Você está na página 1de 3

Acadêmicos: Ilisabeth Cristina Fiebes Huber; Bruna de Souza; Elis Regina Krause; Jacqueline Reis

Silvano.
Turma: 2 Fase de Biomedicina
Disciplina: Políticas Públicas na Saúde e Educação Ambiental

Blumenau, 01/03/2022

Prezado Sr.,

Primeiramente bom dia!

Somos um grupo de estudos de Biomedicina da mesma cidade que o Sr., ficamos um tanto quanto
intrigadas com seu e-mail e resolvemos dar a nossa resposta! Fizemos várias pesquisas e
encontramos diversas formas de ver o caçador e o "caçador amador" e concluímos que existem dois
lados nesta história, muito além das pesquisas descobrimos que isto tem um papel fundamental da
nossa graduação!

Fizemos uma pergunta a nós mesmas, que se algum dia a caça já foi liberada aqui? Sim a caça já foi
legal aqui no Brasil! Foi regulamentada entre os anos de 1934 a 1967, era cultura, história, ciência,
respeito. A população aprendia a lidar com a caça, aprendia o que era certo e errado, o ato de caçar
muitas vezes era o que colocava o alimento na mesa de muitas famílias e hoje nas comunidades do
interior ainda tem o mesmo propósito. Nem todas as famílias tem acesso fácil a supermercados ou
renda o suficiente para comprar a sua alimentação. Até o final da década de 60, a caça era exaltada
pela mídia brasileira, haviam programas de TV e rádio sobre o tema e revistas como “Revista Caça e
Pesca”. Isso se estendeu até o final dos anos 70 aonde publicavam livros dedicados ao público
infanto-juvenil. Nesse período o caçador era visto como herói, desbravador de matas, corajoso pois
enfrentava o perigo iminente e também era visto como protetor da natureza. Essa é a realidade da
caça de subsistência que é praticada em todas as regiões do Brasil, principalmente por populações
indígenas e em comunidades tradicionais, além disso, cria-se uma tradição passada de geração em
geração, não só aqui, mas em muitos lugares do mundo.

De acordo com a matéria do site Revista Pesquisa , no auge de 1930 e 1960 as peles de animais
silvestres eram muito procuradas e exportadas para Europa e Norte da América, mas não sabiam
que causariam uma série de problemas ambientais em muitas partes da Amazônia, nesta época
cerca de 183 mil onças pintadas, 804 mil jaguatiricas foram abatidas, e cerca de 5,4 milhões de
animais entre 1904 a 1969 morreram para fornecer pele para fabricação de roupas, sapatos e bolsas
aos humanos, no entanto polêmicas geradas por influências externas, originadas da Revolução
Ambiental Norte-Americana e a divulgação de problemas ambientais graves, como o desmatamento
da Amazônia, no final dos anos 70, ambientalistas brasileiros começam a apoiar a proteção total da
fauna silvestre nacional e dentro dessa ideia a caça não é aceitável. Mas com a lei de Proteção à
fauna (Lei 5.197 de 1967), foi proibido a caça profissional e regulamentado a caça esportiva, mesmo
com as leis previstas, muitas vezes não são respeitadas. Conforme Lei nº5.197 de 1967, onde os
tipos de caça estão previstos nela, no artigo 2º descreve que a caça profissional é expressamente
proibida. Porém a principal delas, que é a de subsistência, foi esquecida. Só depois de 10 anos foi
criada a lei de Crimes Ambientais aonde se descriminalizou a caça de subsistência.

Por todos que caçam com intenção de comercializar, é preciso saber que todas as destruições
ultrapassam os limites de lei causando violações à natureza. Estamos no ano de 2022 e a caça ainda
é uma atividade ilegal no Brasil e que promove elevado impacto ambiental sobre as populações de
animais silvestres em todos os biomas. Sabe-se que a caça brasileira é um problema, mas não se
conhece ao certo o que é, qual sua história e qual o tamanho real desse problema no país. Desse
modo, a pesquisa tem como objetivo principal analisar as atividades cinegéticas e os contextos
históricos, socioeconômicos e culturais associados a tais atividades. Os fatores como: aspectos
econômicos, capacidade de suporte ecológico, dificuldade em alternativas de subsistência e padrões
culturais específicos tem contribuído em muito na atividade ilegal da caça em todo o nosso
território, infringindo a legislação existente e causando desiquilíbrios a natureza.

