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CNU - Concurso Nacional Unificado -
Noções de Políticas Públicas (Pré-Edital)

Autor:
Stefan Fantini

01 de Outubro de 2023

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Índice
1) Conceito e Evolução do Estado. Formas de Estado. Sistemas de Governo. Três Poderes
..............................................................................................................................................................................................3

2) Questões Conceito e Evolução do Estado. Formas de Estado. Sistemas de Governo. Três Poderes
..............................................................................................................................................................................................
26

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ESTADO: CONCEITO E EVOLUÇÃO DO ESTADO MODERNO.

1 – O que é Estado?

Conforme vimos em nossa aula 00, o termo “Estado” surgiu pela primeira vez em 1513, na obra O
Príncipe, de Maquiavel.

Para Maquiavel, o Estado é uma sociedade política organizada, que exige autoridade própria e
regras bem definidas, com o objetivo de permitir a convivência de seus membros.

Foi com o advento do chamado Estado Moderno que a definição mais aceita de Estado foi
difundida. Nesse sentido, é com Jellinek que se verificam os elementos essenciais (elementos
constitutivos) do Estado. De acordo com o autor, o Estado “é a corporação de um povo, assentado
num determinado território e dotada de um poder originário de mando”.

Conforme explica Alexandre de Moraes, “Estado é forma histórica de organização jurídica,


limitado a um determinado território, com população definida e dotado de soberania, que em
termos gerais e no sentido moderno configura-se como um poder supremo no plano interno e um
poder independente no plano internacional”.1

Ou seja, os elementos básicos/essenciais, originários, e indissociáveis do Estado (ou elementos


constitutivos do Estado), segundo a doutrina tradicional, são: território, povo e governo
soberano. Vejamos cada um desses elementos:2

Território: trata-se do limite de atuação soberana do Estado. Ou seja, é a área geográfica na


qual o Estado exerce a sua soberania.

No âmbito do respectivo território, o poder do Estado é uno. Isso é, naquela área geográfica
não existem outras “autoridades” (em outras palavras, no âmbito de seu território o Estado
não “divide” a sua soberania com qualquer outro Estado).

Povo: É o conjunto de cidadãos de um Estado. A cidadania é adquirida pelo indivíduo


quando ele é integrado ao Estado mediante o preenchimento de certos requisitos
elaborados pelo Estado quando de seu surgimento (quando de sua constituição).

Governo Soberano (ou Poder Político): Conforme explica Scalabrin, atualmente, o conceito
de soberania progrediu para considerar duas perspectivas:3

1
MORAES (2015) apud PALUDO, Augustinho Vicente. Administração Pública, 8ª edição. Rio de Janeiro, Editora Método: 2019.
p.22
2
JELINEK apud BONAVIDES (2009) apud SCALABRIN, Felipe. MELO, Débora S. S. Ciência política e teoria geral do estado. São
Paulo, Editora SAAH: 2017. p.35

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a) poder supremo do Estado (perspectiva “interna”): no sentido de o Estado é o mais


elevado poder daquela sociedade e, portanto, a última instância de decisão sobre
qualquer norma jurídica. Trata-se de dimensão interna que evidencia a superioridade
do Estado sobre as demais organizações da própria sociedade.

b) poder de independência do Estado (perspectiva “externa”): no sentido de que o


Estado não se submete a potências estrangeiras. Assim, o Estado é independente
nas suas relações com os demais Estados.

Povo ≠ População ≠ Nação

Povo, População e Nação são coisas diferentes!

Conforme vimos, povo é o conjunto de cidadãos. Ou seja, é o conjunto de indivíduos


que preencheram os requisitos para serem considerados cidadãos de determinado
Estado.

População, por sua vez, é apenas um conjunto de pessoas que estão no território de
um Estado em determinado momento (ainda que temporariamente). Ou seja, a
população designa apenas uma expressão “numérica”, econômica ou demográfica. 4

Por exemplo: um francês que está de férias no Brasil em dezembro pode, naquele
momento, ser considerado parte da população brasileira (contudo, não será
considerado parte do povo brasileiro).

Por fim, a nação é um conceito relacionado ao conjunto de indivíduos que, fixados em


um território, compartilham origem, cultura, língua, religião, costumes, afinidades
materiais, afinidades espirituais, afinidades econômicas, etc. Ou seja, são indivíduos que
possuem uma identidade e estão ligados por “laços” comuns.

3
SCALABRIN, Felipe. MELO, Débora S. S. Ciência política e teoria geral do estado. São Paulo, Editora SAAH: 2017. p.40
4
SCALABRIN, Felipe. MELO, Débora S. S. Ciência política e teoria geral do estado. São Paulo, Editora SAAH: 2017. p.35

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(VUNESP – Prefeitura de Mogi das Cruzes-SP – Procurador Jurídico – 2016 - ADAPTADA)

O primeiro teórico a utilizar a palavra Estado para denominar uma sociedade política foi
Maquiavel, em sua obra O Príncipe, em 1513.

Comentários:

Isso mesmo! O termo “Estado” surgiu pela primeira vez em 1513, na obra O Príncipe, de
Maquiavel.

Gabarito: correta.

(CESPE – INSS – Perito)

Povo, território e governo soberano são elementos do Estado.

Comentários:

Isso mesmo! Os elementos básicos/essenciais, originários e indissociáveis do Estado (ou elementos


constitutivos do Estado), segundo a doutrina tradicional, são: território, povo e governo soberano
(poder político).

Gabarito: correta.

(FMP Concursos – TJ-MT – Juiz - ADAPTADA)

Nação é um conceito ligado a um agrupamento humano cujos membros, fixados num território,
são ligados por laços culturais, históricos, econômicos e linguísticos.

