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ORGULHO

MINI-EDIÇÃO N.º 15 7 JUNHO 2022 ESVN SE BEM NOS LEMBRAMOS

ORGULHO

PRIDE
SBNL & ÚLTIMOS ARTIGOS
Imagem: moral de Keith Haring, artista e ativista americano, ternamente
ligado à cultura LGBT de Nova Iorque

ALGUMAS BANDEIRAS DA COMUNIDADE


(Ordem aletória)

Bandeira do progresso Bandeira gay


Progresso

Bandeira bissexual

Bandeira pansexual Bandeira transgénero Bandeira mlm (amor entre


homens/não-mulheres)

Bandeira wlw (amor entre


Bandeira género não-binário
mulheres/não-homens) Bandeira assexual
ÍNDICE
4 EDITORIAL

ORGULHO

5 JUNHO: O MÊS DO AMOR SEM MEDO E DO ORGULHO

INCONDICIONAL

6 MOVIMENTO LGBT EM PORTUGAL: LINHA CRONOLÓGICA

OUTROS ARTIGOS

8 VISITA DA DOUTORA ISABEL BALTAZAR À ESVN: EEPE

9 ENTREVISTA A ISABEL BALTAZAR: NO CAMINHO DA

EUROPA

14 FICHA TÉCNICA E AGRADECIMENTOS

PESQUISA: PARA SABER MAIS


MARSHA P. JOHNSON

KEITH HARING
PEQUENA NOTA

EDITORIAL
Esta mini-edição pretende, para A de assexual; o "mais" (+) pretende
além de divulgar um artigo que não pode mostrar a infinidade de termos criados
ser incluido na última edição, para descrever a sexualidade e
comemorar o mês de junho como o mês identidade de género humana, que existe
do orgulho da comunidade LGBT. num espetro e tende a ser fluida. Em
termos gerais, dentro da comunidade,
Realço, em primeiro lugar, o porquê para simplificar a escrita, "LGBT" ou
deste mês ser dedicado à comunidade (e "LGBT+" são os termos usados com mais
porque não existe, por exemplo, um mês frequência.
do amor heterossexual): deve-se não só à
celebração da diversidade, mas Embora para vários a criação de um
principalmente à sobrevivência destes número tão vasto de rótulos seja apenas
grupos sistematicamente discriminados e mais um elemento limitante, outros
à sua persistente luta pelo respeito, sentem que são fundamentais no seu
organizada num movimento mundial. processo de autodescoberta e da sua
integração na comunidade LGBT. Estas
Falemos de termos: LGBT, LGBTQ, ideias existem simultaneamente e em
LGBTQIA+ ou outro? LGBT (Lésbica, harmonia dentro deste grupo.
gay, bissexual, transgénero) foi dos
primeiros termos a aparecer, mas, desde Concluo destacando duas ideias basilares
então, e à medida que o próprio na compreensão da causa, do movimento
movimento se abria à causa do género e e da comunidade LGBT: em primeiro
à pluralidade das identidades, outros lugar, pretende abrir portas à pluralidade
termos foram criados com o intuito de complexa do amor, género e identidade,
serem mais abrangentes e para mostrar a fora das expetativas patriarcais que
pertença de todos aqueles que não eram absorvemos inconscientemente e que se
heterossexuais e/ou cisgénero. Q vem de considera serem prejudiciais para todos;
"Queer" (inicialmente um termo em segundo lugar, mesmo no interior
depreciativo direcionado à comunidade, desta comunidade há uma enorme
é atribuído a qualquer membro da diversidade de ideias e uma vasta rede de
comunidade que o reclame e é discussão acerca, dando um exemplo
empoderador) ou "Questioning" (em fase muito atual, da intersecionalidade. Não
de autodescoberta); I vem de intersexo; há, de todo, um consenso universal, para
além da união na luta pelos direitos e
liberdades das pessoas LBGT+.

