“Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem.
Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais". Nesse
sentido, a frase do escritor Victor Hugo, evidencia um descaso do ser humano em relação à natureza, pois em pleno século XXI, ainda deixa de lado as questões ambientais e sustentáveis. Visto isso, é necessário pensar na biopirataria e biossegurança, que vem sendo um crime ao longo do tempo, já que afeta a nossa harmonia com o meio ambiente, causando impactos tanto na biodiversidade, quanto na cooperação com a justiça e equidade. Dentro dessa lógica, vale destacar o britânico Henry Wickham, que se estabeleceu no Pará e contrabandeou 70 mil sementes de Hevea brasiliensis e levou para o Sudoeste Asiático, e depois de 37 anos foi a ruina da grande prosperidade da Amazônia naquela época, isso porque na Floresta Amazônica era encontrada em abundância essa seringueira, do qual produzia uma borracha com qualidade surpreende e extremamente essencial para a indústria, da mesma forma que o petróleo atualmente. Então, a partir do momento em que outro local conseguiu produzir a mesma coisa, porém com um valor menor, automaticamente houve um impacto significativo na economia. Sob esse viés, a Inglaterra disparou na economia, tornando-se um monopólio global sobre um produto especifico, que durou até a Segunda Guerra Mundial e popularizou a borracha sintética. Entretanto, o Brasil ficou no prejuízo, refletindo assim uma questão de vulnerabilidade na proteção dos produtos e iguarias de origem brasileira. Sendo assim, até nos dias de hoje ainda é presente a biopirataria, no qual muitos casos envolvem estrangeiros que vão ao território brasileiro com o objetivo de explorar e analisar a flora, e quando saem levam consigo as informações coletadas para serem mais estudadas em seus países de origem. Com isso, um grande exemplo dessa problemática, é o filme Jurassic World, que mesmo sendo ficção mostra uma realidade baseada no mesmo objetivo, e graças a isso, é possível concluir o quão profunda pode ser a ambição do ser humano. Nesse contexto, pouco se fala sobre o que acontece com a natureza a partir do momento em que o homem retira uma espécie natural de um habitat único, e realoca em outro totalmente diferente, provocando um impacto na biodiversidade, que é ignorado pelo ser humano, pois no final ele será o beneficiado. Além disso, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a atuação de ONGs na Amazônia chama a atenção da mídia e da população para a ameaça da biopirataria no Brasil. Mas, antes de discutir a respeito, é necessário conhecer o significado de “biopirataria”, o qual, o Conselho de Justiça Federal resume a: exploração, manipulação, exportação de recursos biológicos, com fins comerciais, e tem ínsita a ideia de contrabando de espécimes da flora e da fauna com apropriação de seus princípios ativos e monopolização desse conhecimento por meio do sistema de patentes. Dessa forma, é perceptível que o agravamento da biopirataria na Amazônia tem trazido inúmeros prejuízos para a sociedade e para o meio ambiente, dentre os quais se destacam a perda de biodiversidade, a exploração cultural e social, a perda de recursos para as comunidades locais e impactos significativos nas pesquisas científicas. Por isso as autoridades devem dar prioridade a esses casos de tráfico e elaborar punições para os envolvidos. Ademais, convém pontuar os principais fatores que atraem os “biopiratas” para o Brasil e mais especificamente, apara a Amazônia. Dentre eles, se destaca a ausência de uma legislação específica, o que facilita a ação desses contrabandistas no território brasileiro, o trabalho desses criminosos chama a atenção de colecionadores, que encomendam determinadas espécies, que são raptadas de seus habitats e vendidas clandestinamente. Por possuir uma enorme biodiversidade, o Brasil é alvo constante da biopirataria. Segundo a organização não governamental Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, aproximadamente 38 milhões de animais da Amazônia, Mata Atlântica, das planícies inundadas do Pantanal e da região semiárida do Nordeste são capturados e vendidos ilegalmente, o que rende cerca de 1 bilhão de dólares por ano." Contudo, esses criminosos muitas vezes são “patrocinados” por grandes empresas, ou países do exterior interessados na fauna e flora brasileira. Prova disso é o “roubo” do cupuaçu, que é uma planta amazônica e um alimento tradicional da população indígena. Essa fruta foi registrada por uma empresa japonesa, que detém os direitos mundiais sobre a fruta e seus derivados. Esse fato prejudica economicamente os produtores brasileiros nas exportações do fruto. Por isso, devem ser implantadas políticas de combate à biopirataria no Brasil, com o objetivo de proteger a biodiversidade brasileira da ação dos caçadores de genes. É necessário que haja investimentos para a realização de pesquisas, proporcionando o desenvolvimento de novos produtos através da utilização de recursos naturais encontrados no país."