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MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA E CONTROLE DE

ZOONOSES

ZOONOSES CAUSADAS POR FUNGOS

ESPOROTRICOSE

Prof. Vasco Túlio


Médico Veterinário
INTRODUÇÃO

 A esporotricose é uma micose subcutânea piogranulomatosa,


causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii, que
acomete o homem e uma grande variedade de animais.

(KWON-CHUNG & BENNETT, 1992)


HISTÓRICO

 1898 – EUA – 1° isolamento, caso identificado em humanos


(Benjamin Schenck)

 O fungo, que foi isolado de um paciente apresentando lesão


linfangítica no membro superior direito, foi classificado no
gênero Sporotrichum (Schenck, 1898)
Benjamin Schenck
(1837 – 1916)
HISTÓRICO

 1907 – Brasil, 1° caso identificado em animais (ratos) (Splendore e Lutz) e relataram cinco casos
da doença em humanos
 1909 – Susceptibilidade felinos (experimental), Beurmann et. al.
 1912: Brasil, RJ, primeiro caso no Brasil – Terra e Rabelo.
 1916 - foram identificados casos na Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Acre e Pernambuco
(Donadel et al., 1993)
 Anos 50: infecção natural em felinos (Singer e Muncie)
 Brasil – Transmissão felino/homem: São Paulo (Almeida, 1955).
 Anos 80: papel do gato na transmissão ganha importância.
https://www.crmv-pr.org.br/uploads/noticia/arquivos/The-threat-of-emerging-and-re-emerging-pathogenic-Sporothrix-species.pdf
CONCEITO

 Infecção micótica subaguda ou crônica nos tecidos CUTÂNEOS e SUBCUTÂNEOS

 Lesões nodulares podem supurar ou ulcerar.

 Fungo dimórfico: Sporothrix schenckii

 EUA: 1898 – Schenck apud Larsson


SPOROTHRIX SHENCKII

Dimórficos

 25°C – filamentoso
umidade entre 92 e 100%

 37°C – leveduriforme – Homem/animal

colônias lisas e úmidas, de coloração bege amarelada e aspecto


cremoso
 “charuto”
https://www.scielo.br/pdf/pvb/v38n7/1678-5150-pvb-38-07-1438.pdf
FORMA – “CHARUTO”
MICROSCÓPIO
EPIDEMIOLOGIA

 Distribuição mundial;
 Regiões tropicais e subtropicais;
 Micose subcutânea mais comum na América Latina;
 Brasil: São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro;
 Estudo IPEC-Fiocruz:
1987 a 1997: 12 casos (1,2/ano)
1998 a 2000: 66 casos (80% trasmitidos por felinos)
1998 a 2000: 117 felinos, 7 cães
 Notificação obrigatória
EPIDEMIOLOGIA

Pode afetar os seres humanos e uma grande variedade de animais


como equinos, cães, gatos, raposas, bovinos, suínos, camelos, ratos,
camundongos e chimpanzés
EPIDEMIOLOGIA

 Historicamente:

 A maior epidemia ocorreu na África do Sul, entre 1941 e 1944 envolvendo mais de
3.000 trabalhadores de minas de ouro em Witwatersrand infectados pelo fungo
presente nas vigas de madeira da estrutura dessas minas (Helm e Berman, 1947).
EPIDEMIOLOGIA

 Nos Estados Unidos, uma epidemia ocorreu em 1988, abrangendo 15 estados americanos e
acometendo 84 indivíduos que participaram de um programa de reflorestamento. Os casos
foram associados à exposição a musgo usado para acondicionamento das mudas provenientes de
um viveiro de plantas na Pensilvânia (Dixon et al., 1991).
EPIDEMIOLOGIA

Historicamente - Brasil:

✓ 759humanos
 1998-2004 – Rio de Janeiro
✓ 64 caninos
 2.326 pacientes acometidos ✓ 1.503 gatos

 Pacientes humanos relataram – arranhadura/mordedura felinos


https://www.crmv-pr.org.br/uploads/noticia/arquivos/The-threat-of-emerging-and-re-emerging-pathogenic-Sporothrix-species.pdf
ENDEMICIDADE

 Uruguai

 80% casos humanos decorrentes de:

 Contato com terra de tocas


 Diretamente do com unhas de tatus
 Dasypus septemcinctus
EPIDEMIOLOGIA

 SP

 Anos 50: primeiro relato mundial de transmissão humana de esporotricose, a partir de


infecção felina.
 Botucatu

 1986-2002: 1,5 casos/ano


SÃO PAULO

• De 2011 a 2018 foram diagnosticados 968


animais com a doença (Gráfico 1).

