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Resenha | A Fantástica Fábrica de Chocolate

Charlie Bucket vive em uma casinha de madeira, nos arredores de uma grande cidade,
com seus quatro avós e seus pais que se esforçam ao máximo para deixar todos confortáveis no
ambiente minúsculo. Na casa, somente o pai de Charlie, o Sr. Bucket, trabalha, mas seu salário
mal da para comprar a comida necessária para manter a família. Com uma sensação de vazio no
estômago, o garoto parte todo dia para a escola esperando o momento de passar na enorme
fabrica que fica em seu caminho e sentir o cheiro mais inebriante que existe… o de chocolate.
Charlie é apaixonado pela guloseima, mas só pode comer uma vez no ano, em seu
aniversário, quando toda a família economiza seu dinheiro para lhe comprar uma barra de
presente. Um dia, o Sr. Bucket lê uma notícia assombrosa que deixa todos extasiados. O Sr.
Wonka, dono da fantástica fábrica de chocolate da sua cidade, está prestes a abrir seus portões
para as cinco pessoas que encontrarem seus cupons dourados, escondido em cinco barras de
chocolate ao redor do mundo.
Conhecer a Fábrica Wonka é um sonho inimaginável, principalmente quando o mesmo
fechou seus portões e se trancou lá dentro com misteriosas criaturas, que ninguém sabe muito
bem o que são. Com um prêmio vitalício de doces para o resto da vida, toda criança do mundo
começa desesperadamente a comprar as barras Wonka, em busca do seu bilhete dourado.
Mesmo com pouco dinheiro, a família de Charlie decide dar uma oportunidade para o garoto, mas
seria uma única barra anual capaz de mudar a sorte do garoto?
Quem nunca sonhou em visitar o maravilhoso mundo criado por Willy Wonka? Provar seus
sabores absurdos e encontrar os mais fantásticos dos doces em uma terra onde a pura maluquice
infantil parece reinar? Quem nunca se sentiu tentado a entrar na tela da TV e viver a magnífica
aventura bizarra com Charlie e as outras quatro crianças? Ou, até mesmo, encontrar o tão
sonhado Cupom Dourado que se tornou um marco do cinema?
Escrito por Roald Dahl, A Fantástica Fábrica de Chocolate se tornou um marco literário.
Escrito em 1964, a obra possui uma suavidade impecável, levantando bem suas críticas nada
veladas, além de nos dar importantes lições ao longo do caminho. Abusando do seu
extraordinário, o mundo criado por Roald é tão colorido e vibrante que salta das páginas, nos
carregando com maestria por toda sua loucura idealizada, que parece saída do imaginário ideal
de uma criança criativa.
A escrita de Dahl é tão envolvente e carismática que nos vemos entrelaçados em sua
narrativa, nos adaptando a todos suas reviravoltas e nos importando (ou detestando) cada um
dos personagens ali presentes. Sua descrição é tão magnífica que até a própria fábrica parece
ganhar vida perante nossos olhos, com todas as suas texturas, sabores que transbordam do
humor excêntrico do autor, humor esse encarnado em um personagem, um tanto peculiar, que se
mostrou um verdadeiro achado… mas falaremos mais disso a frente.
O universo fora da fábrica parece anormalmente sofrido e sem cor, quase se
transformando em uma sombra do nosso mundo cheio de erros. O que entra em contraste com o
ambiente maravilhoso dentro das paredes da fábrica, onde tudo pode acontecer quando menos
se espera. Essa dualidade sobre a diferença da vida fora e dentro da fábrica reforça ainda mais a
pureza do texto, nos mostrando o quão bom é nos desprender do cotidiano e imaginarmos o
impossível de vez em quando.

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