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Orientaç›es didáticas

Convide os alunos a analisar 3 A União Europeia


o mapa desta página e destaque
o processo histórico de integra- A União Europeia (UE) é o bloco regional do mundo que mais aprofundou a
ção ocorrido entre os países do cooperação entre seus membros (figura 13). Podem ser verificados muitos resul-
continente europeu desde os
tados decorrentes disso,
primeiros anos pós-Segunda
Figura 13. União Europeia – 2018 como a criação de uma zona
Guerra Mundial, passando por
de livre-comércio, a livre cir-

Catherine Abud/Arquivo da editora


Cí 0°
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diversos estágios e objetivos

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N

nwic
Po
culação de trabalhadores, a
lar
Árt
de integração. Esse processo ico

Gree
adoção de uma moeda co-
O L
teve início quatro décadas an- União Europeia

o de
mum e a fundação do Parla-

dian
tes do Mercosul, por exemplo, Ivan Jaf e André Martin.
S
1952

Meri
cujo tratado de criação (Tratado São Paulo: Ática, 2006.
SUÉCIA FINLÂNDIA 1973
mento Europeu. A criação de
1981
de Assunção) foi assinado em Conheça um pouco mais
OCEANO
ATLÂNTICO ESTÔNIA
1986 uma força de defesa euro-
1991. Aqui, é possível desen- sobre a União Europeia e REINO
Mar do 1995 peia já foi discutida muitas
LETÔNIA
volver a habilidade EF09GE02. as mudanças trazidas UNIDO
Norte
2004
por ela aos países
IRLANDA DINAMARCA LITUÂNIA
2007
vezes, mas não houve acor-
do entre todos os membros.
PAÍSES
europeus. O livro narra a BAIXOS
POLÔNIA
2013
Aproveite a oportunidade BÉLGICA ALEMANHA
história de um menino REPÚBLICA
Limites
de país
para trabalhar com os alu- que se vê forçado a ir LUXEMBURGO
TCHECA
ESLOVÁQUIA
nos a Sequência didática para uma pequena ÁUSTRIA HUNGRIA

aldeia em Portugal. Lá FRANÇA ESLOVÊNIA


ROMÊNIA
2: União Europeia: histó- CROÁCIA
ele conhece um velho PORTUGAL Mar Negro
ria e desafios, disponível tio e por intermédio dele ESPANHA ITÁLIA
BULGÁRIA

no material digital. toma conhecimento de


ÁSIA Fonte: elaborado com base em UNIÃO
algumas das mudanças GRÉCIA
Europeia. Os 28 países da UE. Disponível
decorrentes da criação ÁFRICA em: <https://europa.eu/european-union/
da União Europeia. 0 535 1070 km MALTA
about-eu/countries_pt>. Acesso em:
Mar Mediterrâneo CHIPRE
out. 2018.

Parlamento Europeu
É a instituição parlamentar da União Europeia, composta de representantes
políticos dos países-membros do bloco, escolhidos por meio de eleição direta, a
cada cinco anos.
Alguns historiadores identificam na união de Bélgica, Países Baixos e Luxembur-
go, em 1944, que resultou no Benelux – da sigla composta dos nomes desses países,
em que a sílaba “ne” corresponde a Países Baixos (Netherlands, em inglês) –, a pri-
meira organização que inspirou a criação da União Europeia.
Outro momento importante rumo a uma maior cooperação entre países eu-
ropeus ocorreu em 1952, ano de criação da Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço (Ceca), resultado de um tratado assinado em Paris (França) que reuniu Alema-
nha, Bélgica, França, Países Baixos, Itália e Luxemburgo. Esses países decidiram
União Europeia não cobrar as taxas de importação e exportação sobre o comércio de carvão e
‹http://europa.eu/ aço quando as transações fossem entre eles.
index_pt.htm› Em 1957, os seis países que formaram a Ceca criaram o Mercado Comum Eu-
O site em português
ropeu, também chamado de Comunidade Econômica Europeia (CEE), que previa,
da União Europeia
apresenta diversas entre outras medidas, a liberação do fluxo de trabalhadores entre seus integrantes.
informações sobre essa Em 1973, mais três países ingressaram na CEE: Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.
união econômica e
Em 1981 foi a vez da Grécia. Cinco anos mais tarde, Espanha e Portugal passaram
política. Clique na aba
“Sobre a UE” e conheça a ser membros do bloco, constituindo a “Europa dos doze”.
mais sobre o bloco Em 1985, França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo decidiram
e os países que fazem
parte dele.
eliminar o controle das fronteiras comuns, facilitando o fluxo de pessoas. Era o
começo do Espaço Schengen. Leia sobre ele na seção Fique por dentro.
124 Unidade 2 • O velho mundo se renova