Apelo, por fim, não só há tolerância, mas,


acima de tudo, à vontade de
compreender o outro.
Ana B. Pereira
Esta, ao ser forçada a assistir a mais um
Junho: o mês do amor caso de abuso de poder por parte da
polícia contra comunidade LGBT da
sem medo e do época, começou espontaneamente a
manifestar-se contra a polícia, durante
orgulho incondicional uma semana inteira, naquela mesma rua.
A bravura e a coragem destes
manifestantes espalhou-se por toda a
Além de ser o sexto mês do ano, junho cidade, assim marcando o nascimento do
também representa uma data muito movimento dos direitos dos
importante para a comunidade homossexuais.
LGBTQIA+. Desde de 1970 que os
membros desta comunidade se juntam A 28 de junho de 1970, centenas de
neste mês para desfilar como forma de membros da comunidade de LGBTQIA+
celebrar o seu orgulho. Claro que, como juntaram-se para desfilar nas ruas de
tudo no mundo, esta data não foi Nova Iorque, dando origem ao segundo
escolhida ao calhas. desfile do orgulho LGBTQ+ na História,
tendo o primeiro desfile acontecido no
Para percebermos como esta foi dia anterior, em Chicago.
escolhida, temos de voltar a 1969.
Stonewall Inn era um popular bar gay na John D’Emilio, membro da comunidade
zona de Greenwich Village, em Nova na década de ’70, contou ao namorado e
Iorque. Na madrugada do dia 28 de a vários dos seus amigos homossexuais
junho de 1969, vários agentes da polícia sobre este desfile. “A ideia... fez com que
de Nova Iorque invadiram o bar e desatassem a rir loucamente”, contou
prenderam diversos funcionários do John D’Emilio durante uma entrevista ao
estabelecimento, ferindo aqueles que site OutHistory. “Eles simplesmente não
mostravam resistência, alegando que conseguiam imaginar algo assim.”
estes vendiam bebidas alcoólicas sem
licença. A verdade é que, naquela década, Estas reações não são propriamente
as relações entre pessoas do mesmo sexo chocantes quando nos recordamos das
ainda eram ilegais e era comum a polícia, circunstâncias da época. A ideia de
cegada pela discriminação internalizada haverem centenas pessoas a desfilar com
na sociedade daquela época, entrar com orgulho para celebrar algo que
nestes estabelecimentos com acusações passou séculos a ser visto como um tabu,
sem fundamento, apenas com o objetivo era realmente inacreditável. Agora,
de travar estes convívios. Na rua de séculos mais tarde, ganhamos a noção de
Stonewall Inn, durante esta invasão (ou quanto estes pequenos passos foram
massacre, como é mais popularmente importantes para a valorização dos
conhecido) começou-se a formar uma membros da comunidade LGBTQIA+ na
multidão irrequieta e revoltada em volta sociedade e para a luta contra a
do bar. discriminação. No fim das contas, todos
temos direito a este mais bonito
sentimento da vida que é o amor, de o
sentir sem medo e de sermos quem nós
nascemos para ser.
Beatriz Silveira
Ultimamente, os movimentos
LGBT têm vindo a aumentar em Movimento LGBT
Portugal. Desde setembro de 2021 a
maio de 2022 ocorreram cerca de
26 celebrações e manifestações.
em Portugal: linha
cronológica
Setembro (2021)
12 a 16 de outubro: 7ª edição do
4 de setembro: 2ª edição da Marcha Queer Porto. Onde: Teatro Rivoli,
do Orgulho LGBTI+ de Santarém. Reitoria da Universidade do Porto,
Faculdade de Belas Artes do Porto.
8 a 11 setembro: Queer Fest em
Lisboa e em Cascais.

