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Movimento LGBT de Cuiabá

(MT).
História, pluralização de identidades,
interseccionalidades e violência.
Moisés Lopes
Departamento de Antropologia/UFMT
sepolm@gmail.com
Pesquisa desenvolvida por mim em 2005 sobre casais
homossexuais masculinos:

“dar-se ao respeito” X “mundo gay”;

baixa frequência e referência a locais de sociabilidade


LGBTs por parte destes homens;

crítica a performances de gênero não-heteronormativas;

relatos de preconceito e discriminação sofridos mas não


identificados como tal.
Homossexualidades, preconceitos e discriminações: A
construção social das identidades no universo LGBT da
Baixada Cuiabana (Edital PPP 002/2012
MCT/CNPq/FAPEMAT e Edital PBEXT/AF/2014
UFMT/PROCEV/CODEX)

Identidades no “mundo LGBT” da Baixada Cuiabana

Performances, Sociabilidades, Narrativas, discriminação


e violência.
Levantamento Bibliográfico
Griggi, Menotti. Breve história do Movimento Gay de
Cuiabá – MT: Do bar de Artistas a Parada Gay (2010).

Freire, Suzi Mayara da Costa . Plumas, paetês e bandeiras


(de luta): a trajetória irreverente LGBT na conquista e
consolidação de sua cidadania (2011).

Teixeira, Francis Katyussia. Um panorama da realidade das


Lésbicas na 7ª Parada da Diversidade Sexual em Cuiabá-MT.
De dores e de amores (2011).

Irineu, Bruna Andrade. Narrativas da (in)diferença: Um


estudo sobre as políticas de segurança pública no combate a
homofobia em Mato Grosso (2010).
Mudança de foco do projeto

Movimento LGBT da Baixada Cuiabana

Narrativas de ativistas e reconstrução da história


ATÉ 1995

Pouca movimentação político-institucional de LGBTs;

Poucos espaços de homossociabilidade;

Discussão concentrada em algumas figuras públicas que se


destacavam, como por exemplo:

Jejé de Oya
Foto: TV Centro América
“O mais famoso colunista social de Cuiabá que desafiou a
tradicional elite da capital de Mato Grosso, com o poder
econômico, social e político, Jejé de Oyá é temido. Conhece
como poucos as nuances das principais famílias do Estado, que
fizeram história nesta terra, em diferentes espaços e cenários.
Jejé se aventurou a narrar este cotidiano social, as festas, os
‘bafos’, e declarou em entrevistas que se fosse escrever um
livro, estaria morto no primeiro parágrafo. Jejé de Oyá é
homossexual assumido, negro e nasceu pobre, mas acabou
sendo adotado por uma família cuiabana [...] sarcástico, com a
ironia correndo-lhe pela boca, e as sacadas e tiradas que
deixavam os figurões de cabelo em pé. Jejé de Oya é
homossexual, mas é cabra macho, afinal, mexer com tanta gente
poderosa, como ele sempre fez, não é para qualquer um.”
(Marianna Marimon – Do site Olhar Direto)
A partir de 1995

Criação do Grupo Livre – Mente, mais tarde transformado em


ONG, que se descreve assim em um folheto informativo:
Um dos fundadores do grupo afirma que na época o grupo
foi formado com alguns objetivos práticos:

“ele foi formado com intuito de reunir pessoas homossexuais


onde pudessem conversar trocar ideias, enfim, ser um
espaço de convivência. [...] e, também, com o objetivo de
ter acesso a preservativos e fornecer materiais
informativos”.
Após 8 anos de funcionamento regular em sua sede
pública inicia-se a “agudização” de conflitos identitários,
formação de subgrupos ou coordenações e o processo de
cisão/pluralização dentro da ONG.

“Por exemplo, as mulheres sentiram a necessidade de ter um


grupo que pudesse discutir só a questão da mulher. Dessa
forma, passaram a criar dentro do grupo Livre-Mente uma
coordenação específica, era Livre-Mente coordenação de
mulheres, que se reuniam em um dia da semana. Da
mesma forma ocorreu com as travestis, depois vieram os
gays negros que também quiseram um dia na semana.
Enfim, o Livre-Mente atuou por muito tempo como esse
espaço comum (misto).”
ONGs que emergem da cisão da Livre – Mente:

ASTRAMT – Associação das Travestis de Mato Grosso


(Várzea Grande) em 2003;

LIBLES – Associação pela Liberdade Lésbica (Cuiabá) em


2004;

GRADELOS “Tereza de Benguela” – Grupo de


Afrodescendentes pela livre orientação sexual (Cuiabá) em
2006;
Há outras ONGs em outras cidades de Mato Grosso:

O grupo Vida Ativa em Rondonópolis (2000);

O Grupo Novamente em Juína (2006);

A AGLBTT – Associação de Gays, Lésbicas, Bissexuais,


Travestis, Transexuais e Simpatizantes em Cáceres (2009).
Cenário Atual

Muitas destas ONGs já não se encontram em atuação por


diversos problemas, apenas a Livre–Mente, a ASTRAMT e a
LIBLES, seguem desenvolvendo seus trabalhos em Mato
Grosso. Mas, não possuem sede, nem recursos próprios.
Passam por um movimento de forte refluxo apesar de
regularmente promoverem cursos de formação de novas
lideranças.
Paradas de Cuiabá

27/06/2003 – I Parada da Diversidade Sexual – expectativa


de 500 pessoas comparecimento de 7000 mil pessoas;

18/06/2004 – II Parada da Diversidade Sexual – “Pouca


vergonha é o seu preconceito” – 15 mil pessoas;

29/07/2005 – III Parada da Diversidade Sexual – “O mundo


mudou! União civil Já! – 25 mil pessoas;

17/06/2006 – IV Parada da Diversidade Sexual –


“Homofobia é Crime”;

31/08/2007 – V Parada da Diversidade Sexual – “Por um


Mato Grosso sem racismo, sem machismo e sem homofobia”;
29/08/2008 – VI Parada da Diversidade Sexual e Cidadania
– “Levante a bandeira da vida. Abaixo Homofobia. Pelo
respeito, pelos direitos humanos e pela cidadania” – 15 mil
pessoas;

25/07/2009 – VII Parada da Diversidade Sexual e Cidadania


LGBT de MT – “Mais cidadania. Somos todos iguais”;

19/11/2010 – VIII Parada da Diversidade Sexual e


Cidadania LGBT de MT – “Paz, Justiça e Cidadania... Por
um Mato Grosso sem Homofobia” – 25 mil pessoas;

16/12/2011 – IX Parada da Diversidade Sexual de Mato


Grosso – “Amai-vos uns aos outros – Basta de Homofobia”;
31/09/2012 – X Parada da Diversidade Sexual de Mato
Grosso – “Homofobia tem cura. Educação e
Criminalização” – 10 mil pessoas;

23/11/2013 – 11a Parada da Diversidade Sexual de Mato


Grosso – “Estado Laico: Sua religião não é Nossa Lei” –
20 mil pessoas;

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