124 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Durante a leitura do mapa,
Espaço Schengen destaque a diversidade de po-
sições dos países europeus
O Acordo de Schengen, firmado em 1985, facilitou o fluxo de pessoas entre países europeus. Ele foi frente ao Acordo Schengen, o
assinado na cidade de Schengen (Luxemburgo), que se localiza próximo à tríplice fronteira entre Alemanha, que denota que, apesar do ele-
França e Luxemburgo. Inicialmente, esses três países, além de Bélgica e Países Baixos, concordaram em vado nível de integração histo-
fortalecer suas fronteiras externas e em eliminar o controle interno. Isso tornou mais simples a vida de ricamente construído por esses
sua população e de turistas, que não necessitavam mais apresentar documentos para circular entre eles. países, os interesses nacio-
Aos poucos, outros países aceitaram os termos do acordo e passaram a fazer parte dessa área de livre nais também influenciam seu
circulação de pessoas, o Espaço Schengen. posicionamento em face dos
compromissos impostos por
Em 1999, o Acordo de Schengen foi integrado à União Europeia, mas nem todos os seus membros
tratados e acordos. Assim, Is-
aderiram completamente a ele. O Reino Unido e a Irlanda não aceitaram as normas e ainda exigem docu- lândia, Noruega e Suíça, que
mento de identidade dos europeus, mas concordaram em trocar informações com os demais países, prin- não integram a União Europeia,
cipalmente relativas a segurança e controle do terrorismo. Por outro lado, há países que não fazem parte assinaram o Acordo de Schen-
da UE, mas integram o Espaço Schengen, como Islândia, Suíça e Noruega. O acordo também prevê que, gen para autorizar o fluxo de
em situações excepcionais, alguns países retomem o controle fronteiriço temporariamente. Veja o mapa. cidadãos em seus territórios.
A seção permite o desenvolvi-
Europa: Espaço Schengen – 2018 mento da habilidade EF09GE02
Cí 1. A abolição de fronteiras facilita e da CEG6.

Catherine Abud/Arquivo da editora


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OCEANO significativamente o fluxo de
Ár GLACIAL pessoas e dos negócios entre
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ÁRTICO países vizinhos, uma vez que
ISLÂNDIA
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S
população e turistas não
precisam mais de documentos
o de

para ingressar em cada um dos


dian

países que conformam um


id
Meri

espaço de livre circulação.


OCEANO FINLÂNDIA 2. Porque, assim como a Irlanda,
ATLÂNTICO NORUEGA não aceitou as normas adotadas
para a criação desse espaço de
SUÉCIA livre circulação e continua a
ESTÔNIA
Mar exigir documento dos europeus,
REINO LETÔNIA mas concordou em trocar
UNIDO do DINAMARCA
IRLANDA Mar informações com os outros
Norte Báltico LITUÂNIA
países, como as relativas à
PAÍSES segurança e ao controle do
BAIXOS terrorismo.
ALEMANHA POLÔNIA
LUXEMBURGO
BÉLGICA
REPÚBLICA
LIECHTENSTEIN TCHECA
ESLOVÁQUIA
FRANÇA SUÍÇA ÁUSTRIA
HUNGRIA
ESLOVÊNIA ROMÊNIA Estados-membros
ITÁLIA da União Europeia
L

CROÁCIA Mar Negro pertencentes ao


GA

Espaço Schengen
ESPANHA
U

BULGÁRIA
RT

Estados-membros
PO

da União Europeia
não pertencentes ao
GRÉCIA ÁSIA Espaço Schengen

Países terceiros
pertencentes ao
Espaço Schengen
0 390 780 km ÁFRICA MALTA
Limites de país
Mar Mediterrâneo CHIPRE

Fonte: elaborado com base em PARLAMENTO Europeu. Schengen: o alargamento da zona europeia de
livre circulação. Disponível em: <www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/security/20180216S
TO98008/schengen-o-alargamento-da-zona-europeia-de-livre-circulacao>. Acesso em: out. 2018.

