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AULA Nº 19

Resistência aos Antibióticos


O uso massificado dos antibióticos conduziu ao aparecimento de estirpes
bacterianas multi-resistentes aos mesmos. A multi-resistência consiste na resistência de
uma bactéria a um conjunto de antibióticos.

Definição
De um modo geral, a resistência antibiótica caracteriza-se pela capacidade de
uma bactéria resistir aos efeitos de um antibiótico.
Existem duas definições diferentes para resistência aos antibióticos:

 Definição Terapêutica
Uma estirpe é resistente quando a concentração de antibiótico que ela é capaz de
suportar é elevada que a concentração que se pode atingir in vivo. Isto é, a bactéria
torna-se resistente quando a concentração mínima inibitória (CMI) não é suficiente para
a matar.

 Definição Microbiológica
Uma estirpe é resistente quando é capaz de suportar uma concentração de
antibiótico mais elevada do que aquela que é capaz de inibir o desenvolvimento da
maioria das estirpes da mesma espécie. Por exemplo, se dentro de uma espécie tivermos
100 bactérias sensíveis e apenas uma resistente, esta última é resistente a nível
microbiológico uma vez que esta classificação se aplica apenas a uma estirpe e não às
outras suas semelhantes.

Tipos
1. Resistência natural
Característica presente em todas as estirpes da mesma espécie.
Algumas bactérias conseguem ganhar resistência sintetizando os próprios
antibióticos que são criados para as inibirem.
Outras bactérias podem ainda ter este tipo de resistência por ausência do
sistema de transporte ou o alvo do antibiótico.

1
Por exemplo, as espécies Gram negativas
são resistentes à vancomicina porque o seu
elevado peso molecular e hidrofobia não
permitem a sua difusão através da membrana
externa da parede celular bacteriana, via canais de
porina. Esta membrana externa estabiliza a
permeabilidade da barreira plasmática contra o
Figura 19.1 – Resistência natural
antibiótico.
das bactérias Gram negativas

2. Resistência adquirida
Característica que só aparece em algumas estirpes duma dada espécie
normalmente sensível. Este tipo de resistência refere-se às estirpes que no seu estado
selvagem eram susceptíveis a um dado antibiótico e que devido à utilização de
antibióticos passaram a ser resistentes a antibióticos.
As resistências adquiridas podem ainda ser divididas em:
• Resistência por mutação cromossómica
Modificações
• Resistência por aquisição de genes genéticas
• Resistência por rearranjos intra-moleculares no DNA

 Resistência por mutação cromossómica


Caracteriza-se pela alteração de uma sequência genómica e, consequentemente,
o antibiótico deixa de reconhecer o sítio onde se liga normalmente.
É geralmente simples, atinge apenas um antibiótico, porque dificilmente uma
bactéria sofre mutações simultaneamente para dois ou mais antibióticos.
Pode ser de dois tipos:

Alteração dos alvos onde o antibiótico actua


Exemplos: - PBP (Proteína de ligação à penicilina) girase
Os antibióticos β-lactâmicos inibem as PBPs na parede celular
bacteriana. As PBPs são então o alvo destes antibióticos e, por isso,
qualquer alteração na sua conformação implicará o não
reconhecimento do sítio onde o antibiótico normalmente se liga.
- ARN polimerase

2
- Proteínas ribossomais
Se a sequência de RNA for alterada também não será reconhecida
pelo antibiótico.
Nestes casos, a resistência é limitada a antibióticos do mesmo grupo,
isto é, normalmente se é resistente a um dado antibiótico também é
resistente aos seus semelhantes.

Alteração dos canais de transporte dos antibióticos


Os canais de transporte são proteínas, normalmente porinas localizadas na
membrana externa das Gram negativas, através dos quais entram metabolitos. Assim, se
estas forem alteradas, os canais deixam de ser permeáveis ou específicos para certas
substâncias (por exemplo, os antibióticos).
Exemplos: - K. Pneumoniae (bactéria gram negativa)
- Ácido nalidíxico
- Cloranfenicol Antibióticos
- Trimetoprim

A pressão selectiva exercida pelos antibióticos promove a sobrevivência das


bactérias mutantes (resistentes ao antibiótico) face às bactérias susceptíveis ao
antibiótico que são destruídas. Por exemplo, no caso da bactéria causadora de
tuberculose existem poucos organismos naturalmente resistentes à Estreptomicina. No
entanto, em breve serão estes organismos resistentes que dominarão a população.