Ainda falta muito para legalizar! Será mesmo, que com uma lei mais flexível, os caçadores
brasileiros, irão respeitar? Irão mudar os hábitos? Analisando que tantas outras leis não são
respeitadas, precisamos primeiro pensar na reeducação e conscientização de quem faz a caça. Se
falarmos da caça em outros países, como os EUA, sim, eles praticam de forma cultural, respeitando
as leis daquele país, porque sabem da penalização por não cumprimento da mesma. Inclusive
existem períodos chamados "temporada de caça", além do consumo alegam que essas caças ajudam
no controle de animais que podem prejudicar o trânsito causando acidentes. A questão não é sobre
proibir, mas sim sobre respeitar o que está na Lei. Causando novamente uma série de problemas
para todo ecossistema, um exemplo que ainda acontece na mata atlântica são a caçada da Queixada
e Anta, que fazem um papel importante na dispersão de sementes, fertilização e renovação da
floresta.

Voltando ao assunto do início deste e-mail, encontramos um canal de mídia (youtube) uma pessoa
que se diz caçador americano chamado (Gavin do canal Smalladvantages) que socializava muito com
brasileiros, postou uma foto com roupa de caça e um rifle no Estado de Michigan, sem saber da
repercussão negativa que iria ter no Brasil, decidiu expor sua indignação (teve a mesma reação que
você!), disse "que nunca se sentiu tão constrangido e que não sabia que os brasileiros teriam esse
lado feio", pois a caça é cultural nos Estados Unidos e até as crianças já praticam a caça com armas,
isso é claro após passarem por um treinamento e conseguir a licença para caçar. Portanto a caça de
animais silvestres para consumo deveria ter uma liberação após serem analisados se vão causar
impacto ou não para o ecossistema, tão pouco deixando de provar que neste local existirá um
número muito alto de uma determinada espécie, dando liberdade as pessoas com uma licença
aprovada de caçarem, e em uma época em específico do ano, afim de controlar a superpopulação
dos animais, desde que seja para consumo.

E se olharmos pelo lado do caçador podemos ver um pouco de hipocrisia em todos nós que somos
carnívoros, pois não precisamos caçar para nos alimentar, tudo já está pronto no refrigerador do
mercado, é uma caça dentro do cativeiro com muito mais sofrimento para o animal confinado. Além
disso o conhecimento ecológico dos caçadores experientes é de grande valia para o manejo e
conservação dos animais silvestres, contribuem para a comunidade cientifica, pois em seus relatos
tem descrições taxonômicas, morfológicas, ecológicas e comportamentais. Mas não só isso,
informações como padrões históricos, distribuição geográfica, abundância da fauna silvestre,
estrutura trófica de uma comunidade e demografia de espécies cinegéticas.

Encontramos um fato curioso que diferente dos EUA, na China é cultural consumir Animais Silvestres
de todos os tipos, e que são encontrados com muita facilidade em comércios chamados de
"mercado úmido", é importante saber que o consumo de carne silvestre já fez ocorrer o surgimento
de muitas enfermidades, em pesquisas e análises dessas enfermidades foram encontradas várias
doenças transmissíveis aos humanos entre elas a COVID-19, doença de Chagas entre outras.
Portanto temos que evoluir muito ainda para termos uma cultura própria de caça para consumo de
animais, que não causem impacto ambiental, nem sofrimento e o mais importante que não tragam
nenhuma enfermidade aos humanos!

Sr. entendemos o seu lado e agradecemos pela observação, porém isso está muito longe de
acontecer aqui no Brasil, vendo que dentre todos os pontos de vista, o humano não saberá lidar com
tamanha liberdade.

Atenciosamente,

Ilisabeth Cristina Fiebes Huber; Bruna de Souza; Elis Regina Krause; Jacqueline Reis Silvano.

Referências:

www.revistapesquisa.fapesp.br

https://youtu.be/2Jln3jSJzI4

FERREIRA, H. F; ALVES, R.R.N.2014.Legislação e mídia envolvendo a caça de animais silvestres no


Brasil: uma perspectiva histórica e socioambiental. 8: 4-5 p. Gaia Scientia.

VERDADE, L.M. 2013. Confidencialidade e sigilo profissional em estudos sobre a caça. 13(1): 22 p.
Campinas. Biota Neotrip. 30/01/2013.

Você também pode gostar