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Apontamentos HESMM
Apontamentos HESMM
Aula 1
1
Duplicação dos rendimentos dos Países Baixos entre 1500 e
1600.
Enfoques e perspetivas
- As análises estruturais;
- As dinâmicas;
- Análises temáticas e estruturais;
- A interação de fenómenos económicos e não económicos em
processos de mudança económica;
Os debates e controvérsias
Os conceitos próprios da disciplina:
- Produtividade (outputs e inputs). Diferentes inputs dão
diferentes outputs;
- Fatores de produção: terra, trabalho e capital (capital
circulante e capital fixo);
- Capitalismo (sistema historicamente determinado;
resultado de muitas opções dos intervenientes económicos;
assimetrias de detração dos meios de produção);
- Crescimento económico (a diferença entre crescimento
extensivo e crescimento intensivo)
Tem os seus problemas quando aplicado ao Antigo Regime.
Avaliação
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6 aulas práticas (com controlo da assiduidade: 27/09;
04/10; 16/10; 30/10; 13/11; 29/11.
Regime de avaliação contínua.
2 testes sem consulta.
1º teste: 25 de outubro;
2º teste: 4 de dezembro.
Moodle: FCSH_HESMM_2023
Aula 2
Instituições são:
- Concebidas pelos seres humanos (“the humanly devised
rules of the game”);
- Impõem constrangimentos ou fornecem incentivos à
atividade económica (exemplo das corporações, dos
contratos).
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A distinção entre instituições formais (leis, regulamentos,
contratos) e informais (normas não escritas, tradições -»
incorporadas na cultura).
As instituições são essenciais para o crescimento e
desenvolvimento dos países. (North, Douglas, s.d.)
1. Agricultura
Mais pesada herança da medievalidade;
Atividade económica predominante;
85-90% da população europeia (início da Idade Moderna);
Baixa produtividade agrícola; -» não é possível libertar
mão de obra porque não há melhorias técnicas;
Ligação à precuária;
Suporte de algumas indústrias têxteis.
1.1 Senhorialismo
Modelo de organização agrária e social dominante na Europa.
Características:
1) A posse da terra e o exercício de poderes jurídico-
políticos pelo proprietário e “senhor” (cobração de
direitos; rendas extra-económicas; direitos banais;
direitos do senhor por deter os bens de produção (moinho,
forno); direitos de portagem);
2) Dissociação propriedade / exploração
- contratos de exploração e repartição do produto agrário.
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Ceifa: final do
Verão
2 Cultivo de Pousio Cultivo de
Primavera Outono
3 Pousio Cultivo de Cultivo de
Outono Primavera
A discussão historiográfica
Vila comunitária: uma instituição eficiente?
- Uma estratégia de prevenção de riscos;
- Melhor gestão do trabalho;
- Vantagens do esforço de cooperação na lavra das terras.
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Todavia: escondem assimetrias na distribuição de
rendimentos: a favor das elites (camponeses abastados).
(Conclusão)
Prevalência do senhorialismo e da vila comunitária e os
limites ao desenvolvimento agrário.
Agricultura de baixos rendimentos;
Fracos estímulos para a inovação e elevação da
produtividade;
Mas: lenta emergência da agricultura comercializada
(Flandres e Países Baixos do Norte =» zonas mais
urbanizadas).
2. Indústria
A cooperação e os limites impostos por esta instituição
económica.
O legado medieval:
a) tecnologia e fontes de energia =» energia mecânica:
força manual e força muscular humana; «80-85% da energia
das sociedades pré-industriais provém de tração animal e da
energia muscular humana» (Carlo Cippola);
b) gama de bens produzidos
- A primazia da produção têxtil no conjunto da produção
industrial;
- A progressiva difusão do ferro: cutelarias e industrias
de armamento (aliado à afirmação do Estado Moderno);
necessita de água e madeira (por isso é que se localizavam
perto de florestas; podia ser importado); contudo: procura
e produção limitadas; ferro «parente pobre das economias
pré-industriais» (Fernand Braudel).
c) organização do trabalho
- A oficina =» disciplina corporativa;
- A indústria doméstica ou rural.
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As corporações (guildas) e os seus objetivos:
- Uniformizar o processo produtivo;
- Manter equilíbrio social e evitar a concorrência entre os
associados (a concorrência é o problema para os liberais).
Instituições obrigatórias.
(Conclusão)
Desequilíbrio entre agricultura / indústria.
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Evolução dependente das estruturas agrárias e dos seus
efeitos:
- Mercado de procura reduzido: baixos rendimentos e
prevalência do auto-consumo.
