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Pesquisas em Arborização de
Ruas
Curitiba-PR
2011
Direitos Exclusivos desta edição:
© 2011 by Daniela Biondi
Biondi, Daniela
Pesquisas em arborização de ruas / Daniela Biondi, Everaldo
Marques de Lima Neto. – Curitiba : O Autor, 2011.
150p. : il.
ISBN 978-85-905141-3-8
CDD – 715.2
CDU – 712.4
Daniela Biondi
Engenheira Florestal, Dra., Professora Associada do Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná.
Seleção de Espécies
A seleção de espécies para a arborização de ruas deve ser
baseada nas características intrínsecas da espécie que permitam
conviver sem conflitos em ambientes urbanos com grande restrição
espacial e ecológica. No entanto, há algumas características em
espécies que podem ser contornadas com práticas silviculturais, como:
rustificação em viveiros e podas de formação. Não se pode descartar
também a possibilidade de haver possibilidades de intervir na
remodelação de características indesejáveis de espécies com o
melhoramento genético. No Brasil, mais especificamente na área de
arborização urbana, estes recursos ainda são incipientes, dada a pouca
importância que se dá a arborização urbana.
De acordo com Biondi (2004) e Cobalchini (2004), para a
seleção de árvores de rua é necessário considerar as seguintes
características: desenvolvimento da espécie - rápido, médio e lento;
porte - pequeno, médio e grande; copa - forma, densidade e hábito;
floração e frutificação - tamanho e intensidade; resistência a pragas,
doenças e poluição, ausência de princípios tóxicos e de preferência que
sejam espécies nativas.
As características das espécies que irão compor a cobertura
vegetal pública de uma cidade devem ser criteriosamente analisadas,
antes mesmo de serem produzidas em viveiros (Biondi e Leal, 2008).
A indicação de espécies nativas para a arborização, com base
em observações dos aspectos estéticos podem ser encontradas em
bibliografias de Lorenzi (1992), Lorenzi (1998), Lorenzi e Souza
(2001), Lorenzi e Mattos (2002) e Lorenzi et al. (2003).
12 Introdução de Espécies na Arborização de Ruas .
Considerações Finais
Percebe-se claramente que os resultados das pesquisas
realizadas na arborização de ruas estão sempre sujeitos a mais
comprovações pela dificuldade de isolar os fatores ecológicos e sociais
presentes no ambiente urbano.
É fundamental a realização de pesquisas em todas as etapas da
introdução de espécies na arborização de ruas para formar um banco
de dados científicos padronizados sobre as espécies nativas locais.
Com isto, as dificuldades podem ser minimizadas e aumentando as
possibilidades de seu plantio nas cidades brasileiras.
É importante a valorização da pesquisa pelos órgãos
municipais, responsáveis pela arborização de ruas, para que haja
facilidade tanto na implantação como na coleta de dados. Afinal de
contas, o ônus e a responsabilidade da pesquisa ficam a cargo dos
pesquisadores e instituições de fomento à pesquisa e o resultado tem
livre acesso para usufruto das prefeituras municipais.
Agradecimentos
Agradeço ao apoio financeiro do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq para a realização
das pesquisas.
Agradeço à Prefeitura Municipal de Curitiba-PR por permitir
que fosse feito os plantios experimentais com espécies nativas nas ruas
de Curitiba para a realização de pesquisas.
26 Introdução de Espécies na Arborização de Ruas .
Referências
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. Pesquisas em Arborização de Ruas 27
Angeline Martini
Engenheira Florestal, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná
Estrutura urbana
A distinção entre o ambiente natural e o urbano se da pela
quantidade maior de fatores abióticos que interferem no
desenvolvimento das árvores de rua, tais como: impermeabilização;
sombreamento; compactação do solo; pavimentação inadequada;
alteração climática; poluição; vandalismo; iluminação noturna; falta de
espaço suficiente para seu crescimento; injúrias mecânicas feitas pelo
homem; conflito entre raízes e redes de gás, água e outras tubulações;
conflito entre a copa e a rede elétrica; entre outros. Também os fatores
bióticos existentes se comportam de maneira diferenciada e não
favorecem o desenvolvimento das espécies.