Atividades
1. Quais são as vantagens de abolir fronteiras com os países vizinhos?
2. Explique por que o Reino Unido não é membro integral do Espaço Schengen.

Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 125

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 125


Orientações didáticas
Em uma reunião dos países-membros do Mercado Comum Europeu

Thinkstock/Getty Images
Para motivar a leitura aten-
ta do mapa desta página, pro- realizada em 1993, redefiniu-se esse nome para União Europeia e foi
ponha aos alunos o desafio de criada uma moeda comum, o euro (figura 14). Seis anos depois, o euro
compará-lo com os dois mapas já era usado em transações comerciais, mas só em 2002 chegou como
anteriores (páginas 124 e 125) dinheiro circulante (cédulas e moedas) nos países que o aceitaram como
e identificar os três países da moeda, criando-se a zona do euro (figura 15).
Europa ocidental que expressam
posicionamentos distintos de
acordo com as variáveis apre- Figura 14. Os países que adotaram o
Figura 15. União Europeia: países da zona do euro – 2018

Catherine Abud/Arquivo da editora



sentadas – Islândia, Noruega e euro podem imprimir sua marca Cí
rc
ul
o
OCEANO GLACIAL
ÁRTICO
nacional nas moedas. Na fotografia,
Po
Suíça. Esses países, cada um lar

ich
Ár
tic
moedas de Portugal.

w
o
por suas respectivas razões

reen
de G
políticas e/ou econômicas, não

o
dian
figuram na União Europeia e

Meri
na zona do euro, embora per- FINLÂNDIA

tençam ao Espaço Schengen. Países-membros


Espaço dos OCEANO SUÉCIA
da UE que
adotaram o euro
mais novos – ATLÂNTICO
ESTÔNIA Novos membros
da UE: adoção
União Europeia REINO
Mar
do
LETÔNIA obrigatória após
DINAMARCA Mar um período
UNIDO
‹http://europa.eu/kids- IRLANDA Norte Báltico LITUÂNIA transitório
Países-membros
corner/index_pt.htm› PAÍSES
da UE que não
BAIXOS adotaram o euro
Página da União ALEMANHA
POLÔNIA Cidade (sede do
BÉLGICA
Europeia destinada aos Banco Central
LUXEMBURGO Frankfurt REPÚBLICA Europeu)
jovens, na qual estão TCHECA Limites de país
ESLOVÁQUIA
disponíveis jogos FRANÇA ÁUSTRIA
HUNGRIA
interativos que ESLOVÊNIA ROMÊNIA
permitem conhecer mais

AL
CROÁCIA
Mar Negro
os países do bloco e seu
TUG ESPANHA ITÁLIA
funcionamento. BULGÁRIA
POR

N GRÉCIA ÁSIA

O L ÁFRICA
Crise migratória 0 430 860 km
MALTA

De 2013 a 2015 houve S Mar Mediterrâneo CHIPRE

uma intensificação sem Fonte: elaborado com base em UNIÃO Europeia. The Euro. Disponível em:
precedentes do fluxo <https://europa.eu/european-union/about-eu/money/euro_en#purpose-of-the-euro>.
de imigrantes para a Acesso em: out. 2018.
Europa. São pessoas
que fogem de conflitos
Outras decisões tomadas naquela reunião foram a permissão para a livre cir-
armados e da
pobreza extrema, culação de cidadãos europeus entre os países-membros; estímulo à livre circulação
principalmente do de mercadorias entre os países do bloco; criação do Banco Central Europeu, loca-
Oriente Médio e da
lizado em Frankfurt (Alemanha) para fiscalizar as contas dos países-membros.
África. O aumento
desse fluxo resultou em A partir daí, a União Europeia viu seu grupo de países crescer. Em 1995, ingres-
inúmeras tragédias, saram a Áustria, a Finlândia e a Suécia. Dez países se tornaram membros em 2004:
como milhares de
afogamentos no Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e
Mediterrâneo. Embora a República Tcheca. Em 2007, entraram para o bloco a Bulgária e a Romênia. A
chegada de refugiados Croácia passou a fazer parte da União Europeia em 2013.
à costa europeia tenha
diminuído O Parlamento Europeu é formado por 751 deputados, que elegem o presiden-
consideravelmente a te da Comissão Europeia, a instituição responsável por formular políticas e pro-
partir de 2016, a
postas de leis e por aplicar a legislação da União Europeia. No Parlamento se
questão continua
gerando preocupação e discutem, desde 2009, ano em que o Tratado de Lisboa passou a vigorar, o orça-
atritos políticos entre os mento e a política agrícola do bloco. Outra questão em debate diz respeito à
países-membros da
crise migratória. Leia a seção Fique por dentro sobre a posição da Comissão
União Europeia.
Europeia em relação a esse debate.
126 Unidade 2 • O velho mundo se renova