Os limites técnicos ao alargamento da produção
manufatureira.
Aula 3
3. O comércio
3.1 O comércio local
Assegura a maior parte das trocas comerciais entre o campo
e a cidade.
Mercados locais auto-suficientes, polivalentes e fracamente
integrados. =» pequenas ilhas de troca mercantil.
Procuram satisfazer as necessidades locais.
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Cereais lançados no comércio marítimo: 3% do consumo total
(séc. XVII) =» “trigo do mar” era o trigo que vinha do mar.
Chega trazido por holandeses, vindo do Báltico. Mais fácil
e rápido transportar trigo pelo mar do que pelo interior
terrestre. Ex.: grande crise cerealífera em Itália no final
do século XVI.
3.2 Comércio de longa distância
Modelo herdado do período medieval nas rotas de longa
distância:
- Mercadorias de baixo volume / alto valor unitário (sedas,
têxteis, especiarias, pedras preciosas…);
- Eixo mercantil Itália /Levante.
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- Cereais vinham da Polónia, pelo rio Vístula, para o mar
Báltico.
(Conclusão)
As economias europeias na viragem para o período moderno:
- características diversas;
- permanência de constrangimentos;
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- emergência de novas oportunidades (agricultura
comercializada e mais variada no norte de Itália para
abastecer o mercado urbano).
Sinais inequívocos da possibilidade de mudanças.
Demografia
Porque é que a história económica depende do estudo da
mudança demográfica?
a) Procura =» dimensão e composição do mercado (ter em
conta sempre os rendimentos da população);
b) Oferta =» mão de obra.
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2º: Preventive checks – auto-controlo da população –
elevação da idade de casamento; aumento do celibato
definitivo.
a) Dimensão
As estimativas possíveis
As tendências seculares:
- Crescimento (séc. XVI);
- Desaceleração (séc. XVII);
- Crescimento acelerado (séc. XVIII).
Variações de amplitude:
- Inversão do ritmo de evolução: Espanha, Itália e
Alemanha;
- Estagnação – diminuição do ritmo de crescimento em
França, Inglaterra e Países Baixos.
Aula 4
Demografia
a) Dimensão
França, Inglaterra e Países Baixos (1600-1700)
- Estagnação ou crescimento populacional fraco
1600-1650: travagem do crescimento demográfico europeu.
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Ao contrário do que aconteceu com a crise do século XIV,
que afetou a Europa na generalidade, no século XVII já não
é assim.
b) Distribuição da população pelo território
Europa ocidental mais urbanizada. Aumento da população
urbana é mais pronunciado na Europa do Norte.
População urbanizada nos Países Baixos e Bélgica recua no
século XVIII derivado a fenómenos económicos (fim da “Idade
de Ouro” destes territórios).
Crescimento em Portugal de 3% a 11,5% entre 1500-1550.
Decrescimento em Portugal no século XVIII.
França, Países Baixos e Itália mais urbanizados em 1600.
Tendência geral de maior urbanização nas áreas costeiras.
b) Distribuição
Quase duplicação da população urbana entre 1500 e 1800.
1800 (Europa ocidental):
- Taxa de urbanização média: 14,9%;
- Taxas de urbanização mais elevadas no Noroeste da Europa:
Províncias Unidas – 29%
Inglaterra – 20%
Aumenta o número de cidades com mais de 100 mil habitantes
- Crescimento explosivo nas grandes metrópoles;
- Finais do século XVII: Londres e Paris – 500 mil
habitantes.
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As variáveis que intervêm na evolução demográfica:
- Natalidade;
- Mortalidade;
- Movimentos migratórios.
O regime demográfico:
Altas taxas de natalidade e altas taxas de mortalidade
(entre 25‰ – 40‰)
(Portugal 2021: TBN: 7,6‰ / TBM: 12,0‰)
Mortalidade endémica
- Crescimento lento da população na longa duração – 2-3‰
por ano;
- População dobraria no espaço de dois a três séculos.
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A teoria das crises de subsistência (Jean Meuvret e Pierre
Goubert)
- A coincidência entre alta dos preços dos cereais e
aumento do número de mortos;
- Crise alimentar -» desastre demográfico;
- Os cereais, base da alimentação europeia -» 80% da ração
calórica;
- Tónica dominante nesta interpretação: a fome.
Contestação:
- O revisionismo das crises de mortalidade;
- Crises de mortalidade sem elevação dos preços do trigo;
- Subida de preços de cereais sem elevação do número de
mortos (ceticismo relativamente ao papel da fome enquanto
causa primordial da mortalidade a larga escala).
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- Século XVII: 66-75% das mortes causadas por uma doença
infeciosa (investigação realizada com base em registos
paroquiais ingleses).
