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Disciplina: Introdução aos Estudos Históricos.

Professor: Henrique Espada Lima.


Semestre: 2023.2
Alunos: Ian Castello Branco, Júlia Maturana e Kauã Santana.

Ao debruçarmo-nos sobre as diversas possibilidades de fontes e documentos históricos que


poderiam ser utilizados para a realização de nossa pesquisa, acabamos por nos deparar com o
Polin-Minas-1830 1.0. (programa de População nas Listas Nominativas de Minas Gerais na
década de 1830), criado e organizado digitalmente pelo Centro de Desenvolvimento e
Planejamento Regional, o Cedeplar, órgão complementar da Faculdade de Ciências
Econômicas que abriga os programas de pós-graduação - Mestrado e Doutorado - em
Economia e Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O professor
responsável pelo projeto foi Mario Marcos Sampaio Rodarte, doutor em Demografia pela
UFMG (2008), com interesse voltado para a história econômica; métodos e técnicas de
demografia histórica; demografia do mercado de trabalho. Ele foi orientado por Clotilde
Andrade Paiva, que possui graduação em Sociologia e Política pela Universidade Federal de
Minas Gerais (1963), mestrado em Demografia - University of Pennsylvania (1974) e
doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1996), sendo atualmente
professora adjunta IV aposentada pela UnB, embora tenha sido membro do corpo permanente
do Cedeplar durante o desenvolvimento do Poplin-Minas 1830. O acervo foi organizado
digitalizando os rolos de microfilme das listas nominativas do Arquivo Público Mineiro -
cujo suporte é em papel, e encontram-se em regular estado de conservação - que contém as
respectivas informações: relação nominal dos habitantes, número de fogos, idade, estado
civil, naturalidade, ocorrências (alfabetização), emprego ou ofício. O programa em si é
constituído por um software de consulta via internet, a uma base de dados composta pela
transcrição de listas nominativas de 1831-32 e 1838-41 e de outras informações pertinentes.
A versão 1.0, a mais recente disponível, é resultante de uma soma de esforços, com a união
de três acervos de listas nominativas, que resultou na maior base de dados reconhecida dessa
natureza, com mais de 1⁄2 milhão de indivíduos (isto é, 536.938 indivíduos, que equivale ao
número de linhas da base de dados), 84.810 domicílios e 313 distritos, conforme a tabela
disponibilizada. Estima-se que esses números respondem por cerca de 10% da população
brasileira e cubra entre 65% a 60% do contingente populacional de Minas Gerais naquele
período, o que também significa que uma parte considerável da população mineira da época,
quase cerca de ⅓ está fora do censo realizado.
Realizado durante dois períodos - um no início da década de 1830, e outro no final da
mesma década, estendendo-se até o início da seguinte - as listas mineiras foram feitas em
várias cidades da província, como é o caso de Mariana, a cidade escolhida para a realização
deste trabalho. A ordem de realização do trabalho de recenseamento populacional foi
comissionada pela côrte, que na época era comandada pelos tutores do então Príncipe
Regente, Pedro de Alcântara, o qual o pai havia abdicado do trono brasileiro poucos meses
antes. Vale ressaltar, que as atividades demográficas brasileiras não foram introduzidas
somente em 1831, com a instituição das Listas Nominativas, mas sim, que já era prática
realizada em outras localidades, como exemplo, a Província de São Paulo, com os intitulados
“Maços Populacionais”, quais reuniam também informações sobre “nome, idade, grau de
parentesco ou de relação com o chefe do domicílio, estado conjugal, cor, naturalidade e
ocupação, além dos dados sobre a atividade econômica do domicílio”, conforme o próprio
site do Arquivo Público de São Paulo. Em São Paulo, durante os anos de 1765-1831, os
mesmos trabalhos eram realizados por um órgão chamado “Companhia de Ordenanças”,-
instituições compostas por civis considerados “leais” ao Estado, a fim de garantir e realizar a
manutenção da ordem interna regional-. Já nos anos seguintes, aproximadamente entre
1831-1866, tendo sido organizada pelo Juízo Municipal Distrital.
