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Coordenação-Geral de Tributação

PROCESSO 00000.000000/0000-00

SOLUÇÃO DE 65 – COSIT
CONSULTA
DATA 20 DE DEZEMBRO DE 2022

INTERESSADO CLICAR PARA INSERIR O NOME

CNPJ/CPF 00.000-00000/0000-00

Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ


LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO. EMPREITADA. PERCENTUAL
DE PRESUNÇÃO.
Para determinação da base de cálculo do IRPJ no regime do lucro presumido,
aplica-se o percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida na
atividade de construção por empreitada com emprego de todos os materiais
indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra.
Aplica-se o percentual de 32% (trinta e dois por cento) relativamente à
atividade de prestação de serviços em geral e à atividade de construção por
administração ou por empreitada unicamente de mão de obra ou com emprego
parcial de materiais.
Dispositivos Legais: Lei nº 9.249, de 1995, arts. 15, caput, e 1º, inciso III, alínea
“a”, e 20, incisos I e III; Lei nº 9.430, de 1996, art. 25, inciso I; Lei nº 10.406, de
2002 (Código Civil), arts. 79, 82 e 84; Instrução Normativa RFB nº 1.700, de
2017, arts. 33, § 1º, incisos II, alínea “d”, e IV, alínea “d”, e 215, caput.

Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL


LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO. EMPREITADA. PERCENTUAL
DE PRESUNÇÃO.
Para determinação da base de cálculo do IRPJ no regime do lucro presumido,
aplica-se o percentual de 12% (doze por cento) sobre a receita bruta auferida
na atividade de construção por empreitada com emprego de todos os materiais
indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra.
Aplica-se o percentual de 32% (trinta e dois por cento) relativamente à
atividade de prestação de serviços em geral e à atividade de construção por
administração ou por empreitada unicamente de mão de obra ou com emprego
parcial de materiais.
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Dispositivos Legais: Lei nº 7.689, de 1988, art. 6º; Lei nº 8.981, de 1995, art. 57;
Lei nº 9.249, de 1995, arts. 15, caput, e 1º, inciso III, alínea “a”, e 20, incisos I e
III; Lei nº 9.430, de 1996, arts. 28 e 29, inciso I; Lei nº 10.406, de 2002 (Código
Civil), arts. 79, 82 e 84; Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017, arts. 34,
caput e § 1º, inciso IX, e 215, § 1º.

RELATÓRIO

1. A pessoa jurídica acima identificada, “empresa que atua no ramo da construção civil,
mais especificamente na implantação de sistema de gestão e controle para poço tubular”, formula
consulta “acerca da possibilidade de redução das alíquotas de recolhimento do IR e CSLL quando da
celebração de contratos por empreitada global”.
2. Informa que “adquire componentes para produção de equipamentos eletrônicos”; “na
sequência esses equipamentos passam a fazer parte de uma solução de engenharia, a qual é
implantada no cliente juntamente com os serviços de infraestrutura, solda, civil, mecânica, elétrica e
programação”. Assim resume o desenvolvimento de sua atividade:
a) Fabricação de equipamentos (controladores, painéis e kits de instalação), a partir de
insumos adquiridos (“componentes eletrônicos, peças mecânicas instrumentos,
painéis, baterias, afins”;
b) “Execução do Serviço. Utilização das partes e peças pré-fabricadas e montagem no
cliente, realizando montagem de tubulações, transmissores, infraestrutura elétrica,
infraestrutura civil, montagem de painéis de comando e afins”; e
c) “Entrega ao cliente de obra para captação de água com monitoramento e controle
automático de operação”.

3. Em seguida, discorre mais detalhadamente sobre suas operações, nestes exatos termos:
Portanto o nível de transformação e preparo de peças prévio a execução da
obra, durante a obra que é a etapa mais extensa, sendo realizado dentre as atividades
abaixo:
- Construção de abrigos em alvenaria para painéis,
- Escavação para montagem de malhas de aterramento,
- Montagem de tubulações, conexão a bombas e instrumentos,
- Passagens de cabos elétricos, montagem de postes,
- Ligação de cabos entre periféricos de força (Motores, válvulas) e instrumentos
(Medidores de vazão, transmissores de nível, pressão, medidor de energia)
Por fim, todas as partes e peças relacionados ao sistema são fornecidas e
instaladas, realizando a entrega ao cliente de um sistema completo de captação de
água automático.

