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Erechim
2023
RAFAELA MORONI BALD
Erechim
2023
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BANCA EXAMINADORA
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AGRADECIMENTOS
com você. Amo você! Obrigado por ser compreensivo, a esse super esposo, amigo e pai todo
meu amor.
Agradeço às minhas amigas de curso Alice, Taina e Tamara, por fazerem as noites mais
divertidas, sempre com nosso bom e fiel chimarrão, acompanhado com comidinhas seguimos
firmes nossa graduação, uma sempre incentivando a outra. Obrigado por me ajudarem sempre
que necessário, e por tornarem essa caminhada mais leve, cheia de aprendizados e crescimento.
Vocês foram lindas amizades que a UFFS trouxe para mim, para toda vida.
Agradeço a Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus de Erechim, e seus
docentes, que de 2017 a 2023 compartilharam seus saberes e estudos, para que eu chegasse até
aqui, e que durante esse tempo oportunizaram um curso de qualidade. Com certeza me tornei
uma pessoa melhor e cheia de conhecimentos após fazer parte desta família UFFS.
Agradeço ao meu orientador professor Aníbal Guedes por acreditar e incentivar a
realizar esta pesquisa com as práticas holísticas. Desde a primeira aula que tivemos no começo
da graduação algo me dizia que nossos caminhos iriam se encontrar novamente e aqui estamos
desenvolvendo esta importante pesquisa, por acreditarmos na possibilidade de mudar os velhos
paradigmas educacionais. Pautados por uma educação holística, uma esperança transformadora
que contribuirá para a formação humana. Obrigado por tudo e por tanto.
Um agradecimento especial ao universo e as práticas holísticas que transformaram
minha vida. Através da terapia como Reiki, mudei por inteira, passei a ver o mundo com outros
olhos, mais humanos e amorosos. A esta transformação devo minha gratidão a Mestre Celso,
que através da sua simplicidade e amorosidade mostrou uma nova vida. Gratidão plena!
Por fim, agradeço ao meu filho Antônio que chegou a pouco tempo em nossas vidas. O
combinado era a mamãe ter você depois que me formasse, mas o universo nos presenteou
antecipadamente e isso foi transformador, obrigado por ter me escolhido para ser sua mamãe!
Por fim, agradeço a mim, por ter acreditado que mesmo depois de muitos anos sem
estudar, daria conta de cursar uma Universidade. Foram muitos desafios, principalmente no
começo da graduação, tive dificuldades na escrita, nas interpretações de textos, na matemática,
mas todos superados e hoje posso dizer que tudo foi um enorme aprendizado, uma
transformação de todo meu ser. Hoje, olhando para traz, posso dizer que muito evolui enquanto
ser humano e quanto educadora e posso dizer que VENCI, essa vitória é para mim e para todas
as pessoas que amo e que me ajudaram a estar vivendo este momento. Minha Gratidão a todos
(as).
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RESUMO
Pautada em uma visão ecossistêmica, a educação holística é o caminho para uma nova era
educacional, onde valoriza a criança no todo, nutrindo um conhecimento que brota de dentro
para fora. Atualmente as crianças que estão em estágio escolar estão sofrendo sintomas
coletivos de ansiedade e medo, uma insegurança assombra seus corações. Esses sintomas
afetam seu desenvolvimento educacional e social. A partir disso, buscou-se desenvolver
intervenções com práticas holísticas, com uma turma de crianças do quarto ano dos Anos
Iniciais de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental. Dentre as práticas desenvolvidas e
as que mais se destacaram e foram aceitas pelas crianças estão a respiração profunda, as plantas
medicinais e a terapia com o Reiki. Diante do resultado obtido constatou-se que as práticas
holísticas contribuem para a aprendizagem e saúde mental das crianças. Durante as intervenções
a cooperação, a solidariedade, e o cuidado com o outro prevaleceram. As crianças em sua
grande maioria gostaram das propostas práticas, dentre elas a confecção de incensos naturais,
saches feitos com plantas medicinais, escalda pés e construção de um canteiro de plantas
medicinais. Assim, a educação holística pode transformar o todo traz uma esperança de
construção de um novo paradigma educacional praticante.
Palavras-chaves: Educação Holística, anos iniciais do ensino fundamental, aprendizagem,
crianças.
28
ABSTRACT
Guided by an ecosystemic vision, holistic education is the path to a new educational era, where
it values the child as a whole, nurturing knowledge that springs from the inside out. Currently,
children who are in school stage are suffering collective symptoms of anxiety and fear, an
insecurity haunts their hearts. These symptoms affect their
educational and social development. Based on this, we sought to develop interventions with
holistic practices, with a group of children in the fourth year of the Early Years of a Municipal
Elementary School. Among the practices developed and those that stood out the most and were
accepted by the children are deep breathing, medicinal plants and Reiki therapy. In view of the
results obtained, it was found that holistic practices contribute to children's learning and mental
health. During the interventions, cooperation, solidarity, and care for the other prevailed. The
vast majority of children enjoyed the practical proposals, including the making of natural
incense, sachets made with medicinal plants, foot baths and construction of a medicinal plant
bed. Thus, holistic education can transform the whole brings hope of building a new practicable
educational paradigm.
Keywords: Holistic Education. Early years of elementary school. Learning. Children.
29
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 17: Crianças que participaram da pesquisa juntamente com a pesquisadora. ............... 80
30
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
O estágio foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Tancredo Neves, do Município de Itatiba
do Sul- RS.
2
A pesquisa proposta pela professora era sobre “Quem veio antes o ovo ou a galinha?” O objetivo além dos dados
obtidos, era instigar os grupos a exercitar a fala e o trabalho em grupo. Uma tentativa de promover a cooperação
entre as crianças.
15
bem, e, espalhavam isso pela cidade. Logo, outras pessoas começaram a procurar esse
atendimento, e hoje, as agendas estão cheias de pacientes esperando por um atendimento.
O projeto é apoiado e custeado pelo governo municipal, que, disponibiliza do espaço e
recursos financeiros para pagar os profissionais e materiais que são utilizados. A Secretaria de
Saúde do município, apoia incansavelmente este projeto, pois, vê os resultados obtidos, uma
população mais saudável, que utiliza menos remédios farmacológicos e mais chás medicinais,
tendo assim, uma melhor qualidade de vida, onde o prevenir é a ferramenta para se evitar futuras
doenças, principalmente as mentais (CARVALHO, 2015).
Diante disso, se faz necessária uma pesquisa mais aprofundada acerca do holismo e da
Educação Holística, uma educação humana, que possibilita novas aprendizagens e oportuniza
o contato com diversas abordagens, entre elas terapias, que contribuam na formação pedagógica
e humana de nossas crianças em aprendizagem escolar. Desse modo, como as práticas holísticas
contribuem nos processos de aprendizagens e na saúde mental das crianças?
Como objetivo geral deste trabalho, a ideia é propor e desenvolver práticas pedagógicas
que envolvam a Educação Holística nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Escola
Municipal Tancredo Neves no município de Itatiba Do Sul-RS. Dessa maneira, uma
considerável oportunidade de vivenciar e experienciar de fato como as práticas holísticas podem
ajudar e melhorar as aprendizagens educacionais e humanas. Assim, os objetivos específicos
preteridos pela pesquisa de TCC são os seguintes:
2 REFERENCIAL TEÓRICO
espaço para a expressão e para o relaxamento. A partir de levantamento realizado também são
indicadas formas de como essas práticas podem ser abordadas no dia a dia da Educação Infantil.
Rocha, Flores e Marques (2015) em seu artigo “Fundamentos da meditação no Ensino
Básico: Transdisciplinaridade Holística E Educação Integral”, verifica em que medida as
práticas contemplativas, como a meditação, podem contribuir para a construção de significados
que ultrapassem os conhecimentos práticos do cotidiano. Diante ao exposto, constatou-se que
a prática da meditação pode contribuir para o desenvolvimento do pensamento como atividade
do espírito em processos de autoconhecimento. Além de desenvolver a capacidade de crítica
sobre a presença de cada um no mundo, a criança ampliará sua compreensão a respeito da
natureza e seu estar no mundo, caracterizando os princípios de alfabetização científica num
processo integrado de desenvolvimento.
Carvalho (2015) em seu trabalho de conclusão de curso, “Minha escola, meu meio:
projeto que busca aprimorar a qualidade do meio ambiente escolar”, analisa a relação dos
educandos com o meio ambiente de uma escola municipal do litoral baiano e a indagação sobre
as consequências provenientes dessa relação, a fim de refletir e buscar soluções para o
aprimoramento da qualidade do meio ambiente escolar. Ao final, constata que é imprescindível
se efetivar a educação ambiental nos diversos níveis de ensino na escola, proporcionando maior
conscientização dos alunos em relação à preservação do meio ambiente escolar. O
aprimoramento do meio ambiente escolar atenderá às soluções das principais questões que
interferem na evolução da prática pedagógica, sensibilizando e formando futuros cidadãos.
O artigo “Teoria Humanista: Carl Rogers e a Educação” de Lima (2018), tem por objetivo
compreender as concepções de Carl Rogers sobre a educação. Para a realização deste estudo,
optou-se por uma revisão sistemática de literatura em psicologia, embasada fundamentalmente
sobre o assunto abordado, contendo como referenciais artigos publicados em bancos de dados,
livros e dissertações de mestrado no período de 1973 a 2016. Assim, Carls Rogers com seus
pensamentos humanísticos da personalidade contribuiu grandemente para uma visão mais
holística e sistêmica da pessoa, por acreditar que cada ser em si é capaz de se autorregular em
busca de saúde e bem-estar, por acreditar na capacidade do estudante em ser o gestor do seu
próprio aprendizado.
