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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos


Licenciatura em Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos, 3° ano

Trabalho em Grupo 1ºSemestre

Cadeira: Sistemas Agroflorestais

Tema: Praticais de Shifting Cultivation em Moçambique

Discentes:
Dércio da Michaela Mahando
Efigênia da Conceição Eugenio
Ruth Aicha Liliana Orldando
Josué de João Chapotera

Docente:
Cássimo Lacerda Romua

Lichinga, Abril de 2024


Cadeira: Sistemas Agroflorestais

Tema: Praticais de Shifting Cultivation em Moçambique

Discentes:

Dércio da Michaela Mahando

Efigênia da Conceição Eugenio

Ruth Aicha Liliana Orlando

Josué de Joao Chapotera

Trabalho em grupo de carácter avaliativo na cadeira de


Sistemas Agroflorestais a ser entregue ao
departamento de Gestão de Recursos Florestais e
Faunísticos da Universidade Católica de Moçambique
(UCM) - Faculdade de Gestão de Recursos Florestais
e Faunísticos (FAGREFF), orientado pelo docente
Cássimo Lacerda Romua

Lichinga, Abril de 2024


Indice
Introdução
Historicamente um dos maiores tipos de agricultura praticada mundo é a agricultura itinerante ou
agricultura de queima e roço, em inglês denominada shifting cultivation. Esta pratica agrícola tem
sido umas das maiores causas de degradação de florestas naturais em todo o mundo particularmente
em Moçambique. Associada a esta degradação é notável a perda de biodiversidade, uma vez que
as florestas são associações complexas de comunidades biológicas de arvores e outras plantas e
animais, que juntos se envolveram durante muitos anos (Kupfer, 2000).

Um dos maiores inimigos da conservação da biodiversidade é a pobreza, que é muito notória em


áreas rurais. Muito pouco se sabe da interação da pobreza generalizada com o atual estado da
biodiversidade biológica, sua contribuição na falta de programas de conservação e maneio de
recursos naturais em geral. Em Moçambique, tanto a falta de experiência técnica como a atual
pobreza absoluta, são os maiores constrangimentos para o maneio e conservação da biodiversidade.

Objetivos:

Gerais

 Abordar sobre as práticas de Shiting cultivation em Moçambique

Específicos

 Conceituar Shiting cultivation


 Compreender o Maneio do solo e cultivo itinerante
 Descrever os impactos negativos da Shifting Cultivation
 Compreender a regeneração natural

Metodologia

Na elaboração do presente trabalho foi realizado na base de dados já confirmados, que envolvem,
brochuras, manuais e base de dados virtuais, contendo assuntos do tema em causa relacionados
com a shifting cultivation.
Agricultura itinerante “shifting Cultivation”
Historicamente, a agricultura itinerante foi o sistema de cultivo mais comum nas
Florestas tropicais em Moçambique. Este sistema descreve-se como o processo de abate de arvores
dentro de pequenas parcelas (1-2 há) de florestas, queima de material abatido para libertar
nutrientes para o solo e remover ervas daninhas, cultivo nas parcelas durante um período de cerca
3 anos, e depois abandonar as parcelas devido a perda de nutrientes e invasão de ervas daninhas.
No fim dos 3 anos de cultivos sucessivos, a parcela e depois deixada em pousio0 por períodos
variáveis que podem atingir décadas, de forma que a vegetação nela restaurada a estrutura e
composição dos solos( Kupfer,2000).

Segundo Lamprect (1990), a agricultura itinerante, é em principio caracterizado por


Vários procedimentos, que começam quando o agricultor procura uma parcela de floresta (virgem
ou secundaria) , adequada para sustento familiar. Basicamente são necessários cerca de 1 a 3
hectares. Fatores como solo fértil e fácil de cultivar, terreno plano, proximidade de agua e
proximidade da residência habitual são decisivos na escolha do local a cultivar. Depois procede-se
a derruba das arvores e no período seco e feita a queima do material vegetal. Geralmente
remanescem muitos troncos semi-carbonizados e arvores sem vida. A sementeira e feita no início
do período chuvoso e as principais culturas são: milho, feijão, etc.