126 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
O fluxo de refugiados de di-
Comissão Europeia relança debate sobre controle de fronteiras no espaço Schengen versas regiões do mundo em
direção aos países europeus
[…] O chamado código Schengen autoriza a livre circulação dentro de uma zona formada por faz surgirem novos desafios ao
26 países europeus, 22 deles membros da União Europeia (UE). Porém, em caso de crise migra- Acordo de Schengen. Esta seção
tória como a de 2015, os controles nas fronteiras nacionais podem ser reestabelecidos durante tem o objetivo de abordar esses
um período de até dois anos. desafios e os diferentes posicio-
Mas a Comissão se questiona sobre a possibilidade de ampliar essa medida de exceção para namentos dos países europeus
até três anos. O debate foi lançado após os inúmeros pedidos de flexibilização da regra feitos de diante da crise migratória.
alguns países, como França e Alemanha.
O controle das fronteiras foi recentemente imposto pela Dinamarca, Suécia, Noruega, Áustria
e Alemanha. Esses países alegam principalmente a luta contra crise migratória. Já a França
reestabeleceu os controles após os atentados de novembro 2015 e o manteve em razão da amea-
ça terrorista. A medida está em vigor até 31 de outubro para os franceses. No caso dos demais
países, a exceção termina no dia 11 de novembro.
A Comissão Europeia ressaltou que a crise migratória não pode mais ser um argumento para
prolongar os controles. Principalmente após o registro de uma queda notável no número de
migrantes ilegais que entravam no bloco pela costa da Grécia.
O temor com esse debate é de que o princípio da livre circulação de pessoas, que rege o es-
paço Schengen, comece a se diluir. O comissário europeu encarregado das Relações Internas,
Dimitris Avramopoulos, declarou que os 26 membros do bloco “guardam a possibilidade de in-
troduzir controles em suas fronteiras em caso de ameaça para a segurança do país”. Porém, ele
ressaltou que esse tipo de medida deve ser “excepcional”.
COMISSÃO Europeia relança debate sobre controle de fronteiras no espaço Schengen. G1, 27 set. 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/
mundo/noticia/comissao-europeia-relanca-debate-sobre-controle-de-fronteiras-no-espaco-schengen.ghtml>. Acesso em: out. 2018.

Akos Stiller/Bloomberg/Getty Images

Policiais fazem controle da fronteira no espaço Schengen, em Passau (Alemanha), 2016.


1. Essa postura de alguns países reflete os receios e as queixas de parte da população europeia diante da
Atividades crise migratória intensificada entre 2013 e 2015, além do temor em relação ao aumento de atentados
terroristas em território europeu.
1. Identifique os motivos que têm levado países integrantes do Espaço Schengen a reestabelecer o contro-
le fronteiriço. 2. A Comissão Europeia teme que uma situação temporária e excepcional (a crise migratória) se torne
argumento para que o princípio de livre circulação de pessoas seja abandonado definitivamente.
2. Explique por que a Comissão Europeia manifesta preocupação em relação ao controle das fronteiras.

Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 127

Texto complementar
Schengen na berlinda
O espaço Schengen está na berlinda desde os atentados em Paris, em novembro do No mês passado, a Comissão Europeia indicou que pode permitir aos países que
ano passado. Além do medo do terrorismo, a onda de refugiados buscando a todo fazem parte do espaço Schengen o restabelecimento do controle fronteiriço por
preço abrigo na Europa tem feito países do bloco reavaliarem suas políticas de asilo. dois anos para conter o fluxo migratório. Podemos dizer que nunca o conceito de
Governos europeus impuseram controles reforçados e construíram barreiras e Europa sem fronteiras foi tão colocado à prova.
cercas em suas fronteiras. Alemanha, Suécia e Áustria, que acolheram 90% dos […]
mais de 1 milhão de pessoas em 2015, anunciaram planos para limitar a entrada de FONSECA, Letícia. Fluxo de refugiados coloca em risco
novos refugiados. Para manter a segurança interna, vários países europeus estão Europa sem fronteiras. RFI – As vozes do mundo. Disponível em: <http://br.rfi.fr/europa/
fechando temporariamente suas fronteiras. 20160215-linha-direta>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 127


Orientações didáticas
A crise da Grécia, associada 4 A crise europeia e o Brexit
à crise econômica da própria
União Europeia, desencadeada A União Europeia conseguiu ampliar o mercado para vender produtos fabrica-
em 2008, trouxe um período de dos nos países mais industrializados do bloco. Ao mesmo tempo, oferecia ajuda
instabilidade ao processo de
para o desenvolvimento de membros mais pobres por meio de empréstimos para
integração que se manifesta,
por exemplo, nas preocupações promover melhorias, como metrô e linhas de trens. Espanha, Grécia e Portugal são
exemplos dos que foram beneficiados com

Dursun Aydemir/Anadolu Agency/Getty Images


expostas por Portugal quanto à
sua relação com esse bloco. O esse tipo de apoio da União Europeia. Esse
texto complementar a seguir modelo atraiu outros países que desejavam
mostra parte desse cenário. se tornar membros do bloco.
O ingresso de mais países trouxe proble-
mas para o bloco, pois nem todos estavam
em condições de seguir as normas estabe-
lecidas, como conter os gastos do governo,
a inflação (aumento geral de preços) e os
obstáculos da burocracia. Desse modo, al-
guns países começaram a enfrentar dificul-
Figura 16. O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras (o terceiro, da dades para cumprir seus compromissos e
esquerda para a direita) fala aos líderes da União Europeia na sede do pagar suas dívidas, como ocorreu com Grécia
Conselho Europeu, em Bruxelas (Bélgica), em fevereiro de 2015, e Portugal em 2009, o que ocasionou uma
durante reunião para negociar a dívida da Grécia. forte crise (figura 16).
As consequências da crise para os países europeus são variadas. A primeira é
a instabilidade da moeda (euro). Ainda não se sabe até quando a União Europeia
vai conseguir ajudar seus membros em dificuldades financeiras a saldar dívidas de
curto prazo. Com a diminuição da atividade econômica, caiu a oferta de empregos
(figura 17). No auge da crise, países europeus sofreram ataques especulativos. Leia
na seção Fique por dentro como funciona a especulação financeira.
A crise também gerou o aumento da intolerância contra imigrantes. As tensões
sociais nos países da União Europeia são evidenciadas pelos protestos contra a
presença de estrangeiros e também pelas manifestações de imigrantes reivindi-
cando garantias sociais. Nesse contexto, o Reino Unido decidiu sair do bloco.

Andrea Comas/Reuters/Fotoarena
Entenda a crise
da Grécia
‹www.terra.com.br/
economia/infograficos/
entenda-a-crise-na-
grecia›
O site mostra em ordem
cronológica os principais
acontecimentos
relacionados aos
primeiros anos da crise
na Grécia. Esses eventos
estão representados em
uma linha do tempo,
com fotos e textos
explicativos.
Figura 17. População faz fila em busca de oferta de empregos em Madri (Espanha), 2016.

128 Unidade 2 ¥ O velho mundo se renova

Texto complementar
O futuro Europeu
As duas crises – a crise nacional e a crise europeia – mudaram os termos de referência do debate estratégico em Portugal e, pela pri-
meira vez desde o Tratado de Maastricht, voltou a haver um debate interno sobre as políticas externas portuguesas. A confiança das
elites portuguesas no futuro da Europa (e no seu próprio futuro europeu) foi posta em causa. A integração europeia era vista como um
processo irreversível, a moeda única era suposta ser imune às crises e a União Europeia era representada como um dos polos funda-
mentais do sistema internacional, mas os últimos anos revelaram uma realidade mais complexa.

