 A AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL

DISCIPLINA: ESTUDOS AMAZÔNICOS As pinturas rupestres encontradas nas cavernas dos municípios
de Monte Alegre e Alenquer (no Baixo Amazonas), indicam a existência
de civilizações Pré- históricas na Amazônia. Os arqueólogos, que
estudam os vestígios do passado humano, estimam pelas suas pesquisas
I UNIDADE: A PRÉ-HISTÓRIA NA AMAZÔNIA
que a existência desses povos data de mais 12.000 anos. E apesar de
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS AMAZÔNICOS.
serem caçadores e coletores de bens naturais, ele deixaram muitos
ESTUDOS AMAZÔNICOS é uma disciplina integrante do
elementos importantes da sua cultura nas terras firmes. Os artefatos
currículo do ensino fundamental. Nessa disciplina, você deverá estudar a
feitos em osso, pedra lascada e utensílios como machados, amassados,
região Norte ou Amazônica levando em consideração os seus aspectos
cortadores e projeteis são um bom exemplo de sua longa evolução
naturais, políticos, sociais e culturais.
cultural.
Na 5ª série, a referida disciplina tem como objetivo Resgatar a
história da Amazônia levando o aluno a compreender a sua formação I UNIDADE: A PRÉ-HISTÓRIA NA AMAZÔNIA
social, política, econômico e cultural, a partir de noções preliminares A ORIGEM DO HOMEM AMAZÔNICO
sobre a Pré-história e o início da colonização. DA AFRICA PARA OUTROS CONTINENTES
A maioria dos cientistas acredita que o primeiro continente a ser
Assim para iniciarmos nossos estudos sobre a nossa região
povoado tenha sido a África, pois foi lá que se encontrou o fóssil
precisamos primeiramente entender o que é uma região?
humano mais antigo.
REGIÃO é um espaço que se diferencia de outros, devido às
características específicas que possui como: os aspectos naturais, COMO VIERAM?
Andando e navegando num processo que durou milhares e
culturais, econômicos e sociais.
milhares de anos, os primeiros homens espalharam-se pela Europa, Ásia
Por que a Amazônia é considerada uma região?
e finalmente chegaram à América. Provavelmente, os povoadores da
Porque ela possui características próprias ou específicas como: os
América chegaram ao nosso continente vindo da Ásia, depois de
aspectos naturais, culturais, sociais e econômicos.
atravessar o Estreito de Bering. Esta travessia teria ocorrido numa das
O QUE É A AMAZÔNIA?
vezes em que o nível do mar baixou muito e se formou uma parte de
A Amazônia é uma imensa região natural, a maior do Brasil,
terra e gelo ligando a América a Ásia, pelo norte.
segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
Os primeiros povoadores da América podem também ter
compreendendo cerca de 6,5 milhões de quilômetros quadrados do
chegado por mar. Navegando de ilha em ilha – vindos da Malásia e da
território brasileiro.
Polinésia -, podem ter cruzado o oceano Pacífico e chegado às costas do
A Amazônia é conhecida como um imenso e complexo
continente americano, iniciando o processo de povoamento das regiões,
ecossistema. Provavelmente o mais rico e variado de todo o nosso
inclusive da Amazônia.
planeta, pelo menos nas suas partes sólidas ou continentais. Apresenta
uma imensa quantidade de seres vivos, pertencentes a um número OBSERVE COMO OCORREU A MIGRAÇÃO DO HOMEM
enorme de espécies vegetais e animais. Algumas são ainda PARA A AMÉRICA.
desconhecidas ou pouco estudadas pela ciência.
Nenhuma outra vegetação do mundo possui tanta variedade em
espécies como a floresta Amazônica; nenhuma outra bacia hidrográfica
do globo possui tantos tipos diferentes de peixes como a bacia
Amazônica. Talvez se possa dizer o mesmo com relação aos insetos e a
outros seres da fauna da região. O fator que mais distingue e
individualiza a Amazônia é sua vegetação: uma floresta latifoliada
(árvores com folhas grandes e largas), equatorial, bastante heterogênea
ou diversificada. Possui uma mata perene, sempre verde, que não perde
as folhas no outono-inverno.