O solo, por exemplo, apresenta composições e estruturas
muito distintas, que não se assemelham em nada a formas existentes
em meio natural. Segundo Biondi e Althaus (2005), a
impermeabilização e os restos de construções são responsáveis pela
compactação, hidro-repelência, pH alterado, aeração deficiente,
drenagem restrita, interrupção do ciclo de nutrientes, e modificação
das atividades dos micro-organismos, assim, o solo no meio urbano é
um produto do processo de urbanização que proporciona grandes
alterações nas propriedades físicas e químicas. Biondi e Reissmann
(1995) constataram que os solos urbanos utilizados por Acer negundo
e Tabebuia chrysotricha, na cidade de Curitiba, são caracterizados
como potencialmente férteis, com relativo enriquecimento em bases
trocáveis e elevados teores de fósforo, o que se opõe a baixa fertilidade
natural dos solos.
A concorrência com a fiação elétrica ou demais elementos
urbanos provoca a necessidade de práticas de podas, estas alteram
muitas vezes o formato da árvore e podem influenciar na floração
destas espécies. Em trabalho realizado para avaliar o efeito da poda em
34 Estudo Fenológico em Árvores de Ruas .
Condição de plantio
Nas cidades é possível constatar que o espaço destinado ao
crescimento das árvores de rua, denominado área de canteiro, é muitas
vezes pequeno as necessidades da espécie. Entretanto, em muitas
situações, nem essa pequena área é disponibilizada a planta, pois
muitas são totalmente circundadas por pavimentação, que torna o
espaço em volta impermeável. O que impede a infiltração de água e o
arejamento necessário do solo e das raízes. Em estudos realizados por
Bobrowski et al. (2009), foi verificado que os canteiros da cidade de
Curitiba, apresentam três formas de composição: somente calçada,
calçada mais grama e calçada mais grama com espécies arbustivas e
herbáceas. Contudo, a Lei 11.596/05 da cidade, no Art.3º, § 1º, prevê a
implantação, sempre que possível, de calçada com faixas permeáveis,
compostas com paisagismo, garantindo e melhorando a
permeabilidade do solo (Curitiba, 2005).
Santos e Teixeira (2001) e Biondi e Althaus (2005)
recomendam o plantio de mudas em uma área livre de pelo menos
1m². No entanto, o porte adulto que a espécie irá alcançar é fator
determinante para esta escolha. Por questões estéticas e sociais a
utilização de grama nesta área é uma prática muito comum. Biondi e
Althaus (2005) citaram que o uso de cobertura vegetal na área do
canteiro é polêmico, pois podem ocorrer prejuízos às árvores conforme
a espécie de forração utilizada, pela ocorrência de competição por
36 Estudo Fenológico em Árvores de Ruas .
Variáveis meteorológicas
As variáveis meteorológicas estabelecem condições para o
desenvolvimento das plantas e impõe limites para sua existência. Elas
podem controlar a época de surgimento de uma fenofase e ainda
influenciar na duração e intensidade desta. Larcher (2006) cita, por
exemplo, que uma quantidade de calor suficiente, mas não excessiva, é
um pré-requisito básico para a vida. E assim, cada processo vital é
ajustado dentro de uma faixa de temperatura.
Exemplo dessa realidade foi visto já no inicio do século XX,
quando J. Gustav Gassner observou a necessidade de existirem
temperaturas abaixo de um determinado valor para a formação de
flores em certas espécies (Kerbauy, 2004). Kozlowski (1985), afirma
que de modo geral a época de formação de flores das árvores em
qualquer espécie parece, sobretudo ser controlada pela temperatura.
Esta é responsável também pela regulação da produção de sementes e
frutos, iniciação floral, dormência dos botões, abertura das flores e
abertura e crescimento dos frutos.
Segundo Larcher (2006), frutos e semente requerem mais calor
para amadurecer que o necessário para o crescimento das partes
vegetativas da planta. E o sinal para a senescência é frequentemente
originado por fatores externos, como dias curtos e ocorrência de certos
limites de temperatura. Atenta ainda para o fato de que nas regiões dos
sub-trópicos, onde existem estações secas e chuvosas, as fenofases
estão relacionadas às alterações periódicas de disponibilidade de água.
