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Fundação Getulio Vargas

Escola de Matemática Aplicada

Wellington José

Resumo de Analise na Reta - Parte 2

Rio de Janeiro
2020
Sumário
Funções Contı́nuas

T.V.I

Derivadas e Integrais

Relações Com Máximos e Mı́nimos de Funções

Áreas e Derivadas

Derivadas Sucessivas

Convexidade de Função

Integral de Riemann

Teorema Fundamental do Cálculo

Operações com Integrais

Fórmula de Taylor (versão infinitesimal)

Fórmula de Taylor (versão integral)

Séries

Séries de Potências
“Provas ficam a cargo do leitor”

1 Funções Contı́nuas
Seja f : I → R definida no intervalo I, se c ∈ I, dizemos que f é contı́nua em
c quando limx→c f (x) = f (c). A função é contı́nua em I quando for contı́nua
em todos os pontos.

Teorema 1.1 Seja f : [a, b] → R contı́nua. Então f é limitada.

Teorema 1.2 Seja f : [a, b] → R contı́nua, A = inf {f (t); t ∈ [a, b]} e


B = sup {f (t); t ∈ [a, b]}. Existem então c, d ∈ [a, b] de modo que f (c) =
A e f (d) = B.

Definição 1 Uma partição B de [a, b] é uma sequência finita de pontos a =


a0 < a1 < · · · < ak−1 < ak = b. Dado n ∈ N, consideramos a partição Bn
b−a
formada por intervalos de mesmo comprimento .
n
Teorema 1.3 Seja f : [a, b] → R contı́nua e ε > 0 qualquer. Então ∃n ∈ N
de modo que se x, y estão num certo intervalo de Pn temos que |f (x)−f (y)| <
ε.

Dizemos que f : [a, b] → R contı́nua é uniformemente contı́nua quando,


dado ε > 0 qualquer, ∃δ > 0 tal que se |x − y| < δ então f (x) − f (y)| < ε.

1.1 T.V.I.
Lema 1.4 Seja f : I → R contı́nua e c ∈ I. Se f (c) > 0, ∃δ > 0 tal que se
|x − c| < δ e x ∈ I então f (x) > 0.

Teorema 1.5 Seja f : [a, b] → R contı́nua. Tome L ∈ (f (a), f (b)), ∃c ∈


(a, b) de modo que f (c) = L.

Corolário 1.5.1 Seja f : [a, b] → R contı́nua, com f (a) < 0 e f (b) > 0.
Existe então c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.

Corolário 1.5.2 Tome g(x) = xn , com x ≥ 0 (n ∈ N. Para qualquer


L > 0, ∃c > 0 de modo que g(c) = L, ou seja, cn = L (c é raiz n-ésima de
L).

2
2 Derivadas e Integrais
Definição 2 Dizemos que f : I → R é derivável em a ∈ I quando existe
f (x) − f (a) f (x) − f (a)
limx→a , neste caso f 0 (a) = limx→a
x−a x−a
obs.: se f é derivável em a, então f é contı́nua em a. E a inclinação da
função no ponto a é dada por:

f (x) − f (a)
x−a
Propriedades Operacionais:

1. Se f, g : I → R, c ∈ I, f e g deriváveis em c então (f + g) é derivável


em c e (f + g)0 (c) = f 0 (c) + g 0 (c) e f.g é derivável em c e (f.g)0 (c) =
f 0 (c)g(c) + g 0 (c)f (c).

2. Suponhamos g : I → R, g(x) 6= 0 se x ∈ I e g é derivável em c então


1 −g 0 (x)
f (x) = é derivável em c e f 0 (x) = .
g(x) g(c)2
3. Seja f : (a, b) → (A, B) função injetiva e sobrejetiva, e denotaremos
por g : (A, B) → (a, b) sua inversa. Se f é derivável e f 0 (x) 6= 0 para
1
todo x ∈ (a, b), então g é derivável em (A, B) e g 0 (y) = 0 .
f (g(y))
4. (A Regra da Cadeia) Sejam f : I → j e g : j → R deriváveis, I e j
intervalos abertos e f (I) ⊂ j. Definimos a composta g ◦ f : I → R
como (g ◦ f )(x) := g(f (x)). Então (g ◦ f ) é derivável e (g ◦ f )0 (x) =
g 0 (f (x)).f 0 (x).

2.1 Relações Com Máximos e Mı́nimos de Funções


Consideremos uma função f : I → R derivável num ponto interior c ∈ I.
Suponhamos que exista δ > 0 de modo que (c − δ, c + δ) ⊂ I e f (x) ≤ f (c).
Sempre que x ∈ (c − δ, c + δ) então diremos que c é um ponto de máximo
local de f (análogo para o mı́nimo).

Teorema 2.1 Se c ∈ I é ponto de máximo local, então f 0 (c) = 0 (análogo


para o mı́nimo).

3
Teorema 2.2 (Rolle) Seja f : [a, b] → R contı́nua tal que f seja derivável
em (a, b). Caso f (a) = f (b), então ∃c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) = 0

Teorema 2.3 (Valor Médio) Seja f : [a, b] → R contı́nua e derivável em


f (b) − f (a)
(a, b). ∃c ∈ (a, b) de modo que f 0 (c) = .
b−a
Corolário 2.3.1 Seja f : I → R função localmente constante. Então f é
constante.