A floresta Amazônica costuma apresentar aspectos bastante
diversos de acordo com a área, dando às vezes a impressão de ser outra  QUANDO COMEÇARAM A CHEGAR?
As opiniões dos estudiosos divergem também com relação a essa
mata. Existem vários tipos de mata na Amazônia: Mata de Igapó, Mata
pergunta. A arqueologa Niêde Guidon, com bases em suas pesquisas no
de Várzea e Mata de Terra Firme.
Piauí, na região de São Raimundo Nonato, acredita que o homem tenha
Quanto ao clima da Amazônia, podemos dizer que é do tipo
chegado ao continente americano há cerca de 40.000 anos atrás.
equatorial quente e úmido. As temperaturas são elevadas (entre 24º C
Portanto, para ela, os primeiros habitantes do continente teriam chegado
e 28ºC). Apenas em alguns curtos períodos, quando a frente fria oriunda
primeiro no Brasil. Ela e sua equipe chegaram a esta conclusão por
do sul do continente consegue atingir a parte ocidental da Amazônia, a
terem encontrados alguns vestígios, como pedaços de carvão na caverna
temperatura desce a 16ºC ou 18ºC. As chuvas são abundantes (entre
chamada “Toca da Pedra Furada’, que parecem ter essa idade.
1600 e 2500 mm por ano) e ocorrem durante o ano todo, embora
Outros, como o norte-americano Betty Meggers, porém, afirmam
normalmente se concentrem mais de Dezembro a Maio.
que estes carvões podem ser restos de incêndios espontâneos, e não
A HIDROGRAFIA amazônica é riquíssima. É nessa região
resultados de atividades humana. Assim, diz Meggers, a única forma de
que se encontra a maior bacia hidrográfica do planeta, formada pelo rio
comprovar a teoria de Niêde Guidon seria encontrar fósseis humanos
Amazonas e seus afluentes, que compreende cerca de 4,8 milhões de
com idade de 40.000 anos. Enquanto os detalhes continuam, o que se
quilômetros quadrados. A vazão fluvial do rio Amazonas é a mais
pode dizer com certeza é que os primeiros povoadores da América
elevada do mundo, representando cerca de 15% do total de águas
chegaram aqui há cerca de 12.000 anos atrás, que é a idade dos fósseis
fluviais existentes na superfície terrestre.
mais antigos do nosso continente.
Com 7.075 Km, o rio Amazonas é o maior rio da terra. Vários
rios que formam a bacia amazônica estão entre os maiores do mundo:
Tocantins, Xingu, Tapajós, Madeira, etc. Além dos rios, há também
inúmeros lagos e igarapés, que são cursos de água que unem dois rios ou
um rio e um lago. MODO DE VIDA DOS PRIMEIROS AMERICANOS.
O povoamento da América deu origem a modos de vida bastante
O relevo amazônico apresenta três unidades principais:
diferente segundo o historiador Ciro Flamarion Cardoso. Na Amazônia,
Planície amazônica (centro da Amazônia), Planalto das Guianas (ao
por exemplo, a caça, a coleta generalizada e a exploração dos recursos
norte), e Planalto Central (ao sul).
aquáticos (pesca), foram comuns.
A Amazônia ou região Norte é formada por sete Estados: Acre
(Rio Branco), Amapá (Macapá), Amazonas (Manaus), Pará
OS GRUPOS DE CAÇADORES E COLETORES
(Belém), Rondônia (Porto Velho), Roraima (Boa Vista), Tocantins
(Palmas).

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 Grupos de Caçadores e Coletores: eram pequenos grupos
humanos que viviam da caça, pesca e coleta de frutos e raízes da
floresta.
Os escassos sinais de ocupação humana na Amazônia durante o
período pré-histórico foram encontrados em algumas cavernas, abrigos
naturais e sambaquis como: os amassadores, machados de pedra, os
cortadores, arco, flecha e arpões.