O interesse no mapeamento surge quando o Capitão Luís Antônio Botelho de Sousa
Mourão assume a presidência da Capitania de São Paulo. Inspirado em modelos que eram
aplicados em outras localidades nas próprias colônias americanas, e em Portugal, o capitão vê
a possibilidade de reorganização colonial a partir de uma lista. Como mencionado, em
primeiro momento, organizada pelas ordenanças, a presença desse material poderia
influenciar diretamente em como o Governo Colonial, e posteriormente, Imperial, poderia
agir sobre sua população, sabendo assim quem eram seus moradores, quem eram os mais
influentes, os mais ricos, a média de crescimento da cidade, e assim, poder controlar ou criar
estatísticas e dados para efetivar a dita reorganização. Essa introdução aos censos, proposta
por Botelho de Sousa Mourão, em São Paulo, inspiraria a província acima, que já sob ordens
de um Estado Independente, confeccionaria o documento que será tratado.
Na província de Minas Gerais, o mapeamento realizado na cidade foi organizado pelo
presidente provincial, neste caso, o Senhor Manoel Ignacio de Mello e Souza - futuramente
conhecido como Barão de Pontal -, nomeado no ano de 1831 para o cargo - o qual exerceu
por 3 períodos-, e que por mais de 20 ocupou cargos públicos do Império. O documento
inicia-se com a seguinte frase “Tenho a honra de levar a respeitável presença de Vossa
Excelência a relação de habitação deste distrito, bem como das fábricas nele existentes,
cumprida a fim de determinação de Vossa Excelência de 15 de agosto próximo passado
Deus glorie felizmente à Vossa Excelência, Mariana 01 de dezembro de 1831
Ilustríssimo e bom senhor Presidente da Província Manoel Ignacio de Mello e Souza”,
mostrando que a ordenação, diferentemente da aplicada pela primeira vez na Província de
São Paulo, é motivada realmente por interesses da corte, e não necessariamente do governo
local.
Com isso, escolhemos em específico a lista nominativa da população do município de
Mariana, incluído na jurisdição da Comarca de Ouro Preto, datado do início da década de
trinta do século XIX, mais precisamente do ano de 1831, buscando analisar e problematizar
as relações sociais de trabalho, e poder entre os moradores da região na época, que estavam
organizados em fogos, - agrupamentos de pessoas que moravam em uma mesma residência
ou lote-. Além disso, a decisão da pesquisa ter como base a lista de Mariana deu-se em
decorrência de seu tamanho - pela população não ser tão elevada, e assim poder realizar uma
análise mais cautelosa-, e para compreender e analisar os reflexos da cidade posteriormente
ao seu ápice durante o Ciclo do Ouro e Minério de Ferro, qual entrou em decadência, diga-se
de passagem mais por culpa da má administração colonial, e posteriormente imperial, do que
dos mineradores e seus habitantes, que a fim de se adequarem à economia, começaram a se
dedicar a várias outras atividades econômicas, assim, ocupando e desbravando territórios
inexplorados a partir do núcleo minerador central. Este é o cenário multifacetado descrito nos
relatos dos viajantes estrangeiros da primeira metade do século XIX, que serviram de base
para o estudo econômico de Clotilde Andrade Paiva.
Ao decorrer da análise do documento foram encontradas em alguns fogos
informações interessantes que geraram discussões sobre o assunto e que foram significativas
para o desenvolvimento da pesquisa, como por exemplo no fogo 527, no qual um senhor de
escravos, de nome Antônio Fernandes Barrozo, residia sozinho com seus 43 negros
escravizados, sendo um número consideravelmente alto de escravos a dividir uma morada
com apenas um residente branco e idoso, que seria incapaz de suprimir uma rebelião ou
impedir a fuga de seus captivos sozinho, tal raciocínio desencadeou uma curiosidade que
motivou uma pesquisa mais focada nessa figura, gerando a descoberta de algumas questões, e
que promoveu um conhecimento de uma situação um tanto quanto curiosa. Acontece que,
segundo alegaram os escravos após a morte de Antônio Fernandes Barrozo, ele havia lhes
prometido a liberdade em uma espécie de testamento oral, além de sua própria terra para que
tivessem onde viver e trabalhar por sua própria conta quando ele já não estivesse mais entre
os vivos para que fosse servido. O que veio após a morte de Barrozo, no entanto, foram
complicados processos judiciais e uma luta por liberdade. O curador da herança do falecido
dono de escravos, o Tenente Coronel José Custódio Pereira Brandão, julgou que tais
promessas de liberdade eram na verdade vazias, feitas para que um velho senhor que vivia
sozinho com seus muitos servos tivesse como manter uma garantia de bom comportamento.
