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ALUNAS: NAIARA FREDDI DA SILVA RA 12103300

RAÍSSA RABELO SOARES DE LIMA RA 12103354

AUDIÊNCIAS VIRTUAIS

É sabido que em 11 de março de 2020 a Organização Mundial de Saúde


caracterizou a COVID-19 como uma pandemia. Dentre as medidas preventivas
recomendadas inclui-se o distanciamento social e as restrições de locomoção, tornando
assim impossível as audiências presenciais.

O Conselho Nacional de Justiça com o objetivo de prevenir o contágio pelo


Coronavírus e garantir o acesso à Justiça estabeleceu por meio da Resolução Nº 313 de
19 de março de 2020, o regime de Plantão Extraordinário, no âmbito do Judiciário, para
uniformizar o funcionamento dos serviços judiciários.

Assim, no dia 31 de março de 2020 o CNJ publicou a Portaria Nº 61, instituindo


a plataforma emergencial de videoconferência CISCO WEBEX, para realização de
audiências e sessões de julgamento nos órgãos do Poder Judiciário.

Em 20 de abril de 2020 o CNJ prorrogou através da Resolução Nº 314, em parte,


o regime instituído pela Resolução Nº 313, modificando assim as regras de suspensão
de prazos processuais, dentre outras medidas.

Contudo, após estabelecer as diretrizes gerais o CNJ deixou a implementação a


cargo de cada tribunal, apesar de instituir a plataforma CISCO WEBEX, como citado em
momento anterior, permitiu a utilização de plataforma equivalente.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais regulamentou a prática dos atos virtuais


através da Portaria Conjunta Nº 963/PR/2020, que foi alterada pela Portaria Conjunta Nº
976/PR/2020, em 11 de maio de 2020.

O TJ-MG publicou no dia 05 de maio de 2020 a Portaria Nº 6.414/CGC/2020, na


qual se encontra detalhados os procedimentos para realização de audiências por
videoconferência, em caráter experimental, para processos que tramitam em meio físico
ou eletrônico na 1º instância.

Conforme a Portaria supracitada, ao designar a audiência o juiz determinará a


intimação do Ministério Público e das partes, por seus advogados, para no prazo de 48
horas manifestarem concordância quanto à realização da audiência por
videoconferência, caso discordem o juiz decidirá sobre o adiamento.

Não será permitida a realização de ato presencial, salvo em relação às partes e


testemunhas, para colheita de suas declarações ou depoimentos por videoconferência.

No dia da audiência as partes e testemunhas deverão comparecer ao local


agendado, usando seus equipamentos de proteção individual, inclusive máscaras. Será
designado um servidor para acompanhar todo o ato, sob a presidência do juiz
competente, que também participará por videoconferência.

As audiências são registradas em arquivo único, sem interrupção, e deve ser


utilizado o termo de audiência para realização obrigatória de marcações, com a anotação
do tempo de gravação em que cada pessoa iniciou a sua participação na audiência.

As gravações das audiências poderão ser visualizadas no Portal PJe Mídias, após
a devida autenticação e pesquisa pelo número único de processo ou pela data da sessão.

O servidor designado para o ato será responsável por cuidar para que seja
respeitado o distanciamento mínimo de um metro entre os presentes, quando possível, e
para que os equipamentos e as superfícies da sala de audiência sejam devidamente
desinfetados.

No que concerne à segunda instância a Portaria Conjunta Nº 1000/PR/2020


estabelece as regras para as sessões de julgamento virtuais, conforme dispõe o art. 2º, as
sessões de julgamento de processos, a critério do presidente do órgão julgador, podem
ser realizadas inteiramente por videoconferência.

O julgamento virtual é realizado através da plataforma CISCO WEBEX, o acesso


à plataforma deverá ser solicitado através do formulário eletrônico disponível no Portal
do CNJ, tal acesso é necessário para os desembargadores e para o servidor organizador
da sessão.
Quanto aos advogados, representantes do Ministério Público e da Defensoria
Púbica, esses receberão um link para acesso a videoconferência através de e-mail.

O organizador da sessão deverá gravar, indexar e armazenar o conteúdo das


sessões em sua máquina.

Os advogados, procuradores e defensores públicos que quiserem proferir


sustentação oral deverão encaminhar o pedido por e-mail para o respectivo cartório,
com antecedência mínima de 24 horas antes do início da sessão.

Diante todo o exposto, resta claro que essa nova realidade das audiências virtuais
acelerou o processo de virtualização do Poder Judiciário trazendo consigo grandes
vantagens, como a celeridade processual e a redução de custos.

Em contrapartida, é necessário apontar os principais problemas enfrentados para


a realização dos referidos atos na modalidade virtual, os quais serão discorridos a
seguir.

A priori, em que pese os expressivos números de audiências realizadas na


modalidade virtual, vale destacar a inexistência de padronização de procedimentos.

A Portaria Conjunta nº 963/PR/2020 regulamentou a prática de atos virtuais,


entretanto, sem a devida observância da colaboração e oitiva das partes do sistema
processual. Dentre os anexos, há a ignorância da influência e participação dos
advogados nos julgamentos, como a violação das garantias de efetiva influência, uma
vez que a sustentação oral será realizada por vídeo ou áudio gravado, sendo enviado
para o e-mail do cartório até 48 horas antes do julgamento.

É de extrema importância a lembrança de que não pode haver a violação ao


modelo constitucional de processo, em viés comparticipativo, derivada da
implementação das diretrizes dos atos processuais na modalidade virtual, uma vez ser
indispensável o diálogo e consenso entre as partes do processo.

Ressalta-se, os entraves no que diz respeito à possibilidade de participação das


partes nas audiências virtuais. Os artigos 22, §2º, e 23 da Lei 9.099/95, incluídos pela
Lei 13.994/2020, expressam a possibilidade de realização de audiências de conciliação
conduzidas por recursos tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e imagens em
tempo real, fixando que, caso o réu não compareça ou se recuse a comparecer, o juiz
togado irá proferir sentença.

A problemática que gira em torno do exposto desses artigos é o questionamento


de que se seria adequado o demandado sofrer os efeitos da revelia em razão do não
comparecimento na audiência telepresencial, uma vez que sua ausência pode não
depender de sua vontade, como, a título exemplificativo, devido à falta de acesso à
internet ou problemas com a conexão.

O jurisdicionado deve propiciar certa estrutura para a realização dessas


audiências, como previsto nos arts. 198 e 199 do CPC, que dizem respeito à
acessibilidade de acesso das pessoas com deficiência para a prática de atos na forma
eletrônica e estabelecimento de requisitos da prática eletrônica dos atos processuais.
Inexistindo tais estruturas, a aplicação de quaisquer penalidades às partes se torna ilegal.

No tocante às Audiências de Instrução e Julgamento, os problemas são elevados.


Há dúvidas quanto à possibilidade de uma parte assistir o depoimento da outra
antecedente, de uma testemunha escutar o depoimento da outra, de confirmação de que
a testemunha arrolada é a pessoa correta, de como garantir que os depoimentos estão
sendo tomados de forma a impossibilitar que a parte/testemunha tome ciência de contas
já elaboradas, etc. Houve um estabelecimento de regras de procedimento, a partir da
celebração de um negócio processual entre as partes, o que urgiu diretrizes básicas a
serem tomadas.

Em síntese, entende-se que incontáveis são os problemas que giram em torno das
audiências praticadas na modalidade virtual, todavia, prestamo-nos a elencar somente os
considerados em posição de destaque.

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