 Resistência por aquisição de genes


Algumas bactérias adquirem genes (DNA estranho) de outras bactérias vizinhas
(naturalmente resistentes). As bactérias vizinhas quando morrem por exemplo,
permitem a transferência de uma porção de DNA e a bactéria que o recebe fica então
resistente.
Os genes adquiridos podem actuar de quatro maneiras diferentes:

1) Diminuição da concentração intracelular do antibiótico


Exemplo: Tetraciclina Gene TetA e TetB.

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(é necessário que o antibiótico já esteja no citoplasma para que os genes sejam
activados)
2) Destoxificação do antibiótico
Exemplo: β-lactamases e aminoglicosido tranferases. Estas enzimas são produzidas
pelas bactérias e actuam contra os antibióticos.

3) Modificação do alvo
Exemplo: Eritromicina. Este antibiótico é indutor de metilases. A metilação de adeninas
e citocinas faz com que as enzimas já não actuem.

4) Substituição de um alvo sensível por um resistente.


Exemplo: Sulfamidas

A aquisição exógena de DNA, isto é, a transferência genética bacteriana entre


células dadoras e receptores, seguida de recombinação genética, pode ocorrer por 3
processos:
Transformação
Transferência directa de DNA livre de uma célula
dadora para o interior de uma célula receptora. A molécula de
DNA após absorção à superfície celular, atravessa a parede
celular e a membrana citoplasmática bacteriana.
Este tipo de transferência genética é típica entre
bactérias lisadas e bactérias competentes viáveis.

Figura 19.2 – Transformação

Transdução
Transferência de material
genético de um dador para um receptor,
mediado por um vírus específico de
bactérias (fago ou bacteriófago). Quando
um fago desencadeia um ciclo lítico (lise
da célula dadora), originam- -se fagos

Figura 19.3 – Transdução


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com DNA bacteriano incorporado no seu genoma. O fago híbrido perde a sua
capacidade lítica e quando parasita uma nova célula bacteriana específica incorpora o
seu material genético no cromossoma bacteriano. A incorporação de DNA no
cromossoma bacteriano faz-se por recombinação e a célula receptora passa a ter novas
características, nomeadamente resistência aos antibióticos.

Figura 19.4 – Diferença entre transformação e transdução

Conjugação
Transferência directa de
material genético entre duas células
(dadora e receptora) através de
contacto físico. Por exemplo, nas
bactérias Gram negativo há passagem
de um tubo proteico de conjugação
(PILI). Figura 19.5 – Plasmídeo R com genes para
resistência a antibióticos

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Este tipo de transferência genética é mediado por plasmídeos F (plasmídeos de
fertilidade), como por exemplo o factor R que contém genes de resistência aos
antibióticos.
A resistência mediada por plasmídeo R pode ser simples, mas, na maioria das
vezes, é múltipla e, por isso, torna a bactéria resistente a dois ou mais antibióticos.

A aquisição exógena de DNA por estes 3 processos promove a disseminação de


resistência a antibióticos entre estirpes bacterianas da mesma espécie ou de espécies
diferentes.
 Resistência por rearranjos intra-moleculares no DNA
A maior parte dos genes que conferem resistência aos antibióticos estão
localizados em estruturas genéticas móveis, como por exemplo:

Transposões
o Sequências de DNA de cadeia dupla capazes de promover a sua própria
transposição entre plasmídeos, de um plasmídeo para o cromossoma e vice-versa
o São constituintes comuns do cromossoma bacteriano, de plasmídeos e de
bacteriófagos.

Integrões
o Elementos genéticos móveis;
o Têm genes para a resistência a antibióticos, tal como os anteriores.

Sensibilidade
 Sensível
Estirpe que pode ser atingida por um tratamento da dosagem habitual por via
geral. O tratamento dado ao indivíduo leva à morte da bactéria.

 Resistente
A estirpe não pode ser atingida qualquer que seja o tipo de tratamento.