Sato (2019) em seu trabalho de conclusão de curso mostra como a prática do Yoga desde
os anos iniciais da escola, traz diversos benefícios. Entre eles: a melhora da capacidade de
concentração, o foco, a redução da ansiedade, a flexibilidade, o equilíbrio, a respiração correta
e a postura apropriada. Em sua metodologia, a autora analisa como a prática do Yoga pode ser
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Na maioria dos trabalhos pesquisados e estudados o que tem maior significação são as
práticas holísticas desenvolvidas com as crianças, sendo que, a prática holística com maior
destaque é a meditação, pois ela acalma, estimula o raciocínio e a concentração, além de
proporcionar bem-estar e relaxamento, promovendo também melhora na autoestima e a na
criatividade. Assim, estas práticas têm maior aderência ao meu projeto de pesquisa, trazendo
um maior conhecimento sobre a meditação que será uma prática holística a ser desenvolvida
com as crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Escola Municipal Tancredo Neves
De Itatiba do Sul-RS
2.2 HOLISMO
O termo holismo é um conjunto formado pelo todo universal, onde, o todo não é o todo
sem as partes e as partes não são nada fora do todo, de acordo com os estudos de Carvalho
(2015). Isto é, o holismo percebe o universo como uma rede de inter-relações dinâmicas e
orgânicas, estamos todos interligados. Para muitos estudiosos, como Cardoso (1996), Yus
(2002), Figueiredo (2007), Tiriba (2018) que estudam sobre o holismo, essa visão abre um novo
caminho para os processos educativos do novo milênio, baseando-se nos fundamentos do
holismo. Diante disso, se faz a necessidade e desafio em criar uma sociedade sustentável e
humana, justa e pacífica e que esteja em harmonia com a terra e com a sua vida. Para isso, a
visão holística contribui nesse processo, pois ela tem a capacidade de ampliar nossa visão e
relação com o mundo, somos seres dotados de potencialidades, e a visão holística enxerga e
reconhece nosso intuitivo, emotivo, físico, imaginativo e o criativo, bem como o racional, o
lógico e o verbal, vistos pela perspectiva de Carvalho (2015).
Diante aos expostos, como já mencionado, vivemos em uma era onde sentimos que a
sociedade está enfraquecida, o ambiente natural sendo destruído, o social e psíquico sofrendo
agressões perversas, principalmente durante e após a pandemia afetada pelo vírus COVID-19,
nossas emoções sendo colocadas à prova diariamente, num jogo de soberba e de achismos onde
o “Ter” é mais importante que “Ser” (CARVALHO, 2015).
Estas situações estão cada vez mais fortes e sentidas e urge a necessidade de mudanças,
o planeta pede por isso. Para pensarmos em uma nova sociedade, precisamos então pensar em
uma nova educação. Ao encontro deste novo caminho, a visão holística, guia para encontrar
novas propostas educacionais para essa questão, propostas que valorizam as pessoas por inteiro,
22
acolhendo toda bagagem social, emocional e espiritual, propostas que sejam prazerosas,
sentidas e vividas intensamente, promovendo e despertando as melhores habilidades que estão
por muitas vezes silenciadas e aprisionadas pela sociedade como um todo. A visão holística da
educação é um novo modo de relação do ser humano com o mundo, uma nova visão do cosmos,
da natureza, da sociedade, do outro e de si mesmo (FIGUEIREDO, 2007).
Desse modo, a sociedade adoeceu, nossas crianças estão desde pequenas sofrendo as
angústias dos adultos, por que estes acabam por transmitir esta insegurança coletiva, nossas
crianças já não têm tempo de “Ser criança” tem seu tempo preenchido com diversas atividades,
precisam estar ocupadas, conforme expõe Tiriba (2018). Na escola, seguem um sistema
mecanizado, onde acreditam ser o melhor, mas será que este sistema prepara as crianças para a
vida? Ou para servir a sociedade alienada a um jogo de interesses? Desse modo, a nova
educação, denominada educação Holística, quer:
[...] ajudar cada criança a descobrir e a desenvolver seus próprios talentos e dotes, e
desenvolvê-los de maneira natural, de dentro para fora, sem pressão. A meta é
fortalecer o crescimento do estudante por meio de sua autorrealização, e desse modo
desenvolver seres humanos saudáveis e completos que serão cidadãos ativos
(SANTOS, 2012. S/N).
muitos dos paradigmas da educação formal, para, após, formar pessoas amorosas e sensíveis
que sabem quais são suas habilidades, contribuindo com o todo em uma nova visão de mundo.
Nesta direção:
A Educação Holística, é uma educação alternativa, está de fato dentro de uma perspectiva
que se preocupada com o desenvolvimento das potencialidades intelectuais, artísticas, físicas,
emocionais, sociais e espirituais de cada pessoa, como observa Yus (2002, p.17), “A Educação
holística evita a ênfase em uma técnica particular, em seu lugar, estimula uma visão de educação
multifacetada, que reconhece a interdependência e a conectividade.”
Diante disso, há caminhos metodológicos que permitem ao homem desenvolver a
percepção holística da realidade. Dentre eles há “o caminho da holopráxis: vivências voltadas
para a superação da fantasia de separatividade, entre as quais encontramos: Yoga, Taichi,
Aikidô, Medicina Psicossomática, Terapias Integrativas, Cultos Ecumênicos, etc.” (SANTOS,
2012, nosso grifo).
Partindo destes caminhos, a Educação Holística integra essas vivências ao currículo
escolar, com o objetivo de trazer novas possibilidades de aprendizagens, estas, irão contribuir
para o desenvolvimento humano e intelectual das crianças, formando assim, novos saberes
tendo como base a harmonia e o equilíbrio entre eles. A Educação Holística segundo Santos
(2012. S/N) é:
característica humana, que defende muito o amor e respeito ao próximo, e a tudo que nos cerca,
em especial ao meio ambiente. Estimula o desenvolvimento, partindo das crianças, novos
pensamentos e aprendizagens em meio a natureza trabalhando com a educação ambiental,
instalando uma nova cultura de cuidado e respeito com o meio em que vivemos.
Pela leitura dos materiais apresentados na seção anterior, as instituições que oferecem
algum tipo de prática holística são as do sistema privado, diferindo-se das instituições públicas.
Isso pode ser modificado, através da criação e adoção de políticas públicas que invistam em
uma educação mais holística, visto na perspectiva de Carvalho (2015), visto que as crianças são
as sementes para que esta transformação ocorra, pois o holismo busca caminhos para o
reequilíbrio social, lançando passos libertadores que vão ao encontro de uma nova era no
sistema da Educação.
Com base nisso, a Educação Holística que pensamos tem uma base ecossistêmica. Maria
Cândida Moraes (2021) em seu livro “Paradigma Educacional Ecossistêmico”. O livro trata da
emergência e da necessidade de salvar nosso planeta terra. A chave para isso, é um novo
paradigma educacional, no qual a educação é a resposta para se enfrentar todos os problemas
climáticos, civilizatórios que têm impacto direto na sociedade. A autora indaga sobre a
educação atual, questiona se realmente estamos educando ou escolarizando as crianças e
adolescentes, uma educação que valoriza e acolhe os saberes que cada um traz consigo, ou corta
os seus sonhos, por acreditar que seguindo um sistema pronto é a melhor saída. Outro ponto
destacado é a escola como sendo um espaço para desenvolver as potencialidades da
aprendizagem humana, baseada no acolhimento, no incentivo na cooperação, na solidariedade,
e na responsabilidade, ligados à amorosidade.
Nesta direção, o pensamento Ecossistêmico, faz a junção do ecológico e sistêmico,
forma uma rede de relações e conexões. Somos partes da natureza, estamos enraizados nela, e
com esta nova visão ecossistêmica, tem-se a oportunidade de construir novos saberes
pedagógicos entrelaçados com os saberes da vida, estes equilibrados e em harmonia serão as
sementes de uma nova era educacional, pautada no amor e autocuidado com tudo que nos cerca,
afinal somos todos um. Um desafio para a educação e para o planeta. Não é complicado, é
simples, basta estarmos abertos e aceitar este novo paradigma educacional para sermos de fato
seres vivos plenos, de acordo com Moraes (2021).
25
3 PERCURSO METODOLÓGICO
Nesta seção descreve-se a metodologia que orientou este trabalho, para isso, foi utilizada
uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e estudos de caso, onde, foram desenvolvidas práticas
integrativas, dentre elas: a meditação, o Reiki, as plantas medicinais em escaldas pés e a
confecção de incensos naturais com alunos do 4º Ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
da Escola Tancredo Neves, da cidade de Itatiba do Sul-RS. Desta forma, primeiramente se faz
importante descrever que o método científico parte da:
Dessa maneira, podemos inferir que uma pesquisa científica nos norteia a busca por
respostas quanto à delimitação de um problema. Uma busca por novos conhecimentos, trilhando
caminhos que ultrapassam o mundo bibliográfico, seguindo, até a pesquisa na prática, tendo a
oportunidade de vivenciar os conhecimentos compartilhados e apreendidos, neste caso, como
já mencionado com as crianças dos Anos Iniciais.
Desse modo, as crianças nesta etapa, estão vivenciando um momento significativo em
suas vidas, estão estabelecendo aprendizagens acerca do mundo e de si, nas diversas maneiras
e relações. Para Barbieri (2012, p. 21) muitas vezes, “perdemos a possibilidade de fazer
propostas significativas para as crianças. Às vezes, procuramos materiais ou técnicas
requintadas e aquilo não fala com os meninos”. Nesta perspectiva as ações planejadas através
das práticas holísticas que foram desenvolvidas com as crianças, surgiram de uma necessidade
coletiva dos Anos Iniciais.
Como já mencionado neste estudo, durante o estágio dos Anos Iniciais da pesquisadora
ficou claro que as crianças precisam de ajuda, para curar uma ansiedade e medo coletivo, que
se instalou em seus corações, em especial e mais forte após a pandemia pelo COVID-19. Estes
sintomas atrapalham a vida das crianças, tanto no seu meio social, quanto educacional.
Com base no arcabouço de práticas pedagógicas citadas anteriormente, também foram
propostas e vivenciadas outras práticas pedagógicas que vieram a surgir durante o próprio
estudo bibliográfico.
Após desenvolver as práticas holísticas com as crianças foram feitas rodas de conversas
de forma a coletar as impressões e opiniões de forma informal, para analisar os resultados
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obtidos, bem como as aprendizagens adquiridas com as vivências propostas. Assim, não será
preciso passar pelo comitê de ética, já que o interesse são as opiniões de cada sujeito.
