Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROJETO
2. ORIENTADOR
3. BOLSISTA / VOLUNTÁRIO
4.1. Os principais objetivos do projeto foram alcançados? ( ) Não (X) Parcialmente ( ) Sim
4.2. Algum fator interferiu positiva ou negativamente na execução do projeto? ( ) Não (X) Sim
4.4. Houve troca de bolsista / voluntário durante a vigência do projeto? (X) Não ( ) Sim
Relatório Final, referente ao período de agosto de 2019 a agosto de 2020, apresentado à Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP), como parte das exigências do Programa de Iniciação Científica-
PROPP/UFOP.
2
Racismo estrutural e racismo institucional no Brasil: a composição étnico-racial dos
órgãos colegiados superiores da Universidade Federal de Ouro Preto nos últimos 10
anos.
O projeto de pesquisa teve por objetivo investigar qual o papel da UFOP no contexto de reprodução do
racismo estrutural e institucional dentro da sociedade brasileira. Inicialmente a proposta foi a
realização da análise empírica da composição dos Conselhos Departamentais e Superiores (CEPE e
CUNI) da UFOP em articulação com os conceitos de racismo institucional e estrutural que são os
referenciais teóricos. O objetivo geral da pesquisa foi a elaboração de um diagnóstico quantitativo no
tocante ao exercício do poder por pessoas negras dentro das estruturas administrativas da
Universidade (Conselhos Departamentais e Superiores) nos últimos 10 (dez) anos. Durante a
pesquisa, por razões que serão apresentadas neste relatório, foi necessário reduzir a análise empírica
para o âmbito dos Conselhos Superiores (CEPE e CUNI). A pesquisa se desenvolveu dentro da
vertente jurídico-sociológica se propondo a compreender o fenômeno jurídico como variável
dependente da sociedade. A metodologia é analítico-empírica que consistirá na heteroidentificação
racial (distinção entre as pessoas negras - pretas e pardas - das pessoas brancas) das pessoas que
compuseram aqueles conselhos. Ao final da análise empírica, confirmou-se a hipótese de que a
UFOP, como instituição integrante da sociedade brasileira, reflete as desigualdades raciais no tocante
a ocupação dos cargos de poder por pessoas negras o que configuraria racismo institucional e
estrutural.
Palavras-chave: Racismo estrutural. Racismo institucional. Direito. Política pública. Ações afirmativas.
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 5
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 7
Objetivo Geral .................................................................................................................................... 7
Objetivos Específicos......................................................................................................................... 7
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................................. 8
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................................... 9
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 11
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 12
4
1. INTRODUÇÃO
Em sua obra, Silvio de Almeida (2018) classifica o racismo em três concepções: a concepção
individualista, institucional e estrutural de racismo. Na concepção individualista, o racismo é
visto como uma “patologia” ou como uma imoralidade individual. Nesse sentido, “não haveria
sociedades ou instituições racistas, mas indivíduos racistas, que agem isoladamente ou em
grupo” (ALMEIDA, 2018, p. 28).
Visto apenas por essa perspectiva, o racismo não seria um problema social, político ou
jurídico, mas um problema de cidadãos com “corações impuros” ou que possuíssem uma
carga de preconceito além da tolerável. Assim, o racismo seria uma situação excepcional a
um padrão de relações raciais mais ou menos equilibradas.
De acordo com a concepção institucional, o racismo está relacionado aos efeitos causados
pelos modos de funcionamento de instituições (públicas ou privadas) que mantém condições
de privilégio e subalternidade de grupos racializados. Na concepção institucional, o racismo
está relacionado aos efeitos causados por esses modos de funcionamento que mantém a
hegemonia de determinados grupos no poder dessas instituições --- neste caso, o branco.
Por fim, o autor apresenta a concepção estrutural de racismo, que entende o racismo como
um componente constitutivo, orgânico e organizador que estrutura a sociedade brasileira.
Como se o racismo estivesse no DNA do Estado e da sociedade brasileiros, sendo o racismo
esse elemento constitutivo do imaginário de Justiça que perpassa toda estrutural social.
Sendo assim, os conflitos raciais não seriam exceções, mas regras, já que, segundo Silvio
Almeida, a estrutura social é constituída por esses conflitos raciais (2018, p. 26).