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A título exemplificativo, traz-se como case representativo, a situação (case) em


que a Consulente foi contratada para prestação de serviços de projeto e construção
de sistema de controle e operação de recursos hídricos com o fornecimento e
aplicação de todos os materiais necessários para execução da obra.
De forma mais detalhada, a Consulente executa os seguintes serviços (com o
fornecimento de todos os materiais necessários): i) construção e implantação do
sistema de automação dos poços profundos; ii) monitoramento e controle do sistema
de automação dos poços tubulares e iii) construção e implantação do sistema de
automação dos poços gravitacionais de drenagem.
Merece destaque o fato de que a Consulente, no desenvolvimento de suas
atividades, adquire algumas peças no mercado, as quais são utilizadas para montagem
de painéis, os quais serão utilizados no cliente final, durante a execução do contrato.
No case em questão do valor total do contrato (100%), 35% (trinta e cinco por
cento) correspondeu ao fornecimento de materiais e 65% (sessenta e cinco por cento)
corresponde a mão de obra para execução do projeto.

4. A título de “Fundamentação Legal”, indica as seguintes disposições:


Lei 12.546/2011- art. 24, que trata da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Intangíveis
e outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio (NBS).
Lei nº 9.249/1995, arts. 15 e 20, que tratam das alíquotas para composição da base de
cálculo do IRPJ e CSLL.
Instrução Normativa RFB nº 1.234 de 11 de janeiro de 2012, para fins de efeito de
interpretação da Lei nº 9.249/1995.
Decreto 7.708/2012 que institui a Nomenclatura Brasileira de Serviços, Intangíveis e
Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio - NBS e as Notas Explicativas
da Nomenclatura Brasileira de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam
Variações no Patrimônio - NEBS.
Solução de Consulta Cosit nº 08 de 2014 e Solução de Consulta Cosit nº 129 de 2016.

5. Por fim, apresenta estes dois questionamentos:


1- A atividade desenvolvida pela Consulente (prestação de serviços de projeto e
construção de sistema de controle e operação de recursos hídricos com o
fornecimento e aplicação de todos os materiais necessários para execução da
obra) é considerada como construção civil?

2- Pode a Consulente utilizar o percentual de 8% (oito por cento) para fins de


determinação da base de cálculo do Imposto de Renda e de 12% para a CSLL em
relação à receita bruta auferida em relação aos projetos e execução de
operações com recursos hídricos, na forma dos artigos 15 e 20 da Lei nº
9.249/95?