Para engrandecer esta pesquisa destacamos o terapeuta holístico Celso Oro (2023) e o
Psicólogo Clínico Marcelo Parazzi autores que contribuíram significativamente para o
planejamento das intervenções holísticas.
Assim, na próxima sessão descrevemos o planejamento das intervenções holísticas,
pensadas e sentidas para serem desenvolvidas com as crianças.
4.1 INTERVENÇÃO 1
Apresentação da pesquisadora
Para dar subsídio ao seu trabalho, a pesquisadora introduz “O que é Terapia Holística”,
a partir do material do Psicólogo Clínico Marcelo Parazzi3. Estima-se um tempo de cinco
minutos para esta atividade.
Acolhida
Prática da gratidão
Após concluir o cartaz, ensinamos uma técnica de respiração profunda para as crianças,
explicando que essa prática ajuda a acalmar a “mente” e o “coração”, aliviando a ansiedade e
trazendo uma sensação de leveza. Em seguida, pede que todas as crianças fiquem numa posição
ereta em suas cadeiras, respirando profundamente e lentamente pelo nariz e soltando bem
devagar pela boca, repetindo esta técnica por 10 vezes.
3
Material disponível em: https://www.marceloparazzi.com.br/blog/o-que-e-terapia-
holistica#:~:text=A%20Terapia%20Hol%C3%ADstica%20%C3%A9%20um,o%20conhecimento%20pr%C3%
A1tico%20e%20cient%C3%ADfico.
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Ao finalizar, pede as crianças como estão se sentindo, como foi esta vivência?
Acolhendo todas as respostas a pesquisadora pede para ficarem em pé e em círculo darem as
mãos, agradece “a entrega” da turma e explica a próxima atividade. Estima-se 5 minutos para
esta atividade.
4.2 INTERVENÇÃO 2
Roda de conversa
sua grande maioria de plantas medicinais e que cada uma delas tem uma finalidade. Por
exemplo a lavanda tem a finalidade de acalmar, indicada para quem tem problemas de insônia,
pois suas partículas ajudam a acalmar e tranquilizar as pessoas que a utilizam, trazendo uma
sensação de bem-estar e leveza, logo, podemos acender um incenso de lavanda antes de dormir
ou durante o sono, ele contribuirá com uma perfeita noite de sono (ORO, 2023). Nesse momento
a pesquisadora dá outros exemplos de incensos e suas finalidades.
Após isso, passa entre as crianças alguns incensos, para sentirem sua textura e seu
aroma, em seguida acende um incenso e coloca no centro do círculo. O incenso será escolhido
pelas crianças. A pesquisadora explica também que ao acender um incenso podemos fazer
pedidos ao universo e agradecer, pede para as crianças fechem seus olhos e façam seus pedidos
ou agradecimentos. Estima-se um tempo de dez minutos para esta atividade.
Respiração profunda
Ainda de olhos fechados, a pesquisadora explica que farão uma respiração profunda,
pede para inspirar pelo nariz, bem profundamente e soltar pela boca lentamente “Inspirar o ar
da vida, soltar o que não faz bem” Fazer 10 vezes. Estima-se um tempo de cinco minutos para
esta atividade.
Ao final desta etapa, são tiradas fotografias dos incensos confeccionados para se ter
como registro. A pesquisadora agradece as crianças pela participação, parabenizando a turma
pelo engajamento ao realizar a proposta. Estima-se um tempo de dez minutos para esta
atividade.
Por fim, a pesquisadora grava o depoimento das crianças, do que elas acharam da
proposta de confeccionar o seu próprio incenso. Estima-se um tempo de dez minutos para esta
atividade.
4.3 INTERVENÇÃO 3
Acolhida
Respiração Profunda
Mantras
Após isso, com auxílio de um rádio, colocamos algumas músicas para as crianças
ouvirem. Ela explica que estas músicas são mantras4. Desse modo, entrega uma folha contendo
uma definição do que são os mantras5 e seus benefícios, além de incluir a definição da técnica
mindfulness6 e seus benefícios. Juntas irão ler as definições e colar em seus cadernos, e nisso a
pesquisadora, abre espaço para dialogar sobre as definições apresentadas e incentiva a todos a
exporem suas experiências dentro deste tema. Estima-se um tempo de dez minutos para esta
atividade.
Técnica de mindfulness
Esta proposta tem o objetivo de mostrar que através de uma técnica de meditação, como
podemos buscar respostas para nossas perguntas, podemos curar nossos medos, podemos “ver
além dos nossos olhos”, guiados pela nossa intuição, “ligada a nosso coração que é nosso
melhor guia”.
Esta prática traz enormes benefícios a quem pratica, pode ser 5 minutos, 1 hora, ou até
mais, depende da entrega e necessidade de cada pessoa. Além disso, pode ser realizada em
qualquer lugar e em qualquer posição, segundo Oro (2023). Explicado isso, a pesquisadora
convida as crianças a realizarem junto com ela a meditação.
Cada criança escolhe como realizar a meditação, podendo estar sentada ou deitada, com
os olhos abertos ou fechados. Assim, ao som do mantra as crianças são convidadas a fazer a
meditação por alguns minutos. Estima-se um tempo de vinte minutos para esta atividade.
4
Mantras sugeridos durante esta propostas: https://www.youtube.com/watch?v=JLlbVFou1AM ,
https://www.youtube.com/watch?v=z6PHpnMk7jE e https://www.youtube.com/watch?v=JR0JC6EGYt4 .
5
Mantra é uma possível compreensão do termo, onde que a raiz man significa mente e a terminação tra, significa
instrumento, sabedoria, ou seja, os mantras são instrumentos para se ter um pensamento, ou uma mente mais sábia.
Tem por objetivo relaxar e induzir um estado de meditação em quem canta ou escuta (ORO, 2023)
6
Mindfulness (Meditação) é uma técnica ancestral com raízes orientais que tem como objetivo trazer um estado
de calma, relaxamento, tranquilidade e foco á pessoa que está praticando, utilizando de métodos que envolvem
postura, focalização da atenção, respiração, entre outras coisas, sendo uma técnica de fácil aprendizado e
praticidade (ORO, 2023).
33
Em seguida, foi feita uma roda de conversas para ouvir e compartilhar o que as crianças
sentiram durante a meditação, quais percepções tiveram? Neste momento a pesquisadora grava
as falas das crianças de forma digital. Após, agradece este momento que estiveram juntas e o
que vivenciaram, sugerindo um abraço coletivo. Estima-se um tempo de cinco minutos para
esta atividade.
4.4 INTERVENÇÃO 4
Acolhida
A pesquisadora acolhe as crianças na porta da sala de aula com um abraço, após explica
como serão desenvolvidas as propostas sugeridas para o encontro. Em seguida, pede para a
turma como estão se sentindo, se conseguiram praticar a meditação feita na intervenção 3, se
as práticas até agora vivenciadas estão as ajudando em algum sentido. Estima-se um tempo de
cinco minutos para esta atividade.
Uma nova prática holística é apresentada para a turma, o reiki. Trata-se de uma técnica
holística que nos conecta com a energia vital, tudo no mundo é energia e toda energia vibra
(ORO, 2023). Neste momento, a pesquisadora comenta com as crianças o que é o reiki, onde
surgiu, quem pode ser um reikiano e os benefícios de quem recebe a energia do reiki.
34
Na sequência, entrega uma folha com informações sobre básicas sobre o reiki, bem
como seu significado para cada criança e pede para que colem em seus cadernos. Após isso,
com auxílio de uma lousa digital, passa para a turma um pequeno vídeo sobre o reiki7.
Após assistirem ao vídeo, a pesquisadora pede o que as crianças conseguiram
compreender sobre o reiki, acolhe as respostas, dialogando para a retirada de dúvidas. Estima-
se um tempo de vinte minutos para esta atividade.
Princípios do reiki
O reiki é regido por cinco princípios, explicando para as crianças cada um deles. A
pesquisadora escrevera no quadro e pede para que as crianças copiem em seus cadernos.
Os Princípios acordo com Oro (2023, p.10), são:
Sou Calmo;
Sou Grato;
Eu Confio;
Sou Honesto e aplicado em Meu Trabalho;
Sou amável e gentil com todos os seres.
Em cada princípio a pesquisadora faz uma explicação, dialogando com seus
conhecimentos com as crianças e acolhendo novas possibilidades sobre o tema proposto.
Estima-se um tempo de dez minutos para esta atividade.
Chakras
7
Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SEYoAEoK-LQ .
35
A figura1 será projetada no quadro da sala de aula, para uma melhor visualização e,
posterior, explicação. Cada criança irá receber uma folha com esta imagem para colar em seu
caderno. A pesquisadora explica para a turma qual a função de cada chakra bem como a sua
respectiva cor e localização.
Nesta direção, a pesquisadora acolhe todas as perguntas que surgirem e se dispõe para
diálogo. Estima-se um tempo de dez minutos para esta atividade.
Ao final, pede para as crianças, o que elas acharam de tudo que elas apenderam sobre a
energia reiki, gravando em forma de registro. Estima-se um tempo de cinco minutos para esta
atividade.
36
4.5 INTERVENÇÃO 5
Acolhida
Amparados pela pesquisadora, as crianças vão aplicar reiki nas plantas, utilizando-se do
símbolo CHOKU REI. Esta proposta será desenvolvida no pátio da escola, sendo que cada
criança escolhe uma planta, flor, ou árvore e aplica reiki por alguns minutos. No retorno para a
sala de aula a pesquisadora pergunta como foi esta experiência para as crianças. Estima-se um
tempo de quinze minutos para esta atividade.
Reiki coletivo
4.6 INTERVENÇÃO 6
Acolhida
Respiração Profunda
Com os olhos fechados, as crianças são guiadas pela pesquisadora a inspirar pelo nariz
o aroma da planta que receberam, soltando lentamente o ar pela boca por cinco vezes.
Após isso, a pesquisadora pede para as crianças o que estão sentindo, o aroma desta
planta lembra alguma coisa?
Acolhendo as respostas das crianças, conduz para a próxima proposta.