17 a 25 de setembro: Queer Lisboa,


Novembro (2021)
o mais antigo festival de cinema da
capital. 25ª edição de filmes para 06 de novembro: Miss Drag Lisboa.
todos os gostos.
20 de novembro: Dia Internacional
18 de setembro: 1ª Marcha do da Memória Trans.
Orgulho LGBTI+ em São João da
Madeira.
Fevereiro (2022)
23 de setembro: Dia Internacional
de Celebração da Bissexualidade.
9 de fevereiro - Café da Manhã -
Doze meses, doze cafés. O grupo de
motociclistas LGBTQIA+ Bears on
Outubro (2021) Motorbykes está a organizar
encontros com várias associações e
02 de outubro: 1ª Marcha do coletivos nacionais. É a vez de
Orgulho LGBTI+ de Leiria reunir com As Cores dos Açores e o
centro (A)MAR - Açores Pela
Diversidade.
09 de outubro: Madeira Pride.

14 a 16 de fevereiro - 25º aniversário


10 de outubro: Marcha pelos
do Queer Lisboa, em Portalegre. O
Direitos LGBTI+ de Viseu
Centro de Artes e Espetáculos de
Portalegre recebe a extensão do
11 de outubro: Dia Internacional do
festival durante 3 dias. Estão
Coming Out, em português “sair do
disponíveis seis documentários que
armário”.
fizeram parte da edição de 2021 do
Queer Lisboa.
18 e 19 de fevereiro - A premiada 10, 12 e 14 de maio - 66ª edição do
peça "Orlando" será exibida na Casa Festival da Eurovisão. O concurso
das Artes de Vila Nova de decorreu nos dias 10, 12 e 14 de
Famalicão. maio, em Turim, Itália. É
considerado o festival de música
mais seguido pela comunidade
LGBT+ em todo o mundo.

17 de maio - Marcha da Luta contra


a Homofobia e Transfobia de
Coimbra
Março (2022)
25 a 29 de maio - Lisbon Bear Pride
2 de março - Tertúlia - Justiça
- bringing bears together since 2012.
Social: avanços, retrocessos e
Organizado pelo Bar Tr3s e pelo
conquistas para as vítimas de crime,
Villa 3 Caparica
onde foi abordado o fenómeno de
violência e crimes motivados pela
27 e 28 de maio - Encontros dos 40
identidade de género e/ou pela
anos da despenalização da
orientação sexual da vítima.
homossexualidade em Portugal

28 de maio - Marcha pelos Direitos


Abril (2022) LGBT de Vila Real

data a definir: 7º Encontro Nacional


21 de Abril - Drag queens de Jovens Trans, Não-binários e em
portuguesas unem-se para apoiar a Questionamento Identitário - Porto
Ucrânia, Academia de Santo Amaro, | organização: rede ex aequo.
Lisboa.

Maio (2022)

7 de maio - Pela sétima vez em


Junho (2022) - Mês Pride
Portugal foi assinalado oficialmente
o Dia Nacional de Luta contra a Podes saber mais sobre as
Homofobia e Transfobia com celebrações do mês noutros países,
inúmeros eventos. Para além de se por exemplo, em:
assinalar mundialmente, em https://www.cnet.com/culture/pride
Portugal esta data deve-se a uma -month-2022-lgbtq-parades-
proposta aprovada no Parlamento. events-and-activities-this-june/

Leonor Silveira
Outros artigos
VISITA DA DOUTORA ISABEL BALTAZAR À
ESVN: EEPE
PROGRAMA ESCOLA EMBAIXADORA DO PARLAMENTO EUROPEU

A Coordenadora Pedagógica Nacional do programa Escola Embaixadora do


Parlamento Europeu, Dr.ª Isabel Baltazar, deslocou-se propositadamente à nossa
escola, no passado dia 23 de maio, com o objetivo de aferir o resultado das
atividades desenvolvidas ao longo do presente ano letivo, mas acima de tudo para
conhecer e contactar diretamente com os 41 alunos que assumiram e
desempenharam com toda a dignidade o cargo de embaixador(a) júnior da ESVN.
Todas as atividades desenvolvidas podem ser consultadas no site EEPE-ESVN
clicando no logotipo Parlamento Europeu – Escola Embaixadora que se encontra
do lado direito na página da escola.