Comentários:

Isso mesmo! A assertiva trouxe, corretamente, um conceito de Nação.

Gabarito: correta.

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2 – Origem e Formação dos Estados

2.1 – Modos de Formação dos Estados

Conforme explica Azambuja, existem 03 modos pelos quais, historicamente, os Estados se


formam5:

a) Modos Originários: a formação do Estado é inteiramente nova. O Estado nasce


diretamente da população e do país, sem “derivar” de outro Estado preexistente.

b) Modos Secundários: ocorre quando vários Estados se unem para formar um novo Estado,
ou então quando um Estado se “divide” (se fraciona) para formar outros Estados.

c) Modos Derivados: a formação do Estado ocorre por influências exteriores (influências


advindas de outros Estados).

2.2 – Evolução do “Estado” e surgimento do Estado Moderno

Conforme bem resume Matias-Pereira, antes do surgimento do Estado Moderno, havia 04 “tipos”
de Estado:6

Sociedade nômade: cuja organização era bastante primitiva.

Estado-cidade (Cidade-estado): surgido com a Grécia Antiga, e cuja sociedade era muito
sofisticada.

Império Burocrático: adotado na China.

Estado feudal: o qual, a partir dos excedentes agrícolas, criou as condições básicas para
acelerar o dinamismo do mercado.

Em relação ao surgimento do Estado moderno, Norberto Bobbio destaca duas teses antagônicas e
igualmente válidas para justificar a realidade política posterior à época medieval: 7

Teoria da descontinuidade: de acordo com essa corrente de pensamento, o Estado


moderno representou uma verdadeira ruptura com a sociedade política medieval, através
de um processo de inevitável concentração do poder de comando sobre determinado

5
AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. São Paulo, Globo: 2005. p.101
6
MATIAS-PEREIRA, José. Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 5ª edição. São Paulo, Atlas:
2018. P.19
7
BOBBIO (2007) apud SCALABRIN, Felipe. MELO, Débora S. S. Ciência política e teoria geral do estado. São Paulo, Editora SAAH:
2017. p.50

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território mais vasto e da monopolização de alguns serviços essenciais para a ordem


interna.

Desta forma, são considerados elementos constitutivos do Estado moderno “a presença de


um aparato administrativo com a função de prover a prestação de serviços públicos e o
monopólio legítimo da força”.

Teoria da continuidade: de acordo com essa linha de pensamento, o Estado moderno é, na


realidade, um produto da evolução das sociedades medievais. Por essa razão, muitos
elementos presentes no pensamento moderno (como a noção de soberania e de povo) já
eram tratados pelos pensadores gregos e romanos.

Não é à toa, por exemplo, que, mesmo no período medieval, persistia a noção de um rei e
de um império, que somente ganhou vigor graças aos comentadores medievais da legislação
romana. É, portanto, ainda na Idade Média que se coloca em discussão a questão da
fundamentação do poder, que depois evoluirá para o pensamento sobre o Estado moderno.

2.3 – Teorias sobre a Origem do Estado

Vejamos, a seguir, uma síntese das principais teorias sobre a Origem do Estado: 8

Teorias Não Contratuais

Teorias da Origem Violenta (Dialética): De acordo com essas Teorias, o Estado nasceu da
força e da violência. Quando uma pessoa (ou um grupo de poucas pessoas) controlam as
demais pessoas.

De acordo com Oppenheimer, a norma básica do Estado é o poder. Ou seja, o Estado é visto
pela sua origem: violência transformada em poder. Trata-se de uma organização social
impostar por um “grupo vencedor” (grupo que “conquistou”) a um “grupo vencido”.

Teoria Familial (Teoria da Origem Familiar / Teoria Evolucionária / Teoria Patriarcal): De


acordo com essa teoria, o Estado desenvolveu-se naturalmente, a partir da união de laços
de parentesco, onde o mais forte (ou mais experiente) detinha o controle do poder.

Trata-se de uma Teoria bem antiga, muito criticada e pouco aceita atualmente. Isso, pois, é
uma teoria que não pode ser confirmada historicamente e, além disso, o Estado é sempre a
reunião de inúmeras famílias.

8
MATIAS-PEREIRA, José. Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 5ª edição. São Paulo, Atlas:
2018. p.20 e AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. São Paulo, Globo: 2005. pp.89-100

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Teoria do Direito Divino: Essa Teoria surgiu na Europa, entre os séculos XV e XVIII. De
acordo com a Teoria do Direito Divino, o Estado foi criado por Deus, e é Deus que dá o
poder divino aos reis para que eles governem.

Teoria da Origem Patrimonial (Econômica): trata-se de uma Teoria desenvolvida por Karl
Marx e Friedrich Engels, que está relacionada à origem econômica: proteção da
propriedade privada e regulamentação de relações patrimoniais.

De acordo com os autores, o surgimento do poder político e do Estado decorre da


dominação econômica do homem pelo próprio homem. Nesse sentido, o Estado vem a ser
uma ordem coativa, instrumento de dominação de uma classe sobre a outra. Os autores
explicam que todos os fenômenos históricos são produto das relações econômicas entre os
homens. 9
==318e37==

Teoria da Origem no Desenvolvimento Interno da Sociedade (Teoria Natural): De acordo


com essa Teoria, o próprio desenvolvimento natural e “espontâneo” da sociedade que dá
origem ao Estado. Ou seja, quando as sociedades atingem um maior grau de
“desenvolvimento” e alcançam uma forma mais “complexa”, elas passam a necessitar de
um “Estado” o qual, consequentemente, naturalmente se constitui.

Teorias Contratuais

Teoria Contratual (Teoria do Contrato Social): De acordo com essa Teoria, o Estado nasce
de um contrato social, evoluindo do “estado de natureza” para o “Estado democrático”.