A agricultura itinerante é um tipo de sistema agrícola primitivo, adotado


Historicamente nos ecossistemas de florestas tropicais, em que o ser humano faz o corte da
floresta, queimando os resíduos como preparação da terra para a cultura. A produção de alimentos
é feita por 2 a 3 anos e, posteriormente, a área é abandonada, tornando-se improdutiva. Muitas
vezes, nos terrenos abandonados estabelece-se a floresta secundária, podendo voltar a ser utilizados
para o cultivo cerca de dez a vinte anos depois.

Os problemas começam a surgir quando o campo e invadido por mato de folhas largas
e ervas sufocantes bem como a invasão de pioneiras de crescimento rápido, pois esta infestação
exige um dispêndio constante e elevado de mão de obra para manter as culturas livres e protegidas.
O problema mais grave é a redução do rendimento de uma produção para outra. As principais
razoes são a destruição do ciclo fechado de nutrientes, em consequência do desmatamento, e o
deteriora mento físico dos solos desprotegidos. (Lamprect, 1990).
O agricultor abandona a parcela quando verifica que os custos superam os benefícios e procura por
outra parcela mais próxima. O período de pousio da parcela varia de acordo com o sitio, espécies
cultivadas e método de cultivo. Em norma, para uma fase agrícola de cerca de 1-5 anos são
necessários uma fase de pousio de 10 – 25 anos.

Este facto só é possível observar se (Lamprecht, 1990):

 O espaço econômico dos praticantes deste tipo de agricultura, for suficiente para garantir
a subsistência do grupo;
 Não haver aumento da população residente ou aumento da população dependente deste
tipo de agricultura.

Práticas de Shiting cultivation em Moçambique

No presente, a maioria da população de Moçambique está envolvida na agricultura


De altitude utilizando práticas de agricultura itinerante. Dependendo da mão-de-obra disponível,
cada família ocupa em média entre 1 e 2 hectares, utilizando 2 a 3 parcelas. Algumas das áreas
cultivadas situam-se em solos férteis ao longo dos rios ou riachos, mas a maioria está localizada
nas encostas. Cerca de 60% da área cultivada anualmente encontra-se em zonas com declive e,
portanto, sujeita à erosão (RDTL 2009).

As culturas mais comumente plantadas são o milho, a mandioca, o feijão e alguns


Vegetais. O período de cultivo dura cerca de 3 anos, sendo depois a terra abandonada para pousio
por alguns anos, após o que é novamente cultivada sem medidas apropriadas de conservação. Quase
todas as famílias fazem horta anualmente, mas a horta feita num ano, nunca é a única fonte de
alimentação. Dado que o mesmo terreno pode ser cultivado pelo menos dois a três anos seguidos,
a família conserva em cultura duas ou três das parcelas antigas.

A maior extensão de terras cultiváveis continua a ser sob o sistema de “shifting


Cultivation”, cultivo sobre queimadas, um processo aplicado quase sempre nas hortas. A base deste
tipo de agricultura consiste no pesado trabalho de derrube das árvores e arbustos, efetuado por
homens durante a estação seca (agosto/Setembro). Depois de lhes lançarem o fogo, fazem a
vedação com sebes, circundando os terrenos cultivados, para os proteger da acção nociva dos
animais domésticos e silvestres. Ao homem compete ainda fazer as sementeiras e as colheitas,
enquanto a mulher pode ajudar naquelas e executar as mondas (Brito 1971).

Metzner (1977) refere a existência de dois tipos de agricultura itinerante: a “fila rai”
e a “lere rai”, os quais correspondem aos processos de preparação do solo descritos e identificados
por Brito (1971) e Tomás (1973). O mesmo autor refere que a diferença entre os tipos itinerantes
reside no facto de a primeira ser um sistema mais antigo (menos evoluído) que intercala a rotação
das culturas, com períodos de pousio de dimensão variada, usada em solos recentemente
desflorestados que não necessitavam de matéria orgânica, enquanto a segunda resulta do aumento
da pressão populacional que leva a agricultura a adaptar como técnica uma espécie de lavoura do
solo, envolvendo no geral seis a oito pessoas, trabalhando lado a lado e usando instrumentos
incipientes como ferramentas para o trabalho do solo.