 Intermediária (moderadamente sensível ou moderadamente resistente)


Estirpe que pode ser atingida por:

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- Tratamento local
- Aumento das dosagens por via geral
- Concentração fisiologia particular (urina, bílis)

Este tipo de bactérias depende das condições do doente e do local onde o


antibiótico deve actuar, uma vez que a dosagem não é sempre igual em todas as partes
do corpo humano. Assim, nas regiões onde se acumulam muitos metabolitos (rim e
bílis) quando existem infecções não devem ser usados antibióticos direccionados a
bactérias sensíveis, mas sim antibióticos para bactérias intermediárias pois estes
acumulam-se nesses locais (aumentam a sua concentração) e, consequentemente, estas
bactérias passam a ser sensíveis. Nestas situações, uma concentração normal de
antibiótico não serve, mas basta que esta seja um pouco superior para que já torne a
bactéria sensível. Ao mesmo tempo, a bactéria é resistente para uma dosagem um pouco
abaixo da necessária para ser sensível e morrer.

Exemplos
 Resistência às β-lactaminas
Antibióticos que actuam na membrana, não entram na bactéria (com excepção
destes, os restantes antibióticos terão de atravessar a parede celular e membrana
citoplasmática para exercer a sua função).

• β-lactamases
Estas enzimas são as responsáveis pela resistência aos antibióticos β-
-lactâmicos;
Hidrolizam o anel β-lactâmico tornando o antibiótico inactivo;
À medida que novos antibióticos (β-lactaminas, neste caso) são usadas, as
bactérias vão alterando a conformação das β-lactamases;
As bactérias podem ainda produzir enzimas que destroem o núcleo β-
-lactâmico característico deste tipo de antibiótico.
• Alteração das PLP (PBP)
Estas enzimas são sintetizadas pelas bactérias e são importantes ao nível da
síntese do peptidoglicano;

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Antibiótico não reconhece a estrutura uma vez que há alteração da
conformação do alvo;
Esta PBP alterada não tem afinidade para os antibióticos β-lactâmicos, mas
substitui funcionalmente as PBP clássicas que são inibidas naturalmente pelos
mesmos.
• Modificação na permeabilidade da membrana (porinas)
Quando há alteração conformacional das porinas, o antibiótico deixa de poder
entrar na bactéria;
Mutações nos genes Omp (porinas) podem impedir a sua acção.

Figura 19.6 – Exemplo de uma bactéria Gram negativa (com membrana externa)

• Antibiótico passa normalmente pela porina e pelo peptidoglicano;


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• A ligação da penicilina às PBPs é semelhante à reacção antigénio-anticorpo;

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• A enzima β-lactamase fica inutilizável e, por isso, não há síntese do
peptidoglicano. Consequentemente, a bactéria deixa de ter rigidez e a diferença de
pressão osmótica leva à sua lise.

• Bactéria sintetiza enzimas (β-lactamases) que degradam o antibiótico (penicilina);


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• PBPs ficam livres;
• Bactérias tornam-se resistentes pela produção de β-lactamases.
Esta situação é uma consequência da morte da bactéria numa primeira exposição ao
antibiótico.

• Forma de enganar as bactérias


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• Simultaneamente, há adição de antibiótico e uma substância semelhante ao mesmo
mas que não é activa;
• Esta substância (por exemplo, ácido clavulânico) é dada em excesso relativamente
ao antibiótico e, por isso, as β-lactamases actuam sobre estas deixando de estarem
activas (β-lactamases são “enganadas”);
• O antibiótico fica livre e vai ligar-se às PBPs (alvo), impedindo assim que haja
síntese do peptidoglicano;
• Consequentemente, bactéria morre.

Figura 19.7No primeirodacaso:


– Ligação β-lactamina ao receptor PBP
o Ligação perfeita entre a β-
lactamina e o receptor PBP.
Bactéria morre.

No segundo caso:
o Com a alteração da
conformação da PBP, há
pouca afinidade e a β-
-lactamina solta-se.
Consequentemente, a
bactéria não morre.

 Resistência aos aminósidos

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Antibióticos que actuam dentro da bactéria (a nível do ribossoma).