Estima-se um tempo de dez minutos para esta atividade.
Ervas Medicinais
Ao centro do círculo a pesquisadora dispõe uma cesta com vários tipos de ervas
medicinais, bem como bacias, jarra elétrica e toalhas. Mostra e explica para as crianças as
diversas funções de cada erva, passando para elas sentirem sua textura e seu aroma.
Então pergunta se conheciam estas plantas, se utilizavam em suas casas. Acolhendo as
respostas a pesquisadora comenta como utiliza as ervas em sua vida diária, nas mais diversas
situações vivenciadas. Estima-se um tempo de dez minutos ou mais para esta atividade.
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Escalda pés
Concluído este processo, as crianças de forma oral comentarão como foi fazer este
escalda pés, a pesquisadora em forma de registro vai gravar as colocações das crianças.
Estima-se um tempo de cinco minutos para esta atividade.
4.7 INTERVENÇÃO 7
Acolhida
Ao centro da sala de aula sobre um tecido ao chão, serão colocados diferentes tipos de
ervas medicinais, junto delas, algumas essências e óleos naturais. A pesquisadora explica como
se dará o encontro e passa entre as crianças os óleos e essências naturais para sentirem seus
aromas. Estima-se um tempo de cinco minutos para esta atividade.
Respiração Profunda
pede as crianças se estão realizando esta prática em outros momentos e se de alguma forma a
prática da respiração as está ajudando em seu dia a dia.
Estima-se um tempo de cinco minutos para esta atividade.
Essa proposta será desenvolvida com as crianças no pátio da escola, se assim, o tempo
permitir, caso não seja possível, será feita na sala de aula. Sobre um tecido posto ao chão a
pesquisadora coloca vários tipos de ervas, tecidos e barbante. As crianças poderão explorar
livremente as plantas e os materiais, na sequência, propõe as crianças, que cada uma faça seu
sachê, “sentindo” qual(is) erva(s) irá(ão) escolher.
Após todos concluírem seus sachês, a pesquisadora explica seus benefícios e como pode
ser usado em seguida pergunta as crianças como foi realizar esta proposta, o que elas sentem
ao sentir o aroma das ervas? Como forma de registro, a pesquisadora fará algumas fotos e
gravará as falas das crianças. Estima-se um tempo de vinte minutos para esta atividade.
Ao final, pede para as crianças, o que elas compreenderam do que apenderam sobre as
plantas medicinais, gravando em forma de registro. Estima-se um tempo de cinco minutos para
esta atividade.
41
4.8 INTERVENÇÃO 8
Acolhida
8
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uskaQJiFTbQ .
42
9
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zjlJ0z3Z4zI
43
10
O estágio tinha como tema “As plantas medicinais: uma ação de cooperação e respeito entre o eu e o outro”.
44
Diante disso, argumentei como é importante fazer terapia, para levar a vida de uma
maneira mais leve e serena equilibrando nosso corpo físico e mental.
Dando continuidade neste assunto, perguntei as crianças o que é gratidão? Se elas têm
o hábito de agradecer, então uma criança disse: “Às vezes agradeço pela minha família!”; outra
comenta, “Eu agradeço pela comida que temos!”
A intervenção estava dentro das minhas expectativas até este momento, quando uma
criança diz: “Eu não tenho nada pra agradecer, minha vida é uma porcaria!” fiquei espantada
com tal afirmação e brinquei “Como não tem nada para agradecer você está vivo!” Então a
criança com olhar baixo me diz “Você não sabe o que eu passo na minha casa e não posso
contar nada para ninguém!”
45
Nesse instante fiquei calada e sinceramente não sabia como agir, então respirei e disse:
“Vai ficar tudo bem! Você pode confiar em mim, eu ajudo você!” a criança começou a chorar,
dei um abraço nela e reafirmei que tudo iria ficar bem.
Ainda abalada com tal situação continuei a falar sobre a gratidão, sobre as pessoas que
podem nos ajudar como a escola, os professores e os terapeutas, e que por mais que as coisas
estejam difíceis, ainda assim, temos que agradecer, pois estamos vivos, temos vida e temos a
oportunidade de sermos diferentes, pessoas de bem.
Quando terminei de fazer esta fala, uma criança exclamou “A minha vida é uma
porcaria, não tenho família!” “Como não?” perguntei “Meus pais estão separados!” e começou
a chorar, fui ao encontro dela e dei um abraço. A energia estava pesada na sala, pois um
sentimento de tristeza estava instalado então antes de concluir a fala e a proposta da gratidão,
propus para a turma fazermos a técnica da respiração profunda, para acalmar nossos corações
e mente, expliquei também que esta técnica ajuda a aliviar a ansiedade.
Então, sentados numa posição confortável mostrei como fazer, respirar bem
profundamente pelo nariz e soltar pela boca, repetindo dez vezes. Ao terminarmos esta técnica
pedi como estavam se sentindo, a grande maioria das crianças disseram que estavam mais leves,
e realmente eram outras crianças, aproveitei o momento para reafirmar como é bom e rápido
tirar uns minutos para nós mesmos, para nos acalmar. As crianças estavam mais leves e
tranquilas agora, então, propus para fazermos um cartaz da gratidão, no qual cada criança
escreveu o “porquê” é grata. Neste sentido, Pieta (2009, p. 15) afirma que:
Coloquei uma música calma para a realização desta proposta e ressalto aqui, que algo
me chamou atenção, algumas crianças ao terminar de escrever sua palavra de gratidão sentaram-
se ao chão para meditar e respirar, algo natural delas, um momento emocionante, penso que
resultado da respiração profunda feita anteriormente. A figura 3 apresenta algumas fotos desse
registro.
46
A meditação pode ser explicada com técnicas simples, não como conhecimento
intelectual, e sim, como vivência que favorece contentamento, felicidade física, emocional,
mental e espiritual que propaga a criatividade. Desse modo,
Em seguida com o cartaz pronto, colocamos ele ao fundo da sala para ficar exposto e
juntos lemos as palavras escritas. Neste momento, parabenizei a turma pela realização da
atividade e pedi para que juntos fizéssemos uma roda de mãos dadas e damos um abraço
coletivo (figura 4).
Assim, para finalizar, explicamos para as crianças que precisava gravar depoimentos
delas, comentando o que elas acharam das propostas da aula. Neste momento as crianças
travaram, não conseguiam falar, uma criança me disse: “É difícil profê, tenho vergonha!”. No
47
geral as crianças comentaram que gostaram das propostas, da respiração em especial e esperam
que isso ajude elas na escola e na vida.
Ao final da primeira intervenção alguns sentimentos tomaram conta de mim,
pesquisadora, primeiramente enquanto ser humano e segundo enquanto pedagoga. Como ficar
de braços cruzados depois das falas das crianças, fiquei muito preocupada, então conversei com
a direção, relatando tudo que se passou durante a nossa aula.
A direção colocou que a turma do quarto ano é bem conturbada, muitos problemas
familiares e que por muitas vezes não sabem mais o que fazer, acionaram o conselho tutelar, a
assistência social e as próprias famílias, sendo que muitas não vem até a escola para conversar.
Como sugestão, propus que a direção buscasse auxílio junto à secretaria da saúde municipal,
pois ela conta com profissionais que podem desenvolver trabalhos preventivos junto das
crianças, bem como fazer atendimentos psicológicos dentro da instituição em tempo integral.
Também me propus em fazer atendimentos individuais para as crianças na UBS que fica
próxima da escola, local onde trabalho com a terapia do reiki.
Outra sugestão é que escola/ saúde/ assistência social e conselho tutelar de forma
conjunta tenham estratégias para agir em tal situações, que a meu ver está atrelado a questões
familiares como a causadora de tais comportamentos das crianças.
Em resposta, os setores contatados afirmaram que vão se organizar para traçar
estratégias eficazes e preventivas que venham a priorizar a saúde física e mental de todas as
crianças. Nesse sentido, estratégias que promovam a saúde mental e física das crianças são
importantes para seu desenvolvimento educacional e humano, visto que,
As Terapias holísticas como aprendizagens nas escolas vêm ao encontro das crianças e
também dos professores, oferecendo novas possibilidades de aprender, possibilidade de
repensar muitos paradigmas educacionais, os conteúdos são importantes para a formação
educacional das crianças, mas como ser humano, será que o sistema educacional está
preocupado em ofertar uma educação humana e inclusiva? Nesta direção,
48
Esta proposta foi desenvolvida no primeiro período da aula. Ao chegar na sala, algumas
crianças vieram ao meu encontro para dar um abraço, outras pediam o que ia ter de diferente
neste dia. Primeiramente, coloquei colchonetes no chão, formando um círculo e convidei cada
criança para assentar sobre eles.
Assim, foi feita uma roda de conversas com as crianças, na qual expliquei que nossa
proposta seria a confecção de incensos naturais. As crianças ficaram admiradas e animadas com
a notícia, então perguntei se elas conheciam incensos e qual a sua finalidade.
Algumas crianças relataram que conheciam e tinham em suas casas incensos, outras não
sabiam o que era. Dessa maneira, passei entre as crianças alguns incensos para sentirem sua
textura e seu cheiro, após expliquei que cada incenso tem uma finalidade, dei um exemplo do
incenso de lavanda, que tem como finalidade ajudar quem tem problema com insônia e não
consegue dormir durante a noite.
A lavanda tem partículas que acalmam e tranquilizam o ambiente proporcionando um
boa noite de sono, segundo Oro (2023) Feita esta explicação, uma criança comenta “Tenho que
ter esse incenso profê! Não consigo dormir direito de noite, as vezes tenho pesadelos!”. De
forma acolhedora respondi que podemos fazer este incenso e muitos outros tipos com plantas
medicinais que tem um poder de cura muito grande.
Neste sentido, a relação homem-plantas é bem antiga, sendo que há milhares de anos,
em diferentes épocas e culturas, as plantas já eram empregadas para a sobrevivência, melhoria
da qualidade de vida e no tratamento de várias enfermidades (AMOROZO, 1996). O acúmulo
de conhecimento cultural sobre as plantas favoreceu não só a investigação científica como
também impulsionou a Medicina e atualmente as plantas que detém poder curativo são
chamadas de Plantas Medicinais (FIGUEIREDO et al., 2007).