As vantagens da consorciação no mesmo terreno de culturas diferentes são a defesa


Quase instintiva contra as irregularidades da chuva. Como as culturas não são igualmente
susceptíveis às variações de pluviosidade, as crises alimentares são minoradas, podendo, em certa
medida, fazer-se a substituição de uns produtos agrícolas por outros (Brito 1971).

Os critérios de seleção dos locais para agricultura itinerante são dominados pelos
Melhores solos, floresta densa e o regresso a locais anteriores, referidos por 71,0%, 58,1% e 48,4%
dos inquiridos, respectivamente. O tipo de vegetação sujeita a corte e derrube é dominada pela
floresta densa (61,3%) e pelas ervas (45,1%). O corte e derrube da floresta é feito pelo grupo
familiar (61,3%), individualmente (25,8%) e pela comunidade (12,9%). Os agricultores cortam e
derrubam uma área média de 1,7 ha, sendo que cerca de 50% dos agricultores cortam e derrubam
uma área inferior a 1 ha. Todos os agricultores possuem parcelas de terra que abandonam, havendo
71% dos agricultores que referem possuir parcelas que nunca deixam de cultivar, normalmente as
localizadas junto à habitação. Os agricultores que não possuem parcelas de horta fixa (29%) são
aqueles que contribuem para um maior desbaste de áreas florestais e de mato.

Maneio do solo e cultivo itinerante


A Agricultura itinerante é um sistema de cultivo que consiste em deslocar-se
Regularmente com as culturas para diferentes áreas, a fim de evitar a degradação do solo e a
diminuição da produtividade. Isso é feito geralmente em áreas com solos pobres, clima árido ou
semiárido, e com baixa disponibilidade de água.

Os solos das florestas tropicais são pobres e muito pouco adequados para agricultura
devido ao seu baixo nível de nutrientes, dai a necessidade de se aumentarem os períodos de pousio,
Segundo Smith et al. (1999), o declínio dos períodos de pousio é originado pela pressão
demográfica, declínio do salário real e pelo melhoramento do acesso aos mercados para os produtos
agrícolas. Notar também que este período de pousio pode prolongar mais do que o tempo previsto,
devido à escassez de recursos parra o cultivo (Smith et al., 1999).

Uma consequência do aumento intensivo desta pratica agrícola envolve a interação


entre a vegetação e a dinâmica dos nutrientes do solo na recuperação das parcelas. Estudos
anteriores, mostraram que a recuperação dos nutrientes leva cerca de 25 anos em alguns
ecossistemas de florestas tropicais, com algumas diferenças para vários tipos de solos. Um segundo
efeito é o das diferenças espaciais na sucessão, relacionadas com a fonte de semente e sua interação
com a dinâmica dos solos. Por exemplo, nota se que os índices de recuperação variam em função
da distância que separa a área em recuperação da fonte de semente maduras.

As terras continuam abandonadas, dando início a uma sucessão reconstituinte até


a floresta final, passando pela floresta secundaria. Paralelamente se observa a regeneração dos
solos, através da elevação do teor de húmus, incorporação de nutrientes, enriquecimento de
nitrogênio, fixação da biológica, por meio da qual são evitadas novas, enraizamento mais profundo
(Smith et al., 1999).

Durante o cultivo, nutrientes são perdidos principalmente devido as queimadas


e lixiviamento. O conteúdo de matéria orgânica no solo reduz, se o período de cultivo for superior
a 2-3 anos, que consequentemente pode afetar a fertilidade dos solos. Matéria orgânica elevada
durante o período de pousio mínimo necessário, mas não está necessariamente correlacionado com
os níveis de produtividade (Mertz et al., 2002).