128 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações did‡ticas
Fique por dentro Ao abordar a seção Fique por
dentro, certifique-se de que os
alunos compreenderam o que é
A especulação financeira
a especulação financeira e de
Quando os países necessitam de dinheiro, podem recorrer a empréstimos bancários. Posteriormen- que forma ela interfere no en-
te, devem pagar aos bancos, mas com um acréscimo sobre o valor emprestado. Quando os governos dividamento dos países, agra-
têm alguma dificuldade para saldar as dívidas, pode ocorrer uma especulação financeira. vando a crise financeira.
Veja um exemplo: um país tem uma dívida a pagar nos próximos meses no valor de R$ 1 milhão, Para ampliar a compreensão
mas não tem dinheiro para quitá-la. Então, ele lança no mercado financeiro um título, que pode ser dos motivos que levaram à saída
comprado por investidores. Esse título é uma declaração na qual o governo garante que vai pagar do Reino Unido da União Euro-
peia (Brexit) e da repercussão
futuramente ao investidor o valor inicial do título mais os juros, sendo que o prazo para esse paga-
internacional desse processo,
mento é maior que o prazo de vencimento da dívida do país. O governo se compromete a pagar sobre
pode-se propor aos alunos uma
o valor do título, por exemplo, juros de 3% ao mês e, como garantia de pagamento, apresenta os pesquisa em jornais, revistas e
indicadores financeiros do país. Os investidores, para conseguir mais vantagens, não compram os tí- na internet de notícias a respei-
tulos, isto é, não aceitam as condições que o governo oferece, ou seja, especulam para tirar proveito to desse tema. Promova uma
da situação. Para conseguir o dinheiro e pagar as dívidas, o governo fica sem alternativa e acaba au- troca de informações entre os
mentando os juros oferecidos para 4%, por exemplo, atendendo à expectativa dos especuladores. alunos para que socializem e
Essa manobra vai au- contraponham as informações
Louisa Gouliamark/Agência France-Presse

mentar a dívida do país que levantaram em suas pes-


e prejudicá-lo ao longo quisas. Esse conteúdo favorece
o desenvolvimento da CECH2
do tempo, mas rende-
e da CG7.
rá mais divisas aos que
emprestam dinheiro ao
governo por meio da
compra de seus títulos.

Gregos protestam contra


políticas financeiras do
governo, em Atenas
(Grécia), 2015.

1. O governo de um país decide lançar um título no mercado financeiro quando está com dificuldade para
Atividades saldar suas dívidas.
1. De acordo com o texto, em que tipo de situação o governo de um país decide lançar um título no mer-
cado financeiro?
2. Descreva como os especuladores atuam.

2. Os especuladores, para obter vantagem, não compram os títulos nas condições iniciais oferecidas pelo
Brexit governo. Eles esperam até que o governo, sem alternativas para pagar suas dívidas, aumente os juros
oferecidos, de forma a atender às expectativas de maiores ganhos dos investidores.

Brexit é o termo usado para designar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Deriva da junção das palavras em inglês Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída).
Depois de duas crises envolvendo países da União Europeia, em 2008 e 2011,
em 2016 houve um referendo no Reino Unido para consultar a população sobre a
permanência ou não do país no bloco. A maioria votou pela saída do país do bloco
(tabela 2, na página seguinte).
Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 129

[…] Os principais dirigentes europeus admitiram a possibilidade do fim do euro e da própria UE, os perigos de fragmentação, com
a inversão do processo de integração regional, passaram a estar presentes no cálculo das estratégias nacionais e o declínio relativo da
Europa Ocidental na balança das regiões internacionais tornou-se uma percepção corrente.
SOUSA, Teresa de; GASPAR, Carlos. Portugal, a União Europeia e a crise. Revista Relações Internacionais. Lisboa, n. 48, dez. 2015.
Disponível em: <www.scielo.mec.pt/scie lo.php?script=sci_arttext&pi d=S1645-91992015000400007>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 129