Em suas próprias palavras ele diz “(...) porquanto, homem velho, [referência a Antônio
Fernandes Barrozo] e morando só entre tantos escravos em lugar retirado se valeria d’esse
meio talvez como certa garantia de conservação.”. Segundo Marileide Lázara Cassoli Meyer,
autora do artigo "Termo de Mariana, 1850-1888: Ações de Liberdade ou "Arranjos de Vida",
a conservação da vida por parte dos senhores, conservação da vida, ou esperança de uma
nova por parte dos cativos, os “arranjos de vida” ao serem rompidos desencadeavam reações
diversas percorrendo um leque que se abria entre as respostas violentas, explicitadas nos
processos criminais envolvendo escravos como autores ou vítimas, e o recurso aos trâmites
legais. O processo se encerrou quando o Juiz, utilizando como base o Direito Romano,
concede a liberdade aos escravos pois “(...) conferida por atos solenes (...) e por atos menos
solenes como sejam = por Epistolam inter amicos, por conviverem (...)” que significa em
outras palavras, que a intenção verbal torna-se direito positivo. Em uma última cartada, no
entanto, o curador da herança, Tenente Coronel José Custódio Pereira Brandão apela ao
Supremo Tribunal da Relação e preserva a propriedade sobre os escravos. Foi reaberto o
processo somente no ano de 1874, quando a liberdade é garantida definitivamente ao grupo
de cativos já que os supostos herdeiros de Barrozo desrespeitaram o exigido pelo decreto nº
5:135 de 1872 referente à obrigatoriedade da matrícula de escravos pelos respectivos
proprietários. Tornaram-se assim, livres pela força da lei. Há, no entanto, outros pontos e
personagens nesta história, como a cativa Antônia que pertencera a Barrozo e possuía apenas
10 anos de idade quando o censo de 1831 fora realizado. Juntamente com sua família, ela
entrou com um processo contra o curador da herança José Custódio, por duas vezes, sendo
representada pelo advogado Antonio Jorge Moutinho, ela foi à justiça alegando que ela e seus
familiares tinham direito à liberdade, segundo a vontade do falecido administrador da lavra
que fora seu proprietário. Segundo ela, mesmo não tendo deixado um testamento escrito
comprovando seu desejo de libertar todos os seus escravos, apenas o fato de ter expressado
verbalmente aos seus amigos mais íntimos que após a sua morte seus escravos não seriam
servos de mais ninguém, já constituía um argumento suficiente para entrar com um processo
de liberdade contra o curador. Antônio Barrozo parece ter passado boa parte de sua vida
unicamente na companhia de seus escravos, principalmente em sua fazenda, chamada
Taquara Queimada, a cerca de 2,5km da sede de Mariana, um local portanto mais afastado.
Segundo atesta o documento, o falecido não possuía mais herdeiros diretos, visto que seu
único filho natural já havia falecido, e ele já distribuíra uma parte de suas posses a sobrinhos
que viviam em Portugal. Por conta disso, a intenção deixada verbalmente por Antônio era a
de libertar todos os seus escravos e doar parte de suas terras à Irmandade do Santíssimo
Sacramento, porém antes que sua vontade fosse registrada em documento ele, já em idade
avançada, vem a falecer em um acidente. Por ter sido incluída no inventário de seu antigo
senhor, juntamente com os demais escravos, sendo 13 deles membros de sua família, a única
opção que lhes restara foi apelar para a justiça. Testemunhas foram chamadas para depor, e
todas atestaram que Antônio de fato expressara o desejo de libertar seus escravos e que
possuía uma ligação muito próxima por tê-los praticamente criado, sendo Antonia apenas
uma das escravizadas a viver com ele desde muito jovem.
Sendo este apenas um dos diversos exemplos de potenciais projetos de pesquisas que
poderiam ser realizadas com base na utilização das listas nominativas do Poplin-Minas 1830,
que fornece uma porta de entrada a muitas questões que podem ser problematizadas e
visitadas por pesquisadores, sendo um prato cheio em especial para os voltados para o campo
da História Social que buscam entender as interações entre senhores e servos. Ademais,
outros fogos asseguram pesquisas interessantes na visão das relações de poder existentes na
cidade naquele período, como as residências dos advogados, por exemplo o fogo 211, onde é
constatado que vive uma família com seus escravos, por mais que os servos não estejam em
um número tão alarmante, deve-se considerar a residência para uma análise nesse campo.