• Os gatos são mais vitimados e apenas 13


cães.
TRANSMISSÃO

Arranhadura ou mordedura

PORTADORES
ASSINTOMÁTICOS ENFERMOS
NO BRASIL.....

 Cultivo micológico

 Boca – 42%

 Garras – 0,7 a 40%

 Segunda dermatose
mais frequente em felinos
TRANSMISSÃO
TRANSMISSÃO

Espinhos
Horticultores Talos de plantas
Sementeiros Palha
Chacareiros
Jardineiros
Floristas
Tosadores
Tratadores de animais
Profissionais da área de Medicina
veterinária
TRANSMISSÃO

 Equinos – são suscetíveis


 EUA – 0,22% dos casos

 Brasil – anos 40 a 60: casos


 Hoje em dia??? – sem estudo

 Outros
 Primatas, bovinos, camelínos, murinos, caprinos, suínos, aves,golfinhos, pulgas, formigas......etc....

também servem como fonte de infecção ao homem


PATOGENIA
ETIOLOGIA

 Após entrada do agente no tegumento


 Período pré-patente: 3 – 84 dias. Média 21 dias.

 Lesão inicial – ponto inoculação: esporotricoma

 Involuir espontaneamente – cicatriz imunológica: imunidade do paciente

 Pacientes imunocomprometidos – esteróides, doenças virais (FIV e FeLV), protozoários


(leishmaniose), bacterianas.
LESÕES NO GATO

❖ Mais frequentes

 Regiões cefálicas
 Esqueleto apendicular (membros torácicos, patas)

❖ Menos frequente:

 Membros pélvicos e no tronco.


https://publicacoes.apamvet.com.br/PDFs/Artigos/83.pdf
https://www.scielo.br/pdf/pvb/v38n7/1678-5150-pvb-38-07-1438.pdf
https://www.scielo.br/pdf/pvb/v38n7/1678-5150-pvb-38-07-1438.pdf
https://www.scielo.br/pdf/pvb/v38n7/1678-5150-pvb-38-07-1438.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/9310/1/adriana_chaves_ipec_dout_2011.pdf
https://www.crmv-pr.org.br/uploads/noticia/arquivos/The-threat-of-emerging-and-re-emerging-pathogenic-Sporothrix-
species.pdf
 https://www.youtube.com/watch?v=mctsnYFK5W0
GATOS

 Representam a maior fonte de preocupação de dermatólogos veterinários e humanos.

 65% machos
 87% dos casos: 24-48 meses de vida

 Forma lesional verruciforme – raro


 Comum nos cães

 Gatos – diagn. Diferencial de: neoplasias, abscessos bacterianos, síndrome lepróide felina, etc..........
CÃES

 Raro

 Animais imonocomprometidos iatrogenicamente (terapia: esteroidal, antipruriginosa, anti-


inflamatória....)
 Neoplasias

 RJ (1998-2004):

 1567 animais: - 64 caninos


- 1503 felinos
1:25 casos
CÃO

 Inexistente
 Transmissão cão X homem
DIAGNÓSTICO
 Anamnese
 Macho
 SRD
 Extradomicialiar
 Cão de caça

❑ ANAMNESE
 Evolução
 Topografia lesional
 Progressão
 Terapia
Sinais patognomônicos – “rosário esporotricótico”
 Exposição fontes de infecção
 Lesões

 Provas sorológicas, citodiagnóstico, histopatologia...............


DIAGNÓSTICO
TERAPIA

 Cães e equinos
 Respondem bem ao tratamento
 Antifúngicos
 Iodeto de sódio ou potássio a 20%
 30 dias
 FELINOS
 Itraconazol (raro hepatotoxidade)
 1 ano tratamento

 JAMAIS!!!!!!!!!!!!!!!! – uso de esteroides ou outro fármaco anti-inflamatório.


https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/9310/1/adriana_chaves_ipec_dout_2011.pdf
Na cidade de São Paulo, a
notificação deve ser encaminhada
para o e-mail:
zoonoses@prefeitura.sp.gov.br,
com dados do animal, do
proprietário e do médico
veterinário.

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