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PONTIFICIA UNIVERSITÀ LATERANENSE


FACULDADE CLARETIANA DE TEOLOGIA
FABIANO DE LIMA

RESENHA DO FILME: “A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS”

CURITIBA
2018
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FABIANO DE LIMA

RESENHA DO FILME: “A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS”

Trabalho apresentado ao curso de Teologia do


Studium Theologicum – Faculdade Claretiana de
Teologia da Pontificia Università Lateranense
como requisito para horas complementares.

CURITIBA
2018
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1. RESENHA

O filme “A menina que roubava livros” conta a história de uma menina de nome Liesel
Meminger que, durante uma viagem de trem com destino a cidade alemã de Molching, ao
despertar encontra o seu irmão, que viajava a seu lado, morto. No trajeto é feita uma parada
para enterrar o menino, e, é no cemitério onde a protagonista faz o primeiro de seus roubos: um
dos coveiros deixa cair na neve um livro intitulado “Manual do Coveiro”.
Chegando a cidade de destino, Liesel descobre que seria entregue a uma família adotiva;
reluta muito em partir dos braços da mãe biológica, mas acaba cedendo. Ela passa a viver com
Hans e Rosa Hubermann. Hans é um homem alto com um acolhedor e tem a capacidade de
fazer um acordeão respirar junto com ele, e Liesel logo sentiu que poderia confiar nele. Já com
Rosa as coisas foram um pouco mais complicadas, a pequena mulher com formato de guarda-
roupa e rosto de papelão não foi muito receptiva, e parecia gostar muito de insultar a menina
com palavras como Saumensch e Arschloch.
As primeiras semanas foram ruins, Liesel sentia saudade da mãe e tinha terríveis
pesadelos com seu irmão, mas Hans estava sempre lá para confortá-la e ela já até se acostumou
com os xingamentos de Rosa. As coisas começam a melhorar quando Liesel conhece Rudy,
eles passavam grande parte do tempo juntos jogando futebol na rua Himmel, apostando
corridas, andando pela cidade de Molching e, às vezes, roubando algumas maçãs e batatas com
um bando de garotos que estavam com tanta fome quanto eles.
Em uma das noites em que Liesel sonhou com seu irmão, Hans - o Papai - descobriu O
Manual do Coveiro escondido debaixo do colchão da menina. Nenhum dos dois sabia ler muito
bem, por isso os dois deram início às Aulas da Meia-Noite, que acontecia toda noite depois que
a menina acordava de seus pesadelos, e assim, pai e filha aprenderam a ler os livros roubados
de Liesel Meminger. A aproximação com sua Mamãe aconteceu graças às caminhadas para
buscar e entregar as roupas para lavar e passar. Toda semana as duas iam juntas até as casas das
famílias mais ricas da cidade, uma delas era o número 8 da Grande Strasse, a casa do prefeito,
com uma porta tão larga e pesada que causava medo em Liesel, e onde elas eram atendidas pela
frágil e quieta mulher do prefeito: Ilsa Hermann.
Em abril de 1940, Liesel encontra sua segunda oportunidade de roubar um livro. É o
aniversário de Hitler, e para comemorar irão acender uma fogueira para queimar qualquer coisa
que possa 'sujar' sua nação. Nessa noite Liesel entendeu porque levaram sua mãe embora, e foi
também nessa noite que surgiu sua raiva pelo Fuhrer. Ao término da comemoração, enquanto
os soldados recolhiam as cinzas produzidas pela enorme fogueira, Liesel viu um objeto caindo
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do interior das cinzas e, quando achou que ninguém a estava olhando, ela se abaixou e salvou
o livro que contava a história de um judeu, e apenas quando estava indo embora foi que ela
percebeu: havia sim alguém a observando. Depois disso, ela evitava ao máximo se aproximar
do número 8 da Grande Strasse, até que ela preferiu enfrentar a mulher do prefeito do que a
Mamãe dela. Para a surpresa dela Ilsa Hermann não mandou que a prendessem, mas a convidou
para entrar e apresentou à Liesel uma sala repleta dos mais diversos livros, de todos os tamanhos
e cores! Liesel passaria muitas tardes lendo no chão dessa biblioteca, e mais tarde passaria a
entrar pela janela para roubar alguns livros.
Em novembro de 1940, surgia outro personagem que mudaria a vida da garota e lhe
ensinaria o valor das palavras: o judeu-alemão Max Vandenburg. O pai de Max salvou a vida
do pai de Liesel uma vez, e agora Max esperava que Hans o ajudasse a escapar dos nazistas e
sobreviver. Max e Liesel eram parecidos em muitas coisas, mas o que fortaleceu de verdade a
amizade dos dois foram os sonhos e as palavras. Durante os dois anos em que Max ficou
escondido no porão do número 33 da rua Himmel, ele contou sua história para ela e escreveu
dois livros para ela: O Vigiador e A Sacudidora de Palavras. Os dois se tornariam alguns dos
livros preferidos da órfã e foram o que restou de Max quando as bombas começaram a se
aproximar de Molching e ele precisou partir.
Após a partida de Max, ocorreram mais alguns roubos de livros e Liesel passou por
diversas experiências, e então chegou o dia que os judeus passaram a desfilar pelas ruas de
Molching enquanto iam para o campo de concentração em Dachau. Em um desses desfiles,
Hans Hubermann entra na multidão maltratada e oferece um pouco de pão para um homem
idoso, e como castigo ele é convocado para a Guerra, mas depois de um tempo consegue tapear
a Morte pela segunda vez e volta para casa. Na mesma época, Rudy era considerado o melhor
aluno de sua turma da Juventude Hitlerista, e por isso o queriam para um novo 'superexcito' de
meninos alemães, mas no treinamento ele deveria passar por obstáculos que talvez até tirassem
sua vida, por isso seus pais não permitiram que ele fosse, e por isso seu pai acabou sendo
convocado para a guerra. Com a ausência dos dois pais, Rudy e Liesel se uniram ainda mais, e
o sentimento do menino por ela se tornava cada vez mais aparente. No dia em que os judeus
estão desfilando por Molching e Liesel avista o olhar alagadiço de Max no meio da multidão,
ela corre até o amigo e depois é agredida por um dos soldados, e é Rudy quem fica ao lado dela
e impede que ela apanhe ainda mais. Quando Liesel finalmente conta a verdade sobre Max,
Rudy a escuta e não a julga em momento algum, e nesse momento Liesel deseja que ele peça
um beijo a ela, mas já é tarde demais.
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Em meados de agosto de 1943, Ilsa Hermann - que sempre esteve ciente dos roubos da
menina e notou sua ausência -, fez uma visita ao número 33 da rua Himmel e entregou à Liesel
um caderno preto com todas as folhas em branco, para que Liesel pudesse escrever sua própria
história. É graças a esse caderno que ela sobrevive na noite em que as bombas atacam Molching
e a Morte visita a rua Himmel. Liesel estava escrevendo sua história no porão, onde acabou
adormecendo, e quando ela acorda em um lugar que não pode mais ser a rua Himmel, ela se
depara com um céu vermelho e com os corpos das pessoas que ela mais ama. Com o desespero
tomando conta dela, a menina deixa o caderno com sua história largado em algum canto, e é aí
que a Morte tem a oportunidade de se apoderar do objeto e depois nos contar essa história.

