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O livro que eu vou apesentar chama-se Histórias de Esperança, de autoria de Heather Morris, publicado

em 2020. Heather Morris nasceu na Nova Zelândia e reside atualmente na Austrália. Durante vários
anos, enquanto trabalhava num hospital público em Melbourne, estudou e escreveu argumentos para
cinema. O livro "Histórias de esperança"é sobre saber ouvir e de histórias inspiradoras de pessoas
comuns que enfrentaram desafios durante as suas vidas e encontraram uma maneira de superá-los. Um
dos livros mais conhecidos da autora, é " O tatuador de Auschwitz", onde conta a história de Lale.

A escritora sentou-se durante três anos com o sobrevivente do Holocausto para escrever o livro que
virou um sucesso. Em "Histórias de Esperança", a autora explica o percurso que trilhou, desde quando
começou a ouvir, em criança, o seu bisavô, que a ensinou a arte de saber ouvir, até ao dia que conheceu
Lale.

Como referi anteriormente, este livro fala sobre várias histórias de pessoas com que a autora se cruzou
ao longo da sua vida, mas eu vou abordar apenas uma das histórias. A historia de Lale, uma vez que
achei mais interessante.Lale Sokolov nasceu em 1916, na Eslováquia, entrou em Aushwitz em abril de
1942, aos 26 anos, fazendo parte de um dos primeiros contingentes de judeus que para ali foram
transportados.

Heather Morris conheceu Lale Sokolov através de uma amiga, que lhe disse que tinha um conhecido, que
tinha perdido a mãe recentemente e que o seu pai tinha pedido para arranjar alguém a quem ele
pudesse contar a sua história, mas a única condição era que a pessoa não podia ser judia, pois queria
falar com alguém que não tivesse ligação ao Holocausto.

Em 2003, Heather conheceu Lale Sokolov.Ao fazer visitas a Lale, a escritora nunca levou consigo
um gravador ou caneta e papel, para registrar o que ele dizia, pois considerava que o mais importante
era definitivamente escuta-lo com inteira atenção. Lale conta-lhe que no inicio ele era um prisioneiro
(32407), mas acabou por se tornar no tatuador de outros prisioneiros. A autora questionou-se quem o
tatuou e como ele se tornou o tatuador de Auschwitz. O sobrevivente relata que quem o tatou foi Pepan,
também ele judeu. Lale tornou-se tatuador por acaso. E o “acaso” foi uma doença. Logo que chegou ao
campo de concentração contraiu febre tifóide e foi tratado por Pepan. Este escolheu-o mais tarde para
ser seu assistente. E quando Pepan desapareceu ( lale não sabe o porquê), este tornar-se-ia no tatuador
principal de Auschwitz. Ao assumir esse trabalho, passou a receber uma série de beneficios, que aos
outros prisioneiros era negado: tinha direito a mais refeições por dia e dormia num quarto individual e
não nas camaratas. Conheceu a sua mulher Gita, campo de concentração, e foi Lale quem a tatuou no
braço. Lale relata que se chamava Ludwig Eisenberg, e contou à autora que depois da guerra mudou o
apelido para Sokolov, por parecer "mais russo", mas na verdade fê-lo para esconder que era judeu.

Tendo sobrevivido ao Holocausto, Lale regressou à Eslováquia, então sob o domínio comunista, e
começou um negócio de tecidos importados. Fornecia linho, seda, lã e rendas aos fabricantes de roupa,
que fez dele um empresário de sucesso. Com o exito, veio a vontade de ajudar quem mais precisava, e
ele escolheu partilhar a sua boa fortuna nao com o país onde nasceu, mas antes transferindo
secretamente fundos para contactos judeus na Palestina, que se destinariam à luta pela libertação de
Israel. No entando, foi apanhado, condenado e julgado. Cumpriria a pena de prisão. O governo tirou-lhes
tudo.Ele e Gita ficaram sem o apartamento e as suas contas bancarias foram esvaziadas. Gita foi viver
com os amigos, e Lale tinha escondido dinheiro, algo que só ela tinha conhecimento.

Subornando um juiz, Gita conseguiu entrar em contacto com uma psiquiatra, e, juntos, traçaram um
plano de modo a obter uma saída precária para Lale. Guita fez chegar um subescrito a um padre, que foi
visitar Lale na prisão e lhe disse que começasse a enlouquecer. A direção da prisão, pediu que o
psiquiatra, nomeado pelo tribunal, o examinasse ( psiquiatra subornado) e informou a direção de que
Lale tinha que passar aos fins de semana a casa, para não piorar. Após a primeira autorização, Lale e Gita
foram ajudados por amigos e fugiram para Viena, e de Viena foram para Paris, onde estiveram alguns
meses. Não conseguiram encontrar trabalho e decidiram deixar a Europa. Lale obteve passaportes falsos
e, em 1949, chegaram à Austrália, donde nunca mais saíram e tiveram entretanto um filho, Gary, em
1961. Após a morte de Gita em 2003, ele sentiu-se capaz de falar sobre a sua exeriência. Lale acabou for
falecer em 2006, devido a um AVC.

A história de Lale serviu para as pessoas que já tinham vivido acontecimentos trágicos ou traumáticos,
reencontrarem a esperança. Lale ao partilhar a sua história libertou- se do sofrimento, do trauma e da
culpa,por temer ser considerado um “colaborador” dos horrores do holocausto. É sempre importante
relembrar este período negro da história, para que jamais torne a acontecer.

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