*O Estado de Natureza significa o período em que os indivíduos se organizavam


apenas pelas “Leis da Natureza”. Ou seja, os indivíduos podiam fazer o que quisessem
e se utilizavam de todos os meios para atingir seus objetivos.

Conforme Hobbes explica, os indivíduos têm uma tendência natural à violência, e


seus desejos individuais, em um estado de natureza, geravam disputadas que
poderiam levar à morte. É daí que surge a famosa frase de Hobbes: “O homem é o
lobo do homem”.

Os principais teóricos da Teoria Contratual são: John Locke, Thomas Hobbes, Jean-Jacques
Rousseau, Grotius e Spinoza. Vejamos alguns aspectos desses teóricos:

Hobbes afirma que “ante a tremenda e sangrenta anarquia do estado de natureza,


os homens tiveram que abdicar em proveito de um homem ou de uma assembleia os

9
MATIAS-PEREIRA, José. Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 5ª edição. São Paulo, Atlas:
2018. p.25

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seus direitos ilimitados, fundando assim o Estado, o Leviatã, o Deus mortal, que os
submete à onipotência da tirania que eles próprios criaram.”10

De acordo com Hobbes, o homem já nasce mau e não sabe viver em sociedade. O
autor defende o Estado Absolutista.

Para Hobbes, o Estado se apresenta como o “senhor absoluto”, cabendo aos


cidadãos (ou súditos) a obediência sem questionamento, pois o Estado funciona
como uma ordem absoluta e controladora, com o objetivo de tirar os homens da
guerra de “todos contra todos”. 11

Spinosa, ao seu turno, também considera que os homens se viram forçados a pôr fim
ao estado de natureza mediante um contrato (com o qual criaram o Estado),
abdicando, neste contrato, todos os direitos (menos o de pensar, de falar e de
escrever).12

Grotius explica “que os homens, levados pela simpatia recíproca, associaram-se por
um pacto voluntário”.13

Locke, por sua vez, “baseia o contrato e, portanto, o Estado, no consentimento de


todos, que desejavam criar um órgão para fazer justiça e manter a paz”.14

Para Locke, o nascimento do Estado é um ato de liberdade de decisão e princípio de


sobrevivência e preservação. Locke sustenta que o contrato não gera um Estado
Absoluto, uma vez que esse contrato poderia ser desfeito (como qualquer outro
contrato) e que o Estado não pode tirar dos indivíduos o poder supremo de sua
propriedade.

De acordo com Locke, os homens são bons, livres e independentes. Locke é


considerado o pai do individualismo e defende o Estado Liberal.

Rousseau, por fim, entende que “o contrato deve ter sido geral, unânime e baseado
na igualdade dos homens”.15 Rousseau foi autor da obra “O contrato social”.

Para Rousseau, deve haver a participação direta do povo nos atos do legislativo. O
autor defende a ideia do Estado Democrático.

10
AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. São Paulo, Globo: 2005. p.91
11
MATIAS-PEREIRA, José. Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 5ª edição. São Paulo, Atlas:
2018. p.20 e AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. São Paulo, Globo: 2005. pp.89-100
12
Ibid
13
Ibid
14
Ibid
15
Ibid

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(ESAF – ANA – Analista Administrativo)

Segundo as teorias não-contratualistas, em sua forma originária, o Estado teria uma entre as
seguintes origens, exceto:

a) a ampliação do núcleo familial ou patriarcal.

b) os atos de força, violência ou conquista.

c) as causas econômicas ou patrimoniais.

d) o desenvolvimento interno da sociedade.

e) o fracionamento de Estados preexistentes.

Comentários:

A única assertiva que não traz um modo originário de formação do Estado é a letra E.

O “fracionamento de Estados” preexistentes é um modo secundário de formação do Estado.

Todas as demais alternativas (A, B, C e D) trazem Teorias Não Contratualistas de formação


originária do Estado.

O gabarito é a letra E.

3 – Evolução do Estado Moderno (Segundo Matias-Pereira)

Conforme explica Matias-Pereira “o Estado Moderno é resultado de uma evolução que teve início
há mais de três séculos. A fase mais antiga é a Monarquia; a segunda fase do Estado Moderno é o
Estado Liberal, criado em decorrência das Revoluções Liberais na França e na Inglaterra; a terceira
fase do Estado Moderno, que surge no final do século XIX, com a crise do Estado Liberal, que não
consegue mais responder às demandas sociais – fase em que surgem as ideologias de Direita
(Fascismo) e de Esquerda (Comunismo); na quarta fase surge o Estado Democrático Liberal, em
função dos reflexos da crise econômica e social ocorrida em 1929, que muda a forma de atuação
do Estado e amplia a democracia para a sociedade como um todo (veja a esse respeito os estudos

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de John Maynard Keynes). Na Europa, como resultado da crise de 1929 e da Segunda Guerra
Mundial, aprofunda-se o Estado-providência”.16

Ou seja, de acordo com o autor, a criação do estado moderno passou por 04 fases/estágios:

1 - Monarquia

É a primeira fase. Fase mais antiga.

2 - Estado Liberal

Criado em decorrência das Revoluções Liberais na França e na Inglaterra.

3 - Crise do Estado Liberal


Surge no final do século XIX, em decorrência da crise do Estado Liberal, que não consegue mais responder às
demandas sociais. Nessa fase, surgem as ideologias de Direita (Fascismo) e de Esquerda (Comunismo).

4 - Estado Democrático Liberal


Surgiu em função dos reflexos da crise econômica e social ocorrida em 1929, que muda a forma de atuação do
Estado e amplia a democracia para a sociedade como um todo.

(CESPE – CGE-CE – Auditor de Controle Interno - 2019)

Desde a sua formação inicial, o estado moderno atravessou três séculos de evolução, passando por
quatro estágios consecutivos de desenvolvimento. A respeito desses estágios, é correto afirmar
que

a) o segundo estágio de desenvolvimento do estado moderno é a monarquia.