Os vestígios arqueológicos encontrados na Amazônia indicam
que durante a pré-história predominaram pequenos grupos humanos que
se organizavam em tribos (grupos tribais). Estes pequenos grupos
moravam em cavernas abrigos naturais e habitações construídas de
folhas e galhos de árvores. Viviam basicamente da caça, da pesca e da
coleta de frutos e raízes da natureza.
A dependência da natureza e as limitações ambientais imposta
pela floresta tropical permitiu o deslocamento constantes desses grupos
humanos em busca de sobrevivência, tornando-os nômades.
O QUE É UMA SOCIEDADE NÔMADE?
É aquela sociedade que não possui moradia fixa, isto é, vive em
constante deslocamento em busca de sobrevivência.
Esses grupos humanos nômades se instalaram mais nas áreas de
várzeas da região, pelo fato da mesma apresentar uma variedade de
recursos essencial a sua sobrevivência. Com o passar dos tempos os
primeiros habitantes da Amazônia foram evoluindo e passaram a criar
animais e a cultivar a terra. A mandioca foi uma das plantas
domesticadas, surgindo assim, os primeiros horticultores de raízes na
região.
OS PRIMEIROS HORTICULTORES DE RAIZES.
O QUE SÃO GRUPOS DE HORTICULTORES?
São aqueles grupos que se dedicam ao cultivo da terra, plantando
várias espécies de cereais.
A lenta transição da caça e coleta para a agricultura ocupou o
período de 4000 a 2000 a.C. Os principais sinais foram localizados nos
muitos sambaquis, descobertos próximos à boca do Amazonas e no
Orenoco na costa do Suriname e em certas partes do baixo Amazonas.
Por volta de 3000 a. c pequenas povoações de horticultores começaram
a ganhar importância na região, graças ao avanço na tecnologia do
cultivo.
A princípio os grupos indígenas plantaram a mandioca, o milho e
a batata. A introdução do cultivo da mandioca e milho na várzea foi um
fator decisivo para a fixação desses grupos em um só local, como
também na estocagem de alimentos que servia para que os grupos se
alimentassem durante as cheias dos rios.
No processo de cultivo da terra havia uma ordem social bem
definida: as mulheres se encarregavam dos trabalhos agrícolas
(plantavam, capinavam e colhiam), cuidavam do preparo da alimentação
e os homens eram responsáveis pela limpeza do terreno para a
plantação, caça, guerra e pelas atividades religiosas. Assim, com o
cultivo da terra, Alguns grupos tornaram-se semi-sedentários ou
sedentários.
O QUE SÃO GRUPOS SEDENTÁRIOS?
São grupos humanos que passam a viver fixamente na terra, ou
seja, possuem moradia fixa.
Com a introdução do cultivo da terra, grande parte dos povos
indígenas na Amazônia passou a se fixar mais em um local. Assim,
passaram a manipular novas estratégias de sobrevivência. A cerâmica
foi uma delas. Nos sítios arqueológicos localizados na região de Marajó
e de Tapajós, foram encontrados artefatos de argila como tigelas,
garrafas, cachimbos e outros, que confirmam a existência de sociedades
com estilos culturais complexos na Amazônia no período da pré-
história.
AS SOCIEDADES COMPLEXAS DA AMAZÔNIA
Como vimos os primeiros grupos indígenas que penetraram na
Amazônia eram nômades, caçadores e coletores. Com o passar dos
tempos, esses grupos humanos foram absorvidos por outros grupos que
conheciam a agricultura. Provavelmente esses grupos, migraram para a
Amazônia da região dos Andes Centrais e da meso-América ocupando a
parte norte central da ilha do Marajó e do Baixo Amazonas. Entre esses
grupos que possuíam uma cultura complexa destacam-se a Sociedade
Marajoara e a Sociedade dos Tapajós.
A Sociedade Marajoara destacou-se por apresentar um tipo de
agricultura de raízes mais intensiva, com maior colheita e melhor
mudança nas plantações e aldeias, permitindo melhor concentração da
população, que permaneciam fixas num mesmo local, facilitando o
desenvolvimento de uma estrutura política através de uma sociedade
estratificada. Além disso, os marajoaras se destacaram na arte de
fabricar artefatos de argila (cerâmica).