Segundo Hooper et al. (200), Perdas de nutrientes do solo depois da reflorestação, limitam a
regeneração de florestas. Investigadores sugerem que a escassez de nutriente reduz o crescimento
das plântulas em áreas abandonadas pela agricultura.
Longos períodos de cultivo e curtos períodos de pousio originam degradação da estrutura física e
química dos solos e disponibilidade de nutrientes, que consequentemente origina decréscimo da
produção agrícola, criando assim necessidade para uso de fertilizantes petroquímicos e pesticidas.

A preparação do solo começa com a queima dos resíduos antes da sementeira, quer
Nos terrenos novos quer naqueles que os agricultores cultivam há vários anos. Na sementeira é
utilizada a alavanca “becin-suac” para abrir os buracos onde se colocam as sementes. As culturas
dominantes são milho, 101 mandioca e abóbora (≈90%) num primeiro nível de importância, depois
batata-doce e amendoim (≈40%) num segundo nível e arroz de sequeiro e tunis (≈20%) num
terceiro nível de importância.

Segundo Egashira et al., (2006), no passado a agricultura itinerante foi bem praticada
Pelos agricultores com uma gestão sustentável dos solos e com períodos de pousio longos, podendo
chegar aos 15 anos. Contudo, o período de pousio foi reduzido, devido à limitação na
disponibilidade de terra causada, principalmente, por um aumento crescente de população. O
derrube e a queima permanecem, mas sem deslocação para novas terras, resultado da conversão da
agricultura itinerante em cultivo contínuo.

Para além do rendimento obtido pelas culturas agrícolas, os materiais resultantes do corte e derrube
da floresta são utilizados pelos agricultores para uso doméstico (lenha, materiais de construção e
vedação das suas áreas de cultivo) e alguns deles são vendidos no mercado.

Impactos negativos da agricultura itinerante

De uma forma geral, através de estudos da análise quantitativa do conteúdo de nutrientes


na biomassa das machambas recém-abertas, foi possível verificar sinais particulares de
lixiviamento e erosão. Assim, considera se a prática da agricultura itinerante como grande
devastadora de nutrientes no solo. A exposição dos solos pelos processos de deflorestação
e a queima do material lenhoso, destruí o estado de nutrientes no solo, a estrutura do solo
com a erosão, disseção, compactação e outros processos com efeitos destrutivos. Este
processo tem impacto negativo na fertilidade e produtividade dos solos. ( Weishet e
caviedes, 19993).

Segundo Owusu-Bennoah (1997), o efeito mais dramático da remoção de florestas é a rápida


depleção da matéria orgânica no solo, causa esta atribuída a exposição dos solos, como resultado
da deflorestação e cultivo.

A mudança frequente de uma área para outra afeta a ecologia da região. O declínio
da área florestal, a fragmentação do habitat, a perda das espécies nativas e invasão por ervas
daninhas e outras plantas são das consequências da pratica de agricultura itinerante. (Ranjan et al.,
1999).

Uma óbvia consequência dos curtos períodos de pousio durante a prática da


agricultura itinerante, é que as áreas abandonadas não atingirão a maturidade antes que se volte a
produzir nos mesmos campos. A transição das florestas em áreas grandemente destruídas com
relativamente e aos pools de fonte de semente das florestas mais velhas, o que pode altera a
presença e abundancia das espécies raras em crescimento (Kupfer, 2000).

Regeneração Natural

Este é o único processo natural de restauração de florestas, que é aplicável em


florestas onde já existe uma população adequada de plântulas de espécies desejadas ou onde é fácil
a indução destas espécies. As sementes podem derivar da arvore mãe dentro da área de regeneração
ou podem vir da arvore mãe de povoamentos adjacentes.

Condições para o sucesso da Regeneração

Experiências mostram que o método de regeneração natural não pode ser aplicado
com sucesso em todas áreas florestais. Este método tem mostrado sucesso em algumas áreas,
especialmente naquelas com plântulas abundantes e bem destruídas ao nível do solo (Nwoboshi,
1982).

Nwoboshi (1982), sugere ainda que para além das condições acima citadas, as
condições ecológicas que garantem a disponibilidade de sementes, germinação de sementes e
estabelecimento da densidade satisfatória, e distribuição de regeneração antes e depois da
perturbação da floresta, devem estar presentes.