16
MATIAS-PEREIRA, José. Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 5ª edição. São Paulo,
Atlas: 2018. p.20 e AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. São Paulo, Globo: 2005. pp.21-22

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b) o estado liberal é considerado o estágio de desenvolvimento mais avançado do estado


moderno.

c) a criação de movimentos políticos de direita e esquerda antecede a crise do estado liberal.

d) o quarto estágio de desenvolvimento do estado moderno é o estado democrático liberal.

e) o primeiro e o segundo estágios de desenvolvimento do estado moderno são, respectivamente,


a monarquia e o estado-providência.

Comentários:

A questão se baseou na visão de evolução do Estado Moderno de Matias-Pereiras.

Letra A: errada. De acordo com Matias-Pereira o segundo estágio de desenvolvimento do estado


moderno é o Estado Liberal.

Letra B: errada. Nada disso. O Estado Liberal é o segundo estágio/fase.

Letra C: errada. É na fase da Crise do Estado Liberal que surgem as ideologias de Direita (Fascismo)
e de Esquerda (Comunismo).

Letra D: correta. Isso mesmo. De acordo com Matias-Pereira, a quarta fase de desenvolvimento do
estado moderno é o estado democrático liberal.

Letra E: errada. O primeiro e o segundo estágios de desenvolvimento do estado moderno são,


respectivamente, a monarquia e o Estado Liberal.

O gabarito é a letra D.

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FORMAS DE ESTADO E SISTEMAS DE GOVERNO

1 – Formas de Estado

A Forma de Estado se refere a maneira pela qual o poder está territorialmente dividido, ou seja, é
a forma como o Estado se organiza politicamente. O que irá definir a Forma de Estado é a
repartição territorial do poder. Nesse sentido, um Estado poderá ser unitário ou federal.

Estado Unitário: No Estado Unitário o poder está territorialmente centralizado. Sua


característica, portanto, é a centralização política. Existe um único poder político central
em todo o território do Estado.

Estado Federal: No Estado Federal, por sua vez, o poder está territorialmente
descentralizado. Sua característica, portanto, é a descentralização política. Existem diversos
Entes Políticos autônomos distribuídos pelo território do Estado.

O Brasil, por exemplo, adota a Federação como forma de Estado. A República Federativa do
Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados (estados-membros), Municípios e do
Distrito Federal.

Portanto, o Brasil é um Estado Federal, no qual existem diversos Entes Federativos (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios), todos autônomos, que possuem capacidade
política e governo próprio. Essa autonomia se baseia na capacidade de autolegislação,
autoadministração, auto-organização e autogoverno.

Soberania ≠ Autonomia

Soberania e Autonomia são duas coisas diferentes!

Conforme vimos anteriormente, a soberania se relaciona ao caráter supremo de um


poder, no sentido de que o Estado, no âmbito externo, não se submete a potências
estrangeiras e, no âmbito interno, é o mais elevado poder daquela sociedade. Ou seja,
o Estado é independente nas suas relações com os demais Estados e não há qualquer
outro poder acima (ou igual) a ele.

Autonomia, por sua vez, pressupõe as capacidades de autolegislação,


autoadministração, auto-organização e autogoverno.

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Apenas a República Federativa do Brasil – RFB (ou seja, o “Estado Brasileiro”) é


considerada soberano.

Os entes internos (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) são todos


autônomos (jamais soberanos!)

2 – Sistemas de Governo

O Sistema de Governo, ao seu turno, se refere à maneira como os Poderes se relacionam


(especialmente o Poder Executivo e o Poder Legislativo). Nesse sentido, há dois sistemas de
governo: parlamentarismo e presidencialismo.

Parlamentarismo: O parlamentarismo teve origem na Inglaterra. Suas principais


características são as seguintes:

a) No âmbito do Poder Executivo, há distinção entre as funções de Chefia de Estado


(representação do País nas relações internacionais) e as funções de Chefia de
Governo (chefia da Administração Pública Federal e direção das políticas públicas do
Estado). Portanto, o Chefe de Estado e o Chefe de Governo não são a mesma pessoa;
em outras palavras, a chefia do Poder Executivo é dual.

b) Há a interdependência entre os Poderes Legislativo e Executivo. O Primeiro


Ministro (Chefe de Governo – Poder Executivo) só se mantém no poder enquanto
possuir o apoio do Parlamento (Poder Legislativo). Caso o Primeiro-Ministro perca o
apoio do Parlamento, poderá ser destituído por ele.

Da mesma forma, caso o povo perca a confiança no Parlamento, o Primeiro-Ministro


(Chefe de Governo – Poder Executivo) poderá destituir e dissolver o Parlamento
(Poder Legislativo) e convocar novas eleições para a formação de um novo
Parlamento.

c) O mandato é por prazo indeterminado. No âmbito do parlamentarismo, o


Primeiro-Ministro (Chefe de Governo) ocupa o cargo por tempo indeterminado. Ou
seja, enquanto mantiver o apoio do Parlamento.

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Presidencialismo: O presidencialismo teve origem nos EUA. Suas principais características


são as seguintes:

a) No âmbito do Poder Executivo, a Chefia de Estado (representação do País nas


relações internacionais) e a Chefia de Governo (chefia da Administração Pública
Federal e direção das políticas públicas do Estado) são exercidas pela mesma pessoa
(o Presidente da República). Portanto, o Chefe de Estado e o Chefe de Governo são a
mesma pessoa (o Presidente da República); em outras palavras, a chefia do Poder
Executivo é unipessoal (ou monocrática).

b) Há a independência entre os Poderes Legislativo e Executivo. Ou seja, não existe


qualquer vínculo entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo. O Presidente pode
ser eleito mesmo que não detenha o apoio do parlamento. Da mesma forma, o
Presidente não pode interferir no mandato dos parlamentares (Deputados e
Senadores).

c) O mandato é por prazo determinado. No âmbito do presidencialismo, o


Presidente da República ocupa o cargo por um tempo pré-determinado. Ou seja,
quando o presidente é eleito, ele já possui um prazo “pré-fixado” durante o qual irá
exercer suas funções.