Ao longo de sua evolução cultural, os índios do Marajó
reproduziam seu mundo através da cerâmica. A especialização
manufatureira permitia a elaboração de uma cerâmica através de
técnicas decorativas complexas. Confeccionavam pratos, vasos,
alguidares urnas funerárias, tangas (para mulheres), chocalhos e
estatuetas, usando traços diferentes e cores como o vermelho e o
branco. A matéria prima utilizada para produzir esses artefatos era
formada, basicamente de argila, conchas, cinza de madeira e de
pequenas pedras.
Os marajoaras são considerados os povos pré-históricos mais
desenvolvidos que habitaram a Amazônia, não apenas pela cerâmica que
produziram, mas também pelas obras que construíram como grandes
sítios-cemitérios, sítios cerimoniais, habitações e oficinas
construídas sobre aterro artificiais (tesos).
A Sociedade Tapajônica foi outro grupo ceramista que ocupou
o Baixo-Amazonas, entre a confluência do rio Tapajós com o rio
Amazonas próximo a cidade de Santarém (Pá). Esse grupo era composto
de muitos habitantes que criaram verdadeiros centros de escambo na
Amazônia.
A cerâmica desse grupo é mais recente que a marajoara, data de
1.200 a 1.400 anos atrás. A cerâmica tapajônica é tão rica quanto a dos
marajoaras, diferencia-se, no entanto, em termos de formato, de detalhes
ornamentais e originalidade.
Os Tapajônicas confeccionaram artefatos de argila como: vasos
de uso domésticos que apresentavam formas diferentes, estatuetas
que representavam figuras nuas com seios exuberantes (homens e
mulheres), urnas funerárias, cachimbos e etc.. Entre os tapajônicos,
era comum também encontrar o Muinaquitã, uma espécie de amuleto
de sorte confeccionada em pedra verde.
Portanto, pode-se dizer que na Amazônia pré-colonial ou pré-
histórica já era colonizada pelos índios e que esses vários grupos nativos
tinham sua forma de organização social e que possuíam uma variedade
de elementos culturais entre as quais muitas ainda não foram reveladas
pela ciência.
O ESPAÇO INDIGENA
TODO ESPAÇO ERA ESPAÇO INDÍGENA.
Cada sociedade indígena tinha sua maneira própria de se
relacionar com a natureza e, através de seu trabalho, construíram e
organizaram o espaço em que viviam.
Os indígenas moravam em aldeias e, através do trabalho
coletivo, garantiam os alimentos, instrumentos de trabalho e moradia,
entre outras coisas, para toda a comunidade. Mas, não era só isso. Os
caminhos de terra abertas pelos indígenas (peaberus), assim como, os
rios eram utilizados como via de circulação, de fundamental importância
na busca de alimentos, obtidos através da caça, de pesca e, também, da
coleta de produtos florestais.
Bastante diferente da nossa sociedade, os povos indígenas
produziram apenas, para a sua subsistência. Os instrumentos de trabalho
por eles utilizado, a exemplo da lança, machadinha, arco e flecha,
também eram bem diferentes dos nossos e, por serem muito simples,
não possibilitava grandes transformações da natureza.
Portanto, pode-se dizer que no período em que nossa região era
habitada apenas pelos índios, a Amazônia era um espaço que quase
natural, não havia grandes transformações, haja vista que, os nativos
viviam mais em harmonia com a natureza. Isso mostra que o espaço
geográfico reflete a sociedade que o produziu.
OS PRIMEIROS GRUPOS NA AMAZÔNIA
 MARAJOARAS
 TAPAJÔNICAS
Embora existam outras suposições arqueológicas para os
primeiros habitantes da Amazônia, e a cerâmica fabricada pelos grupos
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indígenas que nos dá a informação mais objetiva e mais concreta.
Sabemos através dela, que os grupos que habitavam a ilha de Marajó
foram os que praticaram a agricultura mais aperfeiçoada, facilitando a
aglutinação de populações e promovendo o surgimento de uma
complexa organização política e social. Segundo Eduardo Galvão e de
acordo com o método carbono 14, a mais antiga cultura ceramista que
se conhecida nessa região é de 2.500 anos, datam de 400 a.c., os
primeiros indícios da chegada dos povos dos período marajoara.