Em florestas tropicais, o recurso principal para a determinação do comportamento das espécies é a


luz e parar ele o conceito de tolerância e intolerância a sombra se mantem como critérios básicos
para agrupar as espécies e entender os processos de sucessão e desenvolvimento das florestas.

De acordo com a agrupamento segundo os grêmios ecológicos das espécies, se podem


indicar algumas características gerais que servem de denominador comum para os grandes
grêmios, que são: Heliófilas e esciófitos, As plantas heliófilas ou pioneiras, também
denominadas intolerantes a sombra, são aquelas que requerem alto grau de iluminação para
o seu crescimento. As esciófitos são as plantas tolerantes a sombra em uma primeira fase
para o seu desenvolvimento (Pinnard et al., 1996).

As heliófilas podem ser atribuídas as seguintes propriedades (Pinnard et al., 1996):

 Quase a totalidade de espécies de dispersão com vento;


 Produzem bastante sementes;
 Colonizam clareiras que se abrem em florestas;
 São agressivas e de rápido crescimento.

Ao contrário, as esciófitas caracterizam se por (Pinnard et al., 1996):

 Lento crescimento;
 Sua capacidade de se estabelecerem e crescerem debaixo das sombras;
 Diâmetros pequenos a médios nas arvores adultas;
 Produção de sementes pesadas de tamanho mediano a grande, com maior latência em
relação ao grupo das heliófilas.

Por sua vez as heliófilas podem subdividir se em: efêmeras e duráveis. O grupo das
heliófilas efêmeras, também chamado grêmio da regeneração, compõem aquelas espécies
pioneiras que colonizam diferentes clareiras, são preferencialmente grandes, apresentam
crescimento rápido, ciclo de vida relativamente curto e encontram se em clareiras
recentemente abertas. Ao contrário das heliófilas duráveis ou grêmios do sol, são espécies
de vida relativamente larga, que podem ter um crescimento entre rápido e regular e alcançar
grandes dimensões, tanto em diâmetro como em altura. As espécies esciofitas podem
subdividir se em parciais ou grêmios de sol parcial, em que as espécies se desenvolvem na
sombra, mas que requerem luz para passarem para a etapa final de crescimento. Finalmente
as totalmente esciofitas ou grêmios de sombra, não requerem iluminação direta para o seu
desenvolvimento, crescem debaixo da sombra e se regeneram em qualquer lugar debaixo
do dossel da floresta (Pinnard et al., 1996).

Como o primeiro requisito é necessário uma disponibilidade adequada de sementes na área


de regeneração. Onde não há disponibilidade suficiente de sementes, as arvores mãe devem
ser capazes de produzir boas sementes das espécies desejadas. Este suporte de sementes
deve estar localizado especialmente onde a área a regenerar foi completamente limpa,
garantindo que o vento e outros meios de propagação asseguram a distribuição de sementes
em toda área. Em qualquer dos casos, o problema centra se no ciclo de complexidade de
produção de sementes de muitas espécies. Muitas espécies frutificam tarde e dificilmente
tem sementes disponíveis em intervalos regulares, e mesmo em alguns casos, antes das
sementes caírem das arvores são comidas por incectos, pássaros e roedores (Nwoboshi,
1982).

Outro passo para o sucesso na regeneração natural é o sucesso na germinação. Este processo
depende da qualidade da semente, como a dormência, humidade adequada e outras condições
físicas do sitio onde a semente é depositada (Nwoboshi, 1982).

Problemas da agricultura itinerante em Moçambique

Em Moçambique, a prática da agricultura itinerante tem tido efeitos negativos


directos sobre a área florestal e a biodiversidade, a fertilidade e produtividade do solo, e a
quantidade e qualidade dos recursos hídricos, além de um conjunto de efeitos sobre os bens e
serviços produzidos pela floresta. Estes efeitos, não detalhados por limitações de espaço, podem
ser contextualizados numa esfera local, regional e global.