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FUNDAMENTOS

6. Preliminarmente, cumpre registrar que o processo administrativo de consulta, a partir


de 1º de janeiro de 2022, no âmbito da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil (RFB), passou a
ser disciplinado pela Instrução Normativa RFB nº 2.058, de 9 de dezembro de 2021, a qual revogou a
Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013, ato disciplinador dessa espécie de
processo vigente na época do protocolo da consulta.
7. Cabe anotar, ainda, que, consoante ressalva expressamente vazada no art. 45 da
Instrução Normativa RFB nº 2.058, de 2021 (art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 2013), “as
soluções de consulta não convalidam informações nem classificações fiscais apresentadas pelo
consulente”. Posto de outro modo, em termos mais detalhados: o ato administrativo denominado
Solução de Consulta não se presta a verificar a exatidão dos fatos ou das hipóteses narradas pelo
interessado na respectiva petição de consulta, limitando-se, tão somente, a apresentar a interpretação
que a RFB confere aos dispositivos da legislação tributária relacionados a tais fatos ou hipóteses,
partindo da premissa de que eles efetivamente correspondem à realidade. Por conseguinte, da Solução
de Consulta não decorrerão efeitos caso se constate, a qualquer tempo, que os fatos descritos não
correspondem àqueles que serviram de base hipotética à interpretação apresentada.
8. Note-se que o primeiro questionamento, considerado na sua literalidade, não
representa, por si só, uma dúvida de interpretação acerca da legislação tributária. Afinal, perguntar se
determinada atividade pode ser “considerada como construção civil”, sem indicar quais seriam as
implicações tributárias da dúvida, desatende à finalidade principal do processo de consulta, que
consiste em prestar esclarecimento acerca do significado de dispositivos da legislação tributária
aplicáveis a fato determinado (arts. 46, caput, e 52, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de
1972; arts. 88, caput, e 94, inciso I, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011).
9. No entanto, considerando o contexto de informações apresentado, é possível
depreender que a dúvida da consulente reside em saber se o conjunto de atividades por ela citado
poderia ser considerado como “atividade de construção” para fins de aplicação sobre a receita bruta
dos percentuais reduzidos de 8% (oito por cento) e de 12% (doze por cento) para determinação da
base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL), respectivamente, no regime de tributação do lucro presumido.
10. Dessa maneira, a presente solução de consulta explicitará as normas que regem a
matéria, de modo a propiciar à consulente a verificação do preenchimento dos requisitos para fruição
da benesse em pauta.
11. Os percentuais de presunção do lucro, incidentes sobre a receita bruta, para efeito de
apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no regime do lucro presumido estão definidos nos arts.
15 e 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, conforme preceituam os arts. 25, inciso I, e 29,
inciso I, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (sublinhou-se):
Lei nº 9.430, de 1996

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Art. 25. O lucro presumido será o montante determinado pela soma das
seguintes parcelas:
I - o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei
nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pela art.
12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período
de apuração de que trata o art. 1o, deduzida das devoluções e vendas
canceladas e dos descontos incondicionais concedidos; e (Redação dada pela
Lei nº 12.973, de 2014)
(...)
Art. 29. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado e
pelas demais empresas dispensadas de escrituração contábil, corresponderá à
soma dos valores:
I - de que trata o art. 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995;
(...)
Lei nº 9.249, de 1995
Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de
dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no
8.981, de 20 de janeiro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014)
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de
combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural;
II - dezesseis por cento:
a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o
qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo;
b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20
de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei;
III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei
nº 11.727, de 2008)
b) intermediação de negócios;

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c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer


natureza;
d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber,
compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços (factoring).
e) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou
melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço
público. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)
IV - 38,4% (trinta e oito inteiros e quatro décimos por cento), para as atividades de
operação de empréstimo, de financiamento e de desconto de títulos de crédito
realizadas por Empresa Simples de Crédito (ESC). (Incluído pela Lei Complementar nº
167, de 2019)
§ 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a
cada atividade.
(...)
........................................................................................................................................
Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida
pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se
referem os arts. 2º, 25 e 27 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá
aos seguintes percentuais aplicados sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do
Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das
devoluções, das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos:
(Redação dada pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
I - 32% (trinta e dois por cento) para a receita bruta decorrente das atividades previstas
no inciso III do § 1º do art. 15 desta Lei; (Incluído pela Lei Complementar nº 167, de
2019)
II - 38,4% (trinta e oito inteiros e quatro décimos por cento) para a receita bruta
decorrente das atividades previstas no inciso IV do § 1º do art. 15 desta Lei; e
(Incluído pela Lei Complementar nº 167, de 2019)
III - 12% (doze por cento) para as demais receitas brutas. (Incluído pela Lei
Complementar nº 167, de 2019)
§ 1º A pessoa jurídica submetida ao lucro presumido poderá, excepcionalmente, em
relação ao 4º (quarto) trimestre-calendário de 2003, optar pelo lucro real, sendo
definitiva a tributação pelo lucro presumido relativa aos 3 (três) primeiros trimestres.
(Renumerado com alteração pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 2º O percentual de que trata o caput deste artigo também será aplicado sobre a
receita financeira de que trata o § 4º do art. 15 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.196,
de 2005)