49
As crianças estavam empolgadas e comentavam que tipo de incenso cada uma precisava.
Na sequência, pedi para as crianças escolherem um incenso dos quais tinha passado entre elas
para acender, escolheram o mais escuro e grosso, que tem por finalidade proporcionar leveza e
tranquilidade, propício para esta proposta, já que no primeiro encontro as crianças relataram
dificuldades nas ações propostas.
Explicamos para as crianças que acendemos um incenso para pedir algo, e, para
agradecer, segundo Oro (2023). Neste instante pedi para elas fecharem os seus olhos e fazerem
seus pedidos e agradecimentos ao universo. Ainda de olhos fechados fizemos uma respiração
profunda, inspirando pelo nariz e soltando pela boca dez vezes, após solicitei para que abrirem
os olhos e perguntei se todos estavam bem, todos responderam que estavam bem. Ainda em
conversa, salientei a importância de fazer uma respiração profunda ou uma meditação antes de
fazermos algo, pois esta técnica ajuda a acalmar e a focar no que formos realizar, conforme nos
explica Menezes (2009); uma criança diz: “Vou fazer isso quando tiver prova!”
Feita nossa roda de conversa partimos para a confecção dos incensos, para isso, ao
centro da roda colocamos diferentes tipos de ervas medicinais, dentre elas: o alecrim, o
manjericão, a hortelã e a manjerona como mostra a figura 5.
Durante a atividade, sobraram alguns galhos de algumas ervas, neste sentido as crianças
pediram se podiam fazer mais que um, sinalizei que sim, uma criança perguntou se poderia ir
até a horta para pegar outros tipos de ervas. “Profê, posso pegar outras ervas lá no canteiro?
Aquelas que nós plantamos no teu estágio, profê!”
Confesso que fiquei feliz por se lembrar do nosso canteiro e por ele ainda existir na
escola, então, sinalizei que sim e poderia trazer um pouco de cada erva que havia lá para os
demais colegas.
Outro ponto que chamou minha atenção enquanto pesquisadora, foi que, uma criança
perguntou se ela poderia fazer os incensos para vender, “Profê eu posso fazer os incensos para
vender?” sinalizei que sim, “Vou vender na Feirinha lá no centro, Profê!”
Explicamos para a turma que além do poder de cura que os incensos têm, estes poderiam
se tornar uma fonte de renda. Neste sentido trabalhamos também com a economia criativa
que, se apresenta como um conjunto de atividades embasadas no conhecimento, criatividade e
inovação, que juntas ampliam novas possibilidades de desenvolvimento econômico local, além
de trazer ricas aprendizagens. (CAIADO,2011).
51
Antes, de terminar nosso tempo, registramos esta vivência com a figura 7, mostrando os
incensos confeccionados pelas crianças.
Finalizamos esta proposta com um enorme sorriso no rosto, estava feliz com o
engajamento das crianças e por verificar e perceber que ações como esta têm o poder de
promover um espírito cooperativo e colaborativo entre as crianças, além de formar
empreendedores.
colocamos alguns mantras para as crianças ouvirem, expliquei que eles são curadores, ou seja
tem a função curativa(ORO,2023).
Cada mantra tem uma função, curar, tranquilizar, atrair positividade e agradecimento,
depende sempre do que a pessoa ou situação esteja necessitando, conforme expõe Oro (2023).
Feita esta explicação entregamos para as crianças uma folha com a definição de mantra
e de mindfulness. Na mesma folha coloquei algumas imagens de diferentes posições para
meditar, após isso, lemos juntos as definições em voz alta. Na sequência relatamos como os
mantras ajudaram a eu e minha família nos diferentes sentidos, para curar a insônia de meu
esposo, para sarar uma dor de cabeça de meu filho, para acalmar meu coração quando estava
nervosa ou estressada por algum motivo, as crianças atentas ouviam meu relato e pediram como
elas encontravam os mantras para ouvir.
Fizemos a pesquisa na plataforma Youtube de forma a desvelar alguns mantras.
Pesquisamos pela string mantra and cura. As crianças atentas, comentaram que iam procurar
quando chegassem em casa para ouvir, uma criança pediu: “Profê, coloca um mantra para eu
ficar feliz!”. Procuramos um mantra sobre felicidade11. Ela sorriu e comentou: “É lindo, profê!”
Neste momento percebemos que as queixas relatadas e sentidas por muitas crianças no
primeiro encontro, são substituídas agora por possibilidades integrativas que podem curar ou
amenizar seus sentimentos. Ou seja, as crianças sabem qual prática holística utilizar em
determinada situação. Assim, é essencial “Compreender o ser humano, é preciso entender a
dinâmica biológica e cultural que se apresenta nos seres vivos e que, como tal, também se revela
nos processos de ensino-aprendizagem.” (MORAES, 2021.p.121).
Após ouvirmos o mantra envolvendo o tema felicidade, passamos para a proposta com
mindfulness. Expliquei para as crianças que esta prática tem o objetivo de acalmar e tranquilizar
nosso corpo físico, mental e espiritual, através de uma meditação. Com ela podemos buscar
respostas para nossas perguntas, podemos curar nossos medos, podemos “ver além dos nossos
olhos”, guiados pela nossa intuição, ligada “a nosso coração que é nosso melhor guia”
(GOLEMAN, 1999)
Esta prática traz enormes benefícios a quem pratica, pode ser 5 minutos, 1 hora, ou até
mais, depende “da entrega” e da necessidade de cada pessoa, pode ser feita em qualquer lugar,
em qualquer posição (MENEZES, 2009). As crianças ouviram atentas, e uma criança comenta:
11
Segue link do mantra: https://www.youtube.com/watch?v=9fO3sZKK-gk
53
“Profê sabe que eu estou fazendo aula de caratê e, antes de lutar, o professor faz a gente meditar
para acalmar nossa mente!” Neste sentido,
Ao finalizar a aula, percebemos que as duas crianças ainda estavam chorando, então,
pedi permissão para a professora regente da turma para conversar com elas, ela sinalizou que
sim e achou importante fazer essa fala.
Em conversa com a diretora, pedimos licença para utilizar uma sala que estava vazia,
chamei para conversar individualmente cada criança. Ao iniciarmos nossa conversa a criança 1
comentou que estava se sentindo muito triste e com muita saudade do vô que havia falecido a
um pouco mais de um ano. “Durante a meditação lembrei dele profê, e senti muita saudade e
isso está doendo aqui dentro!”. Para acalmar a criança aplicamos o reike nela. Pedi para ela
fechar os seus olhos, respirar bem fundo, então iniciei o trabalho como reikiana.
Alguns minutos depois, questionamos: “Como você está se sentindo?”. A criança
respondeu: “Estou me sentindo bem profê! Mais calma e sentindo uma paz aqui dentro!” e com
um lindo e largo sorriso me agradece com um forte abraço. Ela estava bem melhor, mas por
conhecer a sua família, escrevi uma mensagem para sua mãe via plataforma whatsapp relatando
o acontecido. A mãe da criança agradeceu por compartilhar e contou que fazia alguns meses
que a criança sentia falta e pedia pelo avô, comentei que apliquei um reiki e que agora estava
tudo bem, ela estava se sentindo melhor, a mãe novamente agradeceu e disse “Rafa, já pensou
que sonho, se tivéssemos uma pessoa na escola para quando tiver alguma coisa nesse sentido
ou quando se desentendem fazer um reiki, ou apenas conversar com as crianças!” escrevi para
ela que estava plantando sementes e que logo ia nascer um novo paradigma educacional com
uma visão mais humana, e, que as práticas holísticas se fazem necessárias e urgentes para
construirmos uma nova sociedade mais justa e humana começando pelas crianças que são
nossas sementes.
55
Ao terminar a conversa com a mãe da criança1 retornamos até a sala do quarto ano para
chamar a criança 2 para conversarmos, esta criança estava mais abalada emocionalmente, então
pedi o que estava acontecendo, no começo ela não queria me falar, mas aos poucos ela foi se
soltando, fizemos uma respiração profunda, perguntamos se podia aplicar um reiki, ela
sinalizou que sim, depois de alguns minutos ao terminar a aplicação, pedi se estava tudo bem e
ela, positivamente e mais calma disse que sim, e, começou contar que tinha ficado muito triste
por que lembrou do seu bisavô que é falecido durante a meditação.
Então conversamos sobre isso, mas sentia que tinha mais coisas e fui fazendo perguntas
investigativas sobre a família, pois eu sabia que os seus pais tinham se separado a pouco tempo,
desse modo, ela me contou que se sentia muito sozinha, que sentia falta da sua família junto,
agora o irmão mais velho morava com o pai e ela ficou com a mãe, muitos sentimentos e
acontecimentos para uma criança de nove anos. Conversamos por um bom tempo, e ao final ela
pediu para fazer ainda reiki, mas na minha casa, respondi que sim, íamos combinar com a mãe
dela, e voltou para a sala mais calma e tranquila. Em seguida, por também conhecer a família
da criança 2 escrevi para sua mãe via plataforma whatsapp relatando o que tinha acontecido,
pedi também se ela já tinha pensado em procurar ajuda psicológica para seus filhos ou alguma
terapia, pois seria importante estes acompanhamentos.
A mãe comentou que estava percebendo que seus filhos estavam estranhos, mas, quando
perguntava diziam que estava tudo bem, ela agradeceu por ter conversado com ela e ter relatado
o acontecido, disse que ia marcar psicólogo para os filhos e se eles quisessem ia marcar terapia
também, antes de encerrarmos a conversa comentei com ela o pedido da criança2 de vir na
minha casa para fazer um reiki, a mãe prontamente disse que levaria só combinar dia e horário.