Página da escola (esvnemesio.pt)


Sabe mais em: https://sites.google.com/view/eepeesvn/in%C3%ADcio?authuser=0

Da esquerda para a direita: embaixadora


sénior Florbela Monteiro, Dr.ª Isabel
Baltazar e embaixadora sénior Alexandra
Dores.
ENTREVISTA A ISABEL BALTAZAR

No caminho da Europa
Perguntas elaboradas por Ana B. Pereira e Rodrigo Aguiar, entrevista
realizada por Ana B. Pereira no dia 23/5/2022

Fale-nos de Isabel Baltazar, como se


apresenta aos nossos leitores e
espectadores?

É sempre muito difícil falarmos de nós


próprios porque quando estamos a falar
do passado já estamos a caminhar para o
futuro e eu não tenho muito jeito para
fazer uma biografia. Posso dizer-vos que
com a vossa idade comecei o meu sonho
europeu, comecei antes de estar Portugal
na então CEE. Já eu sonhava que queria
viajar pela Europa sem fronteiras,
porque eu parava sempre que ia de
Portugal a Espanha, parava na fronteira,
depois parava outra vez em França,
Receção da doutora Isabel Baltazar na levava saquinhos de moedas de cada um
Bibioteca Escolar e encontro com a dos países e eu já sonhava fazermos parte
entrevistadora dessa comunidade europeia onde
viríamos a estar a partir de 1 de janeiro
A: Muito bom dia, senhora doutora. de ‘86. Na altura eu era jovem. E a
verdade é que senti a diferença, pensei
D.I.B.: Olá, bom dia! “Olha, o meu sonho já se começou a
realizar, consigo viajar sem fronteiras, já
A: Antes de começar a entrevista em consigo viajar com uma moeda única, já
concreto gostava de lhe dizer quais são os consigo circular.” Também comecei a
objetivos principais das perguntas que se perceber o quão importante era para nós
vão seguir. São conectar os jovens da estarmos neste caminho europeu, não
nossa escola às ideias internacionais apenas para o desenvolvimento
europeias e também, ao mesmo tempo, económico. Isabel Baltazar foi também
elucidá-los acerca de carreiras um aquela pessoa que foi fazer a pós-
bocadinho menos convencionais como graduação em estudos europeus, a
por exemplo a carreira política ou a primeira pós-graduação no país, nos
carreira académica. Passemos então às anos ‘90, na faculdade de Direito da
perguntas. Universidade de Coimbra. Quando lá
cheguei uma vertente era o Direito, outra visionários imaginaram para a Europa,
a Economia e eu vinha da Filosofia e da esta Europa de cidadania e esta ideia de
História, eu vinha das ideias. Quando Europa.Agora finalmente, comecei em
comecei a ouvir todas as cadeiras de março, em março do ano passado,
Economia, fiz aquilo como vocês, a concorri a Bruxelas a este concurso, da
estudar muito, e a tentar ser muito Escola Embaixadora do Parlamento
certinha, e depois os tratados também os Europeu, e qual não foi o meu espanto!
engoli, mas pensei assim: a minha Fui selecionada e aqui estou convosco
Europa não vai ser apenas uma Europa nesta missão que eu sempre abracei,
de mercadorias, nem uma Europa de porque para mim estar nas escolas é
tratados. Eu quero uma Europa de como estar numa festa, estar convosco é
pessoas, uma Europa da cidadania, uma a maior alegria que eu tenho. E aqui
Europa da cultura, uma Europa das estou nesta missão Europa e agora, hoje,
ideias. Isto há 30 anos, e nunca mais aqui, nesta escola.
parei. Então, pelo caminho, fui sempre
investigando nos arquivos histórico- Uma vasta quantidade de jovens tem
diplomáticos do Ministério dos Negócios dificuldades em encontrar aquilo que
Estrangeiros, abria as caixas todas a ver o realmente os faz sentir realizados e
que vinha das delegações portuguesas também, quando se trata de interesse na
nos outros países sobre a Europa. Fui área académica ou política, muitos não
para os arquivos da Assembleia da sabem como prosseguir estas carreiras.
República ler como os nossos deputados Conte-nos como foi encontrar o
