantar diante de vocês para pregar e ensinar, faça com exatidão. Quero orar lenta
e amorosamente, para que meu relacionamento com Deus seja íntimo e honesto.
Quero estar com vocês com frequência, despreocupadamente, para podermos nos
identificar como companheiros íntimos do caminho da Cruz.”

Em sua conversa com a liderança, Peterson disse que do jeito que as coisas
estavam não seria possível ser pastor de verdade. Muitas vezes, isso vai acontecer
dentro da sua estrutura de igreja, onde a última coisa que você irá conseguir ser é
pastor, pois as atividades e questões relacionadas a outros contextos podem te
levar a um caminho no qual sua vocação não será vivida. Pastores têm diversas
linhas e ênfases, mas a questão é que você precisa estar atento, sempre que o seu
DNA for ameaçado, você precisa se posicionar diante de Deus.

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Corremos o risco de ver a nossa vocação escorrendo pelos dedos porque a


religião pode sofrer com uma mentalidade fast-food, esse termo se refere a tudo
que é instantâneo, tudo que é para ser consumido muito rápido e sem análise,
industrial e desumano, que falta o toque humano artesanal e afetivo. Começamos a
olhar para as pessoas na igreja sem conseguir enxergá-las. Da mesma forma que
um membro às vezes olha para a pregação do pastor como fast-food, às vezes o
pastor também olha para a ovelha do mesmo jeito. Também pode surgir uma
relação perniciosa entre ambos, exigências e expectativas antibíblicas. Somos
desafiados a pensar além desta lógica, do contrário, desejaremos fugir para Társis.

VI Um Olhar sobre as Igrejas


Alguém saindo da igreja pode ser uma fuga de Nínive para Társis. Se você
sair da igreja porque Deus está querendo te plantar em um novo lugar e ministério,
tudo bem. Por outro lado, se você está saindo da igreja, a partir de seu olhar para
Nínive e da quebra de expectativas diante do que antes imaginava, repense! Muitas
vezes, as igrejas funcionam como se fossem estufas de plantas que precisam ser
bem cuidadas. Plantas que ainda não podem ser colocadas no solo, porque
receberam agrotóxicos, foram acometidas por larvas, pragas e ervas daninhas. Em
suma: sofreram feridas. O trabalho do pastor e da igreja é cuidar dessas plantas,
isto é, das pessoas que ainda não podem ser plantadas “fora da estufa”.
Em uma igreja madura existem várias pessoas que estão plantadas em solo
firme para florescer e frutificar. E as estufas são necessárias porque nós
precisamos de cuidado. Necessitamos também ser enraizados nesse processo de
cuidado e tratamento. Somos desafiados a nos aperfeiçoarmos. Fugir pode ser uma
opção, no entanto, precisamos estar atentos a qual é o motivo que nos faz sair do
nosso lugar. Vamos, voltamos e não percebemos quais são os motivos reais que nos
estão fazendo tomar esta ou aquela decisão.

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Para Refletir
Qual é a ética das saídas e chegadas? Penso que a maioria das pessoas não
consegue ver. Existem muitas maneiras de sermos religiosos sem nos submetermos
a Deus, estarmos na igreja e nunca obedecermos a Ele. Um lugar verdadeiro onde
podemos desviar da religiosidade vazia é o ventre da baleia, como Jonas. É lá que
você vai haver possibilidade de fé e submissão a Deus. Ao sair do ventre do peixe,
a nossa vocação nos leva de volta para Nínive, uma cidade que está no mapa, tem
poeira, pedras, pessoas, situações e (im)possibilidades reais. O ser humano
vocacionado somente viverá essa plenitude quando conhecer as suas próprias
fraquezas.
Nínive pode parecer um lugar sem graça à primeira vista, mas é o melhor
local para desenvolver a vocação. Depois de pregar para Nínive, Jonas se volta para
Deus e diz: “Deus, não vai adiantar, porque esse povo é duro. Eles não vão se
arrepender.” Após a sua pregação, Jonas sobe na montanha esperando ver Deus
destruir todo mundo porque ele acredita que ninguém se arrependerá. Ele sobe e
assiste à cidade toda se arrepender e o propósito de Deus se cumprir, isso o deixa
muito bravo e no meio do caminho, Deus faz surgir uma árvore a fim de criar uma
sombra, já que o próprio texto informa o quanto o sol era escaldante. Isso traz uma
ideia fantástica: muitas vezes a nossa ira é justamente contra a graça de Deus. E
quando Deus nos surpreende e faz o que não é óbvio, ficamos sem ar e a ira nos
deixa perplexos. Esse é um ótimo indicador de que alguma coisa está errada. Nem
sempre temos noção de onde vem o erro, de fora ou de dentro (?). Toda vez que
ficamos irados surge uma possibilidade de perceberem que alguma coisa saiu do
eixo, e de identificar, em nossa vocação, em nossa vida cristã, o que está
desandando.

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A pergunta de Deus para Jonas é: “Acaso é razoável, é coerente?” E Jonas


se defende: “É claro.” Por meio dessa conversa, é revelado que a graça de Deus,
por vezes, confunde. Ravi Zacharias ensina que quando a graça é mal-entendida,
se transforma em outra coisa, tal qual aconteceu com a parábola do filho pródigo.
A graça de Deus em relação ao filho pródigo é interpretada pelo filho mais velho,
transformada em inveja, frustração e ressentimento. Muitas vezes, a graça de Deus
vem, provoca e nos confronta. Somos levados a entender que toda nossa vocação,
e tudo que fizermos de nossa vida, inclusive aos que estão à nossa volta, é
consequência da graça poderosa do Senhor. Uma verdadeira dádiva do bondoso
Deus, direcionada a cada um de nós. Pensar em ética no ministério faz com que
pastores e líderes decidam o que estão dispostos a fazer ou não.
Finalizamos com as seguintes reflexões: Quais são as prioridades do seu
ministério? Quais são as resoluções mais importantes que você tem como pastor,
homem ou mulher de Deus? Quais são os critérios que você usa para avaliar a sua
vocação e ministério? Examine a si mesmo e seja uma benção para Deus e Seu
reino.

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Bibliografia sugerida:

EUGENIO, Person H. Sombra Da Planta Imprevisível. (Editora United Press janeiro 2001)

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