Neste dia, ao sair da escola, estava um tanto pensativa, pois quanta coisa mexe com o
mental e sentimental das crianças, me senti culpada em ter feito a meditação com as crianças,
pois mexeu muito no emocional delas, em especial com as duas crianças. Mas, a noite quando
fiz minha meditação entendi que era para ser assim, e como foi importante, primeiro para as
crianças colocarem para fora tudo que estava pesando e sufocando através do choro, outra
questão foi o diálogo que tive com as mães ainda que por mensagem, mas que foi tomado
providencias por parte delas em especial da criança 2 que estava sofrendo muito com a
separação dos pais, e isso estava afetando sua vida pessoal e escolar, pois comportamento de
agressividade e palavrões eram praticados por ela na escola, na verdade ela estava pedindo
ajuda.
56
Outro ponto positivo desta intervenção, foi o cuidado com o outro, o olhar de carinho
das crianças para com aquelas que estavam precisando, palavras amigas e positivas foram ditas
por elas de forma a acalentar os colegas. Neste instante uma fala que me marcou “Pode chorar
eu estou aqui! Vai ficar tudo bem! Estou aqui com você!”. Este momento nos traz a certeza de
que promover propostas como esta por mais que as vezes sejam desafiadoras, acabam por
desencadear esses sentimentos que estão adormecidos ou escondidos dentro de nós. Então,
essas situações reforçam ainda mais a necessidade mais uma vez aqui dita de se ter práticas
holísticas nas escolas, profissionais que estejam abertos a ver a criança em seu todo e ancorá-
la quando preciso for, um abraço e uma palavra amiga pode curar.
Diante disso, muitos estudiosos mostram que uma pedagogia mais humana é urgente
para nossa sociedade como um todo, precisamos fazer uma reforma do velho pensamento
educacional, para isso se faz necessário e importante experiências vividas na prática, que sejam
inovadoras, criativas e transformadoras do ser, do conhecer e do fazer (MORAES, 2021).
Assim, sob um novo olhar educacional voltado para o Ser e o Todo, temos como base um novo
paradigma educacional ecossistêmico pautado em,
Nesta perspectiva, as instituições de ensino precisam estar abertas a este novo paradigma
educacional, ofertando práticas pedagógicas que promovam a paz, a solidariedade e a empatia
entre as crianças.
estavam se sentindo, o que elas achavam de tudo que estávamos aprendendo com as práticas
holísticas, se estava ajudando em algum sentido.
As crianças responderam todas juntas, então organizamos para falar uma de cada vez,
respeitando sempre quem estava falando, dentre as falas destaco: “Profê, eu estou me sentindo
melhor e mais confiante para fazer minhas coisas, quando preciso fazer alguma coisa importante
faço a respiração profunda e consigo fazer as coisas sem ficar nervoso!” (Criança 3)
“Profê eu ensinei minha mãe a fazer a técnica da respiração profunda, ela tem ansiedade, ela
disse que está ajudando!” (Criança 4). Após acolher as falas de todos expliquei que nesta aula
iriamos aprender mais sobre o reiki uma prática holística. Ao iniciar a explicação do reiki,
perguntei se conheciam esta terapia e se alguém já havia feito, algumas crianças sinalizaram
que já tinham feito reiki, outras, não sabiam o que era.
Desse modo, explicamos que o reiki é uma terapia que equilibra nosso corpo físico,
mental e espiritual, tem o poder de cura, pois pode tratar sintomas de ansiedade, depressão,
dores no corpo como uma dor de cabeça, e nos traz uma sensação de bem-estar, uma paz tão
grande e nos tornamos pessoas tranquilas e equilibradas. Muitos são os benefícios de se fazer
uma sessão de reiki, qualquer pessoa pode se tornar reikiano, uma criança, um idoso, qualquer
pessoa, basta sentir e querer, segundo Oro (2023).
Neste instante uma criança ergue a mão e pede para falar, “Profê você sabe que eu sou
reikiana, eu fiz o curso do reiki, nível 1!” comenta. Para minha alegria, pedi para ela comentar
mais, como era ser uma reikiana. Desse modo,
Reiki é um sistema próprio para despertar o poder que habita dentro de nós captando,
modificando e potencializando energia. Age sobre o corpo como um todo,
equilibrando as emoções, tornando a mente clara e restabelecendo a ligação com o
verdadeiro “EU”, que por sua vez influencia o bem-estar físico, mental, emocional e
espiritual. É um método natural de equilibrar, restaurar, aperfeiçoar e curar os corpos,
criando para o “SER” um estado de harmonia. (ORO, 2023. p.6, nosso grifo).
Ela nos contou que fez o curso por incentivo da mãe, elas fizeram juntas o curso,
comentou que aplica o reiki para a família, “os de casa”, que aprendeu que para ser um reikiano
precisa amar o próximo, precisa perdoar, ajudar as pessoas e ser uma pessoa melhor, mas antes
de tudo precisa-se ser uma pessoa melhor.
Parabenizamos esta criança e enfatizei que não tem idade para ser um reikiano, após
soou o sinal para o lanche, acompanhamos elas até o refeitório e me sentamos com a turma até
retornarmos para a sala de aula, destaco a alegria das crianças por ter sentado com eles no
refeitório, todos queriam me contar algo. Ao voltarmos para a sala de aula as crianças estavam
58
agitadas, pedi gentilmente para se acalmarem, fizemos algumas tomadas de respiração, após,
com a lousa digital já instalada, conforme prévio agendamento com a direção, assistimos um
breve vídeo sobre o reiki12. Na sequência dialogamos sobre o que compreenderam sobre o reiki.
Uma criança comenta “Profê, acho que dá sono né? Por que só de assistir me deu sono!”
Desse modo, explicamos que sim, por proporcionar um relaxamento e profunda
tranquilidade o reiki pode deixar o paciente sonolento e muitas vezes adormece durante a sessão
e que era muito bom de fazer (ORO, 2023).
Na sequência expliquei que o reiki é regido por cinco princípios, os quais escrevi no
quadro e pedi para as crianças copiarem em seus cadernos (descritos em nosso item 4.4
Intervenção 4).
Em cada princípio explicamos seu significado. Sou calmo, significa que apesar de
qualquer situação conturbada, um reikiano mantém a calma, tendo sabedoria para enfrentar tal
momento. Sou Grato, significa que sou grato por tudo que sou e tudo que tenho, quanto mais
agradecemos, mais coisas boas acontecem. Eu confio, significa que mesmo estando com
alguma dificuldade eu confio que tudo ficará bem. Sou Honesto e aplicado em meu trabalho,
significa que devo dar meu melhor em meu trabalho, na minha casa, nos meus estudos e em
qualquer função que desempenhe sempre mantendo a honestidade e integridade. Sou amável e
gentil com todos os seres, neste princípio enfatizei que primeiro, devemos nos amar, para
depois amar o próximo e a todos os seres, animais e plantas (ORO, 2023).
Ao acabar a explicação dos princípios, as crianças atentas comentaram que é difícil
seguir tudo isso para ser um reikiano, com um sorriso no rosto respondemos que é uma questão
de hábito, uma nova rotina que nos torna seres melhores. Assim,
Seguindo com as explicações que envolve a energia reiki, explanamos para as crianças
que o reiki age em pontos específicos no corpo humano, os chamados chakras, que são
12
O vídeo está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=SEYoAEoK-LQ .
59
Esse símbolo nos conecta com o elemento terra e com o próprio magnetismo do
planeta [...] Ele pode ser usado para proteger os chakras antes de um tratamento. Pode-
se usar o símbolo para autoproteção ou purificação de ambientes, transmutação de
energias baixas, em objetos e pessoas. (p. 41, nosso grifo).
Explicamos as crianças que, com o domínio deste símbolo CHOKU REI abrimos o
campo para nos conectar com a energia do reiki, com isso, somos canalizadores desta energia
e podemos aplicar em plantas, animais e, em nós mesmos, as crianças ficaram admiradas.
O dia estava ensolarado, uma linda tarde, então convidamos as crianças para irmos até
o pátio da escola, para aplicarmos reiki em plantas, cada criança escolhia uma planta, desenhava
o símbolo CHOKU REI e aplicavam por alguns minutos reiki (Fotografia 9).
As crianças estavam realizadas. “Profê, eu vou aplicar nesta roseira!” “Eu também quero
aplicar nesta roseira, ela parece estar doente!” comentam em seus relatos.
Ficamos ali até o restante da aula. Ao final perguntamos como foi esta experiência, “Eu
gostei bastante, posso ajudar as plantas e animais que precisam de cura! Afirma uma criança,
outra comenta, “Senti um calor bem forte nas mãos! É o reiki profê?” Respondemos que -
sim e comentei como é gratificante ajudar o próximo, seja uma planta, um animal, bem como
as demais pessoas.
62
Com esta reflexão, podemos afirmar que sim, podemos criar possibilidades de
aprendizagem, e, que estas sejam significativas para as crianças.
propriedades curativas e quando utilizadas em chás ou qualquer outra finalidade seu poder de
cura é muito grande (AMOROZO, 1996).
Assim explicamos e pedimos se as avós ou mães fazem ou já fizeram escalda pés alguma
vez, as crianças comentaram que não, e que não sabiam o que era e como fazia um escalda pés.
Então, dispus de uma cesta com diferentes tipos de ervas medicinais dentre elas o alecrim,
manjericão, folhas de laranjeira, hortelã, camomila e erva doce. Colocamos a cesta no centro
da sala de aula e pedi para as crianças pegarem algumas ervas, para sentir sua textura e seu
aroma.
Na sequência, perguntamos se elas tinham em suas casas algumas daquelas ervas e se
as utilizavam. Algumas delas comentaram “Minha mãe faz chá de funcho para dor de barriga!”;
“Minha avó faz chá de laranjeira quando fico gripado!” Assim, mencionamos que em minha
casa sempre temos o hábito de fazer chá, principalmente antes de dormir, além de ser muito
saboroso ajuda a ter uma boa noite de sono, principalmente se forem usadas as ervas de cidreira
e de camomila; aproveitamos para comentar que em minha casa é difícil ter algum
medicamento, quando alguém tem uma dor de cabeça, por exemplo, fazemos um chá ou
aplicamos um reiki, outras vezes fizemos um escalda pés para nos acalmar, especialmente
quando estamos agitados ou estressados.
Na sequência, preparamos um escalda pés para as crianças compreenderem o processo.
