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AYRTON SENNA:
30 ANOS DE SAUDADE
“VENCER
SEM CORRER
OS RISCOS É
TRIUNFAR
SEM AS
GLÓRIAS!”
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N
a infância, a brincadeira favo-
rita de Ayrton Senna da Silva
(1960–1994) já entregava que
seu destino estaria ligado às pistas.
Nascido na capital paulista, ele era
uma criança apaixonada por carri-
nhos e por tudo que estivesse rela-
cionado ao universo das quatro
rodas. “Sentava no colo do meu pai,
no carro, e mandava a ver! Comecei
a guiar o kart com quatro anos de
idade”, contou ele, em uma entre-
vista. O primeiro kart foi feito pelo
pai, Milton Guirado Theodoro
Da Silva (1927–2021), que produ-
ziu o brinquedo com um motor de
máquina de cortar grama. Milton,
aliás, foi um dos maiores incenti-
A VELOCIDADE ERA
NA INFÂNCIA, O FUTURO PILOTO
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Na infância, o brinquedo
preferido de Senna era o
kart. Com a velocidade
correndo nas veias, ele
era acelerado até para
fazer as lições na escola,
em SP, onde nasceu.
mãe, dona Neyde Joanna Senna vez eu fiquei nervoso, porque o ge-
Da Silva (84). Na escola, era apli- rente da fazenda me disse que o
cado, mas também gostava de cor- Ayrton estava andando em um jipe e
rer contra o tempo. “Ele era um não pisava nem uma vez na fricção. É
bom aluno, mas fazia a lição 10 mi- tudo no tempo”, comentou Milton,
nutos antes de ir para aula. A freira que costumava encher um cami-
do colégio chegou a pedir para eu nhão com karts e levar o filho e os
colocar Ayrton em um clube durante amigos para brincar aos finais de
as férias, porque ele tinha muita semana. O local preferido para as
energia. Não tinha jeito, com ele era ‘corridas’ era na parte alta do bair-
tudo muito rápi- ro Palmas do
do”, emendou a Tremembé, na
mãe. Para conse- “Ele era bom aluno, zona norte pau-
guir se divertir mas fazia a lição 10 listana, onde ele
com os amigos,
ele fazia tudo que
minutos antes de ir da cresceu. Com o
tempo, Senna
fosse possível, escola.” (Neyde) foi ganhando
até pular a janela autonomia e,
e portão de casa. aos sete anos, já
Seu desenho preferido era o levava seu kart à oficina de um
Speed Racer, uma produção japo- amigo do pai para engraxar as ro-
nesa cujo protagonista era, claro, das. Já na fazenda, Senna e diver-
um piloto. Inspirado no persona- tia com a irmã, Viviane, em cima
gem, aos nove anos, ele já sabia dos carros de boi: a aventura da
dirigir! Ele ainda era fã do herói dupla era garantida.
do momento, o Nacional Kid, Foi ainda na infância que surgiu
também japonês. Cauteloso, o pai o seu primeiro apelido, Beco.
deixava Senna pegar alguns carros Inicialmente o chamavam de
na fazenda da família. Ele se senta- Caneco, mas a prima Lilian, ainda
va na ponta do banco e esticava os muito pequena, não conseguia
pés para alcançar os pedais. “Uma pronunciar a palavra e o chamava
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Ao lado de Viviane, Senna
usa uma bacia com água
para batizar a boneca da
irmã. O pequeno encarou
o papel de padre durante
a brincadeira, em SP.
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A
brincadeira de infância virou
coisa de gente grande quando
Ayrton Senna (1960-1994),
aos 13 anos, começou a competir
oficialmente no kart. O primeiro
título foi o Campeonato Brasileiro,
em 1978, dando início à uma tra-
jetória recheada de conquistas. “A
vida dele era corrida. Ele andava a
semana inteira de kart sem parar”,
falou Walter Travaglini, que che-
gou a dar aulas de pilotagem para
Senna. Já em 1979, conquistou o
vice-campeonato mundial, feito
“A diferença básica
do kart para a F1 é a
velocidade, de resto é
igual.” (Senna)
A IRRETOCÁVEL E METEÓRICA
TRICAMPEÃO DA FÓRMULA 1, PILOTO COLECIONOU
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Em 1993, Senna agita
a bandeira brasileira ao
vencer o Grande Prêmio
de Donington Park, na
Inglaterra. Passagem
pela F1 foi marcada por
quebra de recordes.
O
s números impressionam.
