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804-Final Version - Complete-1474-1716-10-20180202
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Recebido em 17 de dezembro de 2010.
Aceito para publicação em 12 de maio de 2011.
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Médica-veterinária. Curso de Pós-Graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), BR 465 km
7, Seropédica, RJ 23890-000, Brasil. E-mail: carolinamarotta2000@ yahoo.com.br
2
Médico-veterinário, Dr.CsVs. Área de anatomia, Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, UFRRJ, BR 465 km 7, Seropé-
dica, RJ 23890-000. E-mail: scherer@ufrrj.br
3
Médico-veterinário, Dr.M.V. Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública, Instituto de Veterinária, UFRRJ, BR 465 km 7, Seropédica,
RJ 23890-000. E-mail: sanavria@ufrrj.br
O presente trabalho tem por objetivo relatar um 4 cm de diâmetro com presença de grande número
caso de miíase cutânea e cavitária oro-nasal em um de L2 e L3 (Figura 2a) e com comunicação com a ca-
felino, o procedimento terapêutico e medidas de pre- vidade oral (Figura 2b). A cavidade oral apresenta-
venção e controle para a garantia do bem-estar animal. va necrose em área central do palato duro e fístulas
oro-nasal com presença de L3. Após a remoção me-
HISTÓRICO cânica das larvas, com pinça de dissecção, as mes-
Em uma clínica veterinária situada em Botafogo mas foram acondicionadas em serragem estéril para
na cidade do Rio de Janeiro foi atendido um felino pupação e enviadas ao laboratório de Doenças Para-
sem raça definida, não castrado, com aproximada- sitárias da UFRRJ, sendo identificadas como larvas
mente dois anos de idade e sem histórico clínico. C. hominivorax, díptero da família Calliphoridae.
Durante o exame clínico, observou-se que o animal
apresentava profundas e extensas lesões de aspecto
crateriforme, com bordas irregulares e necrosadas
liberando secreção piossanguinolenta de odor re-
pulsivo nos terços médio e distal dos membros pél-
vicos direito e esquerdo (Figura 1a) e na cauda cujo
terço distal encontrava-se necrosado (Figura 1b).
Foi detectada nas bordas das lesões, no tecido sub-
cutâneo e musculatura a presença de grande número
de larvas de primeiro (L1), segundo (L2) e terceiro
(L3) instar. O animal apresentava na hemimandibula
direita uma lesão profunda de formato circular com
tar. Após a obtenção do resultado que indicou he- rias vezes, permanecem na rua por vários dias, en-
matócrito 8%, leucocitose e ligeira trombocitope- volvendo-se em brigas nas quais são formadas lesões
nia foi estabelecida hemoterapia com prévio teste que servem de acesso às miíases (Cramer-Ribeiro et
de compatibilidade sanguínea. Inicialmente admi- al. 2002).
nistran-se analgésico opióide à base de cloridrato Mendes-de-Almeida et al. (2007) constatou dis-
de tramadol, na dose de 3mg/kg por via intramus- creta prevalência entre gatos domésticos infestados
cular. Foi administrado cloridrato de quetamina na por larva de C. hominivorax, e a maior incidência
dose de 2mg/kg e atropina na dose de 0,1mg/kg, das lesões foram na parte frontal do corpo, princi-
ambas via intramuscular, visando à sedação para palmente face e pescoço, de adultos do sexo mas-
auxílio na remoção das larvas, realização de debri- culino, sugerindo que casos de miíases em gatos
damento cirúrgico do tecido desvitalizado e ampu- ocorram em consequência de feridas provocadas
tação do terço distal da cauda após prévia tricoto- por disputas competitivas.
mia e assepsia das regiões lesionadas. Foi aplicado A antibioticoterapia foi preconizada para se evitar
unguento ao redor das lesões, para prevenir pos- as infecções bacterianas secundárias (Georgi 1988),
síveis reinfestações. Adotou-se antibioticoterapia sendo assim a enrofloxacina apresenta uma rápida
com a utilização de enrofloxacina na dose de 5mg/ ação bactericida, com espectro de atividade, contra
kg por via oral a cada 24 horas durante 14 dias e uma extensa classe de bactérias gram-positivas e
amoxicilina na dose de 22mg/kg a cada 12 horas gram-negativas e a amoxicilina indicada como um
bactericida de amplo espectro (Foil 1997). Enquan-
durante 18 dias, administração de cetoprofeno na
to que, a administração de cetoprofeno foi devido
dose de 1mg/kg via oral a cada 24 horas por 5 dias
às propriedades antiinflamatória e antipirética, des-
e curativo diário. Foi prescrita a administração de
tacado pelo alto poder analgésico (Pavletic & Trout
alimentação pastosa e utilização de unguento ao
2006).
redor da ferida. Após a hemoterapia o animal apre-
sentou melhora significativa do quadro clínico, de- CONCLUSÃO
vido à anemia severa que antes se encontrava. O
processo cicatricial durou 28 dias, após o término Animais com miíase são comumente eutana-
da administração dos medicamentos orais pres- siados ou abandonados em virtude da gravidade
critos, permanecendo apenas os cuidados diários e do aspecto repugnante das lesões. Essa enfer-
midade pode ser quase sempre associada à ne-
com as feridas até a total recuperação do animal.
gligência do proprietário (Scott et al. 1996) no
Ao término do período de tratamento com duração
tratamento de feridas e no manejo dos animais e
de 46 dias, foi constatada satisfatória recuperação,
higiene das instalações. A miíase causa descon-
inclusive do seu estado nutricional, apresentando
forto extremo, pode levar as diversas complica-
boa cicatrização por segunda intenção e sem sinais
ções clínicas e até mesmo acarretar a morte do
de contaminação bacteriana secundária. O animal animal. A manutenção de um ambiente limpo e
em questão foi restabelecido a condição de norma- livre de moscas é indispensável para que se evi-
lidade e a proprietária foi orientada em relação à tem as miíases (Cramer-Ribeiro et al. 2002). São
higienização do ambiente e as medidas de preven- necessários estudos direcionados para essa enfer-
ção da enfermidade. midade no intuito de fornecer informações im-
portantes para o desenvolvimento e aplicação de
DISCUSSÃO medidas terapêuticas, preventivas e de controle
A ocorrência de miíase em gatos é discreta e garantindo assim o bem-estar animal.
apresenta literatura escassa em função dos casos
de miíase se desenvolverem rapidamente e os ani- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
mais acometidos tendem a se esconder dificultando Aiello S.E. Parasitic Skin Diseases, p.631-632. In: Aiello S.E.
o diagnóstico (Mendes-de-Almeida et al. 2007). Os (Ed.), The Merck Veterinary Manual. 8aed. National Phila-
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mediária são os mais acometidos, a pelagem curta Cramer-Ribeiro B.C., Sanavria A., Oliveira M.Q., De Souza
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