2. COMENTÁRIO

Este filme tem como cenário a Alemanha nazista, retratando os horrores desse período. Uma
jovem menina que vê, assim como uma minoria de outras pessoas alemãs, um absurdo nos
ideais de Hitler, mas, por coação, mantém a aparência de nazista, muito embora, durante parte
da história os Hubermann e Liesel abriguem secretamente um judeu em seu porão.
É relatado o caos que foi a Alemanha nesse período: alemães passando fome com o
racionamento de alimentos, o temor de ser considerado um traidor ou mesmo de ser alvo de
desconfianças por parte dos membros do partido nazista, a coerção para que todos se alistassem
a essa facção e a perseguição aos que se negavam. O fanatismo de maioria dos alemães, o
nacionalismo exagerado, a arrogância. A perseguição aos judeus e a quem não fosse alemão. O
sofrimento das famílias – não só judias, mas inclusive alemãs como também russas e outras
tantas que perdiam seus parentes nas batalhas; das mães que perderam seus filhos ainda
pequenos por conta dos bombardeios; pessoas que foram mutiladas pelo conflito... Atrocidades
tamanhas que expõem o lado mãos sombrio, perverso e dantesco da natureza humana, capaz de
apavorar até mesmo a singular narradora: “os seres humanos me assombram”.

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