• Resistência natural
Anaeróbios aerotolerantes
Para atravessarem a membrana é necessário consumirem energia. Como as
bactérias anaeróbias não têm cadeia respiratória a nível da membrana, não têm maneira
de consumir energia e, por isso, são naturalmente resistentes aos antibióticos. Por outras
palavras, por falta de transportadores oxidativos, este tipo de bactérias torna-se
intrinsecamente resistente aos aminósidos.
• Resistência adquirida
Alteração mutacional do alvo do antibiótico (ribossoma) leva ao impedimento
da interacção antibiótico-alvo e, consequentemente, não há inibição da síntese
proteica pelo antibiótico.
• Interferência com o transporte do antibiótico
Porinas localizadas na membrana externa podem ser alteradas por mutação ou
delecção, impedindo a difusão através dos canais de porina.
(Impermeabilização da membrana externa).
• Destoxificação enzimática:
APH aminosido-fosfotransferase
ANT aminosido-nucleotidiltransferase
AAC aminosido-acetiltransferase
Estas enzimas, localizadas em
plasmídeos e transposões, vão inactivar
enzimaticamente os antibióticos,
promovendo a sua acetilação ou
fosforilação. Quando o antibiótico entra pela Figura 19.8 – Inactivação dos
primeira vez na bactéria, esta morre. No aminósidos por acetilases (AAC),
entanto, aquando de uma exposição adenilases (AAD) e fosfotransferases
posterior, a bactéria já criou estas enzimas (APH)
que vão inactivar o antibiótico.
(Bactérias passam a sintetizar o próprio antibiótico)

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 Resistência às quinolonas

• Mutação cromossómica
Alteração da girase (mutação nos
genes gyrA e gyrB);
Alteração da topoisomerase IV
(mutações no gene parC ou parE)
• Redução do número de porinas
• Diminuição da acumulação
(Bomba de Efluxo)
Também designado de bomba de
expulsão;
São normalmente translocases
Figura 19.9 – Resistência às quinolonas
localizadas na membrana
plasmática;
Diminuição da concentração intracelular por efluxo do antibiótico;
Por exemplo nas tetraciclinas, caso esta não esteja em concentração suficiente
é enviada para o exterior através desta bomba;

O antibiótico não atinge intracelularmente concentração (< CMI) para inibir o


crescimento bacteriano. O antibiótico ao atingir a bactéria é enviado através
desta bomba para o exterior, uma vez que este não tem concentração suficiente
para a matar.

Figura 19.10 – Bomba de efluxo

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 Resistência ao cloranfenicol
Antibióticos que actuam como bacteriostáticos, inibindo apenas o crescimento
das bactérias.

• Resistência plasmídica
• Mutação ribossómica
Mudança na subunidade 23 do rRNA
• Resistência enzimática
A resistência bacteriana ao cloranfenicol é mediada por uma enzima
inactivadora do antibiótico, a cloranfenicol-acetiltransferase que é codificada
pelo plasmídio R;
Os 2 grupos hidroxilos do cloranfenicol são acetilados pela claranfenicol
acetiltransferase, tendo como doador o acetil-CoA;
A adição de grupos acetil inactiva o antibiótico.

Figura 19.11 – Reacção da cloranfenicol-acetiltransferase

 Resistência às sulfamidas
Antibióticos que actuam por competição inibitória com a dihidropteroato
sintetase.

• Resistência natural

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• Resistência adquirida
Mutação cromossómica: cromossoma
diminui permeabilidade pelas porinas;
Aquisição de plasmídeo;
Mutação nos genes que codificam DHPS
(dihidropteroato sintetase) e DHFR
(dihidrofolato redutase).
• Hiperprodução de PAB
Ácido paraminobenzóico (cofactor) é
indispensável para a síntese dos ácidos
nucleicos (síntese de folatos);
PBA é semelhante estruturalmente à
sulfamida, daí que haja competição entre
ambos. Assim, se a concentração da
sulfamida for superior à do PAB este
último fica inactivo e a sulfamida acaba
por ocupar-lhe o lugar e a bactéria
morre. Pelo contrário, se a concentração
do ácido for superior, bactéria fica
resistente. Figura 19.12 – Síntese de folatos
• Hiperprodução de DHFS (dehidrofolato
sintetase)
Não é inibida pelas sulfamidas;
Esta enzima tem como substrato o PAB. Se a concentração de sulfamida for
elevada, a DHFS é inactivada e o PAB continua livre.
• DHFS mutação resistente
A sulfamida não actua sobre esta, daí que haja síntese na mesma de purinas e
pirimidinas;
Produção de uma forma de dihidropteroato sintetase com baixa afinidade para
as sulfamidas, sem alteração na afinidade para o PAB.
• Plasmídeo DHFS adicional
• Diminuição de permeabilidade

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 Resistência aos nitrofuranos e nitro-imidazóis
Antibióticos que quando em elevada concentração inibem enzimas do ciclo de
Krebs, síntese DNA e RNA e síntese total de proteínas.