O Brasil, por exemplo, adota o Presidencialismo como sistema de Governo. O Presidente da


República é eleito para um mandato de 04 (quatro) anos, podendo haver uma única
reeleição.

(CESPE – MI – Analista Técnico)

Consoante o modelo de Estado federativo adotado pelo Brasil, os estados-membros são dotados
de autonomia e soberania, razão por que elaboram suas próprias constituições.

Comentários:

Nada disso! Os estados-membros são dotados de autonomia (jamais de soberania!).

Apenas o Estado Brasileiro (ou seja, a República Federativa do Brasil – RFB) é que possui soberania.

Gabarito: errada.

(FCC – DPE-PR – Defensor Público – 2017 - ADAPTADA)

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A soberania é atributo exclusivo do Estado Federal, restando aos Estados-membros a autonomia,


na forma da descentralização da atividade administrativa e do poder político.

Comentários:

Isso mesmo!

Apenas o Estado Brasileiro (ou seja, a República Federativa do Brasil – RFB) é considerado
soberano.

Os entes internos (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) são todos autônomos.

Gabarito: correta.

(FCC – DPE-PR – Defensor Público – 2017 - ADAPTADA)

O Estado Unitário é conduzido por uma única entidade política, que centraliza o poder político; o
Estado Federal é composto por mais de um governo, todos autônomos em consonância com a
Constituição.

Comentários:

Isso mesmo!

No Estado Unitário o poder está territorialmente centralizado. Sua característica, portanto, é a


centralização política. Existe um único poder político central em todo o território do Estado.

No Estado Federal, por sua vez, o poder está territorialmente descentralizado. Sua característica,
portanto, é a descentralização política. Existem diversos Entes Políticos autônomos distribuídos
pelo território do Estado.

Gabarito: correta.

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TRÊS PODERES DO ESTADO


De início, vale dizer que a expressão “Separação de Poderes” ou “Tripartição de Poderes” não está
tecnicamente correta.

Isso, pois, o poder (que emana do povo), é uno, indivisível e indelegável. Nesse sentido, o mais
correto seria dizer “separação de funções” de um mesmo poder (o Poder Político).

Contudo, a expressão “separação de poderes” é comumente utilizada.

O Estado moderno é formado por três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.

A Teoria da Separação dos Poderes foi difundida pelo pensamento de Montesquieu, em sua obra
o “Espírito das Leis”.

De acordo com Montesquieu, “quando na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistratura o


poder Legislativo está reunido ao Poder Executivo, não há liberdade, pois que se pode esperar que
esse monarca ou esse senado façam leis tirânicas para executá-las tiranicamente”. 17

Ou seja, a Teoria da Separação dos Poderes parte do pressuposto de que quando o poder político
está totalmente concentrado em uma única pessoa, a tendência é que essa pessoa abuse do poder
e cometa arbitrariedades.

Portanto, o que se busca com a Teoria da Separação dos Poderes é limitar o poder Estatal e evitar
arbitrariedades, através da desconcentração do poder político.

Destaque-se que a Constituição Federal de 1988 não adotou um modelo rígido de separação de
poderes. Ou seja, a CF/88 adotou um modelo flexível de separação de poderes. Isso significa que
os poderes, além de exercerem suas funções típicas (funções de caráter predominante), também
exercem funções atípicas (ou seja, funções “acessórias”, as quais são exercidas
predominantemente pelos outros poderes).

Por exemplo:

Poder Legislativo: Exerce a função típica de legislar (elaborar normas gerais e abstratas).
Contudo, também exerce funções atípicas de natureza executiva (como quando dispõe
sobre sua organização) e funções atípicas de natureza jurisdicional (como quando o Senado
Federal julga o presidente da República nos crimes de responsabilidade).

17
DALLARI (2013) apud SCALABRIN, Felipe. MELO, Débora S. S. Ciência política e teoria geral do estado. São Paulo, Editora
SAAH: 2017. p.61

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Poder Executivo: Exerce as funções típicas de executar as leis, e exercer atos de


administração e chefia do Estado e do Governo. Contudo, também exerce funções atípicas
de natureza legislativa (como quando o Presidente da República edita Medidas Provisórias,
com força de lei) e funções atípicas de natureza jurisdicional (como quando julga recursos
administrativos).

Poder Judiciário: Exerce a função típica de julgar (função jurisdicional). Contudo, também
exerce funções atípicas de natureza legislativa (como quando elabora o regimento interno
de seus Tribunais) e funções atípicas de natureza executiva (como quando concede licenças
e férias aos magistrados – função tipicamente administrativa do executivo).

Conforme destaca o art. 2° da CF/88, “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

Dizer que os poderes são independentes, significa que eles não estão subordinados
hierarquicamente uns aos outros. Dizer que os poderes são harmônicos, por sua vez, significa
dizer que eles não atuam de forma “isolada”; mas sim em um regime de cooperação e
colaboração mútua.

Contudo, cabe destacar que essa “independência” é limitada pelo sistema de freios e contrapesos
(checks and balances).