Orientações didáticas
Durante a leitura da tabela, Tabela 2. Referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia
além do resultado equilibrado do (% votos)
referendo (ambos os lados pró- País Permanecer Sair
ximos a 50%), destaque o ele- Inglaterra 46,6 53,4
vado percentual de escoceses Irlanda do Norte 55,8 44,2
que votaram pela permanência Escócia 62 38
do Reino Unido na União Euro- País de Gales 47,5 52,5
peia (superior a 60%). Reino Unido (total) 48,1 51,9
Fonte: elaborado com base em EU Referendum Results. BBC News. Disponível em: <www.bbc.com/news/politics/
eu_referendum/results>. Acesso em: out. 2018.

Os principais argumentos utilizados pelos defensores da saída foram: a neces-


sidade de aumentar o controle de fronteiras e questões de segurança; a defesa
Texto complementar da soberania nacional perante as decisões da União Europeia; queixas em relação
Brexit realimenta às contribuições financeiras para o bloco; e, por fim, a proteção da identidade
o sonho de cultural britânica, que estaria sendo comprometida pela grande quantidade de
independência da estrangeiros no país.
Escócia
A partir da formalização do pedido de saída, ocorrida em 2017, o Reino Unido
“Mal posso esperar para ter
outro referendo”, comenta Ke- passou a ter dois anos para concluir o processo. Entre as possíveis consequências
vin Gibney à margem do rio do Brexit, podemos citar a desvalorização do euro e da libra, variações nos mer-
Clyde, em Glasgow. Na con- cados financeiros, saída de grandes empresas europeias do Reino Unido, maior
sulta popular de 2014, o esco-
cês de 46 anos ficou do lado rigor nas políticas de imigração, além de influenciar outros países da União Euro-
dos perdedores. Mas ele espe- peia a fazer o mesmo. Há ainda um forte descontentamento da Escócia, integran-
ra que a independência vença te do Reino Unido, o que pode reacender os anseios separatistas de parte dos
da próxima vez – se o governo
da Escócia realmente obtiver o
escoceses (figura 18).
mandato para um segundo voto

Russell Cheyne/Reuters/Fotoarena
sobre sua saída do Reino Unido.
“Tudo depende de se West-
minster vai fincar pé e não
permitir que aconteça”, diz
Gibney à DW. Ele dirige a
companhia Independence
Live, especializada em live Figura 18. Escoceses
streaming de eventos nacio- protestando contra o
nalistas. Por enquanto, con- Brexit em Edimburgo
tudo, muitos nacionalistas (Escócia), 2018. Após o
escoceses estão simplesmen- anúncio do Brexit,
te contentes por a questão de escoceses voltam a discutir
um segundo referendo sobre
a independência da
a independência ter voltado
Escócia, que, em votação
à pauta do dia.
em 2014, decidiu
No discurso de abertu-
permanecer no
ra da convenção do Parti-
do Nacional Escocês (SNP) Reino Unido.
em Aberdeen, no sábado 18,
a primeira-ministra Nicola O continente europeu tem exercido papel de liderança mundial há séculos e,
Sturgeon apresentou os de- atualmente, sua maior força político-econômica é a União Europeia. Principal
talhes do referendo que ela
bloco regional do mundo, a União Europeia é resultado de décadas de aproximação
propõe. O tema está no ar
desde 23 de junho de 2016, e cooperação entre países. Porém, a crise financeira, o controle temporário de
quando o eleitorado britâni- fronteiras e o processo do Brexit têm levantado dúvidas sobre o futuro do bloco.
co optou pela saída da União Apesar disso, é importante para o Brasil manter relações de cooperação com a
Europeia, embora a maioria
dos escoceses tenha votado União Europeia, para garantir investimentos e ampliação do mercado de expor-
contra. tação do país. Leia na seção Enquanto isso no Brasil como se organiza a coopera-
[...] ção entre o Brasil e o bloco europeu.
“No fim desse processo,
ou o povo da Escócia opta- 130 Unidade 2 ¥ O velho mundo se renova
rá pelo pacote do Brexit do
governo do Reino Unido, ou
escolherá a independência”,
declarou há poucos dias o mi-
nistro escocês para o Brexit, opção pela incerteza, com pontos de interrogação que iam desde Trabalhista. Entretanto, a legenda que dominou por tanto tempo
Michael Russell. a futura moeda até a filiação à UE. a política na Escócia está hoje em baixa.
[...] Algumas dessas questões permanecem sem resposta, mas uma Neste ínterim, os conservadores escoceses emergiram como
Repercussões na União Escócia independente tem agora bem melhor probabilidade de paladinos pró-união. Sua temperamental líder, Ruth Davidson, é
Europeia contar com a boa vontade de Bruxelas – mesmo descontando-se popular, mas a fama do partido continua sendo tóxica na maior
Ainda assim, o lado pró- as apreensões quanto a abrir um precedente para os secessionis- parte da Escócia pós-industrial.
-independência tem chances tas espanhóis. […]
numa segunda rodada. Du- O tom da próxima campanha de referendo também poderá ser GEOGHEGAN, Peter. CartaCapital, 19 mar. 2017. Disponível em:
rante a campanha anterior, bem diferente. Em 2014, o vitorioso movimento unionista Better <www.cartacapital.com.br/internacional/brexit-realimenta-o-sonho-de-
o “sim” era decididamente a Together era principalmente composto por ativistas do Partido independencia-da-escocia>. Acesso em: nov. 2018.