Estudos em Ocotea puberula (canela-guaicá) no ambiente
antrópico apontaram interação das variáveis meteorológicas com as
características vegetativas desta espécie, principalmente a queda foliar,
38 Estudo Fenológico em Árvores de Ruas .
Considerações Finais
Os estudos fenológicos são uma ferramenta de grande
importância para o planejamento e manutenção da arborização urbana.
Saber a época e duração das fenofases das plantas no meio onde estão
inseridas, bem como os fatores que afetam seu comportamento,
permite a readequação do seu uso e diminui a existência de erros na
implantação deste patrimônio público. O que proporciona menores
custos e melhor aplicação do recurso humano especializado, de
maneira a melhorar e aperfeiçoar a gestão.
Torna-se necessário que os responsáveis pela arborização de
ruas adquiram conhecimentos sobre esses aspectos na escolha da
espécie a se implantar, para empregar seu uso correto. Porém são
encontradas poucas pesquisas nesta área e sem o devido rigor
metedológico, o que dificulta a sua aplicação pela falta de
confiabilidade.
É preciso investir e aumentar o número de pesquisas
fenológicas no ambiente urbano, ambiente tão alterado pela ação
44 Estudo Fenológico em Árvores de Ruas .
Agradecimentos
Meus agradecimentos ao apoio financeiro do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
durante o período de Iniciação Científica (2007/2010).
Referências
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2007
.
48 Produção de Mudas para Arborização de Ruas .
Daniela Biondi
Engenheira Florestal, Dra., Professora Associada do Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná.
1
COBALCHINI, J. L. Entrevista concedida a Daniela Biondi e Michelle M. Althaus, Curitiba,
março, 2004. (Jaime Luis Cobalchini, Engenheiro Florestal, funcionário da Prefeitura Municipal de
Curitiba).
. Pesquisas em Arborização de Ruas 53
Tratamentos Silviculturais
A poda, como tratamento na condução da muda no viveiro de
espera, consiste na remoção de partes da planta, que geralmente são
brotações e galhos, mas também podem ser raízes e até mesmo flores
e frutos. Em mudas, as podas fazem parte dos tratamentos aplicados
. Pesquisas em Arborização de Ruas 55
A B C D
B
Considerações Finais
66 Produção de Mudas para Arborização de Ruas .
Agradecimentos
Meus sinceros agradecimentos ao Horto Municipal da
Barreirinha da Prefeitura Municipal de Curitiba-PR, na pessoa do
Engenheiro Florestal Jaime L. Cobalchini pela transmissão de
conhecimentos sobre as espécies nativas, sugestões de espécies para o
experimento e a concessão das mudas.
. Pesquisas em Arborização de Ruas 67
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nos anos de 2005 e 2006. Para isso foram considerados cinco centros
de custos, sendo estes:
a) produção de mudas – a propagação e a condução de mudas com
tamanho padrão e características adequadas para arborização de ruas,
segundo Gonçalves et al. (2004). A produção das mudas é feita nos
seguintes viveiros: Horto Municipal da Barreirinha - área total de
80000 m², área construída de 904 m² e produção de 15 mil mudas/ano
em viveiro de semeadura e de 76700 mudas em viveiro de espera
(Figura 2); Viveiro Municipal Zoológico - área total de 16000 m² e
área construída de 20 m²; Viveiro Parque Náutico – área total de
10000 m² e área construída de 55 m² e Horto da Cidade Industrial de
Curitiba - área total de 31152 m² e área construída de 28 m², que são
utilizados como viveiros de espera, respectivamente para 7251, 7851 e
5782 mudas. Na produção de mudas estão envolvidos diretamente 18
funcionários, sendo 14 deles no Horto da Barreirinha e quatro nos
outros viveiros. Para todas as espécies, considerou-se o período de um
ano como o tempo de permanência na fase de viveiro de semeadura.