Coloquei algumas folhas das plantas medicinais em uma bacia. Em seguida colocamos um
pouco de água quente e água fria, até chegar a uma temperatura agradável. Após amassei as
plantas em contato com a água preparada e seu aroma foi sentido e aprovado por todos. Depois
disso, pedi para uma criança vir experienciar este escalda pés, todas as crianças queriam vir
juntas para fazer, então, segui a chamada dos estudantes e um de cada vez, fez seu escalda-pés,
cada criança escolhia as ervas de sua preferência.
As crianças estavam felizes, “Profê, sabe que me sinto como uma princesa!” comenta
uma criança. Outra diz, “Vou fazer toda semana um escalda pés, é muito bom!”. Ao final
fizemos um escalda pés para a professora regente da turma, as crianças cuidadosamente
prepararam as ervas e a água, e, de forma carinhosa massagearam os seus pés “Está bom Profê?
Está gostando?” (pediu uma criança). A professora sorriu e disse: “Podem me fazer toda semana
um escalda pés!”,“Está bem relaxante e bom!”, ela relata. As crianças animadas com a aceitação
da professora, continuaram massageando os seus pés, após alguns minutos pedem para ela tirar
os pés da bacia, e a ajudam a secá-los e a auxiliam a colocar seu calçado.
64
Rogers (1985) afirma, ainda, que o desafio das instituições de ensino seja
proporcionar uma atmosfera favorável onde estudante e professores se sintam livres
para novas descobertas, sem sofrer pressões ou censuras externas, com autoaceitação,
sendo apenas o que se é sem se enganar. A aprendizagem autoiniciada proposta por
Rogers envolve a pessoa do aprendiz de forma holística, unindo sentimento e
intelecto, desta forma se tornando ainda mais duradoura. A chamada aprendizagem
socialmente útil deve fazer parte da vida do aluno moderno, o qual deve incorporar
dentro de si um processo de mudança, aprendendo a aprender, estando aberto a novas
experiências e busca de conhecimento. (LIMA, 2018, p.164)
Com a sala organizada, fizemos uma roda de conversas. Pedi para as crianças como elas
se sentiram durante o escalda pés. Elas estavam empolgadas e falaram que gostaram da
atividade proposta e que se sentiram muito bem. Além disso, estavam relaxadas. Algumas falas
deste momento: “Eu tô mais leve, parece que a água puxou um peso que tinha nas pernas,
65
profê!”; “No começo sentia cocegas, mas depois era muito bom!”; “Eu senti uma paz, queria
fazer de novo!”.
Na sequência comentamos que ao fazermos um escalda pés, podemos também colocar
intenções, pedidos, é uma prática holística “maravilhosa”, que além de nos proporcionar uma
sensação de leveza e bem-estar, nos traz a cura pelas ervas medicinais, podemos fazê-lo sempre
que sentirmos que precisamos ou podemos fazer para as pessoas que amamos, nossos familiares
(ORO, 2023). “Profê vou fazer para minha mãe, ela está precisando está muito estressada!”,
comenta uma criança. Enfatizamos que para vivermos bem, temos e dispomos das ferramentas,
basta tirarmos o tempo e praticar, para assim, termos uma qualidade de vida melhor.
Nesta proposta, pude presenciar o autocuidado no preparo do escalda pés, a preocupação
em não queimar o colega com a água quente, a sensibilidade em se preocupar se o colega estava
gostando da atividade proposta, bem como a cooperação em preparar as ervas e o respeito
mútuo entre todos os envolvidos. Além deste aprendizado a prática permitiu outros
aprendizados como o amor-próprio e a empatia. Nesta direção,
Com a sala de aula pronta para receber as crianças para a 7ª intervenção, recebo elas
com um abraço carinhoso, pedindo como passaram a última semana, elas responderam que
passaram bem e que estavam com saudades. Então, ao centro da sala de aula sobre um tecido
ao chão, coloquei diferentes tipos de ervas medicinais, dentre elas: o manjericão, o alecrim, a
laranjeira, a hortelã, algumas essências e óleos naturais.
Após isso, passei entre as crianças as ervas, essências e óleos e solicitamos para que
sentissem seu aroma, expliquei a elas sobre o poder das plantas medicinais em nível de
benefícios a nossa saúde, e solicitamos a elas o que tínhamos feito até agora com as ervas
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Plantas medicinais são todas aquelas que podem causar alívio ou curar sintomas
provocados por doenças sendo, normalmente, utilizadas através de chás ou infusões e
fitoterápicos. [...]Hoje é reconhecida a necessidade da valorização das práticas
tradicionais populares, socioculturais e econômicas, a partir das plantas medicinais
[...] e da escola como espaço para esta valorização, a partir do desenvolvimento de
propostas educativas específicas.
que sim. Sendo assim, cada criança teve autonomia de escolha do tecido, bem como da planta
medicinal que usou em seu sachê, conforme a figura 13.
Após isso, desafiamos as crianças para fazerem sachês com suas famílias, perguntar em
especial para as pessoas mais velhas da família, o que elas faziam com as plantas medicinais
antigamente, e se ainda as utilizam nos seus dias atuais.
Seguindo com nossas propostas, realizamos uma pesquisa das ervas medicinais da época
no google, com auxílio da lousa digital pesquisamos pela string plantas medicinais da época,
região norte do Estado do Rio Grande do Sul, a qual estamos inseridos. Esta pesquisa se fez
necessária para desenvolver a proposta do plantio das plantas medicinais na escola, realizada
na oitava intervenção. Durante a pesquisa, as plantas medicinais que mais apareceram foram: o
alecrim, a sálvia branca, a arruda, a cidreira e o boldo. Pedi para que elas copiassem em seus
cadernos os nomes das plantas medicinais e que trouxessem para nossa próxima aula mudas de
plantas medicinais que pesquisamos e que tivessem em suas casas para plantarmos no canteiro
da escola.
Ao final, agradecemos as crianças e as parabenizamos pela realização das propostas
desenvolvidas por elas até o presente momento. Após, refletimos sobre novas possibilidades de
ensino, novas aprendizagens através de uma educação holística, pautada no aluno, em seus
interesses que favorecessem a construção do ser como um todo, promovendo a saúde física e
mental das crianças. Nessa direção,
Toda pessoa sem exceção pode aprender alguma coisa com o outro, é com base nessa
premissa que Rogers salienta que o educador-facilitador que se permite se relacionar
de maneira respeitável, autoconfiante, com aceitação e um olhar positivo quanto à
capacidade do ser humano de se reinventar e aprender a aprender contribui não apenas
no crescimento do seu aluno, entretanto no seu próprio crescimento pessoal.
(LIMA,2018, p.166).
13
Mantra disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UxhDlsH0cGU
71
círculo, de mãos dadas e ao som de músicas circulares, expliquei que a dança circular é uma
dança para celebrar algo, ou simplesmente para dançar alegremente. Freire (2001) Ao centro
da sala de aula coloquei alguns instrumentos musicais indígenas para as crianças explorarem,
dentre eles o tambor, o maracá e o chocalho. O instrumento que mais chamou a atenção foi o
tambor. “Do que ele é feito Profê?”, questiona uma criança. Expliquei que o tambor é feito de
couro de boi e com madeira de araucária, e para confeccionar é feito um curso, pois tem toda
uma ritualística, comentei que este tambor é curativo, e que uso muitas vezes em meus
atendimentos, conforme Lino (2003).
As crianças estavam maravilhadas, e pediram para eu tocar, sinalizamos que sim. “Antes
de tocar o tambor, vocês podem fazer pedidos a ele, e depois podem tocar, seguindo o coração
de vocês! Vamos experimentar?”. Assim, todas as crianças, tocaram e experimentaram o
tambor. A figura 15 mostra os registros deste momento.
14
Dança circular para crianças disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zjlJ0z3Z4zI
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experiência mais vezes, até apresentar para a escola. Finalizando, perguntamos se gostaram
desta proposta, elas sinalizaram que sim, além disso, adoraram tocar o tambor.
Dando continuidade, a próxima proposta consistia em literalmente “pôr a mão na terra”.
Optamos por deixar essa proposta por último, pois como havia chovido no dia anterior, estava
com dúvidas se poderíamos realizar o plantio das plantas medicinais, mas como não estava
chovendo e as crianças trouxeram as plantas que eu havia solicitado no último encontro,
optamos em fazermos o plantio. Ressaltamos, também a forte pressão por parte das crianças:
“Profê! Vamos plantar nossas plantinhas!”; “Não está tão molhado, Profê!”; “Depois a gente
lava as mãos e limpa os calçados e tudo certo!”. Atendendo aos pedidos fomos para a horta da
escola. O espaço já estava pronto, pois, já havia conversado com a equipe diretiva no último
encontro da possibilidade em preparar um espaço na horta da escola para receber as mudas de
plantas medicinais. A maioria das crianças trouxeram mudas de plantas medicinais, eu também
levei algumas mudas para plantarmos. Antes de plantar as mudas, pedi para cada criança se
conectar com sua planta medicinal escolhida, propondo-se a cuidá-la com muito amor e carinho,
sugerimos para quem se sentia confortável aplicar um reiki em sua plantinha (Fotografia 14).
Destaco aqui a amorosidade que se deu este momento, as crianças cuidadosas aplicavam reiki
e com muito amor cada criança plantou sua planta medicinal.
Foi uma experiência enriquecedora ver a alegria das crianças realizando esta proposta,
ao final parabenizei a turma pelo empenho e dedicação que desenvolveram esta proposta, desde
a escolha das mudas até o seu plantio. Expliquei que este canteiro tem o objetivo de fornecer as
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plantas medicinais para quem precisar “Plantamos muitas plantinhas que vão ajudar muitas
pessoas! Se alguém tiver uma dor de estômago, pode vir aqui e pegar algumas folhas de boldo
e fazer um chá! Olha que maravilhoso isso!”, expliquei isso para as crianças.