O sistema de freios e contrapesos estabelece mecanismos de fiscalização e responsabilização


recíprocos entre os Poderes, com o objetivo de evitar abusos. Ou seja, o sistema de freios e
contrapesos consiste em uma sistemática de “interferência”/”interpenetração” legítima de um
poder sofre o outro, nas condições e nos limites estabelecidos na Constituição Federal, com o
objetivo de estabelecer o equilíbrio e evitar abusos por parte de algum dos poderes.

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RESUMO ESTRATÉGICO

O que é Estado?

Conforme explica Alexandre de Moraes, “Estado é forma histórica de organização jurídica,


limitado a um determinado território, com população definida e dotado de soberania, que em
termos gerais e no sentido moderno configura-se como um poder supremo no plano interno e um
poder independente no plano internacional”.18

GOVERNO
SOBERANO
ESTADO TERRITÓRIO POVO
(PODER
POLÍTICO)

Povo ≠ População ≠ Nação

Povo, População e Nação são coisas diferentes!

Conforme vimos, povo é o conjunto de cidadãos. Ou seja, é o conjunto de indivíduos


que preencheram os requisitos para serem considerados cidadãos de determinado
Estado.

População, por sua vez, é apenas um conjunto de pessoas que estão no território de
um Estado em determinado momento (ainda que temporariamente). Ou seja, a
população designa apenas uma expressão “numérica”, econômica ou demográfica. 19

Por exemplo: um francês que está de férias no Brasil em dezembro pode, naquele
momento, ser considerado parte da população brasileira (contudo, não será
considerado parte do povo brasileiro).

Por fim, a nação é um conceito relacionado ao conjunto de indivíduos que, fixados em


um território, compartilham origem, cultura, língua, religião, costumes, afinidades
materiais, afinidades espirituais, afinidades econômicas, etc. Ou seja, são indivíduos que
possuem uma identidade e estão ligados por “laços” comuns.

18
MORAES (2015) apud PALUDO, Augustinho Vicente. Administração Pública, 8ª edição. Rio de Janeiro, Editora Método: 2019.
p.22
19
SCALABRIN, Felipe. MELO, Débora S. S. Ciência política e teoria geral do estado. São Paulo, Editora SAAH: 2017. p.35

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Modos de Formação dos Estados

Modos a formação do Estado é inteiramente nova. O Estado nasce diretamente da população


Originários e do país, sem “derivar” de outro Estado preexistente

Modos de
Modos ocorre quando vários Estados se unem para formar um novo Estado, ou então quando
Formação dos
Estados Secundários um Estado se “divide” (se fraciona) para formar outros Estados

a formação do Estado ocorre por influências exteriores (influências advindas de


Modos Derivados
outros Estados).

Teorias sobre a Origem do Estado

o Estado nasceu da força e da violência. Quando uma pessoa (ou um grupo


de poucas pessoas) controlam as demais pessoas. De acordo com
Teorias da
Oppenheimer, a norma básica do Estado é o poder. Ou seja, o Estado é visto
Origem Violenta
pela sua origem: violência transformada em poder. Trata-se de uma
(Dialética)
organização social impostar por um “grupo vencedor” (grupo que
“conquistou”) a um “grupo vencido”.

o Estado desenvolveu-se naturalmente, a partir da união de laços de


Teoria Familial
parentesco, onde o mais forte (ou mais experiente) detinha o controle do
(Teoria da Origem
poder. Trata-se de uma Teoria bem antiga, muito criticada e pouco aceita
Familiar / Teoria
atualmente. Isso, pois, é uma teoria que não pode ser confirmada
Evolucionária /
historicamente e, além disso, o Estado é sempre a reunião de inúmeras
Teoria Patriarcal)
famílias.

Essa Teoria surgiu na Europa, entre os séculos XV e XVIII. De acordo com a


Teorias Não Teoria do Direito
Contratuais
Teoria do Direito Divino, o Estado foi criado por Deus, e é Deus que dá o
Divino
poder divino aos reis para que eles governem.

trata-se de uma Teoria desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels, que
está relacionada à origem econômica: proteção da propriedade privada e
Teoria da Origem
regulamentação de relações patrimoniais. De acordo com os autores, o
Patrimonial
surgimento do poder político e do Estado decorre da dominação econômica
(Econômica)
do homem pelo próprio homem. Nesse sentido, o Estado vem a ser uma
Teorias sobre ordem coativa, instrumento de dominação de uma classe sobre a outra.
a Origem do
Estado Teoria da Origem
De acordo com essa Teoria, o próprio desenvolvimento natural e
no
“espontâneo” da sociedade que dá origem ao Estado. Ou seja, quando as
Desenvolvimento
sociedades atingem um maior grau de “desenvolvimento” e alcançam uma
Interno da
forma mais “complexa”, elas passam a necessitar de um “Estado” e ele,
Sociedade (Teoria
consequentemente, naturalmente se constitui.
Natural)

Teoria Contratual
Teorias De acordo com essa Teoria, o Estado nasce de um contrato social, evoluindo
(Teoria do
Contratuais do “estado de natureza” para o “Estado democrático”.
Contrato Social)

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Evolução do Estado Moderno (Segundo Matias-Pereira)

1 - Monarquia

É a primeira fase. Fase mais antiga.

2 - Estado Liberal

Criado em decorrência das Revoluções Liberais na França e na Inglaterra.

3 - Crise do Estado Liberal


Surge no final do século XIX, em decorrência da crise do Estado Liberal, que não consegue mais responder às
demandas sociais. Nessa fase, surgem as ideologias de Direita (Fascismo) e de Esquerda (Comunismo).

4 - Estado Democrático Liberal


Surgiu em função dos reflexos da crise econômica e social ocorrida em 1929, que muda a forma de atuação do
Estado e amplia a democracia para a sociedade como um todo.