Portanto, a pesquisa deve adquirir um caráter bastante profundo e podendo ser conduzida da
mesma maneira que a pesquisa sobre Antônio seria redigida, promovendo o conhecimento de
quem era Lucindo Pereira dos Passos, um homem pardo e por quais motivos tinha a posse de
tantos escravos em sua morada.
Para além disso, Mariana, assim como as demais cidades mineiras, era composta por
maioria miscigenada. Entre os habitantes da cidade, na lista nominativa contamos com um
total de 2.966 pessoas residindo somente no município - ignorando o número de indivíduos
das populações distritais para essa conta -. Dessas, tendo sua grande maioria declarada sua
etnia, num total de 2.759, compostas por maioria parda (1.804) seguida por crioulos - filhos
de africanos no Brasil, ou filho de um pai negro com um pai filho de negro e branco - (579);
Brancos - sendo esses euorpeus, ou não - (531); Pretos/Africanos (410); Cabras -
nomenclatura para designar filhos de indígenas com negros ou crioulos - (157); Índios (3); e
cerca de outras 204 pessoas sem informação. Dessa população total, surpreende, em primeira
ótica, o fato da maior parte população ser “livre”, e não captiva, mesmo com uma maioria
negra. Entretanto, sabe-se que quando falamos em um africano, especialmente, ser “livre”
não falamos sobre os mesmos conceitos de liberdade que conhecemos na atualidade, mas
sim, uma liberdade dependente, e supervisionada durante determinado momento pelo próprio
governo, e futuramente pelos empregadores. Em 1831, a cidade era formada por 2.123 livres
e 843 cativos, e deste número, compõem-se 36% de sua unidade os africanos. Soma-se à
dinâmica da liberdade duas perspectivas históricas às quais os mais diversos desdobramentos
e análises podem-se abusar desse material. Essas, sendo, por exemplo, referentes a história
das relações de poder, e principalmente a história social do trabalho. Em Mariana, a máquina
de trabalho após as grandes minerações dos séculos XVII e XVIII tornou-se o campo, sendo
grande parte da população da cidade envolvida no cultivo da agricultura, ou na organização e
manutenção de chácaras, com culturas diversas - mais voltadas para o comércio e a
fabricação de matéria-prima para fábricas -, sendo assim uma economia baseada no plantio -
como é exemplo a chácara do Tenente-Coronel Fortunato Rafael Archanjo da Fonseca,
possuidor de 72 escravos - tendo como sua base a cana de açúcar para a produção de
aguardente, além do desenvolvimento pecuário.
Verifica-se também, a presença de outros tipos de profissionais que não trabalhadores
essencialmente rurais, tais como: pintores, todos ou pardos, ou africanos - entre eles
Francisco de Assis Athaíde, filho do então falecido “Mestre Athaíde”, que morrera um ano
antes do recenseamento, com uma africana livre”; lavadeiras, cerca de quarenta (40),
constituídas por mulheres livres, ou escravas, de etnia miscigenada; alfaiates, cerca de setenta
e sete (77), compostos por homens de etnias variadas, idades variadas, e condições variadas,
que poderiam compor tanto o núcleo de fogos fabris, quanto residenciais mesmo,
normalmente junto de costureiras, que eram cerca de trezentas e sessenta e nove (369);
fiadeiras, cento e setenta e três (173); teceloas, sete (7), todas também de etnias, idades, e
condições variadas. Além destes, são mencionados mais de 20 tipos de ofícios ou cargos
diversos, dos mais comuns, aos mais exóticos,
Sobre o trabalho, ainda, percebe-se a presença de várias profissões e ocupações na
composição da população marianense, que entre sua percepção, cabia-se muitas vezes de se
apresentar como ofício as próprias deficiências, ou dificuldades individuais. Entre estas
peculiaridades, podemos citar como exemplo a presença de dezoito “inúteis” - referindo-se à
pessoas idosas, todas com mais de setenta (70) anos, possivelmente dependentes dos outros
moradores dos seus respectivos fogos -; quatro (4) doentes - presentes em três (3) fogos
diferentes, com idades de trinta e quatro (34) a setenta e cinco (75) anos -; quatro (4) cegos; e
quatro (4) mendigos - de idades superiores a sessenta (60) anos, e com etnia miscigenada -.