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12. Importa destacar que, de acordo com a alínea “a” do inciso III do § 1º do art. 15 e o
inciso I do art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995, na apuração do IRPJ e da CSLL no regime do lucro presumido
aplica-se, em regra, o percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita bruta decorrente da
prestação de serviços, para cálculo de ambos os tributos.
13. Observe-se que os dispositivos legais acima transcritos não tratam especificamente de
percentuais diferenciados destinados à atividade de construção. Os dispositivos que tratam dessa
matéria estão inseridos na Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 14 de março de 2017 (sublinhou-se):
Art. 33. A base de cálculo do IRPJ, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta definida pelo art.
26, auferida na atividade, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e dos
descontos incondicionais concedidos.
§ 1º Nas seguintes atividades o percentual de determinação da base de cálculo do IRPJ
de que trata o caput será de:
I - 1,6% (um inteiro e seis décimos por cento) sobre a receita bruta auferida na revenda,
para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás
natural;
II - 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida:
(...)
d) na atividade de construção por empreitada com emprego de todos os materiais
indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra.
(...)
IV - 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita bruta auferida com as atividades de:
(...)
d) construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra ou
com emprego parcial de materiais;
(...)
Art. 34. A base de cálculo da CSLL, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de 12% (doze por cento) sobre a receita bruta definida pelo
art. 26, auferida na atividade, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e dos
descontos incondicionais concedidos.
§ 1º O percentual de que trata o caput será de 32% (trinta e dois por cento) para as
atividades de:
(...)
IX - construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra ou
com emprego parcial de materiais.
(...)
Art. 215. O lucro presumido será determinado mediante aplicação dos percentuais de
que tratam o caput e os §§ 1º e 2º do art. 33 sobre a receita bruta definida pelo art.

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26, relativa a cada atividade, auferida em cada período de apuração trimestral,


deduzida das devoluções e vendas canceladas e dos descontos incondicionais
concedidos.
§ 1º O resultado presumido será determinado mediante aplicação dos percentuais de
que tratam o caput e os §§ 1º a 3º do art. 34 sobre a receita bruta definida pelo art.
26, relativa a cada atividade, auferida em cada período de apuração trimestral,
deduzida das devoluções e vendas canceladas e dos descontos incondicionais
concedidos.
§ 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a
cada atividade.
(...)

14. Verifica-se que, segundo dispõe o art. 33, § 1º, incisos II, alínea “d”, e IV, alínea “d”,
somente se aplica o percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta decorrente da atividade
de construção para apuração do IRPJ no regime do lucro presumido, quando se tratar de empreitada
com emprego de todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados
à obra; na hipótese de construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra
ou com emprego parcial de materiais, o percentual aplicável será de 32% (trinta e dois por cento).
15. De acordo com o art. 34, § 1º, inciso IX, da Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017,
pode-se afirmar que se aplica o percentual geral de 12% (doze por cento) sobre a receita bruta
decorrente da atividade de construção para apuração da CSLL no regime do lucro presumido quando
se tratar de empreitada com emprego de todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo
tais materiais incorporados à obra; na hipótese de construção por administração ou por empreitada
unicamente de mão de obra ou com emprego parcial de materiais, o percentual aplicável será de 32%
(trinta e dois por cento).
16. Importa esclarecer que, segundo o texto do art. 33, § 1º, inciso II, alínea “d”, da Instrução
Normativa RFB nº 1.700, de 2017, o qual estipula o requisito de incorporação à obra dos materiais nela
empregados, em alusão ao art. 84 do Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), tem-se por
pressuposto que o desenvolvimento da atividade de construção resulte em bens imóveis, os quais,
consoante o art. 79 do Código Civil, são “o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente”.
17. Ainda quanto ao emprego de materiais, o já mencionado art. 84 do Código Civil
estabelece que os materiais destinados à construção, enquanto não forem empregados, conservam a
sua condição de bens móveis. Assim, os materiais utilizados na atividade de construção serão aqueles
que irão incorporar-se à construção, tanto que, após serem empregados, perdem sua qualidade de
bens móveis. Recorde-se que os bens móveis, de acordo com a definição do art. 82 do Código Civil, são
aqueles “bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da
substância ou da destinação econômico-social”.
18. Dessa forma, quando se fala em emprego de materiais em empreitada de construção
está-se referindo apenas àqueles efetivamente incorporados à obra, transmutando sua categoria de