discutiram a adesão à Europa . Fui caminho certo e daí seguir o seu
também para o Arquivo Mário Soares percurso profissional para os jovens que
ver como tinham sido as nossas poderão ter dúvidas sobre o seu futuro.
negociações e a partir dessa altura
comecei a escrever sobre a Europa, Por acaso essa pergunta é muito
comecei a dar aulas exatamente sobre pertinente e eu digo-vos sempre: Sigam a
Construção Europeia, porque sem vós estrela da vossa vocação. Não vão atrás
não faz sentido investigar. Nós existimos de querer ser ‘importante’, que às vezes
para vós. Eu debrucei-me imenso no tem um preço tão caro que custa a
mestrado em Estudos Políticos onde própria vida, a pessoa fazer aquilo que
ensinava a cadeira de Construção não gosta. Não vão atrás de modas, não
Europeia. Para terminar, depois deste vão atrás - os pais que não me ouçam -
percurso, comecei a realizar os sonhos. do que os pais sonharam para vocês
Queridos jovens, nunca se esqueçam! É porque às vezes são os sonhos deles e não
agora que vocês têm os grandes sonhos os vossos. Sigam os vossos sonhos. Eu fui
para a vossa vida. É na juventude que nós sempre atrás de tudo que era contrário
semeamos e depois, quando nós já somos aos sonhos que inventaram para mim,
assim velhinhos como eu, começamos a porque eu segui tudo aquilo que não
colher. Ainda não acabámos, só tinha importância nenhuma. Fui-me
acabamos quando partirmos desta Terra, realizando assim, contra a corrente,
mas a verdade é que eu semeei esses contra o instituído. Porquê? Porque eu
sonhos na juventude e agora comecei a sabia o que estava cá dentro de mim e o
colher as sementes através de obras sobre que eu vos aconselho é, antes de
aquilo em que eu acreditava. O que os abraçarem qualquer carreira política ou
académica ou mesmo um curso na meus colegas académicos das ilhas é que
universidade, todos nascemos com uma são pessoas muito mais profundas, que
vocação e é essa que nós temos que pensam muito mais alto. Eu até lhe
seguir e isso é que é a nossa missão, e costumo dizer de brincadeira, a este que
vamos ajudar o mundo a ficar um lugar mora aqui na Praia da Vitória, que está
melhor. Porquê? Estamos contentes, nesta obra, eu costumo dizer-lhe que ele
fazemos os outros felizes. Sigam sempre deve ter mais tempo e espaço para
os vossos sonhos porque tudo aquilo que pensar. Eu penso que sim, vocês têm cá
vocês sonharem é porque está dentro de mais tempo e mais espaço. E a inspiração
vós e vai dar fruto mais tarde ou mais acontece. É muito importante o
cedo. A nossa vida é como um puzzle, contributo, aliás vejamos o nome da
começamos a colocar uma peça, algo que escola, Vitorino Nemésio, temos tanto a
eu gosto de fazer, e depois mais uma aprender com ele. Temos vultos tão
peça, e quando chegamos a uma certa importantes destas regiões, também na
altura da vida, a maturidade, parece que esfera europeia, também na esfera
aquelas peças se encaixaram todas sem parlamentar da Assembleia da República.
nos darmos conta. Dizemos assim: “Mas Por isso, um dia serão vocês, porque
como é que eu fiz este percurso?” Agora, vocês serão o futuro da Europa e o futuro
está tudo interligado e faz este desenho de Portugal. Não se esqueçam que aqui
tão bonito, é o desenho da minha vida. nas ilhas nasce sempre algo de especial.
Nunca se esqueçam, pintem sempre o
quadro da vossa vida com um pincel A doutora escreveu uma tese (cujo livro
mágico que são os vossos sonhos, e verão tenho aqui) intitulada “Repensar
a vida a cores e o mundo ficará melhor. Portugal e a ideia de Europa.
Pensamento contemporâneo”. Como
Das ideias presentes nas suas obras explica este tema a jovens?
publicadas, qual acha mais importante
ou pertinente realçar junto de uma Essa tem muita piada, essa pergunta,