Para a definição do tempo de permanência das mudas em viveiro de
espera considerou-se o critério adotado por Cobalchini (1999), sendo:
crescimento rápido - espécies com permanência em viveiro de espera
de até três anos após repicagem; crescimento moderado - de três a
quatro anos; e crescimento lento – de cinco anos ou mais;
b) plantio e replantio nas vias públicas – considerando as operações
das equipes de plantio, formada por um motorista e três ajudantes, com
rendimento médio diário de 15 mudas, insumos (substrato, adubo,
tutor de bambu e fitilho) e a prática de irrigação (cinco irrigações com
caminhão tanque até o pegamento das mudas). Para o replantio
considerou-se um índice médio de perdas de 65% devido a atos de
vandalismo, conforme estimativas da Gerência de Arborização
Pública;
. Pesquisas em Arborização de Ruas 77
Operações Custos/Muda
Plantio R$ 38,94
Irrigação R$ 4,29
TOTAL R$ 43,23
Considerações Finais
A obtenção de dados sobre os custos de implantação e
manutenção da arborização de ruas mostrou-se aplicável aos órgãos
municipais, podendo o método proposto ser facilmente adaptado para
outras cidades brasileiras. No entanto, para que esse método possa ser
amplamente aplicado, principalmente em aspectos legais, é necessária
a existência de um banco de dados com informações sobre as árvores a
serem avaliadas e que os órgãos municipais possuam um programa de
gerenciamento de custos para cada atividade na gestão da arborização
de ruas.
Conhecer estes custos de implantação e manutenção é muito
importante como subsídio o para o planejamento anual de manutenção,
remoção e implantação da arborização urbana, e para a própria
conscientização pública sobre o patrimônio físico-financeiro que as
árvores urbanas representam.
Referências
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Considerações Finais
Ainda são incipientes as experiências em estudo da dinâmica e
na condução de inventários contínuos da arborização de ruas.
Porém, os estudos e trabalhos relatados dão indícios do
comportamento deste componente arbóreo que é muito influenciado
pelas condições da alteração da estrutura urbana, das práticas de
manejo adotadas e das características ambientais do ambiente urbano,
que potencializam maior ou menor estresse.
As técnicas de inventário florestal contínuo, para estudo da
dinâmica da arborização de ruas, podem ser adotadas como parte do
planejamento da arborização urbana brasileira, pois boa parte das
. Pesquisas em Arborização de Ruas 107
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108 Inventário Florestal Contínuo e Dinâmica da Arborização de Ruas .
LEGENDA:
(A) – Sombra do edifício.
(B) – Polígono detectado a partir da luz espalhada que possibilita a visualização
parcial da árvore.
LEGENDA:
(A) – Árvore detectada pela sombra dos galhos.
(B) – Polígono da árvore detectado a partir das sombras.
Considerações Finais
A obtenção das variáveis dendrométricas em ambiente SIG,
pela disponibilidade de bases cartográficas municipais, mostra ser um
método aplicável atualmente, para as características da arborização de
ruas. A mensuração de variáveis é apenas uma das inúmeras
contribuições de um sistema de informações geográficas à gestão da
arborização urbana.
A quantidade de árvores detectadas a partir da ortoimagem foi
estatisticamente representativa, possibilitando afirmar que junto ao
inventário convencional essas informações podem ser aplicadas e
alocadas em um banco de dados georreferenciado.
No estudo de comparação entre método convencional e a
coleta em ambiente SIG as diferenças não foram estatisticamente
significativas. Desse modo, constatou-se a eficácia da coleta em
ambiente SIG na aferição das variáveis, considerando uma forma de
128 Fotografias Aéreas para o Inventário da Arborização de Ruas .
.
Referências
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. Pesquisas em Arborização de Ruas 129
Daniela Biondi
Engenheira Florestal, Dra., Professora Associada do Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná.
A B
A B
Considerações Finais
A relação entre as árvores de rua e acessibilidade nas calçadas
é conflituosa principalmente pelo sistema radicial das árvores.
Espécies arbóreas apresentam conflito do sistema radicular com o
trânsito de pedestres nas calçadas. E também fatores relativos à
produção de mudas e manutenção da arborização de ruas, como: altura
de bifurcação abaixo de 1,80 metros e tortuosidade do fuste das
árvores são problemas encontrados que precisam ser criteriosamente
observados para promoção da acessibilidade.
A largura das calçadas, largura de passeio e de canteiro, para o
caso da cidade de Curitiba não interfere na acessibilidade na região
central da cidade. No entanto, para algumas cidades brasileiras essa
. Pesquisas em Arborização de Ruas 149
Referências
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150 Acessibilidade: um Novo Desafio para a Arborização de Ruas .