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bem móvel para imóvel, de maneira que não serão considerados como materiais incorporados à obra
os instrumentos de trabalho utilizados e os materiais consumidos na execução da obra.
19. Uma vez que em sua petição a consulente alude a um conjunto de atividades bastante
diversificadas, que envolve desde a prestação de serviço de elaboração de projeto até a
industrialização de produtos (ela afirma que adquire componentes para produção de equipamentos
eletrônicos), impende assinalar que, na hipótese de contratação isolada de cada espécie de prestação
de serviços ou do fornecimento de materiais e equipamentos deverá ser aplicado o percentual
correspondente a cada atividade sobre a respectiva receita bruta, conforme preceitua o § 2º do art. 15
da Lei nº 9.249, de 1995.
20. Caso haja efetivamente o enquadramento do conjunto de atividades no art. 33, § 1º,
incisos II, alínea “d”, da Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017, ou seja, caso se trate de atividade
de construção por empreitada com emprego de todos os materiais indispensáveis à sua execução,
sendo tais materiais incorporados à obra, consoante precedentemente explicitado, poderão ser
aplicados os percentuais de 8% (oito por cento) e de 12% (doze por cento) sobre a receita bruta dessa
atividade para apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, respectivamente, no regime do lucro
presumido.
21. Além disso, em razão de a consulente referir-se à atividade de cunho genérico intitulada
“projetos e execução de operações com recursos hídricos” (segundo questionamento), é mister
consignar que foram apresentadas orientações suficientes para que ela própria resolva suas dúvidas,
diante de cada situação concreta, cabendo apenas reforçar que, como regra geral, a receita bruta
oriunda da prestação de serviços em geral, a exemplo da elaboração de projetos e a execução de obras,
está sujeita à aplicação do percentual de presunção do lucro de 32% (trinta e dois por cento), tanto
para o IRPJ quanto para a CSLL (arts. 15, § 1º, inciso III, e 20, inciso I, da Lei nº 9.249, de 1995).

CONCLUSÃO

22. Ante o exposto, apresentam-se as seguintes conclusões a respeito dos percentuais a


aplicar sobre a receita bruta para fins de determinação do IRPJ e da CSLL no regime do lucro presumido:
a) aplica-se o percentual de 32% (trinta e dois por cento), tanto para o IRPJ quanto a
CSLL, relativamente à atividade de prestação de serviços em geral e à atividade de construção por
administração ou por empreitada unicamente de mão de obra ou com emprego parcial de materiais;
b) aplica-se o percentual de 8% (oito por cento) para o IRPJ e de 12% (doze por cento)
para a CSLL, relativamente à atividade de construção por empreitada com emprego de todos os
materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra.

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Encaminhe-se ao Coordenador da Coordenação de Tributos Sobre a Renda, Patrimônio


e Operações Financeiras (Cotir).

Assinatura digital
GUSTAVO SALTON ROTUNNO ABREU LIMA DA ROSA
Auditor-Fiscal da RFB - Chefe da DIRPJ

De acordo. Encaminhe-se à Coordenadora-Geral da Coordenação-Geral de Tributação


(Cosit).

Assinatura digital
FABIO CEMBRANEL
Auditor-Fiscal da RFB - Coordenador da Cotir

ORDEM DE INTIMAÇÃO

Aprovo a Solução de Consulta. Publique-se e divulgue-se nos termos do art. 43 da


Instrução Normativa RFB nº 2.058, de 9 de dezembro de 2021. Dê-se ciência ao interessado.

Assinatura digital
CLAUDIA LUCIA PIMENTEL MARTINS DA SILVA
Auditora-Fiscal da RFB - Coordenadora-Geral da Cosit

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