• Actividade nitro-redutase diminuída


Esta enzima permite a passagem de nitrato a nitrito (tóxico)
Se a sua concentração estiver reduzida, a bactéria já não forma nitritos e,
consequentemente, não há degradação do DNA (resistência)

 Resistência à rifampicina
Antibióticos inibidores da síntese de mRNA.

• Resistência por mutação cromossómica


Mutação na subunidade β’ da RNA polimerase.
• Impermeabilização da membrana externa

Figura 19.13 – Resistência à Rifampicina


 Resistência à tetraciclina

• Resistência por insuficiente concentração intracelular


Actividade exagerada da bomba de efluxo;
Genes mutantes superexpressam proteínas transportadoras de membrana
responsáveis pela entrada e saída de substâncias no meio citoplasmático,
fazendo com que a retirada do antibiótico para o meio extracelular seja mais
rápida que a sua difusão pela membrana bacteriana, mantendo uma
concentração insuficiente dentro da bactéria e deixando de actuar como
bloqueador de funções celulares.
• Impermeabilização da membrana externa das bactérias Gram negativo
• Mecanismo de efluxo

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Dependente de Energia;
Através de proteínas inseridas na membrana citoplasmática (TetA, B, C, D, E);
Mecanismo mais frequente.
• Protecção do ribossoma bacteriano
Por proteínas que bloqueiam a ligação da tetraciclina ao ribossoma (TetM, O,
S, B e Q).

TetB – Proteína de resistência à tetraciclina


TetR – Proteína reguladora/repressora

TetR regula a expressão de proteínas resistentes à


tetraciclina. A proteína TetR é um repressor da
proteína de resistência TetB.

Na ausência de tetraciclina:
TetR é ligada ao operão tetO2.

Na presença de tetraciclina:
TetR liga-se à tetraciclina alostericamente e
dissocia-se do tetO2, permitindo a expressão das
Figura 19.14 – Regulação do efluxo
proteínas de resistência à tetraciclina.
mediada por repressores

Figura 19.15 – Antiporte TetA(B)/H+

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Classes de Mecanismos de resistência a
Exemplos
antibióticos antibióticos
Gentamicina 1. Alteração do alvo
Aminoglicósidos Kanamicina 3. Inactivação do antibiótico
tobranicina
4. Efluxo activo
Ansamicinas Fifampicina
1. Alteração do alvo
2. Redução na permeabilidade celular
1. Alteração do alvo
Penicilinas
β-lactâmico 3. Inactivação do antibiótico
Meticiclina
3. Isolamento de um antibiótico por uma
proteína
2. Redução da permeabilidade celular
Fenicóis Cloranfenicol 4. Efluxo activo
3. Inactivação do antibiótico
Vancomicina
Glicopéptidos 1. Alteração do alvo
Teicoplanina
4. Efluxo activo
Eritromicina
Macrólidos 1. Alteração do alvo
Claritromicina
3. Inactivação do antibiótico
1. Alteração do alvo (DNA girase)
Quinolonas e Ácido Nalidíxico 2. Defeito da difusão através na membrana
Fluoroquinolonas Norfloxacina externa
4. Efluxo activo
4. Efluxo activo
Sulfonamidas ou Co-trimonazole 3. Via metabólica alternativa
Trimethoprim 1. Hiperprodução do alvo onde antibiótico
actua
2. Redução na permeabilidade celular
Tetraciclina
4. Efluxo activo
Tetraciclinas Minociclina
1. Alteração do alvo
3. Via metabólica alternativa

Quadro 19.1 – Quadro resumo da resistência a antibióticos

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Avaliação laboratorial
 Antibiograma
O antibiograma é um teste feito in vitro que mede a resistência ou sensibilidade
de uma bactéria específica a vários antibióticos e, assim, permite a determinação de qual
o antibiótico mais adequado ao tratamento da doença provocada pela bactéria em
estudo.