130 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Ao analisar as relações en-
tre o Brasil e a União Europeia,
Comunica o conjunto Brasil�União Europeia � ez anos a Parceria é mobilizada a CECH5.
Estratégica
Celebram-se hoje os 10 anos da Parceria Estratégica Brasil-União Euro-
peia, estabelecida pela Declaração de Lisboa, em 4 de julho de 2007.
Nesta década, expandiram-se os investimentos de parte a parte: a UE é
o maior investidor no Brasil e o Brasil já é hoje o quinto maior investidor na
União Europeia. Ambos são importantes parceiros comerciais, com trocas
que já alcançam mais de US� 30 bilhões de janeiro a junho deste ano – ex-
portações brasileiras de US� 16,85 bilhões e importações de US� 15 bilhões.
A celebração do décimo aniversário da Parceria Estratégica ocorre em
momento importante para o futuro

Chico Ferreira/Pulsar Imagens


das relações bilaterais, com a inten-
sificação das negociações do Acordo
de Associação Mercosul-União Eu-
ropeia, neste semestre em que o
Brasil assume a presidência pro
tempore do Mercosul.
Brasil e UE são tradicionais alia-
dos na defesa do multilateralismo e
dos valores democráticos, a promoção
da paz e da segurança internacionais,
na expansão do comércio e na elimi-
nação das barreiras comerciais, na
geração de empregos e no fomento à
competitividade e inovação.
As relações entre o Brasil e a
União Europeia aliam a força da
Mineradora em Poconé (MT), 2018. O minério de ferro é um dos principais
tradição e o impulso constante da
produtos não agrícolas exportados pelo Brasil para a União Europeia.
renovação. Ao longo desses dez
anos, aprofundou-se a cooperação em temas globais, ciência e inovação,
tecnologia da informação e das comunicações, energia, direitos humanos,
mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e temas econômicos.
O Brasil foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas
com a então Comunidade Econômica Europeia, em 1960, e está convencido
de que a Parceria Estratégica Brasil-União Europeia continuará a se apro- 1. A aproximação resultou
fundar nos próximos anos, com renovados e crescentes benefícios concretos no aumento dos
investimentos da União
para nossas sociedades. Europeia no Brasil e
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Comunicado conjunto Brasil-União Europeia: dos investimentos
dez anos da Parceria Estratégica, 4 jul. 2017. Disponível em: <www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ brasileiros na União
notas-a-imprensa/16723-dez-anos-da-parceria-estrategica-brasil-uniao-europeia>. Acesso em: out. 2018. Europeia. Além disso, a
cooperação promoveu
avanços em diversos
temas, tais como
energia e direitos
Atividades humanos.
2. Sim, pois essa
1. Aponte os avanços resultantes da aproximação do Brasil com a União Europeia. aproximação promove
o diálogo e a
2. Lembre-se dos conceitos estudados anteriormente e responda: a aproximação cooperação entre os
Brasil-União Europeia representa o multilateralismo? Justifique. países.

Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 131

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 131

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