5
necessidade de se formular políticas institucionais que contribuam para a redução das
desigualdades raciais no interior dos órgãos deliberativos da UFOP.
Então, em razão da relevância que o fenômeno do racismo carrega, esse projeto planejou
realizar um diagnóstico capaz de mostrar como o racismo está entranhado nas estruturas das
instituições da sociedade brasileira, analisando, para isso, as instâncias administrativas da
Universidade Federal de Ouro Preto.
6
2. OBJETIVOS
Objetivo Geral
O projeto tem como objetivo geral identificar se, e como, o racismo se manifesta nas
estruturas de poder da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), investigando o papel da
UFOP no contexto de reprodução do racismo na sociedade brasileira.
Objetivos Específicos
a) Verificar (por meio da autodeclaração e da heteroidentificação) quantas pessoas
negras ocuparam o Conselho Universitário (CUNI) nos últimos 10 anos;
b) Verificar quantas pessoas negras ocuparam o Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão (CEPE) nos últimos 10 anos;
c) Verificar quantas pessoas negras ocuparam as Unidades Administrativas (Diretorias
Acadêmicas) nos últimos 10 anos.
7
3. MATERIAL E MÉTODOS
Quanto aos materiais e métodos, utilizamos dados dos órgãos superiores de deliberação da
UFOP nos últimos 10 (dez) anos. Os dados foram solicitados com base na lei de acesso a
informação. A primeira dificuldade foi o não atendimento da solicitação por parte de algumas
unidades administrativas. A segunda dificuldade nessa etapa foi o advento da pandemia do
novo Coronavírus que atrasou a coleta de dados tendo em vista que muitos deles estavam
nas unidades administrativas e havia restrição de acesso presencial nos referidos setores.
Adicionalmente, a disposição variada em que as informações foram encaminhadas,
representou outro obstáculo, pois demandou um tratamento cuidadoso, visando a
manipulação das informações.
Desta forma, optou-se pela análise dos dados o Conselho Universitário (CUNI) e do Conselho
de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) com a redução da abrangência do campo de
pesquisa, sem prejuízo para o cumprimento do objetivo geral. A partir dos dados recebidos
pelos pesquisadores foi elaborado um diagnóstico do perfil étnico-racial dos membros
daqueles conselhos. Mas como estamos fazendo isso? Utilizamos o método da
heteroidentificação racial.
Os resultados obtidos a partir dos materiais e do método serão descritos no próximo item.
8
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) por sua vez, entre outras atribuições é o
órgão máximo da UFOP responsável por fixar as normas acadêmicas, políticas de ensino de
graduação e as atividades e programas de pesquisa e extensão. É composto por 25
membros, sendo a maioria da carreira docente. São membro do CEPE o Reitor, Vice,
Diretores das Unidades Acadêmicas, quatro professores, em regime de tempo integral e
dedicação exclusiva, em exercício, um de cada classe, dois representantes do corpo discente,
indicados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), e os Pró-Reitores de Extensão, de
Planejamento e Desenvolvimento, de Graduação, de Pesquisa e Pós-Graduação e de
Assuntos Comunitários e Estudantis. Nos dez anos cobertos pela pesquisa foram
identificados 126 mandatos, totalizando 105 conselheiros, isso porque uma mesma pessoa
esteve em mais de um mandato no CEPE.
9
Fonte: Elaboração dos autores
Em relação ao CUNI, tem-se que a população negra, junção de pretos e pardos, nos termos
da Lei nº 12.288/2010, está sub-representada, ao passo que brancos e amarelos estão em
proporção superior a que se encontram na população brasileira.
10
5. CONCLUSÕES
11
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.
DUARTE, Evandro Piza Duarte. Criminologia & racismo. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2017a.
DUARTE, Evandro Piza. Editorial: direito penal, criminologia e racismo. Revista Brasileira
de Ciências Criminais. vol. 135. ano 25. p. 17-48. São Paulo: Ed. RT, set. 2017b.
Periférica: estudos sobre crime, multiculturalismo, cultura e tédio. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2016.
SANTOS, Juarez Cirino dos. A criminologia radical. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1981.
12