As cerâmicas pré-históricas refletem a complexidade da divisão
social dos grupos indígenas e guardam informações sobre as técnicas
decorativas extremamente refinadas para o passado amazônico. Os
índios marajoaras, com seus recursos naturais e culturais, produziam
vasos, alguidares, tangas de barro e estatuetas, representando animais e
divindades. E até mesmo as urnas funerárias recebiam traços
decorativos.
Junto com a cerâmica encontrada de baixo da terra, nos sitio
arqueológicos, é possível ainda descobrir restos de habitações, de
cemitérios e de oficinas, sem locais geralmente construídos com aterros
artificiais. Com esses e outros elementos fica demonstrado que existia
mesmo uma certa estratificação social e que os índios dessa área
amazônica tinham um tratamento diferenciados para com os mortos.
 OS GRUPOS TAPAJÔNICAS
Outros grupos ceramista que ocupou o baixo-amazônico, foi o
da cultura tapajônica que se localizou na confluência do rio tapajônica
com o rio Amazonas. Este grupo era composto de muitos habitantes
que criam verdadeiros centros de escambo na Amazônia.
A cerâmica desse grupo é mais recente que a marajoara , data
de 1.200 a 1.400 anos, segundo a grande enciclopédia da Amazônia.
Ela tinha as mais variadas formas: urnas funerárias, estatuetas,
mascaras, cachimbos, reprodução de objetos ligados as crença e muitos
tipos de figuração de animais.
A cerâmica tapajônica, tão rica quanto a dos marajoaras,
diferenciava-se, no entanto, em termos de formato e de detalhes
ornamentais. E a estrutura também possui idêntica originalidade. Veja o
caso do Muiraquitã, por exemplo, que representa um sapinho esculpido
em uma pedra de cor verde. O Muiraquitã, por sua beleza visual,
acabou, por isso, tornando-se o mais representativo objeto cultural do
Tapajós, usado ainda hoje como um poderoso talismã da sorte. Mas é
bom, não esquecer os tapajós eram um dentre tantos outros grupos vivos
na época da colonização. Junto com eles os descobridores encontraram
inúmeras tribos indígenas, em sua maioria nômades, como os Tembés,
Pacajás, Jacundás, Mundurucus, Aruás, Gaviões, e centenas de outras
tribos que nem sempre falavam as mesmas línguas.
 OS NOVOS DESCOBRIDORES DA AMAZÔNIA
Não é possível escrever a história do Pará sem se referir à
Amazônia. Assim como não é possível escrever a história da Amazônia
sem conhecer a historia do Pará. Isso porque até o século XVIII, o
Estado do Pará incluía todo o território Amazônia, descoberto e
conquistado da foz do Amazonas até o extremo oeste, não respeitando a
linha imaginaria do Tratados de Tordesilhas.
Foi isso que ocorreu, por exemplo, com Francisco Orellana e
Gonçalo Pizarro. Estes navegadores espanhóis, no século XCV,
desceram o Rio Maranon, no Peru e o Rio Solimões, no Brasil,
chegando até à boca do Rio Nhamundá, onde ao que se sabe, Orellana
disse se sabe, Orellana disse ter sido atacado por uma tribo indígena só
de mulheres que combatiam seus inimigos montadas em cavalos.
Motivo este afinal, que fez o Rio receber o nome de rio das Amazonas,
pois Orellana relacionou aquelas mulheres cavaleiras ao tipo das
amazonas encontradas na região da Capadócia (na Ásia Menor) depois
dessa viagem inédita pelo rio, o navegador Orellana decidiu regressar a
Espanha onde acabou adquirindo o titulo de governador das terras por
ele descobertas. Mais ao voltar à Amazônia pela segunda vez, o
navegador errou a direção, e entrou no rio das amazonas pela foz,
perdendo-se entre as ilhas do Marajó, indo parar em outra direção que
desembocava bem longe, no rio Tocantins. Um desencanto que não foi
trágico, mas deixava claro para o navegador espanhol e seus tripulantes
que a região das amazonas ainda era um grande mistério, totalmente
desconhecido para os recém-chegados desbravadores.