Foram 41 vitórias, 80 pódios,
65 pole position e três títulos
de Fórmula 1, em 1988, 1990 e
1991. Sem contar todas as con-
quistas e recordes em outras cate-
gorias, como a Fórmula 3 e as
Fórmulas Ford 1600 e 2000.
Definitivamente, Ayrton Senna
(1960-1994) entrava na pista para
ganhar, desafiando a lógica, o tem-
po e a velocidade. “Vencer é o que
importa. O resto é consequência”,
falava ele, que se tornou um herói
nacional ao colocar o nome e a
bandeira do País em destaque no
automobilismo. “O brasileiro só
aceita título se for campeão. E eu sou
brasileiro”, disse ele, cujas conquis-
tas eram sempre embaladas pela
canção Tema da Vitória, uma espé-
cie de hino de sua força. “Quando
você decide por uma direção, uma
meta, tem que dar o seu melhor e
lutar para alcançar aquele objetivo”,
afirmou ele, durante entrevista pa-
ra CARAS, em 1994.
Superação e foco eram os lemas
do piloto, que contornava com
perícia qualquer obstáculo. Na lis-
ta dos feitos improváveis do pau-
listano, destaque para o dia que
venceu a corrida praticamente
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Ainda na Fórmula 3, ele
protagonizou série de
feitos: venceu 13 das 21
corridas, sendo nove
delas consecutivas. Em
1985, no GP da Bélgica,
no qual saiu vitorioso.
“Carregar a
bandeira, para mim,
tem um forte valor
simbólico.” (Senna)
“A responsabilidade
é principalmente com
a meninada, isso me
motiva.” (Senna)
inusitadas da Fórmula 1: no GP de
Silverstone, após ficar sem gasoli-
na na reta final, o brasileiro pegou
uma carona no carro do vencedor
da prova, Nigel Mansell (70), du-
rante a volta da vitória do inglês.
A cena foi tão emblemática que
ganhou até miniatura de colecio-
nador. No mesmo ano, Senna deu
carona para Jean Alesi (59), da
Ferrari. “O Ayron Senna era o
Michelangelo da Fórmula 1!”, co-
mentou o piloto francês. Por falar
em Ferrari, a escuderia italiana era
fã do piloto e chegou a manifestar
a vontade de tê-lo na equipe. Com
Senna, não era diferente, e o bra-
sileiro já tinha dito que gostaria de
encerrar a carreira na Ferrari. O
acordo, porém, não aconteceu.
Se as vitórias do ídolo eram
sempre cercadas de emoção, quan-
do a conquista era em solo verde e
amarelo, a festa era ainda maior.
Em 1993, em seu último pódio no
Brasil, a celebração tomou propor-
ções nunca antes vistas. O público
FOTOS: GETTY IMAGES
N
as pistas, o francês Alain Prost
(69) sempre foi o adverário
declarado de Ayrton Senna
(1960–1994). Ícones da Fórmula
1, eles protagonizaram uma das
rivalidades mais grandiosas do au-
tomobilismo. Os caminhos se cru-
zaram em 1988, quando Senna foi
contratado pela McLaren, escude-
ria pela qual Prost já corria. “Até
hoje, quando se fala de Senna, fala
de Prost, e vice-versa. Ele é parte da
minha vida e carreira. Quando você
tem esse tipo de rival, você se coloca
em outro nível”, já disse Prost.
A grande desavença começaria
em 1989. No GP de San Marino
havia um acordo: um não poderia
ultrapassar o outro durante a pri-
meira volta. No entanto, Senna o
ultrapassou. “Eu não posso ficar
atrás de um cara que é muito lento”,
se justificou o brasileiro. Já no GP
Em fevereiro de 1994,
ele curte o término das
férias em sua fazenda
em Tatuí, no interior de
SP. A velocidade nas
pistas fazia pausa para
ele conseguir pescar!
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A
velocidade era a grande pai-
xão de Ayrton Senna (1960-
1994), mas fora das pistas o
ídolo dividia esse amor com outros
interesses. Nas férias, por exemplo,
a casa de Angra dos Reis, no litoral
fluminense, era um de seus desti-
nos favoritos. Por lá, ele conseguia
colocar em prática hobbies como
andar de jet ski. “Ele era competitivo
até nas brincadeiras e não gostava de
perder de mim, que levava vantagem
por ser mais leve. Por isso, sempre
arrumava um jeito de fazer um motor
mais forte no jet ski dele”, comentou
o sobrinho, Bruno Senna (40).