população jovem e insular, como é a da porque a jovens eu explico assim. Eu era
nossa escola? muito irreverente como todos os jovens
e como vocês, de certeza, e eu queria
Essa pergunta é muito interessante e eu mostrar que a ideia de Europa não estava
gostava de lembrar aqui também esta nas teorias económicas nem nos tratados.
parte insular. Gostava de destacar as Estava sim nas ideias da literatura
grandes figuras da construção europeia, portuguesa. Então, eu passei a recolher
que é um dicionário que até está aqui. todas as páginas destes autores - também
[Entre] vários professores, um deles é o Vitorino Nemésio - à procura só disto:
professor Eduardo Ferraz da Rosa, que ideia de Europa, pensamento sobre
mora aqui na Praia da Vitória e que Portugal. Então, por exemplo, eu
escreveu sobre uma dessas grandes estudava Eça de Queirós, eu lia Os Maias,
figuras que está neste dicionário. A dele mas eu não queria saber dos romances,
foi Edgar Morin e, realmente, se lerem o eu só cortava quando era retratos da
que escreveu este vitoriano - não sei se Europa. Eu procurava em todos os livros
posso chamar assim - a verdade é que se retratos da Europa, que ia retirando. E eu
sente a profundidade do pensar de quem costumo dizer assim uma frase: Nós só
está numa ilha. O que eu noto pelos encontramos aquilo que procuramos.
sdfgh
Então, quando estamos a ler um Para concluir, e agora sobre o Programa
romance até pode parecer que é só a Escola Embaixadora do Parlamento
história da Joaninha e do Carlos, mas se Europeu, de que maneiras concretas
estamos à procura de um foco, que é o poderá este programa ligar-nos à
nosso, vamos ver aquilo que ninguém Europa e talvez até a Europa a nós?
leu. E foi isto mesmo, uma manta com
muitos retalhos em que em todos os Este programa liga-nos à Europa e a
autores do século XIX e XX eu fui provar Europa a nós porque o programa Escola
que Portugal sempre teve uma ideia de Embaixadora do Parlamento Europeu é
Europa e para a Europa. Portanto, a um programa de todos os países da
nossa vocação europeia sempre existira e União Europeia. Por isso somos uma
naturalmente fizemos, quando era espécie de sucursal numa multinacional
permitido politicamente, a partir do 25 em que sabemos que 1650 escolas dos
de abril, [...] a nossa opção pela Europa, países europeus estão na mesma missão-
porque sempre estivemos na Europa sem Europa que vocês tiveram aqui. Claro,
ser da Europa e isso está aqui retratado. Uns podem não conseguir um caminho
tão desenvolvido como o vosso, porque
Quais as competências que considera já vi que fizeram muito. Estamos todos
mais importantes no desenvolvimento e inseridos num programa em que
fundamentação de uma ideia, como pretendemos levar uma mensagem, a
numa tese? mensagem do Parlamento Europeu, que
é uma mensagem de participação
Eu costumo sempre dizer que o mais democrática. Nós, neste programa,
importante numa tese é nós termos, queremos ser cidadãos que participam
como tu dizias e muito bem, Ana, uma na construção do futuro da Europa. E
ideia que queremos provar. A partir como é que se faz esta participação?
dessa ideia que queremos provar Como vocês fizeram. Olha, como estavas
começamos a percorrer um caminho tu a dizer, tendo ideias! Realizando essas
como se fosse uma aventura. Ou seja, nós ideias, levando a Europa para a rua, para
partimos do nada, nós só temos uma casa. Fomentando a capacidade de
ideia e agora vamos materializar a ideia à iniciativa europeia, de participação
procura de fontes que fundamentem a democrática de darmos a nossa voz à
nossa ideia. Vocês podem perguntar Europa de muitas formas, por exemplo,
assim: “Mas como é que temos a certeza através do que vocês fizeram. Já estão a
que a nossa ideia existe ou pode ser dar a voz à Europa porque eu vou enviar
