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Vocês me
conhecem, né? Não?!? Ééé, muita gente não
me conhece, mas garanto que tem alguém aí
que me conhece!!! Viu?!?
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S abem, eu posso não parecer e vocês podem não
acreditar, mas sou muito importante. Não, não sou
um daqueles sem noção que acha que é mais
importante do que os outros e nem teria como eu ser
desse jeito. A verdade, meus amiguinhos, é que eu
represento uma população de butiás e, numa
população deste tipo, todos são importantes! Todos
mesmo!
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E u t enho um nome muit o bacana: Butiá
catarinenses. Dizem que é um nome que veio do latim,
uma língua que hoje nem se fala mais. Quem me deu
esse nome foram os cientistas que estudam as plantas,
os chamados botânicos.
a
c
3
F o ram os cientistas que começaram com esse
negócio de dizer que eu sou importante, mas antes
disso, eu já tinha consciência do meu valor.
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M as na natureza, se você observar bem, vai ver
que na verdade, nenhum indivíduo é exatamente
igual ao outro. E essa era a minha turma, ou seja,
aqueles que nasceram perto de mim, meus vizinhos.
Muitos deles já não estão mais aqui, pois os humanos
cortaram a maioria de nós, deixando nossa casa muito
diferente.
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N ós vivíamos sempre rodeados de bichos e
plantas de tudo que era tipo. Na verdade, fazíamos
parte de uma enorme comunidade que hoje vocês
chamam de biodiversidade.
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N esse tempo tinham poucas pessoas vivendo por
aqui, e nós ocupávamos uma grande parte do
território que hoje vocês chamam de Região Sul do
Brasil. Naquela época as pessoas e os bichos
aproveitavam tudo que podiam dos butiás, e faziam
isso sem precisar suprimir os indivíduos da nossa
espécie.
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C rescíamos, com flores, frutos, espichando as
nossas folhas compridas, e todos vinham até nós
colher aquilo que precisavam. Era uma coisa bem
natural, acontecia sem o menor esforço, porque assim
é nossa natureza: generosa.
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E era divertido, pois o movimento era grande
e se via de tudo. De vez em quando até podíamos ouvir
o ronco de alguns bichos que gostavam de dormir
debaixo de nossa sombra. Era cada ronco, hehe...
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H oje as coisas mudaram muito. Somos tão poucos,
que precisamos urgentemente de ajuda. Por isso
quando o Jonas apareceu eu pedi ajuda para ele, que
pediu ajuda para o Uilson iluminar o Jorge na criação
artística, ele pediu ajuda para o Tommaso, que pediu
ajuda para o pessoal da gráfica, que imprimiu esta
cartilha, onde eu posso me comunicar e pedir ajuda
pra vocês. Então leia, observe e preste bem atenção
para o que eu vou contar!
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Q uando a sociedade industrial não era tão
desenvolvida, eu era uma espécie de marca registrada
de toda região de Torres. Onde havia solos secos e
arenosos, em ambientes difíceis e com muito vento. Lá
estávamos nós, butiás-da-praia (Butia caterinensis),
preparando o terreno para que uma infinidade de
outras espécies vegetais se instalasse. Isso valeu para
nós um título que nos orgulha muito: "espécie
protegida". Pois somos daqueles que dão início aos
mecanismos de proteção da biodiversidade, que é
muito, muito importante para todos, inclusive vocês,
seres humanos!
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N aqueles tempos antigos, as pessoas da nossa
região aproveitavam praticamente tudo da gente.
Quer exemplos? Fácil: chapéus, bolsas, leques,
tapetes, forração pra colchões, vassouras, forragem
e alimentação pro gado... E tudo isso usando apenas
nossas folhas!
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M as é claro que temos os nossos frutos, e com
eles existem muitas possibilidades. Todo mundo
adora comê-los direto do cacho, mas além disso eles
servem para fazer sucos, licores, geleias, bolos, doces, e
já inventaram até sorvete e picolé de butiá! Mas não
para por aí. Dentro dos frutos, temos as sementes, que
possuem amêndoas, que quando assadas são muito
saborosas! A partir delas é possível até fazer óleos para
a cozinha, acredita?
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A liás, as sementes são fundamentais para a
perpetuação de nossa espécie. Os animais são atraídos
pelos saborosos frutos que envolvem as sementes e as
engolem. Depois disso, distribuem no território,
através de suas fezes, fertilizando novos campos de
butiás. Assim nos dispersamos, contribuindo para a
riqueza biológica e cultural, alcançando a indústria
alimentícia.
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P ois é, com tantas utilidades fica difícil entender
por que é que as pessoas quase acabaram conosco.
Estamos em Risco de Extinção. Mesmo com as
medidas de auxílio à conservação do butiá, as coisas
ainda pioraram muito nos últimos tempos, desde que
a população humana aumentou e se deslocou para cá,
trazendo muit o gado e imensas plantações,
construindo casas, prédios e cidades sem o devido
planejamento.
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S obraram pequenos espaços devido ao
desmatamento ilegal, causado pelo ser humano. Mas,
ainda existem as pessoas que continuam dando valor
à nossa existência: os que colhem e vendem nossos
produtos, os pesquisadores, os ambientalistas e os
órgãos ambientais, ess es são os verdadeiros
responsáveis por ainda estarmos aqui e podermos
compartilhar um pouco de nossa importância com os
outros seres vivos
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S erá muito triste para todos se desaparecermos.
Não só para os humanos, mas principalmente para a
infinidade de outros seres, que interagem e se dão
muito bem conosco. Você sabia que as abelhas,
adoram as nossas flores? Pois é, isso é muito
importante, porque elas colaboram na polinização,
quando visitam as flores carregando pólen de butiá
em butiá. Só depois de polinizada é que a flor pode
gerar um delicioso fruto!
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A h, se todos um dia pudessem entender que
importantes formas de vida estão associadas à nossa
presença, e que por isso somos um elemento
fundamental na manutenção da biodiversidade e do
equilíbrio ambiental.
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C omo você viu, quando estamos juntos, em
comunidade, somos essenciais para a manutenção da
biodiversidade e da cultura da região.
P reservem os butiazais !
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Os Autores
Idealização e Texto e
Coordenação Ilustrações
Jonas Brocca Jorge Herrmann
Biologo Artista plástico