Ademais, percebe-se a presença de importante poderio político-religioso na composição
dos fogos de Mariana, que na época, era governada pelo alcaide João José dos Santos, que
vivia com sua mulher e filho em uma propriedade - ao que indica - simples, e sem escravos.
Dentre seus agrupamentos, podemos perceber mais de 10 fogos compostos por figuras
religiosas, sendo os três mais emblemáticos e particulares o 15, o 43, e o 55. Referente ao
primeiro, o fogo 15 é chefiado pelo Bispo, o Frei José da Santíssima Trindade, na época já
com sessenta e nove (69) anos, residente com outros dez (10) homens livres, sendo eles,
membros do clero; um cirurgião - já idoso -, um feitor, dois (2) carpinteiros e um sapateiro -
indígenas -; o Marquês de Savelli Sabatelli d’Albanie - romano, que já havia registro de
visitas e residência no Brasil, na Província do Rio de Janeiro há pelo menos 16 anos-; uma (1)
criança, e dois (2) leigos, provavelmente acolhidos, ou órfãos; além, de dez (10) escravos
acima de vinte (20) anos, sendo a maioria já próximos da meia idade. Sobre o Frei, sabe-se
muito, e há diversos trabalhos reescrevendo sua influência, e sua história. O mesmo era
português, e no ano de 1831 já era bispo da cidade de Mariana há mais de 10 anos. Ele foi
responsável pela reabertura do Seminário Dioceseno de Nossa Senhora da Boa Morte, que
havia sido fundado em 1750, e que 10 anos antes de sua nomeação como Bispo havia sido
interrompido. Em 1831, o fogo 55, referente ao Seminário era chefiado pelo então reitor,
Reverendo João Antonio de Oliveira, também português, natural de Braga, qual ministrava a
disciplina de “Teologia Moral” já desde o ano de 1829, com quem trabalhava com o também
Reverendo Antônio José Bhering, professor de “Retórica” - morador de outro fogo - ; quanto
aos outros integrantes, compõem ao seminário vinte e seis (26) alunos, brancos e pardos,
todos livres, oito (8) escravos, todos africanos, sendo a maioria com idades entre 50-90 anos;
e dois (2) livres, um africano, e um crioulo. Ainda sobre o Frei José da Santíssima, pode-se
mencionar a sua relevância na propagação e divulgação da doutrina católica pelas
municipalidades quais pertenciam à então Diocese, sendo conhecido como um grande
catequizador e tendo espalhado a fé católica e suas pregações por milhares de quilômetros
peregrinados enquanto bispo. Sua relevância, e missão catequética, introduziu novamente a
importância da região de Mariana para a manutenção da doutrina oficial do Império
Brasileiro - que havia entrado em déficit após o fim do ciclo minerador -, o que reflete muito
na grande presença de figuras religiosas na população marianense. Também, mostra-se
necessário comentar a presença do fogo número 43, residência do Reverendo Miguel de
Noronha Pires, provedor negreiro, onde se vê a figura de um clérigo na figura de moderação e
locatário de mão-de-obra escrava.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de. Alterações nas Unidades Produtivas Mineiras: Mariana
–1750-1850. 1994. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Ciências Humanas e
BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Arrolando os Habitantes no Passado: as listas
nominativas sob um olhar crítico. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2008.
Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1994.
CHAVES, Edneila Rodrigues. Tendências da Demografia Mineira no Século XIX: A
Estrutura Populacional da Vila de Rio Pardo. Dissertação (Mestrado em História) -
Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2004.
DIAS, Silvania de Oliveira. As ações de liberdade de escravos na justiça de Mariana
1850-1888. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais da
Universidade Federal de Ouro Preto,, Ouro Preto, 2010.
MAMIGONIAN, Beatriz Gallotti. Africanos Livres: a abolição do tráfico de escravos no
Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
MEYER, Marileide Lázara Cassoli. Termo de Mariana, 1850-1888: Ações de Liberdade ou
“Arranjos de Vida”. XXV Simpósio Nacional de História, Fortaleza, 2009.
RODARTE, Mario Marcos Sampaio. O Caso das Minas que Não se Esgotaram: A pertinácia
do antigo núcleo central minerador na expansão da malha urbana da Minas Gerais
oitocentista. Dissertação (Mestrado) - Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.

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