Corolário 2.3.2 (Monotonicidade) Seja g : I → R uma função derivável.

• se g 0 (x) ≥ 0 para todo x ∈ I, então g é crescente.


se g 0 (x) > 0 para todo x ∈ I, então g é estritamente crescente.

• se g 0 (x) ≤ 0 para todo x ∈ I, então g é decrescente.


se g 0 (x) < 0 para todo x ∈ I, então g é estritamente decrescente.

2.2 Áreas e Derivadas


Vamos usar a noção intuitiva de área para regiões associada ao gráfico de
uma função contı́nua e positiva f : [a, b] → R. A região em questão está
limitada pelo eixo horizontal, o gráfico de f e as verticais pelos pontos (a, 0)
e (x, 0) denotamos por A(x) sua área.

Definição 3 A(x) é derivável e A0 (x) = f (x).(a formulação rigorosa será


apresentada a frente)

Definição 4 (Função logaritmo) Consideremos g : R>0 → R , g(x) =


1
, e tomemos a região delimitada pelo gráfico de g, o eixo horizontal e os
x
verticais por (1, 0) e (x, 0), seja A(x) sua área. Se x ≥ 1, log x := A(x), se
0 < x ≤ 1, log x := −A(x)

Definição 5 (Função exponencial) Seja a > 0, então ax := ex log a

4
2.3 Derivadas Sucessivas
Se a função f é derivável k vezes podemos escrever a i-ésima derivada de f
em x como f (i) (x).

Teorema 2.4 As funções apresentadas (polinômios, funções trigonométricas,


racionais, logaritmo, exponencial) são infinitamente deriváveis em seu domı́nio
de definição.

Lema 2.5 Seja f : (a, b) → R derivável e duas vezes derivável em c ∈ (a, b).
Suponhamos f 0 (c) = 0 e f 00 (c) > 0 (f 00 (c) < 0).Então c é ponto de mı́nimo
local (máximo local).

2.4 Convexidade de Função


Definição 6 Dizemos que f : I → R é estritamente convexa para cima
f (b) − f (a)
quando para quaisquer a < b ∈ I temos que f (x) < f (a) + (x − a)
b−a
para todo x ∈ (a, b). E f é estritamente convexa para baixo quando para
f (b) − f (a)
quaisquer a < b ∈ I temos que f (x) > f (a) + (x − a) para todo
b−a
x ∈ (a, b).

Teorema 2.6 Suponhamos que f : I → R seja duas vezes derivável. Se


f 00 (x) > 0 (f 00 (x) < 0) para todo x ∈ I então f é estritamente convexa para
cima (estritamente convexa para baixo).

Lema 2.7 Seja ϕ : [a, b] → R duas vezes derivável. Suponhamos ϕ(a) =


ϕ(b) = 0 e ϕ00 (x) > 0 ∀x ∈ [a, b]. Então ϕ(x) < 0 ∀x ∈ (a, b).

3 Integral de Riemann
Consideremos uma função f : [a, b] → R limitada e uma partição P : a =
t0 < · · · < ti−1 < ti < · · · < tn = b do intervalo [a, b], 1 ≤ i ≤ n.

Definição
Pn 7 A soma inferior de f relativa à partição P é s(f, P) :=
i=1 (inf{f (t); ti−1 ≤ t ≤ ti })(t
Pni − ti−1 ) e a soma superior de f relativa
à partição P é S(f, P) := i=1 (sup{f (t); ti−1 ≤ t ≤ ti })(ti − ti−1 )

5
Temos s(f, P) ≤ S(f, P)
Rb Rb
Definição 8 ∃ a f := sup{s(f, P); Ppartição} e ∃ a f := inf{S(f, P); Ppartição}
integral inferior de f em [a, b] e integral superior de f em [a, b], respec-
tivamente.
Rb Rb
Lema 3.1 a f ≤ a f

Rb Rb
Definição 9 f é integrável quando a f = a f o valor comum é denotado
Rb Rb Ra
por a f e convencionamos a f := − b f .

Teorema 3.2 Funções contı́nuas são integráveis.

3.1 Teorema Fundamental do Cálculo


Lema 3.3 Seja f : [a, b] → R integrável. ∀x ∈ (a, b), f |[a,b] e f |[c,b] são
Rb Rc Rb
integráveis. Além disso, a f = a f + c f .

Teorema 3.4 (Teorema R x Fundamental do Cálculo) Seja f : [a, b] → R


integrável e F (x) := a f . Se f é contı́nua em c ∈ [a, b], então F é derivável
em c e F 0 (c) = f (c).

Definição 10 G : [a, b] → R é primitiva de g quando G0 (x) = g(x) em


[a, b].

Lema 3.5 Se f é contı́nua,


R b pelo Teorema Fundamental do Cálculo, então f
possui primitiva F (x) = a f . Tomando F qualquer outra primitiva (acres-
centando uma constante), temos que F (x) = F (x) + F (0), e portanto F (b) −
Rb
F (a) = a f .