Precursor da prepração física no
automobilismo, Senna costumava
se sair bem em quase todos os es-
portes, exceto no futebol! Era fã
de ciclismo, tênis e corridas. O
aeromodelismo também tinha lu-
gar de destaque. “Claro que nem
sempre tudo saía perfeito. Uma certa
vez, ele chegou todo contente com
um helicóptero de controle remoto
novo e foi para o jardim pilotar. A
brincadeira durou pouco: tudo o que
ele conseguiu foi decolar o helicóptero
No Rio de Janeiro,
em 1987, com Philippe
Jeantot, em prova de
aeromodelismo. Senna
se refresca após mais
um passeio de jet ski
com os amigos.
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E
ra impossível não se render à
genialidade de Ayrton Senna
(1960–1994) e anônimos e fa-
mosos ficavam encantados com os
feitos do piloto tanto dentro,
quanto fora das pistas. “No que diz
respeito ao empenho, ao compromis-
so, ao esforço, à dedicação, não exis-
te meio termo. Ou você faz uma
coisa bem feita ou não faz”, dizia ele,
cuja lista de ilustres admiradores é
extensa. Vez ou outra, havia até
espaço para a tietagem! Um desses
Em Mônaco, em 1989,
Xuxa e Senna formavam
um dos casais de maior
interesse midiático.
Oficialmente, a relação
acabou após dois anos
de romance intenso.
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Senna teve uma relação
secreta com a modelo
Carol Alt por quase
quatro anos. Em 1993,
ele se rende à leveza e
aos encantos da jovem
Adriane Galisteu.
“A mulher brasileira dá
de 10 a zero em qualquer
outra.” (Ayrton Senna)
“Mesmo vivendo na
clandestinidade, nossa história
foi importante.” (Carol)
F
oi com Adriane Galisteu (50) que Ayrton
Senna (1960–1994) viveu seu último amor.
Um amor leve e descontraído, no qual o
piloto mergulhou em sua essência e quebrou
seus próprios paradigmas. Ao longo de 13 meses
de relação, eles criaram uma conexão única e
que reverbera na vida da apresentadora até os
dias de hoje. “Minha história está guardada com
o maior amor, respeito e carinho dentro da minha
alma, do meu coração. Carrego nossa história co-
mo um escudo, não como um fardo”, diz a apre-
sentadora, em entrevista exclusiva à CARAS.
– Qual a melhor lembrança que tem dele?
– É difícil escolher uma, porque tive grandes
momentos com ele! A gente se divertia muito.
O melhor era tirar ele daquele universo do tri-
campeão mundial e trazer para a vida real e
divertida, acho que tive um pouco esse papel.
Imagina uma menina de 19 anos, apaixonada,
vivendo um conto de fadas; ele tinha esse lado
moleque que as pessoas não conheciam, esse
lado menino, mais divertido, que ficava para os
Foram 13 meses de um
amor puro, que fez o
piloto se reconectar às
suas raízes. Adriane se
lembra com carinho das
pessoas que a ajudaram
após a tragédia.
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D
omingo, 1º de maio de 1994.
O dia em que a tragédia colo-
cou um ponto final na traje-
tória de um dos maiores ídolos do
Brasil. Como de costume, milhares
de brasileiros acordaram cedo para
acompanhar pela TV mais uma
corrida de Ayrton Senna (1960–
1994), no GP de San Marino, em
“Consegui o melhor
tempo, mas não
significa que as coisas
vão bem.” (Senna)
“A Fórmula 1 não
voltará a ser a mesma
depois desse fim de
semana.” (Senna)
“Embora eu seja
totalmente agnóstico,
senti sua alma partir
nesse momento.” (Eric)
“Depois do pódio, me
disseram que ele
estava em coma.”
(Schumacher)
Em SP, na Assembleia
Legislativa, o corpo do
ídolo é velado com uma
bandeira do Brasil e seu
capacete sobre o caixão.
Milhares de pessoas se
reuniram na despedida.
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O caixão com o corpo
de Ayrton Senna chega
ao aeroporto rumo ao
Brasil. Ainda pelas ruas
da Itália, milhares de fãs
dão seu adeus ao gênio
do automobilismo.
U
ma onda de tristeza invadiu o
Brasil após o anúncio da mor-
te de Ayrton Senna (1960–
1994), no fatídico domingo, 1º de
maio, e o sentimento de incredu-
lidade diante da tragédia perdurou
ao longo dos dias que se seguiram.
O corpo do ídolo chegou a SP no
dia 4 de maio após sair da Itália e
No GP da Bélgica, em agosto do
mesmo ano, a pista é palco de
tributo a Senna: “Ayrton, como
posso te esquecer?”. Desespero
de Adriane Galisteu diante da
tragédia. Cortejo em São Paulo.
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