No âmbito local, interessa a produtividade do sistema agrícola itinerante para


satisfazer as necessidades básicas de subsistência e de rendimento, assim como a sua
sustentabilidade de longo prazo que inclui os riscos de pluviosidade e de doenças e pragas; a nível
regional, importam as funções desempenhadas pelas bacias hidrográficas no abastecimento de água
e na prevenção de cheias e 102 desastres naturais; e globalmente, deve referir-se o sequestro de
carbono e a biodiversidade (Jong et al. 2001).

A agricultura itinerante ao derrubar a floresta tem um efeito negativo directo sobre


os bens e serviços produzidos pela floresta e utilizados no dia-a-dia, nos quais sobressaem por
ordem de importância dada pelos agricultores, a lenha, os materiais de construção, a madeira, a
caça e as plantas medicinais.

Os agricultores consideram que o corte e derrube da floresta exercem um efeito negativo sobre os
bens e serviços produzidos pelas florestas através de alteração do regime de chuvas e de água das
nascentes, perda de terra, alteração do clima, redução dos animais e plantas selvagens e dos
produtos apanhados na floresta.

Soluções para a agricultura itinerante em Moçambique

Os sistemas agrícolas tradicionais de agricultura itinerante foram desenvolvidos


pelos agricultores para melhor utilizar os recursos do solo disponíveis e as sequências climáticas.
O objetivo foi e é a produção de alimentos para o sustento dos agregados familiares e, no caso de
haver excedentes, a sua venda nos mercados.

A prática da agricultura itinerante em Moçambique ocorreu durante um longo


de tempo e passou por uma série de experiências que foram transmitidas de geração em geração.
Na maioria dos casos, o sistema tradicional de agricultura itinerante é ecologicamente estável e
funciona, desde que os agricultores estejam dispostos a permanecer num nível próximo do de
subsistência (Viegas 2003). Um aumento do bem-estar - que significa uma melhoria na produção
de bens agrícolas-, exige uma melhoria na produtividade, mesmo nos solos em que a queda de
produtividade não ocorre rapidamente.

Nesta perspectiva importa encontrar soluções capazes de viabilizar, para a maioria


dos camponeses, a produção de alimentos nas áreas montanhosas, considerando, à partida, que o
problema não é estritamente técnico, mas tem uma componente humana fundamental, havendo que
encontrar soluções não apenas sustentáveis, mas que respondam diretamente às preocupações das
populações.

A maioria dos agricultores tem a percepção que perdem alguma coisa com o

corte e derrube da floresta, o que poderá indiciar a sua pré-disposição para aceitar mudanças na sua
forma de fazer a agricultura tradicional, certamente desde que essas mudanças não ponham em
causa a sobrevivência do seu agregado familiar
Conclusão

Neste estudo foi possível observar que o período de pousio das machambas influencia a
regeneração de florestas, pois este período E necessário, para que o processo de sucessão ocorra
nestas machambas, permitindo assim o estabelecimento das plantas. Este estabelecimento de
plantas torna se evidente quando o período de abandono E suficiente para permitir a passagem das
três fases de sucessão, onde as plantas heliófilas cedem seu lugar as plantas esciofitas, garantido
assim uma restauração da área degradada

Existem muitos fatores que afectam a regeneração de florestas em áreas abandonadas pela
agricultura itinerante, E importante incentivar o estudo dos mesmos de modo a solidificar o
conhecimento sobres este tipo de floresta (Miombo) que muito predominante em Moçambique.
Estes estudos tornam se grande contributo na conservação das florestas em Moçambique.
Referências bibliográficas

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accessing the evidence. Overseas Devolopment Institute (ODI).

Nwoboshi, L. (1982). Tropical Silviculture- principles and techniques. Department of Forest


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Pinard, M., Guzman, R & Fuentes, J. (1996). Classification de las espécies arbóreas em
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Ranjan, R. & Upadhyay, V. (1999). Ecological problems due to shifting cultivation. Ministry
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Mertz, O. & Magid, J. (2002). Shifting cultivation as conservation farming for humid tropic
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