3.2 Operações com Integrais


Proposições: Sejam f, g : [a, b] → R integráveis.
Rb Rb Rb
• f + g e f · g são integráveis e a (f + g) = a f + a g
1
• Se |f (x)| ≥ k > 0 ∀x ∈ [a, b] e algum k > 0, então é integrável.
f (x)

6
Rb Rb
• |f | é integrável e | a
f (x)dx| ≤ a
|f (x)| dx
R∞ Rb
Definição 11 Quando 0 |f (x)|dx (ou a |f (x)|dx) existe, dizemos que a
integral é absolutamente convergente. E a integral também é conver-
gente.

3.3 Fórmula de Taylor (versão infinitesimal)


Consideremos f : (a, b) → R função n − 1 vezes derivável em (a, b) e n vezes
derivável em c ∈ (a, b).

Definição 12 Definimos o polinômio de Taylor de f de ordem n cen-


trado em c como
n
n
X f (j) (c)
Tf,c (x) = (x − c)j
j=0
j!

n r(x)
Teorema 3.6 Seja r(x) := f (x) − Tf,c (x). Então limx→c =0
(x − c)n

3.4 Fórmula de Taylor (versão integral)


Teorema 3.7 Seja f : [a, b]Rn+1 vezes derivável, e c ∈ [a, b]. Então f (x) =
n 1 Rx
Tf,c (x) + rn (x), onde rn (x) = (x − t)n f (n+1) (t)dt.
n! c
Corolário 3.7.1 Seja f : [a, b] → Rn vezes derivável no ponto c ∈ [a, b]. Se
S(x)
p(x) é polinômio de grau n t.q. f (x) = p(x) + S(x) com limx→c = 0,
(x − c)n
n
então Tf,c (x) = p(x).

4 Séries
Definição
Pn 13 Consideremos a sequência (aj ) e formemos a nova sequência
sP
n := j=1 aj ela se denomina série, e caso seja convergente, escrevemos

a
j=1 j := limn→∞ sn .
P P
Teorema 4.1 Se |aj | é convergente então aj é também convergente.

7
P P
Definição 14 an converge absolutamente quando |an | for conver-
gente.

Teorema 4.2 (Critério de d’Alewbert)P Se existe 0 ≤ c ≤ 1 t.q. |an+1 | ≤


c|an | a partir de algum n0 , então an é absolutamente convergente.

4.1 Séries de Potências


an (x − c)n , diremos que
P
Vamos tratar o caso particular de séries do tipo
está é uma série de potências centrada em c. Queremos encontrar P valores
de x para os quais a série converge, no caso c = 0 observe que an xn é
sempre convergente em 0.

an xn0 seja convergente. ∃R >


P
Teorema 4.3 P Suponhamos que ∃x0 6= 0 t.q.
n
0 de modo que an x converge em (−R, R) e diverge em (−∞, −R)∪(R, ∞)
(podendo sem R = ∞).

Teorema
P∞ 4.4 Seja [−b, b] ⊂ (−R, R). Dado ε > 0, ∃n ∈ N t. q. n0 > n ⇒
| j=n0 +1 aj xj | < ε para x ∈ [−b.b].
P∞ j
Pm j
Definição 15 Tomando s(x) := j=0 a j x , sm (x) := j=0 aj x para x ∈
(−R, R), temos que ∀x ∈ (−R, R) : limm→∞ sm (x) = s(x), então a série sm
converge uniformemente para s em um intervalo [−b, b] ⊂ (−R, R), ou
seja, dado ε > 0 qualquer, ∃N ∈ N t.q. |s(x) − sm (x)| < ε se m > N e
x ∈ [−b, b] (intervalo limitado fechado de (−R, R).

Teorema 4.5 Da definição 15, temos que, s(x) é contı́nua em (−R, R).
Rx P Rx j
Teorema 4.6 (Integração termo a termo) 0 s(t)dt = ∞ j=0 0 aj t dt para
x ∈ (−R, R).
P∞
Teorema 4.7 (Derivação termo a termo) s0 (x) = j=1 jaj xj−1 para x ∈
(−R, R).

Definição 16 (geral) Sejam fn : I → R sequência de função e f : I →


R, dizemos que fn converge uniformemente para f quando dado ε > 0
qualquer, ∃N ∈ N de modo que |fn (x) − f (x)| < ε se n > N e para todo
x ∈ I.

8
Temos os seguintes teoremas correspondentes ao caso das séries. Supo-
nhamos então fn → f em I.

Teorema 4.8 Se fn é contı́nua ∀n ∈ N, então f é contı́nua.


Rx
Teorema
Rx 4.9 Fixemos a ∈ I, fn contı́nua ∀n ∈ N. Então a
fn (t)dt →
a
f (t)dt ∀x ∈ I.

Teorema 4.10 Suponhamos fn deriváveis, e que fn0 sejam contı́nuas. Se


d d
fn0 → g converge uniformemente, então g = f 0 , isto é, fn (x) → f (X).
dx dx

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