Enfatizei também que o uso das plantas medicinais é reconhecido pelo ministério da
saúde, sendo indicadas para tratar diversas doenças ou prevenir. “Profê, também podemos vir
pegar alecrim para pôr na água antes da prova! Dá né?”, comentou uma criança; sinalizei que
sim e mais uma vez enfatizei a importância de termos construído esse espaço curativo na horta
da escola. Diante disso,
Pautado neste momento, a emoção tomou conta de mim ao ouvir as seguintes falas:
“Profê, quando nós virmos aqui no canteiro, nós vamos lembrar de você!”; “Verdade! Assim
nunca vamos te esquecer, profê!”; estas falas fizeram brotar de meus olhos algumas lágrimas e
um misto de emoções que invadiu meu coração, além de perceber as aprendizagens deixadas.
Ao encontro disso, segundo Moraes (2021)
Assim, educar é também acolher sujeitos com suas respectivas histórias de vida. É
acolher experiências individuais e coletivas e dialogar com elas na tentativa de
ressignificá-las. Isso porque a postura dialógica potencializa a compreensão das
experiências vividas, favorece a criticidade do pensamento e a evolução da
consciência. (MORAES, 2021, p.253)
Na sequência, após lavar as mãos e limpar os calçados voltamos para a sala de aula,
sentamo-nos no chão em forma de círculo. Agradecemos novamente as crianças, e pedimos
“Como foi este tempo que passamos juntos? O que acharam de experienciar e vivenciar diversas
práticas holísticas? Seria bom se tivesse mais práticas holísticas para serem experienciadas de
forma cotidiana na escola?” Deixei este momento livre, para as crianças falarem, enfatizamos
que é muito importante para mim enquanto futura professora.
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A maioria das crianças disseram que gostaram das propostas realizadas e que seria muito
bom se tivessem mais momentos como estes na escola. Entre as falas: “Profê Rafa! Só não
gostei das meditações! Eu ficava muito triste!”; “Eu também não gostei! Prefiro o reiki!”. Ao
encontro destas falas expliquei que estava tudo bem o fato de não gostamos de algumas das
práticas holísticas experienciadas.
Outras crianças comentaram: “O meu ser adorou as plantas profê! Sempre gostei
delas!”; “Eu aprendi muitas coisas com você profê! Vou sentir saudades!”; “Vem nos visitar
profê!”. Comentamos que sempre que possível vou voltar na escola para velos. Assim ficamos
por mais alguns minutos, conversando, relembrando nossos momentos, até que chegou a hora
da despedida. Abracei bem apertado todas as crianças e damos um abraço coletivo.
Ao terminar as intervenções tenho a certeza de que criamos um vínculo de amizade de
diálogo mútuo de cuidado um com o outro. Para mim enquanto educadora foram momentos
enriquecedores poder desenvolver as práticas holísticas como aprendizagem junto das crianças.
Aprendemos e comprovamos que uma educação pautada no amor, na solidariedade, no
autocuidado e o cuidado com o outro pode ser transformadora, construindo, assim,
conhecimentos que de fato sejam significativos tanto para as crianças como para mim enquanto
educadora. Neste sentido a educação necessita de uma reforma urgente, a começar pelos
docentes, sendo que, primeiramente estes devem ser humanos, uma mudança que necessita ser
ensinada, para isso,
As respostas não são fáceis e nem podem ser superficiais, tendo em vista a
complexidade e a abrangência de sua tarefa formativa, formadora e, potencialmente
transformadora. Mas independentemente das dificuldades apresentadas, é preciso
avançar neste sentido e colaborar para que a luz, o conhecimento e a sabedoria se
façam presentes, dentro das limitações pessoais e institucionais que caracterizam as
zonas de sombras que, hoje afetam a educação. (MORAES, 2021, p.292).
Neste sentido, os educadores precisam buscar novos conhecimentos que nos guiem para
um caminho que realmente faça algum sentido. Precisamos romper as "amarras" postas pelo
sistema tradicional de ensino.
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doenças físicas e mentais e são ferramentas que podem ser trabalhadas no contexto escolar em
diferentes áreas com a Matemática, Ciências, Artes, entre outras.
Quando planejamos a proposta da construção do canteiro das plantas medicinais com as
crianças foi nesse sentido. Ao plantar, cuidar e regar as plantas as crianças muito aprenderam
sobre o cuidar, sobre o amor, conversamos sobre isso, levar essas ações para nossa vida
cotidiana, cuidar e respeitar o outro. Acreditamos que isso foi alcançado com elas, pois em uma
das intervenções que utilizei a meditação como prática holística algumas crianças ficaram tristes
e chorosas, estes sentimentos afloraram porque algo mexeu com elas. Através das práticas
holísticas surge,
Uma solidariedade que não é imposta de fora para dentro, mas que brota no coração
de todos aqueles e aqueles que concebem a vida como um processo de evolução
coletiva, em que todos somos individualidades em comunhão. [...] O outro é
respeitado e compreendido em sua legitimidade e diversidade. (MORAES, 2021,
p.232).
As práticas holísticas têm este poder, de transformar “as coisas sempre para a melhor”.
Desse modo, a educação holística,
[...] ajuda o (a) aluno (a) a ir além dos limites impostos pelo pensamento tradicional,
impedindo-o (a) a alçar novos voos e sinalizando que é tempo de maior liberdade do
espírito humano em busca de sua própria transcendência. [...] É tempo de diálogo, de
novas parcerias e de construção de uma nova era de solidariedade que reconheça os
laços e as conexões existentes na vasta trama da vida. É tempo também de promover
uma verdadeira revolução no processo de construção do conhecimento. (MORES,
2021, p.376,377).
Assim, afirmamos que as crianças sentiram por inteiro os benefícios que as práticas
holísticas trazem, sentiram que um abraço e uma conversa têm o poder de transformar o que
estava pesado ou triste em algo bom. É isso, que primeiramente desencadeia positivamente o
processo de construção da nova era educacional, uma educação que enxerga a pessoa por
inteiro, pois as partes complementam o todo de acordo com Moraes (2021) e Oro (2023).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos esta pesquisa com uma certeza, as práticas holísticas são ferramentas com
novas possibilidades de aprendizagens para as crianças e também para os professores que estão
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inseridos no âmbito escolar. Ao longo desta pesquisa podemos perceber que elas têm a
sensibilidade e o poder de transformar a vida de muitas crianças, a simplicidade é vista e sentida,
pois é de fato algo muito simples, como pode um abraço, rodas de conversas curar?
Aqui reforçamos uma deficiência que está presente e impregnada em grande parte do
sistema educacional em seu todo, a falta de afeto e empatia para com as crianças, e isso é de
uma complexibilidade enorme. Durante a pesquisa foi possível ver nos olhos das crianças a
falta de carinho que sentiam e o "pedido de socorro", quando investigadas sobre os problemas
que as atormentavam apareciam situações dentro do contexto familiar e a violência familiar,
então, começamos a entender o porquê muitas crianças têm comportamentos agressivos e
medos. Neste sentido, as aprendizagens experienciadas durante as intervenções têm por
objetivo,
conversa com a secretaria da educação do município de Itatiba do Sul-RS, explanando tudo que
vi, senti e observei durante o tempo que estive com as crianças na escola. Enfatizamos a
necessidade e importância de implantar um projeto piloto nas escolas envolvendo as práticas
holísticas no contexto das aprendizagens que possa auxiliar na cura do corpo físico, mental e
espiritual.
Diante disso, como já desenvolvemos um trabalho com as terapias integrativas na UBS
do município, me dispus em desenvolver com as escolas esse projeto, bem como indicamos
outros terapeutas que desenvolvem outras práticas holísticas e que poderiam também fazer parte
do projeto. Para complementar e nutrir o projeto, foi sugerido formar um grupo, uma rede de
apoio, que engloba além da secretaria de educação, a secretaria de saúde, assistência social e o
conselho tutelar do município. A secretaria de educação ouviu atenta a todas minhas
colocações, e disse que vai levar esta questão as equipes diretivas e aos professores, mas que
achava ser importante desenvolver práticas holísticas com as crianças, embora acentuou um
receio com algumas famílias, que talvez haja resistência.
Ainda neste sentido, outra questão que impulsionou buscar essa conversa com a
secretaria da educação foi a procura por parte de alguns pais, com o pedido para continuar o
trabalho das práticas holísticas com as crianças. Tal situação ocasionou momentos de emoção
e felicidade, pois, naquele momento entendemos que sim, as práticas holísticas contribuem para
o processo de aprendizagem das crianças, pois além delas até as famílias sentiram os seus
benefícios, em conversa os pais relataram que seus filhos estavam mais calmos, mais amorosos
e, que por muitas vezes, faziam as práticas holísticas que experienciamos, a respiração
profunda, era uma delas.
Outro ponto importante a ser destacado é que essa pesquisa possibilitou um resultado
imediato com o projeto piloto a ser desenvolvido nas escolas. Este impacto Social já está sendo
sentido pela nossa comunidade local.
Portanto, enfatizamos mais uma vez que esta pesquisa para mim enquanto futura
professora foi transformadora, um desafio muito grande, além disso foi engrandecedor ter a
oportunidade de experienciar as práticas holísticas com crianças no âmbito escolar e comprovar
a sua eficácia física, mental e espiritual.
Dessa maneira, não posso terminar está escrita sem agradecer meu orientador Professor
Anibal Guedes, que acreditou nesta pesquisa, sempre esteve presente, orientando, aconselhando
e incentivando para que tudo desse certo. Com seu conhecimento conduziu sabiamente todo
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[...] ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é a ação pela qual
um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não
há docência sem discência, as duas se explicam em seus sujeitos, apesar das diferenças
que os conotam, não se reduzem a condição de objeto um do outro. Quem ensina
aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (FREIRE, 2011, p. 25).
Agradeço também a escola que abriu as portas para a realização desta pesquisa. As
crianças a minha eterna gratidão, afinal elas foram as protagonistas desta pesquisa, juntas
experienciamos e vivemos por inteiro cada proposta, juntas construímos muitas aprendizagens.
Diante disso, e de acordo com Moraes (2021),
Que esta pesquisa seja uma inspiração para educadores sonhadores, assim como, foi
para mim. A educação holística pode transformar a educação no seu todo, com ela podemos
caminhar com esperança, rumo a um novo paradigma educacional praticante. Terminamos com
esta bela imagem abaixo.
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