Objectivo

• Analisar o espectro de sensibilidade/resistência a antibióticos de uma bactéria;

• Determinar a concentração mínima inibitória (CMI).

Procedimento
• Neste teste há a utilização de caixas de Petri com um meio de cultura de gelose
(Agar Mueller-Hinton) onde semeamos a bactéria por espalhamento;
• O antibiótico é impregnado nuns discos de papel de filtro (discos de difusão)
colocados na caixa inoculada com a bactéria. Este antibiótico vai difundir-se ao
longo do meio de gelose (dispersão em torno de um círculo);

Resultados
• Interpretação da susceptibilidade baseia-se na medida do halo de inibição do
crescimento bacteriano formado ao redor do disco;
• Microrganismos que apresentarem resistência in vitro também serão resistentes in
vivo. Por outro lado, microrganismos apresentando sensibilidade in vitro podem
ser resistentes in vivo;

• A formação de um halo transparente sobre a superfície do meio, ao redor de um


disco de antibiótico, indica uma região com ausência de crescimento bacteriano,
revelando a acção inibitória do antibiótico sobre a bactéria.

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Zona correspondente à CMI
(concentração mínima que
Resistência muito elevada
(Bactéria cresce junto ao disco) impede a multiplicação da
bactéria)
Diâmetro muito pequeno
A partir deste ponto, a
concentração de
Concentrações decrescentes antibiótico já não é
de antibióticos Figura 19.16 – Antibiograma suficiente para que a
bactéria morra

Isto não significa que o antibiótico parou de funcionar


Indica apenas que já não é suficiente

Através do antibiograma podemos ainda estabelecer uma relação entre a


resistência/sensibilidade da bactéria e o seu diâmetro que pode ser consultado em
tabelas.

 Determinação da CMI

Macrométodo
• Série de tubos com diluições sucessivas de antibiótico;
• Adicionar mesma quantidade de bactérias em todos os tubos;
• À medida que a concentração de antibiótico diminui, o tubo torna-se turvo (há
crescimento de bactérias);
• Quando a concentração de antibiótico é muito elevada, não existem bactérias;
• O primeiro tubo com turvação (crescimento bacteriano) visível corresponde ao
valor da CMI.

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Bactéria cresce neste sentido
porque concentração de
antibiótico vai diminuindo
progressivamente
(começa a notar-se a turvação)

Figura 19.17 – Determinação da CMI de um antibiótico em meio líquido

Micrométodo (Placa de Elisa)


• Pode ser usado para vários antibióticos simultaneamente;
• Em cada linha aplica-se um determinado antibiótico;
• Fundamento semelhante ao macrométodo (diluições sucessivas
de antibiótico, mesma quantidade de bactéria);
Figura 19.18 – Micrométodo
• Objectivo: determinar CMI.

Eteste
• Tira de papel colocada na caixa inoculada com a bactéria;
• Disponível para todos os antibióticos;
• Esta tira tem um gradiente de concentração (concentrações crescentes de
antibiótico) para se determinar quantitativamente a sensibilidade ou resistência
de qualquer microrganismo.
• Objectivo: determinar CMI.

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Concentração crescente de antibiótico
(aumenta o halo à volta da tira)

Bactéria não cresce nesta zona


(concentração de antibiótico elevada)

CMI – Ponto de intersecção entre zona de


inibição e a escala da tira.
A partir desta zona a bactéria cresce
Figura 19.19 – Determinação da CMI por Etest

Bibliografia usada para a aula nº19:


Slides das Teóricas

Prescott, Harley, and Klein’s MICROBIOLOGY, de Joanne M. Willey, Linda M.


Sherwood e Christopher J. Woolverton, Edição Internacional – 7ª edição, McGrawHill,
Cap. 34

Antibióticos Anti-bacterianos, João Carlos de Sousa, Publicações Farmácia Portuguesa,


Associação Nacional de Farmácias – 1ª Edição, Cap. 6, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 17, 18 e 19
(Livro recomendado pelo professor que deu a respectiva aula teórica)

www.textbookofbacteriology.net

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