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Formas de Estado e Sistemas de Governo

No Estado Unitário o poder está territorialmente centralizado. Sua


Estado Unitário característica, portanto, é a centralização política. Existe um único poder
político central em todo o território do Estado

Formas de
Estado
No Estado Federal, por sua vez, o poder está territorialmente
descentralizado. Sua característica, portanto, é a descentralização
Estado Federal
política. Existem diversos Entes Políticos autônomos distribuídos pelo
território do Estado.

No âmbito do Poder Executivo, há distinção entre as funções de Chefia de


Estado (representação do País nas relações internacionais) e as funções
de Chefia de Governo (chefia da Administração Pública Federal e direção
das políticas públicas do Estado). A chefia do Poder Executivo é dual.
Formas de
Estado e
Sistemas de
Governo

Parlamentarismo Há a interdependência entre os Poderes Legislativo e Executivo.

O mandato é por prazo indeterminado.

Sistemas de
Governo
No âmbito do Poder Executivo, a Chefia de Estado (representação do País
nas relações internacionais) e a Chefia de Governo (chefia da
Administração Pública Federal e direção das políticas públicas do Estado)
são exercidas pela mesma pessoa (o Presidente). A chefia do Poder
Executivo é unipessoal (ou monocrática).

Presidencialismo Há a independência entre os Poderes Legislativo e Executivo.

O mandato é por prazo determinado.

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Soberania ≠ Autonomia

Soberania e Autonomia são duas coisas diferentes!

Conforme vimos anteriormente, a soberania se relaciona ao caráter supremo de um


poder, no sentido de que o Estado, no âmbito externo, não se submete a potências
estrangeiras e, no âmbito interno, é o mais elevado poder daquela sociedade. Ou seja,
o Estado é independente nas suas relações com os demais Estados e não há qualquer
outro poder acima (ou igual) a ele.

Autonomia, por sua vez, pressupõe as capacidades de autolegislação,


autoadministração, auto-organização e autogoverno.

Apenas a República Federativa do Brasil – RFB (ou seja, o “Estado Brasileiro”) é


considerada soberano.

Os entes internos (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) são todos


autônomos (jamais soberanos!)

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QUESTÕES COMENTADAS
1. (UERR – SETRABES – Agente - 2018)

O Estado, consoante o Direito Administrativo, possui três elementos originários e indissociáveis:

a) povo, território e governo soberano.

b) povo, nação e governabilidade.

c) povo, território e governabilidade.

d) Governo soberano, independência e nação.

e) povo, soberania e governo independente.

Comentários:

Os elementos básicos/essenciais, originários e indissociáveis do Estado (ou elementos constitutivos


do Estado), segundo a doutrina tradicional, são: território, povo e governo soberano (poder
político).

O gabarito é a letra A.

2. (FEPESE – PGE-SC – Procurador do Estado - 2018)

Apenas a República Federativa do Brasil possui soberania, ao passo que os Estados-Membros, o


Distrito Federal e os Municípios detêm autonomia.

Comentários:

Isso mesmo! Assertiva perfeita!

Gabarito: correta.

3. (CESPE – TRT 8a Região – Analista Judiciário - 2016)

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A respeito dos elementos do Estado, assinale a opção correta.

a) Povo, território e governo soberano são elementos indissociáveis do Estado.

b) O Estado é um ente despersonalizado.

c) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo.

d) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencialista ou parlamentarista.

e) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são elementos do Estado brasileiro.

Comentários:

Os elementos básicos/essenciais, originários e indissociáveis do Estado (ou elementos constitutivos


do Estado), segundo a doutrina tradicional, são: território, povo e governo soberano (poder
político).

O gabarito é a letra A.

4. (NUCEPE – PC-PI – Perito Criminal – 2018 - ADAPTADA)

No Parlamentarismo, as funções de Chefe de Estado e de Chefe de Governo não são exercidas


por uma única pessoa.

Comentários:

Isso mesmo!

No parlamentarismo, no âmbito do Poder Executivo, há distinção entre as funções de Chefia de


Estado (representação do País nas relações internacionais) e as funções de Chefia de Governo
(chefia da Administração Pública Federal e direção das políticas públicas do Estado). Portanto, o
Chefe de Estado e o Chefe de Governo não são a mesma pessoa; a chefia do Poder Executivo é
dual.

Gabarito: correta.

5. (NUCEPE – PC-PI – Perito Criminal – 2018 - ADAPTADA)

No Presidencialismo, as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo encontram-se nas


mãos de uma única pessoa, qual seja, o Presidente da República; esta forma de governo é a
prevista na Constituição Brasileira.

Comentários:

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Muito cuidado!

A primeira parte da assertiva está correta. De fato, no Presidencialismo, as funções de Chefe de


Estado e Chefe de Governo encontram-se nas mãos de uma única pessoa.

Contudo, a segunda parte da assertiva está errada. Isso, pois, o presidencialismo é um sistema de
governo (e não “forma” de governo, conforme mencionado pela assertiva).

Gabarito: errada.

6. (NUCEPE – PC-PI – Perito Criminal – 2018 - ADAPTADA)

O Brasil adota um sistema de governo presidencialista, no qual o principal representante do


Executivo é o presidente da República, que desempenha o papel de chefe de Estado e de
Governo.

Comentários:

Isso mesmo!

O sistema de governo adotado no Brasil é o presidencialismo. Nesse sistema, o chefe de Estado e


chefe de Governo são a mesma pessoa (Presidente da República).

Gabarito: correta.

7. (CCV – UFC – Assistente em Administração - 2015)

Os elementos essenciais para justificar a existência de um Estado são:

a) o povo, o território e o poder político.

b) o executivo, o legislativo e o judiciário.

c) a união, os estados e os municípios.

d) o mercado, a economia e a política.

e) o governo, a política e o congresso.