materializada? Que há fontes?”, [...] é para Bruxelas o que Vitorino Nemésio
como se fosse uma aventura, nós temos fez pela Europa. Por isso, Bruxelas
uma determinada perceção e a partir conhece-vos e vocês também estão
dessa perceção vamos à procura que as ligados à Europa. Por outro lado, este
fontes respondam às perguntas que programa pretende sensibilizar para essa
fazemos. Ou seja, os documentos só nos democracia parlamentar. Como? Como
falam daquilo que lhes perguntamos, por se destina aos alunos do secundário,
isso, um investigador não tem de dizer pretende-se prepará-los para serem bons
nada, só tem que fazer perguntas. cidadãos europeus, nomeadamente
através do seu voto nas eleições
europeias.
Eu costumo dizer que quem sai do desta escola, em cada um dos
programa EEPE sai necessariamente com embaixadores juniores e também sei que
vontade de participar nas eleições e isso é a vossa participação neste projeto já está
muito importante, o nosso voto, porque a ser um contributo para o futuro da
sabemos que daqueles 705 deputados, eu Europa, porque não fica aqui a vossa
também estou lá representada com o participação. Vai para o gabinete em
meu voto. Nós às vezes vivemos numa Lisboa, de Lisboa vai para Bruxelas. Já
sociedade muito egoísta e queremos ver repararam? Nós sentimos que não
a nossa cara, mas o importante não é estamos sós. O nosso trabalho aqui vai
vermos o nosso eu, é saber que aquele ser conhecido em todo o lado. É este
conjunto foi eleito também com o meu sentimento de pertença que eu vos
voto. Quem sai deste programa não vai queria convidar a aprofundarem, a
abster-se, não vai faltar a estas eleições, darem a vossa participação, ideias, a não
mas, simultaneamente, vai também pararem.[...] Também [queria] desejar às
convidar os outros que encontra pelo vossas professoras, às nossas
caminho da vida a participar. Esta embaixadoras sénior, que imaginação
participação significa que vocês podem não lhes falte, porque até agora tem sido
dizer sim e dizer não. Vocês têm o muito fértil e que as concretizações
direito de dar a vossa opinião e também continuem. Só posso dizer “continuem o
o dever de participar. Quando nós que estão a fazer”, estão no caminho
falamos numa União Europeia, a verdade certo, estão no caminho da Europa.
é que esta união é feita de pessoas, não é
feita de mercadorias. A economia é um
meio para o desenvolvimento mas as
pessoas é que são um meio para
construirmos uma Europa democrática,
participativa, em que todos nos
possamos reconhecer nela sem
deixarmos de criticar. Eu às vezes até
digo, eu respeito tanto os europeístas
como os os anti-europeístas. Não
podemos é ficar instalados no sofá da
vida e não fazer nada. Interessa discutir,
interessa refletir. Da reflexão vem a luz!
Da reflexão vêm ideias para o futuro, e
vocês jovens são o futuro do projeto
europeu. A Europa quer ter a vossa cara e
ouvir a vossa voz, é isso que este
Isabel Baltazar durante a entrevista
programa pretende fomentar.

Tem alguma mensagem final, em


particular, se quiser, para os leitores do
jornal da nossa escola?

Sim, a mensagem final é de que confio


em cada uma das embaixadoras juniores
Fala connosco:

Ficha técnica
@jornal_sbnl Jornal ESVN
Escritores:
Ana B. Pereira, 9.ºE

VERSÃO DIGITAL
Beatriz Silveira, 9.ºB
Leonor Silveira, 9.ºE
Rodrigo Aguiar, 11.ºA

Direção e coordenação:
Ana B. Pereira, 9.ºE

Capa:
Ana B. Pereira, 9.ºE

Edição e design gráfico:


Ana B. Pereira, 9.ºE

Agradecimentos
Equipa SBNL, que termina assim as suas atividades no ano 21/22
Professora Alexandra Dores
Professora Florbela Monteiro
Todos os embaixadores juniores do programa EEPE da nossa escola
Doutora Isabel Baltazar e organização do Programa EEPE
Conselho Executivo

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