A tónica já não está na fome, no entanto esta não está
ausente.
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- Período de vida matrimonial limitado -» Taxa de
reprodução insuficiente para aumentar substancialmente a
população.
Justificação de Hajnal:
a) este padrão de casamento é indissociável da família
nuclear europeia ocidental;
b) descendentes não se casam até terem condições para se
autonomizar;
c) contração dos salários reais das populações europeias do
scéulo XVII.
Aula 5
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Grande surto de peste desde 1569, desde 1348.
Peste agudiza as clivagens existentes na sociedade!!!
A Peste Negra:
- Bactéria: Yersinia pestis;
- Pulga / ratos negros (hospedeiros): picada da pulga;
- Zoonose;
- 3 variantes de pestes: Bubónica: taxa de mortalidade 60 a
80%, transmitida por contacto
Pneumónica: taxa de
mortalidade 99% (3 dias); mutação da peste bubónica;
transmitida por via aérea
Septicémica: mais
rara; a transmissão fazia por intermédio do sangue
infetado; muitíssima virulenta.
A peste permaneceu endémica na Europa; último grande surto:
1720; não se conhecem surtos depois do séc. XIX.
Austrália, Índia e EUA: surtos no séc. XX.
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- Perturbação climática -» quebra das colheitas -» subida
dos preços -» redução do aporte calórico -» aumento da
mortalidade (por via da subnutrição)
O revisionismo
- A mortalidade e as curvas dos preços dos cereais: uma
relação imprevisível;
- As outas determinantes do comportamento da mortalidade:
epidemias, guerra e organização social.
Fertilidade
Variável mais previsível
Mas: fertilidade natural não é idêntica em toda a Europa.
A importância dos intervalos intergenésicos –
determinados pelas práticas de amamentação e sua duração.
Aula 6
(faltei mas é o final do powerpoint da demografia)
Aula 8
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O «longo século XVI» agrícola. Os Países Baixos do Norte
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Tem que haver a certeza de que o que se precisa pode
ser buscado ao mercado.
A especialização produtiva:
- Gado e seus derivados (manteiga e queijo),
horticultura, fruticultura;
- Plantas de aplicação de novas técnicas agrícolas.
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Thomas Robert Malthus e as suas premissas: utilizadas por
uma série de historiadores para explicar as crises do
século XVII.
a) A terra é um bem fixo;
b) Não há ganhos de eficiência nos usos da terra
-» a matriz tecnológica não sofre alterações
c)
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Espanha (1550-1590): as taxas não mostram sinais de
declínio.
A produtividade agrícola entra em quebra, sem que se
registe um recuo prévio da produtividade.
Paris:
CONTINUAR SLIDE
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-» As crises de subsistência (perturbações climáticas)
empobrecem o campesinato
- Reduzem stocks de capital e de gado;
- Comprometem a capacidade de investimento (famílias
podem deixar de explorar a terra, ou tornar-se assalariadas
(vender a força do seu trabalho), ou deslocam-se para a
cidade).
Sul de França
Predomínio de cultivos diversificados, tipicamente
mediterrânicos (vinha, oliveira, milho)
- Aumento da pressão fiscal exercida pela nobreza
terratenente;
- Crise na produção vinícola;
- Espiral de declínio da produtividade agrícola.
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- Degradação das condições de vida e trabalho no mundo
rural;
- Fenómenos de expropriação -» transferência de direitos
de exploração (para o mundo urbano também)
- Expropriações numerosas em França e Castela (1580-
1720)
- Aprofundamento da diferenciação sócio-económica no
mundo rural.
Empobrecimento e endividamento.
Aula 9
Aula extra
13-10 – 10h – 12h
Sala 309
O revisionismo
As condições desfavoráveis do século XVII (com excepção dos
Países Baixos e Inglaterra)
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1) Integração imperfeita da economia rural no mercado
regional;
2) As instituições económicas
- Prevalência do senhorialismo e a repartição desigual
do produto bruto agrícola;
- A exploração comunitária.
-» Resistência a novos usos da terra.
- O arroz
Cultivado no Norte de Itália; mercado limitado devido aos
hábitos alimentares europeus.
Em síntese
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A quebra dos índices da produção cerealífera e a sua
interpretação
- Europa Mediterrânica;
- Mortalidade catastrófica e a desestabilização da
agricultura camponesa (ligada às unidades de produção
familiares;
- Pode sinalizar diversificação de cultivos e recurso a
alimentos alternativos.