Comentários:

Os elementos básicos/essenciais, originários e indissociáveis do Estado (ou elementos constitutivos


do Estado), segundo a doutrina tradicional, são: território, povo e governo soberano (poder
político).

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O gabarito é a letra A.

8. (Exército – EsFCEx – Administração - 2014)

Conceitualmente são definidos como elementos essenciais para a constituição do Estado


Moderno:

a) Território, Sociedade e Estado Constituído.

b) Povo, Território e Poder político.

c) Sociedade, Poder Político e Governo.

d) Governo, Povo e Nação.

e) Nação, Povo e Território.

Comentários:

Os elementos básicos/essenciais, originários e indissociáveis do Estado (ou elementos constitutivos


do Estado), segundo a doutrina tradicional, são: território, povo e governo soberano (poder
político).

O gabarito é a letra B.

9. (CESPE – TC-DF – Analista de Administração Pública - 2014)

A autonomia dos estados-membros caracteriza-se pela sua capacidade de auto-organização,


autolegislação, autogoverno e autoadministração, ao passo que a soberania da União
manifesta-se em todos esses elementos e, ainda, no que concerne à personalidade
internacional.

Comentários:

Muito cuidado!

A primeira parte da assertiva está correta. De fato, a autonomia dos estados-membros caracteriza-
se pela sua capacidade de auto-organização, autolegislação, autogoverno e autoadministração.

Contudo, a segunda parte da assertiva está errada. Isso, pois, a União não é soberana. Assim como
os Estados-membros, os Municípios, e o DF, a União é autônoma (jamais soberana!).

Apenas a República Federativa do Brasil (ou seja, o “Estado Brasileiro”) é soberana.

Gabarito: errada.

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10. (CESPE – CRPM – Analista - 2013)

O Brasil adotou a forma republicana de governo e o modelo federativo de Estado que se embasa
na autonomia e na soberania dos estados-membros, expressa pela capacidade destes de se
auto-organizarem por meio das constituições estaduais.

Comentários:

Nada disso!

Os estados-membros não são soberanos!

Os estados-membros são autônomos.

Apenas a República Federativa do Brasil (ou seja, o “Estado Brasileiro”) é soberana.

Gabarito: errada.

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LISTA DE QUESTÕES
1. (UERR – SETRABES – Agente - 2018)

O Estado, consoante o Direito Administrativo, possui três elementos originários e indissociáveis:

a) povo, território e governo soberano.

b) povo, nação e governabilidade.

c) povo, território e governabilidade.

d) Governo soberano, independência e nação.

e) povo, soberania e governo independente.

2. (FEPESE – PGE-SC – Procurador do Estado - 2018)

Apenas a República Federativa do Brasil possui soberania, ao passo que os Estados-Membros, o


Distrito Federal e os Municípios detêm autonomia.

3. (CESPE – TRT 8a Região – Analista Judiciário - 2016)

A respeito dos elementos do Estado, assinale a opção correta.

a) Povo, território e governo soberano são elementos indissociáveis do Estado.

b) O Estado é um ente despersonalizado.

c) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo.

d) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencialista ou parlamentarista.

e) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são elementos do Estado brasileiro.

4. (NUCEPE – PC-PI – Perito Criminal – 2018 - ADAPTADA)

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No Parlamentarismo, as funções de Chefe de Estado e de Chefe de Governo não são exercidas


por uma única pessoa.

5. (NUCEPE – PC-PI – Perito Criminal – 2018 - ADAPTADA)

No Presidencialismo, as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo encontram-se nas


mãos de uma única pessoa, qual seja, o Presidente da República; esta forma de governo é a
prevista na Constituição Brasileira.

6. (NUCEPE – PC-PI – Perito Criminal – 2018 - ADAPTADA)

O Brasil adota um sistema de governo presidencialista, no qual o principal representante do


Executivo é o presidente da República, que desempenha o papel de chefe de Estado e de
Governo. ==318e37==

7. (CCV – UFC – Assistente em Administração - 2015)

Os elementos essenciais para justificar a existência de um Estado são:

a) o povo, o território e o poder político.

b) o executivo, o legislativo e o judiciário.

c) a união, os estados e os municípios.

d) o mercado, a economia e a política.

e) o governo, a política e o congresso.

8. (Exército – EsFCEx – Administração - 2014)

Conceitualmente são definidos como elementos essenciais para a constituição do Estado


Moderno:

a) Território, Sociedade e Estado Constituído.

b) Povo, Território e Poder político.

c) Sociedade, Poder Político e Governo.

d) Governo, Povo e Nação.

e) Nação, Povo e Território.

9. (CESPE – TC-DF – Analista de Administração Pública - 2014)

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A autonomia dos estados-membros caracteriza-se pela sua capacidade de auto-organização,


autolegislação, autogoverno e autoadministração, ao passo que a soberania da União
manifesta-se em todos esses elementos e, ainda, no que concerne à personalidade
internacional.

10. (CESPE – CRPM – Analista - 2013)

O Brasil adotou a forma republicana de governo e o modelo federativo de Estado que se embasa
na autonomia e na soberania dos estados-membros, expressa pela capacidade destes de se
auto-organizarem por meio das constituições estaduais.

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GABARITO
1. Letra A 5. ERRADA 9. ERRADA
2. CORRETA 6. CORRETA 10. ERRADA
3. Letra A 7. Letra A
4. CORRETA 8. Letra B

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Referências Bibliográficas

AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. São Paulo, Globo: 2005.

MATIAS-PEREIRA, José. Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 5ª edição.
São Paulo, Atlas: 2018.

PALUDO, Augustinho Vicente. Administração Pública, 8ª edição. Rio de Janeiro, Editora Método: 2019.

SCALABRIN, Felipe. MELO, Débora S. S. Ciência política e teoria geral do estado. São Paulo, Editora SAAH:
2017.

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