 A CHAGADA DOS PORTUGUESES
Choque cultural entre os portugueses e indígenas foram
os mais amplos, os mais complexos e os mais profundos. Os próprios
portugueses, quando desembarcaram no solo amazônico, embora fossem
na maioria católicos já traziam uma grande diversidade social do seu
meio. Pois as suas caravanas ou expedições eram compostas de pessoas
das mais diversas categorias. Militares, missionários, comerciantes,
aventureiros e degredados formavam a tropa de choque para enfrentar os
indígenas.
Entres os portugueses laicos, havia uma concepção de
que o indígena não representava um ser humano. Principalmente porque
não falavam a mesma língua. Não tinham a mesma religião e, além de
andarem nus, não tinham os mesmos costumes. Além disso, a pintura e
os enfeites de seus corpos causavam maior estranheza e reforçavam a
opinião de que os índios eram seres de outros mundos, não humano.
 O ÍNDIO MARGINALIZADO
O fato de os portugueses não considerarem o indígena
como uma pessoa, talvez tenha provocado o maior dos choques culturais
ocorridos em toda colonização da Amazônia, pois dessa concepção
criou-se um tratamento desumano que os colonizadores deram sempre
aos povos nativos. Porém do ponto de vista sociológico, a maior causa
dos choques sociais deve ter sido mesmo os motivos econômicos. Os
portugueses eram mercantilistas, e precisavam de pessoas , de braços,
que os auxiliassem na produção de bens para o comercio exterior. Porá
os índios isto era uma novidade, mesmo a colheita, a caça e a pesca a
que os nativos se dedicavam, eram exercidas apenas para prover as
necessidades estritas de seu consumo. Nunca os índios se preocupavam
com os excedentes que permitiam as exportações e o comercio. Dai,
portanto, ter sido a economia de subsistência, praticadas pela cultura
indígena, um dos maiores obstáculos que dificultou a incorporação dos
índios na força de trabalho.
Também a religião estabeleceu um profundo choque
cultural entre brancos e índios. Enquanto os portugueses eram
MONOTEÍSTAS, católicos; os indígenas, por sua vez eram
POLITEÍSTAS, ou até mesmo PANTEÍSTAS, variando a concepção
de divindade de tribo para tribo, e de nação para nação indígena. No
enquanto, vale ressaltar que os missionários tinham, como prioridade, a
missão da catequese, e foram os que mais se aproximaram de um
relacionamento amistoso com esses homens, mulheres e crianças
nascido na terra amazônica.
 O ENCONTRO DE LÍNGUAS DIFERENTES
Outra dificuldade para colonizar os índios, é que eles
tinham seus próprios dialetos. E não entendem o português. Desta
forma, a idéia de explorar a terra e os povos indígenas que nela
habitavam, e, ao mesmo tempo, catequizá-los, acabou gerando um
dilema grave e profundo ao projeto de civilização. A contradição ficou,
neste sentido, entre o projeto Mercantilista dos colonizadores leigos e o
projeto catequético dos colonizadores missionários. Como a Igreja
Católica estava praticamente unida ao Estado português, essa situação se
agravava entre os propósitos de produção mercantil e o exercício da
catequese dos gentios. De acordo com a crença dos missionários, os
homens e as mulheres não poderiam ser visto apenas como força de
trabalho, mas também como seres humanos, que deveriam ser
conquistados para deus.
A mudança das crenças indígenas pela doutrina cristã.
Pregada pelos missionários, não se fez, entretanto, pacificamente,
conforme argumentou o sociólogo Gilberto Freira, mas teve lances
dramáticos e não foram registrados pelos colonizadores. Sobre isso, as
pesquisas mais profundas feitas nos documentos dos arquivos, têm
revelados uma dramaticidade maior do que se conhecer nos livros
tradicionais de história.
BIBLIOGRAFIA:MONTEIRO, Benedito, 1924. Historia do Pará, Benedito
Monteiro- Belém: delta/o liberal, 2001. Para história I, o liberal (jornal) II titulo.