A Inglaterra
- Progressos no século XVII;
- Aplicação de técnicas de cultivo intensivo dos
Países Baixos;
- As diferenças:
- Países Baixos: explorações de pequena dimensão
- Inglaterra:
- Explorações de pequena e média dimensão (até
1730);
- Explorações de grande dimensão (de forma
intensificada depois de 1750).
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- Na Inglaterra o cultivo cerealífero será
articulado com a nova técnica de cultivo (como os
neerlandeses não terão conseguido) -» Vantagem inglesa
(irão conseguir ter tanto os outros produtos como os
cereias)
1) A deflação secular:
1630/40-1660:
Níveis demográficos estagnados
Baixos preços agrícolas (comum a toda a Europa)
2) O crescimento de Londres
1500: 50 000 habitantes
1700: 500 000 habitantes
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O contexto, 1630-1730: deflação/ procura de mão-de-
obra/ salários elevados (custos de produção
elevados).
Aula 11
Aula prática
Frequência:
3 questões com excertos introdutórios para escolher 2.
Tentar entrar na sala 5 minutos antes.
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No campo produzia-se tecidos de menor qualidade mas com
menores custos de mão de obra, livres das imposições das
corporações urbanas.
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Aumenta a importância das indústrias rurais
- Capacidade de produção da Inglaterra cresce
- Itália, França e Alemanha – constituem-se redes de
trabalho industrial no campo
…
O modelo proto-industrial e a questão da competitividade
(capacidade de fazer baixar custos …
…
Camponeses expropriados tentavam enveredar nestas
produções.
Aula x
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O 1º ciclo (1500-1620/1640): A organização do comércio e da
exploração marítima
O império português
A definição precoce de um exclusivo da navegação e do
comércio. 1433: A concessão do exclusivo da navegação ao
infante D. Henrique.
Pós-1498: exclusivo sobre a rota do Cabo -» direitos
reclamados e adquiridos por bulas papais e pela definição
de áreas de influência (Tratado de Tordesilhas).
1591 e 1605: legislação sobre o exclusivo de navegação e
comércio nos senhorios ultramarinos (excluir todos os
estrangeiros na navegação e no comércio).
Dois regimes de exploração do exclusivo imperial (A coroa
despoje-se do poder de exploração direto)
1. Atlântico Sul: navegação e comércio cedidos pela
monarquia aos vassalos -» um espaço reservado,
exclusão de estrangeiros; livre competição entre
agentes.
2. Rota do Cabo: explorada em regime de monopólio de
transporte pela monarquia
-» Casa da Índia: armazém de mercadorias; alfândega
(obrigatório todos os produtos passarem pela Casa da
Índia) corredor obrigatório da compra de venda de
mercadorias asiáticas (depois de 1506).
No comércio da Ásia:
-» pimenta e outras especiarias (canela);
Exploração direta pela Casa da Índia até ao final do século
XVI;
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Depois: armação das naus trazida e reexportação da
pimenta, arrecadação dos direitos fiscais são objeto de
contratação com particulares;
1642: o comércio da pimenta é liberalizado;
A Casa da Índia não é extinta – mas perde o estatuto de
corretor obrigatório.
(Estratégia de privatização é típico na governação dos
Habusburgos espanhóis).
No entanto:
- A coroa nunca deteve o controlo exclusivo do comércio
asiático de Portugal
- A participação dos privados (têxteis de algodão, de
seda, diamantes): c. 3x o valor da carga de pimenta.
…
- Apesar do exclusivo atribuído às guildas: a participação
legal e ilegal de outros comerciantes, incluindo
estrangeiros.
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Monarquia não exige saber quem está por detrás das
sociedades.
Estrangeiros usavam as guildas como seus testas de ferro.
Grande permeabilidade do exclusivo do comércio das
Américas.
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Quem domina a prata?
- Os banqueiros alemães e os empréstimos avançados a Carlos
V;
- O eixo Sevilha-Antuérpia e a drenagem da prata para
Antuérpia.
- Colmatar o défice comercial da Espanha.
- No entanto, Sevilha nunca se torna capital do comércio
europeu e transatlântico.
Sevilha começa a exportar muito com a prata (segunda metade
do século XVI)
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-» Cidades italianas perdem o papel central que tinham
exercido na economia europeia.
O declínio da Espanha:
- Contração demográfica (primeira metade do século XVII);
- Acentuada quebra da produção cerealífera (c. 30%);
- Declínio de alguns centros articuladores do comércio
internacional (Burgos e Medina del Campo);
- As pressões da guerra (Guerra dos Oitenta Anos, 1568-
1648; participação na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)
- Manipulações monetárias e flutuações extremas de
preços;
- Aumento da carga fiscal.
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